Buscar

direito 3

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 60 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 60 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 60 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Unidade 3
Dissolução das 
Sociedades
Livia Regina de Figueiredo
Direito 
Empresarial
Diretor Executivo 
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Diretora Editorial 
ANDRÉA CÉSAR PEDROSA
Projeto Gráfico 
MANUELA CÉSAR ARRUDA
Autora 
LIVIA REGINA DE FIGUEIREDO
Desenvolvedor 
CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS
Livia Regina de Figueiredo
Olá. Meu nome é Livia Regina de Figueiredo. Sou bacharel em Direito, 
pós-graduada em Magistério Superior em Direito, cursei o mestrado em 
Direito e Desenvolvimento e atualmente curso o Doutorado em Direito 
Privado na Universidade de Salamanca, Espanha. Advogo desde 1989 
e há alguns anos presto serviços para grandes grupos econômicos na 
área de medicamentos e alimentos. Amo advogar e sou apaixonada pela 
docência. Também gosto muito de compartilhar minha experiência com 
aqueles que estão iniciando suas vidas profissionais. Em razão da minha 
experiência e qualificação fui convidada pela Editora Telesapiens para 
integrar o seu elenco de autores independentes e me sinto muito honrada 
com esse convite. Estou feliz por ajudá-lo nesta fase de estudo e trabalho. 
Tenho certeza que o seu esforço e empenho nos estudos lhe trará muito 
sucesso.
.
A AUTORA
Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo 
projeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha 
de aprendizagem toda vez que:
ICONOGRÁFICOS
INTRODUÇÃO: 
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova com-
petência;
DEFINIÇÃO: 
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA: 
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE: 
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA? 
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA: 
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou 
discutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO: 
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das 
últimas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO: 
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
Dissolução da sociedade ....................................................................... 11
Dissolução das sociedades ..................................................................................................11
Transformaçã o ..............................................................................................................................12
Incorporação ....................................................................................................................................12
Fusão .....................................................................................................................................................14
Cisão ......................................................................................................................................................15
Direito de terceiros ......................................................................................................................16
Regras para a dissolução da sociedade .....................................................................17
Dissolução Parcial da Sociedade ..................................................................20
Dissolução total da sociedade ........................................................................23
Liquidação das sociedades ..................................................................................................24
Desconsideração da personalidade jurídica ................................. 29
A desconsideração da pessoa jurídica .........................................................................29
Recuperação de empresas ................................................................... 33
 Lei de Recuperação e Falência de Empresas .......................................................33
Aspectos processuais relevantes da LRF ..................................................................37
Comitê de credores ....................................................................................................................41
Assembleia-geral de credores ...........................................................................................42
Recuperação judicial .................................................................................................................43
Microempresas e empresas de pequeno porte ....................................................49
Falência ......................................................................................................... 52
 Compreendendo o significado da falência ............................................................52
Livia Regina de Figueiredo ....................................................................................................60
Direito Empresarial ......................................................................................................................60
Direito Empresarial8
UNIDADE
03
DISSOLUÇÃO DAS SOCIEDADES
Direito Empresarial 9
São várias as formas de dissolução das sociedades, mas todas 
elas têm impacto para sócios, credores e no nicho de mercado no qual 
estão inseridas. As sociedades podem ser transformadas, incorporadas, 
fundidas, ou cindidas, dissolvidas total ou parcialmente. A extinção total ou 
parcial das pessoas jurídicas, a morte de sócios ou a retirada de um sócio 
da sociedade, ou até mesmo pela falência são exemplos de situações 
com impacto patrimonial para os sócios, que regra geral são precedidas 
da fase de liquidação, que pode ser judicial ou extrajudicial. Da mesma 
forma a recuperação das empresas em dificuldade, que pode ser judicial 
ou extrajudicial, com impacto no patrimônio particular dos sócios quando 
decretada a falência. Todas essas possibilidades estão inseridas num 
universo de possibilidades legais interessantíssimas e muito importantes 
para os advogados que pretendem trabalhar para pessoas jurídicas ou 
que venham a ser sócios de uma empresa jurídica ou de um escritório 
de advocacia. Vamos estudar e refletir sobre os conceitos do Direito 
Empresarial e as previsões legais para diferentes situações que podem 
surgir durante a vida das sociedades? Esses são temas apaixonantes. 
Acho que você irá gostar muito deste estudo e terá muito sucesso nesse 
aprendizado. Bom estudo! 
INTRODUÇÃO
Direito Empresarial10
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso objetivo é auxiliar 
você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o 
término desta etapa de estudos:
1. Compreender as alterações nos diferentes tipos empresariais;
2. Identificar as consequências jurídicas nas mudanças societárias;
3.Identificar e compreender a recuperação judicial e extrajudicial;
4. Compreender a falência e suas consequências. 
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao 
conhecimento? Ao trabalho! 
OBJETIVOS
Direito Empresarial 11
Dissolução da sociedade
INTRODUÇÃO:
 Ao término deste capítulo você será capaz de entender 
todos os aspectos e tipos de alterações societárias, suas 
peculiaridades e consequências. E então? Motivado para 
desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!
Dissolução das sociedades
O início de uma sociedade tem viés positivo de gênese, nascimento, 
início da affectio societatis, empenho dos sócios em torno de um objetivo 
comum, esperança de bons negócios e de lucratividade, etc.
O fim de uma sociedade, por sua vez, tem viés contrário, negativo, 
de morte, encerramento de atividades, fim da affectio societatis,afastamento dos sócios por desinteresse pelo objetivo que era comum ou 
pela mudança de interesses, e, não raro, conflito entre as partes, dentre 
outros.
Por isso, popularmente se diz que o início de uma sociedade 
equivale ao casamento, momento em que tudo são flores, e o fim de 
uma sociedade empresarial equivale a um divórcio, o ponto de ruptura 
de uma relação com desgastes e/ou prejuízos reiterados ao longo do 
tempo. A exceção é para as sociedades com propósito específico, que 
têm tempo de vida pré-determinado e cuja dissolução se dá por força do 
contratualmente acordado.
Mas, seja pelo afastamento de um sócio, continuando a sociedade 
com os demais ou com um novo sócio, seja pelo fim da empresa e 
liquidação da sociedade pela vontade dos sócios ou acionistas, ou ainda 
pela incorporação por outra empresa ou pela falência, todas as situações 
de ruptura empresária têm implicações fiscais e jurídicas importantes.
Porém, entre o nascimento e a dissolução de uma empresa várias 
modificações podem ocorrer na sua constituição social. Chamadas 
operações societárias, essas modificações são a transformação, a 
Direito Empresarial12
incorporação, a fusão e a cisão, previstas no Capítulo XVIII, da Lei de 
Sociedades Anônimas.
Transformaçã o
A transformação ocorre quando uma sociedade passa de um 
tipo societário para outro. Essa modificação ou alteração independe da 
dissolução e liquidação das sociedades e deve ser feita de acordo com as 
regras estabelecidas na lei para constituição e registro da nova sociedade. 
(art. 220, Lei 6.404/76 e 1.113, CC).
Na falta de previsão contratual ou estatutária, é imperiosa a 
autorização de todos os sócios ou da maioria dos acionistas. Porém, 
havendo previsão contratual nas sociedades onde a affectio societatis 
esteja presente, o sócio dissidente pode retirar-se da sociedade, 
aplicando-se, no que couber, as regras do art. 1.031 do Código Civil. (art. 
1.114, CC)
Também há casos em que a transformação é obrigatória por lei. É 
o caso do MEI que atinge faturamento bruto acima do excedente de 20% 
sobre o faturamento legal permitido - R$81.000,00 em 2019, totalizando 
R$97.200,00 -, contrata mais de um funcionário, soma mais um sócio, 
abre filial ou outra empresa no nome empresário responsável, ou passa 
a exercer atividades não permitidas. Em qualquer dessas hipóteses a MEI 
deve ser desenquadrada e transformada em microempresa. 
Da mesma forma, a Microempresa que em 2019 alcançar 
faturamento anual superior a R$360.000,00 deve ser transformada em 
Empresa de Pequeno Porte.
Independente do enquadramento da empresa, porém, o direito dos 
credores nunca é afetado pela transformação. (art. 222, Lei 6.404/76, e art. 
1.115, CC).
Incorporação
A incorporação é um fenômeno de concentração empresarial 
característico do capitalismo, que pode ocorrer entre quaisquer tipos de 
Direito Empresarial 13
empresas. E são muitas as razões que levam sociedades exploradoras de 
um mesmo segmento industrial ou comercial a se fundirem: conquista de 
novos nichos de mercado, melhoria na logística de distribuição, aumento 
da competitividade, domínio de novas tecnologias, etc.
Esse instituto é definido no art. 116, do CC, como a absorção de 
uma ou várias sociedades por outra, que as “sucede em todos os direitos 
e obrigações, devendo todas aprová-la, na forma estabelecida para os 
respectivos tipos”.
A Lei 6.404/76, por sua vez, no art. 227, a define como “a operação 
pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes 
sucede em todos os direitos e obrigações”.
Ou seja, na incorporação há uma obsorção total da incorporada 
pela incorporadora, que assume todas as obrigações, direitos, ativo e 
passivo. Os credores de ambas empresas não são prejudicados, pois a 
incorporadora, ao integrar a estrutura da integrada na sua totalidade e 
integrá-la no seu patrimônio, assume também a obrigação de pagar todas 
as dívidas.
IMPORTANTE:
Mas, atenção, as regras são diferentes para as sociedades de 
pessoas e as sociedades de capital. Na primeira, a deliberação 
de incorporar ou ser incorporada emana da vontade da 
maioria dos sócios, que estabelece as bases da operação e 
o projeto de reforma do ato constitutivo (art. 1.117 e 1.118, CC). 
Na segunda, incorporadora e incorporada devem aprovar a 
incorporação em assembleia geral, as bases da operação e o 
projeto de reforma do ato constitutivo, levando tudo a registro 
na Junta Comercial. (art. 135 e 136 c/c 223, Lei 6.404/76).
Concluídos os atos da integração, a sociedade de pessoa declarará 
extinta a incorporada, e promoverá a respectiva averbação no registro 
próprio.
As sociedades de capital abertas deverão ser sucedidas por 
sociedades também de capital aberto, negociando novas ações conforme 
Direito Empresarial14
as regras da Comissão de Valores Mobiliários, no prazo máximo de 120 
dias a contar da assembleia-geral que aprovou a operação, sob pena de 
reembolsar os acionistas que quiserem deixar a empresa no valor das 
suas ações (art. 45 c/c parágrafos 3° e 4°, e art. 223, Lei 6.404/76).
Fusão
Na fusão, duas ou mais sociedades empresariais se fundem, 
são extintas, e uma nova empresa é formada congregando direitos e 
obrigações, passivo e ativo das empresas fundidas. (art. 1.119, CC, e art. 
228, Lei 6.404/76)
A exemplo do que ocorre na incorporação, nas sociedades de 
capital a fusão também deve ser aprovada em assembleia geral, de todas 
as empresas interessadas, pelo consenso da maioria dos acionistas com 
direito a voto.
As regras gerais da fusão no Código Civil, praticamente replicam as 
regras estabelecidas na Lei das Sociedades Anônimas. 
Diz o art. 1.120, do Código Civil:
Art. 1.120. A fusão será decidida, na forma estabelecida para 
os respectivos tipos, pelas sociedades que pretendam unir-se.
§ 1 . Em reunião ou assembleia dos sócios de cada sociedade, 
deliberada a fusão e aprovado o projeto do ato constitutivo 
da nova sociedade, bem como o plano de distribuição do 
capital social, serão nomeados os peritos para a avaliação do 
patrimônio da sociedade.
§ 2 . Apresentados os laudos, os administradores convocarão 
reunião ou assembleia dos sócios para tomar conhecimento 
deles, decidindo sobre a constituição definitiva da nova 
sociedade.
§ 3 . É vedado aos sócios votar o laudo de avaliação do 
patrimônio da sociedade de que façam parte.”
Direito Empresarial 15
Cisão
Esta figura jurídica foi incorporada ao direito brasileiro, em 1976, pela 
Lei das Sociedades Anônimas, no art. 229, que também define o instituto.
Art. 229. A cisão é a operação pela qual a companhia transfere 
parcelas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, 
constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindo-se a 
companhia cindida, se houver versão de todo o seu patrimônio, 
ou dividindo-se o seu capital, se parcial a versão.
Nesta forma de sucessão empresarial, apenas quando todo o 
patrimônio da empresa cindida é absorvido por outras ocorre a extinção.
Os direitos e obrigações da empresa cindida são divididos da 
seguinte forma:
a. Cisão total: cem por cento do patrimônio é incorporado a 
duas ou mais empresas, a serem criadas ou já existentes, 
sendo irrelevante em qualquer dos casos o tipo empresarial. 
Neste caso a empresa cindida é extinta e as sucessoras 
assumem a totalidade dos direito e obrigações;
b. Cisão parcial: neste caso o patrimônio da empresa cindida 
é desmembrado e parte dele é transferido para uma ou 
mais empresas incorporadoras, já existentes ou a serem 
criadas, sendo irrelevante o tipo social de umas e outras. A 
empresa cindida não é extinta. Mas, como o seu patrimônio 
é transferido para terceiro, o seu capital é reduzido. Os 
direitos e obrigações são divididos entre as partes.
IMPORTANTE:
Atenção: é importante não confundir diminuição do capital 
da cindida com diminuição do seu valor de mercado. Afastar 
parte do patrimônio com pouca ou nenhuma lucratividade 
pode,ao contrário, valorizar a cindida no nicho de mercado 
ela que ocupa.
Direito Empresarial16
Direito de terceiros
Os credores que se sentirem prejudicados podem requerer a 
anulação dos atos autorizadores da incorporação, fusão ou cisão no prazo 
de 90 dias após a publicação.
IMPORTANTE:
O art. 232, da Lei 6.404/76, que fixa prazo de 60 dias para 
o pleito de anulação das fusões, incorporações e cisões foi 
parcialmente revogado pelo Código Civil, que prevê prazo 
mais benéfico, de 90 dias para a ação anulatória. Este prazo 
é decadencial.
Impetrada a ação de anulação dos atos de fusão, incorporação 
ou cisão, os demandados podem consignar judicialmente os valores 
reclamados, caso em que restará prejudicado o pedido anulatório pelo 
cumprimento da obrigação.
Quanto aos direitos trabalhistas, em nenhuma das formas haverá 
rescisão de contratos de trabalho como consequência imediata das 
mudanças societárias.
O comum é que, no decorrer ou logo após concluída a transição, 
as empresas ofereçam aos empregados planos de demissão voluntária. 
O excedente da mão de obra que não adere aos planos é demitido ao 
longo dos dois anos seguintes, em razão de reorganização administrativa 
e extinção de postos de trabalho.
Isso, porém, não ilide a obrigação trabalhista subsidiária dos sócios 
e empresas remanescentes ou novas, de todos os tipos societários, e 
solidária entre os sócios em caso de fraude. O empregador que sucede 
o anterior, por força de lei, precisa garantir aos empregados todos os 
direitos laborais vigentes no momento da sucessão, inclusive as previstas 
em acordos ou convenções coletivas do trabalho.
Neste sentido os arts. 10 e 448 c/c os arts 10-A e 448-A da 
Consolidação das Leis do Trabalho:
Direito Empresarial 17
Art. 10 - Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa 
não afetará os direitos adquiridos por seus empregados.
Art. 10-A. O sócio retirante responde subsidiariamente pelas 
obrigações trabalhistas da sociedade relativas ao período 
em que figurou como sócio, somente em ações ajuizadas 
até dois anos depois de averbada a modificação do contrato, 
observada a seguinte ordem de preferência:
II - os sócios atuais; e 
III - os sócios retirantes. 
Parágrafo único. O sócio retirante responderá solidariamente 
com os demais quando ficar comprovada fraude na alteração 
societária decorrente da modificação do contrato.
Art. 448 - A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da 
empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos 
empregados.
Art. 448-A. Caracterizada a sucessão empresarial ou de 
empregadores prevista nos arts. 10 e 448 desta Consolidação, 
as obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em 
que os empregados trabalhavam para a empresa sucedida, 
são de responsabilidade do sucessor. 
Parágrafo único. A empresa sucedida responderá 
solidariamente com a sucessora quando ficar comprovada 
fraude na transferência.
Finalmente, em caso de fiança locatícia prestada pelos sócios para 
a própria sociedade, ou pela sociedade para terceiros, a exoneração 
das obrigações só ocorre após a notificação dos locadores. (art.39, Lei 
8.245/91, c/c 835 do CC/2002).
Regras para a dissolução da sociedade
Em sentido amplo, a dissolução de uma sociedade é genericamente 
definida como o fim da personalidade jurídica de uma sociedade 
Direito Empresarial18
empresária, e, em sentido estrito, pela assinatura do documento de 
encerramento pelos sócios ou acionistas, ou pelo trânsito em julgado da 
sentença de anulação dos atos de constituição ou de falência ordenando 
o encerramento.
São duas as formas de dissolução empresarial: parcial e total. Mas 
a perda da personalidade jurídica só ocorre após a liquidação, com a 
extinção, etapas imediatamente posteriores aos atos de dissolução.
DEFINIÇÃO:
A liquidação é a fase de realização do ativo, quitação do 
passivo, partilha ou transferência do saldo para sócios ou 
acionistas. A extinção é o réquiem, o ato final dos sócios ou 
acionistas para desfazer os vínculos humanos e materiais 
que integravam a sociedade, concretizado pela assinatura do 
distrato ou inclusão do ato de vontade na ata da assembleia 
para dissolução da empresa.
No instrumento de dissolução deve constar a nomeação de um 
liquidante, para proceder aos atos de liquidação e, a final, de extinção da 
sociedade.
A inobservância desses atos tem implicações diretas quanto ao 
direito de terceiros, em especial nas execuções fiscais e não-fiscais.
Nos termos da Súmula 435, do Superior Tribunal de Justiça:
Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar 
de funcionar no seu domicílio fiscal, sem comunicação aos 
órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da 
execução fiscal para o sócio-gerente.
Entende a jurisprudência majoritária e pacífica do STJ ser obrigação 
dos gestores a manutenção dos cadastros atualizados das empresas, 
desde uma simples mudança de endereço até as informações contábeis 
mais relevantes e/ou complexas.
Direito Empresarial 19
A regularidade dos registros das empresas nas Juntas Comerciais, 
especialmente no caso de dissolução das sociedades, parcial ou total, 
tem por objetivo demonstrar que a resolução foi feita de acordo com os 
ritos e as formalidades legais, ou seja, através da regular liquidação da 
sociedade e pagamento dos credores na ordem de preferência ou de 
acordo com a Lei 11.101/2005, se houver falência. (arts. 1.033 à 1.038, e 
arts. 1.102 a 1.112, CC).
IMPORTANTE:
Não existe “dissolução irregular de sociedade” sob aspecto 
estritamente legal. O STJ, na súmula 435, reconhece, por 
presunção, uma situação fática irregular caracterizada como 
ilícito civil que, por sua vez, tem reflexos jurídicos. Ou seja, 
quando há inobservância de lei, a consequência direta e 
imediata é o cometimento de um ilícito com consequências 
para o infrator. A desobediência a norma cogente civil 
caracteriza um ilícito civil ensejador de responsabilidade civil, 
sem prejuízo de eventuais reflexos penais, tributários e/ou 
administrativos.
Nessa linha de pensamento do STJ, pouco importa se os débitos 
são fiscais ou não-fiscais, pois diante do ilícito se aplica o brocardo “Ubi 
eadem ratio ibi eadem legis dispositio” (Onde existe a mesma razão, aí se 
aplica o mesmo dispositivo legal).
A responsabilidade dos sócios para com a quitação dos débitos da 
sociedade independe de dolo, sendo suficiente a culpa. (art. 135, III, CTN, 
c/c art. 10, Dec. 3.078/19 e art. 158, Lei 6.404/78)
Quanto ao regime, o de constituição das sociedades determina 
também o da dissolução, nos termos o art. 472, do Código Civil. São dois:
a) Contratual: as sociedades constituídas pela vontade dos sócios, 
através de um contrato social, são dissolvidas também contratualmente, 
por meio de um distrato social;
b) Institucional: a dissolução das sociedades criadas por meio 
institucional ou estatutário é feita em assembleia-geral, através da 
Direito Empresarial20
aprovação dos acionistas que possuam no mínimo metade das ações com 
direito a voto, se quorum superior não for exigido no estatuto de empresa 
que não tenha ações negociadas em bolsa ou no mercado de balcão.
Quanto à dissolução das sociedades anônimas, ela pode se dar 
judicial ou extrajudicialmente, nas seguintes circunstâncias: (art. 206, Lei 
6.404/76) 
a. De pleno direito: Acontece à revelia da vontade das partes: 
pela previsão do tempo de vida da empresa no contrato 
ou estatuto; por deliberação da assembleia geral; pela 
existência de único acionista nas datas das assembleias-
gerais com interregno de um ano; e pela extinção por 
imposição ou previsão legal.
b. Por decisão judicial: esta forma se dá através sempre 
através de sentença transitada em julgado. Exemplos são 
a ação anulatória de constituição da empresa, que pode 
ser impetrada por qualquer acionista prejudicado; decisão 
que reconheça o não preenchimento da finalidade 
da empresa em ação propostapor no mínimo 5% dos 
acionistas; ou ainda em decisão que decrete a falência.
c. Por decisão de autoridade administrativa: é possível 
mediante previsão legal pela inobservância de exigência 
legais administrativas: exemplos são a não renovação 
ou cassação de alvará, a interdição de estabelecimento 
comercial ou industrial pelos bombeiros ou pela segurança 
civil; a proibição do exercício da atividade empresarial no 
local onde está a empresa está estabelecida, etc.
Dissolução Parcial da Sociedade
A dissolução parcial da sociedade, também denominada resolução 
parcial, não extingue a sociedade. Após a saída do sócio retirante, ela 
segue ativa com os sócios remanescentes ou com a entrada de novos 
sócios.
Direito Empresarial 21
As quotas pertencentes ao sócio retirante são liquidadas e o valor 
patrimonial correspondente é entregue a ele ou, conforme o caso, a seus 
herdeiros, curador ou tutor.
A consequência imediata da dissolução parcial é a diminuição do 
patrimônio da empresa, decorrente da redução do capital social, o que 
pode ser evitado se os sócios remanescentes optarem por integralizar 
valor equivalente ao capital liquidado ou por admitir um novo sócio que 
integralize o capital dissolvido.
IMPORTANTE:
Atenção: Com o novo Código de Processo Civil, Lei 
13.105/2015, as datas de resolução parcial da sociedade 
passaram a ser aquelas estabelecidas no art. 605 e não mais 
a data do registro na Junta Comercial, inclusive para o cálculo 
do interregno de dois anos de responsabilidade do sócio.
Diz o CPC:
Art. 605. A data da resolução da sociedade será:
I - no caso de falecimento do sócio, a do óbito;
II - na retirada imotivada, o sexagésimo dia seguinte ao do 
recebimento, pela sociedade, da notificação do sócio retirante;
III - no recesso, o dia do recebimento, pela sociedade, da 
notificação do sócio dissidente;
IV - na retirada por justa causa de sociedade por prazo 
determinado e na exclusão judicial de sócio, a do trânsito em 
julgado da decisão que dissolver a sociedade; e
V - na exclusão extrajudicial, a data da assembleia ou da 
reunião de sócios que a tiver deliberado.
A dissolução parcial é possível nos seguintes casos:
a. Morte de sócio: a resolução neste caso depende do 
acordado no contrato social (art. 1.028, I, CC). São três 
Direito Empresarial22
as opções: a sociedade pode ser dissolvida, liquidada 
e as quotas divididas entre os sócios remanescentes 
e os herdeiros do sócio morto (art. 1.028, II, CC); as 
quotas pertencentes ao sócio morto são liquidadas e o 
dinheiro entregue aos herdeiros (art. 1.028, caput, CC), 
prosseguindo a sociedade com os sócios remanescentes; 
ou a transferência das quotas do sócio morto para os 
herdeiros, que o substituirão na sociedade (art. 1.028, III, 
CC).
b. Direito de retirada: O Código Civil reguarda o princípio da 
liberdade das convenções, segundo o qual as pessoas 
são livres para contratar e distratar, sem a necessidade do 
consentimento dos demais sócios. (art. 1.029, CC, c/c 599, 
CPC) O sócio que pretende retirar-se de uma sociedade 
por prazo indeterminado deve notificar os demais sócios 
com antecedência de 60 dias. Como esta notificação 
precisa ser inequívoca, o melhor é fazê-la por notificação 
extrajudicial, em Cartório de Títulos e Documentos. No 
caso da sociedade por prazo determinado, o afastamento 
de sócio só pode ocorrer por sentença judicial que 
reconheça a justa causa como mote para o distrato. As 
causas mais comuns são: a quebra da affectio societatis, a 
incompatibilidade de objetivos e ideias, o desentendimento 
grave e a insatisfação por descumprimento do acordado. 
A decisão judicial que autoriza o afastamento do sócio por 
justa causa tanto pode ser liminar, se presentes o fumus 
boni iuris e o periculum in mora, como definitiva, após 
transitada em julgado. 
Nada impede, porém, a opção dos sócios pela dissolução total 
da sociedade (parágrafo único, art. 1.029, CC). Isso acontece, não raro, 
quando o sócio retirante é o responsável pela administração societária ou 
é o único com a capacitação técnica exigida para a sua existência.
Direito Empresarial 23
O sócio que sai também pode ceder suas quotas a terceiros, a 
título oneroso ou gratuito, mas, nesse caso, não há dissolução parcial da 
sociedade, e sim em alienação ou doação.
c. Exclusão ou Expulsão de sócio: Somente por sentença 
judicial, em ação impetrada pela maioria dos sócios, é 
possível excluir ou expulsar um deles, provando-se o 
cometimento de falta grave no cumprimento das suas 
obrigações ou incapacidade superveniente do retirante. 
(art. 1.030, CC)
É possível o afastamento liminar do sócio das atividades societárias 
até decisão final, em tutela de urgência, quando presentes o fumus boni 
iuri e o periculum in mora. Neste caso, no exame e deferimento do pedido 
liminar, o juiz leva em consideração os princípios da preservação e da 
função social da empresa. (art. 1.085, CC)
Como a lei não define falta grave, o leque de possibilidades é 
muito amplo. As mais comuns são: fraude, desvio de caixa, uso mal-
intencionado dos recursos da empresa e dos clientes, conduta desleal, 
descumprimento das obrigações societárias, uso do nome da empresa 
e dos recursos societários para fins ilícitos, interesses próprios ou de 
terceiros, etc.
Dissolução total da sociedade
A dissolução total da sociedade resulta no fim da personalidade 
empresária pelo rompimento definitivo dos vínculos contratuais.
Uma das possibilidades é o fim do ciclo de vida da empresa 
contratualmente estabelecido, quando opera de pleno direito. O 
legislador, entretanto, com base nos princípios da preservação da 
empresa e da função social, estabeleceu, como exceção, a vigência 
por prazo indeterminado na inércia dos sócios, pela falta de liquidação 
da sociedade. Neste caso, a sociedade ainda poderá ser extinta, total ou 
parcialmente extinta, mas somente nas demais hipóteses previstas em lei 
e não mais pelo vencimento do prazo de vida estabelecido no contrato. 
(art. 1.033, CC)
Direito Empresarial24
Além do prazo contratual, pode-se dissolver totalmente uma 
sociedade: por consenso dos sócios, deliberação por maioria absoluta, 
falta de pluralidade de sócios por mais de 180 dias, por extinção ou não 
renovação da autorização do Estado para funcionar (caso de bancos, 
seguradoras, determinação da defesa civil, etc.).
IMPORTANTE:
Não se dissolve a sociedade por falta de pluralidade de 
sócios se o sócio remanescente, dentro do prazo de 180 dias, 
registrar na Junta Comercial pedido de transformação da 
sociedade para empresário individual ou empresa individual 
de responsabilidade limitada – EIRELI. (parágrafo único, art. 
1.033, CC)
Outras possibilidades para a dissolução são o trânsito em julgado de 
ação que julga procedente pedido de anulação da constituição societária, 
reconhece o exaurimento do seu fim social – exemplo são as Sociedade 
de Propósito Específico – SPE -, ou da sua inexequibilidade (art. 1.034, CC).
A lei permite, expressamente, a possibilidade de inserção de outros 
motivos para a resolução das sociedades nos documentos constitutivos, 
a critério dos sócios, mas cada caso será examinado individualmente pelo 
Judiciário. (art. 135, CC)
Finalmente, a sociedade pode ser totalmente dissolvida pela 
decretação judicial de falência. (arts. 1.044 e 1.087, CC, c/c, Lei 11.101/2005).
Liquidação das sociedades
Encerrada a fase de dissolução, inicia-se a fase de liquidação das 
sociedades que, por sua vez, antecede a extinção da pessoa jurídica.
Ela pode ser definida como uma sequência de atos e providências 
legais e administrativas a serem tomadas pelo liquidante nomeado, com 
o objetivo de realizar o ativo, ou seja, converter em dinheiro tudo o que 
Direito Empresarial 25
for possível, quitar o passivo e dividir o eventual saldo entre os sócios e 
acionistas.
Nesta fase todas as negociações da sociedade são suspensas, à 
exceçãodas iniciadas antes da dissolução, que devem ser obrigatoriamente 
ultimadas.
A liquidação pode ser:
a. Extrajudicial (voluntária, consensual ou amigável): ocorre 
quando, no ato da dissolução, em comum acordo, os 
sócios nomeiam o liquidante e estabelecem as regras para 
os trâmites da liquidação. OBS: Este acordo é imutável 
e perene, e só pode ser alterado excepcionalmente 
por consenso unânime entre as partes ou por anulação 
judicial, provada a existência de vício de consentimento, 
simulação, etc.
b. Judicial: se a dissolução for feita judicialmente, a 
liquidação também deve ser judicial. E, ainda quando feita 
extrajudicialmente, na falta de consenso entre os sócios 
sobre a nomeação do liquidante e/ou sobre as regras 
da liquidação, a via judicial é o caminho. Conforme as 
regras previstas na Lei de Falências, a liquidação judicial 
é sempre feita pelo procedimento comum. (parágrafo 3°, 
arts. 1.046 e 318, CPC, c/c art. 1.111, CC)
No decorrer do processo de liquidação, o juiz convocará e presidirá 
reunião ou assembleia, sempre que necessário, resolvendo sumariamente 
as questões suscitadas. As atas, autenticadas, serão apensadas ao 
processo judicial. (1.112, CC)
Para manter a transparência e preservar o direito de terceiros, o 
liquidante usará a denominação social acrescida do termo “em liquidação”. 
(art. 212, Lei 6.404/76)
Quanto ao liquidante, ele só é obrigatório nos casos de dissolução 
total da sociedade. Nas dissoluções parciais é comum o próprio contador 
Direito Empresarial26
da empresa, assistido por outro da confiança do sócio retirante, proceder 
a liquidação.
Ele pode ser definido como um profissional contratado pela 
sociedade a ser dissolvida ou nomeado pelo juiz para, de forma isenta, 
administrar o processo de liquidação, eventualmente cumulando a 
administração da sociedade, até a extinção, levantando balanços, 
arrecadando ativos, quitando passivos e, a final, partilhando o saldo entre 
os sócios, depositando os valores em conta judicial, etc.
Pode ser pessoa estranha à sociedade ou um dos sócios, mas a 
sua atuação não configura mandato. Os poderes que necessita para a 
prática dos atos de liquidação vêm da lei, como transigir, receber e dar 
quitação, alienar bens móveis ou imóveis, dentre outros. Esses poderes 
também são limitados pela própria lei, que impede o liquidante de gravar 
de ônus reais móveis ou imóveis, contrair dívidas em nome da sociedade 
sem autorização no contrato social ou nas regras estabelecidas para 
a liquidação, pelos sócios ou pelo juiz, excetuando a contratação de 
empréstimos bancários indispensáveis para o pagamento de obrigações 
inadiáveis. (art. 1.105, CC)
A isenção e a liberdade no desenvolvimento do trabalho são 
essenciais para que o liquidante possa tomar as melhores decisões 
patrimoniais.
As obrigações e responsabilidades dos liquidantes são equiparados 
às dos administradores da sociedade liquidanda (art. 1.104, CC), e seus 
deveres estão elencadas no art. 1.103, do Código Civil, que, entretanto, 
não são exaustivos.
Reza o art. 1.103, do Código Civil.
[[Citação]]: Art. 1.103. Constituem deveres do liquidante:
I - averbar e publicar a ata, sentença ou instrumento de 
dissolução da sociedade;
II - arrecadar os bens, livros e documentos da sociedade, onde 
quer que estejam;
III - proceder, nos quinze dias seguintes ao da sua investidura e 
Direito Empresarial 27
com a assistência, sempre que possível, dos administradores, 
à elaboração do inventário e do balanço geral do ativo e do 
passivo;
IV - ultimar os negócios da sociedade, realizar o ativo, pagar 
o passivo e partilhar o remanescente entre os sócios ou 
acionistas;
V - exigir dos quotistas, quando insuficiente o ativo à solução 
do passivo, a integralização de suas quotas e, se for o caso, 
as quantias necessárias, nos limites da responsabilidade de 
cada um e proporcionalmente à respectiva participação nas 
perdas, repartindo-se, entre os sócios solventes e na mesma 
proporção, o devido pelo insolvente;
VI - convocar assembleia dos quotistas, cada seis meses, 
para apresentar relatório e balanço do estado da liquidação, 
prestando conta dos atos praticados durante o semestre, ou 
sempre que necessário;
VII - confessar a falência da sociedade e pedir concordata, 
de acordo com as formalidades prescritas para o tipo de 
sociedade liquidanda;
VIII - finda a liquidação, apresentar aos sócios o relatório da 
liquidação e as suas contas finais;
IX - averbar a ata da reunião ou da assembleia, ou o instrumento 
firmado pelos sócios, que considerar encerrada a liquidação.
Parágrafo único. Em todos os atos, documentos ou 
publicações, o liquidante empregará a firma ou denominação 
social sempre seguida da cláusula “em liquidação” e de sua 
assinatura individual, com a declaração de sua qualidade.
Sobre a remuneração do liquidante, quando a contratação é privada, 
não há maiores problemas, pois prevalece o acordo entre os interessados. 
Porém, no caso da nomeação judicial, como inexiste previsão legal para 
a remuneração desse profissional, aplica-se, por analogia, a remuneração 
Direito Empresarial28
do administrador judicial fixada na Lei de Recuperação e Falências – LRF 
(Lei 11.101/2005).
Neste diapasão, a remuneração do liquidante, na liquidação judicial, 
não ultrapassa 5% do valor da venda dos bens da sociedade, reduzindo 
para 2% no caso das Microempresas - ME e das Empresas de Pequeno 
Porte – EPP. (art. 24, LRF)
Entretanto, como o trabalho do liquidante, mesmo nomeado 
judicialmente é de natureza privada, o percentual inicialmente arbitrado 
pelo juiz pode ser impugnado pelas partes ou ser objeto de negociação 
e acordo entre partes e liquidante, posteriormente homologado pelo juiz.
A remuneração arbitrada em porcentagem sobre o valor arrecadado 
tem por objetivo estimular o liquidante a obter melhor preço pelos bens. 
Quanto melhor ele vende, maior a sua remuneração.
Finalmente, é obrigação do liquidante prestar contas e responder 
pelos atos que praticou perante sócios, credores e Juízo. (arts. 154 e 155, 
LRF, c/c 217, Lei 6.404/76)
Aprovadas as contas em assembleia-geral ou por aceitação 
dos sócios, na liquidação extrajudicial, a fase de liquidação é dada 
por encerrada, a sociedade declarada extinta por distrato ou na ata da 
assembleia-geral, documentos que devem ser levados a registro na Junta 
Comercial.
Na liquidação judicial é observada a lei processual (art. 1.111, CC). Em 
resumo, o juiz julga as contas e a liquidação e, estando tudo de acordo 
com a lei, sentencia a extinção da sociedade, oficiando a Junta Comercial.
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo 
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente 
entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir 
tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que os aspectos 
e tipos de alterações societárias, suas peculiaridades e 
consequências.
Direito Empresarial 29
Desconsideração da personalidade 
jurídica
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo você será capaz de entender como 
funciona a personalidade jurídica. Isto será fundamental para 
o exercício de sua profissão. Motivado para desenvolver esta 
competência? Então vamos lá. Avante!
A desconsideração da pessoa jurídica
Esse instituto sofreu profunda mudança com a recente Lei 13.874, 
sancionada em 20 de setembro de 2019, que alterou vários artigos do 
Código Civil e outras leis que regulamentam o Direito Empresarial.
A desconsideração da pessoa jurídica, também denominada de 
desconsideração da autonomia patrimonial da pessoa jurídica, segue 
sendo uma medida judicial extrema, que atinge os bens particulares dos 
sócios e administradores para o pagamento de credores da sociedade, 
prejudicados pelo abuso da personalidade jurídica, praticado com desvio 
de finalidade ou confusão patrimonial. (art. 50, CC)
Esta é a nova redação do art. 50 do Código Civil:
Art. 50. Em caso de abusoda personalidade jurídica, 
caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão 
patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do 
Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, 
desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas 
relações de obrigações sejam estendidos aos bens 
particulares de administradores ou de sócios da pessoa 
jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso.
§ 1° Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade 
é a utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar 
credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza.
Direito Empresarial30
§ 2° Entende-se por confusão patrimonial a ausência de 
separação de fato entre os patrimônios, caracterizada por: 
I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do 
sócio ou do administrador ou vice-versa; 
II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas 
contraprestações, exceto os de valor proporcionalmente 
insignificante; e
III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial.
§ 3° O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também 
se aplica à extensão das obrigações de sócios ou de 
administradores à pessoa jurídica. 
§ 4° A mera existência de grupo econômico sem a presença 
dos requisitos de que trata o caput deste artigo não autoriza a 
desconsideração da personalidade da pessoa jurídica.
§ 5° Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou 
a alteração da finalidade original da atividade econômica 
específica da pessoa jurídica.
Houve uma preocupação do legislador em delimitar a 
responsabilidade e, consequentemente, os bens particulares dos sócios 
e administradores que podem ser atingidos pela desconsideração, 
condicionando-a ao benefício direto ou indireto do abuso da 
personalidade jurídica. Ou seja, os sócios e administradores que não 
tenham se beneficiado do abuso estão naturalmente excluídos e seus 
bens particulares não podem ser atingidos para o pagamento de dívidas 
da sociedade. Pela redação anterior, o simples fato de ser sócio de 
sociedade fraudadora autorizava o perdimento de bens para indenização 
dos prejudicados.
Também restaram definidos e bem delimitados o abuso de finalidade 
e a confusão patrimonial, assim como os casos em que a personalidade 
jurídica não pode ser desconsiderada.
Direito Empresarial 31
A atual definição legal do desvio de finalidade é utilização da pessoa 
jurídica com o propósito de lesar credores e/ou praticar atos ilícitos de 
qualquer natureza.
IMPORTANTE:
A Medida Provisória n° 881/2019, previa expressamente 
a necessidade da conduta dolosa para configuração do 
abuso da personalidade, o que foi suprimido na Lei n° 13.874 
sancionada. Mas essa supressão é irrelevante, pois o texto da lei 
exige o propósito, ou seja, o dolo, a vontade livre e consciente 
de praticar o ato abusivo e obter o resultado danoso. A culpa, 
caracterizada pela negligência, imprudência ou imperícia, não 
autoriza a desconsideração da pessoa jurídica.
Para a caracterização da confusão patrimonial, por sua vez, é preciso 
haver a ausência real de separação dos bens dos sócios e administradores 
dos bens da pessoa jurídica e prática reiterada de atos que indiquem 
confusão de obrigações dos particulares e da empresa, transferência 
de ativos que não configurem dividendos, e a prática de outros atos que 
deixem clara a ausência de autonomia patrimonial da pessoa jurídica.
A lei também desautoriza a desconsideração da pessoa jurídica 
pelo simples fato das empresas integrarem grupo econômico, limitando a 
responsabilidade àquelas que real e efetivamente tenham se beneficiado 
do abuso da personalidade.
Tampouco autoriza a desconsideração da pessoa jurídica a simples 
alteração de finalidade da atividade econômica das empresas ou a 
expansão das atividades empresariais.
O objetivo da alteração na lei foi dar segurança jurídica aos sócios 
e administradores, especificando de forma clara como e de que forma 
os seus bens pessoais podem ser atingidos para pagamento de dívidas 
da sociedade. Porém, por outro lado, tornou mais difícil para os credores 
fazer a prova das condutas abusivas das empresas.
Direito Empresarial32
A jurisprudência, nos próximos anos, se encarregará de equacionar 
a atual hipossuficiência dos credores frente às empresas que praticam 
condutas abusivas.
Processualmente, a desconsideração da pessoa jurídica deve 
ser pleiteada através de incidente processual, inclusive nos juizados 
especiais, à exceção de quando o pedido for feito na inicial. (arts. 133 a 137 
e 1.062, CPC).
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo 
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente 
entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir o 
que vimos. Você deve ter aprendido sobre o funcionamento 
da personalidade jurídica.
Direito Empresarial 33
Recuperação de empresas
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo você será capaz de entender 
sobre a recuperação de empresas. Isto será fundamental 
para o exercício de sua profissão. E então? Motivado para 
desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante!
 Lei de Recuperação e Falência de 
Empresas
A Lei de Recuperação e Falência de Empresas, Lei 11.101/2005, é 
uma norma eclética, pois reúne no seu texto diretrizes administrativas, 
civis, processuais e penais, com o objetivo de disciplinar recuperações 
extrajudiciais e judiciais, e também a falência do empresário individual 
e da sociedade empresária, lastreada no princípio da preservação da 
empresa e da sua função social, com norte na proteção da atividade 
econômica através da valorização do trabalho humano e da livre iniciativa, 
aliando preservação dos empregos e justiça social à recompensa do lucro 
e saúde da economia nacional, nos termos do art. 170, da Constituição 
Federal.
Nesta linha também o art. 47, da Lei 11.101/2005:
 Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a 
superação da situação de crise econômico-financeira do 
devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, 
do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, 
promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função 
social e o estímulo à atividade econômica.
Crises empresariais patrimoniais, econômicas ou financeiras 
podem ter várias razões: má administração, desentendimento entre 
sócios, fenômenos naturais, concorrência desleal, falta ou excesso de 
insumos, diminuição do consumo, atraso tecnológico, linha de produção 
ultrapassada, dentre outros.
Direito Empresarial34
O objetivo primeiro da Lei 11.101 é ajudar as empresas a sanar essas 
crises para que possam continuar atuando no mercado, restringindo a 
falência aos casos de real impossibilidade de recomposição dos ativos 
empresariais.
Caracteriza-se crise econômica quando a empresa não vende 
produtos e serviços em quantidade que lhe permita pagar os seus custos, 
ensejando inadimplemento eventual, ou seja, incapacidade de cumprir 
obrigações líquidas e certas nos prazos corretos. 
A crise financeira é mais grave e ocorre quando o fluxo de caixa é 
insuficiente para o pagamento das obrigações empresariais, caracterizando 
iliquidez e incapacidade provisória do devedor para cumprir as obrigações, 
em que pese a empresa possua ativo em quantidade suficiente para quitar 
dívidas vencidas e vincendas.
A crise patrimonial, por sua vez é muito grave e ocorre quando o 
ativo da empresa é inferior ao seu passivo, ou seja, quando há insolvência, 
incapacidade definitiva para o pagamento das obrigações, pela falta de 
bens e direitos suficientes para cobri-las.
IMPORTANTE:
 Atenção: A insolvência civil é a incapacidade econômica 
e financeira de pessoa física para pagar dúvidas por ela 
contraídas e que superam os seus ganhos e o seu patrimônio 
disponível ou penhorável. Ao fim do processo a pessoa física 
pode se recuperar e tornar-se solvente ou, persistindo a 
inadimplência, serdeclarada definitivamente insolvente por 
sentença judicial. Por força do art. 1.052 do CPC/2015, até a 
edição de lei especial que regulamente o tema, a insolvência 
civil continua sendo processada e julgada de acordo com os 
arts. 758 a 786-A do CPC/1939.
O endurecimento da desconsideração da pessoa jurídica pela Lei 
13.874/2019, que também aumentou a rigidez na separação patrimonial 
das empresas e dos empresários, limitando responsabilidades, tem por 
objetivo incentivar o empreendedorismo. O empresário pode empenhar-
Direito Empresarial 35
se mais e melhor para recuperar a sua empresa sabendo que o seu 
patrimônio pessoal não só responderá pelas dividas societárias se provado 
o abuso de finalidade e a confusão patrimonial.
Pessoas jurídicas na lei 11.101/2005 - LRF
Todas as pessoas jurídicas que desenvolvem atividades 
empresariais estão sob a égide da Lei de Recuperação e Falência de 
Empresas, excetuando as elencadas no art. 2°, em rol não exaustivo, já que 
há outras pessoas jurídicas não sujeitas à falência por previsão no Código 
Civil e em leis especiais
Diz o art. 2°, da Lei 11.101/2005:
:Art. 2° Esta Lei não se aplica a:
I – empresa pública e sociedade de economia mista;
II – instituição financeira pública ou privada, cooperativa de 
crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, 
sociedade operadora de plano de assistência à saúde, 
sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras 
entidades legalmente equiparadas às anteriores.
Relembrando, o parágrafo único, do art. 966, do Código Civil, 
especifica que não são empresários “quem exerce profissão intelectual, de 
natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares 
ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de 
empresa”.
Para fins falimentares, porém, é irrelevante que o empresário 
individual ou a sociedade empresária estejam regularmente registrados 
na Junta Comercial. Ou seja, as sociedades não personificadas, e mesmo 
aquelas com alguma irregularidade registral, podem ter a sua falência 
decretada. 
O que a lei lhes veda é o pleito de autofalência, de recuperação 
judicial ou de falência de outro empresário do qual sejam credores, pois 
Direito Empresarial36
para isso precisam atender às exigências dos arts. 105 e 106, c/c art. 97, 
da Lei 11.101/2005. 
Só as empresas regularmente registradas na Junta Comercial 
alcançam essas benesses legais.
As atividades rurais, por sua vez, só estão sujeitas à recuperação 
judicial e à falência se o trabalhador rural optar por fazer a sua inscrição 
na Junta Comercial e se equiparar à sociedade empresária (arts. 971 e 
984, CC). Nada impede, porém, que o trabalhador rural devedor pleiteie a 
declaração judicial da sua insolvência civil.
Entretanto, seja por desconhecimento da lei, seja pelo preconceito 
em se autodeclarar devedor, ou ainda pelo alto custo processual, a 
insolvência civil raramente é utilizada pelas pessoas físicas devedores, 
em que pese possa ser uma medida extremamente benéfica, por lhes dar 
tempo e condições favoráveis para renegociar dívidas, preservar o seu 
patrimônio e recuperar sua saúde financeira.
Com relação às cooperativas em geral, há um aparente vácuo legal 
no que diz respeito à possibilidade da recuperação judicial ou extrajudicial, 
já que o instituto não existia em 1976, quando sancionada a Lei 5.764, que 
define a Política Nacional de Cooperativismo, institui o regime jurídico das 
sociedades cooperativas e dá outras providências. E é aparente porque, 
mesmo há muitos anos, o legislador se preocupou em proteger e ajudar 
as cooperativas em dificuldade econômica-financeira a se recuperar, em 
razão da sua importância social.
As cooperativas de crédito, nos termos do art. 2°, não estão 
sob a égide da Lei 11.101/2005, pois todas as instituições que têm 
natureza jurídica de instituição financeira, não-bancária, se submetem 
diretamente à Lei 6.024/74, que trata da intervenção e liquidação 
extrajudicial das instituições financeiras. A Lei de Falências é usada apenas 
subsidiariamente, na omissão da Lei 6.024/74. As cooperativas de crédito 
também estão sob fiscalização direta do Banco Central, nos termos do 
Decreto 2.321/1987, que prevê um regime de administração especial 
temporária, nas instituições financeiras publicas e privadas não federais, à 
guisa de recuperação.
Direito Empresarial 37
As cooperativas em geral, por sua vez, não estão sujeitas à falência 
por serem sociedades de pessoas, nos termos do art. 4°, da Lei 5.764/1971.
Porém, é importante ressalvar que o art. 76, da Lei n. 5.764/71, 
prevê uma espécie de recuperação econômica para as cooperativas em 
geral. Após a publicação da ata da assembleia que autoriza a liquidação, 
com vistas à mantença da integridade do sistema cooperativo, a bem do 
interesse público e para facilitar uma eventual recuperação econômica, as 
cooperativas têm moratória de um ano, período no qual ficam suspensas 
todas as ações judiciais contra elas.
Assim como no caso das cooperativas de crédito, a Lei de 
Recuperação e Falências não se aplica, in totum, às cooperativas em 
geral. Ela é usada apenas de forma subsidiaria, no silêncio da lei especial 
5.764/71 e no que não afrontar as determinações expressas do legislador 
em normas que lhe digam respeito diretamente.
Aspectos processuais relevantes da LRF
A competência para o processo de recuperação judicial ou da 
falência é do juízo da comarca estadual no qual está instalado o principal 
estabelecimento do devedor ou da filial que tenha sede no estrangeiro, 
que também fica prevento para quaisquer outros pedidos de recuperação 
judicial ou de falência, relacionados ao mesmo devedor. (art. 3° c/c 
parágrafo 8°, art. 6°, LRF).
A exceção diz respeito à constrição de bens não abrangidos pelo 
plano de recuperação da empresa, nos termos da Súmula 480, do STJ, 
in verbis:
“O juízo da recuperação judicial não é competente para decidir 
sobre a constrição de bens não abrangidos pelo plano de 
recuperação da empresa.”
Quanto ao curso do prazo prescricional, com o deferimento 
da recuperação judicial ele é suspenso, assim como todas as ações e 
execuções judiciais contra o devedor, à exceção das ações ilíquidas, das 
trabalhistas e das execuções fiscais, cujo trâmite, na fase de conhecimento, 
Direito Empresarial38
prossegue normalmente nas justiças especializadas (art. 6º e parágrafos 
1º, 2º e 7º, LRF).
A suspensão é de no máximo 180 dias, a contar do deferimento do 
processamento da recuperação e, após o seu decurso, os credores podem 
impetrar ou prosseguir com suas ações e execuções, independente de 
novo pronunciamento judicial. (parágrafo 4°, art. 6°, LRF)
IMPORTANTE:
 Atenção: O caput do art. 6° suspende a prescrição, não a 
interrompe. Na suspensão o prazo para e depois volta a correr 
pelo tempo restante. Na interrupção o prazo para e na volta a 
contagem é reiniciada, como se nunca tivesse corrido antes. 
E, apenas para relembrar, a decadência, perda de um direito 
potestativo, não pode ser suspensa e nem interrompida.
Os créditos alimentares, tanto trabalhistas como honorários 
advocatícios, devem ser habilitados na recuperação e na falência 
em concurso com os demais credores. Um credor individualmente 
considerado, em que pese a relevância da natureza jurídica da verba a 
que tem direito, não pode sobrepor-se a todos os interesses envolvidos no 
processo recuperatório ou falimentar. Por esta razão, as ações trabalhistas 
e outras que tenham caráter alimentar, apesar da proteção constitucional 
de que gozam, devem ser julgadas nas Justiças Especializadas e 
executadas no Juízo Universal Falimentar. A própria lei falimentar as 
coloca em patamar superior no momento do pagamento dos créditos.
Imediatamente após a nomeação, o administrador judicial precisa 
providenciar um levantamento contábil de todos os créditos e débitos 
existentes contra o devedor, combase nos documentos apresentados 
pelos credores, livros contáveis, documentos comerciais e fiscais da 
empresa, etc. (art. 7°, LRF)
O balanço deve ser publicado em edital, dando início ao prazo de 
15 dias para os credores habilitarem eventuais créditos não indicados no 
edital ou apresentarem divergências sobre os créditos publicados, em 
Direito Empresarial 39
documento no qual conste o nome e o endereço do credor, o valor do 
crédito, comprovantes, etc. (parágrafo 1°, art. 7°, c/c art. 9°, LRF)
Apresentadas as habilitações e divergências, o administrador 
judicial deve publicar novo edital com a relação consolidada dos credores. 
(parágrafo 2°, art. 7°, LRF). Eventual omissão do Administrador pode ser 
sanada por determinação judicial.
Mesmo após a publicação editalícia da relação consolidada de 
credores, a lei admite a habilitação de credores retardatários, que, 
entretanto, não gozarão do direito a voto nas deliberações da assembleia-
geral de credores na recuperação judicial, e sem terão direito a rateios na 
falência. (parágrafos 1° e 2°, art. 10, LRF).
O Ministério Público, o próprio devedor e quaisquer credores, no 
prazo de 10 da publicação do edital de publicação da relação consolidada, 
podem impugnar a relação de credores alegando ilegitimidade, ausência 
de crédito, valores divergentes, prescrição, etc. (art. 8°, LRF)
As impugnações são autuadas em autos apartados e apensas à 
ação principal. (parágrafo único, art. 13, LRF)
Cabe ressalvar que, na recuperação judicial e na falência, o 
administrador judicial não representa credores, nem devedores. Ele é um 
auxiliar judicial, pessoa física ou jurídica da confiança do juiz, nomeado 
para conduzir os trâmites administrativos e fiscalizar a gestão na fase 
de recuperação, e efetivamente administrar o negócio na fase falencial, 
sozinho ou em concurso com auxiliares. (art. 21, LRF)
Essa nomeação trás consigo deveres comuns ou não à recuperação 
e à falência.
a. Comuns: enviar correspondência aos credores; fornecer, 
com presteza, todas as informações pedidas pelos 
credores interessados; dar extratos dos livros do devedor, 
que merecerão fé de ofício, a fim de servirem de 
fundamento nas habilitações e impugnações de créditos; 
exigir dos credores, do devedor ou seus administradores 
Direito Empresarial40
quaisquer informações; etc. (art. 22, inciso I, letras “a” a “i”, 
LRF)
b. Específicos na Recuperação Judicial: “fiscalizar as 
atividades do devedor e o cumprimento do plano de 
recuperação judicial; requerer a falência no caso de 
descumprimento de obrigação assumida no plano de 
recuperação; apresentar ao juiz, para juntada aos autos, 
relatório mensal das atividades do devedor; apresentar o 
relatório sobre a execução do plano de recuperação.” (art. 
22, inciso II, letras “a” a “d”)
c. Específicos na Falência: avisar, pelo órgão oficial, o lugar 
e hora em que, diariamente, os credores terão à sua 
disposição os livros e documentos do falido; examinar 
a escrituração do devedor; relacionar os processos e 
assumir a representação judicial da massa falida; receber 
e abrir a correspondência dirigida ao devedor, entregando 
a ele o que não for de interesse da massa; etc. (art. 22, 
inciso III, letras “a” a “r”)
Incorrendo o administrador judicial em desobediência a qualquer 
obrigação legal ou desacato a ordem judicial, o juiz ordenará que seja 
intimado para, no prazo de 05 dias sanar a pendência. Decorrido o 
prazo in albis ou não atendida a pendência a contento, o administrador 
é destituído em decisão motivada e justificada e, preferencialmente, no 
mesmo despacho, o juiz “nomeará substituto para elaborar relatórios ou 
organizar as contas, explicitando as responsabilidades de seu antecessor”. 
(art. 23 e parágrafo único, LRF)
O administrador também pode livremente renunciar ao cargo para 
o qual foi nomeado (parágrafo 3°, art. 24, c/c inciso III, art. 22, LRF), sem 
perda dos honorários até o momento da renúncia.
A remuneração do administrador é fixada pelo juiz, inclusive quanto 
à periodicidade dos pagamentos, mas 40% somente são pagos após a 
apresentação das contas e do relatório final. (art. 24, c/c 24, LRF)
Direito Empresarial 41
É ônus do devedor ou da massa falida o pagamento o administrador 
judicial e das pessoas contratadas para ajudá-lo. (art. 25, LRF)
Assim como na renúncia, na destituição o administrador recebe 
proporcionalmente ao trabalho realizado, exceto se houver inércia, culpa, 
dolo ou descumprimento das obrigações previstas na lei, quando perderá 
o direito a ela. (parágrafo 3°, art. 24, LRF)
IMPORTANTE:
 A remuneração do administrador judicial e dos seus auxiliares 
é crédito extraconcursal, ou seja, deve ser paga antes de 
qualquer outro pagamento a credores do falido. (art. 25, LRF)
Comitê de credores
O Comitê de Credores é um órgão facultativo, fiscalizatório e de 
representação dos credores na recuperação judicial e na falência, dotado 
de poderes decisórios e remunerado com eventuais sobras de caixa. 
Ele é um colegiado composto por credores, com composição 
prevista no art. 26, da LRF. 
A formação do comitê supre a necessidade de convocação da 
universalidade de credores na tomada de decisões simples ou complexas. 
E, ainda que não haja sobra de caixa nem remuneração, isso 
não o escusa de total empenho no cumprimento das suas obrigações 
fiscalizatórias, sob pena de responsabilidade.
São algumas atribuições do Comitê de Credores, em rol não 
exaustivo: fiscalizar as atividades e examinar as contas do administrador 
judicial, zelar pelo bom andamento do processo e pelo cumprimento 
da lei, comunicar ao juiz eventuais violações de direitos ou prejuízo aos 
interesses dos credores; etc. (art. 27, LRF)
Não havendo comitê de credores, o administrador judicial, e na sua 
incompatibilidade o juiz, exercerão as atribuições a ele conferidas pela lei. 
(art. 28, LRF)
Direito Empresarial42
Tão logo nomeados, administrador e membros do comitê de 
credores são intimados pessoalmente para assinarem, na sede do juízo, em 
48 horas, um “termo de compromisso de bem e fielmente desempenhar o 
cargo e assumir todas as responsabilidades a ele inerentes”. (art. 33, LRF)
Se o administrador não assinar no prazo, o juiz nomeará outro. (art. 
34, LRF)
No art. 30, da Lei 11.101, estão elencados os impedimentos para o 
exercício da função de administrador judicial e de membro do comitê de 
credores. 
O caput do art. 30, da LEF, não se aplica no caso de renúncia do 
administrador.
Finalmente, cabe ressalvar que tanto o administrador judicial como 
os membros do comitê respondem pelos prejuízos que causarem no 
exercício das suas atividades por dolo ou culpa. (art. 32, LRF).
Assembleia-geral de credores
A assembleia de credores é um colegiado composto por credores 
trabalhistas, acidentários, com garantias reais, privilegiados (geral e 
especial), quirografários, subordinados, microempresa ou empresa de 
pequeno porte do devedor, para, soberanamente, cumprir as seguintes 
atribuições previstas no art. 35, da LRF.
É vedado ao juiz mudar as decisões da assembleia, exceto nos 
casos comprovados de fraude ou violação de normas cogentes, com 
destaque para os preceitos de ordem pública.
Quando necessário, o juiz convoca a assembleia-geral de credores 
por edital, com antecedência mínima de 15 dias, nele fazendo constar 
local, hora e data da realização da assembleia, ordem do dia, etc. (art. 36, 
LRF)
A assembleia é presidida pelo administrador judicial, que designará 
um secretário entre os presentes, e a instalará, em primeira convocação, 
“com a presença de credores titulares de mais da metade dos créditos 
Direito Empresarial 43
de cada classe, computados pelo valor, e, em segunda convocação, com 
qualquer número”. (caput e parágrafo 2°, art. 37, LRF)
O voto de cada credor é proporcional ao seu crédito, exceto para a 
aprovação do plano de recuperação, quando os votos dos trabalhadores,microempresários e empresas de pequeno porte serão contabilizados 
unitariamente, sem importar o valor do crédito de cada um. (art.38 e 
parágrafo 2°, art. 45 c/c incisos I e IV, art 41, LRF).
Podem participar na assembleia, mas sem direito a voto: os sócios 
do devedor, as sociedades coligadas e controladas, aquelas que tenham 
sócio ou acionista com participação superior a 10% (dez por cento) do 
capital social do devedor ou nas quais o devedor ou algum de seus 
sócios tenham participação superior a 10% (dez por cento) do capital 
social, cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, colateral até o 2º grau, 
ascendente ou descendente do devedor, de administrador, do sócio 
controlador, de membro dos conselhos consultivo, fiscal ou semelhantes 
da sociedade devedora, e a sociedade em que quaisquer dessas pessoas 
exerçam essas funções, podem participar na assembleia. (art. 43, LRF).
Recuperação judicial
Recuperação judicial é uma tentativa opcional, do empresário ou da 
sociedade empresária em estado pré-falencial, para restabelecer a sua 
saúde econômica-financeira através de uma ação judicial.
Credores, trabalhadores, sindicatos e/ou governo não têm 
legitimidade para pleitear a recuperação judicial de empresas, ainda que 
possuam um maravilhoso e muito bem estruturado plano para reorganizá-
las e tirá-las do estado pré-falecial.
Este não é, inclusive, o caminho apropriado para todas as 
empresas, pois a reorganização administrativa e produtiva é cara e resulta 
inequivocamente em prejuízo parcial ou total para os credores.
Como o repasse dos riscos associados a atrasos nos pagamentos 
é política monetária e de gestão financeira no Brasil, a recuperação 
judicial ou extrajudicial resulta em aumento de preços dos produtos e 
serviços, juros bancários, impostos, etc. A conta final é sempre paga pela 
Direito Empresarial44
sociedade em geral. Além disso, esse contínuo repassar de custos cria um 
círculo vicioso que prejudica pessoas físicas, empresários e sociedades 
empresárias no curto, médio e longo prazos.
Diante desse quadro, somente o empresário ou sociedade 
empresária com real probabilidade de recuperação deve ter o pedido 
judicial deferido. 
Os demais devem requerer falência. 
As sociedades em comum, de economia mista, cooperativa ou 
simples não têm legitimidade para impetrar Ação de Recuperação Judicial 
justamente porque não podem ter a falência decretada. São também 
carentes de legitimidade as instituições financeiras, as integrantes do 
sistema de distribuição de títulos ou valores mobiliários no mercado de 
capitais e as corretoras de câmbio (art. 53, Lei 6.024/74), as seguradoras 
integrantes do Sistema Nacional de Seguros Privados (art.26, Decreto-lei 
n. 73/66) e as operadoras e seguradoras de planos privados de assistência 
à saúde (art. 23, Lei 9.656/98).
Pode requerer a Recuperação Judicial o empresário ou sociedade 
empresária devedora que, no momento da distribuição da ação, contar 
com mais de dois anos de exercício da atividade empresarial e que, 
cumulativamente: não seja falido, ou tenha falência anterior extinta por 
sentença transitada em julgado; não tenha pedido recuperação judicial, 
ou sendo microempresa ou empresa de pequeno porte não tenha obtido 
concessão de recuperação judicial com plano especial nos cinco anos 
anteriores à distribuição da ação; e, não ter sido condenada, nem ter 
administrador ou sócio controlador condenados por crimes falimentares. 
(art. 48, incisos I a IV, LRF)
Ressalvada a preferência dos créditos extraconcursais 
discriminados no art. 84, da LRF (remunerações do administrador 
judicial e auxiliares, créditos pagos por credores da recuperanda, custas 
judiciais e extrajudiciais, obrigações resultantes de atos jurídicos válidos), 
o pagamento dos credores se dá na ordem estrita do art. 83 da LRF: 
trabalhistas até 150 salários mínimos por credor e acidentários, seguidos 
pela garantia real até o limite do bem gravado, tributários exceto multas, 
Direito Empresarial 45
créditos com privilégio especial discriminados em lei (art. 964, CC, com 
direito de retenção, devidos a microempreendedores individuais e das 
microempresas e empresas de pequeno porte, etc.), créditos com privilégio 
geral (art. 965, CC, art. 65, LRF, e outros previstos em leis especiais), 
créditos quirografários, multas diversas e créditos subordinados.
Cabe ao autor a demonstração inicial da viabilidade do cumprimento 
dessas obrigações e a condição posterior de prosseguimento do negócio, 
sob pena do plano de recuperação ser judicialmente recusado.
O exame da viabilidade é feito pelo critério do risco, com base nos 
níveis do ativo e passivo da empresa, o seu porte econômico, o seu tempo 
de existência e a sua importância social no nicho de mercado que ocupa, 
em especial o número de mão de obra que emprega, sem prejuízo de 
outras características importantes e a serem consideradas caso a caso.
Os meios de recuperação judicial da atividade econômica, ou seja, 
algumas providências financeiras, administrativas e jurídicas possíveis, 
não exaustivas, estão elencadas no art. 50, da LRF. 
É ônus do administrador da sociedade empresária, ao impetrar a 
recuperação judicial, informar ao juiz os meios que escolheu e que julga 
aptos e eficazes à restauração econômica-financeira da recuperanda.
O procedimento judicial da recuperação de empresas se divide 
em três fases muito bem demarcadas: a postulatória, a deliberativa e a 
executiva.
a. Fase Postulatória: tem início com a distribuição da inicial 
da Ação de Recuperação Judicial pelo empresário ou pela 
sociedade empresária. Reiterando: só são legitimados 
a interpor Recuperação Judicial aqueles que podem 
legitimamente figurar no polo passivo de ação de falência.
A recuperanda deve tornar imediatamente acessíveis aos credores 
suas demonstrações contábeis, a fim de que lhes seja possível verificar a 
sua real situação econômica, financeira e patrimonial. 
Também em atenção ao princípio da transparência e da boa-fé, a 
recuperanda deve, obrigatoriamente, instruir a petição inicial com os atos 
Direito Empresarial46
constitutivos, a procuração e os seguintes documentos: (art. 51, I a IX, LEF). 
Na falta ou incompletude de documentos o juiz pode dar prazo para 
que sejam disponibilizados. Decorrido o prazo in albis, o juiz extinguirá a 
ação sem resolução do mérito (art. 317, CPC). O autor não poderá propor 
novamente a ação sem pagar ou depositar em cartório as despesas e os 
honorários a que tiver sido condenado (art. 92, CPC).
Se a inicial estiver instruída corretamente o juiz despachará 
ordenando o processamento do pedido de recuperação judicial, nomeará 
um administrador judicial da sua confiança, determinará vista ao Ministério 
Público, dispensará a apresentação de certidões negativas para o 
exercício das atividades empresariais – exceto no caso de contratação 
com o Poder Público ou para o recebimento de benefícios ou incentivos 
fiscais ou creditícios -, determinará a entrega pela recuperanda de 
demonstrativos contáveis mensais durante todo o trâmite processual, 
ordenará a notificação por carta das Fazendas Federal, estaduais em 
todo o Brasil, e municipais onde o devedor tiver estabelecimentos e, 
finalmente, determinará a expedição de edital para publicitar o pedido de 
recuperação.
Importante ressalvar que as ações com pedido de falência contra a 
recuperanda são suspensas pela simples alegação da existência da ação 
de recuperação em preliminar de contestação ou em petição simples, 
mas acompanhadas da prova de existência do processo de Recuperação 
Judicial (art. 95, LRF). Essa prova deve ser feita através de certidão do 
cartório do Juízo da Falência.
IMPORTANTE:
Decisão concessiva da recuperação judicial não se confunde 
com o despacho inicial de processamento. Neste o juiz 
apenas verifica o pedido vestibular, a legitimidade ativa do 
autor, a regularidade da documentação que a instruie dá 
início à ação recuperatória (art. 6° e 52, LRF). Aquela é própria 
da fase deliberatória e inicia com a aprovação do plano pelos 
credores reunidos em assembleia, seguida da concessão da 
recuperação por sentença judicial (arts. 57 e 58, caput) ou, 
excepcionalmente, pela concessão forçada da recuperação 
Direito Empresarial 47
IMPORTANTE (CONTINUAÇÃO):
pelo juiz - Cram Down (parágrafo 1°, art. 58, LRF), configurando 
título executivo judicial impugnável pela via do Agravo de 
Instrumento (art. 59, parágrafos 1º e 2°).
b. Fase Deliberatória: O mais importante nesta fase, que se 
inicia com a publicação do despacho de processamento, 
é a apresentação do plano no prazo de 60 dias e a 
verificação dos créditos, seguida da votação do plano de 
recuperação judicial pela assembleia de credores.
Em que pese não seja garantia de recuperação da empresa, que 
sofre diversos fatores extra-autos como inflação, demanda de mercado, 
fatores concorrenciais, etc., ou até mesmo a má gestão durante o processo, 
todo o trâmite da ação recuperatória, e a própria recuperação da empresa, 
depende da aprovação do plano, da sua consistência e viabilidade.
Um plano inócuo é mera formalidade processual e não ajuda na 
recuperação judicial, resultando, a final, na falência da empresa com 
prejuízo para todos os credores.
Além dos meios, há algumas diretrizes que devem ser 
obrigatoriamente observadas no plano: o pagamento do saldo de salários 
até cinco salários mínimos por trabalhador, vencidos na da data do pedido 
de recuperação, em até 30 dias, e a previsão do pagamento dos direitos 
trabalhistas vencidos no prazo de um ano; proposta de parcelamento de 
créditos fiscais (art. 155-A, CTN); alienação de bens gravados com hipoteca 
ou penhor, e a supressão ou substituição da garantia real após aprovação 
pelos credores, com ou sem voto do titular da garantia.
Após a aprovação do plano pelos credores o juiz homologará 
a decisão. Porém, se houver votação expressiva, mas com quorum 
insuficiente, o juiz pode, discricionariamente, acatar – Cram Down - ou 
rejeitar o plano.
Direito Empresarial48
O Cram Down, um instituto falencial similar ao Crem Down 
americano, parcialmente incorporado ao ordenamento pátrio, permite 
ao juiz ignorar a decisão de rejeição do plano de recuperação pela 
Assembleia-geral de Credores e, a um só tempo, lhe dá poderes para, 
discricionariamente, homologá-lo se estiver acorde com as determinações 
objetivas discriminadas nas leis cogentes. (parágrafo 1°, art. 58, LRF)
Cram Down significa, literalmente, “empurrar o plano goela abaixo” 
da maior parte dos credores que integram a Assembleia- Geral e não 
concordam com o proposto pelo devedor para a recuperação. 
Em que pese possa parecer excessivamente impositivo, e até 
ditatorial, é um instituto útil, especialmente quando os credores não se 
entendem e essa dissonância coloca em risco a eventual recuperação 
da sociedade empresária devedora, com prejuízo para o universo de 
credores e a sociedade em geral.
Também discricionariamente ou em aceitação à Assembleia- Geral 
de Credores, o juiz pode recusar o plano e decretar a falência da parte 
autora.
c. Fase Executória: esta fase inicia com a publicação da 
decisão de concessão da recuperação judicial, no Diário 
Oficial, e dura até dois anos, ou até que se cumpram as 
metas e obrigações previstas no plano. (art. 61, caput, LRF)
IMPORTANTE:
A fase executória é o tempo da execução prática do 
plano de recuperação aprovado pelo Juízo, que somente 
pode ser alterado para mantença do reequilíbrio da 
condição econômica-financeira da recuperanda, por meio 
de aditamento votado pela assembleia de credores e 
homologado pelo juiz ou por Cram Down. A regra geral é de 
não alteração do plano e de obediência estrita aos meios e 
obrigações nele previstas. A alteração do plano no curso do 
processo é medida excepcional.
Direito Empresarial 49
Se a gestão da empresa se afastar do plano, a parte autora pode 
ter a falência decretada a pedido de qualquer um dos credores. (art. 61, 
parágrafo 1°, LRF)
Decretada a falência, os credores são reconstituídos nos seus direitos 
e garantias, nos termos contratados, deduzidos valores recebidos a igual 
título, mantidos os atos válidos praticados no decorrer da recuperação 
judicial. (art. 61, parágrafo 2°, LRF)
O empresário ou a sociedade empresária devedores mantém 
indelével a sua personalidade jurídica durante toda a fase executória, 
podendo contrair obrigações e titularizar créditos, mas não alienar ou onerar 
bens ou direitos, a menos que haja previsão no plano e essa alienação 
seja útil à recuperação. Na falta de previsão no plano, excepcionalmente, 
o juiz pode autorizar a venda após ouvir o comitê.
Em atenção ao princípio da publicidade e da moralidade, a 
recuperanda deve incluir no nome empresarial a expressão “em 
recuperação judicial” e usá-la durante toda a fase executória, sob pena de 
responsabilidade civil direta e pessoal do administrador.
A fase executória se encerra pelo cumprimento do plano de 
recuperação no prazo de dois anos, pela manifestação de desistência 
do empresário ou da sociedade empresária, a qualquer tempo, sujeita 
à aprovação da assembleia de credores, ou ainda pela decretação da 
falência.
Microempresas e empresas de pequeno 
porte
A recuperação judicial da microempresa ou empresa de pequeno 
porte possui regras especiais em decorrência da pouca complexidade de 
que se reveste.
A inicial deve conter declaração expressa de apresentação do Plano 
Especial no prazo legal, bem como ser instruída com livros e escrituração 
contábil simplificada. (par. 1°, art. 70, c/c 2°, art. 51, LRF)
Direito Empresarial50
No Plano Especial da ME e da EPP deve constar, obrigatoriamente: 
(art. 71, LRF)
a. eventual proposta de abatimento das dívidas;
b. previsão do pagamento parcelado de todas elas, vencidas 
ou não até a data da distribuição da ação, para pagamento 
em 180 dias e em até 36 parcelas mensais iguais e 
sucessivas, com acréscimo de juros pela taxa do Sistema 
Especial de Liquidação e de Custódia – SELIC;
c. o reconhecimento expresso da necessidade de autorização 
do juiz para aumento de despesas ou contratação de 
novos empregados, após oitiva do administrador judicial e 
do Comitê de Credores. 
Dívidas trabalhistas e fiscais não entram no plano especial e devem 
ser quitadas.
A suspensão da prescrição alcança somente as ações e execuções 
discriminadas no plano especial (par. 2°, art. 71).
Os credores podem objetar a proposta de parcelamento e, neste 
caso o juiz dará oportunidade ao autor para retificar o plano. (parágrafo 
único, art. 72, c/c art. 55, LRF)
Na falta de retificação, o juiz decidirá o conflito. Porém, se mais da 
metade dos credores apresentarem objeções, a falência será decretada.
Dada a singeleza do procedimento e do plano, a assembleia-geral 
de credores é dispensável. 
Em apertada síntese, o próprio juiz da causa examina o plano e, 
discricionariamente, após ouvir os credores, determina a sua retificação, 
se estiver em desconformidade com a lei, dá prazo para juntada de novos 
documentos e, a final, o homologa, dando início à fase executória, ou o 
rejeita, decretando de plano a falência da micro ou da pequena empresa.
Homologado o plano, os efeitos imediatos da sentença 
homologatória são a suspensão das ações e execuções e a novação das 
obrigações nele discriminadas.
Direito Empresarial 51
RESUMINDO:
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo 
tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente 
entendeu o tema de estudo deste capítulo, vamos resumir 
o que vimos. Você deve ter aprendido sobre a recuperação 
judicial e extrajudicial. 
Direito Empresarial52
Falência
INTRODUÇÃO:
Ao término deste capítulo você será capaz de entender o 
que significa a falência e as suas consequências. Isto será 
fundamental para o exercício de sua profissão. E então? 
Motivado para

Outros materiais