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TUTORIA 2 - UC 16 Karolina Cabral Machado - P6 2022.1 fonte: Cap. 8 (Compêndio de psiquiatria), DSM V, Cap.30 (Katzung). TRANSTORNOS DEPRESSIVOS 1- DEFINIR O QUE É TRANSTORNO DEPRESSIVO E PONTUAR OS TIPOS (TRANSTORNOS DEPRESSIVOS MAIOR E MENOR), FISIOPATOLOGIA, EPIDEMIOLOGIA, CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS, DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS E TRATAMENTO; Os transtornos do humor – às vezes chamados de transtornos afetivos (transtornos depressivos, transtornos bipolares). Além do humor lábio, mudanças no nível de atividade, nas capacidades cognitivas, na fala e nas funções vegetativas (sono, apetite, atividade sexual). Esses transtornos quase sempre resultam em comprometimento do funcionamento interpessoal, social e ocupacional. Dividido em 8 tipos. Pacientes apenas com episódios depressivos maiores têm transtorno depressivo maior ou depressão unipolar. Aqueles com episódios tanto maníacos quanto depressivos ou somente com episódios maníacos são considerados com transtorno bipolar. Os termos “mania unipolar” e “mania pura” às vezes são usados para pacientes bipolares que não têm episódios depressivos. Hipomania é um episódio de sintomas maníacos que não satisfaz os critérios para episódio maníaco. A distimia é caracterizada por pelo menos 2 anos de humor deprimido não grave o suficiente para receber o diagnóstico de episódio depressivo maior. O transtorno ciclotímico é caracterizado por pelo menos 2 anos de ocorrência frequente de sintomas hipomaníacos que não podem ser diagnosticados como um episódio maníaco e de sintomas depressivos que não podem ser diagnosticados como um episódio depressivo maior. Depressão x Mania: Um transtorno depressivo maior ocorre sem a história de um episódio maníaco, misto ou hipomaníaco. O episódio depressivo maior deve durar pelo menos 2 semanas, e normalmente uma pessoa com esse diagnóstico também experimenta pelo menos 4 sintomas: alterações no apetite e peso, alterações no sono e na atividade, falta de energia, sentimentos de culpa, problemas para pensar e tomar decisões e pensamentos recorrentes de morte ou suicídio. Um episódio maníaco é um período distinto de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável que dura pelo menos 1 semana, ou menos se o paciente tiver de ser hospitalizado. Um episódio hipomaníaco dura pelo menos 4 dias e é semelhante a um episódio maníaco, exceto por não ser grave o suficiente para causar comprometimento no funcionamento social ou ocupacional e por aspectos psicóticos não estarem presentes. Tanto a mania como a hipomania estão associadas com autoestima inflada, necessidade de sono diminuída, distratibilidade, grande atividade física e mental e envolvimento excessivo em comportamento prazeroso. O transtorno bipolar I é definido como tendo um curso clínico de um ou mais episódios maníacos e, às vezes, episódios depressivos maiores. ● Transtorno depressivo maior: A depressão pode ocorrer como um episódio único ou ser recorrente. A diferenciação entre esses pacientes e os que têm 2 ou mais episódios de transtorno depressivo maior é justificada pelo curso incerto do transtorno dos primeiros. Indivíduos que estão vivenciando pelo menos um 2º episódio de depressão são classificados com TUTORIA 2 - UC 16 Karolina Cabral Machado - P6 2022.1 transtorno depressivo maior, recorrente. O principal problema ao diagnosticar episódios recorrentes de transtorno depressivo maior é escolher o critério para designar a resolução de cada período. As duas variáveis são o grau de resolução dos sintomas e a duração da resolução. O DSM-5 exige que episódios distintos de depressão sejam separados por pelo menos 2 meses, durante os quais o paciente não tenha sintomas significativos de depressão. Os seguintes fatores foram associados a mau prognóstico para pacientes com transtornos do humor: longa duração dos episódios, dissociação temporal entre o transtorno do humor e os sintomas psicóticos e história de mau ajustamento social pré-mórbido. O termo melancolia é usado em referência a uma depressão caracterizada por anedonia grave, despertar matinal precoce, perda ponderal e sentimentos profundos de culpa. Está associada com alterações no sistema nervoso autônomo e nas funções endócrinas. Por essa razão, é algumas vezes referida como “depressão endógena” ou que se origina na ausência de estressores ou precipitantes externos da vida. Com características melancólicas: A. Uma das seguintes está presente durante o período mais grave do episódio atual: 1. Perda de prazer em todas ou quase todas as atividades. 2. Falta de reatividade a estímulos em geral prazerosos (não se sente muito bem, mesmo temporariamente, quando acontece alguma coisa boa). B. 3 (ou mais) das seguintes: 1. Uma qualidade distinta de humor depressivo caracterizado por prostração profunda, desespero e/ou morosidade ou pelo chamado humor vazio. 2. Depressão regularmente pior pela manhã. 3. Despertar muito cedo pela manhã (pelo menos 2h antes do despertar habitual). 4. Acentuada agitação ou retardo psicomotor. 5. Anorexia ou perda ponderal significativa. Um transtorno depressivo maior com aspectos atípicos são comparados a pacientes com depressão típica, verifica-se que aqueles têm uma idade de início mais precoce; lentificação psicomotora mais grave; e diagnósticos coexistentes mais frequentes de transtorno de pânico, abuso ou dependência de substâncias e transtorno de somatização. Com características atípicas: Este especificador pode ser aplicado quando essas características predominam durante a maioria dos dias do episódio depressivo maior atual ou mais recente ou do transtorno depressivo persistente. A. Reatividade do humor (melhora em resposta a eventos positivos reais ou potenciais). B. 2 (ou mais) das seguintes características: 1. Ganho ponderal ou aumento do apetite significativos. 2. Hipersonia. 3. Paralisia “de chumbo” (sensação de peso nos braços ou nas pernas). 4. Um padrão persistente de sensibilidade à rejeição interpessoal (não limitado aos episódios de perturbação do humor) que resulta em prejuízo social ou profissional significativo. C. Não são satisfeitos os critérios para “com características melancólicas” ou “com catatonia” durante o mesmo episódio. A presença de aspectos catatônicos em pacientes com transtornos do humor pode ter um significado para o prognóstico e para o tratamento. Os sintomas característicos de catatonia – estupor, afeto embotado, reclusão extrema, negativismo e retardo psicomotor acentuado – observados tanto na esquizofrenia catatônica como na não catatônica, no transtorno depressivo maior (manifestações psicóticas) e em doenças clínicas e neurológicas. TUTORIA 2 - UC 16 Karolina Cabral Machado - P6 2022.1 O DSM-5 possibilita a especificação de um distúrbio do humor pós-parto se o início dos sintomas ocorrer no período de 4 semanas após o parto. Pacientes com um padrão sazonal de seus transtornos do humor tendem a vivenciar episódios depressivos durante uma determinada estação, mais comumente o inverno. - Clínica: O humor deprimido e perda de interesses ou prazer são os sintomas fundamentais da depressão. Os indivíduos se sentem tristes, desesperançados ou inúteis. Cerca de ⅔ de todos os pacientes deprimidos cogitam o suicídio, e 10 a 15% cometem-no. Os que apresentam aspectos psicóticos às vezes consideram matar alguém como resultado de seus sistemas delirantes, mas os mais gravemente deprimidos com frequência não têm a motivação e a energia para agir de forma impulsiva ou violenta. Pessoas com transtornos depressivos têm aumento do risco de suicídio à medida que começam a melhorar e a readquirir a energia necessária para planejar e executar um suicídio (suicídio paradoxal). Alguns parecem não ter consciência de sua depressão e não se queixam de um distúrbio do humor, ainda que exibam afastamento da família, dos amigos e de atividades que antes lhes interessavam. Quase todos os deprimidos (97%) se queixam de redução da energia, têm dificuldade de terminar tarefas, têm mau desempenho na escola e no trabalho e menos motivação para desenvolvernovos projetos. Cerca de 80% se queixam de dificuldades para dormir, especialmente de despertar matinal precoce (insônia terminal), e de despertares múltiplos ao longo da noite (insônia de manutenção), durante os quais refletem sobre seus problemas, demora mais que 30min para voltar a dormir. A ansiedade é um sintoma comum da depressão e afeta até 90% de todas as pessoas deprimidas. Outros sintomas vegetativos incluem anormalidade na menstruação e diminuição do interesse e do desempenho nas atividades sexuais. Cerca de 50% de todos os pacientes descrevem uma variação diurna de seus sintomas, com aumento de gravidade pela manhã e diminuição dos sintomas à noite. Os sintomas cognitivos incluem relatos subjetivos de incapacidade de se concentrar e dificuldades para pensar. Em crianças e adolescentes, a fobia escolar e o apego excessivo aos pais podem ser sintomas de depressão em crianças. Mau desempenho escolar, abuso de drogas, comportamento antissocial, promiscuidade sexual, ociosidade e fuga de casa podem ser sintomas de depressão em adolescentes. Em idosos, a depressão é mais comum em pessoas mais velhas do que na população em geral (escala de depressão do idoso). Pode estar correlacionada a condição socioeconômica baixa, perda de um cônjuge, doença física concomitante e isolamento social. É subdiagnosticada nessa faixa etária. - Critérios diagnósticos: Ao registrar o nome de um diagnóstico, os termos devem ser listados na seguinte ordem: transtorno depressivo maior, episódio único ou recorrente, especificadores de gravidade/psicótico/remissão, seguidos pelos seguintes especificadores sem código que se aplicam ao episódio atual. Especificar: Com sintomas ansiosos, com características mistas, com características melancólicas, com características atípicas, com características psicóticas congruentes com o humor, com características psicóticas incongruentes com o humor, com catatonia. Nota para codificação: Use o código adicional 293.89 (F06.1). Com início no periparto. Com padrão sazonal (somente episódio recorrente). TUTORIA 2 - UC 16 Karolina Cabral Machado - P6 2022.1 ● Transtorno depressivo menor: Caracteriza-se por episódios de sintomas depressivos menos graves do que os observados no depressivo maior. A diferença entre distimia e transtorno depressivo menor é a natureza episódica no transtorno depressivo menor. Entre os episódios, os pacientes com transtorno depressivo menor têm um estado de humor eutímico, enquanto aqueles com distimia quase não têm períodos eutímicos. ● Etiologia/Fisiopatologia: Teoria das aminas biogênicas: O down regulation dos receptores beta-adrenérgicos e as respostas clínicas aos antidepressivos é provavelmente a evidência isolada mais convincente indicando um papel direto do sistema noradrenérgico na depressão. Outras evidências implicaram também os receptores beta2 pré-sinápticos na depressão, visto que sua ativação resulta em redução da quantidade de norepinefrina liberada. A serotonina se tornou a amina biogênica neurotransmissora mais comumente associada à depressão. A depleção da serotonina pode precipitar depressão, e alguns TUTORIA 2 - UC 16 Karolina Cabral Machado - P6 2022.1 pacientes com impulsos suicidas têm concentrações baixas de metabólitos da serotonina no LCR e concentrações baixas de zonas de captação de serotonina nas plaquetas. A atividade da dopamina pode estar reduzida na depressão e aumentada na mania. Os medicamentos que reduzem as concentrações da dopamina e as doenças que também têm esse efeito (doença de Parkinson) estão associados com sintomas depressivos. Em contraste, medicamentos que aumentam suas concentrações, como a tirosina, a anfetamina e a bupropiona, reduzem os sintomas de depressão. Duas teorias recentes: A via mesolímbica da dopamina pode ser disfuncional e que seu receptor D1 pode ser hipoativo na depressão. Teoria imunológica: Estresse prolongado pode induzir alterações no estado funcional dos neurônios e acabar levando a morte celular. Estudos recentes com humanos deprimidos revelam que uma história de trauma precoce está associada com atividade HHS aumentada acompanhada de alterações estruturais (atrofia ou diminuição de volume) no córtex cerebral. Atividade de HHS elevada é uma característica de respostas a estresse em mamíferos. ↑↑ cortisol na depressão sugere um ou mais dos seguintes distúrbios centrais: tônus inibitório de serotonina diminuído; impulso aumentado de norepinefrina, ACh ou hormônio liberador de corticotrofina (CRH); ou diminuição da inibição do feedback do hipocampo. Reduções dos níveis plasmático, do LCS e cerebral de GABA foram observadas na depressão. Estudos revelaram que o estresse crônico pode reduzir e, por fim, esgotar os níveis de GABA. Por sua vez, os receptores de GABA sofrem regulação ascendente por antidepressivos, e alguns medicamentos GABAérgicos têm efeitos antidepressivos fracos. A depressão está associada com perda prematura do sono profundo (de onda lenta) e aumento no despertar noturno. Este é refletido por 4 tipos de distúrbio: (1) aumento nos despertares noturnos, (2) redução no tempo de sono total, (3) aumento do sono de movimentos oculares rápidos (REM) fásico e (4) aumento da temperatura corporal. Pacientes que manifestam um perfil de sono caracteristicamente anormal são menos responsivos a psicoterapia e apresentam um risco maior de recaída ou recidiva e podem se beneficiar, sobretudo, da farmacoterapia. Alterações neuroanatômicas: A anormalidade mais consistente observada nos transtornos depressivos é a maior frequência de hiperintensidades anormais nas regiões subcorticais, além de aumento ventricular, atrofia cortical e alargamento sulcal. Pacientes deprimidos também podem ter volumes reduzidos do hipocampo ou do núcleo caudado. Notou-se uma redução global do metabolismo cerebral anterior, foi observado aumento do metabolismo da glicose em diversas regiões límbicas, em particular entre pacientes com depressão recorrente relativamente grave e história familiar de transtorno do humor. Teoria genética: Dados familiares indicam que, se um dos genitores tem transtorno do humor, um dos filhos tem um risco entre 10-25% de também apresentá-lo. Se ambos os genitores são afetados, o risco praticamente duplica. Quanto mais membros da família forem afetados, TUTORIA 2 - UC 16 Karolina Cabral Machado - P6 2022.1 maior o risco para um filho. O risco é maior se os afetados forem parentes em 1º grau do que mais distantes. ● Epidemiologia: Nos levantamentos mais recentes, o transtorno depressivo maior tem a prevalência mais alta ao longo da vida (quase 17%) de todos os transtornos psiquiátricos. A taxa de prevalência ao longo da vida para depressão é > 5 a 17%. A prevalência 3:1 de mulheres para homens. As hipóteses das razões para essa disparidade envolvem diferenças hormonais, os efeitos do parto, estressores psicossociais diferentes para mulheres e para homens e modelos comportamentais de impotência aprendida. Em contraste, o transtorno bipolar I tem uma prevalência 1:1 entre homens e mulheres. Episódios maníacos são mais comuns em homens, e episódios depressivos são mais comuns em mulheres. A idade média de início para transtorno depressivo maior é 40 anos, com 50% de todos os pacientes tendo início entre os 20-50 anos. Esse transtorno também pode iniciar na infância ou na velhice. O transtorno depressivo maior ocorre mais frequentemente em pessoas sem relacionamentos interpessoais íntimos e naquelas que são divorciadas ou separadas. A prevalência de transtorno do humor não difere entre as raças. Indivíduos com transtornos depressivos maiores têm maior risco de apresentar um ou mais transtornos comórbidos. Os mais frequentes são abuso ou dependência de álcool, transtornos de pânico, TOC e transtorno de ansiedade social. Eventos de vida estressantes mais frequentemente precedem os primeiros episódios de transtornos do humor, e não os subsequentes. O mais significativo talvez seja perda de um dos genitores antes dos 11 anos. O estressor ambiental mais associadoao início de um episódio de depressão é a perda do cônjuge. Outro fator de risco é o desemprego. ● Diagnósticos diferenciais: Pacientes adolescentes deprimidos devem ser testados para mononucleose, e aqueles que estão acentuadamente acima ou abaixo do peso devem ser testados para disfunção suprarrenal e tireoidiana. Pacientes mais velhos devem ser avaliados para pneumonia viral e outras condições clínicas. A avaliação deve incluir testes para as funções tireoidiana e suprarrenal, porque doenças de ambos os sistemas endócrinos podem aparecer como transtornos depressivos. Medicamentos cardíacos, anti-hipertensivos, sedativos, hipnóticos, antipsicóticos, antiepilépticos, antiparkinsonianos, analgésicos, antibacterianos e antineoplásicos são todos comumente associados com sintomas depressivos. Os problemas neurológicos mais comuns que manifestam sintomas depressivos são doença de Parkinson, doenças demenciais (Alzheimer), epilepsia, doenças cerebrovasculares e tumores. Cerca de 50 a 75% dos pacientes com doença de Parkinson têm sintomas acentuados de transtorno depressivo que não estão correlacionados com a incapacidade física, a idade ou a duração da doença, mas com a presença de anormalidades encontradas em testes neuropsicológicos. Os sintomas do transtorno depressivo podem ser mascarados pelos sintomas motores quase idênticos da doença de Parkinson. Os tumores das regiões diencefálica e temporal tendem a estar associados com sintomas de transtorno depressivo. TUTORIA 2 - UC 16 Karolina Cabral Machado - P6 2022.1 O luto não complicado não é considerado um transtorno mental, ainda que cerca de um terço de todos os cônjuges enlutados satisfaça por um tempo os critérios diagnósticos para transtorno depressivo maior. Alguns pacientes com luto não complicado desenvolvem transtorno depressivo maior, mas o diagnóstico não é feito a menos que não ocorra a resolução do luto. A diferenciação baseia-se na gravidade e na duração dos sintomas. No transtorno depressivo maior, sintomas comuns que evoluem a partir de um luto não resolvido são uma preocupação mórbida com inutilidade; ideação suicida; sentimentos de que a pessoa cometeu um ato (não apenas uma omissão) que causou a morte do cônjuge; mumificação (manter os pertences do falecido de maneira exata como estavam); e uma reação de aniversário particularmente grave que inclui tentativa de suicídio. Nas formas graves de depressão por luto, o paciente definha, incapaz de viver sem a pessoa falecida, em geral um cônjuge. ● Tratamento: Primeiro, a segurança do paciente deve ser garantida. Segundo, uma avaliação diagnóstica completa do paciente é necessária. Terceiro, deve ser iniciado um plano de tratamento que trate não apenas os sintomas imediatos, mas também vise ao bem-estar futuro do paciente. Ainda que o tratamento atual enfatize a farmacoterapia e a psicoterapia orientadas ao paciente individual, acontecimentos estressantes da vida também estão associados com aumentos nas taxas de recaída. Portanto, o tratamento deve ser voltado à redução do número e da gravidade dos estressores nas vidas dos pacientes. Indicações claras para hospitalização são o risco de suicídio ou homicídio, a capacidade acentuadamente reduzida do indivíduo de obter alimento e abrigo e a necessidade de procedimentos diagnósticos. Uma história de sintomas de rápida progressão e a ruptura do sistema de apoio habitual também são indicações para a hospitalização. Com frequência, não podem tomar decisões devido à lentificação do pensamento, a uma visão de mundo negativa e à falta de esperança. - Terapia: Em episódios depressivos maiores leves, e o uso regular da terapia combinada pode aumentar o custo do tratamento e expor o paciente a efeitos adversos desnecessários, logo a terapia isolada pode ser benéfica. Três tipos de psicoterapia de curto prazo – terapias cognitiva, interpessoal e do comportamento. A terapia cognitiva focaliza as distorções cognitivas postuladas como presentes no transtorno depressivo maior. Essas distorções incluem atenção seletiva aos aspectos negativos das circunstâncias e inferências mórbidas não realistas sobre suas consequências. Eficácia é igual à da farmacoterapia e está associada com menos efeitos adversos e melhor evolução. A terapia interpessoal é eficaz no tratamento de transtorno depressivo maior e, não causando surpresa, pode ser especificamente útil para tratar problemas interpessoais. Alguns estudos apontam que a terapia interpessoal pode ser o método mais eficaz para episódios depressivos maiores graves quando o tratamento de escolha é apenas a psicoterapia. A terapia comportamental baseia-se na hipótese de que padrões comportamentais mal-adaptativos resultam de o indivíduo receber poucas respostas positivas e talvez rejeição direta da sociedade. Ao abordar os comportamentos mal-adaptativos no tratamento, os pacientes aprendem a funcionar no mundo de maneira que recebam reforço positivo. TUTORIA 2 - UC 16 Karolina Cabral Machado - P6 2022.1 A terapia de orientação psicanalítica tem como objetivo efetuar uma mudança na estrutura da personalidade ou no caráter do paciente, não simplesmente aliviar os sintomas. Melhorias na confiança interpessoal, na capacidade para intimidade, nos mecanismos de enfrentamento, na capacidade de enfrentar o luto e na capacidade de vivenciar uma ampla gama de emoções são alguns dos objetivos dessa terapia. A terapia familiar é indicada se o transtorno ameaçar o casamento do paciente ou o funcionamento da família, ou se for promovido ou mantido pela situação familiar. A terapia examina o papel do membro com a perturbação do humor no bem-estar psicológico geral de toda a família; também examina o papel da família na manutenção dos sintomas do paciente. - Higiene do sono - Fototerapia: A fototerapia (terapia luminosa) foi introduzida em 1984 como um tratamento para transtorno afetivo sazonal (TAS). Nesse transtorno, as pessoas costumam experimentar depressão à medida que o fotoperíodo do dia diminui com a chegada do inverno. Além da depressão sazonal, a outra principal indicação para fototerapia pode ser os transtornos do sono. Ela tem sido utilizada para diminuir a irritabilidade e a redução da função associada com mudança de turno de trabalho. 2- ENTENDER O MECANISMO DE AÇÃO DO TRATAMENTO MEDICAMENTOSO (ADT - EFEITOS COLATERAIS E DISPONIBILIDADE NO SUS); - Farmacoterapia: O objetivo do tratamento farmacológico é a remissão dos sintomas, não apenas sua redução. Todos os antidepressivos atualmente disponíveis podem levar até 3-4 semanas para exercer efeitos terapêuticos significativos, embora possam começar a apresentar seus efeitos mais cedo. A escolha dos antidepressivos é determinada pelo perfil de efeito colateral menos prejudicial à condição física, temperamento e estilo de vida de um determinado paciente. O tratamento antidepressivo deve ser mantido por pelo menos 12 meses. O tratamento profilático com antidepressivos é eficaz para reduzir o número e a gravidade de reincidências. Para os episódios que têm um intervalo de menos de 2,5 anos, o tratamento profilático por 5 anos provavelmente seja o indicado. Quando o tratamento antidepressivo é interrompido, a dose do medicamento deve ser diminuída gradualmente ao longo de 1 a 2 semanas, dependendo da meia-vida do composto em particular. Apenas indivíduos com depressões recorrentes ou crônicas são candidatos para tratamento de manutenção. Pacientes com transtorno depressivo maior com aspectos atípicos podem responder preferencialmente a tratamento com IMAOs ou ISRSs. Antidepressivos com ação dupla tanto em receptores serotonérgicos como noradrenérgicos demonstram maior eficácia nas depressões melancólicas. O tratamento de episódios depressivos maiores com aspectos psicóticos pode requerer uma combinação de um antidepressivo e um antipsicótico atípico. Os pacientes podem não responder a um medicamento, porque (1) não conseguem tolerar os efeitos colaterais; (2) um evento adverso idiossincrásico ocorre; (3) a resposta clínica não é adequada; ou(4) um diagnóstico errado foi feito. Os ensaios de medicamento TUTORIA 2 - UC 16 Karolina Cabral Machado - P6 2022.1 na fase aguda devem durar de 4 a 6 semanas para determinar se uma redução significativa dos sintomas foi obtida. Uma nova terapia envolve o uso do agente anestésico cetamina, que demonstrou eficácia na depressão resistente a tratamento. Ela tem um mecanismo de ação que inibe o receptor da proteína ligante de glutamato NDMA pós-sináptica. Os pacientes recebem uma única infusão de cetamina, em um período de 30min, a uma concentração de 0,5mg/kg. Uma resposta positiva costuma ser observada em 24h, e a melhora do humor dura cerca de 2-7 dias. Os efeitos colaterais mais comuns são tontura, cefaleia e falta de coordenação, que são transitórios, além de sintomas dissociativos, incluindo alucinações. - ADTs: A imipramina é bastante anticolinérgica e atua como inibidor relativamente forte da recaptação de serotonina, bem como de norepinefrina. Em contrapartida, a desipramina é muito menos anticolinérgica e atua como inibidor mais potente e ligeiramente mais seletivo da recaptação de norepinefrina em comparação com a imipramina. No momento, os ADTs são usados principalmente na depressão que não responde aos antidepressivos de uso mais comum, como os ISRSs ou os IRSNs. Os ADTs tendem a ser bem absorvidos e a apresentar meias-vidas longas. Em consequência, a maioria é administrada 1x ao dia, à noite, em virtude de seus efeitos sedativos. Acredita-se que a sua atividade antidepressiva esteja relacionada principalmente com a inibição da recaptação de 5-HT e norepinefrina. Dentro da classe dos ADTs, observa-se uma considerável variabilidade na afinidade com SERT versus NET. Por exemplo, a clomipramina apresenta uma afinidade relativamente pequena com NET, porém liga-se fortemente ao SERT. os ADTs de aminas secundárias, a desipramina e a nortriptilina, são relativamente mais seletivos quanto ao NET. Embora a imipramina, um ADT de amina terciária, exerça mais efeitos serotoninérgicos no início. Os efeitos colaterais comuns dos ADTs, incluindo boca seca e constipação intestinal, são atribuíveis aos potentes efeitos antimuscarínicos de muitos desses fármacos. Os ADTs também tendem a ser antagonistas potentes do receptor de histamina H1, gerando ganho ponderal e sedação. O bloqueio dos receptores α-adrenérgicos pode resultar em hipotensão ortostática significativa, particularmente em pacientes mais velhos.
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