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DISTURBIOS SISTEMA CARDIOVASCULAR

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Prévia do material em texto

Brasília-DF. 
Distúrbios Do sistema CarDiovasCular
Elaboração
Jefferson Bruno Pereira Ribeiro
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 4
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
DOENÇAS CARDÍACAS ......................................................................................................................... 9
CAPÍTULO 1
REVISÃO ANÁTOMO-FISIOLÓGICA ............................................................................................ 9
CAPÍTULO 2
VERME DO CORAÇÃO ........................................................................................................... 46
CAPÍTULO 3
TUMORES CARDÍACOS ........................................................................................................... 57
CAPÍTULO 4
DOENÇAS CARDÍACAS .......................................................................................................... 64
UNIDADE II
DIAGNÓSTICOS ESPECÍFICOS .............................................................................................................. 90
CAPÍTULO 1
AFECÇÕES CARDIOVASCULARES ........................................................................................... 90
PARA (NÃO) FINALIZAR ................................................................................................................... 120
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 122
4
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela 
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da 
Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade 
dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos 
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém 
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a 
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar 
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para 
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos 
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
6
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
7
Introdução
Caro estudante, este material reúne conteúdos conceituais, factuais e procedimentais 
que permitirão que você estude e compreenda as manifestações clínicas da doença 
cardíacas, aprofundando conhecimentos sobre suas variantes, bem como trataremos 
sobre diagnóstico e terapêutica sobre este acometimento.
O sistema cardiovascular é fundamental para o bom funcionamento do organismo, mas 
também é um dos sistemas mais afetados por doenças sérias. Existem diversos tipos de 
doenças cardiovasculares, as quais podem variar desde a sua causa até o seu grau de 
agressividade, decorrente de fatores genéticos ou mesmo ambientais.
As doenças cardíacas que cometem pequenos animais não são iguais às que acometem 
os homens. O processo de degeneração ou envelhecimento das válvulas cardíacas, 
chamado de endocardiose ou doença valvular crônica, varia em função do tamanho e 
da raça do animal.
Observa-se que os distúrbios cardiorrespiratórios se apresentam em uma proporção 
substancial e há decorrente evolução das técnicas de diagnóstico utilizadas na clínica 
veterinária para aumento da longevidade dos animais. A cardiologia veterinária vem 
se fortalecendo a cada dia. Os avanços tecnológicos, assim como a acessibilidade a 
novos métodos de diagnóstico e tratamento, são responsáveis por um grande avanço 
na cardiologia de pequenos animais.
É nesta perspectiva que este material de apoio vai contribuir para seu processo de 
ensino e aprendizagem. Espera-se que, ao final de sua leitura, você tenha alcançado os 
objetivos elencados a seguir.
Objetivos
 » Estudar as manifestações clínicas da doença cardíaca, envolvendo 
arritmias, insuficiência cardíaca, hipertensão, dirofilariose e tumores.
 » Aprofundar sobre doenças cardíacas congênitas, doenças valvulares, 
endocárdicas, pericárdicas e do miocárdio.
 » Promover o aprendizado sobre diagnóstico e terapêutica de doenças 
cardíacas.
8
9
UNIDADE IDOENÇAS CARDÍACAS
CAPÍTULO 1
Revisão anátomo-fisiológica
Coração
Neste capítulo, é feita uma breve revisão anátomo-fisiológica do sistema circulatório.
Para o bom entendimento da semiologia do sistema circulatório, 
bem como de todos os demais sistemas, há a necessidade de alguns 
conhecimentos básicos de anatomia (estruturas e topografia) e fisiologia 
(e fisiopatogenia) referentes a ele, bem como as particularidades de cada 
espécie animal (...). Com isso, pode-se aprender o que se deve procurar, 
onde pesquisar os sintomas e como examinar os diferentes órgãos que 
compõem o sistema em estudo.
(NETO; CAMACHO; MUCHA, 2017) 
No cão adulto, o coração é constituído por 4 câmaras:
1. Átrio direito.
2. Átrio esquerdo.
3. Ventrículo direito.
4. Ventrículo esquerdo.
As 4 câmaras são separadas por um septo interno denominado septo interatrial e septo 
intraventricular.
1. O átrio direito contém 3 óstios principais:
› Óstio da veia cava cranial.
10
UNIDADE I │ DOENÇAS CARDÍACAS
› Óstio da veia cava caudal (seio coronário – abre-se ventralmente à veia 
cava caudal).
› Óstio atrioventricular direito (contém a valva tricúspide).
O ventrículo direito contém o óstio pulmonar e o óstio atrioventricular. No átrio esquerdo 
chegam as veias pulmonares geralmente em número de sete ou outoe origina-se o 
óstio atrioventricular esquerdo que contém a valva bicúspide ou mitral. Finalmente, no 
ventrículo esquerdo, temos o óstio aórtico e o óstio atrioventricular esquerdo. Na base 
da artéria pulmonar e da aorta existem ainda três valvas de forma de semi lua, que são 
denominadas semilunares e se fecham após o término da contração ventricular.
O sistema cardiovascular é constituído por uma bomba, uma série de vasos de 
distribuição e de coleta e por um extenso sistema de finos vasos que permitem trocas 
rápidas entre os tecidos e os canais vasculares. O coração consiste em câmaras, com dito 
anteriormente: o átrio e o ventrículo esquerdos, que são parte da circulação sistêmica; e 
o átrio e o ventrículo direitos, que fazem parte da circulação pulmonar.
Na circulação sistêmica, o sangue proveniente do ventrículo esquerdo é bombeado 
para a aorta; segue, então, para um sistema de artérias de distribuição, terminando nos 
diversos órgãos da circulação sistêmica. Em cada órgão, o sangue passa por meio dos 
vasos arteriolares cujo calibre pode ser alterado por controle neural ou metabólico. 
As alterações do calibre arteriolar podem regular a pressão e o fluxo no circuito sistêmico 
e/ou transferir o sangue de um órgão para outro. As arteríolas drenam o sangue para 
os capilares onde o oxigênio e outros metabólitos fluem pelas paredes capilares para o 
espaço extracelular. 
Produtos do metabolismo celular, por outro lado, passam para o fluido extracelular e, 
daí, para o sangue. O sangue, agora venoso, entra nas vênulas e corre em direção às 
veias, que funcionam como condutor reservatório de volume. As grandes veias se unem 
para formar as duas veias cavas, cranial e caudal. Delas, o sangue chega ao átrio direito.
Na circulação pulmonar, o sangue venoso flui do átrio direito para o ventrículo direito, 
que bombeia o sangue para a artéria pulmonar, artérias menores e os capilares 
pulmonares. A liberação do dióxido de carbono e a captação do oxigênio ocorrem pela 
difusão entre o sangue e o gás alveolar. Deste ponto, o sangue oxigenado entre nas veias 
pulmonares, retornando ao átrio esquerdo e, deste, ao ventrículo esquerdo.
11
DOENÇAS CARDÍACAS │ UNIDADE I
Manifestações clínicas da doença cardíaca 
Sabemos que a tosse é um sinal clínico muito característico de algumas doenças 
cardíacas. Em muitos casos, é o mais relatado pelos proprietários. Sabemos 
também que a tosse é uma expiração súbita e forçada, cuja principal finalidade 
é liberar toda a árvore traqueobrônquica. Em algumas doenças cardíacas, este 
reflexo deixa de ser fisiológico e se torna um importante sinal clínico, que deve 
ser detalhadamente investigado durante anamnese realizada pelo médico 
veterinário. Os cães afetados por outras doenças como a traqueobronquite 
infecciosa canina também desenvolvem a tosse como uma das principais 
características. Diante disso, como diferenciar a tosse das doenças cardíacas da 
tosse desenvolvida por outras doenças? 
Quadro 1. Termos técnicos utilizados na avaliação de pacientes acometidos por doenças cardíacas.
Cianose Coloração azulada da pele e mucosas por hipóxia.
Dispneia Dificuldade respiratória.
Caquexia cardíaca Aumento notável do catabolismo.
Síncope Perda súbita da consciência e do tônus muscular.
Arritmia sinusal São aquelas originadas no nó sinusal ou sino-atrial.
Taquiarritmia Cadência rápida do ritmo do coração, arritmia rápida.
Bradiarritmia Frequência e/ou ritmo cardíaco que cursam com resposta ventricular baixa.
Taquicardia Aceleração dos batimentos cardíacos acima dos parâmetros da espécie.
Bradicardia Retardamento do ritmo cardíaco abaixo dos parâmetros da espécie.
Icterícia Deposição de bilirrubina na pele e mucosas.
Edema pulmonary Acúmulo de líquido no pulmão.
Ascite Acúmulo de líquido na cavidade abdominal.
Fonte: Mulinari; Esper (2015).
O coração é o órgão central muscular que funciona como uma bomba de sucção pressão: 
as diferenças de pressão causadas pela sua contração relaxamento determinam a 
circulação do sangue e da linfa.
No animal adulto, é constituído por: átrio direito, átrio esquerdo, ventrículo esquerdo, 
ventrículo direito. O coração é constituído por duas bombas em cada lado dentro de um 
único órgão. A bomba direita recebe mais sangue e este é desoxigenado e o conduz ao 
tronco pulmonar, já a bomba esquerda recebe sangue oxigenado e o leva para a artéria 
aorta, que o distribui para todo o corpo.
12
UNIDADE I │ DOENÇAS CARDÍACAS
Figura 1. Anatomia do coração e grandes vasos.
Fonte: Adaptada de Nogueira, Muzzi (2008). 
Em relação ao tamanho, em regra, é relativamente maior nas espécies e nos indivíduos 
menores. Em geral, é considerado cerca de 0,75% do valor corporal, o formato e a 
posição em geral são semelhantes em todos os mamíferos.
Quer saber mais sobre a anatomia do coração canino? Acesse o link: <https://
www.youtube.com/watch?v=7bQnrxsMKU0> e fique por dentro!
As doenças cardíacas, também nominadas de cardiopatias, são alterações patológicas 
que acometem o coração por diferentes causas e em diferentes manifestações nos 
animais. Sua classificação também varia em função da gravidade, forma de evolução e 
localização anatômica. Há de se considerar, também, que tal acometimento pode ser no 
próprio músculo do coração (cardiomiopatias), nas válvulas cardíacas (valvulopatias) 
ou nas artérias que irrigam o coração (coronariopatias).
Doença cardíaca não significa necessariamente falência cardíaca. Muitos animais 
com problemas cardíacos não apresentam sintomatologia e são capazes de viver 
com boa qualidade de vida, sem necessitarem de medicação. Existem casos como as 
Endocardites, Miocardites e Dirofilariose em que, após o tratamento específico, há 
melhora clínica e pode se interromper a terapia. Contudo, a maior parte dos pacientes 
cardiopatas tende a piorar depois dos primeiros sintomas, necessitando de tratamento 
para o resto da vida.
13
DOENÇAS CARDÍACAS │ UNIDADE I
Dentre as principais manifestações clínicas da doença cardíaca em pequenos animais, 
podemos citar: 
 » arritmias;
 » insuficiência cardíaca;
 » hipertensão;
 » dirofilariose; 
 » tumores.
Estas manifestações clínicas estão detalhadas nos itens a seguir.
Arritmias
Arritmias, também chamadas de distúrbio de condução cardíaco, são distúrbios de 
formação ou condução do impulso, como as arritmias atriais, taquicardia juncional 
(nodal), taquicardia ventricular, bradiarritmias, como silêncio atrial ou bloqueio 
atrioventricular de terceiro grau, que podem levar à Insuficiência Cardíaca (IC).
A arritmia é uma causa primária para parada cardiorrespiratória, com súbita interrupção 
da respiração e da circulação. Tratam-se de anormalidades: 
 » na frequência cardíaca;
 » no ritmo;
 » na origem do impulso cardíaco;
 » na despolarização atrial ou ventricular.
As arritmias podem ser atribuídas às desordens na geração e ou na condução dos impulsos 
elétricos. Esses fenômenos elétricos anormais, que são depressão na condução de 
resposta rápida de impulsos excitatórios, resultando em estado patológico, comumente 
originada devido à:
 » hipóxia;
 » isquemia;
 » desequilíbrio eletrolítico;
 » administração de certos fármacos.
14
UNIDADE I │ DOENÇAS CARDÍACAS
Algumas arritmias podem ser benignas ou potencialmente perigosas, mas a maioria 
das apreensões cardíacas súbitas é resultado direto de taquicardia ventricular e/ou 
fibrilação ventricular.
Insuficiência cardíaca
O coração é um músculo formado por duas metades, direita e esquerda. Quando uma 
dessas cavidades falha como bomba, não sendo capaz de enviar adiante todo o sangue 
que recebe, falamos que há IC.
Ao tratarmos das manifestações clínicas da doença cardíaca, iniciaremos por um tópico 
específico que é a IC, que é considerada uma síndrome multissistêmica, ocorrendo 
anormalidades da: 
 » função cardíaca, muscular esquelética;
 » função renal e metabólica, associada à elevada estimulação do sistema 
nervoso simpático;» um complexo padrão de alterações neuro-humorais e inflamatórias. 
A IC não é uma doença do coração por si só. É uma incapacidade de o coração efetuar 
as suas funções de forma adequada como consequência de outras enfermidades, do 
próprio coração ou de outros órgãos. Quando o coração não bombeia o sangue em 
velocidade compatível às demandas metabólicas do corpo, ocorre a IC, sendo resultado:
 » da disfunção sistólica;
 » da disfunção diastólica;
 » das disfunções sistólica e diastólica, conjuntamente; 
 » das mudanças hemodinâmicas; 
 » pela estimulação de mecanismos compensatórios neuro-humorais 
que produzam sinais clínicos de congestão e edema e baixa perfusão 
sanguínea.
A síndrome representa uma interação complexa de respostas compensatórias que 
podem preservar a função cardíaca e o fluxo sanguíneo regional e são ativadas no 
coração para tentar aumentar o débito cardíaco e manter a pressão sanguínea arterial. 
Estes mecanismos são comuns para todos os tipos de insuficiência cardíaca, mesmo 
com variação de extensão em função da gravidade e da etiologia da insuficiência. 
15
DOENÇAS CARDÍACAS │ UNIDADE I
Existem a Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) e a Insuficiência Cardíaca 
Aguda (ICA).
A homeostasia pode ser preservada pelos mecanismos de compensação, sem atingir o 
ponto de produção de efeitos colaterais deletérios, ou seja, ICC, levando a disfunção em 
outros órgãos. Esta disfunção em outros órgãos caracteriza muitos sinais associados à 
insuficiência cardíaca e está entre as principais doenças cardíacas em pequenos animais. 
ICC trata-se de uma condição à qual o coração é insuficiente para bombear o sangue, 
que se acumula nos vasos sanguíneos e deixa de ter um fluxo normal, ocasionando 
formação de edema que é o acúmulo de líquido em regiões do corpo, além de pressão 
venosa. A mensuração da pressão venosa
Permite estimar a relação entre o volume sanguíneo e a capacidade 
vascular, bem como a habilidade do coração em bombear o sangue que 
chega até ele, sendo de grande utilidade nas grandes perdas sanguíneas, 
quando infusões rápidas de grandes volumes de fluidos são requeridas 
e quando há suspeita de insuficiência cardíaca direita.
(DE REZENDE et al., 2002).
A ICA é um acontecimento súbito e catastrófico e que ocorre devido a qualquer situação 
que torne o coração incapaz de uma ação eficaz, consequente a um infarto do miocárdio 
– com rara ocorrência em cães e gatos – ou a uma arritmia severa do coração. Por outro 
lado, existem ICA provocadas por doenças não cardíacas, como:
» hemorragia severa;
» traumatismo cerebral grave; 
» choque elétrico de alta voltagem.
A ICA é uma situação grave, que exige tratamento médico emergencial e, mesmo assim, 
é, muitas vezes, fatal.
Considerando a parte clínica, a causa mais comum da IC é a redução da centralidade 
cardíaca, sendo que, na maior parte de sua ocorrência, a perfusão inapropriada tecidual 
é consequente à redução do débito cardíaco (DC).
A fisiopatologia da IC inicia-se a partir de um dano miocárdico primário, que gera 
disfunção ventricular que deflagra mecanismos adaptativos associados à ativação 
neuro-humoral, gerando:
16
UNIDADE I │ DOENÇAS CARDÍACAS
 » alterações na forma e na eficiência mecânica do coração (remodelamento 
ventricular);
 » alterações periféricas circulatórias;
 » danos secundários, devido ao aumento do estresse oxidativo;
 » inflamação e morte celular (apoptose).
A síndrome de ICC pode evoluir de estágio compensado assintomático até formas mais 
avançadas, causando insuficiência cardíaca descompensada (ICD).
O desempenho da função cardíaca está relacionado a determinantes que comprometem o 
desenvolvimento da descompensação da insuficiência cardíaca, conforme o mecanismo 
do dano principal e a evolução temporal.
É na IC que se deflagram os distúrbios hemodinâmicos que se associados a alterações 
sistêmicas neuro-humorais (sistema renina-angiotensina-aldosterona, sistema 
simpático, peptídeos vasomotores como endotelina-1 e óxido nítrico), com repercussões 
em tecido cardíaco, em que a ação destes fatores leva à apoptose de miócitos e a 
alterações na estrutura cardíaca (matriz extracelular), caracterizando o remodelamento 
ventricular. 
Há reconhecida atividade inflamatória associada coma progressão da IC, na qual 
citocinas desempenham papéis importantes, como as citocinas pró-inflamatórias 
vasodepressoras (TNF-alfa, interleucina-6 e interleucina-1 beta). Por outro lado, na IC, 
aumentam os elementos protetores (vasodilatadores e diuréticos), tais como:
 » peptídeos natriuréticos;
 » bradicinina; 
 » Prostaciclinas.
Em quadros descompensatórios, há indícios de maior ativação de alguns destes sistemas, 
por exemplo, níveis de catecolaminas e citocinas aumentam significativamente.
A apresentação clínica da IC não é uniforme e nem sempre evidente, sendo essencial a 
avaliação individual de cada paciente, para que se determine o quê de fato tem provocado 
a IC, bem como as respostas compensatórias que necessitam de maior modificação para 
que sejam aliviadas as manifestações clínicas.
Além da arritmia, para que tenhamos uma perspectiva terapêutica, é essencial identificar 
os outros três tipos de insuficiências baseadas na fisiopatologia da IC:
17
DOENÇAS CARDÍACAS │ UNIDADE I
 » Insuficiência do miocárdio.
 » Insuficiência por sobrecarga de pressão ou volume.
 » Insuficiência por complacência ventricular ou disfunção diastólica.
O primeiro caso, ou seja, a insuficiência do miocárdio é definida como uma diminuição 
na centralidade do miocárdio resultante de uma doença primária (cardiomiopatia 
dilatada idiopática ou miocardite) ou secundária, por um aumento na carga de trabalho 
do miocárdio (regurgitação aórtica ou mitral). Quando a insuficiência do miocárdio está 
presente, a função sistólica fica deficiente, resultando em um débito cardíaco reduzido e 
secundário à retenção de volume.
O segundo caso, a insuficiência por sobrecarga de pressão ou volume, refere-se a uma 
situação em que a regurgitação de mitral ou tricúspide resulta em uma perda evidente do 
volume de ejeção que volta para o interior do átrio esquerdo ou direito, respectivamente. 
O aumento do fluxo sanguíneo sistólico no átrio resulta no aumento da pressão arterial 
a qual, quando grave, pode causar congestão e edema e aumentar a dimensão atrial. 
Lesões de estenose valvular congênita aórtica ou pulmonar causam um aumento da 
pressão sistólica intraventricular. Em menores graus de estenose não é comum se 
desenvolver IC, a não ser que seja um caso de regurgitação grave concomitantemente. 
Já o terceiro, caso, a insuficiência por complacência ventricular ou disfunção diastólica, 
refere-se a pericardite constritiva causada por doenças que resultam em fibrose 
pericárdica e epicárdica. A fibrose resulta em constrição cardíaca; esta, por sua vez, 
resulta em aumento da pressão diastólica intraventricular. O tamponamento cardíaco 
também pode ser uma causa, mas sua incidência é reduzida. Nestes casos, o que ocorre 
é a compressão do coração devido ao fluído dentro do saco pericárdico, causando sinais 
de IC direita.
Quer saber mais sobre os sinais clínicos de insuficiência cardíaca congestiva? 
Leia o texto de Neto, Camacho e Mucha (2017).
SINAIS CLÍNICOS DE INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA
A princípio, sempre se deve pensar, quando se examina um animal, 
que muitos dos sinais clínicos apresentados se assemelham a 
sinais de outros sistemas. Por outro lado, quando diante de um 
animal com sinais clínicos de insuficiência cardíaca congestiva 
(ICC), geralmente, estes sinais estarão relacionados com a 
circulação pulmonar, se a cardiopatia for no lado esquerdo do 
coração, ao passo que, se o problema estiver localizado no lado 
direito cardíaco, os sinais clínicos refletirão a congestão venosa da 
grande circulação. 
18
UNIDADE I │ DOENÇAS CARDÍACAS
Em síntese, os sinais clínicos congestivos à esquerda representam 
a congestão venosa pulmonar com sintomatologiade tosse 
e/ou dispneia/ taquipneia, terminando com um quadro de edema 
pulmonar. Nesses casos, deve-se procurar diferenciar dos quadros 
respiratórios. Pelo lado direito, os sinais clínicos congestivos irão 
se apresentar como coleções de líquidos como efusões, devendo 
o clínico diferenciar dos quadros efusivos decorrentes de outros 
órgãos como, por exemplo, o fígado. Dispneia/Taquipneia 
A taquipneia (aumento da frequência respiratória) normalmente 
precede à dispneia (dificuldade respiratória). Por essa razão, 
quase todos os pacientes dispneicos são também taquipnéicos. 
A frequência respiratória normal no cão em repouso deve ser 
menor a 30 movimentos respiratórios/minuto. Provavelmente, a 
taquipneia seja um dos primeiros sinais clínicos de insuficiência 
cardíaca congestiva em felinos. 
Podemos observar três tipos de dispneia basicamente: inspiratória 
(associada a alterações das vias aéreas superiores); expiratória 
(relacionada às doenças pulmonares, bronquiais, intersticiais 
ou alveolares ou ao edema pulmonar por insuficiência cardíaca 
congestiva) ou ainda mista (por exemplo, na insuficiência cardíaca 
congestiva com efusão pleural concomitante). 
Nos casos mais graves de estresse respiratório, o animal adota 
posições anormais que lhe facilitam a respiração. Na posição 
ortopneica, o cão reluta a deitar-se, permanecendo sentado sobre 
os membros pélvicos e com os membros torácicos estendidos em 
abdução. A cabeça está esticada, as narinas dilatadas e é possível 
observar uma expressão de angústia na face do animal. Esse quadro 
representa uma grave congestão pulmonar, na qual o animal 
procura, com essa postura, favorecer o ingresso de ar aos pulmões. 
Devemos ressaltar que nesses casos é muito importante evitar o 
estresse do animal. O primeiro passo será compensar o paciente 
(oxigénio, diuréticos, vasodilatadores etc.) para, posteriormente, 
começar com as manobras ou exames subsidiários.
Fisiopatologia da insuficiência cardíaca congestiva
Na insuficiência cardíaca congestiva, o bombeamento sanguíneo insuficiente resulta 
na diminuição do débito cardíaco e aumento da pressão diastólica final no ventrículo 
esquerdo. Se o débito está baixo, cai também o rendimento cardíaco. Neste momento, 
as arteríolas não sofrem vasoconstrição e a resistência aumenta, diminuindo a pressão 
arterial. Com a sensibilização dos barorreceptores, ocorre a ativação do sistema nervoso 
simpático. Neste período, a pressão sanguínea está normal, principalmente devido à 
constrição do sistema arteriolar, e o débito cardíaco está reduzido (hipoperfusão). 
19
DOENÇAS CARDÍACAS │ UNIDADE I
O sistema cardiovascular, então, precisa encontrar outro meio de aumentar o débito 
cardíaco, a fim de normalizar o fluxo sanguíneo para o organismo. Ao compensar, o 
sistema aumenta o volume diastólico final no ventrículo esquerdo pela hipertrofia 
irregular por sobrecarga de volume (comumente chamada de dilatação). Esta hipertrofia 
é estimulada pelo aumento do retorno venoso para o coração, induzido pelo aumento 
do volume sanguíneo, causado pela retenção de água e sódio pelo rim, aumentando a 
dilatação do miocárdio na diástole.
A redução do fluxo sanguíneo renal, o aumento da atividade simpática e a diminuição 
do sódio sérico determinam uma maior liberação de renina e consequente ativação do 
sistema renina-angiotensina. Pela ação da renina liberada pelos rins ocorre a conversão 
do angiotensinogênio plasmático em angiotensina I e esta, por sua vez, é convertida 
em angiotensina II no leito vascular pulmonar pela ação da enzima conversora de 
angiotensina (ECA). A ECA também está localizada em diversas áreas do coração, 
incluindo valvas, vasos coronários, átrios e miocárdio.
A ECA, nome para pela NC-IUBMB: peptidil-dipeptidase A, teve sua descoberta em 
1950, sendo o último componente do sistema renina angiotensina a ser identificado, 
sendo o componente central do sistema renina-angiotensina, controlando a pressão 
arterial e regulando o volume de fluidos no corpo.
Figura 2. Representação da estrutura da ECA.
Fonte: Bernstein et al. (2013).
20
UNIDADE I │ DOENÇAS CARDÍACAS
A angiotensina II é um potente vasoconstritor que ajuda a manter a pressão arterial, 
aumentando a resistência vascular periférica e a pós-carga e, também, estimula a 
produção e a secreção de aldosterona, que, por sua vez, promove a retenção de sódio e 
água nos túbulos coletores aumentando o volume plasmático e a pré-carga. Além destas 
ações, a angiotensina II tem uma ação inotrópica positiva direta no miocárdio. 
Nas últimas duas décadas, os iECA exerceram um importante papel 
no tratamento da hipertensão arterial e falha cardíaca congestiva. 
No entanto, tais drogas não promovem uma completa supressão na 
geração de AII, uma vez que elas não inibem vias alternativas de geração 
de AII por serino-proteases. (RIBEIRO; MUSCARÁ, 2001).
Além disso, por atuar nos túbulos renais, a angiotensina II facilita diretamente a 
reabsorção e a retenção circulatória de sódio e água. Neste estágio, o sistema nervoso 
central libera o hormônio antidiurético e ativa o reflexo da sede, promovendo maior 
retenção de líquido e aumentando a pré-carga. Deste modo, a angiotensina II também 
estimula o sistema nervoso simpático, contribuindo para uma maior vasoconstrição 
e regulação da pressão arterial, podendo levar ao aumento da resistência vascular 
periférica. Isto, em cães com insuficiência de valva mitral, pode aumentar o volume 
sanguíneo regurgitado para o átrio esquerdo
o uso dos bloqueadores da enzima conversora de angiotensina (ECA), 
tanto na hipertensão arterial como na insuficiência cardíaca (IC), 
produz efeitos marcantes na arquitetura e funcionamento do coração. 
Mais recentemente, o desenvolvimento de bloqueadores dos receptores 
da AII também demonstra a importância desse peptídeo no coração, 
principalmente em estados patológicos.
(MIL et al., 1997)
Os rins, entretanto, continuam retendo sódio e água, na tentativa de produzir um 
aumento adicional. Neste momento, a retenção de sal e água começa a provocar um 
aumento no volume sanguíneo para os ventrículos, consequentemente ocorrendo 
aumento da pressão diastólica e pressão hidrostática plasmática e diminuição da 
pressão cardíaca.
O aumento da pressão diastólica provoca regurgitação de sangue dos ventrículos para 
os átrios e para as veias pulmonares e ou cavas caudal e cranial, associada com as 
variações das pressões hidrostáticas e oncóticas dando origem ao edema pulmonar ou 
circulatório.
21
DOENÇAS CARDÍACAS │ UNIDADE I
Levando-se tudo isso em consideração, cada mecanismo compensatório, eventualmente, 
causa efeitos deletérios quando ativados por muito tempo, os quais são responsáveis 
pelos sinais clínicos da insuficiência cardíaca congestiva.
Manifestações clínicas
A IC e suas manifestações clínicas são de surgimento lento, com exceção àquelas 
situações catastróficas de ocorrência infrequente, quando o coração é submetido à 
pera aguda da contratilidade ou da eficiência mecânica. Caso tenha tempo para efetuar 
os ajustes compensatórios, o coração possui capacidade notável para manutenção do 
débito cardíaco normal em repouso e para o aumento do fluxo sanguíneo até níveis que 
permitam atividades físicas modestas, até um ponto bem avançado na história natural 
da patologia subjacente.
Para facilitar a identificação clínica e a classificação etiológica da IC, as manifestações 
podem ser agrupadas de modo a caracterizar a insuficiência do lado direito ou esquerdo 
do coração, ou a combinação das duas, chamada insuficiência generalizada.
Em pequenos animais, como o cão, a insuficiência cardíaca congestiva esquerda tem 
como sinais clínicos:
 » expectoração espumosa rósea;
 » taquipneia;
 » taquicardia;
 » esforço debilitado;
 » fadiga;
 » palidez;
 » síncope;
 » oligúria e azotemia pré-renal;
 » arritmias cardíacas;
 » edema pulmonar;
 » dispneia;
 » ortopneia;
22
UNIDADE I │ DOENÇAS CARDÍACAS
 » hemoptise;
 »cianose;
 » crepitação pulmonar; 
 » tosse.
Esses sinais clínicos são decorrentes do edema pulmonar ou da compressão das vias 
artérias. Na insuficiência cardíaca congestiva direita, observam-se sinais atribuíveis à 
redução do débito cardíaco e hipertensão venosa sistêmica, como:
 » esforço debilitado;
 » fadiga;
 » palidez;
 » síncope;
 » congestão venosa sistêmica com distensão da veia jugular;
 » pressão venosa central elevada;
 » congestão hepática e esplênica;
 » acúmulo de fluído nos espaços extravasculares como efusão pericárdica; 
 » efusão pleural levando a atelectasia;
 » taquipneia;
 » angústia respiratória e cianose;
 » efusão peritoneal (ascite); 
 » edema periférico.
A IC generalizada ou bilateral apresenta sintomatologia de: 
 » fraqueza e fadiga (intolerância ao exercício); 
 » perda de peso;
 » caquexia cardíaca;
 » dispneia de esforço;
23
DOENÇAS CARDÍACAS │ UNIDADE I
 » taquiarritmia;
 » perfusão periférica deficiente com aumento do tempo de preenchimento 
capilar;
 » membranas pálidas; 
 » cianose; 
 » extremidades frias.
Tosse
A tosse é uma queixa frequente de proprietários de pequenos animais, especialmente 
os cães, que possuem ICC esquerda. Geralmente, a tosse é vigorosa e, em geral, não 
produtiva; é facilmente induzida pela manipulação da traqueia. A denominada tosse da 
IC é comumente causada por um aumento do coração do lado esquerdo, acompanhado 
da compressão do brônquio principal esquerdo entre o átrio esquerdo e a aorta, como 
ocorre frequentemente nos casos de regurgitação mitral crônica principalmente em 
cães de pequeno porte. 
A tosse é um ato reflexo produzido pela estimulação da faringe, da 
traquéia, dos brônquios, dos bronquíolos, da pleura, do pericárdio e 
do diafragma, que pode resultar de causas respiratórias, bem como 
cardíacas. Entre as causas cardíacas, pode-se mencionar o aumento do 
átrio esquerdo (caso típico de degeneração mixomatosa da valva), que 
produzirá compressão do brônquio principal esquerdo, desencadeando 
o reflexo tussígeno (...). Outra causa de tosse é a insuficiência ventricular 
esquerda, que produzirá aumento da pressão venosa pulmonar, 
desenvolvendo edema pulmonar que, no começo, será intersticial e logo 
depois alveolar. A dirofilariose canina também ocasiona tosse, devido 
à injúria e à inflamação pulmonar e vascular. (NETO; CARMACHO; 
MUCHA, 2017).
O clínico deve se lembrar que a tosse não é um sinal específico de IC. Desse modo, 
outras doenças compatíveis de produzir tosse crônica, como colapso de traqueia do cão 
idoso, devem ser diagnosticadas. Descartadas estas hipóteses, deve-se direcionar para 
o problema cardíaco e o edema pulmonar.
24
UNIDADE I │ DOENÇAS CARDÍACAS
Quando o animal tosse, não significa, necessariamente, que ele está com alguma 
enfermidade. Entretanto, caso seja persistente, há de se ter uma avaliação 
profissional, pois tal manifestação pode ser resultado de vários fatores que vão 
desde uma possível doença até algo que esteja obstruindo o esôfago. 
Taquipneia, dispneia e ortopneia
A taquipneia é caracterizada como um aumento na frequência respiratória. Este é 
um sinal comum que ocorre na IC esquerda. No cão com ICC esquerda conhecida, a 
taquipneia pode ser um meio de controle do estado do paciente.
No que se refere à dispneia, a complacência diminuída dos pulmões congestos aumenta 
o esforço respiratório, causando dificuldade respiratória. Está presente no edema 
pulmonar grave ou hidrotórax. Ela pode ser facilmente detectada durante o exercício, 
tornando-se, assim, um sintoma precoce de IC esquerda. Uma diminuição da tolerância 
ao exercício ao longo de um curto período de tempo sugere a presença de IC.
A ortopneia é uma dificuldade de respirar enquanto deitado. Nota-se que o animal reluta 
em deitar-se ou que ele respira vagarosamente quando deitado em repouso. Também 
não constituiu um sintoma específico de IC, já que pode ser proporcionada por uma 
pneumonia crônica.
Dispneia paroxística noturna
Um paciente apresenta dispneia paroxítica noturna quando acorda subitamente 
durante à noite, apresentando dificuldade para respirar, algumas horas após 
deitar-se. O proprietário nota que o animal acorda tossindo ou dispneico, levanta, anda 
ao redor dele mesmo, bebe água ou se senta até sentir-se confortável novamente. Esse 
sinal ocorre pelo retorno de líquido extravascular para sistema sanguíneo, havendo 
acúmulo de líquido (edema) nos pulmões em decorrência do aumento da pressão 
capilar pulmonar, resultando no aumento da pressão diastólica ventricular pelo animal 
ter assumido uma posição de decúbito lateral. Este não é um sinal característico de 
insuficiência cardíaca porque cães com outras doenças podem tossir à noite e muitos 
cães com IC podem tossir somente de dia ou após o exercício.
Intolerância ao exercício e fadiga
A intolerância ao exercício e fadiga é um dos primeiros sinais da IC. Entretanto, 
devido ao fato de muitos animais não se exercitarem, este sinal clínico nem sempre 
25
DOENÇAS CARDÍACAS │ UNIDADE I
é observado. A intolerância ao exercício ocorre devido ao débito cardíaco inadequado 
para uma demanda de oxigênio tecidual gerada pelo exercício. Os resultados são de 
hipóxia tecidual, acidose láctica e fadiga muscular.
A fadiga pode ser um sintoma proeminente na IC avançada, em virtude do fluxo 
sanguíneo inadequado para a musculatura esquelética durante os exercícios físicos. 
Pode ocorrer também devido à depleção de íons potássio e pode ser acentuada pela 
anorexia, decorrente da toxidade medicamentosa ou da IC progressiva.
Edema e congestão pulmonar
O edema pulmonar se inicia nos espaços intersticiais e peribrônquicos causando queda 
na complacência pulmonar e algum aumento no esforço respiratório. Este quadro pode 
evoluir para edema alveolar, que possui maior significado funcional, já que interfere 
mais seriamente na troca gasosa. O edema alveolar provoca o surgimento de sons 
pulmonares inspiratórios crepitantes. 
Sintomas gastrointestinais
Os pacientes com IC podem apresentar anorexia, náuseas, vômitos, distensão abdominal 
constipação e dor abdominal, decorrentes da ingurgitação e congestão venosas do trato 
gastrointestinal. A enteropatia com perda de proteínas pode ser observada em alguns 
pacientes com IC crônica e é o maior responsável pela caquexia cardíaca.
Cianose
A cianose ocorre devido ao conteúdo reduzido de oxigênio no sangue venoso, resultado 
da maior extração de oxigênio pelos tecidos que estão recebendo uma perfusão 
insatisfatória. A saturação arterial de oxigênio, geralmente, é normal.
Ascite, efusão pleural e edema periférico
A ascite, geralmente, é encontrada em cães com IC direita, e o acúmulo de líquido pode 
provocar distensão abdominal e aumento do peso corporal. Quando grave, ela pode ser 
detectada apenas pela visualização ou pelo balotamento. Quando é mais branda, pode 
ser detectada por radiografia abdominal ou ultrassonografia. 
A ultrassonografia representa um dos maiores avanços relativamente 
aos métodos de diagnóstico utilizados na prática clínica em medicina 
veterinária (...), tendo apresentado um acentuado progresso nas últimas 
26
UNIDADE I │ DOENÇAS CARDÍACAS
duas décadas (...). A ampla disponibilidade de meios de tecnologia 
ultrassonográfica tem proporcionado uma melhor compreensão e 
avaliação das doenças cardiovasculares, tornando a ecocardiografia uma 
ferramenta indispensável na prática da especialidade de cardiologia 
veterinária. (MARQUES, 2010).
A efusão pleural e o edema periférico são outros sinais de IC direita que podem ocorrer. 
A efusão pleural é uma anormalidade associada à IC direita ou esquerda, provavelmente, 
porque as veias pleurais drenam para o interior das veias pulmonares aumentando a 
pressão destas e causando efusão. A congestão venosa sistêmica pode ser evidente e a 
pressão venosa central está aumentada. O edema periférico é relativamente raro e, em 
geral, é uma manifestação tardia de IC direita ou IC generalizadacom predomínio do 
lado direito.
Sons de galope
Os sons de galope são comuns em pacientes com grave sobrecarga de volume no 
ventrículo esquerdo e ou diminuição na complacência do miocárdio. Ocorrem durante 
a diástole precoce, com o rápido enchimento ventricular (S3), e após a diástole, durante 
a sístole atrial (S4). Como o galope não é audível fisiologicamente, este som diastólico 
tem significado patológico, mas não prediz o tipo de doença cardíaca existente.
Hepatomegalia
Hepatomegalia é decorrente da congestão venosa passiva e é um achado proeminente 
da IC direita e da IC generalizada. Ao examinar o fígado, ou seja, ao executar a 
compreensão manual do abdome cranial, pode-se observar a distensão da veia jugular 
ampliada (refluxo hepatojugular).
Classificação da insuficiência cardíaca congestiva
Para que se possa iniciar um tratamento correto de um paciente com ICC, é necessário 
classificá-la de acordo com o sistema de classificação que se baseia no diagnóstico 
anatômico e na gravidade dos sintomas clínicos em repouso que foi proposta pelo 
Conselho Internacional de Cardiologia de Pequenos Animais e constitui-se de três 
classes:
1. Paciente assintomático.
2. Insuficiência cardíaca leve a moderada.
3. Insuficiência cardíaca avançada.
27
DOENÇAS CARDÍACAS │ UNIDADE I
Paciente assintomático
A doença cardíaca está presente, mas o paciente não se encontra visivelmente 
acometido e não demonstra sinais clínicos, podendo ou não ter compensação. 
Os achados diagnósticos podem incluir um sopro cardíaco, arritmia ou aumento da 
câmara cardíaca, que sejam detectados por radiografia ou ecocardiografia. Divide-se em 
classes Ia (sinais de cardiopatia presentes, porém, sem sinais de compensação, como 
hipertrofia ventricular por sobrecarga de volume ou pressão) e Ib (sinais de cardiopatia 
presentes associadas a evidências radiográficas ou ecocardiográficas de compensação 
cardíaca, como hipertrofia ventricular por sobrecarga de volume ou pressão).
Segundo Neto, Camacho e Mucha (2017), a intensidade do sopro é medida em uma 
escala de I a VI, sendo: 
1. Grau I: sopro muito suave, que é detectado somente após um longo 
período de ausculta em um ambiente muito tranquilo.
2. Grau II: sopro suave, auscultado imediatamente em um foco valvar. 
3. Grau III: sopro de intensidade leve a moderada. 
4. Grau IV: sopro de intensidade moderada a grave, sem a presença de 
frémito (sensação táctil dada pelo sopro). 
5. Grau V: sopro claro à ausculta, com um frémito palpável e que não se 
detecta quando afastamos o estetoscópio do tórax. 
6. Grau VI: sopro grave, com frémito detectável e auscultado mesmo quando 
o estetoscópio é afastado do tórax.
Nesta mesma perspectiva, Mulinari e Esper (2015) relacionaram os graus de sopro e 
palpitação, conforme apresentado nos quadros que seguem.
Quadro 2. Graus de sopro.
Grau I Baixa intensidade que pode ser auscultado apenas após alguns poucos minutos de ausculta e sobre uma área bem localizada.
Grau II Sopro de baixa intensidade, identificado após a colocação do estetoscópio.
Grau III Sopro de intensidade moderada, audível logo após a colocação do estetoscópio, e que se separa uma ampla área de ausculta, 
mas que não produz frêmito palpável.
Grau IV Sopro de alta intensidade que é ouvido em uma ampla área, sem frêmito palpável.
Grau V Sopro de alta intensidade que gera um frêmito palpável.
Grau VI Sopro de alta intensidade suficiente para ser auscultado estando o estetoscópio apenas próximo à superfície torácica e que 
gera um frêmito facilmente palpável.
Fonte: Mulinari e Esper (2015).
28
UNIDADE I │ DOENÇAS CARDÍACAS
Quadro 3. Palpação.
Utilizado para a avaliação arterial e vascular
Avaliação pulso arterial Frequência, ritmo, amplitude.
Classificação
Hipercinético: forte
Hipocinético: fraco
Locais para avaliação Cão e gato: artéria femoral.
Fonte: Mulinari e Esper (2015).
Insuficiência cardíaca leve a moderada
Os sinais clínicos da IC estão presentes em repouso ou com exercício leve e afetam, de 
modo adverso, a qualidade de vida os sinais clínicos são típicos de IC. A hipotensão em 
repouso em geral não está presente.
Insuficiência cardíaca avançada
A IC avançada pode ser direita, esquerda ou bilateral. A ICC é óbvia no animal em 
repouso, com sinais clínicos graves. Em quadros nos quais o paciente está em choque 
cardiogênico, a morte ou a grave debilidade são prováveis na ausência de tratamento. 
Divide-se em classes IIIa (o tratamento em casa ainda é possível) e IIIb (a hospitalização 
é necessária, devido ao choque cardiogênico edema pulmonar agudo, ascite refratária 
ou efusão pleural grave).
Etiologia
É preciso compreender que, além de uma complexa patogênese, a insuficiência 
cardíaca possui muitas etiologias. As causas de insuficiência cardíaca são congênitas 
ou adquiridas, localizadas no endocárdio, no miocárdio, no pericárdio, nas valvas 
cardíacas ou nos vasos cardíacos.
O tratamento das doenças cardíacas dos animais domésticos tem ganhado grande 
eficiência e propiciado a melhora da qualidade de vida de muitos animais em todo o 
mundo. A maior longevidade que os animais têm desenvolvido nas últimas décadas 
está acossada a evolução das possibilidades de tratamento que estes animais têm 
recebido. As doenças cardíacas que antes eram pouco tratadas hoje possuem tratamento 
especializado na rotina de atendimento clínico e cirúrgico de pequenos animais.
O tratamento das doenças cardíacas pode ser realizado com medicamentos, por meio 
de cirurgias e com ações realizadas pelos proprietários, como dietas e atividades físicas.
29
DOENÇAS CARDÍACAS │ UNIDADE I
Tratamento da insuficiência cardíaca congestiva 
em pequenos animais
O tratamento da insuficiência cardíaca congestiva em pequenos animais raramente leva 
o animal à cura. O objetivo principal é proporcionar melhoria na qualidade de vida do 
animal. Para isso, é preciso tratar os sintomas e assim evitar complicações que possam 
levar o animal ao óbito. 
O tratamento é realizado de forma a controlar e estabilizar os sinais de congestão e 
modular a ativação neuro-humoral excessiva e assim reduzir o trabalho cardíaco. Desta 
forma, o volume e a pressão são aliviados por meio da utilização de um inibidor de 
ECA que age como vasodilatador, e reduz a atividade da aldosterona e dos hormônios 
antidiuréticos.
Inodilatador
Relatos de pesquisar realizadas nos últimos anos têm demonstrado excelentes 
resultados com a utilização do agente pimobendam, cuja ação inotrópica e o efeito 
de vasodilatação, além de propriedades neuromoduladoras e antitrombóticas, têm se 
mostrado muito positivos para o manejo clínico da ICC em pequenos animais. 
O pimobendam propicia um aumento do débito cardíaco, reduz a pós e pré-carga, 
aumenta a contração miocárdica sem que tenha aumento do consumo de oxigênio nem 
de energia do miocárdio. Dois outros fatores positivos da utilização do pimobendam 
estão associados à sua capacidade de diminuir a pressão capilar arterial e pulmonar 
sem que a pressão arterial sistêmica seja alterada.
Diuréticos 
Existem disponíveis no mercado várias opções de diuréticos que podem ser utilizados 
no tratamento da ICC. Eles são indicados no tratamento de pacientes cardiopatas por 
serem capazes de reduzir o volume circulante e combater a retenção de sódio e água. 
São indicados nos casos de edemas, congestões e nas efusões cavitárias. 
Os diuréticos mais utilizados na rotina veterinária para tratar os animais acometidos 
por ICC e cardiopatias de forma geral são a furosemida, a espironolactona e a 
hidroclortiazida. Dentre os três, a furosemida é a mais utilizada tanto para o tratamento 
quanto para a prevenção da ICC. Sua ação ocorre na alça de Henle, a administração pode 
ser feita por via oral ou injetável (intravenosa/subcutânea). Deve ser utilizada levando 
em consideração os possíveis efeitos colaterais que são a desidratação, hipopotassemia 
e hipomagnesiemia.
30
UNIDADE I │ DOENÇAS CARDÍACAS
Outro diurético de ampla utilização é a espironolactonaque é um inibidor competitivo 
da aldosterontem e sua ação ocorre na porção distal dos túbulos contorcidos distais e 
nos ductos coletores. Seu efeito é diretamente dependente do aumento da concentração 
da aldosterona. É vastamente empregada para realizar o bloqueio sequencial do 
néfron em pacientes diagnosticados com ascite refratária. Além disso, apresenta ação 
cardioprotetora, diminuindo o remodelamento cardíaco. Seu uso em felinos deve ser 
criterioso e reservado, pela possibilidade de farmacodermia.
A utilização da hidroclortiazida no tratamento da ICC em pequenos animais também 
é indicada por ela ser um diurético que age nos túbulos contorcidos distais. Seu uso é 
sempre realizado em associação com à furosemida em pacientes que não respondem a 
terapia com o uso de apenas único diurético. Também é bastante indicada no tratamento 
dos pacientes diagnosticados com edema pulmonar refratário por desempenharem 
a ação de bloqueio sequencial do néfron. É um medicamento utilizado na rotina de 
atendimento de cães e gatos. 
Os diuréticos são apenas alguns dos medicamentos que podem ser utilizados na 
terapia de pacientes cardiopatas. Estes devem estar associados ao uso de outros 
medicamentos que tratem de forma eficaz a afecção apresentada pelo paciente. Na 
utilização deste grupo de medicamentos, vale lembrar que é muito importante realizar 
o monitoramento de eletrólitos séricos, creatinina, o grau de hidratação e pressão 
arterial sistêmica do animal.
Quadro 4. Possibilidades terapêuticas.
Diurético Mecanismo de Ação Local de Ação
Dose
(Dependerá da avaliação 
do Médico Veterinário)
Furosemida
Inibe de modo reversível a absorção de sódio, 
potássio e cloro.
Alça de Henle 1 mg/kg a cada 12 horas.
Espironolactona Inibidor competitivo da aldosterona.
Porção distal dos túbulos contorcidos 
distais e ductos coletores.
De 2 a 4 mg/kg/ dia.
Hidroclortiazida
Age diretamente sobre os rins atuando sobre o 
mecanismo de reabsorção de eletrólitos.
Túbulo contorcido distal. De 2 a 4 mg/kg/ dia.
Fonte: Adaptada de <cardiologia.vet.br>. Acesso em: 4/7/2018.
Hipertensão
A hipertensão arterial sistêmica refere-se à elevação constante da pressão sanguínea 
arterial, sistólica, diastólica ou ambas, de acordo com os considerados valores de 
referência para espécie e pode ser classificada como:
31
DOENÇAS CARDÍACAS │ UNIDADE I
 » Primária (idiopática).
 » Secundária.
A classificação secundária é mais comum em cães e gatos, e pode estar associada a 
alguma doença ou condição concomitante.
No caso dos cães, os principais órgãos atingidos pela hipertensão são os olhos, 
rins, cérebro e coração. Mesmo afetando cerca de 1 a 2% dos cães, é uma 
enfermidade perigosa e exige atenção dos tutores e dos médicos veterinários.
As afecções que podem relacionar-se à hipertensão arterial sistêmica incluem:
 » nefropatias;
 » cardiopatias;
 » hiperadrenocorticismo;
 » hipertireoidismo;
 » feocromocitoma;
 » anemia crônica em felinos;
 » dieta com alto teor de sal;
 » diabetes mellitus;
 » hepatopatia; 
 » obesidade. 
A aferição da pressão arterial representa o método mais importante de avaliação do 
sistema cardiovascular, e é influenciada por condições físicas e patológicas. Isso quer 
dizer que os animais que estão em situação de estresse e ansiedade, no ato de aferição 
da pressão arterial, podem apresentar valores inconsistentes de pressão sanguínea. 
Os mecanismos fisiológicos envolvidos na variação da pressão sanguínea são 
determinantes para o clínico, por isso, devem ser estudados, para que se conheça o 
processo dos fármacos e os resultados esperados.
32
UNIDADE I │ DOENÇAS CARDÍACAS
Figura 3. Exame de aferição da pressão arterial feito conforme recomendações do American College of 
Veterinary Medicine Consensus Panel.
Fonte: <http://cardiologia.vet.br/servicos_prestados.html>. Acesso em: 4/7/2018.
O tratamento da hipertensão arterial pode ser classificado como dietético ou 
farmacológico, geralmente baseado em protocolos terapêuticos humanos, sendo que o 
tratamento farmacológico inclui
 » vasodilatadores;
 » bloqueadores de canais de cálcio;
 » β-bloqueadores e diuréticos; 
 » outras drogas.
Existem diferenças nos valores de referência considerados normais para pressão 
arterial em cães e gatos, além das influências de fatores como idade, sexo e raça. 
Os valores de referência podem variar em função da autoria e dos estudos envolvidos, 
tal qual apresentados nos quadros 5 (para cães) e 6 (para gatos).
Quadro 5. Pressão arterial sistólica por método não-invasivo – cães saudáveis.
AUTOR MÉTODO DE AFERIÇÃO PAS (mmHg)
Bodey e Michell (1996) Oscilométrico 131 ± 20
Coulter e Keith (1984) Oscilométrico 144 ± 27
Kallet et al. (1997) Oscilométrico 137 ± 15
Stepien et al. (1999) Oscilométrico 150 ± 20
Meurs et al. (2000) Oscilométrico 136 ± 16
33
DOENÇAS CARDÍACAS │ UNIDADE I
AUTOR MÉTODO DE AFERIÇÃO PAS (mmHg)
Remillard (1991) Oscilométrico 147 ± 28
Chalifoux et al. (1985) Ultrassonografia Doppler 145 ± 23
Stepien et al. (1999) Ultrassonografia Doppler 151 ± 27
Remillard et al. (1991) Ultrassonografia Doppler 150 ± 16
Soares et al. (2010)* Ultrassonografia Doppler 136 ± 21
Soares et al. (2010)** Ultrassonografia Doppler 155 ± 25
Onde PAS = pressão arterial sistólica; *Ambiente doméstico; **Ambiente hospitalar
Fonte: Soares et al. (2010).
Quadro 6. Pressão arterial sistólica por método não-invasivo – gatos saudáveis.
AUTOR MÉTODO DE AFERIÇÃO PAS (mmHg)
Mishina et al. (1998) Oscilométrico 115 ± 10
Bodey et al. (1998) Oscilométrico 139 ± 27
Kobayashi et al. (1990) Ultrassonografia Doppler 118.4 ± 10.6
Sparkers et al. (1999) Ultrassonografia Doppler 162 ± 19
Nelson et al. (2002) Ultrassonografia Doppler 145.5 ± 18.3
Lin et al. (2006) Ultrassonografia Doppler 133.6 ± 16
Onde: PAS = pressão arterial sistólica.
Fonte: Soares et al. (2010).
O tratamento anti-hipertensivo, recomendado para cães e gatos, baseado nos autores 
relacionados nos quadros 5 e 6, é para cães e gatos com pressão sistólica maior que 
200 mmHg ou pressão diastólica acima de 120 mmHg, independente de outros sinais 
clínicos.
Fique atento e veja o estudo de Pellegrino et al. (2010) sobre tensão arterial em 
Golden Retriever.
A hipertensão arterial sistêmica é uma enfermidade que afeta 
tanto cães quanto gatos e apresenta grande importância na 
prática da clínica veterinária. É caracterizada pelo aumento 
sustentado da pressão arterial sistêmica sistólica e/ou diastólica 
e pode levar a consequências deletérias, principalmente em rins, 
coração, olhos e sistema nervoso central. Diferentes estudos já 
foram realizados para a avaliação de técnicas de medida da pressão 
arterial em cães, comparando diferentes técnicas, com animais 
em diversos estados de consciência e em diferentes posições. 
A faixa de normalidade pode variar fisiologicamente nos cães, 
principalmente de acordo com a raça, sexo, idade, temperamento, 
condições patológicas, exercícios e dieta. Sabendo-se que o 
34
UNIDADE I │ DOENÇAS CARDÍACAS
Golden Retriever pode apresentar distrofia muscular canina ligada 
ao cromossomo X e pode desenvolver cardiomiopatia dilatada e 
hipertensão sistêmica, no presente estudo, fez-se a mensuração 
da pressão arterial (por meio de dispositivo de Doppler) em 38 
cães clinicamente sadios da referida raça com o propósito de obter 
parâmetros cardiovasculares que possam servir de referência. 
A partir dos resultados, pôdese concluir que alterações 
significativas no peso corpóreo, principalmente dos três aos seis 
meses de idade, influenciam nos valores de pressão arterial; que 
a pressão arterial sistólica é maior em machos do que em fêmeas; 
e que os valores de pressão arterial são variáveis dentro de uma 
mesma raça canina.
Manejo dietético
O manejo dietético apropriado deve ser fundamentado em fatores específicos de cada 
animal, assim como nas características da doença e apetite do animal (palatabilibidade 
alimentar). A restriçãode sódio, normalmente, é um dos primeiros passos, sendo que 
a alta ingestão de sal tem efeitos adversos, principalmente, em caso de doença renal 
crônica. Por outro lado, o tratamento da doença apenas com dieta hipossódica não é 
indicado, ou seja, esta dieta deve ser associada ao tratamento farmacológico. Neste 
mesmo contexto, a obesidade também pode estar relacionada à doença, sendo indicada 
a perda de peso.
Tratamento farmacológico
O protocolo farmacológico para tratamento vai variar para cada caso, sendo que várias 
classes de fármacos podem ser adotadas contra a hipertensão arterial sistêmica em 
monoterapias ou associações.
Variantes para escolha do protocolo farmacológico:
 » Espécie do animal.
 » Afecção adjacente relacionada (para hipertensão arterial sistêmica 
secundária).
 » Grau de avanço da doença.
 » Resposta individual de cada animal ao tratamento.
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DOENÇAS CARDÍACAS │ UNIDADE I
Inibidores de enzima conversora de angiotensina
Os inibidores de ECA geralmente são recomendados como primeira de agente 
farmacológico para o tratamento de hipertensão arterial sistêmica em medicina 
veterinária, sobretudo para cães. Os efeitos da angiotensina II e seus fragmentos 
provocam queda da pressão arterial. Em medicina veterinária, os fármacos mais 
utilizados são o enalapril e o benazepril, sedo também admitidos: captopril, com baixa 
potência e curta ação; lisinopril; ramipril, com efeito cardioprotetor.
Bloqueadores dos canais de cálcio
Diminuem a concentração de íons livres de cálcios nas células musculares e arteriolares, 
vasodilatando e reduzindo o débito cardíaco, sendo, para esta classe, o besilato de 
amlodipina o principal fármaco. De forma alternativa, o β-bloqueador ou inibidor 
de ECA pode ser adicionado ao tratamento, quando não há resposta adequada com a 
monoterapia com besilato de amlodipina.
Diuréticos
Podem ser benéficos, pois induzem a excreção urinária de sódio e água, diminuindo 
o volume de sangue e o débito cardíaco. Para que sejam eficazes, é preciso que estes 
fármacos sejam associados, não sendo a única forma de terapia. O uso de diuréticos pode 
ser indicado para animais com expansão de volume aparente, por exemplo, hipertensão 
e insuficiência cardíaca congestiva evidentes, sendo combinados a inibidor de ECA. 
Dentre os fármacos utilizados, estão a furosemida, diurético de asa, e hidroclorotiazida, 
diurético tiazídico.
O mecanismo anti-hipertensivo dos diuréticos está relacionado, em uma primeira fase, 
à depleção de volume e, a seguir, à redução da resistência vascular periférica decorrente 
de mecanismos diversos.
São eficazes como monoterapia no tratamento da hipertensão arterial, tendo sido 
comprovada sua eficácia na redução da morbidade e da mortalidade cardiovasculares. 
Como anti-hipertensivos, dá-se preferência aos diuréticos tiazídicos e similares. 
Diuréticos de alça são reservados para situações de hipertensão associada a insuficiências 
renal e cardíaca1.
1 Disponível em: <http://departamentos.cardiol.br/dha/consenso3/capitulo5.asp>. Acesso em: 25 abr 2018.
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UNIDADE I │ DOENÇAS CARDÍACAS
Bloqueadores β-adrenérgico
Podem reduzir a pressão sanguínea pela redução do débito cardíaco e liberação renal 
de renina. Estes fármacos, normalmente, precisam ser associados a outros fármacos 
para o tratamento anti-hipertensivo. Como fármacos desta classe citam-se o atenolol, 
propranolol e carvedilol.
Bloqueadores alfadrenérgicos
Tratam-se de fármacos antagonistas dos receptores adrenérgicos tipo alfa, cujo bloqueio 
causa vasodilatação e consequente taquicardia reflexa, em resposta à queda de pressão 
arterial. Como exemplo de bloqueadores alfadrenérgicos citam-se a Doxazonina, 
Fenoxibenzamina, Fentolamina e Labetalol. 
Bloqueadores dos receptores da angiotensina II
Os fármacos da classe dos bloqueadores dos receptores da angiotensina II (por exemplo, 
candesartan e losartan) têm efeito vasodilatador, visto que possuem elevada afinidade e 
seletividade aos receptores AT1 são utilizados em humanos e com poucas experiências 
veterinárias com resultados satisfatórios quando utilizados em cães hipertenso, com 
efeito anti-hipertensivo e baixa toxidade.
Inibidores da renina
Os inibidores da renina têm como principal representante o alisquireno que bloqueia 
a conversão de angiotensinogênio em angiotensina I, reduzindo a angiotensina II. 
Diferentemente dos inibidores de ECA e dos bloqueadores dos receptores da angiotensina 
II, que estimulam o aumento da atividade da renina plasmática, o alisquireno suprime 
os efeitos da renina e leva a uma redução de sua atividade plasmática.
Quadro 7. Tratamento de hipertensão arterial sistêmica em cães e gatos.
FÁRMACO CLASSE DOSE (CÃES) DOSE (GATOS)
Benazepril Inibidor de ECA 0.25-0.5 mg/kg q12- 24h VO 0.25-0.5 mg/kg q12h-VO
Enalapril Inibidor de ECA 0.5 mg/kg q12 – 24 VO 0.25 – 0.5 mg/kg q24h VO
Lisinopril Inibidor de ECA 0.5 mg/kg q24 VO 0.25 – 0.5 mg/kg q24h VO
Ramipril Inibidor de ECA 0.125 – 0.25 mg/kg q-24h VO -
Captopril Inibidor de ECA 0.5 – 2.0 mg/kg q 8-12h VO 0.5 – 1.25 mg/kg q 12- 24h VO
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DOENÇAS CARDÍACAS │ UNIDADE I
FÁRMACO CLASSE DOSE (CÃES) DOSE (GATOS)
Enalaprilato Inibidor de ECA
0.2 mg/kg q 1 -2h de acordo com a 
necessidade, IV
0.2 mg/kg q 1 – 2h de acordo com 
a necessidade, IV
Besilato de amlodipina Bloqueador de canais de cálcio 0.1 – 0.25 mg/kg q24h VO
0.18 mg/kg ou 0.625 mg/gato 
q24h VO
Prazosina Bloqueador alfadrenérgicos 0.025 – 0.2 mg/kg q8 – 12h VO -
Fenoxibenzamida Bloqueador alfadrenérgicos
0.25 mg/kg q8 – 12h ou 0.5 mg/kg 
q24h VO
2.5 mg/gato q8 -12h ou 0.5 mg/
gato q24h VO
Acepromazina Fenotiazínico
0.05 – 0.1 mg/kg (até um total de 3 
mg) IV
0.05 – 0.1 mg/kg (até um total de 
3 mg) IV
Propanolol Bloqueador Beta adrenérgico 0.2 – 1.0 mg/kg q8h VO 2.5 – 5 mg/gato q8h VO
Atenolol Bloqueador Beta adrenérgico 0.25 – 1.0 mg/kg q12h VO 6,25 – 12.5 mg/gato q12h VO
Espironolactona Diurético 1.0 – 2.0 mg/kg q12h VO 1.0 – 2.0 mg/kg q12h VO
Hidroclorotiazida Diurético 2 – 4 mg/kg q12 – 24h VO 2 – 4 mg/kg q12 – 24h VO
Furosemida Diurético 1 – 4 mg/kg q 8-24h VO 1 – 4 mg/kg q 8-24h VO
Irbesartan
Bloqueador dos receptores da 
angiotensina II
30 – 60 mg/kg q12h VO -
Hidralazina Vasodilatador de ação direta
0.5 – 2.0 mg/kg q12h VO; 0.2 mg/kg 
IV ou IM q 2h
2.5 – 10.0 mg/kg q12h VO; 0.2 
mg/kg IV ou IM q 2h
Nitroprussiato de sódio Vasodilatador de ação direta
0.5 – 1.0 ug/kg/min (inicial), até 5 – 15 
ug/kg/min (IVC)
0.5 – 1.0 ug/kg/min (inicial), até 5 – 
15 ug/kg/min (IVC)
Esmolol Bloqueadores beta adrenérgicos 50 – 75 ug/kg/min (IVC) 50 – 75 ug/kg/min (IVC)
Fentolamina Bloqueadores alfa adrenérgicos
0.02 – 0.1 mg/kg em bolus, 
acompanhado por IVC até fazer efeito
0.02 – 0.1 mg/kg em bolus, 
acompanhado por IVC até fazer efeito
Fonte: Brown et al. (2007); Papich (2009); Ware (2010).
Considerações sobre doenças cardíacas em outros 
pequenos animais
Os gatos sofrem de doenças cardíacas assim como quaisquer outras espécies. 
Entretanto, os gatos são peritos em esconder os sinais de alerta precoce. Seu 
estilo de vida descontraído e seu talento para dormir tendem a mascarar 
sintomas que seriam evidentes em animais mais ativos. Outra dificuldade em 
identificar a doença cardíaca é a semelhança dos sinais com os sintomas de 
doença respiratória ou pulmonar. Sendo assim, é importante estar atento para 
identificar qualquer problema de saúde no gato e levá-los para um veterinário 
o quanto antes.
Leia o artigo completo “Como reconhecer doenças cardíacas felinas?” no link: <https://
pt.wikihow.com/Reconhecer-Doen%C3%A7as-Card%C3%ADacas-Felinas>.
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UNIDADE I │ DOENÇAS CARDÍACAS
Répteis
O coração dos répteis se diferencia do coração dos mamíferos por se constituir por três 
câmaras, sendo a divisão da seguinte forma:
1. átrio direito;
2. átrio esquerdo; 
3. e um único ventrículo. 
Entretanto, fundamentalmente, o coração dos répteis possui cinco câmaras que 
permitem que os sangues arteriais e venosos semisturem. Esta divisão do ventrículo 
permite que os répteis realizem shunts intracardíacos. 
Nos repteis, os shunts têm três funções importantes para a fisiologia cardíaca.
A primeira função está relacionada ao fato de estabilizar a concentração do oxigénio 
sanguíneo, durante as pausas respiratórias. 
A segunda função é a facilitação do aumento da temperatura do corpo do animal, isso 
porque o shunt é um dos responsáveis pelo aumento da circulação sistémica do animal. 
A terceira, e muito importante função do shunt, está associada ao fato de direcionar 
o sangue para longe dos pulmões durante os períodos de apneia, essencial para os 
animais no momento do mergulho. 
É muito importante conhecer os shunts no processo de anestesia e sedação dos 
répteis, visto que eles podem afetar a oxigenação do sangue da circulação sistêmica e a 
metabolização e eliminação dos anestésicos voláteis.
No momento da auscultação dos lagartos, o médico veterinário precisa se atentar à 
variação anatômica que estes animais apresentam. 
A localização do coração nos lagartos varia entre os membros anteriores até a parte 
mais central do corpo do animal. Como exemplo dos que têm o coração localizado entre 
os membros anteriores, podemos citar os iguanas, camaleões, dragões-de-água. Dentre 
os lagartos que têm o coração na região mais central do corpo do animal, podemos citar 
os varanos, tegus e os Tupinambis spp. 
Nas serpentes, o coração normalmente se localiza no entre o terço proximal e o quarto 
proximal do comprimento total do corpo do animal, podendo ocorrer pequenas 
variações. A figura a seguir demonstra de forma esquemática a localização do coração 
de uma serpente. 
39
DOENÇAS CARDÍACAS │ UNIDADE I
Figura 4. Esquema da localização do coração em serpente.
Fonte: <http://www.vevet.com.br/2013/05/anatomia-de-uma-cobra-macho.html>. Acesso em: 4/7/2018.
A localização do coração é influenciada diretamente pelo modo de vida predominante 
do animal. De forma geral, a distância entre a cabeça e o coração é maior nas serpentes 
aquáticas, terrestres e arbóreas, por ordem decrescente. 
A altura do coração nas serpentes pode ser direcionada pela visualização dos 
movimentos das escamas ventrais que é ocasionada pelo batimento do coração do 
animal. A confirmação pode ser alcançada com a utilização do Doppler vascular. 
Nos quelônios, há uma dificuldade muito maior para analisar o batimento cardíaco, 
porque o coração fica localizado dentro da cavidade celómica e está protegido pelos 
ossos da carapaça e plastrão. 
Na área externa, ocorre a união do escudo humeral com o torácico do plastrão. 
Este local é uma boa referência para a sua localização. O médico veterinário, ao examinar 
o animal, precisa ter em mente alguns, fatores como temperatura, tamanho corporal, 
metabolismo, estado respiratório e presença ou ausência de estímulos dolorosos podem 
influenciar frequência cardíaca. 
Uma peculiaridade do sistema cardiovascular dos répteis é a presença do sistema 
porto-renal; nele, o retorno venoso da parte caudal do corpo do animal passa diretamente 
pelos rins. Diante deste fato, o veterinário precisa evitar a administração de medicação 
intramuscular e intravenosa nos membros posteriores.
Anfíbios
As tartarugas possuem a capacidade fisiológica de alterar o fluxo sanguíneo de acordo 
com suas necessidades respiratórias e de temperatura corporal. 
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UNIDADE I │ DOENÇAS CARDÍACAS
Essa modificação é controlada por meio de diferenças da pressão entre o circuito 
pulmonar/sistêmico e a possibilidade de realizar a contenção e liberação do sangue 
remanescente na cava venosa. 
O desvio acontece do lado direito para o lado esquerdo. O sangue oxigenado é desviado 
dos arcos aórticos para a artéria pulmonar, propiciando o aumento do volume de 
sangue oxigenado nos pulmões do animal. Esse desvio ajuda a tartaruga a perder calor 
por meio da diminuição da temperatura do sangue durante a respiração.
Aves
Nas aves, o sistema circulatório é considerado fechado, duplo e completo. Ocorre a 
separação completa entre o sangue venoso e o sangue arterial. O coração é composto 
por quatro câmaras. 
O sangue que corre pela aorta sistêmica sai do ventrículo esquerdo e carreia o sangue 
para a cabeça e corpo, por meio do quarto arco aórtico direito. A circulação é dupla e o 
sangue passa duas vezes pelo coração do animal. 
O sangue venoso derivado dos diversos tecidos do animal chega ao coração do animal 
pelo o átrio direito, enquanto o sangue arterial advindo dos pulmões entra no átrio 
esquerdo. 
Após o enchimento dos átrios, ambos se contraem ao mesmo tempo, e isso bombeia 
o sangue para os respectivos ventrículos (átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo 
e átrio direito para o ventrículo direito). Em seguida, os ventrículos se contraem 
simultaneamente levando o sangue que está no interior deles e bombeando as artérias. 
A artéria pulmonar, que está ligada ao ventrículo direito, conduz o sangue venoso para 
os pulmões, e a artéria aorta conduz o sangue arterial aos tecidos do corpo.
O voo é uma característica da ave que necessita de alta eficiência do coração. Quando 
as comparamos aos mamíferos, o coração das aves possui o batimento muito mais 
acelerado. Aves pequenas, como os bicudos, podem apresentar frequência cardíaca de 
400 a 500 batimentos por minuto (bpm). Já o coração de aves do tamanho de uma 
galinha pode bater 300bpm. Estas variações precisam ser observadas no momento do 
exame físico dos animais.
Roedores
O crescimento da quantidade de roedores escolhidos como animal de estimação no 
Brasil tem sido fator determinante para o aparecimento cada vez maior desses animais 
41
DOENÇAS CARDÍACAS │ UNIDADE I
na rotina de atendimento dos estabelecimentos veterinários. No que se refere ao sistema 
cardiovascular, alguns destes animais apresentam especificidades que precisam ser 
entendidas para que o atendimento clínico seja realizado de forma adequada.
No que se refere às chinchilas, por exemplo, estas podem apresentar murmúrio na 
auscultação cardíaca, muito embora, ainda não se tenha evidências da relação entre 
murmúrios e cardiopatias. Por outro lado, há ocorrência de murmúrio cardíaco 
em chinchila macho, identificado em exame clínico, sendo que ecocardiografia e 
eletrocardiografia revelaram defeito no septo ventricular e regurgitação na tricúspide.
Sobre os hamsters, há casos de trombose atrial, sendo que a maioria das ocorrências 
está relacionada ao átrio esquerdo secundário à falência cardíaca e coagulopatia. 
Nos hamsters mais velhos, como sinais clínicos, podem ocorrer hiperpneia, taquicardia 
e cianose, sendo que se não houver tratamento, em média, estes animais morrem em 
apenas uma semana.
A ocorrência de trombose atrial pode ser influenciada pelo status endócrino do animal, 
com especial atenção à quantidade de andrógeno circulante. A incidência de trombose 
atrial pode estar associada à castração dos hamsters machos.
A cardiomiopatia é uma enfermidade que deve ser considerada em hamsters com idade 
superior a um ano e meio, sendo que podem apresentar:
 » taquipneia;
 » letargia;
 » anorexia;
 » extremidades frias.
No que se refere às desordens circulatórias, em paralelo, podem ocorrer:
 » edema pulmonar; 
 » acúmulo de fluido no tecido intersticial, brônquico e alveolar.
Sobre os coelhos, como podem viver mais de dez anos, há a possibilidade de ocorrência 
de falência cardíaca e arteriosclerose. Os exames de sangue são essenciais para que se 
diferencie patologias cardíacas de processos infecciosos, em conjunto com avaliação 
radiológica e auscultação de sons característicos da doença pulmonar. Em situação 
de ocorrência de edema pulmonar, deve-se realizar tratamento com diuréticos e 
broncodilatadores.
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UNIDADE I │ DOENÇAS CARDÍACAS
Sobre os ferrets, há comum ocorrência de cardiopatias, sendo que os animais 
acometidos, normalmente, apresentam histórico de inapetência, perda de peso, 
dificuldade para locomoção, letargia e fraqueza nos membros superiores.Não é muito 
comum a ocorrência de tosse.
Nos ferrets, há a extensão do coração da sexta costela até a borda caudal sétima ou 
oitava costela. As enfermidades cardíacas nos ferrets podem ser constatadas por meio 
dos exames clínicos, inspeção, auscultação e palpação, quando, demonstram-se: 
 » cianose; 
 » tempo de preenchimento capilar prolongado; 
 » ascite; 
 » hepatomegalia; 
 » esplenomegalia; 
 » distensão ou pulsação da veia jugular.
Outros sinais ao exame clínico:
 » hipotermia;
 » depressão;
 » desidratação;
 » fraqueza nos membros posteriores;
 » fraqueza generalizada.
Nos casos sintomáticos ou assintomáticos, o diagnóstico é obtido por meio da 
associação dos dados de:
 » histórico clínico;
 » exame físico.
 » radiografia torácica;
 » eletrocardiografia;
 » ecocardiografia;
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DOENÇAS CARDÍACAS │ UNIDADE I
 » exames complementares, tais como:
 › hemograma completo;
 › bioquímica sanguínea;
 › teste para microfilárias;
 › toracocentese; 
 › abdominocentese com análise de fluido.
As alterações cardíacas mais comuns nos ferrets são: 
 » cardiomiopatia dilatada;
 » cardiomiopatia hipertrófica;
 » alteração valvular;
 » miocardite;
 » doença congênita;
 » neoplasia; 
 » dirofilariose.
Os ferrets mais idosos também podem apresentar insulinoma, linfoma e tumor em 
adrenal. O tratamento para estes animais, quando acometidos por enfermidade cardíaca 
segue o mesmo protocolo adotado para cães e gatos.
Quer saber mais sobre a cardiologia em felinos? Leia o texto a seguir, escrito por 
Alice Albuquerque (2011).
A cardiologia em felinos é uma área desafiadora. É preciso bastante experiência 
e conhecimento para realizar um bom exame físico e detectar os sintomas. 
Os gatos apresentam peculiaridades que os diferenciam dos cães nos exames, 
como uma maior frequência cardíaca e um coração menor.
Os felinos podem apresentar uma série de doenças cardíacas, com início agudo, 
caracterizado por dificuldade respiratória, tosse e inapetência, ou com sintomas 
aparecendo lentamente, sendo muitas vezes a doença cardíaca diagnosticada 
em exames de rotina.
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UNIDADE I │ DOENÇAS CARDÍACAS
As doenças do sistema cardiovascular podem ser congênitas (o animal já 
nasce com elas) ou adquiridas, e acometem animais de qualquer idade. 
A cardiomiopatia hipertrófica (CMH) é a doença cardiovascular com maior 
frequência em felinos e ela é definida pela hipertrofia não dilatada do ventrículo 
esquerdo, na ausência de outra doença cardíaca. A sua causa é desconhecida e 
acredita-se que, tal como em humanos, tenha base genética. A CMH acomete 
com maior frequência machos jovens e de meia idade, mas pode também ser 
diagnosticada em animais com menos de um ano. Gatos domésticos de pelo 
curto apresentam maior incidência, seguidos pelos maine coons e persas.
Manifestações clínicas
Os sinais clínicos mais comuns são falta de apetite, relutância em se mover, 
dificuldade respiratória, desmaios e paresia dos membros posteriores (diminuição 
da sensibilidade e ausência da atividade motora dos membros traseiros) devido 
a trombos. 
Muitos gatos estão normais e são diagnosticados com batimentos irregulares ou 
sopro durante o exame físico de rotina.
Diagnóstico diferencial
Hipertireoidismo e hipertensão podem causar hipertrofia do ventrículo 
esquerdo, portanto, essas doenças devem ser descartadas antes de se fechar o 
diagnóstico de CMH.
Referência: ALBUQUERQUE, A. Gatos doentes do coração. Disponível em: <http://tudogato.
blogspot.com.br/2011/05/cmh-gatos-doentes-do-coracao-dia-de.html>.
Neste capítulo, estudamos as principais manifestações clínicas da doença 
cardíaca. Dentre elas, podemos relacionar:
 » arritmias;
 » insuficiência cardíaca; 
 » hipertensão.
Especificamente à insuficiência cardíaca, trouxemos suas classificações e 
fisiopatologia. No que concerne às suas manifestações clínicas, há de se 
considerar:
 » tosse;
 » taquipneia, dispneia e ortopneia;
45
DOENÇAS CARDÍACAS │ UNIDADE I
 » dispneia paroxística noturna;
 » intolerância ao exercício e fadiga;
 » edema e congestão pulmonar;
 » sintomas gastrointestinais;
 » cianose;
 » ascite, efusão pleural e edema periférico; 
 » sons de golope.
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CAPÍTULO 2
Verme do coração
Dirofilariose
A dirofilariose é uma doença que tem ganhado grande atenção por parte 
de profissionais que atuam na clínica de pequenos animais. Esse fato está 
relacionado à elevada prevalência e ao ritmo alarmante de aumento de casos 
em várias partes do Brasil. Outros fatores preocupantes são a gravidade da 
patologia da doença e seu grande potencial zoonótico. Em alguns casos, os 
animais desenvolvem a Síndrome da Veia Cava (SVC). Por que isso acontece? 
A dirofilariose é uma doença parasitária que acomete o cão e o gato em ambientes 
urbanos e rurais e é conhecida popularmente como doença do verme do coração e 
tem ganhado a atenção de veterinários de todo o Brasil em decorrência do aumento 
da quantidade de casos. A doença tem implicações cardiológicas e pulmonares tendo 
como etiológico Dirofilaria immitis. É uma doença que acomete animais domésticos e 
silvestres sendo os cães considerados os hospedeiros naturais e principais reservatórios 
da doença. Outros mamíferos, dentre eles o homem, também podem se infectar com o 
parasita o que a torna uma zoonose. De distribuição cosmopolita, o parasita Dirofilaria 
immitis tem maior prevalência em cidades do litoral com climas mais quentes. 
A transmissão da doença ocorre por meio da picada de vários tipos de mosquitos nos 
hospedeiros intermediários carreadores das formas infectantes de microfilárias que 
penetram o tecido muscular e subcutâneo dos animais domésticos e ao entrarem na 
corrente sanguínea atingem o coração acometendo o ventrículo direito e as artérias 
pulmonares. Ocasionalmente, podem acometer também a veia cava caudal, veia 
hepática e veias coronárias, em um período de aproximadamente três meses após o 
momento da infecção, se transformam em vermes adultos. O quadro a seguir apresenta 
a classificação filogenética dos parasitas.
Quadro 8. Classificação filogenética dos parasitas.
Agente etiológico: Dirofilaria immitis
Superfamília: Filarioidea
Família: Onchocercidae (Leiper, 1911)
Subfamília: Dirofilariinae (Sandground, 1921)
Gênero: Dirofilaria (Raillet; Henry, 1911)
Espécie: Dirofilaria immitis (Leidy, 1856) Raillet; Henry, 1991)
Fonte: Anderson e Baun (1976).
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DOENÇAS CARDÍACAS │ UNIDADE I
Ciclo de desenvolvimento da dirofilariose
O ciclo de vida da Dirofilaria immitis se inicia no momento em que os mosquitos dos 
gêneros Aedes spp, Culex spp, Anopheles spp. dentre outros, no repasto sanguíneo, 
se alimentam de um animal que esteja infectado pelo parasita da dirofilariose no qual 
circulam microfilárias. Após a ingestão, os parasitas se desenvolvem nos túbulos de 
Malpighi, músculos torácicos, ou no tecido adiposo. A figura a seguir ilustra o ciclo 
biológico da Dirofilariose Canina.
Figura 5. Ciclo biológico da Dirofilariose Canina.
Fonte: Cicarino (2009).
O estágio larval L3 é a forma em que o mosquito transmite os parasitas para o hospedeiro 
definitivo por meio da sua picada. Após a picada do mosquito, as larvas migram para 
o tecido subcutâneo e seguem em direção ao tórax por meio da corrente sanguínea. 
Neste momento, as formas larvais L3 se desenvolvem para L4. Após aproximadamente 
50 a 60 dias as larvas passando para o estágio L5. Nesse estágio, são conhecidas como 
adultos imaturos. Já instalados no coração do cão, os vermes adultos podem chegar a 
medir 20 centímetros de comprimento e causar severos danos cardíacos e pulmonares 
na vida do anima.
Você sabia que as alterações climáticas que estão acontecendo no mundo de 
forma desordenada podem contribuir para o avanço dos casos de dirofilariose 
no Brasil e em outras partes do mundo? O artigo de Alho et al. (2014) pode nos 
ajudar a entender esse fenômeno. Veja:
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UNIDADE I │ DOENÇAS CARDÍACAS
Tendo em conta que temperaturas mais elevadas

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