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Sepse e meningiteSepse e meningite neonatalneonatal S5-Ped Gabriela Brito Sepse neonatal Precoce: Tardia: É uma síndrome clínica em uma criança com menos de 28 dias de vida, que se manifesta por sinais sistêmicos de infecção e/ou isolamento no sangue de um agente patogênico, é uma das principais causas de morbimortalidade neonatal. Classificação: Nas primeiras 72 horas de vida. Após primeiras 72 horas de vida. Epidemiologia Menor incidência em RN a termo (1 a 2 casos por 1000 nascidos vivos), 7 a 10 vezes maior em RN com muito baixo peso e incidência está em queda devido a profilaxia intraparto. Fatores de risco Maternos: Ruptura prolongada das membranas ovulares, ITU materno, colonização cervical materna pelo GBS, corio- amnionite (febre, leucocitose, taqui- cardia materna e fetal, dor uterina e LA Neonatais: fétido). Prematuridade, baixo peso ao nascer, asfixia, sexo masculino. Mecanismos de infecção Via ascendente: Durante a passagem pelo canal de parto: Via transplacentária: Infecção nasocomial/ comunitá- ria: Ascensão de bactérias até a cavidade uterina. Sepse precoce. Associa-se à aspiração ou deglutição do material contaminado. Sepse precoce. Não é uma causa comum, porém pode ocorrer pela Listeria. Sepse precoce. Dentro do hospital (internação por longo período) ou bactéria fora do am- biente hospitalar. Sepse tardia. S5-Ped Gabriela Brito Etiologia Sepse precoce: Sepse tardia: Estreptococo grupo B (GBS ou strepto- coccus agalactiae), gram negativos entéricos (E. coli); Listeria monocyto- genes, staphylococcus coagulase negativo e H. influenza; Staphylococcus coagulase negativo, Staphylococcus aureus, Klebsiella, E. coli, Pseudomonas, Enterobacter, Candida, Serratia, Acinetobacter, Anaeróbios. Fisiopatologia O RN tem maior chance de sepse devido uma imunidade celular baixa, acarretando em uma ação ineficiente de linfócitos T e uma baixa produção de citocinas, além de uma baixa imunidade humoral, levando à pouca produção de IgG (leite materno fornece IgG para os RN). Esses fatores vão favorecer uma evolução rápida para bacteremia e choque com falência de múltiplos órgãos (tendên- cia à meningite). Fisiopatologia meningite A bacteremia favorece uma invasão da barreira hemato-encefálica, causando agressão de células endoteliais e capilares, levando a uma multiplica- ção celular que vai acarretar morte bacteriana e ativação do sistema imune, com aumento de neutrófilos com enzimas proteolíticas levando à necrose acarretando em meningite, ventriculite e abcessos. O paciente pode NÃO apresentar sintomas neuro- lógicos. OBS: Fazer punção lombar em todos os pacientes RN com sepse!!! Manifestações clínicas Os sinais clínicos iniciais podem ser mínimos ou inespecíficos. Pode apresentar sinais de desconforto respiratório, taquipneia, gemência, taquicardia e apneia. Os sinais neurológicos podem estar presentes, sendo eles convulsões e alterações da consciência. Petéquias, púrpuras e sangramentos também podem ocorrer. Hipotermia é indicação de ma- S5-Ped Gabriela Brito CHOQUE SÉPTICO Taquicardia, redução de pulsos perifé- ricos (> 3 segundos), extremidades frias ou mosqueadas, diminuição do débito (< 1 ml/kg/h) e hipotensão (sinal tardio). ior gravidade. A febre pode ser por desidratação ou superaquecimento (RN muito coberto- retirar roupas) e, normalmente, na hipertermia por sepse o RN apresente as extremidades frias. É comum apresentar recusa ali- mentar, vômitos, distensão abdominal e sinais de má perfusão. Avaliação complementar Hemograma: É um exame inespecífico. Recomenda- se colher o hemograma após 6-12 horas de vida. Os parâmetros mais utilizados são: - Número absoluto de neutrófilos jovens e totais; - Relação entre as formas jovens e totais de neutrófilos (relação I/T= Neu- trófilos imaturos/Neutrófilos totais); - I/T > ou = 0,3 tem maior sensibilidade; - Neutropenia marcador melhor que a leucocitose; - Plaquetopenia; Outros exames inespecíficos: Identificação do agente: PCR (melhor utilizado de forma seriado), procalcitonina, sumário de urina (principalmente na sepse tardia)e raio x de tórax (sintoma respiratório). O isolamento da bactéria é o padrão ouro. Hemocultura: Alta especificidade e baixa sensibilida- de e falsos positivos podem ocorrer por contaminação local da punção. Cultura de urina: Indicado em sepse tardia e suspeita de malformação do trato urinário. Cultura de outras secreções: Aspirado traqueal, entre outros. S5-Ped Gabriela Brito AVALIAÇÃO MENINGITE SEMPRE fazer avaliação do líquor na suspeita de sepse natal, para descartar ou diagnosticar meningite. Recém- nascidos de risco com infecção disse- minada e exame normal não afasta diagnóstico de meningite. Líquor na meningite bacteriana: - Pleocitose (> 300 células); - Glicose baixa (< 1/2 glicemia); - Aumento proteínas (> 200 mg/dL); Em quadros iniciais pode haver celula- ridade e proteínas normais, com cultura positiva. Diagnóstico diferencial Sempre fazer o tratamento de sepse, mesmo que não seja sepse. Se não houver resposta ao antibiótico, pode ser: - Cardiopatia congênita; - TORCHS; - Erros inatos do metabolismo; - Hipotireoidismo; - Infecções localizadas como osteomi- elite, artrite séptica; Tratamento Antibioticoterapia: Não atrasar devido a coleta da hemo- cultura, sempre que possível, tentar tratamento específico para germe. Outras medidas: Tratamento empírico: - Sepse precoce: Ampicilina OU Penicilina cristalina + Amicacina OU Gentamicina. - Sepse tardia: Depende da prevalên- cia de microrganismo da unidade e de seu padrão de sensibilidade bac- teriana. Assegurar suporte ventilatório, moni- torização da pressão arterial, fre- quência cardíaca, frequência res- piratória, temperatura corporal e vigi- lância diurese, saturação O2, controle de glicemia, avaliar necessidade de infusão soluções hidroeletrolíticas ou correção acidose, suporte nutricional, uso de drogas vasoativas se choque e tratar convulsões. Prevenção Profilaxia antibiótica intraparto: História de doença invasiva por GBS em RN anterior, bacteriúria por GBS em qualquer trimestre da gestação atual (se a gestante não tiver entrado em TP e for procedido parto cesáreo, NÃO precisa fazer quimioprofilaxia), rastre- amento positivo para GBS na gestação atual em amostra retovaginal (entre 35 e 37 semanas), gestante com status desconhecido para GBS na presença de pelo menos 1 desses critérios: S5-Ped Gabriela Brito Manejo do RN assintomático: Outras medidas de prevenção: - TP prematuro < 37 semanas; - Ruptura prolongada de membranas > ou = 18 horas; - Temperatura materna intraparto > ou = 38ºC; - Teste intraparto para GBS positivo; Deve ser realizada a profilaxia antibióti- ca em até 4 horas antes do parto e o antibiótico de escolha é Penicilina G cristalina OU Ampicilina OU Cefazolina. - Lavagem das mãos; - Medidas de higiene visitantes; - Isolamento/incubadoras; - Aleitamento materno; S5-Ped Gabriela Brito 1- As infecções precoces são aquelas de aparecimento nas primeiras 48 horas de vida. A transmissão ocorre durante a passagem pelo canal de parto, por corioamnionite ou por disse- minação hematogênica. Para escolha da antibioticoterapia no recém- nascido é importante considerar os agentes mais comuns para a sepse precoce que são: A. Staphylococcus epidermidis, Staphylococcus aureus, Gram negati- vos entéricos. B. Staphylococcus epidermidis, Strep- tococcus agalactiae, Enterococcus faecalis. C. Streptococcus agalactiae, Listeria monocytogenes, Gram negativos enté-ricos. D. Staphylococcus aureus, Streptococ- cus agalactiae, Gram negativos entéri- cos. 2- Em relação à sepse neonatal de aparecimento precoce é correto: A. Os sintomas costumam aparecer até 48 horas de vida. B. Acometimento pulmonar e/ou meníngeo é incomum. C. Os agentes infecciosos não estão re- lacionados à flora urogenitalda mãe. D. A taxa de positividade da hemocul- tura é elevada. 3- Gestante com idade gestacional de 36 semanas e swab retovaginal positivo para streptococcus agalactiae está em franco trabalho de parto, com bolsa amniótica rota há 20 horas. Qual é a conduta para o recém-nascido, se a profilaxia intraparto não for instituída, não houver corioamnionite materna e o bebê estiver em boas condições após o nascimento? A. Colher hemograma, hemocultura e líquor; realizar radiografia de tórax e iniciar Ampicilina e Gentamicina. B. Colher hemograma e hemocultura; iniciar Ampicilina e Gentamicina. C. Colher hemograma, hemocultura e líquor; realizar radiografia de tórax e observar o bebê até 48 horas de vida. D. Colher hemograma e hemocul- tura; observar o bebê até 48 horas de vida. CASO CLÍNICO RN pré-termo (34 semanas), pesando 1200g, parto normal com bolsa rota há 48h, oligodrâmnio, APGAR 4/8. Mãe re- alizou pré-natal completo, apresentan- S5-Ped Gabriela Brito do duas infecções urinárias durante a gestação, sendo tratada com Ampi- cilina. Recebeu corticoide antenatal. RN ficou internado desde o nas- cimento, recebeu surfactante, fez uso de CPAP, tendo boa evolução. Vinha em dieta por sonda oro gástrica com bom ganho de peso. No 7o dia de vida, recém-nascido apresentou hipo- termia, gemência, desconforto respi- ratório com tiragem subcostal, bati- mento de asa nariz, e cianose. Evoluiu em seguida com convulsão focal. A. Qual o provável diagnóstico etiológico ? Sepse neonatal tardia com meningite. B. Quais exames deveriam ser solicitado e seus principais achados? Leucocitose com desvio à esquerda, PCR elevado, raio x infiltrado difuso, punção lombar com pleocitose e glico- se baixa e hemocultura com crescimento de E coli. C. Qual a conduta adequada e provável evolução desse RN? Antibióticos e anticonvulsivantes. Boa evolução.
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