ANDRÉ VESALIUS E AMBROISE PARÉ

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ANDRÉ VESALIUS E AMBROISE PARÉ 
Na formação do conhecimento médico ao longo da história, houveram 
personalidades que precisaram transgredir determinados paradigmas, de modo a 
revolucionar o que se conhecia até então, à luz, é claro, da própria realidade empírica. 
André Vesalius e Ambroise Paré, ambos do século XVI, foram alguns desses médicos 
que problematizaram o que se sabia e causaram uma verdadeira ruptura no status quo, 
revelando à comunidade novos conceitos que viriam a transformar o mundo. É nesse 
sentido que, guardadas as devidas proporções, é possível afirmar que foram duas pessoas 
corajosas e, sobretudo, parecidas. 
Vesalius nasceu na Bélgica, se formou cedo em medicina e logo estaria lecionando 
cirurgia e anatomia nas grandes escolas. Era apaixonado pela dissecação, inclusive 
assaltava túmulos para praticá-la. Já Paré nasceu no interior da França e, tão precoce 
quanto possível, formou-se “cirurgião barbeiro”, um patamar relativamente depreciado 
dentro da comunidade médica da época. Essa grande diferença entre os dois, no entanto, 
não desacelerou Ambroise Paré a alcançar alvos tão grandes quanto os de Vesalius. 
Em relação a André Vesalius, foi realmente um grande cientista na área de 
anatomia, tendo publicado livros e atlas que são significativos até hoje. Vesalius foi 
disruptivo em relação ao que se sabia na época – conhecimento milenar, calcado nas 
ideias de Galeno. Não era fácil questionar Galeno, pois era realmente uma tradição 
intrínseca muito evidente a continuidade de suas ideias. Pela valentia, genialidade e 
continuidade das descobertas, Vesalius é considerado hoje o pai da anatomia moderna. 
O que aproxima esses dois indivíduos marcantes da história da medicina é sem 
dúvida a coragem e a não abstinência em relação ao que acreditavam. Paré, embora com 
mais dificuldade, por se expressar apenas em francês e não em latim, também teve seu 
impacto positivo, já de início revolucionando a conduta de como se proceder em caso de 
acidente com pólvora. Paré deixou de usar a cauterização e passou a usar pinças e fios, 
juntando os tecidos, o que faria grande diferença no prognóstico daqueles guerreiros. 
Paré, ainda, inventou diversos instrumentos e até relacionou sífilis com aneurisma de 
aorta, conhecimento hoje muito sabido. É por essas e outras que hoje é considerado o pai 
da cirurgia moderna.