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Atividade 1 - Prática Forense Civil - Copia

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
FACULDADE DE DIREITO
PROFESSOR:  NELSON LUIZ PINTO
1. “A” move ação de cobrança em face de “B”, seguradora, pleiteando o cumprimento do contrato através do recebimento do valor do seguro do veículo, cujo pagamento foi recusado, sob a alegação de fraude. Na audiência de instrução e julgamento, o magistrado julga procedente o pedido e condena a seguradora ao pagamento do valor estipulado em contrato.  No mesmo ato o juiz, de ofício, concede tutela antecipada, determinando que a seguradora efetue o pagamento do valor sob incidência de multa diária e como condição para o recebimento de recurso contra a decisão.
O advogado de B interpõe, contra essa decisão, agravo de instrumento atacando a tutela antecipada e apelação atacando o mérito da sentença.
Pergunta-se:
a) Poderia o juiz conceder tutela antecipada na mesma sentença que julgou o mérito da ação?
Sim. Embora haja controvérsias na doutrina quanto à possibilidade ou não de se conceder a tutela antecipada na sentença, a jurisprudência que predominante no STJ é de que sim. Assim, como também é a jurisprudência no TJRJ. Os autores contra a concessão de tutela antecipada na mesma sentença que julgou o mérito da ação (Nelson Nery Junior, Araken de Assis etc.), entendem que não faria sentido a concessão de uma tutela amparada em cognição sumária quando se está diante de uma decisão exauriente de mérito e, portanto, a tutela antecipada deveria ser concedida a qualquer tempo antes de proferida a sentença. Já os autores a favor, dentre eles Carreira Alvim, entendem que seria possível a concessão da tutela antecipada em sede de sentença, visto que o inciso VII do art. 520 do CPC/73 (atual art. 1.012, §1º, V do NCPC), ao excepcionar apenas a concessão de efeito devolutivo à apelação, cita da sentença que confirma a antecipação dos efeitos da tutela, logo, se o juiz pode confirmar a tutela antecipada concedida anteriormente, igualmente pode conceder em sede de sentença. Ademais, seus defensores, também invocavam o art. 518 do CPC/73, que indicava que o juiz declarava os efeitos que a apelação seria recebida e, então, poderia este recebê-la tão somente no seu efeito devolutivo com o objetivo de autorizar o cumprimento provisório da sentença pelo vencedor.
b) Poderia a tutela antecipada ser concedida de ofício?
Sim. Seguindo uma tradição do CPC, os juízes concederão tutela cautelar de oficio e não concederão tutela antecipada de oficio. Logo, em tese, conclui-se que o juiz não pode conceder de ofício a tutela antecipada. Entretanto, no NCPC não há previsão específica a respeito da concessão da tutela de urgência de ofício. Portanto, em princípio, não se pode conceder tutela antecipada de ofício, mas o STJ admite em casos excepcionais tutela antecipada de ofício, conforme REsp 1.309.137/MG
c) Está correto o procedimento do advogado interpondo os dois recursos contra a decisão?
Não, pois um dos princípios que regem processo civil brasileiro é o da unirrecorribilidade ou unicidade recursal, do qual se extrai que, em face de uma decisão só caberá um único recurso, salvo disposição legal expressa em contrário.
Portanto, ainda que a tutela antecipada tem natureza jurídica de decisão interlocutória, como ela é concedida no bojo da sentença, o único recurso cabível é o de apelação.
d) Esses recursos podem ser reunidos em um só e recebidos como apelação única, em face dos princípios da singularidade e da fungibilidade?
Não. Em razão do princípio da singularidade ou unirrecorribilidade não caberia, antes de mais nada, o aviamento de dois recursos simultâneos contra a mesma decisão. Ademais, o princípio da fungibilidade não é autoriza este procedimento, visto que a interposição de dois recursos simultâneos contra uma mesma decisão, salvo previsão legal em expresso, esbarraria no princípio da preclusão consumativa.
e) Caso B só recorra do mérito da decisão e não ataque a antecipação de tutela, poderá o Tribunal, de ofício, revogar essa parte da decisão?
Não, visto que, a tutela antecipada é a antecipação dos efeitos da tutela de mérito exauriente, mas em uma cognição sumária. Logo, a decisão final de mérito engloba qualquer cognição de caráter sumário, seja para revogar a tutela ou para confirmá-la. Portanto, mesmo que não haja um pedido expresso para a revogação da tutela antecipada, o Tribunal, ao modificar a sentença, o que o faz em caráter exauriente, pode revogar a tutela concedida no decisum a quo.
f) Poderia o juiz exigir o pagamento como condição de recorribilidade da decisão ou estaria assim infringindo o princípio do duplo grau de jurisdição?
 Não, pois o STF já entendeu como inconstitucional a exigência de depósito como condição para interposição de recursos administrativos ou judiciais (Súmula Vinculante 21 e Súmula Vinculante 28). “É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário.” Tal exigência afronta os princípios constitucionais do acesso à justiça, da inafastabilidade da jurisdição, do contraditório e da ampla defesa e do devido processo legal.
2. João ajuíza ação em face da Fazenda Pública Estadual, por ter sido atropelado por viatura policial trafegando em alta velocidade e sem ter sirene ligada. Requer a condenação da Fazenda na reparação dos danos materiais e estéticos provocados pelo acidente. Julgada parcialmente procedente a demanda, restou a Fazenda condenada apenas quanto aos danos materiais bem como nos honorários advocatícios, fixados em 15%.
A Fazenda Pública apresentou recurso voluntário exclusivamente para diminuição da verba honorária a que foi condenada, para 10% do valor da condenação.
O autor, por sua vez, recorre para a ampliação da condenação abrangendo também os danos estéticos.
a) Na hipótese de o Tribunal não conhecer do recurso do autor por intempestividade, poderá, ainda assim, ampliar a condenação da Fazenda Pública para incluir o dano estético, não incluído na sentença?
Não. Um dos princípios que impedem a inclusão do dano estético é o da adstrição ao pedido. Esse princípio orienta o juiz singular ou o Tribunal a proferir a sentença ou o acórdão e diz que o julgador deve limitar a reforma da decisão ao que foi pedido pela parte recorrente. No caso em tela, o recurso do autor não foi conhecido, assim se pode reformar a sentença de modo a agravar a situação para a parte recorrente, pois também encontraria vedação extraída do princípio da non reformatio in pejus. Portanto, se o Tribunal, decidisse pela procedência do dano estético nessa situação, estaria agindo de forma extra petita, e o acórdão seria eivado de nulidade. O acórdão deve, portanto, observar os pedidos da parte recorrente, é a regra do tantum appelatum quantum devolutum,
b) No caso do Recurso da Fazenda, apenas para diminuição da condenação dos honorários de 15% para 10%, poderá o Tribunal, reduzi-la para 5% sobre o valor da condenação? 
Sim, pois, o art. 20, §4º do CPC/73, embora prescrevesse que nas condenações contra a Fazenda Pública o juiz não ficaria balizado pelos percentuais de sucumbência ordinários. A despeito do princípio da adstrição ao pedido que deve vincular a atividade judicante, nos casos em que há condenação para a Fazenda Pública, há a chamada remessa ex officio ou reexame necessário, previsto no art. 475 do CPC/73.
Tal dispositivo prescrevia que, o reexame necessário ocorreria independentemente de haver ou não recurso voluntário pela Fazenda, pois, a remessa necessária seria uma condição de eficácia das sentenças proferidas em desfavor da Fazenda Pública.
Assim, mesmo que devesse o julgador estar vinculado aos pedidos formulados na via recursal, e por consequência, ao limite de 10% formulado no recurso fazendário, no caso em tela, há o reexame necessário, assim o Tribunal poderia, ao formular o acórdão, dar provimento à remessa necessária para reduzir os honorários com base no art. 20, §4º do CPC. Isso acontece poque o legislador trouxe essa previsão do reexame necessário, como umagarantia da Fazenda Pública, que sempre lida com direito indisponível.

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