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Relatório de geotecnia - analise de taludes

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA – UNIR
NÚCLEO DE TECNOLOGIA - NT
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ENGENHARIA CIVIL – DECIV
Acquila Blanche Bastos Martins da Silva
Anderson Batista de Carvalho
Pheterson Hammond Silva dos Santos
RELATÓRIO DE TALUDES
PORTO VELHO
2022
ACQUILA BLANCHE BASTOS MARTINS DA SILVA (201820974)
ANDERSON BATISTA DE CARVALHO (201820745)
PHETERSON HAMMOND SILVA DOS SANTOS (201820612)
RELATÓRIO DE TALUDES
Trabalho apresentado no curso de Engenharia Civil da Universidade Federal de Rondônia para obtenção de nota na disciplina de Geotecnia Aplicada (DAE00422).
Docente: Prof. Lara Batista Ferreira Pereira
PORTO VELHO
2022
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Tipos de movimentos	10
Figura 2 Seção transversal do Morro da Caneleira	14
Figura 3 - Forças atuantes em um talude	15
Figura 4 - Forças atuantes em uma fatia de solo	17
Figura 5 - Localização da voçoroca	18
Figura 6 - Divisão dos taludes, com o talude escolhido em destaque	18
Figura 7 - Forças atuantes em uma fatia de solo	19
Figura 8 - Inclinação do talude e ângulos de atrito	21
Figura 9 - Fatias do talude	21
Figura 10 - Ângulos de inclinação das fatias	22
Figura 11 - Fator de segurança para o método de Fellenius (solo não saturado)	24
Figura 12 - Fator de segurança para o método de Fellenius (solo saturado)	24
Figura 13 - Fator de segurança para o método do talude infinito (solo não saturado superficial)	25
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Classificação dos movimentos	8
Tabela 2 - Tipos de contenção	12
Tabela 3 - Geometria do talude estudado	19
Tabela 4 - Classificação do solo superficial	19
Tabela 5 - Classificação do solo profundo	20
Tabela 6 - Altura das fatias	22
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO	6
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA	8
2.1 TIPOLOGIA DOS MOVIMENTOS DE MASSAS	8
2.2 FATORES CONDICIONANTES E DESENCADEADORES DE INSTABILIDADE	11
2.3 TIPOS DE CONTENÇÃO DE TALUDES	12
3 METODOLOGIA	14
3.1 MÉTODOS DE ANÁLISE DE ESTABILIDADE	14
3.2 CASO ESTUDADO	17
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES	24
5 CONCLUSÃO	27
REFERÊNCIAS	28
1 INTRODUÇÃO
	Em decorrência da intensificação da ação antrópica sobre os meios naturais, tanto por exploração quanto por ocupação, e com uma população que segue crescendo exponencialmente, resultando assim em uma urbanização acelerada e descontrolada, lugares irregulares acabam sendo ocupados sem nenhum tipo de planejamento, causando a mudança da geometria das encostas (ALDEANO, 2014).
Em tempos chuvosos é comum que haja o noticiamento de tragédias causadas pelo deslizamento de taludes/massas devido à instabilidade causada pela elevação do nível do lençol freático, que altera as tensões e pressões no solo (FERREIRA, 2012); esses deslizamentos, quando em locais urbanos, podem acarretar em vítimas fatais. Além disso, os acidentes podem isolar cidades do abastecimento de água, de energia elétrica e até mesmo de acesso, como o ocorrido em Dores de Guanhães, em 10 de janeiro de 2022 (G1, 2022).
	Entretanto, esses acidentes não ocorrem somente pela ocupação de lugares irregulares com moradias, uma vez que a implementação de taludes em obras de Engenharia Civil é de extrema importância em vários setores da economia (SANTANA, 2014). Deve-se destacar a ocorrência de colapsos de taludes de contenção de rejeitos de mineração, de barragens para reservatórios, proteção de estradas, entre outros.
Desta forma, para que sejam evitados esses desastres, são realizadas análises da estabilidade dos taludes e feitas classificações de acordo com o coeficiente de segurança (FS). A análise de estabilidade pode ser realizada através de variados métodos, dentre eles têm-se: talude infinito, Culmann, Fellenius, Bishop, entre outros.
Grande parte dos métodos de estudo de estabilidade de taludes são baseados na Teoria de Equilíbrio Limite, onde a estabilidade é determinada considerando o equilíbrio, resolvendo a indeterminação estática de cada caso. Se a análise de estabilidade indicar qualquer perigo de deslizamento, os órgãos responsáveis devem ser acionados para desocupação do local. Em outros casos recorre-se à estabilização desses maciços, que podem ocorrer de maneiras diversas e muitas vezes conjuntas (DER-SP, 1991).
Assim, o trabalho em questão tem por objetivo analisar a estabilidade de um talude, e os efeitos sob os quais este está, através da replicação da análise dos resultados por meio do Método de Talude Infinito e do Método de Fellenius, respaldando-se na consulta de manuais técnicos e estudos de casos.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Um talude pode ser definido como uma superfície inclinada que delimita um maciço rochoso ou terroso, e irá servir de suporte para o maciço o qual limita. Sendo assim, deve ser devidamente dimensionado e caracterizado (RODRIGUES, 2014).
Essa caracterização do maciço permite sua classificação de acordo com inclinação, comprimento e materiais dispostos no talude, podendo então serem calculados os valores de estabilidade, de forma a tornar possível prever os tipos de movimentos de massa que podem ocorrer (GONÇALVES, 2016).
Dyminski (2010), ressalta a importância do mapeamento e monitoramento de áreas que se encontram em situação de vulnerabilidade, mais suscetíveis às movimentações, seja por meio de mapas, satélites ou evidências de movimento.
2.1 TIPOLOGIA DOS MOVIMENTOS DE MASSAS
Segundo Filho e Virgili (1998 apud JÚNIOR, 2005) as classificações das movimentações de massa são baseadas nos seguintes critérios: 
· Velocidade, direção e recorrência dos deslocamentos;
· Natureza do material instabilizado;
· Textura, estrutura e conteúdo de água dos materiais;
· Geometria das massas movimentadas;
· Modalidade de deformação do movimento.
	É possível analisar a organização dessa classificação na tabela 1, apresentada a seguir.
Tabela 1 - Classificação dos movimentos
	Tipos de Movimento
	Tipo de Material
	
	Rochoso
	Solos Grosseiros
	Solos Finos
	Quedas
	Queda de blocos
	Queda de detritos
	Queda de terras
	Tombamentos
	Tombamento de blocos
	Tombamento de detritos
	Tombamento de terras
	Deslizamentos
	Rotacionais
	Deslizamento de blocos
	Deslizamento de terras
	
	Translacionais
	
	
	Expansões Laterais
	Expansão de blocos
	Expansão de detritos
	Expansão de terras
	Fluxo
	Fluxo de blocos
	Fluxo de detritos
	Fluxo de terras
	Complexos
	Combinação de dois ou mais dos movimentos mencionados
Fonte: Adaptado de Aldeano (2014).
Varnes (1978), descreve o quão amplo o termo “escorregamento de terra” (landslide) é, e então elucida todos os tipos de movimentos que esse termo abrange da seguinte forma:
A queda (Figura 1 - A) corresponde à queda livre, por rolamento ou saltação de blocos de rocha ou solo, em decorrência da descontinuidade pré-existente, em escarpas, falésias ou vertentes muito inclinadas, com movimentos rápidos e extremamente rápidos, variando de 0,3 m/min a 3 m/s. Ocorre devido às características de resistências diferentes entre camadas, acondicionado pela gravidade, ação da erosão e pela presença de águas intersticiais.
Tombamentos (Figura 1 - B) tem origem na ação de forças que impulsionam painéis de rocha para o exterior do maciço, esses destaques ocorrem devido a existência de falhas/descontinuidades, favorecendo a entrada de água que favorece ao surgimento de pressões hidrostáticas elevadas e à diferença entre as resistências dos materiais, induzindo um esforço de tração na zona menos dúctil, cedendo progressivamente da base ao apoio dos blocos. Em geral são movimentos extremamente lentos e extremamente rápidos, variando de 60 mm/ano a 3 m/s, acelerando ao longo do deslocamento.
Deslizamentos (Figura 1 - C1 e C2) ocorrem devido ao desequilíbrio de forças ao longo da superfície, fazendo com que as forças atuantes sejam superiores às de resistência. Se destacam pelo aparecimento de fendas na superfície original ao longo de onde o deslizamento se formará. Atinge velocidades variadas entre rápidas e lentas, 0,3 m/min a 1,5 m/ano. Se dividem em deslizamentos rotacionais ou translacionais, resultante do tipo de geometria que o escorregamento gerará.
O deslizamentorotacional, comum em solos homogêneos ocorrem ao longo de superfícies de deslocamento curvas em que a massa se movimenta em relação ao eixo acima do centro de gravidade, assim como mostra a Figura 1 - C1. Apresentam velocidade moderadamente rápidas a rápidas, 1,5 m/mês a 0,3 m/min.
Já o deslocamento translacional, ocorre segundo as superfícies de fragilidade planas que coincidem com as superfícies de estratificação ou de falhas. É caracterizado também por dar-se em materiais com grande deformação, e abrange subunidades independentes, representada pela Figura 1 - C2.
Expansões laterais (Figura 1 - D), são extremamente lentas, apresentando uma velocidade de 60 mm/ano, extensões laterais acomodadas por fraturas de cisalhamento ou tração. Se caracterizam por se encontrar sobre material de alta plasticidade, que possibilita a subsidência dos blocos superiores, comum em locais onde o substrato rochoso é predominante. Podendo ser resultados de movimentos como rotação, translação ou liquefação.
	E por fim, os fluxos (Figura 1 - E), em geral muito rápidos com velocidade de 1,5 m/dia a 0,3 m/min, constituído por solo e fragmentos de rocha. Se origina na queda da resistência dos materiais formadores da cobertura do talude, podendo ser desencadeada por abalos sísmicos. O material comporta-se como fluido, se deformando, sem apresentar superfície de rotura definida. A água é o principal agente causador dessa estabilização, diminuindo a coesão entre as partículas e aumentando a saturação do material.
	A Figura 1, a seguir, apresenta a ilustração de todos os tipos de movimentos de massas supracitados.
Figura 1 - Tipos de movimentos
A: Queda de blocos; B: Tombamentos; C1:Deslizamento rotacional; C2: Deslizamento translacional; D: Expansão lateral; E: Fluxo de terras.
Fonte: Varnes, 1978.
2.2 FATORES CONDICIONANTES E DESENCADEADORES DE INSTABILIDADE
Ainda de acordo com Varnes (1978), a instabilidade ocorre pelo acúmulo de fatores diversos em um determinado tempo. Desta forma destacam-se dois fatores: os condicionantes e os desencadeantes. Os condicionantes são ligados fortemente às propriedades das vertentes, e os desencadeantes provocam alterações rápidas na relação entre as forças resistentes e estabilizadoras, através de eventos que ocorrem externo ao maciço, logo não se relacionam com as propriedades do mesmo (ALDEANO, 2014).
De fatores condicionantes têm-se:
Condições geológicas, que dependem das propriedades dos materiais que constituem o talude, como granulometria, composição, teor de água e permeabilidade, e em casos de maciços rochosos também se observa o grau de fraturação, descontinuidades e grau de alteração.
Condições geomecânicas, que resultam do modo como os grãos interagem entre si e sua composição, ângulos de atrito interno e coesão, além de depender do estado de tensão do maciço, fazendo uso do método de Mohr-Coulomb, muito utilizado também na resistência dos materiais na Engenharia Civil.
Condições hidráulicas, que são diretamente influenciadas pelo nível freático, além de depender da topografia e permeabilidade que, como visto anteriormente, depende da formação da estrutura do talude.
Condições geomorfológicas, que apresentam grande importância no acondicionamento de instabilidades, uma vez que não dependem somente da inclinação do talude, como também da taxa de infiltração e percolação que exerce influência sobre o clima da região do maciço, condicionando a processos como erosão e meteorização.
A presença de vegetação pode afetar a estabilidade tanto pela diminuição da velocidade de impacto das chuvas diretamente na superfície do talude e da quantidade de água que infiltra e permanece no solo, em decorrência da evapotranspiração e absorção dessa água, bem como na influência que as raízes realizam nos efeitos mecânicos.
Os processos físicos, são então um resultado dos condicionantes anteriores, gerando a meteorização, acarretando no transporte das partículas para a base das vertentes, constituindo em uma massa instável.
Já os fatores desencadeantes, serão:
Condições climatológicas extremas, como precipitações intensas em um curto período ou mesmo de menor intensidade em um prazo mais prolongado. Uma vez que a saturação leva à diminuição da coesão do maciço.
A alteração do nível de água, sendo o aumento ou a diminuição súbita do nível, e em solos que apresentam baixa permeabilidade tendem a desenvolver pressões elevadas, diminuindo assim sua resistência.
A ocorrência de sismos, a depender da magnitude e distância, pode ocasionar na movimentação de massas, uma vez que geram ondas que podem alterar o estado de tensão que antes se encontrava em equilíbrio.
E por fim, tem-se a ação antrópica, podendo esta ser a alteração da geometria de um maciço até mesmo a ocupação deste, reduzindo a resistência e aumentando a tensão de corte.
2.3 TIPOS DE CONTENÇÃO DE TALUDES
Visto os exemplos de movimentação de terra e os fatores que a acarretam, busca-se então a estabilidade daquele talude para que tais movimentações não ocorram. A estabilização consiste na aplicação de técnicas e métodos que permitam a estabilidade de taludes que sejam constatados como instáveis através das técnicas de análise.
Existem diversas técnicas de estabilização, sendo assim, deve-se buscar a melhor solução para cada caso, de maneira a aliar segurança com a economia. As obras de estabilização podem ter sua classificação dividida em grupos e subgrupos. A divisão é apresentada na tabela abaixo.
Tabela 2 - Tipos de contenção
	Grupos
	Subgrupos
	Obras sem estrutura de contenção
	Retaludamento
	Cortes
	
	
	Aterro compactado
	
	Proteção superficial
	Materiais naturais
	
	
	Materiais artificiais
	
	Estabilização de blocos
	Retenção
	
	
	Remoção
	Obras com estrutura de contenção
	Muro de arrimo
	Solo cimento
	
	
	Pedra rachão
	
	
	Concreto
	
	
	Gabião
	
	
	Bloco de concreto articulado
	
	
	Solo-pneu
	
	Outras soluções de contenção
	Terra armada
	
	
	Micro ancoragem
	
	
	Solo compactado e reforçado
	Obras de proteção para massas movimentadas
	Contenção de massas movimentadas
	Materiais naturais
	
	
	Materiais artificiais
Fonte: Adaptado de Defesa Civil do ES, 2020.
3 METODOLOGIA
3.1 MÉTODOS DE ANÁLISE DE ESTABILIDADE 
Como mencionado anteriormente, existem diversos métodos de análise de estabilidade, que diferem em decorrência das características do talude em questão., e se baseiam na hipótese de haver equilíbrio em uma massa de solo que se encontra sob a ameaça de entrar em situação de escorregamento. O que justifica sua denominação geral ser “métodos de equilíbrio-limite" (MASSAD, 2003).
Desta forma, para a realização deste trabalho foram utilizados dois métodos de análise do talude escolhido: o método de talude infinito e o de Fellenius.
Consoante à Massad (2003), o método do talude infinito é aplicado àqueles de longos comprimentos e com camadas consistentes e de espessura muito menor do que o comprimento do talude e em geral apresenta ruptura translacional.
A exemplo de escorregamento que se encaixa nessa descrição, tem-se o escorregamento do Morro da Caneleira, ocorrido em Santos, em maio de 1956, com o fator desencadeador principal a intensa pluviosidade. A ruptura é do tipo planar, como mostra a figura 3, apresentando linha crítica localizada no contato solo-terreno firme (Massad, 2003).
Figura 2 Seção transversal do Morro da Caneleira
Fonte: Massad apud Vargas e Pinchler (1957).
É um método amplamente utilizado e em diferentes situações, uma vez que se fundamenta em um conjunto de simplificações que afirmam que os empuxos das laterais das lamelas se equivalem e anulam.	
Figura 3 - Forças atuantes em um talude
Legenda: i - inclinação; σv - tensão vertical devido ao peso; σn e σs - componentes normal e tangencial de σv; E1 e E2 - forças que atuam nas faces laterais do prisma; Rp - força de reação a força peso; 𝜏 - resistência ao cisalhamento.Eq. 1
Fonte: Fiori e Carmignani (2009).
De acordo com Massad (2003), o fator de segurança é a razão entre a tensão resistente e a tensão desenvolvida (Equação 1), para essacondição de equilíbrio aplica-se o seguinte cálculo de FS:
Então, ao se desenvolver os valores de tensão resistente e tensão desenvolvida, para solo não saturado, obtém-se:Eq. 2
Onde:
c’: Coesão efetiva do solo; 
’: Ângulo de atrito efetivo do solo; 
𝛾: Peso específico do solo;
H: Altura do talude;
β: ângulo formado entre o talude e a vertical na base da fatia.
Para os casos onde o talude a ser calculado encontra-se sob o nível d’água, ou seja, saturado, o cálculo do fator de segurança se dará a partir da equação a seguir:Eq. 3
Onde:
c’: Coesão efetiva do solo; 
’: Ângulo de atrito efetivo do solo; 
𝛾: Peso específico do solo;
: Peso específico do solo submerso;
: Peso específico do solo saturado;
β: ângulo formado entre o talude e a vertical na base da fatia.
	Já o método de Fellenius é feito por meio de uma equação linear, sendo as forças de interação entre fatias consideradas paralelas à base da fatia, permitindo dispensá-las no cálculo, entretanto, tal simplificação não é verdadeira na prática. O método de Fellenius foi criado inicialmente para estudar solos saturados, tendo seu uso ampliado para as demais situações. O método pode ser aplicado por meio da equação apresentada a seguir.Eq. 4
Onde:
FS: Fator de segurança;
U: poropressão média na base da fatia; 
c’: coesão efetiva do solo; 
’: ângulo de atrito efetivo do solo; 
W: peso total da fatia de largura b;
L: Largura da fatia;
Α: Ângulo entre a vertical e a força normal atuante na base da fatia.
As forças aplicadas em uma fatia do solo, consideradas na equação 4, são apresentadas na figura 4.
Figura 4 - Forças atuantes em uma fatia de solo
Fonte: Ferreira, 2012.
	O método de Fellenius é considerado por alguns escritores (Whitman e Bayley, 1967; Massad, 2003) um método que, em decorrência da utilização das pressões neutras, pode acarretar em erros, uma vez que esta é composta por forças paralelas às normais à base da lamela. Ou seja, quanto maior a pressão neutra, maior a diferença em relação a outros métodos mais rigorosos.
3.2 CASO ESTUDADO	
O trabalho em questão se baseará na aplicação de métodos de análise de estabilização de taludes, sendo o estudo de caso escolhido a partir da monografia denominada “Análise da Estabilidade de Taludes da Voçoroca do Parque Cesamar, Palmas - TO”, escrita por Gustavo dos Santos Tavares, em 2019. Apresentada no curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Tocantins - Campus Universitário de Palmas.
	Em seu estudo, Tavares (2019) analisa o processo erosivo das margens do córrego Brejo Comprido, localizado na cidade de Palmas-TO, nos limites do parque Cesamar, como mostra a figura 5.
Figura 5 - Localização da voçoroca
Fonte: Tavares, 2019.
O autor ainda divide a área de estudo em 30 taludes no total ao longo da voçoroca, que apresenta 720 m de comprimento. Entretanto, para este trabalho as análises a serem aplicadas serão focadas apenas para o talude de nº 6 (Figura 6).
Figura 6 - Divisão dos taludes, com o talude escolhido em destaque
Fonte: Adaptado de Tavares, 2019.
	Para a análise do solo do talude, Tavares (2019), divide-o em dois: solo superficial e solo profundo, conforme mostra a figura 7.
Figura 7 - Forças atuantes em uma fatia de solo
Fonte: Tavares, 2019.
A geometria do talude estudado é apresentada na tabela 3.
Tabela 3 - Geometria do talude estudado
	Extensão (m)
	Altura 1 (m)
	Altura 2 (m)
	Altura 3 (m)
	Altura média (m)
	10,987
	6,623
	6,807
	7,543
	6,99
Fonte: Adaptado de Tavares, 2019.
A caracterização dos solos superficial e profundo do talude, realizada de acordo com as normativas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) pelo autor, são apresentadas nas tabelas 4 e 5, respectivamente.
Tabela 4 - Classificação do solo superficial
	Pedregulho
	21,9%
	Areia (total)
	33,9%
	Areia fina
	7,2%
	Areia média
	10,6%
	Areia grossa
	16,1%
	Silte
	38,3%
	Argila
	6%
Fonte: Tavares, 2019.
Tabela 5 - Classificação do solo profundo
	Pedregulho
	6,2%
	Areia (total)
	39,8%
	Areia fina
	18%
	Areia média
	13%
	Areia grossa
	8,8%
	Silte
	16,2%
	Argila
	28,7%
Fonte: Tavares, 2019.
O material retirado do solo superficial apresentou uma massa específica real dos grãos de 2,83 g/cm³, umidade higroscópica de cerca de 3%, além de um peso específico natural de 16,10 kN/m³.
Enquanto que o material do solo profundo apresentou massa específica real dos grãos de 2,72 g/cm³, umidade higroscópica de cerca de 1,34% inferior ao do solo superficial. O peso específico natural foi de 17,18 kN/m³.
O autor não apresenta o peso específico do solo saturado, portanto fez-se uso de outra fonte de pesquisa, uma vez que para a aplicação do método do Talude Infinito este dado se faz necessário. Bitar (2018), fez a análise de solo em local próximo ao do estudo de caso em questão o que valida o valor utilizado, desta forma o valor do peso específico adotado para cálculo foi de 24,13 kN/m³.
Para o solo superficial, devido a grande quantidade de finos no solo e a baixa presença de argila considerou-se a coesão deste como c = 0. Conforme a tabela 14 de Das (2011), para o solo em questão, com predominância de silte, o ângulo de atrito é de = 26º (valor característico para siltes).
	A partir do ensaio de cisalhamento direto, a coesão para o solo profundo foi definida como sendo de c = 71 kPa e o ângulo de atrito obtido foi de = 34º.
	 Com base no modelo de talude adotado por Tavares (2019) foi elaborado no software AutoCAD a divisão de fatias e definição de características geométricas do talude. A metade superior foi considerada com as características do solo superficial, enquanto que a metade inferior com as características obtidas para o solo profundo.
A figura 8 apresenta a inclinação do talude e os ângulos de atrito considerados.
Figura 8 - Inclinação do talude e ângulos de atrito
Fonte: Os autores, 2022.
	As fatias foram divididas a cada metro, obtendo-se 10 fatias, conforme mostrado na figura 9.
Figura 9 - Fatias do talude
Fonte: Os autores, 2022.
Então, a partir do centro de cada fatia, foram obtidos os ângulos de inclinação em relação a vertical (α), mostrados na figura 10.
Figura 10 - Ângulos de inclinação das fatias
Fonte: Os autores, 2022.
	Ainda por meio da ferramenta AutoCAD, foram obtidas as alturas de cada fatia. Estas são apresentadas na tabela 6.
Tabela 6 - Altura das fatias
	Nº fatia
	Altura (m)
	1
	1,26
	2
	2,22
	3
	2,99
	4
	3,68
	5
	4,59
	6
	5,31
	7
	4,5
	8
	3,57
	9
	2,53
	10
	1,4
Fonte: Os autores, 2022.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
	Com os dados obtidos, montou-se uma planilha de cálculo. Para o método de Fellenius, considerando o solo não saturado, obteve-se o valor de um Fator de Segurança de 2,092. Conforme mostra a figura 11.
Figura 11 - Fator de segurança para o método de Fellenius (solo não saturado)
Fonte: Os autores, 2022.
	O valor apresentado classifica o talude descrito como estável. Entretanto, quando calculado considerando o solo completamente saturado, obteve-se um valor de 1,419, que classifica o talude como tendo estabilidade incerta.
Figura 12 - Fator de segurança para o método de Fellenius (solo saturado)
Fonte: Os autores, 2022.
O método do talude infinito é utilizado para taludes de extensão e espessura muito grande e pressupõe uma continuidade do talude. Este não é o caso, considerando-se ainda que o estudo divide o talude em dois, com solos com características distintas.
Ainda assim, este foi aplicado utilizando-se os dados obtidos para o solo superficial. O fator de segurança, considerando o solo superficial não saturado, obtido é apresentado abaixo.
Figura 13 - Fator de segurança para o método do talude infinito (solo não saturado superficial)
Fonte: Os autores, 2022.
 E para o solo superficial saturado, cujo o fator de segurança encontrado foi de 0,210, como apresentado na Figura 14, a seguir.
Figura 14 - Fator de segurança para o método do talude infinito (solo saturado superficial)
Fonte: Os autores, 2022.
Como explicado anteriormente, foi realizada a mesma operação para o solo profundo não saturado, alterando-se os valoresde ângulo de atrito e coesão do solo. O valor do coeficiente de segurança é exposto na Figura 15
Figura 15 - Fator de segurança para o método do talude infinito (solo não saturado profundo)
Fonte: Os autores, 2022.
Foi realizado o mesmo processo para o solo profundo saturado e encontrou-se o fator de segurança de 0,291, como apresentado na Figura 16.
Figura 16 - Fator de segurança para o método do talude infinito (solo saturado profundo)
Fonte: Os autores, 2022.
5 CONCLUSÃO
Diante dos dados obtidos, é possível observar uma grande diferença entre os resultados obtidos por meio do método de Fellenius e o método do talude infinito. Isso se dá ao fato de o método do talude infinito não ser recomendado para a aplicação utilizada. Além disso, para os cálculos, neste método, foram utilizados os dados de caracterização do solo obtidos tanto para o solo superficial como para o profundo. Entretanto os resultados obtidos demonstram certa coerência entre si, uma vez que o solo superficial apresenta um solo menos coeso do que o solo das camadas mais profundas do talude.
Tais fatores, aliados às simplificações inerentes à fórmula utilizada, trazem uma menor confiança aos dados obtidos através da aplicação do método de talude infinito.
Os resultados obtidos por meio de Fellenius foram considerados razoáveis. Tavares (2019), obteve um Fator de segurança de 3,47, para o mesmo talude, em situação não saturada, e através do mesmo método, porém, através da utilização do software SLOPE/W, específicos para tal. Sendo então constatada uma diferença de quase 40% nos resultados obtidos para esse caso em relação ao trabalho aqui apresentado.
Desta forma, conclui-se que através do método de Fellenius o talude em analise se encontra em zona estável, entretanto, para as duas diferentes análises realizadas com o método do Talude Infinito, o talude apresenta instabilidade
Outro ponto possível observar foi a grande interferência da água na estabilidade do talude, de modo matemático. Para o método de Fellenius, por exemplo, o talude se tornou instável quando se considerou o nível do lençol freático no mesmo nível que a crista do talude (solo saturado), apresentando uma queda de 32% no coeficiente de segurança. Já para o método do Talude Infinito a queda do mesmo coeficiente foi de 41% quando comparado solo não saturado e solo saturado. Isso ocorre devido a alteração da coesão e do peso específico do solo causado pela água. Tal fato justifica a ocorrência de deslizamentos de encostas que se mantiveram estáveis por vários anos, de maneira repentina, devido uma chuva.
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REFERÊNCIAS
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