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1 Pediatria I @emanuellycardoso Doença pelo EGB no RN Doença pelo Estreptococo do grupo B no RN Estreptococo hemolítico do grupo = Streptococcus agalactie = coco gram-positivo mais frequentemente associado com morte neonatal precoce (particularmente RN prematuros) INTRODUÇÃO • Realização de triagem universal em todas as gestantes com IG entre 35-37 semanas = identificar colonizações vaginal + retal • Profilaxia com antibióticos intraparto (AIP) = gestantes colonizadas → exceção aquelas de cesárea eletiva + sem trabalho de parto + sem ruptura de membranas amnióticas → quando a triagem pré-natal não realizada/ desconhecida no momento do parto + indicação conforme fatores de risco EPIDEMIOLOGIA • Patógenos divididos em 11 sorotipos: Ia + Ib + Ia/c + II + III + IV + V + VI + VII + VIII + IX → em função de seus antígenos polissacarídeos capsulares • 5 sorotipos mais frequentes = Ia + Ib + II + III + V → sorotipo III = 50% dos ECG associados a infeção neonatal com evolução mais grave • Sorotipo V = associado a bacteremia + forma tardia da infecção (→ bacteremia) + sem tropismo para SNC + frequência ↑ a medida que ↓ a prevalência do sorotipo II • BR = V + Ia + III + Ib + IV ETIOPATOGENIA • ECG = presente na flora dos tratos: gastrointestinal + vaginal + urinário → raro faringe + pele • Trato digestório baixo → bactéria coloniza os genitais → trato urinário é menos frequente • Colonização vaginal é intermitente + anorretal mais constante • Aderência do ECG a superfície mucosa = evento inicial da colonização → aderência eficiente as células do epitélio vaginal + por via ascendente as membranas amnióticas • Colonização dos tratos digestório baixo e vaginal = 15-25% (BR) → na gestação pode ser crônica + transitória + intermitente • Gestantes + parceiros = colonizados com o mesmo sorotipo do EGB → pode ocorrer nova infecção sexualmente transmitida por outro sorotipo (colonização materna transitória e intermitente) • Bacteriúria pelo EGB na urina em 2-7% das gestantes = marcador de colonização “pesada” do trato genital pelo EGB → associado a colonização do TGI + risco ↑ de sepse neonatal de início precoce • Gestante que recebem ATB para tratar a bacteriúria pelo EGB durante a gestação = não eliminam dos tratos genital e gastrointestinal + podem ser recolonizadas • Algumas mulheres com bacteriúria pelo EGB durante o 1º trimestre podem não ter colonização positiva genital e anal com 35-37 semanas de IG ou no momento do parto → bacteriúria materna durante a gravidez = FR → indicado profilaxia com ATB intraparto • Morbidade materna significativa: abortamento e perda fetal no 2º e 3º trimestre de gestação + parto prematuro + ruptura prematura de membranas + ruptura prolongada de membranas + cistite + ITU + pielonefrite + amnionite + bacteremia + febre intra e pós-parto + endometrite + endocardite • Correlação = níveis baixos de anticorpos maternos contra o EGB (< 2mg/ml) + suscetibilidade do RN a doença invasiva • Transferência passiva de anticorpos maternos antipolissicarídeos capsulares = proteção ao RN → indicador de risco de infecção • RN prematuro = maior risco de apresentar doença invasiva → IgG materna passa pela placenta nas últimas 8 semanas • Aquisição da infecção neonatal = intraútero (via hematogênica) + deglutição do LA infectado • Deglutição do LA infectado horas ou dias antes do parto = infecção precoce → sintomatologia presente nas primeiras 6h de vida + sinais clínicos de sepse e bacteremia • Disseminação ascendente = membranas amnióticas rotas da gestante colonizada ou durante a passagem pelo canal de parto → risco do RN adquirir a infecção é diretamente relacionado ao número absoluto de micro-organismos presentes no canal de parto durante o nascimento → via de infecção mais frequente + sinais e sintomas presentes nas primeiras 24h, sendo eles: − Apneia + desconforto respiratório + ↑ necessidade de O2 e suporte ventilatório + problemas do TGI + letargia + hipotonia + acidose metabólica + alterações térmicas + hipoglicemia + hipotensão • Raro = contaminação horizontal + ocorrência na unidade neonatal média e longa permanência entre RN colonizados e não colonizados através do contato das mãos dos funcionários • Sepse neonatal precoce = ausência de anticorpos maternos específicos contra o polissacarídeo capsular do EGB + outros fatores: deficiência do complemento + da função dos neutrófilos + da imunidade de modo geral (prematuros) • Na ausência de AIP = ≅ 50% dos RN de mães colonizadas carreiam o EGB ao nascimento → 1-2% apresentam doença invasiva FATORES DE RISCO (colonização materna + infecção neonatal precoce) • Filho anterior com doença invasiva neonatal pelo EGB • Primigesta jovem (< 20 anos) • Raça negra ou indígena • Bacteriúria assintomática ou ITU pelo EGB durante a gestação • Colonização materna intensa e virulência da cepa • Colonização materna durante o trabalho de parto • Baixos títulos de anticorpos maternos para EGB • Ruptura de membranas > 18h • Corioamnionite • Temperatura intraparto > 38ºC • TP prematuro (colonização vaginal com alto inóculo bacteriano durante a gestação desencadeia PP) • Baixo peso ao nascer • Gravidez múltiplas: 1º gêmeo tem maior risco de infecção ascendente • Gestantes submetidas à circlagem ou outro procedimento invasivo na gestação • Bacteremia materna pós-parto FATORES QUE ↓ RISCO DE DOENÇA INVASIVA PRECOCE • Maior maturidade fetal • Baixo inóculo bacteriano • Menor grau de virulência da cepa 2 Pediatria I @emanuellycardoso Doença pelo EGB no RN QUADRO CLÍNICO 3 formas = precoce + tardia + doença de início muito tardio Forma precoce • Mais frequente = 80% + primeiros 7 dias de vida • Fator determinante = transmissão vertical por via ascendente, durante o TP ou nascimento • FR = ausentes em 30% dos casos • Manifestações clínicas = semelhantes a qualquer sepse precoce de outra etiologia • Evolução rápida com bacteremia + sepse + pneumonia + meningite • Sintomas logo após o nascimento → desconforto respiratório precoce + necessidade crescente de O2 → QC semelhante a DMH • Sinais clínicos de sepse = apneia + DR precoce + hipotensão + acidose metabólica + neutropenia = 25-40% dos casos → evolução para choque séptico nas primeiras 24h de vida • Meningite em 5-15% dos casos + evolução para óbito 3-10% ocorre no 2º dia de vida • Infecção mais frequente nos filhos de primigestas + FR maternos mais prevalente é o parto prematuro Forma tardia • Apresenta-se do 7º ao 89º dia de vida • Manifesta-se como: meningite (30-40%) + bacteremia sem foco aparente (40%) + artrite séptica (5-10%) + raro onfalite e osteomielite • Transmissão: horizontal ou nosocomial + raro vertical • Cepas mais frequentes: III + Ia + V • Sinais e sintomas mais frequentes: febre + irritabilidade + letargia + taquipneia + recusa alimentar + apneia + hipotensão + convulsão + evolução rápida para choque • Artrite séptica + osteomielite + onfalite = outras manifestações de doença tardia • Forma muito tardia • Quadro sistêmico ou localizado • RNPT de muito baixo peso + imunologicamente imaturos + internados por longos períodos nas unidades neonatais e suscetíveis à colonização através das membranas mucosas ou RN com doenças imunológicas de base (incluindo HIV) • Sinais e sintomas: bacteremia sem ou com foco aparente + artrite séptica + osteomielite + abscesso cerebral + endocardite + adenite + Traqueíte + celulite + conjuntivite + infecção no local de inserção do cateter ou relacionadas aos cateteres • Outras manifestações clínicas da doença perinatal pelo EGB = impetigo + otite média + mastoidite + onfalite + Traqueíte + conjuntivite + celulite + artrite séptica + etmoidite + peritonite + empiema + abscesso adrenal consequente a hemorragia suprarrenal + abscesso cerebral + endocardite + pericardite• Recorrência da infecção pelo EGB = ocorre em 0,5-3% dos casos + sinais podem desenvolver-se durante o TTO do episódio inicial ou em um intervalo que varia de 3 dias a 3 meses após o término da terapia − Considerar que a terapia antimicrobiana falhou em eliminar a colonização das mucosas ou a exposição comunitária ou hospitalar resultou em nova colonização por outra cepa do EGB, com subsequente invasão da corrente sanguínea − Esse 2º episódio responde ao TTO com penicilina ou ampicilina – duração prolongada, de acordo com a clínica • Reinfecção = consequência de reinvasão dos locais colonizados da membrana mucosa + exposições repetidas aos carreadores colonizados DIAGNÓSTICO • Infecção neonatal precoce: história da mãe + AIP adequada + avaliação clínica + exames laboratoriais (hemograma + PCR + culturas de sangue/ líquor/ urina/ secreção traqueal/ secreção faríngea) • Culturas devem ser colhidas ao nascimento ou RN com < 12h de vida • Bacterióscopo do exame do aspirado gástrico + detecção do antígeno capsular do EGB no sangue/urina/líquor • PCR: sangue + urina • Teste rápido = teste de aglutinação do látex + CAMP test • Detecção do antígeno bacteriano pela técnica de aglutinação com partículas de látex: diagnóstico rápido + fácil execução + resultados antes das culturas + vários fluídos corporais → sensibilidade na urina é melhor, obtida por punção suprapúbica + carga antigênica alta = probabilidade do teste ser positivo é 2x maior + alta taxa de falsos-positivos + resultados correlacionados com a clínica • Proteína C reativa ou IL-6: podem não estar ↑ ao nascimento + dosagens seriadas a cada 12-24h (↑ na presença de sepse) • Esfregaço de aspirado gástrico: inespecífica + presença de mais de 5 leucócitos por campo sugerem infecção bacteriana + correlação entre islomaneto de cocos gram-positivos no aspirado gástrico obtido até 1h após nascimento com pneumonia ou sepse por EGB • Bacterioscópio e cultura do esfregaço da secreção traqueal antes da intubação do RN: condutas de grande valia no diagnóstico neonatal da sepse precoce • Dosagem de imunoglobulinas totais: inespecífica + IgM ↑ • Reação em cadeia da polimerase qualitativa, quantitativa e específica para EGB: rápido + resultado em 35 minutos + sensibilidade de 100% + especificidade de 91% + diagnóstico precoce • Radiografia de tórax: pneumonia precoce pelo EGB as imagens são indistinguíveis daquelas da DMH + infiltrado pulmonar difuso com edema pulmonar e/ou cardiomegalia 3 Pediatria I @emanuellycardoso Doença pelo EGB no RN DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • DPMH + SAM + pneumonia bacteriana ou viral + HPP + sepse neonatal por outros agentes de transmissão vertical + condições metabólicas • RN com meningite = apneia + necessidade ↑ O2 + febre ou hipotermia + convulsões + achados ao exame do líquor (sem acidente de punção + ↑ celularidade – leucócitos >20 + ↑ proteínas - > 120 mg/dL) ajudam no diagnóstico • Osteoartrite por EGB = dor + rubor + limitação da articulação afetada → confusão com paralisias por traumatismos de parto ou doenças neuromusculares → isolamento da bactéria no sangue e/ou fluído sinovial = diagnóstico definitivo TRATAMENTO • AIP adequada = uso de penicilina/ampicilina/cefazolina IV durante ≥ 4 horas − Penicilina ou ampicilina administrada 4h antes e no momento do parto − Cefazolina: 1 dose 8/8h • Terapia empírica para RN: agentes microbianos contra EGB + outros micro-organismos (gram-positivos e negativos) + penicilina/ampicilina e gentamicina + deve ser iniciada na suspeita clínica, com resultado do hemograma, PCR, líquor antes dos resultados das culturas + raio-x de tórax deve ser solicitado se desconforto respiratório • Estado clínico do RN sugerindo sepse: investigação completa + terapia empírica + líquor com celularidade, dosagem de glicose e proteína e cultura • RN assintomáticos + mães com suspeita de Corioamnionite + receberam AIP: avaliação completa do RN + terapia empírica dependendo da IG, condições clínicas ao nascimento, duração da terapia materna com ATB e resultado das culturas • PCR quantitativa seriada = ajuda na decisão de suspender ou manter a terapia • RN de mães com IG ≥ 37s + cultura positiva + AIP adequada: observados clinicamente durante ≥ 48h + nenhum teste diagnóstico + alta com 48h com orientações + retorno marcado com 48-72h • RN de mães com IG ≥ 37s + duração da ruptura de membranas < 18h + com indicação de AIP, mas não receberam ou foi inadequada: observados > 48h + sem testes diagnósticos (pode ser realizada PCR quantitativa seriada – 12+24+48h) • RN de mães com IG < 37s ou ruptura das membranas > 18h + que tinham indicação de AIP mas não receberam ou inadequada: avaliação limitada + dependendo dos resultados = terapia empírica ou observação clínica ≥ 48h • Gestantes com alergia à penicilina + risco de anafilaxia: clindamicina + eritromicina + vancomicina • Após 72h de terapia: solicitar novos exames de hemograma completo + PCR quantitativa + resultado da hemocultura para decidir sobre retirada ou manutenção da terapia empírica para sepse (10-14 dias) e/ou meningite (14-21 dias) • Sepse neonatal tardia + suspeita de alteração do SNC: terapia inicial com ampicilina + gentamicina ou ampicilina + cefotaxima ou penicilina G cristalina somente se for isolado EGB • RNPT internado desde nascimento: terapia empírica inicial da sepse tardia = oxacilina e aminoglicosídeo + se houver suspeita de meningite: ampicilina ou cefotaxima mais 1 aminoglicosídeo durante 72h ou até sua esterilização − Vancomicina reservada para RN em que foi isolado estafilococo resistente a oxacilina − TTO pode ser completado com penicilina G (monoterapia) por 14 dias – se for isolado apenas EGB • LCR com neutrófilos > 30% do total das células + proteína > 200mg/dL: estudo de neuroimagem → cerebrite + destruição extensa do parênquima com supuração focal ou vasculite grave com infartos cerebrais • Artrite séptica ou osteomielite: drenagem do foco supurativo (terapia coadjuvante à ATBterapia) + deve ser realizado antes do TTO com cobertura ATB profilática ou no curso da ATBterapia • TTO suporte: VM + DVA + TTO dos distúrbios ácido-básico/ hídricos/ metabólicos • Terapia com imunoglobulina para o EGB ou anticorpo monoclonal específicos: efetivo em RN → prevenção para as cepas Ia, Ib, II e III PROGNÓSTICO PREVENÇÃO • Choque séptico + convulsões: podem estar associados a leucomalacia peri-intraventricular + sequelas neurológicas e de desenvolvimento da visão e audição • Sobreviventes de meningite: encaminhados para acompanhamento com neuropediatra + oftalmologista + testes audiométricos → investigação de sequelas • Imunização • Antissepsia do canal de parto: Gluconato de clorexidina • quimioprofilaxia • Hemograma completo: neutropenia é um achado comum (se associado com leucopenia = pior prognóstico) + escore de Rodwell ou sistema de pontos segundo Gerdes e Polin + no hemograma de 12-18h deve-se dar importância para = leucocitose (> 25.00) + leucopenia (< 5.000) + neutropenia (1.800)
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