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A adolescência corresponde a uma transição no desenvolvimento que envolve mudanças físicas, cognitivas, emocionais e sociais e assume formas variadas em diferentes contextos sociais, culturais e econômicos (PAPALIA, p. 386, 2013). • O desenvolvimento humano não ocorre de forma igual para todos os sujeitos, pois depende de diversos fatores, como o econômico. É importante compreender o contexto em que os indivíduos estão inseridos, pois os seres humanos e, consequentemente, o seu desenvolvimento, são biopsicossociais. • O corpo se desenvolve de maneira mais rápida do que o cérebro consegue acompanhar. Devido a isso, podemos observar o comportamento de muitos adolescentes de se baterem enquanto andam, o que ocorre porque o cérebro ainda não se “localizou” no ambiente. A puberdade é uma das mudanças físicas importantes da adolescência, pois leva à maturidade sexual, ou fertilidade, isto é, a capacidade de reproduzir. Historicamente, acreditava-se que a adolescência e a puberdade começassem ao mesmo tempo, em torno dos 13 anos de idade, porém, os médicos em algumas sociedades modernas vêm alterações puberais bem antes dos 10 anos. • Há uma tendência biológica das meninas iniciarem a puberdade mais cedo que os meninos, mas isso não é um padrão. • É necessário que se fale sobre educação sexual desde a infância, para que quando as crianças cheguem à adolescência, entendam o que está acontecendo com seus corpos. O início da puberdade é biológico, enquanto seu limite final é de ordem sociológica, a partir da concepção de que o adolescente passa a ser adulto quando se torna independente dos familiares, determinado por sua liberdade econômica (DAVIM, et all, p. 131, 2009). Esse início é influenciado por uma série de fatores, incluindo fatores psicológicos, genéticos, condições ambientais e até mesmo a saúde do indivíduo e sua nutrição. • Estímulos ambientais podem acelerar ou retardar a puberdade dos sujeitos. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS) e Organização Pan-americana de Saúde (OPS) a adolescência se constitui um processo biológico e vivências orgânicas, no qual se aceleram o desenvolvimento cognitivo e a estruturação da personalidade, abrangendo a pré-adolescência (entre 10 e 14 anos) e a adolescência (dos 15 aos 19 anos) (DAVIM, et all, p. 132, 2009). REFERÊNCIA: :PAPALIA, Diane E.; FELDMAN, Ruth Duskin (Colab.). Desenvolvimento Humano. 12ª ed. Porto Alegre: AMGH Editora, 2013. Papalia (2013) define a adolescência, aproximadamente, como o período que compreende as idades entre 11 e 19 ou 20 anos (PAPALIA, p. 386, 2013). Dentro da Psicologia, é importante observar em que fase do desenvolvimento o paciente está, além do contexto social, econômico e cultural que ele está inserido. • Os hormônios dos adolescentes têm ligação direta com suas questões psíquicas. Por isso, existem comportamentos padrões que são esperados nesses sujeitos. • Ademais, os acontecimentos da adolescência serão marcantes para compreender como o sujeito irá vivenciar a sua vida adulta. • Algumas pesquisas atribuem intensa emotividade e instabilidade de humor no começo da adolescência a esses desenvolvimentos hormonais. De fato, emoções negativas como angústia e hostilidade, bem como sintomas de depressão em meninas, tendem a aumentar à medida que a puberdade avança (Susman e Rogol, 2004). Entretanto, outras influências, como sexo, idade, temperamento, e a época da puberdade, podem moderar ou mesmo se sobrepor às influências hormonais (Buchanan, Eccles e Becker, 1992). As modificações físicas, cerebrais, endócrinas, emocionais, sociais e sexual, pelas quais os adolescentes passam, ocorrem de forma conjugada, com modificações estruturais, físicas, mentais e emocionais, originando comportamentos e emoções não antes sentidos por estes sujeitos, assim como não eram sentidos pela sua família, amigos e profissionais que convivem com ele. O conceito de adolescência não existia nas sociedades pré-industriais; as crianças eram prontamente consideradas adultas quando amadureciam fisicamente ou iniciavam um aprendizado profissional. Nos séculos XVII e XIX, a Revolução Industrial imprimiu profundas mudanças às sociedades europeias e norte-americanas com repercussões na organização familiar. A industrialização levou à progressiva urbanização da sociedade, o surgimento da burguesia, da família nuclear, do ensino obrigatório, entre outros. A convivência entre adolescentes e adultos, que antes ocorria em casa e no trabalho, agora se dava predominantemente em casa e na escola. A escolarização e a segregação etária engendraram o nascimento da cultura jovem. A convivência prolongada em grupos de pares dentro da escola e em situações sociais paralelas como clubes, esportes e festas, propiciaram o desenvolvimento de uma subcultura adolescente, caracterizado por roupas, linguagem, modismo, atitudes e comportamentos específicos que a distinguia do mundo adulto. REFERÊNCIA: :PAPALIA, Diane E.; FELDMAN, Ruth Duskin (Colab.). Desenvolvimento Humano. 12ª ed. Porto Alegre: AMGH Editora, 2013. Apenas no século XX a adolescência foi definida como um estágio de vida separado no mundo ocidental. Hoje, esse conceito foi globalizado, mesmo que a adolescência possa assumir formas diferentes em culturas distintas. Na Renascença, a adolescência foi entendida como estágio final do desenvolvimento, caracterizada pela aquisição da racionalidade e do pensamento abstrato, da identidade e da autodeterminação, semelhante ao conceito que se tem hoje (DAVIM et all, p. 135, 2009). Na maior parte do mundo, a puberdade está começando mais cedo que antes; e o início da vida profissional ocorre mais tarde, frequentemente requerendo mais anos nas escolas e universidades, o que significa que na sociedade moderna a vida adulta está iniciando mais tarde. O desenvolvimento biopsicossocial e cultural do adolescente sofre influências de sua cultura e subcultura, da família e dos companheiros, sendo fator mais poderoso para determinar seu comportamento, a pressão dos grupos e pares. A cultura contribui para moldar o comportamento dos sujeitos. Os adolescentes do Brasil voltam as suas ações para alcançar um padrão de beleza diferente dos indivíduos da Coreia do Sul, por exemplo. Dessa forma, o adolescente não pode ser tratado de forma padronizada, desconsiderando onde reside, o que pensa, quais os acessos aos serviços sociais, histórias de vida, interações afetivas, violências, sociabilidade, laços familiares, padrões morais e religiosos. Os adolescentes passam grande parte de seu tempo em seu próprio mundo, amplamente separado do mundo dos adultos (Larson e Wilson, 2004) – eles têm estilo musical e de roupa próprios, por exemplo; por esse motivo muitos assumem uma aversão enorme às questões da adolescência quando entram na vida adulta, assim como fizeram quando saíram da infância. Estes sujeitos desejam sentir-se pertencentes a algum grupo, pois estar inserido socialmente significa um comportamento saudável para o adolescente. Por isso, é de grande relevância para a Psicologia tratar os sujeitos que se excluem da interação social, pois não pertencer a um grupo pode caracterizar um problema, inclusive de depressão. • Para conseguir entrar em um grupo, muitos adolescentes podem ter comportamentos considerados indesejados, pois a maturação cognitiva não está completa até os dezoito anos, o que pode comprometer o senso de ética do sujeito. Por esse motivo, adultos responsáveis e de referência são tão importantes na vida dos adolescentes. REFERÊNCIA: :PAPALIA, Diane E.; FELDMAN, Ruth Duskin (Colab.). Desenvolvimento Humano. 12ª ed. Porto Alegre: AMGH Editora, 2013. • É nesse período, havendo interações grupais, que esses indivíduos passam pelo processo de autodescoberta e autoafirmação na sociedade. Entretanto, o desenvolvimento identitário começa na infância.No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente considera como cidadão um sujeito entre 12 e 17 anos e 11 meses, entendendo que a maturação cognitiva dos indivíduos até essa idade não está completa. Desse modo, antes dos 18 anos, o adolescente não é incluído como autor de ato criminal, mas sim, de ato infracional. • O ato infracional é definido por conduta descrita como crime ou contravenção penal. A diferença reside no fato de o adolescente não poder ser considerado responsável penalmente por ato criminal, como o que ocorre aos maiores de 18 anos (DAVIM, et all, p. 132, 2009). A adolescência é marcada por mudanças psicoafetivas e de conduta, constituindo um dos grupos mais sensíveis aos graves problemas na atualidade (DAVIM, et all, p. 133, 2009). Contudo, a ideia de que o adolescente vive em conflito com todo o mundo é um mito social que reforçamos cotidianamente. As mudanças que anunciam a puberdade começam agora normalmente aos 8 anos nas meninas e aos 9 anos nos meninos (Susman e Rogol, 2004), sendo que o processo puberal leva normalmente de 3 a 4 anos para ambos os sexos. Caracteres sexuais primários: correspondem aos órgãos necessários para a reprodução. Nas mulheres, incluem os ovários, as tubas uterinas, o útero, o clitóris e vagina. Nos homens, eles incluem os testículos, o pênis, o saco escrotal, as vesículas seminais e a próstata. Durante a puberdade, esses órgãos aumentam de tamanho e amadurecem. Caracteres sexuais secundários: são sinais fisiológicos do amadurecimento sexual que não envolvem diretamente os órgãos sexuais: por exemplo, os seios das meninas e os ombros largos dos meninos. Sinais da puberdade: os primeiros sinais externos de puberdade normalmente são tecido mamário e pelos púbicos nas meninas e aumento dos testículos nos meninos. Os pelos púbicos, a princípio lisos e sedosos, eventualmente tornam-se grossos, escuros e encaracolados. A voz torna-se mais grave, principalmente nos meninos, em parte por causa do crescimento da laringe, em parte em resposta à produção de hormônios masculinos. A maior atividade das glândulas sebáceas contribui para o REFERÊNCIA: :PAPALIA, Diane E.; FELDMAN, Ruth Duskin (Colab.). Desenvolvimento Humano. 12ª ed. Porto Alegre: AMGH Editora, 2013. surgimento de espinhas e cravos. A acne é mais comum nos meninos e parece estar relacionada ao aumento nas quantidades de testosterona. O estirão de crescimento adolescente: o estirão diz respeito ao aumento rápido na altura, peso, musculatura e ossatura que ocorre na puberdade e dura normalmente em torno de dois anos; pouco depois do seu término, o jovem atinge a maturidade sexual. Tanto o hormônio de crescimento como os hormônios sexuais (androgênios e estrogênio) contribuem para este padrão de crescimento normal (Susman e Rogol, 2004). Esse processo ocorre primeiro nas meninas. Sinais de maturidade sexual: o amadurecimento dos órgãos reprodutores traz o início da menstruação nas meninas e a produção de esperma nos meninos. O principal sinal de maturidade sexual nos meninos é a produção de esperma. A primeira ejaculação, ou espermarca, ocorre em média aos 13 anos. O principal sinal de maturidade sexual na menina é a menstruação, uma eliminação mensal do revestimento uterino. A primeira menstruação, denominada menarca; seu tempo normal de ocorrência pode variar dos 10 aos 16 anos e meio. Influências sobre a época da puberdade e seus efeitos: os cientistas observaram uma tendência secular (que pode ser vista apenas observando diversas gerações) na puberdade. Uma explicação proposta para essa tendência é um padrão de vida mais elevado. Poderia se esperar que crianças saudáveis, mais bem nutridas e mais bem cuidadas amadurecessem mais cedo e ficassem mais altas (Slyper, 2006). Portanto, a idade média da maturidade sexual é mais precoce em países desenvolvidos do que em países em desenvolvimento. Uma combinação de influências genéticas, físicas, emocionais e contextuais, incluindo nível socioeconômico, toxinas ambientais, dieta, exercício, gordura e peso corporal pré-puberais, e doença ou estresse crônico, podem afetar as diferenças individuais na época da menarca (Belsky, Steinberg et al., 2007; Graber, Brooks-Gunn e Warren, 1995). A idade da primeira menstruação de uma menina tende a ser semelhante à de sua mãe (Maisonet et al., 2010) se a nutrição e o padrão de vida permanecerem estáveis de uma geração para a seguinte (Susman e Rogol, 2004). Ademais, a menarca mais precoce está associada com tabagismo materno durante a gravidez, com ser a primogênita e com os conflitos familiares, pois adolescentes que receberam afeto e vivem em lares harmoniosos tendem a ter uma menarca mais tardia. A época da puberdade faz bem para o bem-estar psicológico dependendo de como o adolescente e os outros interpretam as mudanças associadas. Os efeitos de maturação precoce ou tardia na maior parte das vezes são negativos quando os adolescentes são muito mais ou muito menos REFERÊNCIA: :PAPALIA, Diane E.; FELDMAN, Ruth Duskin (Colab.). Desenvolvimento Humano. 12ª ed. Porto Alegre: AMGH Editora, 2013. desenvolvidos que seus pares; quando não veem as mudanças como vantajosas; e quando vários eventos estressantes, tais como a chegada da puberdade e a transição para o ensino secundário, ocorrem quase ao mesmo tempo (Petersen, 1993; Simmons, Blyth e McKinney, 1983). Fatores contextuais como etnia, escola e vizinhança podem fazer uma diferença. Por exemplo, meninas que amadurecem cedo são mais propensas a praticar sexo inseguro (Belsky et al., 2010); e elas apresentam mais problemas de comportamento em escolas mistas do que em escolas só de meninas, e em comunidades urbanas carentes do que em comunidades rurais ou urbanas de classe média (Caspi et al., 1993; Dick et al., 2000; Ge et al., 2002). O cérebro na adolescência ainda não está totalmente maduro, mas está caminhando para isso. Desse modo, mudanças dramáticas ocorrem nas estruturas cerebrais envolvidas nas emoções, no julgamento, organização do comportamento e autocontrole entre a puberdade e o início da vida adulta. É nesse período que os comportamentos infantis tendem a ser modificados. Há uma tendência na adolescência do indivíduo ser altamente influenciável pelo grupo a que pertence. Por esse motivo, os adultos responsáveis devem estar atentos, porque, caso esses adolescentes estejam inseridos em grupos que praticam atos delinquentes e usem drogas, eles podem facilmente seguir o mesmo caminho, visto que os adolescentes conseguem controlar melhor seus impulsos em comparação a crianças na segunda infância, mas, ainda assim, não conseguem realizar ações de forma tão assertiva quanto os adultos, podendo facilmente praticar atos que os colocam em risco. Dentro do processo terapêutico, o psicólogo deve estar atento a que tipo de grupo seu paciente faz parte. A propensão para comportamentos de risco parece resultar da interação de duas redes cerebrais: 1) uma rede socioemocional que é sensível a estímulos sociais e emocionais, tal como a influência dos pares, e 2) uma rede de controle cognitivo que regula as respostas a estímulos. A rede socioemocional torna-se mais ativa na puberdade, enquanto a rede de controle cognitivo amadurece mais gradualmente até o início da vida adulta. Devido a isso, os adolescentes têm tendência a explosões emocionais e a comportamento de risco, o qual frequentemente ocorre em grupos. Outrossim, os adolescentes processam a informação sobre as emoções diferentemente dos adultos. Em um estudo, os pesquisadores registraram a atividade cerebral de adolescentes enquanto eles identificavam emoções expressadas por rostos em uma tela de computador. Percebeu-se que jovens de 11 a 13 anos tendiam a utilizar a amígdala, fortemente envolvida nas reações emocionais e instintivas, enquanto os mais velhos, de 14 a 17 anos, usavam os lobos frontais, responsáveis peloplanejamento, controle de impulsos etc. Esta diferença poderia explicar as escolhas insensatas dos REFERÊNCIA: :PAPALIA, Diane E.; FELDMAN, Ruth Duskin (Colab.). Desenvolvimento Humano. 12ª ed. Porto Alegre: AMGH Editora, 2013. adolescentes, como abuso de substância e sexo inseguro. O desenvolvimento ainda imaturo do cérebro pode permitir que os sentimentos se sobreponham à razão e pode impedir que alguns adolescentes deem ouvidos a advertências que parecem lógicas e convincentes aos adultos (Baird et al., 1999; Yurgelun-Todd, 2002). Da metade ao final da adolescência os jovens têm menos conexões neuronais, mas mais fortes, mais regulares e mais eficazes, tornando o processamento cognitivo mais eficiente (Kuhn, 2006). A estimulação cognitiva na adolescência faz uma diferença crítica no desenvolvimento do cérebro. Adolescentes que “exercitam” seus cérebros aprendendo a ordenar seus pensamentos, a entender conceitos abstratos e a controlar seus impulsos estão estabelecendo as bases neurais que utilizarão pelo resto de suas vidas (ACT for Youth, 2002, p. 1). Muitos adolescentes, especialmente as meninas, relatam frequentes problemas de saúde, muitos dos quais podem ser evitados e têm como causa o estilo de vida ou a pobreza. Em países industrializados, os jovens de famílias carentes tendem a se queixar de saúde mais precária (Scheidt et al, 2000). Adolescentes de famílias mais abastadas tendem a ter dietas mais saudáveis e a ser fisicamente mais ativos (Mullan e Currie, 2000). Atividade física: o exercício – ou a falta dele – afeta tanto a saúde física quanto a mental. Os benefícios do exercício incluem músculos mais saudáveis, ansiedade e estresse reduzidos, aumento na autoestima, nas notas escolares e no bem-estar geral; além disso, diminui a probabilidade de um adolescente se envolver em comportamentos de risco. Sono: a privação do sono entre adolescentes tem sido chamada de epidemia (Hansen et al., 2005). As crianças geralmente vão dormir mais tarde e dormem menos nos dias de escola à medida que ficam mais velhas. Contudo, os adolescentes necessitam de tanto ou mais sono do que quando eram menores (Hoban, 2004; Iglowstein et al., 2003). Dormir mais nos fins de semana não compensa a perda de sono nas noites de escola (Hoban, 2004; Sadeh, Raviv e Gruber, 2000). O hábito de dormir e acordar tarde pode contribuir para a insônia (Hoban, 2004). A privação do sono pode diminuir a motivação e causar irritabilidade, e a concentração e o desempenho escolar podem ser afetados. Hoje, especialistas reconhecem que há mudanças biológicas envolvidas no distúrbio do sono dos adolescentes. O momento da secreção do hormônio melatonina é um indicador de quando o cérebro está pronto para dormir. Após a puberdade, essa secreção ocorre durante a noite (Carskadon et al., 1997). Mas os adolescentes ainda necessitam de REFERÊNCIA: :PAPALIA, Diane E.; FELDMAN, Ruth Duskin (Colab.). Desenvolvimento Humano. 12ª ed. Porto Alegre: AMGH Editora, 2013. tanto sono quanto antes; portanto, quando eles dormem mais tarde que crianças mais novas, eles também precisam levantar mais tarde. Contudo na maioria das escolas de ensino médio as aulas começam mais cedo do que nas de ensino fundamental. Seus horários estão fora de sincronia com os ritmos biológicos dos estudantes (Hoban, 2004). Transtornos da nutrição e alimentação: a boa nutrição é importante para sustentar o crescimento rápido da adolescência e para estabelecer hábitos alimentares saudáveis que vão persistir até a idade adulta. No mundo todo, a nutrição deficiente é mais frequente em populações de baixa renda ou isoladas, mas também pode resultar da preocupação com a imagem corporal e com o controle de peso (Vereecken e Maes, 2000). • Obesidade: adolescentes acima do peso tendem a ter a saúde mais debilitada que seus pares e estão mais propensos a ter dificuldade para frequentar a escola, executar tarefas domésticas, praticar atividades que exijam esforço físico ou se dedicar aos cuidados pessoais, além de apresentarem maiores riscos de hipertensão e diabetes. Programas que utilizam técnicas de modificação comportamental para ajudar adolescentes a fazer mudanças na dieta e exercícios têm obtido um relativo sucesso. • Imagem corporal e transtornos da alimentação: às vezes a determinação de não ter excesso de peso pode resultar em problemas mais graves do que o próprio excesso de peso. A preocupação com a imagem corporal pode resultar em esforços obsessivos para controlar o peso. Esse padrão é mais comum e tem menor probabilidade de estar relacionado a problemas reais de peso entre as meninas do que entre os meninos, devido ao aumento normal de gordura corporal nas meninas durante a puberdade, o que causa insatisfação. Essa preocupação pode se sinal de anorexia ou bulimia nervosa. Contudo, a ideia de que os transtornos da alimentação são resultado de pressão cultural para ser magro é simplista demais; fatores biológicos, incluindo fatores genéticos, desempenham um papel igualmente importante. ~ Anorexia nervosa: também conhecida como autoinanição, é potencialmente fatal. Indivíduos que apresentam anorexia, mesmo que estejam gravemente abaixo do peso, acreditam que estão gordos, o que desencadeia um medo extremo e o controle de engordarem. Geralmente são bons alunos, mas podem ser retraídos ou deprimidos e assumir comportamentos repetitivos e perfeccionistas. ~ Bulimia nervosa: uma pessoa com esta condição regulamente ingere quantidades enormes de alimento em um curto período de duas horas ou menos e então pode tentar livrar-se da alta ingestão calórica por meio da autoindução do vômito, de dietas rigorosas ou de jejum, de exercícios excessivamente vigorosos ou de laxantes. As pessoas com bulimia geralmente não estão acima do peso, REFERÊNCIA: :PAPALIA, Diane E.; FELDMAN, Ruth Duskin (Colab.). Desenvolvimento Humano. 12ª ed. Porto Alegre: AMGH Editora, 2013. mas são obcecadas com seu peso e forma. Elas tendem a ter autoestima baixa, vergonha, autodesprezo e podem ter depressão. Um problema relacionado é o transtorno da compulsão alimentar, que envolve compulsões frequentes, mas sem o subsequente jejum, exercício ou vômito. Não supreendentemente, pessoas com compulsão alimentar frequentemente tendem a estar acima do peso e a experimentar sofrimento emocional e outros problemas físicos e psicológicos. Tratamento e consequências dos transtornos da alimentação: o objetivo imediato do tratamento para anorexia é fazer o paciente comer e ganhar peso – metas frequentemente difíceis de alcançar dada a força das crenças dos pacientes sobre seus corpos. Um tratamento amplamente utilizado é um tipo de terapia familiar no qual os pais assumem o controle dos padrões alimentares de seu filho. O apoio da família é extremamente necessário nesses casos, pois tais transtornos não são frescura e merecem a devida atenção. Um bom tratamento é a Terapia Cognitivo-comportamental, a qual ajudará o paciente a mudar sua imagem corporal distorcida, além de influenciá-los a manter registros diários de seus padrões alimentares e ensiná-los a evitar a tentação à compulsão. Visto que esses pacientes estão sob risco de depressão e suicídio, medicamentos antidepressivos são frequentemente associados à psicoterapia (McCallun e Bruton, 2003), mas não há evidência de sua eficácia a longo prazo na anorexia ou na bulimia (Wilson et al., 2007). Os adolescentes, com sua necessidade de autonomia, podem rejeitar a intervenção da família e talvez precisem da estrutura de um ambiente institucional. Entretanto, qualquer programa de tratamento para adolescentes deve envolver a família. Também deve atender às necessidades de desenvolvimento do adolescente, que podem ser diferentes das de pacientes adultos, e deve oferecer a oportunidade de acompanhar a escolarização (McCallum e Bruton, 2003). REFERÊNCIA: :PAPALIA,Diane E.; FELDMAN, Ruth Duskin (Colab.). Desenvolvimento Humano. 12ª ed. Porto Alegre: AMGH Editora, 2013. O abuso de substâncias químicas é o uso prejudicial de álcool ou outras drogas. O abuso pode levar à dependência química, ou adicção, que pode ser fisiológica, psicológica ou ambas, e que provavelmente continuará até a idade adulta. As drogas que causam dependência são especialmente perigosas porque estimulam partes do cérebro que ainda estão se desenvolvendo na adolescência (Chambers et al., 2003). O progresso contínuo na eliminação do abuso de drogas é lento porque novas drogas são constantemente introduzidas ou drogas antigas são redescobertas por uma nova geração, e os jovens não necessariamente generalizam as consequências adversas de drogas antigas para drogas mais novas (Johnston et al., 2010). O uso indevido de medicamentos tem sido o segundo principal problema, depois da maconha. Os adolescentes são mais vulneráveis que os adultos aos efeitos imediatos e de longo prazo do álcool sobre a aprendizagem e a memória (White, 2001). O uso pesado da maconha pode danificar o cérebro, o coração, os pulmões e o sistema imunológico e pode causar deficiências nutricionais, infecções respiratórias e outros problemas físicos. Ela pode diminuir a motivação, piorar a depressão, interferir nas atividades diárias e causar problemas familiares. Também prejudica a memória, a velocidade do raciocínio, a aprendizagem e o desempenho escolar. Ela pode diminuir a percepção, o alerta, a amplitude da atenção, o julgamento e as habilidades motoras necessárias para dirigir um veículo, e, portanto, pode contribuir para acidentes de trânsito. Adolescentes que começam a beber cedo tendem a ter problemas de comportamento ou a ter irmãos que são dependentes de álcool (Kuperman et al., 2005). Aqueles que começam a beber antes dos 15 anos têm cinco vezes maior probabilidade de tornar-se dependentes de álcool ou de abusar do álcool do que aqueles que começam a beber depois dos 21 anos ou mais tarde (SAMHSA, 2004a). REFERÊNCIA: :PAPALIA, Diane E.; FELDMAN, Ruth Duskin (Colab.). Desenvolvimento Humano. 12ª ed. Porto Alegre: AMGH Editora, 2013. A prevalência da depressão aumenta durante a adolescência, e esta não se manifesta necessariamente como tristeza, mas como irritabilidade, tédio ou incapacidade para experimentar prazer. Existe uma maior tendência de meninas adolescentes se tornarem deprimidas em relação aos meninos. Essa diferença de gênero pode estar relacionada a alterações biológicas na puberdade; estudos mostram uma correlação entre avanço da puberdade e sintomas depressivos (Susman e Rogol, 2004). Outros possíveis fatores são o modo como as meninas são socializadas (Birmaher et al., 1996) e sua maior vulnerabilidade a estresse nas relações sociais (Ge et al., 2001; Hankin, Mermelstein e Roesch, 2007). Os demais fatores de risco para a depressão incluem ansiedade, medo do contato social, eventos estressantes, doenças crônicas como diabetes ou epilepsia, conflito entre pais e filhos, abuso ou negligência, uso de álcool ou drogas, atividade sexual e ter um dos pais com histórico de depressão. Pelo menos uma em cada cinco pessoas que experimentam surtos de depressão na infância ou na adolescência correm risco de vir a apresentar transtorno bipolar, quando episódios depressivos (períodos de “baixa”) se alternam com episódios maníacos (períodos de “alta”) caracterizados por aumento de energia, euforia, grandiosidade e ousadia (Brent e Birmaher, 2002). Uma opção de tratamento para adolescentes com sintomas depressivos é a psicoterapia, sendo que o mais efetivo é uma combinação de fluoxetina e terapia cognitivo-comportamental. A morte nessa fase da vida é sempre trágica e geralmente acidental. Nos Estados Unidos, 63% de todas as mortes entre adolescentes resultam de acidentes de automóvel, outros ferimentos não intencionais, homicídio e suicídio. A frequência de mortes violentas nessa faixa etária reflete uma cultura violenta bem como a inexperiência e a imaturidade dos adolescentes, que frequentemente os levam a correr riscos e assumir comportamentos descuidados. O suicídio é a terceira causa de morte entre jovens de 15 a 19 anos nos EUA (Heron e Smith, 2007). Embora o suicídio ocorra em todos os grupos étnicos, meninos norte-americanos nativos apresentam os maiores índices, e as meninas afro-americanas, os menores. Gays, lésbicas e jovens bissexuais que apresentam altas taxas de depressão também apresentam altas taxas de suicídio e tentativas (AAP Committee on Adolescence, 2000; Remafedi et al., 1998). REFERÊNCIA: :PAPALIA, Diane E.; FELDMAN, Ruth Duskin (Colab.). Desenvolvimento Humano. 12ª ed. Porto Alegre: AMGH Editora, 2013.
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