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Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 6° fase Medicina Fisiopatologia UCXVI Transtorno de Ansiedade generalizada e transtorno de pânico Ações do cortisol Stress a curto prazo: por conta das fibras simpáticas → medula adrenal → catecolaminas Stress a longo prazo: por conta do stress → hipotálamo → CRH → hipófise anterior → ACTH → córtex adrenal → glicocorticoides e mineralocorticoides Transtornos de Ansiedade Os transtornos de ansiedade incluem transtornos que compartilham características de medo e ansiedade excessivos e perturbações comportamentais relacionados. Eles diferem do medo ou da ansiedade provisórios, com frequência induzidos por estresse, por serem persistentes (em geral durando seis meses ou mais) Medo é a resposta emocional a ameaça iminente real ou percebida. Ele é associado com mais frequência a períodos de excitabilidade autonômica aumentada, pensamentos de perigo imediato e comportamentos de fuga Ansiedade é a antecipação de ameaça futura, associada a tensão muscular e vigilância, em preparação para perigo futuro, e comportamentos de cautela ou esquiva Os ataques de pânico se destacam dentro dos transtornos de ansiedade como um tipo particular de resposta ao medo. Não estão limitados aos transtornos de ansiedade e também podem ser vistos em outros transtornos mentais Alguns transtornos médicos gerais podem produzir ansiedade diretamente; eles incluem: Hipertireoidismo Feocromocitoma Insuficiência cardíaca Arritmias Asma DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica) Uso de corticoides, cocaína, anfetaminas e cafeína Muitas pessoas desenvolvem transtornos de ansiedade sem qualquer antecedente desencadeante identificável. As causas dos transtornos de ansiedade não são completamente conhecidas, mas tanto fatores psiquiátricos como médicos gerais estão envolvidos. Cada transtorno de ansiedade é diagnosticado somente quando os sintomas não são consequência dos efeitos fisiológicos do uso de uma substancia/medicamento ou de outra condição médica ou não são mais bem explicados por outro transtorno mental Fobias: medo intenso e irracional de coisas que representam pouco ou nenhum perigo Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 6° fase Medicina Fobia social: ansiedade intensa e persistente relacionada a uma situação social Transtorno de ansiedade generalizada (TAG) O transtorno de ansiedade generalizada ocorre quando a pessoa sente nervosismo e preocupação excessivos em relação a diversas atividades ou acontecimentos. O número de dias em que a pessoa tem ansiedade é superior ao número de dias em que não tem, por um período de seis meses ou mais. Muitos dos transtornos de ansiedade se desenvolvem na infância e tendem a persistir se não forem tratados. A maioria ocorre com mais frequência em indivíduos do sexo feminino do que no masculino (2:1) Sintomas físicos: fraqueza, cansaço, aumento da FR, boca seca, tensão muscular, sudorese, náuseas, diarreia, agitação dos braços e pernas O CRH tem efeitos como espasmos e diarreia, bem como dores no TGI O estresse está entre os fatores desencadeantes das crises de asma, doença inflamatória das vias aéreas que, ao provocar o estreitamento dos brônquios dificulta a passagem do ar, comprometendo a respiração e tornando-a mais difícil. o Stress crônico → leucócitos respondem infra regulando a expressão de receptores de cortisol → diminui a resposta ao cortisol Pode haver outras causas de dor torácica (espasmo coronário, isquemia, processos musculoesqueléti- cos, esofagianos, entre outros) Sintomas psicológicos: nervosismo, dificuldade na concentração, irritabilidade, insegurança, medo constante, insônia, pesadelos, preocupação excessiva Critérios de diagnóstico: A. Ansiedade e preocupação excessivas, ocorrendo na maioria dos dias por pelo menos seis meses, com diversos eventos ou atividades (tais como desempenho escolar ou profissional). B. O indivíduo considera difícil controlar a preocupação. C. A ansiedade e a preocupação estão associadas com três (ou mais) dos seguintes seis sintomas (com pelo menos alguns deles presentes na maioria dos dias nos últimos seis meses). Apenas um item é exigido para crianças. 1. Inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele. 2. Fatigabilidade. 3. Dificuldade de concentração ou sensação de “em branco” da mente. 4. Irritabilidade. 5. Tensão muscular. 6. Perturbação do sono (dificuldade em conciliar ou manter o sono, ou sono insatisfatório e inquieto). D. A ansiedade, a preocupação ou os sintomas físicos causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional. E. A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos de uma substancia ou a outra condição médica. F. A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental. Fisiopatologia do transtorno de ansiedade generalizada (TAG) A resposta ao sistema “luta e fuga” com ativação do sistema nervoso simpático Respostas autonômicas Respostas neuroendócrinas Respostas cognitivas e motoras Bases neurobiológicas: O hormônio cortisol, é liberado pela glândula adrenal em resposta a um aumento nos níveis sanguíneos do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), devido ao estímulo do hormônio CRH do hipotálamo. Os neurônios hipotalâmicos que secretam CRH são regulados pela amígdala e pelo hipocampo. Quando o núcleo central da amígdala é ativado, interfere no eixo hipotálamo-hipófise-adrenal e a resposta ao estresse é emitida, a ativação inapropriada tem sido relacionada com os transtornos de ansiedade. O hipocampo contém receptores para glicocorticoides que são ativados pelo cortisol, e com altos níveis de cortisol circulante, participa da regulação por retroalimentação do eixo HPA, inibindo a liberação de CRH e consequentemente de ACTH e cortisol. A exposição contínua ao cortisol, em períodos de estresse crônico, pode levar à disfunção e à morte dos neurônios hipocampais → o hipocampo começará a apresentar falhas em sua capacidade de controlar a liberação dos hormônios do estresse e de realizar suas funções de rotina Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 6° fase Medicina A serotonina (5-HT) exerce um duplo papel na regulação da ansiedade: ansiogênico na amígdala e ansiolítico na matéria cinzenta periaquedutal dorsal (MCPD). A MCPD deve ser acionada somente em casos de perigo iminente. Assim sendo, faz sentido que os sistemas neuronais serotoninérgicos inibam a MCPD, enquanto facilitam o processamento de informações relativas à defesa na amígdala. Deste ponto de vista o duplo papel da 5-HT pode ser considerado como tendo um valor adaptativo Outro neurotransmissor envolvido nos processos de ansiedade é o GABA (ácido gama- aminobutírico), o principal neurotransmissor inibitório do SNC. Ele está presente em quase todas as regiões do cérebro, embora sua concentração varie conforme a região. A relação entre o GABA (e a ansiedade evidencia- se no fato de que todos os ansiolíticos conhecidos, facilitam sua ação. Seu efeito ansiolítico parece consistir em reduzir o funcionamento de grupos neuronais do sistema límbico, inclusive a amígdala e o hipocampo, responsáveis pela integração de reações de defesa contra ameaças de dano ou perda, ou, ainda, evocadas por situações novas Prevalência: Indivíduos do sexo feminino têm duas vezes mais probabilidade do que os do masculino de experimentar transtorno de ansiedade generalizada. A prevalência do diagnóstico tem seu pico na meia- idade e declina ao longo dos últimos anos de vida. Desenvolvimento e curso: Muitos indivíduos com transtorno de ansiedade generalizada relatam que se sentem ansiosos e nervosos por toda a vida. A idade média de início do transtorno é 30 anos; Os sintomas tendem a ser crônicos e têm remissões e recidivas ao longoda vida, flutuando entre formas sindrômicas e subsindrômicas do transtorno. As taxas de remissão completa são muito baixas. Tratamento da ansiedade generalizada (TAG) Psicoterapia: terapia cognitivo-comportamental e terapia familiar. Farmacológico: Ansiolíticos Antidepressivos: inibidores da recaptação de serotonina (ISRS) e inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina (IRSN). Transtorno de pânico No transtorno de pânico, o indivíduo experimenta ataques de pânico inesperados recorrentes e está persistentemente apreensivo ou preocupado com a possibilidade de sofrer novos ataques de pânico, ou sobre as suas consequências (perder o controle, ter um ataque cardíaco, “enlouquecer” ...) Os ataques de pânico são ataques abruptos de medo intenso ou desconforto intenso que atingem um pico em poucos minutos, acompanhados de sintomas físicos e/ou cognitivos. A frequência e a gravidade dos ataques de pânico variam de forma considerável: pode haver ataques moderadamente frequentes (um por semana) durante meses; pequenos surtos de ataques mais frequentes (todos os dias) separadas por semanas; meses sem ataques ou ataques menos frequentes (dois por mês) durante muitos anos. Fatores de risco: Temperamentais: afetividade negativa e sensibilidade à ansiedade Ambientais: experiências infantis de abuso sexual e físico; uso de drogas ilícitas ou de prescrição; doença ou morte na família. Genéticos e fisiológicos: Risco aumentado entre filhos de pais com transtornos de ansiedade, depressivo e bipolar. Distúrbios respiratórios (como asma) estão associados, em termos de história passada. Sintomas: falta de ar, suor frio, formigamento, zumbido no ouvido, tontura e fraqueza, palpitações ou desconforto torácico, dor no estômago, desconforto abdominal Critérios de diagnóstico: A. Ataques de pânico recorrentes e inesperados, durante os quais ocorrem quatro (ou mais) dos seguintes sintomas: 1. Palpitações, coração acelerado, taquicardia. 2. Sudorese. 3. Tremores ou abalos. 4. Sensações de falta de ar ou sufocamento. 5. Sensações de asfixia. 6. Dor ou desconforto torácico. 7. Náusea ou desconforto abdominal. Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 6° fase Medicina 8. Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio. 9. Calafrios ou ondas de calor. 10. Parestesias (anestesia ou sensações de formigamento). 11. Desrealização (sensações de irrealidade) ou despersonalização (sensação de estar distanciado de si mesmo). 12. Medo de perder o controle ou “enlouquecer” 13. Medo de morrer B. Pelo menos um dos ataques foi seguido de um mês (ou mais) de uma ou de ambas as seguintes características: Apreensão ou preocupação persistente acerca de ataques de pânico adicionais ou sobre suas consequências (perder o controle, ter um ataque cardíaco, “enlouquecer”). Uma mudança desadaptava significativa no comportamento relacionada aos ataques (p. ex., comportamentos que tem por finalidade evitar ter ataques de pânico, como a esquiva de exercícios ou situações desconhecidas). C. A perturbação não é consequência dos efeitos uma substancia ou condição médica. D. A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental (em resposta a situações sociais temidas, como no transtorno de ansiedade social; em resposta a objetos ou situações fóbicas circunscritas, como na fobia especifica; em resposta a obsessões, como no transtorno obsessivo-compulsivo; em resposta à evocação de eventos traumáticos, como no transtorno de estresse pós-traumático; ou em resposta à separação de figuras de apego, como no transtorno de ansiedade de separação). Comorbidades: arritmias cardíacas, hipertireoidismo, DPOC, síndrome do intestino irritável Prevalência: Indivíduos do sexo feminino são afetados mais frequentemente do que os do masculino (2:1). Embora ocorram ataques de pânico em crianças, a prevalência geral do transtorno é baixa antes dos 14 anos (< 0,4%), apresentam aumento gradual durante a adolescência, e alcançam seu pico durante a idade adulta (20 a 24 anos). Desenvolvimento e curso: O curso habitual, se o transtorno não é tratado, é crônico, mas com oscilações. Alguns indivíduos podem ter surtos episódicos com anos de remissão entre eles, e outros podem ter sintomatologia grave contínua. Apenas uma minoria dos indivíduos tem remissão completa sem recaída subsequente no espaço de poucos anos. O curso do transtorno de pânico geralmente é complicado por outros transtornos, em particular outros transtornos (ex. depressivos) Fisiopatologia do transtorno do pânico Hipótese biológica: A fisiopatologia do pânico é concebida como uma ativação intermitente, dos sistemas de reação e defesa do sistema nervoso central, resultando em alerta central e autonômico generalizado. Os neurotransmissores que se encontram em desequilíbrio são os a Serotonina, Noradrenalina e GABA Fatores emocionais, ambientais e "situacionais", provavelmente interagindo com uma disfunção biológica básica, determinam o momento da eclosão das crises e sua progressão para a síndrome do pânico Hipótese psicológica: O modelo de Barlow (1988) sugere que o ataque inicial é um alarme falso decorrente de estressores circunstanciais. Pessoas que apresentem vulnerabilidade biológica à ansiedade e que tenham aprendido um conjunto de crenças disfuncionais podem, em situações de vida adversas, disparar uma resposta autonômica inesperada. Sensações corporais são interpretadas como perigosas e ameaçadoras facilita a apreensão crônica e a hipervigilância. Sem muitos recursos para lidar com experiência a “avassaladora”, o indivíduo se engaja em evitações. Tratamento do transtorno de pânico Algumas pessoas se recuperam sem tratamento, particularmente, quando continuam a confrontar as situações nas quais os ataques de pânico ocorreram. Para outras, sobretudo sem tratamento, o transtorno de pânico segue um curso crônico e flutuante. Psicoterapia: Terapia de exposição: Consiste em expor o paciente à fonte da sua ansiedade ou ao seu contexto sem que haja intenção de causar Maria Eduarda Zen Biz – ATM 2025.1 6° fase Medicina qualquer perigo, ajudando-o a superar a ansiedade ou receio. Terapia cognitivo-comportamental: trata a forma como o ser humano interpreta os acontecimentos, e não os acontecimentos em si Terapia medicamentosa: Antidepressivos: o Inibidores da recaptação de serotonina; o Inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina o Inibidores da MAO (responsável por degradar monoaminas como a noradrenalina, dopamina e serotonina) o Antidepressivos tricíclicos Benzodiazepínicos: esses ansiolíticos agem mais rapidamente do que os antidepressivos, mas têm maior probabilidade de causar dependência física Agorafobia A Agorafobia é o medo e a ansiedade de ficar em situações ou locais sem uma maneira de escapar facilmente ou em que a ajuda pode não estar disponível no caso de a ansiedade intensa se desenvolver Para o diagnóstico da agarofobia o paciente deve apresentar medo ou ansiedade marcantes acerca de duas (ou mais) das cinco situações seguintes, por mais de seis meses: 1. Uso de transporte público (automóveis, ônibus, trens, aviões). 2. Permanecer em espaços abertos (estacionamentos, mercados, pontes). 3. Permanecer em locais fechados (lojas, teatros, cinemas). 4. Permanecer em uma fila ou ficar em meio a uma multidão. 5. Sair de casa sozinho.
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