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EXAME NO ABDOME AGUDO LETÍCIA FAGUNDES DO N. SILVA OBJETIVOS o Revisar as técnicas da inspeção, palpação, percussão e ausculta do abdome, utilizando os modelos. o Discutir em grupo como diferenciar pela anamnese e exame físico se o paciente e portador de dor abdominal de causa cirúrgica ou não cirúrgica. DOR ABDOMINAL É uma das principais causas de visitas a emergência apresentando um diagnóstico difícil devido a apresentações e etiologia bastante variada. Deve-se dobrar a atenção nos seguintes casos: 1. Idosos – apresentam uma maior probabilidade de diagnostico ameaçador à vida como apendicite aguda ou isquemia mesentérica 2. Pacientes imunodeprimidos – podem apresentar manifestações atípicas e sutis, confundindo o diagnostico 3. Mulheres em idade fértil – aumenta o diagnostico diferencial (deve ser sempre levada em consideração gravidez ectópica) OBS: o Após radiografia de abdome, a USG costuma ser o exame de imagem de escolha o Analgésicos, antiespasmódicos e opioides devem ser usados para tratar os sintomas – não se deve deixar o paciente com dor o Pacientes com dor intensa deve-se avaliar os sinais vitais e estabilidade clínica com monitorização contínua. AVALIAÇÃO Ao avaliar pacientes com dor abdominal, deve-se enfatizar a importância de uma história clinica completa (melhor forma de diagnóstico preciso) associada ao exame clínico. Deve-se questionar: 1. Antecedentes de cirurgias e comorbidades 2. Localização e irradiação 3. Intensidade 4. Duração 5. Forma de inicio 6. Fatores associados a piora ou melhora da dor – posição, por exemplo 7. Tipo da dor: a. Queimação, pontada, cólica ou pressão 8. Dor aguda ou crônica 9. Fatores temporais e modo de início, progressão e episódios anteriores Além disso, avaliar também sintomas abdominais que podem acompanhar a dor: 1. Distensão abdominal: a. Regra dos 5F e 1 T i. Fluid, fetus,flatus, fat, feces ii. Tumor EXAME NO ABDOME AGUDO LETÍCIA FAGUNDES DO N. SILVA 2. Náuseas e vômitos 3. Dispepsia e desconforto abdominal 4. Sangramento intestinal (alto e baixo) ou vaginal 5. Diarreia ou constipação 6. Emagrecimento inexplicado 7. Sintomas urinários associados O exame físico completa a história do paciente, sendo importante acompanhar as manifestações faciais do paciente durante os procedimentos ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA Existem três tipos de dor: Dor visceral – relacionada com inervação de fibras aferentes de órgãos intra-abdominais, podendo ocorrer por distensão de órgãos por gás, fluidos ou distensão de cápsulas de órgãos por edema, sangue, massa ou abcesso. Geralmente é uma dor mal localizada Dor somática – ocerre pela irritação do peritônio parietal, geralmente sendo de forte intensidade e a dor à descompressão brusca costuma estar presente Dor referida: dor diferente de seu local de origem como a dor nos ombros por irritação diafragmática 4 grandes categorias podem gerar uma dor abdominal: 1. Trauma 2. Obstrução a. Pode haver uma distensão abdominal – as alças aumentam seu peristaltismo e aumento dos RHA, como no fecaloma 3. Inflamação a. Pode haver diminuição do peristaltismo na tentativa de deixar o intestino em repouso e evitar a doe 4. Causa extra-abdominal a. RHA presentes e normais na maioria das vezes b. Exemplo: infarto, angina e esofagite CAUSAS MAIS COMUNS DE DOR ABDOMINAL 1. Gastrite e DRGE (Doença do refluxo Gastresofágico) a. Queimor, ardência b. Com ou sem azia/pirose c. Estão muito associadas a doenças do estomago ou duendeno: DRGE, Esofagite de Refluxo, Gastrite Aguda e Úlcera Péptica (ulcera gástrica perfurante). 2. Gastroenterite a. Dor em cólica, periumbilical b. Associada a diarreia, com ou sem vômitos, sejam alimentares (intoxicações) ou infecciosas 3. Apendicite aguda a. Dor localizada na parte inferior do abdome – em torno do umbigo b. Caráter progressivo tornando-se, muitas vezes, intensa e com tendência a se localizar na FID. c. Alguns sinais característicos: febre, náuseas, vômitos e anorexia. d. A apendicite pode restringir-se ao órgão inflamado ou pode provocar sua ruptura. Quando isso acontece as defesas do organismo costumam bloquear a infecção em torno do apêndice originando um abscesso. e. Quando o organismo não bloqueia a infecção, o conteúdo da mesma espalha- se pelo abdome provocando um quadro grave de peritonite aguda → dor difusa intensa, febre alta e quadro tóxico grave, exigindo intervenção cirúrgica imediata e uso de antibióticos. 4. Outras situações inflamatórias agudas: a. Pancreatite i. Associada a alcoolismo + litíase biliar (passagem de cálculos pelo colédoco) ii. Esta é localizada no andar superior do abdome, geralmente na região epigástrica e com irradiação para flancos e dorso, podendo ser disposta “em faixa” /dor em barra. b. Colecistite aguda i. Inflamação aguda da vesícula biliar, que ocorre pela obstrução do ducto cístico (via de entrada e saída de bile para a vesícula biliar) geralmente causada por um cálculo biliar. 5. Constipação e Obstruções intestinais 6. Parasitose Intestinal a. Causa comum em criança. 7. Causas ginecológicas a. Salpingite, preenhez ectópica, torção de ovário. 8. Síndrome do Intestino Irritável a. Diagnóstico de exclusão, associado a aspectos emocionais. EXAME NO ABDOME AGUDO LETÍCIA FAGUNDES DO N. SILVA EXAME FÍSICO DO ABDOME PONTOS DE REFERÊNCIA ANATOMICOS DO ABDOME 1. Rebordas costais 2. Ângulo de Charpy 3. Cicatriz umbilical 4. Cristas e espinhas ilíacas anteriores 5. Ligamento inguinal ou de Poupart 6. Sínfise Pubiana REGIÕES DO ABDOME Limite superior do abdome: linha circular que passa pela junção xifoesternal e pela apófise espinhosa da sétima vertebra dorsal. Limite inferior do abdome: linha que passa pela apófise espinhosa da quarta vertebra lombar, cristas ilíacas, espinhas ilíacas anteriores, ligamentos inguinais e sínfise púbica. PROJEÇÃO DOS ÓRGÃOS Em condições normais: o baço não é percutível e a área esplênica apresenta som timpânico (espaço de traube) + não é palpavel o polo inferior do baço. EXAME NO ABDOME AGUDO LETÍCIA FAGUNDES DO N. SILVA INSPEÇÃO ESTÁTICA Paciente em decúbito dorsal, deve-se investigar: FORMA E VOLUME DO ABDOME Variam de acordo com a idade, sexo e o estado de nutrição do paciente Podem ser classificados em: 1. Atípico ou normal Suas principais características são simetria e levemente abaulado, porém tem grandes variações em cada individuo 2. Globoso ou protuberante Abdome globalmente aumentado com diâmetro anteroposterior predominando em relação ao transversal Pode ser observado na gravidez avançada, ascite, obesidade e distensão gasosa 3. Abdome em ventre de batráquio Paciente em decúbito dorsal, há um franco predomínio do diâmetro transversal sobre o anteroposterior É observado na ascite em fase de regressão (consequência da pressão exercida pelo liquido sobre as paredes laterais do abdome) 4. Abdome pendular ou ptótico Paciente em pé, as vísceras pressionam a parte inferior da parede abdominal, produzindo uma protusão Sua causa mais comum é a flacidez do abdome no período puerperal 5. Abdome em avental É encontrado em pessoas com grau de obesidade elevado – consequência do acúmulo de tecido gorduroso na parede abdominal 6. Abdome escavado (escafoide ou côncavo) Parede abdominal retraída – típico de pessoas muito emagrecidas, portadoras de doenças consuntiva (neoplasias malignas do sistema digestivo) CICATRIZ UMBILICAL Normalmente, apresenta forma plana ou levemente retraída Protusão: geralmente indica a existência de uma hérnia ou acúmulo de liquido na região – aparece também na gravidezInfecções do umbigo, frequentes em criança, podem acompanhar de secreção serosa ou seropurulenta Sinal de cullen – equimose periumbilical. É resultado de hemorragia retroperitoneal. Podem surgir na pancreatite aguda e na ruptura da gravidez ectópica Sinal de Gray-Turner: equimose dos flancos, podendo ocorrer na pancreatite necro-hemorrágica e indica grave comprometimento da víscera EXAME NO ABDOME AGUDO LETÍCIA FAGUNDES DO N. SILVA ABAULAMENTOS OU RETRAÇÕES LOCALIZADAS Em condições normais: abdome tem forma regular e simétrica, sendo comum apenas uma leve proeminência na sua parte média e inferior Abdome assimétrico e irregular provocados por abaulamentos ou retrações de uma determinada região – indicam alguma anormalidade como hepatomegalia, esplenomegalia, útero gravídico ou tumores VEIAS SUPERFICIAIS Circulação colateral: quando as veias se tornam visíveis Tipo porta ou cabeça de medusa CICATRIZES DA PAREDE ABDOMINAL Dependendo da localização podem fornecer informações uteis sobre cirurgias anteriores INSPEÇÃO DINÂMICA SOLUÇÕES DE CONTINUIDADE DA PAREDE É representada pela presença de diástase dos músculos retos anteriores do abdome e hernias Manobra: paciente em decubito dorsal, pede-se para contrais a musculatura abdominal – seja elevando as duas pernas estendidas ou levantando a cabeça do travesseiro, sem mover o tórax Hernias inguinais e crurais: tornam-se evidentes quando o paciente sopra com força sua porpria mão posicionada na boca MOVIMENTOS RESPIRATÓRIOS Respiração toracoabdominal: é normal, principalmente nos homens. São movimentos respiratórios no andar superior do abdome Esses movimentos costumam desaparecer nos processos inflamatórios do peritônio → rigidez da parede abdominal PULSAÇÕES Podem ser observadas e palpadas no abdome de pessoas magras e quase sempre refletem as pulsações da aorta abdominal Pulsações na região epigástrica: pode significar hipertrofia do ventrículo direito Podem ser observados também pulsações na área correspondente a aneurismas da aorta abdominal. MOVIMENTOS PERISTÁLTICOS VISÍVEIS (“ONDAS PERISTALTICAS”) É um importante achado semiológico. Porém, é preciso lembrar que em pessoas magras podem ser observadas sem indicar anormalidade. É necessário relacionar o quadro clinico do paciente ao achado – pode indicar estenose pilórica e de oclusão intestinal Ondas peristálticas podem ocorrer espontaneamente ou após alguma manobra provocativa. A mais simples consiste em aplicar alguns piparotes na área suspeita. EXAME NO ABDOME AGUDO LETÍCIA FAGUNDES DO N. SILVA Movimentos peristálticos visíveis indicam obstrução em algum segmento do tubo digestivo; por isso, ao encontrá-los o examinador deve analisar: localização e a direção das ondas peristálticas: i. Obstrução pilórica: evidenciam-se ondas peristálticas que se localizam na região epigástrica e em suas proximidades que se dirigem de cima para baixo e da esquerda para a direita ii. Obstruções do intestino delgado: as ondas peristálticas se localizam na região umbilical e imediações, não têm direção constante e, além disso, podem ser observadas mais de uma onda ao mesmo tempo. iii. Obstrução do intestino grosso: são mais bem observadas no cólon transverso nos casos em que a sede da obstrução se localiza no ângulo esplênico ou abaixo dele. Neste caso, deslocam-se da direita para a esquerda. Abdome rígido + peristaltismo visível => OBSTRUÇÃO (Ondas de Kusmaul) A presença de peristaltismos visíveis em região mesogástrica no indivíduo magro com abdome flácido pode ser normal. AUSCULTA É importante fazer a ausculta antes da palpação e percussão, pois estas podem estimular o peristaltismo e encobrir uma hipoatividade dos ruídos hidroaéreos A ausculta do abdome fornece informações importantes a respeito da movimentação de gases e líquidos no trato intestinal. Técnica: usa-se o receptor diafragma. Permanência por 2 minutos em cada quadrante ou até ouvir o ruído hidroaéreo (RHA) Sentido horário Em condições normais, ocorrem mais ou menos a cada 5 a 10 s ruídos de timbre agudo, de localização variável e de aparecimento imprevisível, decorrentes da movimentação dos líquidos e gases contidos no trato gastrintestinal Maior intensidade dos RHA (borborigmos) – resultado do aumento do peristaltismo como ocorre na diarreia e de oclusão intestinal Silencio abdominal: ocorre no íleo paralítico, síndrome caracterizada pelo desaparecimento do peristaltismo intestinal. Podem ser ouvidos também sopros sistólicos ou sistodiastólicos (contínuos) - estreitamento do lúmen de um vaso (artéria renal ou aorta abdominal) ou de fístula arteriovenosa. PERCUSSÃO Tem por objetivo a determinação do limite superior do fígado e da área de macicez hepática, a pesquisa de ascite e a avaliação da sonoridade do abdome. Técnica: Paciente em decúbito dorsal sendo outras posições necessárias na pesquisa de ascite EXAME NO ABDOME AGUDO LETÍCIA FAGUNDES DO N. SILVA Podem ser percebidos sons: 1. Som timpânico a. Indica a presença de ar dentro de uma víscera oca b. Em condições normais é percebido em quase todo o abdome, porém é mais nítido na área de projeção do fundo do estômago (espaço de Traube). 2. Hipertimpanismo a. Ocorre quando há um aumento da quantidade de ar como na obstrução intestinal ou gastrectasia 3. Som submaciço a. Menor quantidade de ar ou superposição de uma víscera maciça sobre uma alça intestinal 4. Som maciço a. Resultado da ausência de ar, como se observa nas áreas de projeção do fígado, baço e útero gravídico b. Condições anormais: ascite, tumores e cistos contendo líquido DETERMINAÇÃO DO LIMITE SUPERIOR DO FIGADO E DA AREA DE MACICEZ HEPÁTICA Percute-se o hemitórax direito no nível da linha hemiclavicular direita desde sua origem na clavícula até o quarto/quinto espaço intercostal; a partir daí, desvia-se para fora De início, obtém-se som claro pulmonar; em seguida, em condições normais, na altura do 5o ou 6o espaço intercostal, observa-se som submaciço. Este ponto corresponde ao limite superior do fígado O limite superior do fígado estando abaixo do quinto/sexto espaço intercostal direito significa ptose hepática ou diminuição do volume do fígado. Continuando-se a percussão para dentro, para baixo ou para fora, consegue-se delimitar com facilidade a área de macicez hepática. Não encontro da macicez hepática: pode indicar acentuada atrofia hepática; interposição de alça intestinal entre o fígado e a parede costal; e pneumoperitônio (causada pela perfuração do tubo gastrintestinal → Sinal de Jobert, que consiste no desaparecimento da macicez hepática, dando lugar a timpanismo) PESQUISA DE ASCITE É o acúmulo de líquido (ascítico) que contém proteínas dentro do abdômen. Dependendo do grau pode avaliar-se por: GRAU I ▪ Leve, visível apenas na USG (menos de 500 ml de liquido GRAU II ▪ Detectável pelo abaulamento dos flancos e submacicez móvel ao exame físico ▪ Submacicez móvel: o Primeiro percuti todo o abdome com o paciente em decúbito dorsal (determina macicez nos flancos e som timpânico na parte média do abdome) o Depois, posiciona-se o paciente em decúbito lateral direito e percute-se todo o abdome; havendo ascite, encontra-se timpanismo no flanco esquerdo e macicez no flanco direito. o Em seguida, o paciente adota o outro decúbito lateral, percutindo-se de novo todo o abdome; se, de fato, houver ascite, o resultado desta percussão será o contrário do obtido na etapa anterior da manobra, ou seja, haverá timpanismo no hemiabdome direito e macicez no esquerdo o Na posição ortostática: sinal de piparote no baixo ventre EXAME NO ABDOME AGUDO LETÍCIA FAGUNDESDO N. SILVA GRAU III ▪ Claramente visível (aspecto de abdome globoso - ascites maiores do que 1,5L) + aumento da resistência da parede abdominal, a cicatriz umbilical torna-se plana ou protrusa ▪ Percussão por piparote: o o paciente em decúbito dorsal e ele próprio ou um auxiliar coloca a borda cubital da mão sobre a linha mediana do abdome, exercendo uma ligeira pressão de modo a impedir a transmissão pela parede abdominal do impacto provocado pelo piparote. o O examinador coloca-se do lado direito do paciente e repousa a mão esquerda no flanco do outro lado o Passa-se então a golpear com o indicador a face lateral do hemiabdome direito. Se houver líquido em quantidade suficiente na cavidade peritoneal, a mão esquerda captará os choques das ondas líquidas desencadeadas pelos piparotes PALPALÇÃO Normalmente, se faz com o paciente em decúbito dorsal, usando-se a técnica da mão espalmada Tem por objetivo: 1. Avaliar o estado da parede abdominal 2. Explorar a sensibilidade abdominal, provocando ou exacerbando uma dor 3. Reconhecer as condições anatômicas das vísceras abdominais e detectar alterações de sua consistência Em condições normais, não se consegue distinguir pela palpação todos os órgãos intra-abdominais. Nas pessoas magras, se a parede abdominal estiver bem relaxada, é possível reconhecer o fígado, os rins, a aorta abdominal, o ceco, o cólon transverso e o sigmoide. PALPAÇÃO SUPERFICIAL SENSIBILIDADE Se a palpação despertar dor é porque existe hiperestesia cutânea ou tem origem em algum órgão abdominal (pode fazer também roçando algum objeto pontiagudo na parece abdominal) Sinal de Murphy: com o paciente em decúbito dorsal, pede- se para o paciente fazer uma respiração profunda ao mesmo tempo em que se comprime o ponto cístico → Sinal positivo quando há parada da inspiração devido a dor à compressão → Indicativo de irritação da vesícula biliar (como na colecistite aguda) Sinal de Blumberg: Dor que ocorre à descompressão brusca da parede abdominal. Essa manobra – descompressão rápida – pode ser aplicada em qualquer região da parede abdominal, e seu significado é sempre o mesmo, ou seja, peritonite. Nos casos de peritonite generalizada, o sinal de Blumberg é observado em qualquer área do abdome em que for pesquisado. EXAME NO ABDOME AGUDO LETÍCIA FAGUNDES DO N. SILVA Sinal de Rovsing: compressão lenta e contínua do ponto apendicular/ McBurney → indicativo de apendicite aguda Em pacientes com apendicite aguda, a dor pode ser desencadeada ou exacerbada por algumas manobras: ▪ Teste do psoas. Dor no quadrante inferior direito que ocorre ao se fazer flexão ativa ou hiperextensão passiva do membro inferior direito. ▪ Teste do obturador. Dor no quadrante inferior direito ao se fazer flexão passiva da perna sobre a coxa e da coxa sobre a pelve com rotação interna da coxa. RESISTÊNCIA DA PAREDE Normais: a resistência da parede abdominal é a de um músculo descontraído Se encontrar um musculo contraído: diferenciar a contração voluntaria da involuntária (indicativo de peritonite). Se essa defesa for generalizada – abdome e tábua → Desvie a atenção do paciente por meio de alguns expedientes, tais como conversar com ele sobre outros assuntos, solicitar-lhe que respire profundamente ou pedir-lhe que flexione as pernas. CONTINUIDADE DA PAREDE ABDOMINAL É feita deslocando-se a mão que palpa por toda a parede e, ao encontrar uma área de menor resistência, tenta-se insinuar uma ou mais polpas digitais naquele local. Desse modo, é possível reconhecer diástases e hérnias. Diástase dos músculos retos: consiste na separação desses músculos, quer abaixo ou acima da cicatriz umbilical, sendo possível insinuar-se um ou mais dedos entre eles. Diferencia- se de uma grande hérnia por não haver saco herniário nem anel palpável Hérnias: são alterações da parede abdominal caracterizadas basicamente por haver, em alguma parte, uma solução de continuidade por onde penetram uma ou mais estruturas intra-abdominais PULSAÇÕES Dados semióticos essenciais são a localização e as características táteis das pulsações. PALPAÇÃO PROFUNDA Investigam-se os órgãos contidos na cavidade abdominal e eventuais “massas palpáveis” ou “tumorações”, devendo ser anotado a: EXAME NO ABDOME AGUDO LETÍCIA FAGUNDES DO N. SILVA ▪ Localização ▪ Forma e volume o Recorre a designações comparativas - tamanho de azeitona, limão, laranja ▪ Sensibilidade ▪ Consistência o Cística, borrachosa, dura ou pétrea. ▪ Mobilidade o Ela ocorre em função dos movimentos respiratórios ou se depende apenas da palpação. ▪ Pulsatilidade o inicialmente, diferenciar pulsações próprias de pulsações transmitidas. PALPAÇÃO DO FÍGADO ▪ TÉCNICA DE LEMOS-TORRES ▪ TÉCNICA DE MATHIEU As informações clínicas são obtidas da análise da borda e da superfície do fígado Borda - sua distância da reborda costal, a ser referida em centímetros ou, como é mais usual, em dedos transversos (tomando como referência o prolongamento da linha hemiclavicular direita) → Indica o volume do fígado: ▪ Pequenas hepatomegalias são aquelas em que o fígado pouco ultrapassa – até dois dedos transversos – a reborda costal no final da inspiração ▪ Hepatomegalias médias - o fígado dista da reborda costal em torno de quatro dedos transversos; ▪ Grandes hepatomegalias - a borda da víscera situa- se a mais de quatro dedos e pode alcançar a cicatriz umbilical ou o quadrante inferior direito. Analisa ainda: espessura (fina ou romba), a superfície (lisa ou nodular), a consistência (diminuída, normal ou aumentada) e a sensibilidade (indolor ou dolorosa). PALPAÇÃO DO BAÇO E OUTROS ÓRGÃOS Mesma tecnica para palpar o fígado com a exceção de que se trata do quadrante superior esquerdo MANOBRAS ESPECIAIS 1. Palpação bimanual para avaliar defesa localizada da parede abdominal Deve ser efetuada sempre que se suspeitar de maior resistência em determinada área da parede do abdome. Procede-se da seguinte maneira: o examinador coloca ambas as mãos longitudinal e paralelamente no sentido craniocaudal e, enquanto uma das mãos palpa a região suspeita, a outra examina a região homóloga, com seguidos movimentos alternados, isto é, quando uma das mãos comprime a parede, a outra não o faz Confirmando-se a presença de defesa localizada, é justo levantar a hipótese de uma afecção na própria parede ou na cavidade abdominal (peritonite localizada). 2. Manobra do rechaço Com a palma da mão comprime-se com certa firmeza a parede abdominal, e com a face ventral dos dedos e polpas digitais provoca-se um impulso rápido na parede, retornando-se os dedos à posição inicial sem afrouxar a compressão da parede abdominal. Há rechaço quando, imediatamente após a impulsão, percebe-se um choque na mão que provocou o impulso → Indica a presença de órgão ou tumor sólido (fígado, baço ou neoplasia) flutuando em um meio líquido, representado por ascite. 3. Pesquisa do vascolejo Denuncia a presença de líquido no interior do estômago → pode ser normal (depois da ingestão de liquido) ou levantar a suspeita de estase líquida em um estômago atônico ou quando há estenose pilórica. Resta assinalar que o sinal de vascolejo desaparece quando o paciente vomita EXAME NO ABDOME AGUDO LETÍCIA FAGUNDES DO N. SILVA Pode ser efetuada de duas maneiras: Prende-se o estômago com a mão direita, movimentando-o de um lado para o outro, ao mesmo tempo que se procura ouvir ruídos hidroaéreos nele originados OU pela manobra de patinhação (Repousa-se a mão sobre a região epigástrica e executam-se rápidos movimentos compressivos com a face ventral dos dedos e as polpas digitais, tendo-se o cuidado de não deslocar a palma da mão). Quando se ouvem ruídos delíquidos sacolejando, diz que há vascolejo. 4. Sinal de Gersuny. É encontrado nos casos de fecaloma. Sua pesquisa consiste em palpar o “tumor fecal” na topografia da sigmoide. Quando positivo, ouve-se ligeira crepitação, decorrente do ar interposto entre a parede intestinal e o fecaloma. EXAME DOS RINS 1. INSPEÇÃO Paciente sentado com o tronco inclinado para a frente → protusão do abdome superior indica o rim aumentado de tamanho (tumor, cisto, hidronefrose...) 2. PALPAÇÃO Em geral, não são palpáveis. Contudo, em pessoas magras do sexo feminino, pode se palpar o polo inferior do rim direito no decúbito dorsal. 3. PERCUSSÃO DOS RINS Técnica do punho percussão O examinador deve aplicar um golpe com a superfície ulnar de seu punho, usando uma força suficiente para produzir uma vibração perceptível, porém, indolor → Em casos de desconforto doloroso (dor agudo, em pontada) diremos que o Sinal de Giordano é positivo, sendo sugestivo de pielonefrite. 4. AUSCULTA Serve para pesquisar sopros (podem ter relação com anormalidades da artéria renal)
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