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DIREITO PROCESSUAL CIVIL II FORMAÇÃO E SUSPENSÃO DO PROCESSO PREMISSAS: a) Princípio da inércia processual: a jurisdição apenas poderá atuar após provocação, não podendo fazer de ofício; b) Impulso oficial: após a provocação, o juiz e seus auxiliares cuidarão para que o processo siga (ou seja, é necessário apenas que seja provocado uma vez e depois seguirá por impulso oficial); c) Ação: a ação é o direito de provocar a jurisdição, é exercido através da retirada da inércia (petição inicial) – é necessária que a ação tenha o pedido juridicamente possível, legitimidade de causa e interesse de agir; d) Procedimento: sequência de atos concretos; PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS DE FORMAÇÃO DO PROCESSO: ➢ Pressupostos de existência – dizem respeito à própria constituição do processo: provocação inicial, jurisdição, citação. Art. 312 CPC. Considera-se proposta a ação quando a petição inicial for protocolada, todavia, a propositura da ação só produz quanto ao réu os efeitos mencionados no art. 240 depois que for validamente citado. ➢ Pressupostos de validade – aptidão para que o processo gere seus efeitos: adequação da inicial, citação válida, competência absoluta do juízo, imparcialidade, capacidade processual, capacidade postulatória. ➢ Pressuposto negativos – são aqueles que não devem estar presentes: litispendência (duas demandas iguais em curso), coisa julgada, perempção (impossibilidade de ajuizar por abandono 3x anteriores), convenção de arbitragem (quando as partes convencionaram a resolução do conflito por meio de arbitragem), falta de caução ou outra prestação (quando depender disso). SUSPENSÃO DO PROCESSO: A suspensão do processo não afeta a relação processual (direitos, deveres, obrigações etc), mas sim o procedimento (os atos). Dessa forma, quando o processo está suspenso, https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28893897/art-312-da-lei-13105-15 DIREITO PROCESSUAL CIVIL II é proibida a prática de novos atos processuais, até que seja removida a causa de suspensão. Art. 314 CPC. Durante a suspensão é vedado praticar qualquer ato processual, podendo o juiz, todavia, determinar a realização de atos urgentes a fim de evitar dano irreparável, salvo no caso de arguição de impedimento e de suspeição SUSPENSÃO INTERRUPÇÃO A suspensão interrompe a prática de novos atos do processo e, ao final da causa que suspendeu, retorna ao mesmo estado de onde parou. A interrupção, ao paralisar os atos, quando tiver fim a causa que interrompeu, não volta de onde parou, mas sim retorna todos os atos ao início. NÃO EXISTE INTERRUPÇÃO PROCESSUAL (o processo não pode voltar o início e ignorar os atos jurídicos perfeitos – já praticados). Exceções à vedação da prática de novos atos processuais: i. Caráter de urgência – atos que devem ser praticados imediatamente, sendo impossível praticá-los no futuro, por risco de dano irreparável e deve ser justificado (proteção do ato em si). Ex.: ouvida de testemunha gravemente enferma hospitalizada ii. Para evitar perecimento de direito – praticar o ato para proteger o objeto do conflito em virtude de fatores externos que lhe ofereçam risco (proteção não do ato, mas do direito em si). Ex.: iii. Para remover a própria causa de suspensão – ou seja, o ato praticado para por fim na suspensão do processo Prazos pendentes durante a suspensão do processo: Os prazos que começaram a contar antes da causa de suspensão e, durante o curso do prazo veio a suspender o processo, também será suspenso o prazo, voltando a contar do momento em que parou. Art. 221 CPC. Suspende-se o curso do prazo por obstáculo criado em detrimento da parte ou ocorrendo qualquer das hipóteses do art. 313 , devendo o prazo ser restituído por tempo igual ao que faltava para sua complementação. https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28893841/art-314-da-lei-13105-15 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28894804/art-221-da-lei-13105-15 DIREITO PROCESSUAL CIVIL II CAUSAS DE SUSPENSÃO DO PROCESSO ➢ MORTE OU PERDA DA CAPACIDADE: Art. 313, CPC Para que haja a suspensão nesses casos é preciso que haja a perca de uma das 3 capacidades: - Capacidade de ser parte (refere-se à existência da personalidade jurídica) - Capacidade de estar em juízo (refere-se a ser agente capaz) - Capacidade postulatória (refere-se à possibilidade de praticar os atos processuais) I. MORTE DA PARTE: quando uma das partes do processo vier a falecer, teremos a perca da personalidade e, assim, a perca da capacidade de ser parte. Após constatar o falecimento, o processo ficará suspenso por prazo indeterminado, até a intimação dos sucessores/ herdeiros para que eles realizem a habilitação no processo. Morte do réu – o autor será intimado a fazer a citação dos possíveis sucessores, no prazo máximo de 6 meses para que eles façam a habilitação; Art. 313 § 2º, I - Falecido o réu, ordenará a intimação do autor para que promova a citação do respectivo espólio, de quem for o sucessor ou, se for o caso, dos herdeiros, no prazo que designar, de no mínimo 2 (dois) e no máximo 6 (seis) meses; Morte do autor – se o direito objeto do processo for transmissível, o juiz determinará a intimação dos possíveis sucessores para a habilitação Art. 313 § 2º II - Falecido o autor e sendo transmissível o direito em litígio, determinará a intimação de seu espólio, de quem for o sucessor ou, se for o caso, dos herdeiros, pelos meios de divulgação que reputar mais adequados, para que manifestem interesse na sucessão processual e promovam a respectiva habilitação no prazo designado, sob pena de extinção do processo sem resolução de mérito. OBSERVAÇÃO: Não sendo feita a habilitação ou o direito do autor falecido não for transmissível, o juiz irá proferir sentença sem a resolução do mérito! II. MORTE DO REPRESENTANTE: quando o representante da parte incapaz vem a falecer durante o processo, temos então a perca da capacidade de estar em juízo, visto que, um incapaz não pode atuar sem representante legal. Dessa forma, o processo ficará suspenso, sem a prática de novos atos, até que seja nomeado um novo representante. DIREITO PROCESSUAL CIVIL II III. MORTE DO ADVOGADO: quando o único advogado vem a falecer durante o curso do processo, temos a perca da capacidade postulatória. Nesse sentido, o processo fica suspenso por um prazo de 15 dias, no qual a parte deverá nomear um novo procurador. Advogado do réu – se durante após o prazo descrito o réu não se pronunciar nomeando novo advogado, seguirá para revelia. Advogado do autor – se não houver manifestação indicando novo advogado, haverá a extinção do processo sem resolução do mérito. Art. 313 § 3º No caso de morte do procurador de qualquer das partes, ainda que iniciada a audiência de instrução e julgamento, o juiz determinará que a parte constitua novo mandatário, no prazo de 15 (quinze) dias, ao final do qual extinguirá o processo sem resolução de mérito, se o autor não nomear novo mandatário, ou ordenará o prosseguimento do processo à revelia do réu, se falecido o procurador deste. OBSERVAÇÃO: não há suspensão do processo se a parte tiver mais de um advogado (pois não há perca da capacidade postulatória) e nos casos de morte de procurador público, não há a suspensão, pois, é substituído automaticamente por outro membro. IV. PERDA DA CAPACIDADE DA PARTE: quando durante o curso do processo uma das partes se tornar incapaz (incapacidade superveniente), o processo ficará suspenso até que seja nomeado um representante legal. V. PERDA DA CAPACIDADE DO REPRESENTANTE: quando o representante da parte incapaz também perde sua capacidade durante o processo, este ficará suspenso até a nomeação de um novo representante. VI. PERDA DA CAPACIDADE DO ADVOGADO: quando o advogado da parte se tornar incapaz durante o curso do processo,ficará suspenso por um prazo de 15 dias, no qual a parte deverá nomear um novo advogado. ➢ CONVENÇÃO DAS PARTES: Art. 313, II, CPC O processo poderá ser suspenso por livre acordo das partes em vontade conjunta, independentemente de justificativa, devendo o juiz apenas concordar. Essa suspensão durará até o fim desse desejo conjunto ou até o prazo não superior a 6 meses. OBSERVAÇÃO: a prática de atos por qualquer uma das partes durante a suspensão se presume o fim da vontade conjunta, encerrando a suspensão. ➢ ARGUIÇÃO DE IMPEDIMENTO OU SUSPEISÃO: Art. 313, IV, CPC DIREITO PROCESSUAL CIVIL II A parte que tiver conhecimento de possíveis impedimentos ou suspeição do juiz do processo deverá apresenta-la ao juiz, no prazo de 15 dias. Art. 146. No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do conhecimento do fato, a parte alegará o impedimento ou a suspeição, em petição específica dirigida ao juiz do processo, na qual indicará o fundamento da recusa, podendo instruí-la com documentos em que se fundar a alegação e com rol de testemunhas. Recebidas as alegações, o juiz poderá reconhecer os fatos descritos, ou, não reconhecendo, levará a remessa para a instância superior decidir sobre a parcialidade § 1º Se reconhecer o impedimento ou a suspeição ao receber a petição, o juiz ordenará imediatamente a remessa dos autos a seu substituto legal, caso contrário, determinará a autuação em apartado da petição e, no prazo de 15 (quinze) dias, apresentará suas razões, acompanhadas de documentos e de rol de testemunhas, se houver, ordenando a remessa do incidente ao tribunal. Levada a remessa para a instância superior, decidirá o relator sobre os efeitos do processo, declarando seu efeito suspensivo ou não. Se decidir pela suspensão do processo, ele ficará suspenso por tempo indeterminado até que seja decidido na instância superior. § 2º Distribuído o incidente, o relator deverá declarar os seus efeitos, sendo que, se o incidente for recebido: I - sem efeito suspensivo, o processo voltará a correr; II - com efeito suspensivo, o processo permanecerá suspenso até o julgamento do incidente. OBSERVAÇÃO: Aqueles que utilizarem deste instrumento com o propósito apenas de obter a suspensão do processo, estará diante da litigância de má-fé. ➢ INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS (IRDR): Art. 313, IV, CPC Quando um processo que tem o mesmo objeto/ teses discutidas frequentemente, é levado à instância superior, todos os outros com o mesmo tema são suspensos até que seja proferida uma decisão, que será aplicada de forma uniforme para todos. Esse incidente de resolução de demandas repetitivas, servem para uniformizar, concentrar as demandas em uma única decisão, evitando divergências entre os juízes. Devem ser julgadas dentro do prazo de 1 (um) ano: Art. 980. O incidente será julgado no prazo de 1 (um) ano e terá preferência sobre os demais feitos, ressalvados os que envolvam réu preso e os pedidos de habeas corpus . Parágrafo único. Superado o prazo previsto no caput, cessa a suspensão dos processos prevista no art. 982 , salvo decisão fundamentada do relator em sentido contrário. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art982 DIREITO PROCESSUAL CIVIL II ➢ QUANDO A SENTENÇA DE MÉRITO DEPENDER: Art. 313, V, §§ 4º e 5º Nas hipóteses listadas a seguir, a suspensão não irá ultrapassar 1 (um) ano, devendo o juiz prosseguir assim que esgotado o prazo. § 4º O prazo de suspensão do processo nunca poderá exceder 1 (um) ano nas hipóteses do inciso V e 6 (seis) meses naquela prevista no inciso II. § 5º O juiz determinará o prosseguimento do processo assim que esgotados os prazos previstos no § 4º. I. CAUSA PENDENTE – quando houver um julgamento pendente do qual o processo esteja dependendo, este ficará suspenso até a resolução daquele. Ex.: ação de alimentos que esteja dependendo de um processo de aferição de paternidade. É o chamado “prejudicialidade externa”, pois, a causa que está suspendendo o processo é externo a ele. Art. 313, V a) depender do julgamento de outra causa ou da declaração de existência ou de inexistência de relação jurídica que constitua o objeto principal de outro processo pendente; II. DILIGÊNCIAS PENDENTES – quando houver diligências/atos a serem cumpridos, o juiz não poderá proferir sentença até que todos tiverem sido cumpridos, suspendendo até a conclusão. Ex.: solicitação de perícia (deve esperar até a conclusão para que prossiga). É “prejudicialidade interna”, pois, a causa de suspensão decorre do próprio processo. Art. 313, V, b) tiver de ser proferida somente após a verificação de determinado fato ou a produção de certa prova, requisitada a outro juízo; ➢ MOTIVO DE FORÇA MAIOR: Art. 313, VI, CPC Quando uma situação, acontecimento imprevisível que venha comprometer o andamento do processo ou a prática de atos, ao verifica-las, ficará o processo suspenso até que sejam removidas as suas consequências (natural ou social). Ex.: greve ou protesto, enchente, etc. ➢ TRIBUNAL MARÍTIMO: Art. 313,CPC, VII - quando se discutir em juízo questão decorrente de acidentes e fatos da navegação de competência do Tribunal Marítimo; O Tribunal Marítimo é um órgão investigativo da marinha e atua de forma a julgar/ investigar acidentes, fatos de navegação e questões relacionadas com atividades nos mares, rios e lagos. DIREITO PROCESSUAL CIVIL II Dessa forma, se o objeto de um processo tenha relação com o Tribunal Marítimo e esteja sob investigação deles, o processo ficará suspenso até que sejam entregues os resultados. ➢ LICENÇA MATERNIDADE/PATERNIDADE: Art. 313, IX E X, CPC Se o advogado ou a advogada que sejam os únicos patronos da causa, tornar-se mãe/pai seja por parto ou adoção, o processo ficará suspenso (desde que devidamente comunicado ao cliente). Advogada – a suspensão será de 30 dias. § 6º No caso do inciso IX, o período de suspensão será de 30 (trinta) dias, contado a partir da data do parto ou da concessão da adoção, mediante apresentação de certidão de nascimento ou documento similar que comprove a realização do parto, ou de termo judicial que tenha concedido a adoção, desde que haja notificação ao cliente. Advogado – a suspensão será de 8 dias. § 7 º No caso do inciso X, o período de suspensão será de 8 (oito) dias, contado a partir da data do parto ou da concessão da adoção, mediante apresentação de certidão de nascimento ou documento similar que comprove a realização do parto, ou de termo judicial que tenha concedido a adoção, desde que haja notificação ao cliente. ➢ NOS DEMAIS CASOS: Art. 313, VII Neste caso, são as demais hipóteses específicas que estão espalhadas na norma processual (fora do art. 313).
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