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SEMÂNTICA Conteúdo Aula I

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Semântica
APRESENTAÇÃO
Imagine que você está lendo um livro para uma disciplina do seu curso e, em um certo 
momento, se depara com uma palavra que nunca viu antes e cujo significado você não conhece. 
Talvez você possa seguir com a leitura, sem que isso atrapalhe a sua compreensão do texto 
como um todo. Porém, às vezes, você precisa consultar um dicionário para descobrir o 
significado daquela palavra, para que o texto continue fazendo sentido. De fato, para que 
possamos compreender os textos que lemos ou os enunciados que ouvimos, precisamos, de 
alguma forma, reconhecer os significados das palavras e das frases que os compõem. As formas 
como os significados se estabelecem em enunciados e textos são explicadas pela Semântica.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender o que é Semântica e quais são os seus 
objetos de estudo. Além disso, vai entender o lugar que ela ocupa e o papel que ela desempenha 
dentro do campo dos estudos da linguagem.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Identificar a definição de Semântica.•
Reconhecer o histórico dos estudos em Semântica.•
Analisar diferentes abordagens semânticas.•
DESAFIO
Um dos maiores desafios enfrentados pelos profissionais que produzem dicionários é a 
elaboração dos vocábulos que designam cores. Você já deve ter percebido, nas suas tentativas de 
explicar uma determinada cor para outra pessoa, que cores são muitos difíceis de serem 
definidas linguisticamente. Por conta da natureza desses elementos, vocábulos como amarelo, 
vermelho e azul não podem ser descritos ou reproduzidos em proposições simples ou nos seus 
próprios termos – tal como poderia ser feito para se descrever o tamanho ou a forma de um 
objeto.
 
 
Imagine que você está participando da redação de um dicionário e ficou encarregado do 
vocábulo Amarelo. Como você definiria esse vocábulo? Indique no mínimo três definições e 
traga um exemplo prático.
INFOGRÁFICO
A Semântica tem papel muito importante na elaboração das definições que encontramos nos 
dicionários da nossa língua. No Infográfico a seguir, você vai conhecer três áreas práticas em 
que a semântica pode desempenhar um papel importante.
Confira!
CONTEÚDO DO LIVRO
A Semântica é uma área bastante vasta no campo dos estudos da linguagem – em termos tanto 
de objetos quanto de abordagens e teorias.
Acompanhe a obra Semântica do português, base teórica desta Unidade de Aprendizagem. Leia 
o capítulo Semântica. No trecho, você vai estudar a respeito de como se define e se estrutura a 
Semântica enquanto ciência, bem como encontrar explicações de algumas teorias que se 
enquadram nessa área específica do campo dos estudos da linguagem.
Boa leitura!
SEMÂNTICA 
DO 
PORTUGUÊS
Dalby 
Dienstbach
Revisão técnica:
Laís Virginia Alves Medeiros 
Bacharelado em Letras (UFRGS)
Mestrado em Letras (UFRGS)
Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094
D562s Dienstbach, Dalby.
Semântica do português / Dalby Dienstbach. – Porto 
Alegre : SAGAH, 2017.
79 p. : il. ; 22,5 cm. 
ISBN 978-85-9502-140-2
1. Semântica - Português. I. Título. 
CDU 81’3
Iniciais.indd 2 22/08/2017 10:06:59
Semântica
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Identi� car a de� nição de semântica.
  Reconhecer o histórico dos estudos em semântica.
  Analisar as diferentes abordagens semânticas.
Introdução
Imagine que você está lendo um livro para uma disciplina do seu curso 
e, em determinado momento, depara-se com uma palavra que nunca 
viu antes e cujo significado não conhece. Talvez você possa seguir com 
a leitura sem que isso atrapalhe a sua compreensão do texto como um 
todo. Porém, às vezes, é preciso consultar um dicionário para descobrir 
o significado daquela palavra, de forma que o texto continue fazendo 
sentido. De fato, para que possamos compreender os textos que lemos 
ou os enunciados que ouvimos, precisamos, de alguma forma, reconhecer 
os significados das palavras e frases que os compõem. As formas como os 
significados se estabelecem em enunciados e nos textos são explicadas 
pela semântica.
Neste capítulo, você vai aprender o que é semântica e quais são os 
seus objetos de estudo. Além disso, vai entender qual é o lugar que ela 
ocupa e o papel que desempenha dentro do campo dos estudos da 
linguagem.
U N I D A D E 1
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O que é semântica?
Em geral, semântica é defi nida como o estudo dos signifi cados das línguas 
(CANÇADO, 2008). Com isso, mais especifi camente, diremos que essa é a área 
da Linguística que se ocupa dos processos lógicos, cognitivos e discursivos 
responsáveis pela produção e pela compreensão dos signifi cados de palavras, 
frases e enunciados que se manifestam nas situações de uso da língua. 
Dessa forma, para entender de que forma se estabelecem os significados de 
palavras e frases (tanto para quem as produz quanto para quem as interpreta), 
a semântica investiga, dentre outras coisas:
  as propriedades formais que compõem os conceitos; 
  os conhecimentos dos falantes a respeito daquilo que falam e ouvem 
(ou escrevem e leem); 
  as pistas contextuais que orientam os sentidos de palavras e frases. 
Assim, os estudos em semântica devem ser capazes de explicar, por exemplo, 
como é possível que produzamos uma metáfora como “Estou morrendo de 
fome” sem dar a entender que estamos realmente prestes a morrer, no sentido 
literal, e como é possível entendermos essa metáfora mesmo sabendo que 
ninguém, de fato, perderá a vida.
Por conta da forma como os estudos em semântica entendem o seu objeto, 
isto é, o significado, podemos falar em duas concepções básicas dessa ciência 
(TAMBA-MECZ, 2006). 
A primeira concepção de semântica, que chamaremos de semântica lexical, 
recebe esse nome porque se ocupa pontualmente dos significados das palavras, 
precisamente das unidades lexicais (LEWIS, 1993). Uma unidade lexical 
equivale a qualquer palavra (ou combinação de palavras) que constitua uma 
unidade de significação, ou seja, que esteja dotada de um significado elementar 
próprio. Alguns exemplos simples de unidades lexicais, em português, são 
as palavras “telefone”, “bonito” e “comprar”, e as palavras compostas “livro 
didático”, “mal-humorado” e “fim de semana”. 
A segunda concepção de semântica, da qual faz parte, por exemplo, a 
semântica frásica (ou frástica), refere-se a uma ciência mais abrangente, 
pois assume, como objeto de estudo, o significado de quaisquer unidades que 
compõem uma língua, quer sejam palavras, sintagmas, frases ou, até mesmo, 
as relações entre frases. De acordo com essa concepção, uma sentença como 
“Estou morrendo de fome” pode significar muito mais do que a simples soma 
dos significados das palavras que a compõem, pois contém, além das pro-
 Semântica 12
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priedades lexicais, aspectos pragmáticos e discursivos relativos ao contexto 
em que é enunciada.
É importante observar, aliás, que, quando se trata da produção e da compre-
ensão dos significados de palavras e sentenças, em situações concretas de uso 
da linguagem, a semântica acaba dialogando com outra área da linguística, que 
é a pragmática. Pragmática é a ciência que estuda, basicamente, o sentido e a 
função que os enunciados cumprem em contextos específicos de uso. São os 
aspectos pragmáticos, por exemplo, que nos ajudam a lidar, de uma maneira 
mais apropriada, com sentenças como “Você tem horas?”. 
Se levássemos em consideração somente as relações semânticas dessa sen-
tença com os significados mais convencionais que ela pode denotar, teríamos, 
para essa pergunta, respostas muito literais, como “Sim, tenho” ou “Não, não 
tenho”. No entanto, em situações concretas de uso, devemos ser capazes de 
identificar, além das suas relações semânticas, as funções pragmáticas por trás 
dessa sentença,como a intenção do falante que a enuncia. Nesse caso, uma 
resposta mais adequada para a pergunta “Você tem horas?” seria o horário 
que o relógio marca no momento em que ela é feita.
O termo “semântica”, em português, é uma tradução da palavra francesa “sémantique”, 
cunhada pelo filólogo francês Michel Bréal (1832–1915) no ensaio “As leis intelectuais da 
linguagem” [Les lois intellectuelles du langage], justamente para denominar essa ciência. 
A palavra francesa, por sua vez, deriva do verbo grego “semainein”, que significa algo 
como mostrar ou indicar por meio de sinais ou signos (BRÉAL, 1883).
A semântica no passado
De acordo com um esquema proposto pela linguista francesa Irène Tamba-
-Mecz (2006), o percurso dos estudos dos signifi cados das línguas pode ser 
dividido em três momentos principais, que são defi nidos, em princípio, pelos 
fenômenos semânticos que compõem o seu foco de investigação. Dentro desse 
esquema, os estudos são agrupados em:
  semântica histórica;
  semântica estruturalista;
  semântica baseada em teorias linguísticas.
13Semântica
Semântica do português_U1C1.indd 13 22/08/2017 12:11:35
A semântica histórica teve início em 1883, ano em que foi publicado, na 
França, o artigo seminal “As leis intelectuais da linguagem” (BRÉAL, 1883), 
estendendo-se até as primeiras décadas do século XX. Pode ser caracterizada 
por duas preocupações básicas em relação aos significados. Por ser alinhada 
à tradição daquela época (investigar a história da gramática das línguas [a 
sua filologia]), a primeira dessas preocupações está voltada aos estudos cro-
nológicos dos fenômenos semânticos, que envolve a descrição e o registro 
da origem e da mudança dos significados das palavras ao longo do tempo. 
A outra preocupação é baseada, sobretudo, nas descobertas científicas 
feitas pelo naturalista britânico Charles Darwin (1809–1882), nas décadas de 
1850 a 1870, a respeito da evolução dos seres vivos. De fato, comparando as 
línguas a espécies de seres vivos (que surgem, evoluem e desaparecem em 
função das condições que a natureza impõe), a semântica histórica demonstra 
um grande interesse, também, em desvendar os princípios ou as leis gerais 
que determinariam as mudanças de significação nas línguas. Alguns repre-
sentantes importantes da semântica histórica são o filólogo francês Michel 
Bréal (1832–1915) e o linguista e medievalista alemão Jost Trier (1894–1970).
Figura 1. Michel Bréal (1832–1915), autor do termo 
“semântica” [sémantique] (1883).
Fonte: Michel Bréal (2008).
 Semântica 14
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O início da fase estruturalista da semântica pode ser atribuído à publi-
cação da obra célebre Curso de linguística geral, do linguista e filósofo suíço 
Ferdinand de Saussure (1857–1913). Embora muitos estudiosos, na época do 
lançamento dessa obra, continuassem interessados em descrever a trajetória 
diacrônica (ou seja, evolutiva) dos significados das línguas, uma boa parte dos 
estudos em semântica, desenvolvidos a partir desse período, já começava a dar 
uma atenção maior à dimensão sincrônica (ou seja, estática) desse fenômeno, 
trazendo para dentro dessa ciência os postulados e princípios propostos por 
Saussure (2012). 
De modo geral, as preocupações dos estudos identificados com a semân-
tica estruturalista giram em torno das relações entre os vários significados, 
atrelados aos seus significantes (SAUSSURE, 2012), no interior das línguas 
como sistema fechados. Uma das investigações que esses estudos empreen-
dem, por exemplo, é a de elencar tantas propriedades semânticas (em termos 
de traços distintivos) quantas sejam necessárias e suficientes para definir 
cada conceito e determinar o seu lugar dentro desse sistema. Outro tipo de 
investigação característico desse período é o que busca organizar as palavras 
das línguas em campos semânticos, com base nas relações que existem entre 
os seus significados.
Alguns estudiosos importantes da fase estruturalista da semântica são o 
linguista dinamarquês Louis Hjelmslev (1899–1965), o linguista alemão Leo 
Weisberger (1899–1985) e o linguista inglês John Lyons (1932–). Essa fase 
perdeu o fôlego em meados da década de 1960, quando surgiram diversos 
estudos em semântica vinculados às diferentes teorias linguísticas, muitas 
hoje consolidadas como áreas autônomas.
Duas noções importantes que habitam a semântica estruturalista são o sema e o 
campo semântico. Semas são entendidos como traços semânticos distintivos, isto 
é, propriedades mínimas de significado que distinguem um conceito de outro. Por 
exemplo, as palavras “homem” e “mulher” compartilham vários semas, como “ser vivo”, 
“mamífero”, “primata”, “humano”, etc.; distinguem-se, no entanto, por, pelo menos, um 
sema: a palavra “mulher” contém o sema “fêmea”; a palavra “homem”, o sema “macho”. 
Já os campos semânticos são conjuntos de palavras que se agrupam com base 
em relações de sentido. Por exemplo, as palavras “minúsculo”, “pequeno”, “grande”, 
“enorme”, “gigantesco”, etc. podem compor um campo semântico relativo a tamanho.
15Semântica
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A partir da década de 1960, os estudos em semântica começam a se desen-
volver no âmbito de determinadas escolas linguísticas, identificando-se com os 
postulados e modelos pertinentes a elas, como o princípio da cooperação, do 
filósofo britânico H. Paul Grice (1913–1988), a gramática gerativa, introdu-
zida pelo linguista norte-americano Noam Chomsky (1928–), e a Teoria dos 
Protótipos, proposta pela psicóloga norte-americana Eleanor Rosch (1938–). 
Embora as suas preocupações, no que se refere à investigação dos signifi-
cados das línguas, estejam alinhadas aos propósitos e enfoques de cada escola, 
esses estudos ainda guardam alguns pontos em comum. Por exemplo, algo que 
passa caracterizar os estudos em semântica, de um modo geral, é o fato de 
que o seu objeto de investigação não mais se limita somente aos significados 
das palavras (ou das unidades lexicais), mas se estende aos significados que 
podem ser atribuídos a estruturas sintáticas completas. 
Em outras palavras, podemos dizer que os estudos dos significados, nesse 
período, representam uma semântica tanto das palavras quanto das frases (e, 
até mesmo, das relações entre frases). Outras preocupações mais pontuais 
giram em torno, ainda, de como as estruturas mentais dos falantes ou os 
aspectos contextuais, pertinentes aos eventos concretos de uso da linguagem, 
podem interferir na determinação dos significados de palavras e frases. É 
essa diversidade de teorias semânticas que, a propósito, constitui o cenário 
dos estudos dos significados das línguas atualmente.
Figura 2. Noam Chomsky (1928–), o maior 
nome da gramática gerativa.
Fonte: Noam Chomsky (2017).
 Semântica 16
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A semântica geralmente é encarada como uma contraparte da sintaxe, que é o estudo 
da forma das unidades que se manifestam na língua. Assim, enquanto a sintaxe se 
ocupa, de um modo geral, das regras e dos princípios que orientam a combinação 
tanto de palavras em sintagmas quanto de sintagmas em sentenças (MARTELOTTA, 
2010), a semântica investiga a natureza das relações dessas palavras, sintagmas e 
sentenças com os seus respectivos significados.
A semântica no presente
Atualmente, a semântica constitui uma ciência tão produtiva e relativamente 
abrangente dentro do campo dos estudos da linguagem que podemos falar de 
várias semânticas, ou, mais especifi camente, de várias teorias semânticas. Essas 
teorias se reconhecem em função da maneira como abordam o seu objeto, 
isto é, os signifi cados das línguas. Cançado (2008) sugere, nesse sentido, três 
grupos principais de teorias semânticas: 
  teorias de abordagem referencial;
  teorias de abordagem mentalista;
  teorias de abordagem pragmática.
O primeiro grupo, o das teorias semânticas de abordagem referencial, 
investiga os significados em funçãoda relação entre, de um lado, as palavras 
e, de outro, as entidades do mundo que essas palavras devem representar. Uma 
teoria importante que podemos identificar como de abordagem referencial é 
a teoria denominada semântica formal, desenvolvida por estudiosos como o 
matemático e filósofo alemão F. Gottlob Frege (1848–1925) e o matemático 
e filósofo polonês Alfred Tarski (1901–1983). 
Duas noções fundamentais podem ser relacionadas a essa teoria: a de 
composicionalidade e a de condição de verdade. De acordo com o princípio 
da composicionalidade (FREGE, 2009), o significado de uma dada estrutura 
sintática seria resultado da combinação do significado das suas partes. Em 
outras palavras, diremos, então, que a nossa compreensão do significado 
de uma sentença qualquer dependerá, essencialmente, dos significados das 
palavras e dos sintagmas que a compõem. 
17Semântica
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Para a noção de condição de verdade (TARSKI, 2007), postula-se que, para 
determinar o significado de uma sentença, precisamos conhecer em que condições 
ela seria verdadeira. Por exemplo, podemos compreender o significado da sentença 
“Maria é esposa de Pedro” na medida em que identificamos as condições que 
devem existir para que ela seja verdadeira no mundo, ou seja, que uma pessoa 
chamada de Maria seja, de fato, casada com outra pessoa chamada de Pedro.
O segundo grupo de teorias semânticas, as de abordagem mentalista, 
tratam dos significados a partir da relação das palavras e frases não com 
as respectivas entidades no mundo, mas com aquilo que conhecemos (ou, 
ainda, com as nossas representações mentais) a respeito dessas entidades. 
Duas teorias, pelo menos, fazem parte desse grupo: a semântica cognitiva e 
a semântica representacional. 
Desenvolvida inicialmente pelos linguistas norte-americanos George Lakoff 
(1941–) e Ronald Langacker (1942–), a semântica cognitiva se coloca, dentro 
dos estudos da linguagem, como uma dissidência da gramática gerativa princi-
palmente, Chomsky (1978). Um postulado fundamental dessa teoria semântica 
é o de que os significados da nossa língua se organizariam dentro da nossa 
mente, ou do nosso sistema conceptual, em termos de sistemas abstratos (ou 
esquemas) de elementos inter-relacionados.
Dessa forma, o significado de uma palavra qualquer, como, por exemplo, 
“domingo”, é determinado, dentre outras coisas, pelo sistema abstrato de 
conceitos do qual ela faz parte (nesse caso, um esquema de “semana”) e que 
reúne outros elementos relacionados a ela (como “segunda-feira”, “terça-feira”, 
“quarta-feira”, etc.). Para compreendermos o significado de “domingo”, por-
tanto, precisamos conhecer todo o esquema em que esse conceito está inserido. 
Já a semântica representacional, proposta pelo linguista norte-americano 
Ray Jackendoff (1945–), pode ser caracterizada como uma contraparte da 
gramática gerativa nos estudos dos significados. Um dos postulados que aquela 
teoria semântica compartilha com essa teoria sintática, por exemplo, é o de 
que os diferentes aspectos da linguagem (ou seja, a sua fonologia, sintaxe, 
semântica, etc.) seriam processados por módulos mentais autônomos. Ou seja, 
para a semântica representacional, as representações mentais que dão conta 
dos significados da nossa língua estariam localizadas em um compartimento 
próprio dentro da nossa mente.
Por fim, temos o conjunto de teorias semânticas de abordagem pragmática, 
que estuda de que maneira se estabelecem os significados de palavras e frases 
nas situações concretas de uso da linguagem. Uma primeira representante desse 
grupo é a teoria dos atos de fala, cujos teóricos mais célebres são o filósofo 
inglês John Austin (1911–1960) e filósofo norte-americano John Searle (1932–). 
 Semântica 18
Semântica do português_U1C1.indd 18 22/08/2017 12:11:36
O que essa teoria argumenta, basicamente, é que os enunciados, além de 
um significado convencional, também desempenham uma função específica, 
socialmente convencionalizada, como informar, persuadir, prometer, etc. 
Os enunciados são considerados atos (de fala), nesse caso, porque possuem 
algum efeito sobre o arranjo contextual em que são proferidas. Considere, 
por exemplo, as sentenças “Você poderia fechar a janela, por favor?” e “Está 
muito frio aqui dentro”. Embora denotem significados diferentes, ambas 
podem propor que a mesma ação seja tomada: uma por meio de uma ordem 
direta; a outra por meio de uma insinuação. 
Duas outras teorias importantes, que podemos classificar como de abordagem 
pragmática, são a semântica argumentativa, proposta pelo linguista francês 
Oswald Ducrot (1930–), e a análise do discurso, inaugurada pelo filósofo, 
também francês, Michel Pêcheux (1938–1983). A primeira delas orienta o estudo 
dos significados diante das intenções e pressuposições implicadas no uso das 
sentenças, não propriamente da sua estrutura sintática. Dessa forma, o que 
interessa para essa teoria é o fato de uma mesma sentença, como, por exemplo, 
“Estou sem dinheiro” pode ter mais de um significado, dependendo das inten-
ções do falante. Por sua vez, a análise do discurso curso propõe o estudo dos 
significados em função das condições sociais, históricas, políticas, etc. da sua 
produção, ou seja, das relações de poder (ideológicas) entre os interlocutores.
Figura 3. O linguista Oswald Ducrot 
(1930–).
Fonte: Oswald Ducrot (2017).
19Semântica
Semântica do português_U1C1.indd 19 22/08/2017 12:11:36
BRÉAL, M. Les lois intellectuelles du langage: fragment de sémantique. Annuaire de 
l’Association pour l’encouragement des études grecques en France, n. 17, p. 132-142, 1883.
CANÇADO, M. Manual de semântica: noções básicas e exercícios. 2. ed. Belo Horizonte: 
UFMG, 2008.
CHOMSKY, N. Aspectos da teoria da sintaxe. 2. ed. Coimbra: Almedima, 1978.
FREGE, F. Sobre o sentido e a referência. In: ______. Lógica e filosofia da linguagem. 
2. ed. São Paulo: EDUSP, 2009.
LEWIS, M. The lexical approach: the state of ELT and a way forward. Hove: Language 
Teaching Publications, 1993.
MARTELOTTA, M. Conceitos de gramática. In: MARTELOTTA, M. (Org.). Manual de 
linguística. São Paulo: Contexto, 2010.
MICHEL BREAL. Vor 175 jahren: michel bréal, weltbürger und sprachwissenschaftler, wird 
in landau geboren. 2008. Disponível: <http://www.pfalzgeschichte.de/michel-breal/>. 
Acesso em: 30 jul. 2017.
NOAM CHOMSKY. In: Wikipedia. 2017. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/
Noam_Chomsky>. Acesso em: 30 jul. 2017.
OSWALD DUCROT. Biographie & informations. 2017. Disponível em: <https://www.
babelio.com/auteur/Oswald-Ducrot/33571>. Acesso em: 30 jul. 2017.
SAUSSURE, F. Curso de linguística geral. 28. ed. São Paulo: Cultrix, 2012.
TAMBA-MECZ, I. A semântica. São Paulo: Parábola, 2006.
TARSKI, A. A concepção semântica da verdade e os fundamentos da semântica. In: 
MORTARI, C. A.; DUTRA, L. H. (Orgs.). A concepção semântica da verdade: textos clássicos 
de Tarski. São Paulo: UNESP, 2007.
21Semântica
Semântica do português_U1C1.indd 21 22/08/2017 12:11:38
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
 
DICA DO PROFESSOR
Semântica é o estudo dos significados das unidades lexicais. Sua utilização para o ensino de 
línguas, a tradução de textos ou para a redação de dicionários envolve o conhecimento dos 
fenômenos próprios dessa ciência.
O vídeo a seguir mostra alguns fenômenos dos quais a semântica lexical se ocupa: sinonímia, 
antonímia, polissemia, homonímia, hiperonímia e hiponímia.
Assista!
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
EXERCÍCIOS
1) "Unidade lexical" é um termo fundamental para os estudos em Semântica. A que ele 
se refere?
A) Qualquer palavra ou frase que desempenha alguma função pragmática.
B) Qualquer pista contextual que orienta o sentido de palavras e frases.
C) Qualquer palavra ou combinação de palavras dotadade um significado elementar.
D) Qualquer sentença cujo significado resulta da soma dos significados das palavras que a 
compõem.
E) Qualquer palavra composta que denota um significado diferente dos significados das suas 
partes.
2) Qual é um dos objetos de interesse da fase estruturalista da Semântica?
A) Os campos semânticos, que agrupam as palavras de uma língua com base nas relações que 
há entre os seus significados.
B) As representações mentais dos falantes e a forma como elas determinam os significados de 
palavras e frases.
C) Os aspectos cronológicos que indicam a origem dos significados das línguas.
D) Os aspectos contextuais de uso da linguagem e a forma como eles determinam os 
significados de palavras e frases.
E) As leis gerais que orientam a mudança dos significados das línguas ao longo do tempo.
3) Qual a relação entre Semântica e Pragmática?
A) Ambas se interessam pelos significados no seu nível lexical.
B) A Pragmática é a contraparte da Semântica que se ocupa das regras de combinação de 
palavras e sintagmas.
C) A Semântica é a contraparte da Pragmática que se ocupa dos aspectos contextuais de uso 
da linguagem.
D) A Pragmática se alia à Semântica, inserindo nos estudos dos significados questões 
relativas ao uso da linguagem.
E) A Pragmática é uma abordagem semântica que se ocupa da forma como as representações 
mentais dos falantes determinam os significados.
Qual a abordagem que caracteriza a teoria dos atos de fala, proposta pelo filósofo 4) 
inglês John Austin (1911-1960)?
A) Abordagem pragmática.
B) Abordagem diacrônica.
C) Abordagem mentalista.
D) Abordagem histórica.
E) Abordagem referencial.
5) Um princípio que caracteriza a Semântica Formal é o princípio da 
composicionalidade. A que se refere esse princípio?
A) O significado de uma palavra é determinado pela sua relação com outros conceitos 
pertinentes ao mesmo esquema mental.
B) O significado de uma sentença é determinado pelas condições sociais, históricas, políticas, 
etc. em que ela se manifesta.
C) O significado de uma sentença é determinado pelas condições em que ela seria verdadeira 
no mundo.
D) O significado convencional de uma sentença também desempenha uma função pragmática.
E) O significado de uma sentença seria resultado da soma dos significados de palavras e 
frases que o compõem.
NA PRÁTICA
A Semântica constitui um dos conteúdos que devem ser abordados no ensino de língua materna 
nas escolas, pois ela é fundamental para o desenvolvimento da capacidade de interpretação de 
textos. Um tópico de Semântica que pode ajudar os alunos a desenvolverem a sua capacidade de 
interpretação são as expressões idiomáticas.
Expressões idiomáticas são frases cristalizadas na língua, cujo significado não pode ser 
depreendido a partir dos significados (literais) das palavras que as compõem. É o caso da 
expressão "andar nas nuvens", que quer dizer algo como "estar distraído".
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SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
O Dicionário de termos linguísticos traz a descrição dos conceitos de Semântica Lexical 
(sinonímia, antonímia, etc.) e de outros campos de estudo da língua portuguesa.
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