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Sistema Circulatório de Equinos e Ruminantes - Semiologia Veterinária

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Rebeca Woset 
 
Existem dois grandes grupos de doenças 
circulatórias: as enfermidades congênitas e 
as adquiridas, sendo estas as mais comuns. As 
enfermidades circulatórias primárias, por sua vez, 
podem ser congênitas ou adquiridas. 
Nomenclatura básica: 
Pré-carga: Volemia 
Pós-carga: Trabalho 
DC= Quantidade de sangue ejetada pelo coração 
para circulação 
REVISÃO ANATOMOFISIOLÓGICA 
DO SISTEMA CIRCULATÓRIO 
Principais funções do sistema circulatório. 
• Coração: bombear o sangue para todo o 
organismo e para si mesmo 
• Veias: conduzir sangue dos diferentes 
órgãos e tecidos para o coração – constitui 
o sistema coletor sanguí-neo 
• Artérias: transportar sangue do coração 
para os órgãos e tecidos corporais – 
sistema distribuidor sanguí-neo 
• Capilares: transportar o sangue de modo 
mais lento e possibilitar a difusão de gases 
e a filtração de substâncias 
• Sangue: transportar oxigênio, hormônios, 
nutrientes e substâncias quí-micas e 
excretas – subprodutos do metabolismo 
celular que necessitam ser eliminados e/ou 
metabolizados por via renal ou hepática 
CAVIDADE TORÁCICA 
Os animais, por serem quadrúpedes, apresentam 
o tórax achatado em suas laterais; esse 
achatamento é mais acentuado na porção ventral 
– cerca de 2/3 da parte inferior do tórax. 
Nele estão órgãos como coração, vasos 
sanguíneos e linfáticos, linfonodos, traqueia, 
pulmões e pleuras. 
EXAME CLÍNICO DO SISTEMA 
CIRCULATÓRIO 
Resumo dos aspectos mais importantes na se-
quência do exame clínico do sistema circulatório 
em animais de grande porte. 
Identificação do 
paciente 
■ Principalmente 
espécie, raça, idade, 
sexo e uso: relacioná-los 
com as principais doen-
ças 
cardiovasculares para 
cada item da 
identificação do animal 
Anamnese Histórico atual: 
■ Queixa principal: 
sinais e sintomas 
■ Evolução clínica da 
doença atual 
■ Animais contactantes 
■ Manejos nutricional e 
higiênico-sanitário 
■ Condicionamento 
físico do animal e carga 
de trabalho 
■ Medicamentos (dose 
e frequência) utilizados e 
resultados obtidos 
Histórico pregresso: 
■ Doenças anteriores e 
quadros clínicos 
semelhantes já 
ocorridos? 
Exame físico geral e especial: 
■ Inspeção ■ Avaliação de atitudes 
relacionadas com 
distúrbios 
cardiovasculares 
■ Observação de 
anormalidades 
anatômicas e funcionais 
 
 
 
 
 
 
Rebeca Woset 
 
■ Coloração de 
mucosas e avaliação do 
tempo de reperfusão 
capilar 
■ Palpação ■ Avaliação do choque 
de ponta 
■ Avaliação do pulso 
arterial 
■ Detecção de frêmitos 
■ Detecção de edemas 
■ Ausculta ■ Avaliação de fre-
quência e ritmo cardía-
cos e respiratórios 
■ Detecção de ruídos 
normais e anormais: 
patológicos ou não 
■ Detecção de 
bloqueios e 
desdobramentos 
■ Percussão ■ Determinação de área 
cardíaca 
Exames complementares: 
■ Eletrocardiográfico ■ Mensuração de fre-
quência e ritmo cardía-
cos 
■ Avaliação das ondas 
P e T, do complexo QRS 
■ Detecção de 
arritmias, bloqueios AV 
■ Ultrassonográfico 
◦ Ecocardiografia 
◦ Eco-Doppler 
■ Avaliação cardíaca, 
valvar e vascular 
■ Avaliação anatômica 
e funcional do sistema 
circulatório 
■ Laboratoriais ■ Avaliação de: CK e 
LDH (para as 
isoenzimas cardíacas), 
SDH, AST e arginase 
(avaliação hepática); 
ureia e creatinina 
(avaliação renal) 
■ Fonocardiograma ■ Avaliação das bulhas 
cardíacas 
■ Outros exames 
 
IDENTIFICAÇÃO 
• Espécie 
• Sexo 
• Idade 
• Peso| Porte 
• Uso ou Função 
ANAMNESE 
QUEIXA PRINCIPAL 
• Cansaço fácil, fraqueza, colapso, 
intolerância ao exercício ou fraco 
desempenho atlético 
• Emagrecimento progressivo – bastante 
observado em animais adultos 
• Desenvolvimento retardado e incompleto 
– observado principalmente em animais 
em crescimentoTosse (geralmente 
improdutiva), respiração ofegante 
(taquipneia) e taquicardia 
• Febre variável, normalmente intermitente, 
recidivante ou contínua – costuma ocorrer 
mais nos casos de endocardite em bovinos 
• Edema de peito, barbela ou pescoço, além 
do abdome em sua porção ventral e, 
ocasionalmente, de membros – mais 
comumente os torácicos 
• Decúbito e perda parcial de apetite ou, 
mais raramente, anorexia 
• Fraqueza generalizada 
• Abdução de membros torácicos, com 
afastamento evidente dos cotovelos – 
articulação umerorradioulnar 
• Dilatação ou distensão de veia jugular e, 
nos bovinos, da mamária 
• Arritmias e alterações do pulso – que 
normalmente se torna rápido e irregular 
 
 
 
 
 
 
Rebeca Woset 
 
• Alteração na coloração das mucosas: 
palidez (que pode indicar anemia ou perda 
de sangue) e/ou cianose (mucosas ficam 
azuladas em consequência da maior 
quantidade de dióxido de carbono 
acumulado no sangue) 
• Petéquias, sufusões e equimoses 
• Morte súbita. 
HISTÓRICO ATUAL 
É comum o histórico de, em uma competição, 
muitos cavalos com doença valvular cardíaca de 
grau moderado a grave começarem bem, mas, ao 
longo da prova, apresentarem cansaço com 
facilidade, levando um período prolongado de 
recuperação; ou seja, aumento do tempo que leva 
para os batimentos cardíacos voltarem ao normal 
após o exercício. 
Principais indícios de envolvimento do 
sistema circulatório. 
• Cansaço fácil, perda de desempenho e 
intolerância ao exercício 
• Arritmia, pulso irregular; edema de peito; 
veias jugular e/ou mamária dilatadas 
• Fraqueza geral, decúbito, perda parcial de 
apetite ou anorexia 
• Taquicardia, taquipneia e febre recidivante 
• Mucosas cianóticas ou pálidas 
• Morte súbita 
É necessário investigar a respeito dos sinais e 
sintomas para que seja possível: 
• Confirmar ou não o envolvimento do 
sistema circulatório (Quadro 7.4), tanto de 
modo direto quanto indireto 
• Suspeitar de determinadas doenças 
(diagnóstico de suspeição) e descartar 
outros (diagnóstico diferencial) 
• Detalhar principalmente sobre a evolução 
dos sinais clínicos: quais surgiram primeiro 
e quais foram os últimos, bem como seu 
grau e como foi evoluindo cada um deles. 
Sobre a evolução do caso 
• Quais os primeiros sinais notados pelo 
tratador, proprietário ou clínico/prático? 
➢ Com essas informações, é possível 
começar a suspeitar de enfermidade 
primária ou secundária do sistema 
circulatório 
• Quais surgiram primeiro e qual foi a 
sequência? 
➢ Pode-se inferir sobre a gravidade do 
processo e analisar se a 
enfermidade em questão está se 
agravando e acometendo outros 
sistemas ou se está restringida ao 
sistema circulatório 
• Como eles evoluíram? Pioraram ou 
melhoraram? Quanto? 
➢ É possível inferir sobre a gravidade 
do processo patológico em questão 
e verificar se o quadro está se 
tornando crítico, estabilizado ou se 
está ocorrendo melhora do caso. 
Sobre o uso ou não de medicamentos 
• O animal foi medicado? Qual(is) 
medicamento(s) foi(ram) utilizado(s)? Em 
que dose? Com que frequência de 
administração? 
➢ Pode-se avaliar se o medicamento 
que foi utilizado está sendo eficaz ou 
não e se isso se deve a um erro de 
escolha de medicamento ou da 
dosagem. Além disso, é necessário 
observar se a medicação utilizada 
poderia mascarar alguns dos 
sintomas circulatórios, o que 
induziria o erro de diagnóstico 
• Houve melhora dos sintomas ou o quadro 
clínico piorou? Quanto? Quais sintomas 
 
 
 
 
 
 
Rebeca Woset 
 
melhoraram e quais se agravaram ou se 
mantiveram como estavam? Qual o grau 
de alteração desses sintomas? 
➢ Se o medicamento está levando à 
melhora, isso também poderá 
ajudar a fechar um diagnóstico mais 
corretamente ou a estabelecer um 
prognóstico mais confiável, além de 
dirigir melhor a escolha terapêutica 
para o caso em si, ao ser elaborada 
a receita para o nosso paciente 
Sinais confiáveis de doença cardíaca. 
■Sopro sistólico de grau 4/6 ou maior na 
ausência de anemia 
■Sopro diastólico prolongado de grau 2/6 
ou maior 
■Frêmito precordial na ausência de 
anemia 
■Ingurgitamento venoso generalizado■Fibrilação atrial 
■Bloqueio cardíaco atrioventricular de 
grau 3 (completo) 
■Batimentos prematuros ocorrendo 
frequentemente 
■Taquicardia ventricular. 
 
MANEJO 
Algumas das principais perguntas a serem 
efetuadas com relação ao manejo são: 
• Qual a alimentação que o animal recebe? 
Em que quantidade e frequência? Qual a 
qualidade dos mesmos? 
➢ Algumas enfermidades circulatórias 
estão relacionadas com uma 
alimentação errônea, como no caso 
da sobrecarga por grãos (acidose d-
láctica rumenal) 
• Quais as vacinas administradas ao animal? 
Em qual esquema foram aplicadas? 
 
➢ No momento, a febre aftosa é uma 
das doenças em maior evidência 
(em aspecto mundial e nacional), 
capaz de causar lesões cardíacas e 
até mesmo levar o animal ao óbito. 
Em alguns casos, uma de suas 
complicações é o surgimento de 
lesões no músculo cardíaco, o que 
pode determinar um 
comprometimento bastante sério e 
importante, podendo mesmo 
resultar em óbito 
• Quais as características do local em que o 
animal vive (ventilação, umidade, calor, 
higiene etc.)? 
➢ Sabe-se que um pasto ou piquete 
que tenha higiene precária 
predispõe o animal a diversas 
enfermidades que, em propriedades 
que primam pela correta higiene e 
limpeza, quase não se constatam. 
Por exemplo, a reticulopericardite 
traumática é mais comum em 
propriedades em que haja maior 
possibilidade de o animal ingerir 
corpos estranhos ao se alimentar, 
tais como objetos metálicos (pregos, 
restos de arames de cerca, 
parafusos e outros objetos 
pontiagudos que possam levar à 
perfuração do retículo e lesar o 
coração), causando a 
reticulopericardite traumática, ou o 
peritônio, determinando um caso de 
reticuloperitonite traumática 
• Qual a função destinada ao animal? Qual 
sua carga de trabalho? Quanto de exercício 
realiza, de que maneira e com qual 
frequência? 
➢ À semelhança do que ocorre em 
seres humanos, guardadas as 
devidas particularidades e 
proporções, sabe-se que o preparo 
 
 
 
 
 
 
Rebeca Woset 
 
físico do animal deve ser adequado 
ao tipo de trabalho ao qual será 
submetido. Animais que são 
submetidos a uma carga de trabalho 
mais acentuada que a habitual ou a 
que estejam adaptados são mais 
suscetíveis a problemas circulatórios 
que aqueles que levam uma vida 
mais pacata e tranquila, sem muito 
esforço. 
HISTÓRICO PREGRESSO 
É necessário verificar: 
• O provável diagnóstico dado para as 
doenças anteriores: é necessário saber se 
o diagnóstico foi elaborado por um 
veterinário ou um prático e buscar saber 
sobre a sua “competência” 
• Se o diagnóstico foi ou não confirmado a 
partir de dados e exames fidedignos ou 
elaborados de modo subjetivo 
• Se as doenças apresentadas pelo animal ou 
as recorrências de certas enfermidades 
podem indicar provável relação com 
problemas circulatórios: por exemplo, 
episódios recorrentes de tying-
up (também conhecida como atamento, 
doença da manhã de segunda-feira ou 
rabdomiólise de esforço, uma doença 
comum em animais de enduro) 
EXAME FÍSICO 
É necessário iniciar o exame pelo órgão principal 
desse sistema: o coração, e prosseguir o exame 
avaliando os vasos sanguíneos: artérias, capilares 
e veias. 
Os meios semiológicos utilizados para se examinar 
o coração são: inspeção, auscultação, palpação e 
percussão. No entanto, dois deles são os mais 
importantes referentes ao coração: a inspeção e a 
auscultação; já para os vasos sanguíneos, são 
inspeção e palpação. 
INSPEÇÃO 
DIRETA 
Avaliação física e comportamental 
Procurar observar se o animal apresenta postura 
ou atitude anormal, que possa sugerir a ocorrência 
de algum distúrbio circulatório, seja ele primário 
ou secundário. Por exemplo, detectar a existência 
de: 
• Edemas: geralmente em cabeça, barbela e 
peito, nos ruminantes, e peito e abdome 
em equinos 
• Pulso venoso positivo: pulsação da veia 
jugular e/ou mamária, que ocorre 
imediatamente após a primeira bulha 
cardíaca 
• Abdução de membros torácicos na 
tentativa de: 
➢ Respirar melhor: em quadro de 
dispneia por edema pulmonar ou 
por insuficiência cardíaca em que 
haja menor oxigenação sanguínea 
➢ Diminuir a dor decorrente de uma 
reticulopericardite traumática: 
nessa enfermidade, é comum haver 
relato ou observarmos que o animal 
enfermo sente dor e geme ao descer 
uma rampa, procura ficar em aclive, 
com os membros torácicos em local 
mais alto que os pélvicos e evita 
fazer curvas acentuadas à esquerda 
e se deitar, para não sentir dor ao 
levantar-se 
• Observar se há dilatação de vasos como as 
veias jugular e mamária 
• Anóxia: mucosas aparentes revelando 
palidez ou cianose – adquirindo coloração 
azulada. 
 
 
 
 
 
 
Rebeca Woset 
 
Os edemas ocorrem, mais comumente, em 
consequência de quadros de hipoproteinemia; 
contudo, há algumas causas mais importantes que 
devem ser descartadas primeiro, para somente 
então passarmos a pensar em causas cardíacas. O 
edema pode ocorrer em virtude de: 
• Pressão hidrostática capilar aumentada: 
pouco comum em equinos, mas pode ser 
consequência, por exemplo, de uma falha 
cardíaca direita e obstrução venosa 
• Danos capilares (bastante comuns em 
veterinária): como os que ocorrem na 
arterite viral equina e em processos 
autoimunes 
• Obstrução linfática: como os decorrentes 
de formações neoplásicas 
• Pressão coloidal osmótica diminuída: 
decorrentes, por exemplo, de perda de 
proteína, seja por problemas renais, 
hepáticos ou digestórios. 
EXAME DAS MUCOSAS 
Avaliação da coloração 
A coloração das mucosas depende de vários 
fatores, dentre os quais: 
• Quantidade e qualidade do sangue 
circulante 
• Trocas gasosas 
• Existência ou não de hemoparasitos 
• Função hepática adequada 
• Medula óssea e outros. 
Avaliação do estado circulatório periférico 
É preciso avaliar o TPC para detectar sinais de 
desidratação e hipovolemia. 
Avaliação dos vasos sanguíneos 
É possível inspecionar as veias e os capilares. Mais 
facilmente, inspecionamos as veias jugulares nas 
faces ventrolaterais do pescoço – no chamado 
sulco da veia jugular – de um equino ou ruminante 
ou a veia safena na face interna do membro 
pélvico de equinos ou ainda as veias mamárias em 
ruminantes. 
Quanto aos capilares, normalmente se 
inspecionam os vasos episclerais, os quais dão 
uma ideia geral de como está a circulação 
sanguínea nos capilares em geral. 
 
Inspeção de vasos episclerais em bovinos. A. Não 
preenchidos. B. Ingurgitados. A seta mostra uma 
região neoplásica, a qual deve ser a causa desse 
ingurgitamento, e não um distúrbio circulatório. 
Avaliação da veia jugular 
A pulsação que mais comumente observamos em 
equinos na veia jugular corresponde a uma 
pulsação reflexa da jugular em decorrência da 
pulsação da artéria carótida, que está localizada 
imediatamente abaixo da jugular. No entanto, 
pode ocorrer, também, pela influência da 
respiração ofegante do animal ou decorrente de 
anormalidade cardíaca. Somente haverá pulsação 
da jugular quando essa veia se encontrar com 
sangue acumulado em seu interior – o que pode 
ou não ser patológico, como no caso de um pulso 
venoso positivo comentado a seguir. 
 
 
 
 
 
 
 
Rebeca Woset 
 
As causas de dilatação da jugular são várias, mas 
as mais comuns são: 
• Massa intratorácica, que dificulta o retorno 
venoso ao coração 
• Endocardite atrioventricular direita grave, 
que leva à insuficiência e, mais raramente, 
à estenose 
• Efusão pericárdica e elevação da pressão 
venosa central, como decorrente de falha 
cardíaca direita ou sobrecarga iatrogênica 
de volume. 
Para fecharmos o diagnóstico dessas alterações, 
devemos, muitas vezes, lançar mão de exames 
complementares. 
Pulso venoso negativo 
O pulso venoso negativo (fisiológico) é observado 
durante a fase final da fase diastólica, 
imediatamente anterior à sístole ventricular 
Pulso venoso positivoO pulso venoso positivo (patológico) é observado 
desde a entrada no tórax, propagando-se em 
direção à mandíbula, durante a fase sistólica 
ventricular, portanto, é observado logo em 
sequência à primeira bulha cardíaca. É decorrente 
da regurgitação sanguínea através da valva 
tricúspide, a qual não oclui totalmente a passagem 
do sangue do ventrículo direito para o átrio 
direito, caracterizando assim um quadro de 
insuficiência da valva atrioventricular direita. 
Como essa valva não consegue impedir o retorno 
sanguíneo do ventrículo para o átrio, ocorre, 
então, a regurgitação de sangue para a veia 
jugular, com formação de uma onda pulsátil nessa 
veia. 
Choque cardíaco 
Nos animais de grande porte é a parede do 
ventrículo que bate contra a parede torácica 
constituindo-se assim o chamado choque cardíaco 
ou choque lateral do coração. 
 
Características dos pulsos venosos positivo e 
negativo. 
Pulso venoso Positivo Negativo 
Sincrônico com Sístole ven-
tricular 
Contração 
atrial 
Fase em que 
ocorre 
Sistólico Pré-sistólico 
Características 
das ondulações 
Evidentes e 
difundem-se 
até a 
cabeça do 
animal 
Leves, de igual 
intensidade 
em ambas as 
veias jugulares 
e difusas 
Relação com o 
pulso arterial 
Coincide 
com ele 
Antecede-o 
 
Para que se possa observar esse fenômeno, deve-
se posicionar o membro torácico esquerdo mais 
cranialmente que o direito e observar a região 
torácica logo acima e caudal ao cotovelo – 
olécrano. Mesmo assim, isso só é perceptível em 
animais magros ou de peito estreito. Mais 
comumente, palpamos esse choque cardíaco, 
mais evidente no quinto ou sexto EIC. Por meio 
desse método, busca-se avaliar a intensidade e a 
posição em que ocorre. 
AUSCULTAÇÃO 
Mediante a auscultação cardíaca, avaliam-se 
principalmente: 
• Frequência cardíaca 
• Ritmo cardíaco 
• Bulhas (total de quatro) 
• Ruídos anormais (como os sopros e os 
roces), patológicos ou não 
• Focos de auscultação 
• Ruídos adventícios. 
 
 
 
 
 
 
Rebeca Woset 
 
Para a realização e interpretação correta da 
auscultação cardíaca, é necessário saber o local 
correto de se auscultar o coração. Os focos 
principais de auscultação devem ser localizados: 
(1) pulmonar; (2) aórtico; (3) mitral; e (4) 
tricúspide; cada um deles corresponde a uma das 
quatro valvas cardíacas. 
RUÍDOS CARDÍACOS NORMAIS E 
PATOLÓGICOS OU ANORMAIS 
Focos de auscultação cardíaca 
Espéc
ie 
Pulmo
nar 
Aórtic
o 
Mitral Tricúspi
de 
Bovin
a 
3º EIC 
esquerd
o 
4º EIC 
esquer
do 
4º EIC 
esquer
do 
3º ou 
4º EIC 
direito 
Equin
a 
3º EIC 
esquerd
o 
4º EIC 
esquer
do 
4º ou 
5º EIC 
esquer
do 
3º ou 
4º EIC 
direito 
Capri
na 
3º EIC 
esquerd
o 
4º EIC 
esquer
do 
5º EIC 
esquer
do 
3º ou 
4º EIC 
direito 
Ovina 3º EIC 
esquerd
o 
4º EIC 
esquer
do 
5º EIC 
esquer
do 
3º ou 
4º EIC 
direito 
PRINCIPAIS ALTERAÇÕES DE BULHAS 
CARDÍACAS 
É necessário avaliar as bulhas cardíacas 
principalmente quanto aos seguintes aspectos: (1) 
intensidade; (2) localização; e (3) características 
dos ruídos (timbre, ritmo e ocorrência ou não de 
ruídos novos ou adventícios). 
INTENSIDADE DAS BULHAS 
As bulhas cardíacas podem ter sua intensidade 
alterada por doenças, as quais são capazes de 
determinar aumento (hiperfonese) ou diminuição 
(hipofonese). 
Hiperfonese de bulhas cardíacas 
A hiperfonese pode ocorrer por diversos motivos, 
dentre os quais se destacam os seguintes: 
• Hiperatividade cardíaca, em função de 
esforço físico, excitação nervosa, agitação, 
estados febris, hipertireoidismo, anemia 
etc. 
• Aumento da transmissão dos ruídos, 
decorrente de pneumotórax (devido à 
maior ressonância), adelgaçamento da 
parede torácica, aumento da macicez 
pulmonar, deslocamento cardíaco 
aproximando-o da parede torácica etc. 
Hipofonese de bulhas cardíacas 
A hipofonese de bulhas cardíacas pode ser 
causada por diferentes causas, dentre as quais se 
destacam: 
• Hipoatividade cardíaca, devido a 
pericardites com derrame pericárdico, 
miocardites, astenia cardíaca etc. 
• Diminuição da transmissão dos ruídos, 
decorrente de obesidade, espessamento 
de parede torácica (p. ex., em caso de 
edema), enfisema pulmonar etc. 
Hiperfonese de apenas uma bulha cardíaca 
 
 
 
 
 
 
Rebeca Woset 
 
A hiperfonese de uma bulha apenas pode ocorrer 
tanto na primeira quanto na segunda bulha em 
virtude de: 
• Primeira bulha: estenose atrioventricular, 
mais comumente a mitral; exercício ou 
excitação; anemia; insuficiência cardíaca 
• Segunda bulha: hipertensão sanguínea 
sistêmica ou pulmonar. No foco aórtico, 
ocorre, por exemplo, em decorrência de 
hipertensão renal causada por nefrite 
crônica; estenose aórtica. No foco da 
pulmonar, em casos de pericardite, 
pneumonia, esclerose, enfisema 
pulmonar, congestão, edema, bronquite, 
pleuris com derrame e na insuficiência 
ventricular esquerda. 
Hipofonese de apenas uma bulha cardíaca 
A hipofonese de uma bulha apenas pode ocorrer 
tanto na primeira quanto na segunda bulha em 
virtude de: 
• Primeira bulha: endo e miocardites 
(acompanhadas de hipertrofia ventricular), 
sendo mais comum no foco da mitral. 
Decorrente de hipertrofia ventricular 
direita, afetando a tricúspide 
• Segunda bulha: sempre que houver 
hipotensão arterial na circulação sistêmica 
ou na pulmonar. 
LOCALIZAÇÃO DAS BULHAS CARDÍACAS 
As bulhas cardíacas podem estar em pontos 
considerados normais ou em posicionamento 
diferente ao padrão para a espécie em questão. 
Quando elas estão em local diferente do padrão, 
são consideradas deslocadas. 
TIMBRE E RITMO 
As bulhas cardíacas podem ter seu timbre alterado 
e o ritmo, modificado. Por exemplo, é possível 
encontrar bulhas com som surdo (ou seja, com 
perda de sonoridade, tornando-se mais grave e 
abafado) nos casos de hipertrofia ventricular 
associada ao edema valvar. 
PALPAÇÃO 
CHOQUE CARDÍACO E CHOQUE DE 
PONTA 
O choque cardíaco pode ser facilmente palpável 
na parede torácica, próximo ao olécrano, na área 
cardíaca próxima ao quarto (em bovinos) ou 
quinto (em equinos) espaço intercostal esquerdo, 
durante a sístole ventricular e pode estar normal, 
aumentado, diminuído ou desviado de posição. 
As causas mais comuns de aumento do choque 
são hipertrofia cardíaca, endocardite incipiente e 
hepatização da lâmina pulmonar que cobre o 
coração. As causas mais comuns de diminuição do 
choque são debilidade cardíaca, deficiência 
funcional em animal moribundo – próximo da 
morte –, hemopericárdio, hidrotórax, 
hidropericárdio e pericardite fibrinosa. 
Os desvios do choque de ponta podem ocorrer 
para a frente, para trás, para a direita e para a 
esquerda. No entanto, mais comumente, são 
detectados os desvios cranial e caudal. 
As causas mais comuns de desvio cranial do 
choque são ascite, sobrecarga rumenal 
(alimentar), meteorismo, gestação avançada, 
tumores e gânglios infartados no mediastino 
caudal. As causas mais comuns de desvio caudal 
do choque são tumores situados na parede 
torácica. 
AVALIAÇÃO DO PULSO ARTERIAL 
A palpação arterial é realizada com os dedos 
indicador e médio, ambos devendo pressionar a 
artéria de modo mais forte e, lentamente, diminui-
se a pressão sobre ela, até que seja possível 
começar a sentir a pulsação. Em casos de maior 
dificuldade em se sentir o pulso, pode-se realizar 
 
 
 
 
 
 
Rebeca Woset 
 
pressão maior com o dedo que está mais distal à 
artéria e menor pressão com o proximal. Assim, 
oclui-se parcialmente a artéria e aumenta-se o 
enchimento do vaso atrás dessa oclusão parcial, 
facilitando sentir o pulso com o dedo que se 
encontra mais proximal. 
Ao palparmos o pulso arterial, devemos avaliar os 
seguintes parâmetros: 
• Frequência (ou taxa): quantidade de 
pulsos por minuto que a artéria apresenta. 
• Ritmo: avaliação da ocorrência ou não de 
um ritmo cardíaco e se o mesmo está 
normal ou alterado, regular ouirregular 
• Amplitude: avaliação da distensão da 
artéria na passagem do sangue por ela, que 
geralmente ocorre logo após a sístole 
cardíaca 
• Tensão: indica o quão firme está a artéria. 
Está ligada à pressão sanguínea arterial 
• Celeridade: mostra o tempo que a artéria 
leva para dilatar e voltar ao normal durante 
sua pulsação 
• Grau de repleção: indica de quanto sangue 
a artéria dispõe. 
As duas primeiras características pertencem aos 
chamados caracteres relativos, ao passo que os 
demais fazem parte dos caracteres absolutos. 
As artérias mais comumente utilizadas na 
palpação são: 
• Facial (“submandibular”) em equinos e 
ruminantes, e facial transversa, mais para 
equinos 
• Femoral em pequenos ruminantes, 
bezerros e potros 
• Carótida em equinos e ruminantes 
• Safena em equinos 
• Digital palmar em equinos 
 
• Caudal (“coccígea”) em bovinos. 
Todas as características do pulso dependem de: 
• Rendimento cardíaco: força de contração, 
volume de sangue bombeado por 
batimento cardíaco e funcionalidade das 
válvulas cardíacas 
• Pressão sanguínea: volume sanguíneo 
disponível, diâmetro e tensão dos vasos. 
Classificação dos pulsos quanto às 
características à palpação. 
■Quanto à frequência: bradisfigmia; 
normosfigmia; taquisfigmia 
■Quanto ao ritmo: regular; irregular (cíclico 
ou acíclico); intermitente (regular ou 
irregular) 
■Quanto à tensão (força): fraco (mole); 
normal; forte (duro); alternante; desigual 
■Quanto à celeridade: lento; normal; 
rápido (célere) 
■Quanto à amplitude: pequeno; normal; 
amplo 
■Quanto à plenitude: vazio; normal; cheio 
 
Em equinos, utiliza-se mais frequentemente a 
artéria facial; em bovinos, a caudal; em pequenos 
ruminantes, potros e bezerros, a femoral. 
PERCURSSÃO 
Em geral, utiliza-se a percussão do tórax para 
determinar a área cardíaca absoluta e relativa. A 
área absoluta somente é encontrada, em grandes 
animais, em equinos, tanto do lado direito quanto 
do esquerdo, haja vista que os cavalos apresentam 
uma área em que o coração não é recoberto pelos 
pulmões – a chamada incisura cardíaca – e, 
portanto, existe o contato direto entre o coração 
e a parede torácica. A área relativa é encontrada 
nos ruminantes, pois seu coração fica 
completamente coberto pelos pulmões. 
A percussão pode ser direta (digitodigital) ou 
indireta, sendo esta a mais utilizada. Para isso, usa-
se um martelo e um plessímetro (ou plessômetro). 
 
 
 
 
 
 
Rebeca Woset 
 
REFERÊNCIAS 
F., FEITOSA,.Francisco. L. Semiologia Veterinária - 
A Arte do Diagnóstico. Grupo GEN, 2020.

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