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Unidade II GESTÃO EM NEGÓCIOS GASTRONÔMICOS Profa. Dra. Heloisa Helena Propósito da unidade Entender a cadeia de suprimentos, a importância da gestão de estoques, do fornecimento e da entrega de mercadorias. Saber como um gerenciamento de oferta e demanda bem estruturado pode auxiliar o empreendedor a comprar, negociar, criar o fluxo de compra, produção e venda que resulte em lucro e não em perdas. Compreender a importância de se estabelecer processos por meio das fichas técnicas, do cálculo de rendimento e perda de ingredientes nas preparações, para que possamos direcionar nossos ganhos e nossos objetivos. Um pouco de logística Falar de logística é falar de processos que auxiliam organizações a agregar e criar valor para o cliente, seja por um serviço superior, seja por custos operacionais reduzidos. Em uma empresa voltada para produtos alimentícios, isso pode significar o lucro ou o prejuízo, porque o transporte dos alimentos, se mal executado, faz com que a mercadoria não tenha o grau de excelência necessário para que os pratos sejam executados dentro dos padrões estabelecidos. Para alguns autores, logística vem do francês logistique, que significa a arte do planejamento e realização simultânea. Para outros, deriva da palavra grega logistikos, que significa raciocínio matemático, planejamento e precisão. Um pouco de logística Independente do sentido, a logística surgiu nas guerras, quando era necessário planejar o armazenamento e a distribuição de munição, roupas, alimentos, remédios e água. Mas qual a diferença entre logística e distribuição? Fornecedor Produção Cliente Suprimentos Distribuição Logística reversa Outra confusão Estocagem e armazenagem não significam a mesma coisa. O conceito de armazenagem diz respeito à ação ou ao efeito de armazenar (guardar em armazéns), produtos e mercadorias já prontos. Dessa maneira, com a armazenagem criamos um fluxo de mercadorias que servirá para facilitar a distribuição dos produtos, antes de chegarem ao consumidor final. Já os estoques dizem respeito à guarda das matérias-primas. Atividades logísticas Na estrutura logística existem quatro atividades que podem conferir diferenciação do produto: Produção. Gestão de estoques. Armazenagem. Distribuição física e transferência. Antes da Revolução Industrial Depois da Revolução Industrial – produção empurrada Produção Produção A produção de qualquer produto é responsável por cerca de 30% de seu custo; então, as empresas começaram a pensar em um outro modelo de produção em que o estoque seria muito menor e chegaram ao modelo de produção puxada. Procura-se diminuir os estoques e os custos de produção por meio de um manejo mais racional da matéria-prima. Isso significa que os insumos necessários para a execução de determinado prato só chegam ao estabelecimento quase que na hora de serem utilizados ou no dia que serão usados. Fonte: https://pixabay.com/pt/economia- or%C3%A7amento-investimento- 2789112/ Gestão de estoques É por meio do conhecimento do estoque que podemos determinar o volume de compras necessário para podermos efetivar os pratos do nosso cardápio, dentro de padrões estabelecidos para o negócio. Temos que ter em mente que produtos alimentícios tem, na maioria das vezes, uma vida útil muito pequena quando in natura e isso pode aumentar a nossa responsabilidade sobre a gestão do estoque. Inventários quase que diários devem ser executados para que haja um controle rígido das possibilidades de execução do cardápio. O controle de estoque deve fazer parte da rotina de trabalho do empreendedor gastronômico porque ele significa perda ou ganho de dinheiro. Estoque parado, dinheiro perdido. Sistema ABC de estoques É preciso saber quanto cada matéria-prima contribui para o estoque; então, vamos utilizar a Curva ABC ou Sistema ABC que consiste em estabelecermos uma classificação dos materiais, de acordo com o valor do estoque e das compras. A. Materiais ou ingredientes de maior valor com quantidade reduzida; B. Materiais ou ingredientes de valor relativamente elevado; C. Materiais de quantidade elevada e de custo reduzido. A partir dessa classificação, serão tomadas as providências específicas para cada grupo. Ficha de controle de estoque Fonte: CÂNDIDO, 2003 in Cândido, 2010, p. 264 Controle de salão ou área de vendas Cândido apresenta uma maneira simples de fazer o controle. Por meio de um formulário, poderemos apurar diariamente “a posição do estoque (E) do produto, do material ou da bebida, acrescentando-se ao estoque do dia anterior a quantidade recebida (R) e deduzindo-se as saídas, consumos ou vendas (V)” (CÂNDIDO, 2010, p. 258). Data Produto E R V Total Interatividade Quando estamos nos referindo à logística reversa, estamos falando dos produtos que: a) Saíram do fornecedor e chegaram ao local de manipulação. b) Saíram do local de manipulação e chegaram ao varejista. c) Saíram do local de manipulação e chegaram ao distribuidor. d) Saíram do local de manipulação e chegaram ao consumidor final. e) Saíram do consumidor final e voltaram para a empresa fabricante. Resposta Quando estamos nos referindo à logística reversa, estamos falando dos produtos que: a) Saíram do fornecedor e chegaram ao local de manipulação. b) Saíram do local de manipulação e chegaram ao varejista. c) Saíram do local de manipulação e chegaram ao distribuidor. d) Saíram do local de manipulação e chegaram ao consumidor final. e) Saíram do consumidor final e voltaram para a empresa fabricante. Espaço de estocagem e armazenagem Percival Maricato também nos alerta que: “Perecíveis e não perecíveis, alimentos e bebidas devem ser estocados o mais separadamente possível. Também deve-se ter cuidado com a estocagem de produtos que exalam ou absorvem odores: água sanitária, cebola, sabão, queijos. Utensílios. Louças, equipamentos, tecidos, material de limpeza, de escritório, bebidas, devem estar separados e acompanhados de fichas de estoque. Mercadorias vencidas devem ser retiradas, e as que têm prazos próximos de vencimento ou de perda de qualidade devem ter seus limites de validade lembrados ao gerente ou ao chef. Poderão ser utilizadas num eventual ‘prato do dia’” (MARICATO, 2010, p. 102). Espaço de estocagem e armazenagem Lembre-se também de que os espaços de estoque e armazenagem devem ser corretamente higienizados, estar adequados às normas estabelecidas pelos órgãos competentes. Além disso, precisam ser fechados, corretamente arejados com telas de proteção ou ventilação. No setor de estocagem só deverão permanecer os produtos relacionados ao setor, para que não haja contaminação cruzada e outros possíveis problemas. Fonte: https://pixabay.com/pt/loja- prateleiras-retalho-mercado-2209526/ Inventários e balanços É necessário inventariar todos os materiais, insumos e produtos pré-cozidos ou já prontos para que tenhamos um olhar geral sobre o que temos “dentro de casa”. Esse levantamento abrange o estoque físico e são contadas todas as peças que o local tem, seja para cozinhar, montar os pratos, servir ou preparar o salão para receber os clientes. Tudo deve ser contato, do material de limpeza aos estoques de temperos, insumos e armazenagem de pratos já pré-cozidos. Isso permite que façamos ajustes ao vislumbrar que determinados produtos estão em falta e outros se encontram em excesso, podendo haver inclusive perda de mercadoria. Ainda sobre inventários O inventário serve também para os acertos contábeis de todas as perdas que foram acontecendo no transcorrer do mês, como o vencimento de produtos, a substituição de outros, a perda por excesso de compras etc. Só diante de um bom inventário é que conseguimos planejar corretamente nossas compras, escolher nossos fornecedores eter efetivamente o controle do nosso negócio. Por isso é importante utilizarmos planilhas que classificam todos os materiais em grupos de classes como: A planilha Uma tabela similar a esta deverá ser feita para os materiais de higiene e limpeza, manutenção e conservação, materiais de escritório e funcionamento (como bobinas das máquinas de cartão) e materiais diversos. É importante termos conhecimento de tudo o que há dentro do nosso estabelecimento, de luvas a panelas. Fonte: a autora Custo do estoque É preciso valorar o estoque. Existem diversos critérios para isso, mas a maioria das empresas utiliza a média ponderada dos preços de compra. Para o cálculo do custo médio, temos que somar o valor do estoque anterior com a última compra, dividindo pelo número de itens encontrados. Por exemplo: No último inventário, nós tínhamos 50 quilos de cebola a um custo médio de R$ 2,50 o quilo. Totalizando um valor de estoque de cebolas de R$ 125,00. Houve no mês novas entradas de cebolas. Compramos 320 quilos a um custo médio de R$ 3,00 o quilo. Totalizando R$ 960,00. Custo do estoque Cálculo do custo médio: Soma dos valores totais dividido pelas unidades totais. Soma das unidades = 50 kg + 320 kg = 370 kg. Soma dos custos totais = R$ 1.085,00. Custo médio = R$ 1.085,00 R$ 2,932432 370 O custo médio do nosso estoque é de R$ 2,94 o quilo de cebolas. Custo do estoque Vamos a mais um exemplo? No último inventário, nós tínhamos 96 taças de vinho tinto a um custo médio de R$ 14,00 a taça. Valor total do estoque: R$ 1.344,00. Foram adquiridas 15 novas taças para reposição, a um custo de R$ 18,00 a taça. Valor total da aquisição: R$ 270,00. Armazenagem A armazenagem compreende quatro atividades básicas que são o recebimento, a estocagem, a administração dos pedidos e as entregas. As duas primeiras dizem respeito ao que denominados entrada e as duas últimas pertencem ao processo chamado de saída. Fonte: a autora Distribuição física e transferência Esse talvez seja o item de maior impacto quando falamos de levar a mercadoria até nosso cliente final, porque, além do transporte ter um peso muito grande no custo de distribuição de um produto, muitas vezes é o único elo real entre a sua organização e o cliente, que fez a solicitação do pedido pelo telefone ou pela internet. Pense em uma pizzaria. O cliente pede a pizza por telefone e aguarda que a empresa entregue em sua casa ou no trabalho. Quem vai entregar a pizza é o representante do negócio na casa do cliente, então é preciso cuidado com a aparência, a educação. Fonte: https://pixabay.com/pt/pizza-italiano-comer-pizza-maker-1216737/ Interatividade Como se apresentava o processo produtivo antes da Revolução Industrial? a) Demanda, produção e entrega. b) Demanda, criação de demanda e venda. c) Criação do produto, venda e entrega. d) Produção, criação de demanda e entrega. e) Produção, venda e reversão. Resposta Como se apresentava o processo produtivo antes da Revolução Industrial? a) Demanda, produção e entrega. b) Demanda, criação de demanda e venda. c) Criação do produto, venda e entrega. d) Produção, criação de demanda e entrega. e) Produção, venda e reversão. Modalidades de transporte ou modais São cinco as modalidades de transporte: rodoviário, ferroviário, aéreo, aquaviário e dutoviário. Modal rodoviário: é o principal modal utilizado. Aqui, quase todos os produtos manufaturados utilizam esse modal. “[...] o transporte rodoviário compete com o aéreo nas pequenas cargas e com o ferroviário nas grandes. Para distâncias de até 300 km, o transporte rodoviário compete com o aéreo e, para cargas de até 25 toneladas, com o ferroviário” (ARBACHE et al, 2007, p. 68). Fonte: https://cdn.pixabay.com/photo/2017/0 4/02/17/24/long-cargo-truck- 2196355_960_720.png Modal ferroviário Esse é um modal indicado para grandes distâncias, porém um de seus gargalos é o processo de carregamento/ descarregamento. Hoje, no Brasil, segundo a Confederação Nacional do Transporte, CNT, esse modal responde por 20% da produção nacional, o que é insignificante dado seu custo mais baixo. Fonte: https://pixabay.com/pt/paketzug-trem-de- carga-2773843/ Modal aéreo O grande diferencial desse tipo de modal é a velocidade, embora o custo seja, muitas vezes, proibitivo. Outro ponto a favor é a capacidade de transportar objetos de alto valor com maior segurança. Para termos uma noção do potencial desse modal, a Oxford Economics fez um levantamento para o Grupo de Ação do Transporte Aéreo (ATAG) que mostrou um dado surpreendente: 35% do valor do comércio global passa por porões de aviões no mundo. Parece muito não é? Mas estamos falando somente de 5% do volume da carga mundial, o que, portanto, indica um alto valor agregado do material transportado. Modal aquaviário O transporte aquaviário está dividido entre: O marítimo. O hidroviário. O primeiro diz respeito ao transporte em mar e o segundo, ao transporte em rio. rios. Esse tipo de modal é especialmente indicado para que se façam movimentações volumosas e pesadas. Fonte: https://pixabay.com/pt/solit%C3%A1rio- sentimento-aguarde-3062045/ Modal dutoviário Quando estamos falando de transporte dutoviário, estamos nos referindo a mercadorias bastante específicas como gás natural, minérios, água, grãos, petróleo e seus derivados. A otimização das operações de transporte inclui a utilização conjunta de vários tipos de modais. Fonte: https://pixabay.com/pt/linha-de- %C3%A1gua-press%C3%A3o-oleoduto-tubo- 509870/ Compras Podemos afirmar que o departamento de compras pode ser a diferença entre o seu lucro e o seu prejuízo, ainda mais quando estamos falando de gêneros alimentícios que são altamente perecíveis, principalmente quando in natura. Mas como determinar as quantidades e as datas em que os produtos deverão ser comprados? Por meio de uma cuidadosa análise de demanda e de um planejamento cuidadoso. Compras Para Walker e Lundberg, existe um ciclo de compras que deve ser respeitado: Fonte: a autora Compras A partir da especificação técnica, que deve ser pormenorizada, é feita a análise no estoque. Serão, então, escolhidos os melhores fornecedores para aquele tipo de produto. Selecionado o fornecedor, é feito o pedido e aguarda-se o recebimento. Os alimentos mais utilizados situam-se perto da porta e os demais, nos cantos e nas prateleiras mais distantes (WALKER e LUNDBERG, 2003, p. 217). Compras – PEPS É importante estabelecermos o processo do PEPS ou, mais especificamente, “o primeiro que entra, o primeiro que sai”. Isso quer dizer que os produtos que acabaram de chegar deverão ir para o fundo da prateleira e os que se encontravam no estoque, devem vir para a frente da prateleira a fim de seremconsumidos primeiro. Esse sistema evita perdas por vencimento ou deterioração e deve ser utilizado tanto no depósito de secos quanto nas câmaras frigoríficas e refrigeradas. Toda vez que um produto sair de um dos locais de armazenamento ou estocagem, devemos anotar em uma planilha específica de contagem diária, o que facilita a visualização do que temos em estoque e do que precisamos adquirir. Quando comprar? Precisamos calcular o estoque de segurança para que possamos evitar as rupturas no cardápio. A maneira mais usual de calcularmos a quantidade para compor nosso estoque de segurança é estabelecermos o maior atraso possível do fornecedor para a entrega e, a partir daí, mantermos um estoque que será equivalente ao consumo desse produto até o fornecedor entregar. Como: O meu fornecedor de grãos, principalmente feijões, já chegou a atrasar três dias na entrega. O consumo médio de feijão vermelho no meu restaurante é de 10 quilos diários no almoço. Vou precisar ter no meu estoque, pelo menos, 50 kg de feijão vermelho porque 10 estarão em uso e os outros 40 kg irão cobrir o eventual atraso. Programando as compras Para que possamos ter nas mãos o planejamento das compras e as entregas efetivas, estabelecidas de forma periódica e antecipada, é necessário conhecermos muito o cardápio e também a estimativa de consumo. Fonte: https://pixabay.com/pt/italiano- alimentos-p%C3%A3o-jantar-93237/ Fonte: https://pixabay.com/pt/alimentos-macarr%C3%A3o- refei%C3%A7%C3%A3o-cozinha-2243370/ Controlando a qualidade Segundo Cândido, é preciso ter consciência e cuidado quanto a origem dos produtos, seu manuseio, transporte e armazenagem, isso porque diversos produtos, como os perecíveis, precisam ser transportados em condições específicas, em carros refrigerados ou frigorificados, para que mantenham a qualidade dos produtos (CÂNDIDO, 2010, p. 246-247). É importante seguir as condições de temperatura para a manutenção dos alimentos e dos insumos: Produtos Temperatura Alimentos cozidos de 4 oC a 7 oC Carnes de 0 oC a 4 oC Frutas de 4 oC a 7 oC Laticínios e ovos de 4 oC a 8 oC Verduras e legumes de 7 oC a 10 oC Interatividade Qual é o modal que deve ser utilizado quando queremos transportar carga muito pesada e volumosa? a) Modal aéreo. b) Modal rodoviário. c) Modal aquaviário. d) Modal dutoviário. e) Junção entre modal dutoviário e rodoviário. Resposta Qual é o modal que deve ser utilizado quando queremos transportar carga muito pesada e volumosa? a) Modal aéreo. b) Modal rodoviário. c) Modal aquaviário. d) Modal dutoviário. e) Junção entre modal dutoviário e rodoviário. Formulários do departamento de compras O comprador precisa ter controle total dos preços de diversos fornecedores, para que não fique “na mão” de nenhum. Quem tem somente um fornecedor de determinado produto, não tem nenhum. Por isso é preciso manter um controle grande sobre preços de fornecedores, denominado por diversos autores como mapa de concorrência. Esse mapa deve apresentar a descrição do material, insumo ou serviço, trazer endereços, telefones, e-mails, as pessoas que foram contatadas e as condições de venda de cada um dos fornecedores, o custo do frete, as embalagens, prazo de entrega, descontos, condições de pagamento e faturamento mínimo. Levantamento de preços Fonte: CÂNDIDO 2003, in CÂNDIDO 2010, p. 264 Custos A diferença entre gastos, custos e despesas. Quando estamos falando de gasto, estamos nos referindo a tudo, absolutamente tudo o que é desembolsado para que o negócio ande. Se o desembolso significar gastos para a produção, estamos falando de custos. Se os gastos forem relativos à administração ou à venda de produtos, estamos falando de despesas. Fonte: https://pixabay.com/pt/moedas- calculadora-or%C3%A7amento-1015125/ Custos e gastos Para a produção = CUSTOS GASTOS Se referem a tudo que é desembolsado Para concluir vendas = DESPESAS Embora existam várias formas para analisarmos custos e despesas, Braga nos traz que eles precisam ser observados sob a ótica: da relevância; da diretibilidade; da variabilidade. Custos e gastos Relevância: precisamos nos ater aos custos que têm relevância efetiva. Diretibilidade: ela nos mostra se os custos, e somente eles, são diretos ou indiretos. Variabilidade: identifica se os custos são fixos, variáveis ou semivariáveis, e isso é bem fácil de nós percebermos e entendermos: Por despesas fixas entende-se todos os gastos efetuados pela empresa, independente do volume de vendas: salários, aluguel, vale-transporte. As despesas variáveis são aquelas que os gastos ocorrem dependendo da venda dos produtos. Custos Temos, ainda, os custos ou as despesas semivariáveis. Isso significa que são despesas ou custos que apresentam uma parte fixa e uma variável, como o salário dos garçons, que são funcionários comissionados. Salário base que é fixo Salário = + A comissão que varia de acordo com as vendas Rateio Existem várias formas de se custear produtos, mas vamos falar dos pertinentes para a gastronomia: Custeio por absorção. Custeio direto ou variável. Custeio por absorção: utiliza todos os gastos envolvidos, fixos ou variáveis, para compor os custos dos produtos e isso pode nos levar a distorções. Escolhemos, então, uma grandeza como base, como a potência da energia elétrica. SETOR POTÊNCIA (HP) Horas médias trabalhadas/dia Produção 55 12 Salão do restaurante 20 8 Administração 5 8 Fonte: a autora Rateio Vamos pensar que a conta de luz foi de R$ 2.000,00. Existe uma potência total que é a somatória das potências instaladas por setor. 55 + 20 + 5 = 80 80 (HP) é a nossa potência total, instalada no estabelecimento. A taxa de rateio é o valor da conta de luz, dividida pela potência total instalada. R$ 2.000,00 = R$ 25,00 R$/ HP 80 Podemos, então, afirmar que o custo por HP instalado é de R$ 25,00. SETOR POTÊNCIA (HP) Horas médias trabalhadas/dia Produção 55 12 Salão do restaurante 20 8 Administração 5 8 Rateio Vamos agora verificar qual é o custo de energia elétrica por setor? Sabemos que a produção tem 55 HPs instalados, a um custo de R$ 25,00 por HP; que o salão tem 20 HPs instalados e que a administração tem 5 HPs instalados, certo? Então vamos entender o rateio monetário de cada setor? Produção R$ 25,00 x 55 = R$ 1.375,00 Salão R$ 25,00 x 20 = R$ 500,00 Administração R$ 25,00 x 5 = R$ 125,00 Rateio pelas horas trabalhadas Vamos agora calcular a potência instalada pelas horas trabalhadas? Produção: Temos 55 HP de potência x 12 horas trabalhadas = 660 HP por hora. Salão: Temos 20 HP de potência x 8 horas trabalhadas = 160 HP por hora. Administração: Temos 5 HP de potência x 8 horas trabalhadas = 40 HP por hora. Total: 860 HP por hora Rateio pelas horas trabalhadas R$ 2.000,00 Taxa de rateio = = 2,3255 HP/hora 860 HP/hora Vamos ver como ficam os custos por setor? Arredondei o custo de HP/hora para 2,33. Se sobrar algo, podemos fazer uma “caixinha” de eventualidades. Produção: 2,33 x 660 = R$ 1.537,80 Salão: 2,33 x 160 = R$ 372,80 Administração: 2,33 x 40 = R$ 93,20 Total = R$ 2.003,80 Margem de contribuição O cálculo da margem de contribuição é importante para identificarmos com quanto cada produto pode contribuir,para cobrir os custos e as despesas fixas do empreendimento e, claro, para a geração de lucro, considerado aqui antes do desconto do Imposto de Renda (IR), ou seja, o lucro bruto. A margem de contribuição (MC) de um produto ou serviço é o valor que resta depois dos descontos, do faturamento do produto ou serviço, todos os custos diretos para produzi-lo e todas as despesas variáveis da venda (BRAGA, 2012, p. 37). Margem de contribuição Você fabrica um tipo de torta com massa filo que só você faz na sua cidade, sendo esse produto um verdadeiro sucesso. O custo variável de produção é de R$ 2,50 e o preço de venda R$ 7,00. As despesas variáveis somam R$ 0,42 ou 6% da sua venda. Se suas despesas fixas mensais totalizam R$ 3.000,00, quais são a margem de contribuição e o ponto de equilíbrio do produto? Custo unitário variável de produção = todos os insumos + embalagem + rateio das despesas fixas Preço de venda = R$ 7,00 Custo unitário variável da produção = R$ 2,50 Despesa variável de venda (por unidade) = R$ 0,42 Margem de contribuição e ponto de equilíbrio E o ponto de equilíbrio? Esse conceito é importante para sabermos o volume mínimo de produção para que o restaurante passe a dar lucro, ou seja, quando todos os custos fixos são pagos. Ponto de equilíbrio = custo fixo dividido pela margem de contribuição. R$ 5.000,00 Custo fixo = = Vamos precisar vender R$ 4,08 1.226 unid. Veja que a partir da venda de 1.226 tortas, teremos atingido o ponto de equilíbrio e tudo o que vendermos a mais será lucro. É a partir desse processo que conseguimos montar nosso cardápio e, portanto, o mix de vendas com maior segurança, dando ênfase aos pratos que mais contribuem para a nossa lucratividade. Interatividade Embora existam diversas formas para analisarmos custos e despesas, Braga nos traz que eles precisam ser observados sob a ótica da: a) Realidade, transparência e estruturação. b) Relevância, diretibilidade e variabilidade. c) Realidade, transparência e diretibilidade. d) Relevância, transparência e diretibilidade. e) Diretibilidade, transparência e estruturação. Resposta Embora existam diversas formas para analisarmos custos e despesas, Braga nos traz que eles precisam ser observados sob a ótica da: a) Realidade, transparência e estruturação. b) Relevância, diretibilidade e variabilidade. c) Realidade, transparência e diretibilidade. d) Relevância, transparência e diretibilidade. e) Diretibilidade, transparência e estruturação. ATÉ A PRÓXIMA!
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