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Atividdae 2 - Prática Forense Civil - Copia

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
FACULDADE DE DIREITO
PROFESSOR:  NELSON LUIZ PINTO
1)“A” menor impúbere, representada por sua genitora, move ação de reparação de danos materiais e morais em face da empresa de Transportes “Vai Depressa”, em razão de acidente de trânsito que lhe ocasionou a perda dos membros inferiores. Requer, a título de pagamento de reparação de danos materiais, pensão mensal vitalícia, em razão da sua incapacidade. A Ré foi revel. A ação foi julgada procedente e arbitrados cinco salários mínimos a título de reparação de danos, além do valor pleiteado a título de danos morais.  O Ministério Público não foi intimado para intervir, e tão logo tomou conhecimento da causa - por ocasião da sentença – requereu a nulidade de todos os atos processuais. Pergunta-se:
a) Padece esse processo e a sentença nele proferida de algum vício? Qual?
R= Sim. Nos termos do art. 279 do NCPC, será nulo o processo em que o Ministério Público deveria intervir, mas não foi intimado para acompanhar o feito, como ocorreu no caso em tela. Esse caso se trata de uma ação ajuizada por menor impúbere, de forma que envolve interesse de um incapaz, o que se enquadra em uma das hipóteses de intervenção obrigatória, nos termos do art. 178, II, NCPC. Dessa forma, o Ministério Público deveria ter sido intimado para atuar, e como isto não ocorreu, todos os atos processuais estão potencialmente corrompidos de nulidade. Porém, antes que tal nulidade seja decretada, o MP deverá se manifestar a respeito da existência ou não de prejuízo, conforme o art. 279, §2°, NCPC.
b) Devem ser anulados todos os atos praticados no processo, em razão da não intervenção do Ministério Público?
R= Não devem ser anulados os atos praticados no processo apesar da não intervenção do Ministério Público. Não foram causados prejuízos à parte, o que justificaria a sua intervenção, pois, a ação foi julgada procedente. É necessário observar o princípio da instrumentalidade das formas, previsto no artigo 277, do Novo CPC, que possui o entendimento de que os atos processuais devem ser mantidos, se alcançada a sua finalidade.
b) O Ministério Público poderá unicamente intervir para que seja revisto o valor da indenização, vez que a ação foi julgada procedente?
R= O Ministério Público poderá intervir para a revisão do valor da indenização, visto que o valor da indenização foi estipulado abaixo do valor pedido, e houve prejuízo à parte nesse aspecto.
c) Em Apelação interposta pela empresa Ré, poderá ser aumentado o valor da condenação?
R= Apenas se houver recurso da outra parte requerendo o aumento do valor da condenação. Caso o valor da condenação seja aumentado apenas ante a interposição de apelação pela empresa ré, haverá reformatio in pejus. Esse fenômeno ocorre nos casos em que o órgão ad quem no julgamento de um recurso, profere decisão menos favorável à parte recorrente. Neste caso, com a anulação dos atos processuais, não se trata de recurso, mas sim, de nulidade, ou seja, uma vez anulados os atos é como se os mesmos não tivessem existindo, não produzindo mais qualquer efeito na esfera jurídica. Portanto, não se trata de reforma da decisão, mas, sim de nova decisão que inclusive pode ser diversa da primeira.
d) Caso em apelação a Ré alegue a nulidade de sua citação, o tribunal, verificando ser realmente nula a citação, poderá, ainda assim, deixar de decretar a nulidade do processo por ausência de prejuízo ao menor? Poderá o tribunal considerar a apelação como contestação e apenas rejulgar a causa?
R= Não havendo reformatio in pejus, uma vez anulados os atos, trata-se como se tais atos processuais jamais houvessem existido, não produzindo mais qualquer efeito na esfera jurídica. Portanto, será emitida uma nova decisão, que pode deferir da primeira. 
 
2) "A" move ação contra a Cooperativa de Assistência Médica-CAM requerendo a decretação de nulidade de uma cláusula abusiva constante do contrato assinado entre as partes. Requereu, com base nesse pedido, a antecipação parcial dos efeitos da tutela que consistia na realização urgente de uma cirurgia. O juiz, diante do periculum in mora e da verossimilhança da alegação, defere a tutela antecipada, fundamentando a sua decisão de forma singela ("Estando presentes os requisitos, defiro a tutela antecipada pleiteada pelo autor"). O Réu agrava desta decisão e o Juiz, ao prestar informações no agravo, discorre sobre os inúmeros fundamentos que justificam o deferimento da tutela antecipada. Pergunta-se:
a) Deve o Tribunal anular a decisão que deferiu a tutela antecipada, tendo em vista a sua falta de fundamentação ou as informações prestadas pelo juiz, no agravo, poderiam ser consideradas como parte integrante da decisão, suprindo a falta de motivação?
R= Deve o Tribunal aplicar o disposto no artigo 938, §1º, do Novo CPC (antigo artigo 515, §4º, CPC/1973). Mesmo que a decisão padeça de ausência de fundamentação, e desrespeite o determinado no artigo 11, do Novo CPC, que determina a fundamentação das decisões sob pena de nulidade, bem como os artigos 298 e 498, §1º do Novo CPC, que demonstram também a necessidade de fundamentação das decisões judiciais, a nulidade foi sanada.
Visto que se encontram presentes os requisitos exigidos para a concessão de tutela, que são a verossimilhança da alegação e o periculum in mora, a anulação poderia acarretar prejuízos maiores do que a sua manutenção. Nesse caso, o prejuízo gerado ao autor seria irreparável na hipótese de anulação da decisão. A aplicação do artigo 938, §1º, do Novo CPC, renovará o ato processual, e sanará a nulidade.
b) Não tendo ainda a medida sido executada e o Tribunal anulando-a, determinando que o magistrado profira outra decisão - agora fundamentada - ficará restaurada a sua executoriedade? E se a sua execução não for mais possível, v.g., a inutilidade da execução neste momento posterior, em virtude do estado de saúde do autor, ainda assim deve o Tribunal anular a decisão ou deverá analisar o prejuízo que poderá decorrer dessa medida e determinar a sua manutenção.
R= No caso em comento, a executoriedade da decisão estará restaurada, pois, se fundamentada, restará sanado o vício por ausência de fundamentação. Porém, o Tribunal não deve anular a decisão, sob pena de que a execução da medida não seja mais possível. O perigo de dano, disposto no artigo 300, do Novo CPC, demonstra a necessidade da urgência na realização da cirurgia do autor. Portanto, deve o Tribunal ponderar os valores envolvidos na questão, e analisar o prejuízo à saúde do autor que decorrerá dessa medida, tendo em vista seu estado.
c) Se a ré apresenta embargos declaratórios com a finalidade do juiz fundamentar a decisão, os efeitos da decisão liminar ficam suspensos até julgamento destes embargos? Justifique.
R= Os efeitos da decisão liminar não permanecerão suspensos até o julgamento dos embargos de declaração. O artigo 1.026, caput, do NCPC, traz o entendimento de que os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo. E ainda, tendo em vista o risco à saúde do autor, e a concessão de tutela antecipada, a atribuição de efeito suspensivo aos embargos, retirariam a efetividade da tutela provisória.
 
3) O Condomínio “Bem Morar” move ação de cobrança em face de João, perante o Foro Regional de Vila Prudente. Após vários incidentes, a ação é julgada procedente e se dá início ao cumprimento de sentença. João intenta ação rescisória, em razão da incompetência absoluta do Foro Regional, pois a ação devia ter sido proposta junto ao Foro Central. Pergunta-se:
a) Deve ser acolhida a nulidade, tendo em vista que em momento algum as partes noticiaram a nulidade, e tampouco o Cartório Distribuidor constatou o fato?
R= A ação rescisória deve ser julgada procedente, e deve ser acolhida a nulidade, conforme o artigo 966, II, do Novo CPC. A incompetência absoluta do juízo constitui nulidade absoluta e, portanto, não preclui, podendo ser arguida a qualquer tempo.
b) A má-fé explícita do autor da ação rescisória deve ser levada em conta quando do julgamento da ação rescisória?R= A incompetência absoluta é matéria de ordem pública, logo, constitui nulidade absoluta. Assiste razão ao autor, e a questão da má-fé não influi no julgamento do mérito. Entretanto, o artigo 81, do Novo CPC, prevê a possibilidade de pagamento de multa por litigância de má-fé.
c) E se a parte tivesse falecido no curso do processamento da ação e o advogado não tivesse noticiado o juízo no prazo em que a lei determina, o julgamento seria nulo?  (leve em consideração que o advogado somente noticia o falecimento da parte na fase de cumprimento de sentença)?
R= O ato processual deve ser considerado nulo, pois restou extinta a personalidade natural pelo evento morte. A relação jurídico processual estará incompleta, e a nulidade deverá ser decretada desde o momento do falecimento da parte. Neste caso, o processo também deve ser suspenso, conforme o disposto no artigo 313, I, do Novo CPC.

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