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Metodologia do Ensino de História 02 1. A Importância da Informação na Educação 4 O que é Transposição Didática? 5 2. A Trajetória Histórica do Ensino de História e Geografia no Ensino Fundamental no Brasil 12 3. Leis e Políticas Educacionais 15 Políticas Educacionais 15 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 16 Os Parâmetros Curriculares Nacionais 17 Os PCN e o Ensino de História 18 4. O Ensino de História em Tempos de Pandemia de Covid-19 22 5. Referências Bibliográficas 33 03 4 METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA 1. A Importância da Informação na Educação Fonte: Incrível História1 ote que o canal vital do mo- mento que que vivemos a era da informação é a conversação, que solicita um transmissor, um recep- tor junto a um canal de comunica- ção, assim, com as novas tecnologias cada vez mais sofisticadas e mais disseminada esse método está cada vez mais corriqueiro e a informação flui mais ligeiramente. Com determinadas combina- ções, tais como as tecnologias do smartphone, do computador e da smartTv, conexo em um sistema in- tegrado de informação e comunica- 1 Retirado em http:incrivelhistoria.com.br ção, que comunicam dados e possi- bilitam interações momentâneas en- tre os indivíduos e os computadores. “A mudança para uma socie- dade baseada na informação vem sendo tão rápida que ainda não nos adaptamos às implica- ções que isso gera” (WURMAN, 1991, p. 43). Para Oliveira Netto (2010) através da tecnologia te- mos toda a informação exis- tente no mundo nas pontas dos dedos, literalmente, os indiví- duos já não tem que desprender longos períodos de tempo em busca de uma informação, estas podem ser acessadas num abrir N 5 METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA e fechar de olhos, basta digita- rem uma instrução do que quer saber independente da distân- cia a resposta poderá surgir im- pressa ou falada pelo computa- dor, obtendo assim a instrução instantânea. “Tudo é educativo. Todos educam. A sociedade é uma grande agencia educado- ra.” A partir destes pressupos- tos e em nome do espírito edu- cativo de cada um, a educação escolar vê-se invadida por mi- lhões de mestres educadores, planejadores educacionais, ins- trumentos pedagógicos e lin- guagens computacionais com propostas educativas. Por isso é primordial que a sociedade par- ticipe dos debates sobre infor- mática aplicada à educação (ALMEIDA, 2012, p. 73) (apud, OLIVEIRA, 2013). Desse modo, o indivíduo so- mente será considerado empregado em um mundo se apreciar por meio de dados fornecidos eficazes, assim como importantes e benéficos para ele, assim se transformam um recep- tor passivo com dados imprescindí- veis e competentes em sua profissão, quando privilegiado desses dados e conteúdos pode repeti-los a outro que também não as tenham. Fonte: http://m.folha.uol.com O homem, no início de sua vida é considerado uma espécie de tabua rasa, na qual são impres- sas, progressivamente, imagens e informações fornecidas pelo ambiente. Para alguns autores a educação é considerada um processo amplo, mas na maio- ria das vezes é entendida como instrução, caracterizada como transmissão de conhecimento e limitada à ação da escola, Dur- kheim defende a posição, por exemplo, de que no processo da educação, durante o período em que o aluno frequenta a escola, ele acumula experiências que lhe poderão ser útil no decorrer de sua vida durante e pós-es- cola apud, OLIVEIRA, 2013). Assim ao tratar sobre o assun- to “conhecimento” necessita se aten- tar a princípio, que é um trabalho in- telectual cujo o homem busca com- preender e elucidar o mundo que o une e o rodeia, o conhecimento en- quanto trabalho intelectual versa num processo eficaz de radicação do homem no mundo. Dessa forma, o conhecimento é indispensável para o desenvolvimento do mundo. O que é Transposição Didá- tica? Observe que sobre a didática podemos compreender sendo com a arte ou a metodologia de ensinar, fa- zer estudar, instruir. Esse termo já foi pronunciado dentro do repertó- rio dos pedagogos da Grécia Antiga. 6 METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA Entretanto, a didática como uma área de estudos específico nasce apenas no século XVII, por meio dos trabalhos de João Amós Comenius (1592- 1614), em sua obra ‘Didática Magna’, do ano de 1649, cujo se en- contra o aforismo que define a didá- tica sendo assim a arte e o fazer de educar tudo a todos. Já no teórico brasileiro e co- evo, elucida que se versa de uma dis- ciplina que estuda o método de en- sino no seu contíguo, cujo os alvos, os conteúdos, os processos e as ma- neiras organizativas da aula se co- nectam entre si, de forma a desen- volver as condições e as formas de afiançar aos educandos um ensino aprendizagem significativo. Por transposição pode-se com- preender como sendo as alter- nativas à adaptação do conheci- mento oriundo do universo aca- dêmico e científico/erudito ao universo escolar/popular. Este exercício precisa ser feito com os devidos cuidados no mo- mento da contextualização e/ou das generalizações. Neste processo é possível que o co- nhecimento em questão perca a plausibilidade científica, a coe- rência, a especificidade, bem como seja transposto de uma forma que não apresente signi- ficado ou não faça sentido à re- alidade dos estudantes. Os co- nhecimentos específicos de his- tória, de teorias, de métodos, das formas de representação e comunicação compõem os meios pelos quais a didática da História e a História se consti- tui enquanto disciplina e saber; portanto, é necessário que se esteja consciente e seguro dian- te deles. Nesse sentido, conta- se com as contribuições do es- tudioso francês Yves Chevallard (1946), que foi responsável por apresentar o conceito de trans- posição didática (apud, FOCHI, 2015). Em regra, o autor busca escla- recer como que a transposição didá- tica enquadra com o universo de transformações e dos ajustamentos que um conteúdo passa até chegar a um objeto de ensino. Assim, o autor distingue como os responsáveis por alcançar a trans- posição do conhecimento todos os indivíduos sociais externos à sala de aula, bem como diretores, inspeto- res, coordenadores, até mesmo os autores dos livros didáticos, assis- tente técnico e gestores educacio- nais, os familiares, afora os próprios professores. Para Chevallard (1991), a teoria da transposição didática conse- gue corrigir o tradicional equí- voco que é cometido quando é atribuído valor inferior e/ou se- cundário aos saberes escolares, que apresentam o sistema didá- tico em três polos: o saber, aquele que ensina, no caso, o professor, e aquele que apren- de, o estudante. O autor argu- menta que o enfoque psicoló- gico dominou a análise no inte- rior desse sistema, restringin- do-se somente na relação pro- 7 METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA fessor-estudante. Procedendo neste esquema, o saber escolar não seria devidamente proble- matizado, o que contribuiria para sua naturalização e neu- tralização no entendimento dos responsáveis pelo processo de ensino-aprendizagem. A teoria da transposição didática pre- tende desestabilizar esse enten- dimento e propõe pensar o sis- tema didático com base numa abordagem epistemológica do saber ensinado. Diehl e Macha- do (2001) propõem que se pen- se a didática como sendo o com- ponente central na constituição da História enquanto saber e conhecimento específico em meio aos demais saberes cientí- ficos (apud, FOCHI, 2015). Que se sobrepuje a disposição secundária, periférica e ornamental que na maior parte das vezes lhe é adjudicada. Para tanto, os autores recomendam que as metodologias técnica-críticas sejam aperfeiçoadas e ajuizadas de forma consistente e discorrida ao ponto quepossam confiar uma maior admissibilidade e importância social ao conhecimento histórico e ao trabalho do educador no universo escolar quando no aca- dêmico. O que do mesmo modo sis- tematizam no pensamento de uma Matriz Disciplinar da História, apre- sentada a seguir. Matriz Disciplinar da História Fonte: Adaptado de Diehl e Machado (2001, p. 22) 8 METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA Note que a matriz foi alvitrada por Diehl e Machado (2001, p. 22) e foi desenvolvida tendo por menção os estudos do teórico alemão Jorn. Rüsen (1938), que analisa os temas de teoria, método e didática da his- tória. Logo, esta matriz pode simular um programa/roteiro ínfimo de ori- entação ao exercício de pesquisa quanto do conhecimento docente com saber, assim como o conheci- mento histórico. Dessa forma, como podemos compreender esta matriz? Bem, uma das principais inten- ções é a de que não se dissocie, pelo contrário, que cada vez mais se aproxime o universo acadêmico/científico do uni- verso escolar/cotidiano. Obser- ve que existe um círculo no qual estão dispostas diversas partes, onde se encontram duas di- mensões: na parte inferior, a do cotidiano, a práxis social; na parte superior, o mundo acadê- mico, o campo teórico/cientí- fico do conhecimento. Na late- ral esquerda e na parte superior encontra-se o item 1 da matriz, denominado de os interesses pelo conhecimento histórico, que por sua vez se encontram na esfera do cotidiano (práxis social), na qual ocorrem de fato os problemas e as questões que necessitam de reflexão e orien- tação. Neste momento é prová- vel que surjam as seguintes si- tuações: quais devem ser os fa- tos, os fenômenos sociais ou problemas que devem ser con- templados e mediados pelo co- nhecimento histórico? Como não são poucos, se faz necessá- rio decidir/escolher (apud, FO- CHI, 2015). Dessa forma, o profissional da História necessita estar precavido às demandas do todo social e impedir favorecimentos e vantagens pessoais ou privativos a um determinado gru- po apenas. Visto que a decisão foi adotada, já é plausível progredir ao universo acadêmico/científico, cujo se encontram as citações teóricas sistematizadas e que são cognomi- nadas como aspectos orientadoras sobre o acontecido. Este é o período de ajuntar as citações historiográficas para o ob- jeto ou problema que se descobre em pauta, tais como identificar as prin- cipais acontecimentos e manifesta- ções que foram proprietárias, as abordagens, elucidações e soluções que ele granjeou. Munidos do fato/problema e do que já foi produzido para ele, pode-se avançar no sentido de proceder um certo tratamento com métodos e técnicas (3) no sentido de identificar, classifi- car, normatizar, problematizar, criticar e refletir sobre o pro- blema inicial. No momento se- guinte, se faz necessário resol- ver as formas, como o conheci- mento que foi gerado nos pas- sos anteriores pode ser sistema- tizado e narrado/comunicado, que é denominado como forma de representação do conheci- mento (4). Neste momento é 9 METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA que os historiadores optam pe- las linguagens narrativas (tex- to, artigo, dissertação, tese, li- vro, história em quadrinhos, filme, entre outros). O último item (5) corresponde ao retorno ou à reintrodução do fato/ pro- blema que foi retirado da práxis social, ponderado pelo saber/ conhecimento científico e siste- matizado em linguagem narra- tiva à realidade na qual ocorria, agora como a intenção de apre- sentar reflexões e até soluções para a situação anterior (apud, FOCHI, 2015). É o período em que o saber/ conhecimento pode receber relevân- cia mediante à comunidade, desem- penhar sua função de operar em prol dela, na circunstância de orientar/ elucidar e transformar a realidade de vida, do mesmo modo, nada mais é do de que os encargos didáticos da História. Em regra, a matriz disciplinar da história busca apregoar que os te- mas/conteúdo a serem analisados/ pesquisados/apreendidos necessi- tam partir do dia-a-dia imediato, isto é, das problemáticas sociais que se exibem no período presente dos indivíduos, do mesmo jeito, podem granjear tratamento e ponderação do conhecimento histórico e científi- co e, desse modo, igualmente retor- nar ao contexto social com o desíg- nio de aprovisionar esperanças ori- entadoras mediante da realidade que se descobre. Além de o mundo acadêmico/ científico fortalecer e ampliar seus objetivos e missão junto à sociedade de sua época, percor- rendo os cinco elementos da matriz disciplinar da História, é possível conferir maior plausi- bilidade científica ao saber/co- nhecimento. Como a História pode ampliar a sua importância de existência enquanto discipli- na e saber no universo escolar (didática) e científico (pesqui- sa) diante dos demais saberes e disciplinas do conhecimento? Rüsen (1997) e Diehl e Macha- do (2001) apresentam-se como autores preocupados no que se refere ao teor da História en- quanto ciência, didática e co- nhecimento histórico com fun- ções racionais e reflexivas na sociedade atual, que por sua vez se encontram em momentos de forte crise de expectativas, seja pela ausência de critérios orien- tadores ou de soluções e alter- nativas que realmente gerem mudanças e superações (apud, FOCHI, 2015). 10 METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA Fonte: http:cdn.mesalva.com Note que os autores também avocam a atenção para o aspecto de que através dos profissionais da his- tória acontece uma espécie de silên- cio e impassibilidade para com as as- suntos que falam respeito à didática da História, logo, sendo nefasto e danoso a ela enquanto informação e ciência, e em particular à sociedade, cujo a demanda por orientações me- diante dos hipotéticos problemas que a envolve. O debate/diálogo para com a didática dos conhecimentos de- ve ser realizado pelos mais di- versos profissionais e sujeitos envolvidos nos processos de en- sino e aprendizagem; e uma das questões que não pode ser ne- gligenciada é a do sentido e fi- nalidade, ou seja, o que será fei- to e/ou para que/quem servirá o saber/conhecimento que foi produzido (apud, FOCHI, 2015). Por fim, os autores estão alvi- trando que a história enquanto in- formação tenha plausibilidade cien- tífica e que a metodologia da história não seja entendida exclusivamente como um mero adorno externo do conhecimento científico, e, em parti- cular, que o professor de História se questione sobre a ascendência, a es- trutura, os encargos, as perspectivas orientadoras da ciência histórica. 12 METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA 2. A Trajetória Histórica do Ensino de História e Ge- ografia no Ensino Fundamental no Brasil Fonte: Marista lab2 ote que foi a partir da década de 1980, que verdadeiramente o ensino de história e geografia foi ponderado sob perspectiva crítica e transformadora, considerando o ho- mem sendo o centro das discussões. Segundo Schmidt e Cainelli (2009) “[...] a década de 1980 foi marcada pelos debates acer- ca de questões sobre a retoma- da da disciplina história como espaço para um ensino crítico, centrado em discussões sobre temáticas relacionadas com o 2 Retirado em http://maristalab.com.br cotidiano do aluno, seu traba- lho e sua historicidade. O obje- tivo era recuperar o aluno como sujeito produtor da História, e não como mero espectador de uma história já determinada, produzida pelos heroicos per- sonagens dos livros didáticos.” (p. 14). Fonseca (2003) destaca que as mudanças que ocorre- ram no ensino de História estão articuladas “[...] às transforma- ções sociais, políticas e educaci- onais de uma forma mais am- pla, bem como àquelas ocorri- das no interior dos espaços aca- dêmicos, escolares eda indús- N 13 METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA tria cultural.” (p. 15). E comple- menta que não se pode separar a pesquisa e o debate sobre o ensino do contexto em que é produzido, do conjunto de rela- ções de espaço de saber e poder, especialmente 21/64 das “[...] relações entre universidades, indústria editorial e escolas de ensino fundamental e médio.” (P. 15) (apud, PABIS, s/a). Dessa forma, as alterações que o ensino sofre ao longo dos tempos sempre derivam nos movimentos que advêm dentro do contexto so- cial, político, econômico e cultural e decompõem o significado da educa- ção. Entretanto nem sempre foi as- sim. Assim, até alcançar essa con- cepção, o ensino de história assim como o ensino de geografia sofreu por diversas etapas. Na maior parte pelas práticas desenvolvidas na es- cola, presentemente, são restolhos de uma trajetória caracterizada por um ensino fundamentado na sim- ples memorização dos acontecimen- tos, descontextualizados e carentes de senso crítico. A compreensão a respeito de como está o ensino hoje requer a retomada da trajetória histó- rica do ensino de história e geo- grafia principalmente no En- sino Fundamental. A terceira unidade destina-se ao estudo da trajetória histórica do ensino de história e geografia no Bra- sil. Embora os fatos mostrem que o ensino destas duas áreas de conhecimento trilha cami- nhos semelhantes, há elemen- tos específicos que os distin- guem (apud, PABIS, s/a). Durante este período são apre- sentados separadamente, apesar se tenha clareza que podem e precisa- vam ser trabalhados de maneira in- terdisciplinar. 15 METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA 3. Leis e Políticas Educacionais Fonte: Veja Abril3 Políticas Educacionais ote que as Políticas Educacio- nais abarcam um conjunto de políticas públicas regressadas para programas sociais que são realiza- dos com a participação de entes pú- blicos ou privados. Seu papel con- siste em assegurar benfeitorias à so- ciedade civil por meio de direitos contraídos, como a promoção à edu- cação pública e de qualidade. 3 Retirado em http://veja.abril.com.br Fonte: http://efdesporte.combr N 16 METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA Todos os governos possuem po- líticas públicas de incentivo e aprimoramento da Educação, essas ações estabelecem instru- mentos para garantir a quali- dade no processo de formação do ensino. Os Estados são res- ponsáveis por distribuírem e regularem a participação dos recursos a partir de programas e projetos específicos, por exemplo, implementando as di- retrizes para a formação de pro- fessores, desenvolvendo os pa- râmetros para os currículos ou elaborando os padrões de qua- lidade do ensino (FERREIRA E LIMA, 2016). Desse modo, essas medidas se decompõem em leis, diretrizes ou modelos posteriormente uma vota- ção no Legislativo (vereadores, de- putados e senadores), logo, essas leis passarão ser tema discutidos pelas instituições educacionais. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Fonte: http://docsity.com Vejamos que a Constituição de 1988 apresentou o modelo republi- cano no Brasil constituindo uma de- mocracia representativa, isto é, que a constituição expandiu em todas as esferas os direitos dos brasileiros, até mesmo no campo da educação, transformando a educação em um direito universal e de igualdade, le- vando em consideração o princípio da dignidade da pessoa humana, sem qualquer discriminação, com- petindo ao Estado à compulsão de assegurá-la e promovê-la. Fonte: http://pinterest.com Um dos parágrafos centrais da Constituição sobre a educação diz a seguinte afirmativa (Título II e seção I): “A educação, direi- to de todos e dever do Estado e da família, será promovida e in- centivada com colaboração da sociedade, visando ao pleno de- senvolvimento da pessoa, seu 17 METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA preparo para o exercício da ci- dadania e sua qualificação para o trabalho”. Nesse tópico fica claro os deveres do Estado para com as pessoas, ou seja, é um direito social adquirido e não um favor, pelo contrário, sendo a educação um direito univer- sal, sem qualquer restrição, ela pode e deve ser exigida dos ór- gãos competentes o cumpri- mento da Lei quando esse direi- to for violado ou desrespeitado. Em relação à educação como um direito democrático, o § 2 no art. 205 compreende: “o en- sino basear-se-á em princípios, como os da igualdade de acesso e permanência na escola, liber- dade de aprender, ensinar, pen- sar e expressar-se, pluralismo de ideias e de concepções peda- gógicas, gratuidade nos estabe- lecimentos oficiais, valorização do magistério por meio de pla- no de carreira e concurso públi- co, gestão democrática do ensi- no e garantia de padrão de qua- lidade” (FERREIRA E LIMA, 2016). Nesse contexto, uma educação pública é aquela que tem o compar- tilhamento de responsabilidades e disposições, com o desígnio para a maior participação e cristalinidade de cada um na sociedade. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Na- cional - LDBEN, confirmada no dia 20 de dezembro de 1996 foi regula- mentada baseada nos princípios e orientações curriculares. Assim, a LDB possui as Bases que vão acaudilhar os educadores no seu trabalho pedagógico e no desen- volvimento do próprio ensino, tais como, conjetura os desafios e expec- tativas que dirigem tantos educado- res. Os Parâmetros Curriculares Nacionais Note que o constante desen- volvimento da sociedade nas últimas décadas estimulou uma reforma no quadro curricular, do mesmo modo acompanhou as renovações nos campos do conhecimento. Essa mu- dança confere uma revisão nas subs- tâncias curriculares para moderni- zar o trabalho habitual dos professo- res, visto que a orientação que assi- nala constantemente para a precisão de desenvolver uma nova educação. Fonte: http://buzzero.com Em meio a essa necessidade surgiram os Parâmetros Curri- culares Nacionais (PCN), que buscam adaptar e inovar a es- 18 METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA trutura do ensino. Dentre as propostas dos PCN foram inclu- ídas as diversidades culturais, regionais e políticas para obter um currículo flexível diante da pluralidade existente do país. O objetivo parte da necessidade de respeitar e construir referên- cias regionais e nacionais co- muns ao processo educativo em todas as partes do Brasil (FER- REIRA E LIMA, 2016). Desse modo, pretende-se de- senvolver condições que possibili- tam aos nossos jovens ter ascensão ao conjunto de conhecimentos soci- almente organizados e despontados sendo como indispensáveis para o exercício da cidadania. Os PCN e o Ensino de História Em regra, a proposta de en- sino em História exibe reflexões am- plas para incitar o debate do aspecto histórico e a sua seriedade na trans- formação social. Objetiva induzir os educadores a ajuizarem sobre a compleição da História no currículo e a discutirem a colaboração do ensi- no de História na formação dos alu- nos. Os Parâmetros do ensino em História estão organizados de acordo com as concepções cur- riculares para o ensino de His- tória no Brasil, quanto às suas características, importância e conceitos essenciais para o sa- ber escolar. O ensino em Histó- ria deve ser capaz de situar acontecimentos históricos e lo- calizá-los em seu tempo e espa- ço, identificando as relações so- ciais e outras formas de mani- festações, reconhecer que o co- nhecimento histórico é parte de um conhecimento interdiscipli- nar e, ainda compreender que as histórias individuais são par- tes integrantes de histórias co- letivas. Assim, o objetivo geral do currículo no ensino de His- tória seria aquele que relacionamétodo e conteúdo a partir de articulações com temas trans- versais (FERREIRA E LIMA, 2016). Desse modo, os Parâmetros Curriculares Nacionais distinguem a realidade brasileira como várias ver- sões do cotidiano, por isso será no próprio ambiente das escolas, em seu ambiente real, na soma de im- possibilidades e condições, que são arquitetados os currículos reais. São grupos de docentes e estu- dantes, de pais e educadores, em contextos característicos que estabe- lecem e alocam em prática as pro- postas de ensino. Essa realidade vi- sível proporciona parâmetros e ins- trumentos para o trabalho no dia-a- dia da escola. Os novos pareceres curriculares de história agrupam propriedades para o ensino funda- mental e médio. Essas características abordam, por exemplo, fundamentações e métodos teóricos da disciplina e do conhecimento, preocupan- 19 METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA do-se também com a verdade sobre o currículo dos professo- res além de redefinir seu papel com autonomia no ensino a ca- da nível. Neste contexto, aponta a importância do construtivis- mo, sem esquecer, entretanto, que o aprendizado é um proces- so continuo incorporado ao co- nhecimento prévio que o estu- dante obtinha e que deverá ser integrado a um processo. Os Parâmetros Curriculares Naci- onais dentre tantas observa- ções, objetiva mostrar que é na ação educadora entre os sujei- tos, professor e estudante que se constrói um saber próprio. Veja: No processo de ensino- aprendizagem, o professor é o principal responsável pela cria- ção das situações de trocas, de estímulo na construção de rela- ções entre o estudado e o vivido, de integração com outras áreas de conhecimento, de possibili- dade de acesso dos alunos a no- vas informações, de confrontos de opiniões, de apoio ao estu- dante na recriação de suas ex- plicações e de transformação de suas concepções históricas. (BRASIL, MEC. 1998, p. 40). Essas novas situações apresen- tam um ensino onde seja possí- vel identificar propostas para cada um dos diferentes níveis de ensino (apud, FERREIRA E LIMA, 2016). Note que essas mudanças no ensino da história abordam além disso nos alunos nos quatro primei- ros anos do ensino onde tem um en- trave e uma definição de história fundamentado na criação, heróis e datas comemorativas que retratam personagens que buscava exibir a história. Desse modo, quando racioci- namos sobre as novas propostas do ensino de história, trazemos a preo- cupação de proporcionar um ensino fundamentado em metodologias e conhecimentos teóricos, suprindo os estudos sociais no ensino de história e também na geografia nas séries iniciais. Portanto, é importante que vo- cê saiba que o ensino da histó- ria seja trabalhado de maneira progressiva, criando uma linha de estudo que vai do ensino fundamental ao médio, assim é possível que as temáticas sejam introduzidas desde o primeiro ano, criando um eixo onde se- rão incorporadas noções bási- cas desde a cultura até as no- ções de tempo dentro da histó- ria. Entretanto, essa noção de tempo não deve ser apenas cro- nológica. Nas séries iniciais apresenta-se uma noção de tempo que será desenvolvida através dos fatos de forma gra- dual, ao mesmo tempo em que estabelece concepções baseadas na história do tempo, presente e passado, fazendo uma corre- lação entre elas na noção de tempo, espaço e futuro (FER- REIRA E LIMA, 2016). Assim, o ensino nessas séries necessita ser ministrado por docen- tes com uma boa formação, onde a história seja oferecida de maneira teórica com metodologias que pro- 20 METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA curam completar os conhecimentos contraídos, e que se dispõem num estágio de constituição do conheci- mento para objetividade da história, adentrado o estudo com apoio den- tro de um contexto histórico-cultu- ral. 21 22 METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA 4. O Ensino de História em Tempos de Pandemia de Covid-19 Fonte: Historiam Olim4 ote que a oportunidade de fa- zer parte deste momento e o processo de ponderação sobre a abordagem da temática calharam com as normas de prevenção e luta contra a pandemia de corona vírus no Brasil: o que induziu a autora a rever a proposta primitiva de texto. Sendo que não teve a intensão de ser a pessoa mais licenciada para pon- derar sobre a pandemia. 4 Retirado em https://historiamolim6000.wordpress.com/history/ Desse modo, o pensamento é aproveitado com excelência desse espaço, questionar sobre o contexto desse período sobre o exercício de nossas atividades docentes ao longo deste período de isolamento ou qua- rentena, logo, sendo o advento dessa pandemia e suas implicações e re- percussões no plano social, político, cultural e econômico alterarão a for- ma de dar aulas. N 23 METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA Pretendo instigar a reflexão e a troca de experiências, pensar junto com esta mesa e os de- mais participantes deste coló- quio. Creio ser legitima minha preocupação, contudo, escrevo este texto em meados de março. Quando nos encontrarmos, po- de ser que algumas preocupa- ções aqui expostas não se façam relevantes, assim como, este- jam ausentes considerações es- senciais. Prossigo acreditando que os frutos desse fórum serão as reflexões compartilhadas. Uma das consequências viven- ciadas, até o momento, foi a suspensão de atividades de en- sino presenciais e - em diversas instituições de educação [tanto de nível superior quanto de Educação Básica] - a manuten- ção das aulas, ou de parte des- sas, utilizando as tecnologias digitais de ensino para a oferta de aulas e/ou de atividades di- dáticas à distância. Aparente- mente, o sistema mais utilizado está sendo a plataforma digital Moodle e, na sequência, a Goo- gle Classroom: espaços virtuais onde professores e professoras podem criar ‘salas’ e nestas uti- lizarem diferentes ferramentas pedagógicas, como: exposição de vídeos ou áudios, publicação de textos diversos, recomenda- ção de estudos dirigidos, pro- postas de fóruns de discussão, busca de solução e/ou análise de questões-problemas sugeri- das (CARRA, 2020). Mediante a esse contexto, e ajuizando sobre o ensinar História na atualidade, bem como sobre os procedimentos de aprendizagem e desenvolvimento do conhecimento, tanto nos ambientes físicos quanto nos virtuais, competem questiona- mentos. Apresento exemplos: Como as Tecnologias de Informação e Comunicação [TICs] podem contribuir com o ensino de His- tória na atualidade? Quais as suas limitações e alcances? Co- mo pensamos estas ferramen- tas enquanto instrumentos pe- dagógicos e na qualidade de fontes históricas? Como pensa- mos a produção de conteúdo - por estudantes e por docentes - nas formas digitais? - Como as desigualdades sociais implicam nas aulas e/ou atividades pro- postas remotamente? Ciente que ensino presencial e ensino à distância possuem caracterís- ticas/estruturas próprias, quais as implicações do ensino remo- to de História no desenvolvi- mento do pensamento histórico em estudantes da Educação Bá- sica neste período? (CARRA, 2020). Note que a citação acima já abrevia como é complicada, inter- disciplinar e desafiadora a afeição a instrução de História. Uma práxis que excede a noção incipiente de que o ensino de História obedeceria, so- mente, ao lecionar o conhecimento acadêmico nos díspares níveis e am- bientes de ensino viventes, a partir de escalações metodológicas apro- priadas ao dueto público discente e conteúdo programático. 24 METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA Fonte: http://uema.br Neste contexto, foi citado por Paulo Freire: “ensinar não é transfe- rir conhecimento, mas criar as pos- sibilidades para a sua produção ou construção [Freire, 1996, p. 22]”. Logo,em meados de 1980 nos brin- daram com meditações aborda do ensinar História e com a sugestão do espaço dessa matéria na Educação Básica ser, além disso, um lócus de produção da informação discente e docente. O processo reflexivo datado desses anos legou práticas e re- flexões que permeiam nossa práxis pedagógica na atualida- de. Legou, também, a inclusão, nos interesses investigativos da História, da categoria Ensino de História no findar da década de 1990. Atualmente, pode soar estranho, o questionamento do status do livro didático enquan- to ferramenta pedagógica privi- legiada, assim como a proposta do uso de fontes alternativas ou complementares a ele ser en- tendida como uma ação revolu- cionária no lecionar História. Pode soar estranho... Mas o li- vro didático, ainda ocupa gran- de centralidade no ensino de História [e não apenas]: as nar- rativas e ideias que veicula; o suporte em que é produzido; o seu lugar na economia /indús- tria educacional e suas aplica- ções pedagógicas e historicida- de são exemplos de objetos de necessárias reflexões (CARRA, 2020). Assim, o ensino de história, seus desígnios e metodologias, têm historicidade. Retornando à lem- brança das cogitações acerca do uni- verso e da seriedade do ensino- aprendizagem de História, no con- junto das batalhas pela redemocrati- zação do país, vale advertir que esse foi um método revolucionário. As argumentações e atuações derivados desse conhecimento ain- da repercutem. Além do mais, atual- mente, experimentados um ‘sofri- mento’ da História na propriedade de disciplina escolar, especialmente, no Ensino Médio em implicação da Lei n.º 13.415/2017. Logo, pensar educação de His- tória e seus métodos são, respectiva- mente, pensar em motivos da vivên- cia dessa disciplina escolar, sua im- portância social, sua coordenação e desafios no decorrer do tempo. Bittencourt [2009, p. 41] pon- tua que “o que mantém a Histó- ria [e as demais disciplinas] nos currículos escolares são as fina- lidades a elas atribuídas en- quanto disciplina escolar”, o 25 METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA que nos leva a duas questões: a maneira e os sentidos que his- toriadores [as] e professores [as] entendem o ensino de His- tória e sua importância na gra- de curricular e os sentidos atri- buídos pela sociedade a esta. No correr do período intitulado transição democrática e dos anos 1990, professores e pro- fessoras argumentavam em prol da possibilidade de produ- ção de conhecimento histórico ao nível da Educação Básica; da importância da participação docente na definição das pautas do ensino da História escolar e de experiências pedagógicas com uso de fontes 63 entendi- das como diferenciadas e/ou te- mas não explorados pela histo- riografia tradicional. Nos finais da década de 1990, o lugar e a participação estudantil no pro- cesso ensino-aprendizagem ocupou grande espaço nas re- flexões acerca do ensino de His- tória e de suas metodologias. Na qualidade de disciplina es- colar, a História tem a respon- sabilidade de propiciar o desen- volvimento do saber histórico entendo-o como uma das forças de formação do sujeito (CAR- RA, 2020). Desse modo, está em suas sea- ras a ajuda para o desenvolvimento do aforismo crítico-reflexivo do es- tudante, além da incitação ao ques- tionamento da realidade e/ou do exibido sendo natural ou ainda na ordem do senso comum nas díspares sociedades. Quando discorremos sobre as didáticas de ensino de História esta- mos, concomitantemente, ajuizando em quem ensinar cujos os espaços- tempo lecionar, logo, com quais de- sígnios ensinar. Estamos refletindo sobre o significado de lecionar e de aprender. Jazemos nos preocupan- do com os métodos que levam à in- quietação dos conceitos da História, tais como, com a construção de um letramento histórico. Estamos nos preocupando com o que contribui com o processo de ensino-aprendizagem [e com o pode comprometer] e com os referenciais epistemoló- gicos da História [Caimi, 2009]. O ensinar História é uma ação atravessada por fato- res como a cultura escolar das diferentes instituições de ensi- no, as condições do prédio esco- lar, o universo sócio - econômi- co e as necessidades práticas do público discente, as demandas da sociedade, a legislação edu- cacional, a política do governo em questão, os acontecimentos que impactam a comunidade. Um dos acontecimentos que impactam nossa sociedade, neste momento, é a pandemia causada pelo novo corona vírus [Covid-19]. Entre as recomen- dações para tentar diminuir as vítimas da pandemia e a sobre- carga do sistema de saúde está o isolamento social. Neste mo- mento, pensar o contexto naci- onal é concordar com Marc Bloch: “A história se encontra 26 METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA desfavorável às certezas”. Te- mas como o Sistema Único de Saúde [SUS], o entendimento do acesso ao atendimento mé- dico como parte dos direitos humanos, reflexões sobre valo- res como igualdade e indulgên- cia, assim como sobre a interde- pendência global, questões de gênero estão em pauta (CAR- RA, 2020). Os requisitos sobre o isola- mento social revestem-se, de certo modo, de um status classista e nos despontam que, se o vírus não dis- crimina, todavia, a nossa sociedade é cheia de instrumentos que o fazem. Uma vez que esta pandemia não é a primeira adveio assola a humani- dade. Bem como em outros lugares/ tempos, suas implicações não estão limitadas a área de estudos das ciên- cias biológicas. Logo, qual o cargo das ciências sociais, em particular da História, neste período? Como o en- sino de História pode colaborar com a entender os efeitos e a utilização da pandemia nos ambientes culturais, econômicos e políticos e sociais? Em que medida o ensino de História está sendo percebido como próximo da experiência humana ou estrangeiro ao coti- diano de homens e mulheres [Ricoeur, 2012] ou, ainda, uma disciplina de curiosidades/de dimensão ficcional? Penso que 64 estas perguntas devam ocu- par nossas reflexões, entre ou- tras razões, por estarem relaci- onadas a questionamentos so- bre a finalidade do estudo e do ensino da História e a interes- ses que o mobilizam ou que o atravessam. As experiências, por ora, vivenciadas por sujei- tos estudantes pautaram os conteúdos selecionados para estudo ou metodologias eleitas? Responder a esta pergunta é, também, um exercício de pen- sar o quanto [e como] estamos percebendo os sujeitos para quem preparamos nossas aulas, pensamos conteúdos e metodo- logias. Neste sentido, entre ou- tras questões, é necessário in- dagar sobre nossa capacidade de comunicação com o público do ensino de História. Creio que vivenciamos um momento que alardeia a necessidade de pensarmos como está a nossa capacidade de comunicação do conhecimento histórico em di- ferentes espaços e para seus pú- blicos diversos. Esta é uma das questões que sempre pautaram as minhas preocupações, ao longo de mais de 25 anos, en- quanto professora de História na Educação Básica. Infeliz- mente, negacionismos históri- cos e seus desdobramentos con- firmam ideias advindas dessas reflexões. Felizmente, esse mesmo fenômeno já rendeu al- gumas iniciativas em prol da comunicação do conhecimento histórico para além dos recan- tos acadêmicos. A comunicação no palco de atuação do ensino de História necessita de um olhar cuidadoso [e profissional] para a narrativa docente do sa- ber histórico (CARRA, 2020). 27 METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA Logo, é o fio dessa narração histórica o simplificador para o es- clarecimento discente dos processos e casos pesquisados, para o entendi- mento da definição específicos da História e para a imputação de sen- tidos ao conteúdo das aulas. Assim, o ensino de História trabalha em uma zona de conver- gência em meio aos campos da Edu- cação e da historiografiaem um am- biente que para afora dos espaços escolares [formais ou não] chega a questões particulares dos grupos de origem da população que forma a comunidade escolar. Quando me refiro à narrativa docente do saber histórico não estou, de forma alguma, defen- dendo destaque às preleções docentes. Pelo contrário, refiro à narrativa docente do saber histórico enquanto força de me- diação no processo ensino- aprendizagem [e até de sedução à historiografia]. Neste sentido, o pensamento de Paulo Freire [2005] em relação à importân- cia do silêncio, do escutar e do respeito à leitura de mundo do educando foi uma das bússolas que orientaram parte de mi- nhas reflexões em relação à im- portância da comunicação do conhecimento histórico [e não apenas]: “o sujeito que se abre ao mundo e aos outros inaugura com seu gesto a relação dialó- gica em que se confirma como inquietação e curiosidade, co- mo inconclusão em permanen- te movimento na História [Freire, 1996, p. 136]”. Os cui- dados desencadeados em fun- ção da pandemia, como já men- cionado, levaram muitos edu- cadores a utilizar o Ciberespa- ço: uma decisão que, para mui- tos docentes, está representan- do grande desafio e, também, stress. Importa pensar a produ- ção do conhecimento histórico e metodologias viáveis nesta se- ara. Importa, também, refletir sobre a complexidade e as con- dições do trabalho docente e a respeito das fronteiras escola- res para 65 além dos seus limi- tes físicos (CARRA, 2020). Como vimos não falta assunto para ocupar nossos pensamentos e, acho que, precisaremos de um de- terminado tempo para conseguir- mos ponderar a complexidade do período atual. Todavia, no instante, experimentamos o estranho e este nos demanda que o fazer pedagógico está em constante transformação nos quesitos: ambientes de existir, probabilidades técnicas, tempos e extensão, bem como o trabalho do- cente. Lembra-nos, ainda, que temos opiniões e práticas que embora os nossos esforços reflexivos que os apontam, jazem permeando a atua- ção de ensinar de História, como os seus textos, produções e alternativas metodológicas como: ‘Invisibilidades’ de diferenças e desigualdades; Questões de gênero; Preconceitos de classe e étni- cos. (CARRA, 2020). 28 METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA Um dos quesitos que me aten- tam é a precisão da aposta em meto- dologias que proporcionem a coor- denação de um pensar crítico em re- lação à humanidade, assim como os problemas que estão sobre a nossa sociedade e ao conhecimento forma- do e produzido. Metodologias que estimulem o espírito de pesquisar, a argumenta- ção de fontes e de eventos e o ques- tionamento de nossos encargos nas realidades que vivenciamos. Metodologias que auxiliem a inferir o significado de cidada- nia nos tempos atuais, que nos recordem que “ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo [Freire, 1996, p. 98]”. Propostas que discutam nos campos da historiografia e - a partir do contributo de outras ciências - aflições atuais como o medo [e a gestão política do medo] que, na atualidade, pa- rece pairar sobre nossos espíri- tos, conseguindo nos adoecer. Se sempre foi uma necessidade, nos dias atuais, parece uma ur- gência: “deixar transparecer [...] que uma das bonitezas de nossa maneira de estar no mun- do e com o mundo, como seres históricos, é capacidade de, in- tervindo no mundo, conhecer o mundo [Freire, 1996, p. 28]”. Se um dos objetivos do ensino da História é contribuir para a ex- pansão do ideário da cidadania enquanto bem comum é urgen- te, por exemplo, problematizar historicamente, a desvaloriza- ção da ação política e a imagem “do cidadão apenas como o con- tribuinte, o consumidor, o rei- vindicador de benefícios indivi- duais ou corporativos [Benevi- des, 1996, p. 1]” e refletir sobre como o ensino de História e suas metodologias podem con- tribuir para uma “educação para a democracia” [Benevides, 1996] e para o entendimento da constituição da cidadania na di- nâmica das práticas sociais (CARRA, 2020). Logo, é necessário, ao ajuizar nossas práticas e opções metodoló- gicas, entre outros aspectos, meditar nas formas e os instrumentos que colaboram para a “vinculação entre educação e cidadania, como precon- dição para a participação, [...] abo- nar a eliminação da cidadania [Ar- royo, 2010, p. 35]”. Entre as temáticas circulantes nas redes sociais encontram-se questões relativas ao contexto do isolamento social. Para o en- sino História, representam, en- tre outras oportunidades, a pro- posição de questões problemas envolvendo múltiplas tempora- lidades; a arguição à historio- grafia sobre experiências viven- ciadas em outros espaços/tem- pos que possam contribuir para o entendimento do tempo pre- sente e para o exercício de per- cebermo-nos como seres soci- ais ativos. Representa uma oportunidade de escuta aos aprendentes e de proposição de exercícios investigativos lem- brando que “o verdadeiro ensi- no sempre pressupõe pesquisa e 66 descobertas [...] e a Histó- 29 METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA ria é uma experiência que deve ser também concretizada no co- tidiano [Fenelon, 1981, p. 13]” (CARRA, 2020). Logo, se o combate à pande- mia sujeitou o ensino da História e as inquietações com seus métodos para o ‘modo on-line’, ainda, está a comprovar que, a despeito da exis- tência de um mundo mega interliga- do e da manifestação de novos meios e tempos/lugares de aprendizagem - a deficiência no letramento digital é um complicador que transcende o pedagógico e desponta raízes soci- ais, políticas e econômicas. Assim, demonstra que a utili- zação do Ciberespaço não constitui uma educação inovadora. Pelo aves- so, ressalto novos suportes, novos instrumentos para antigas metodo- logias. Note que, ao retratar sobre menção acima, vimos que esse con- texto EAD somente evidenciou a di- ficuldade que o aluno possui em es- tudar só, ou seja, utilizar daquilo que já aprendeu para prosseguir com as atividades em dentro de casa. Assim, podemos indagar onde está o senso-critico ou como foi construído o ensino-aprendizagem? Logo, como decentes nos faz refletir sobre os nossos métodos de ensino dentro e fora de sala de aula estão sendo eficientes. Fonte: http://rubens.com.br Professores e professoras, em discursos diversos, são respon- sabilizados pelas questões da educação. Sem dispensar a iro- nia e sem desconhecer nossas responsabilidades, procuro nossos super poderes sobre to- dos os agentes e elementos da educação. Retomando os dias de hoje e as pressões para que na docência modo on-line [ex- pressão que ouso usar para o trabalho docente neste período] cumpram-se currículos, reali- zem - se avaliações e que exista qualidade e inovação, lembro que um cotidiano conectado não é sinônimo de condições para aderência [ou possibilida- de de usufruto] a práticas peda- gógicas e ações de aprendiza- gem no Ciberespaço. “É uma ideia simplista e equivocada su- por que a disponibilidade de acesso às TIC em distintos es- paços e tempos e o domínio ins- trumental dos seus recursos seja suficiente para propiciar um uso significativo [Almeida, 2012, p. 12]”. (CARRA, 2020). Dessa forma, o domínio sobre a tecnologias de informação é por vezes vendido como análogos de ex- 30 METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA pertise pedagógica, apesar disso, avaliando amostras consideráveis de sua utilização para fins de ensino, noto a existência de várias ações pe- dagógicas tradicionais sem apostas na probabilidade de construção da informação na dinâmica do ensino - aprendizagem e na construção de conteúdos pelos aprendentes. 31 METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA Materiais Complementares Links “gratuitos” a serem con- sultados para um acrescentamento no estudodo aluno de assuntos que não poderão ser abordados na apos- tila em questão: Modelo de plano de aula Plano de aula - Introdução à História Conteúdos e Metodologias de ensino de História bittencourt-circe-ensino-de-histo- ria-fundamentos PLANO DE AULA metodologia FUNDAMENTOS da metodologia do ensino de história CONCEPÇÕES, CONTEÚDOS E METODOLOGIAS DO ENSINO Conteúdos e Metodologias do En- sino de HISTÓRIA II https://educapes.capes.gov.br/bitstream/capes/206250/2/Plano%20de%20aula%20-%20Introdução%20à%20História.pdf https://educapes.capes.gov.br/bitstream/capes/206250/2/Plano%20de%20aula%20-%20Introdução%20à%20História.pdf https://www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=&cad=rja&uact=8&ved=2ahUKEwjql-z0--3yAhVsK7kGHbRFDKMQFnoECAIQAQ&url=https%3A%2F%2Feducapes.capes.gov.br%2Fbitstream%2Fcapes%2F560934%2F2%2Fhistoria%2520ii%2520web.pdf&usg=AOvVaw03uZMOCKOQ1-9mshYjsslM https://www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=&cad=rja&uact=8&ved=2ahUKEwjql-z0--3yAhVsK7kGHbRFDKMQFnoECAIQAQ&url=https%3A%2F%2Feducapes.capes.gov.br%2Fbitstream%2Fcapes%2F560934%2F2%2Fhistoria%2520ii%2520web.pdf&usg=AOvVaw03uZMOCKOQ1-9mshYjsslM https://www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=&cad=rja&uact=8&ved=2ahUKEwjql-z0--3yAhVsK7kGHbRFDKMQFnoECCQQAQ&url=https%3A%2F%2Fsiposg.furg.br%2Fselecao%2Fdownload%2F1123%2Fbittencourt-circe-ensino-de-historia-fundamentos-e-metodospdf.pdf&usg=AOvVaw0ZAg0G8FF10fV5jTkDCRGR https://www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=&cad=rja&uact=8&ved=2ahUKEwjql-z0--3yAhVsK7kGHbRFDKMQFnoECCQQAQ&url=https%3A%2F%2Fsiposg.furg.br%2Fselecao%2Fdownload%2F1123%2Fbittencourt-circe-ensino-de-historia-fundamentos-e-metodospdf.pdf&usg=AOvVaw0ZAg0G8FF10fV5jTkDCRGR https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4505701/mod_resource/content/2/TEXTO%20PLANO%20DE%20AULA.pdf https://md.uninta.edu.br/geral/fundamentos-metodologicos-do-ensino-de-historia/pdf/Fundamentos%20Metódológicos%20do%20Ensino%20de%20História%20-%20.pdf https://md.uninta.edu.br/geral/fundamentos-metodologicos-do-ensino-de-historia/pdf/Fundamentos%20Metódológicos%20do%20Ensino%20de%20História%20-%20.pdf https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/20982_8467.pdf https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/20982_8467.pdf https://educapes.capes.gov.br/bitstream/capes/560934/2/historia%20ii%20web.pdf https://educapes.capes.gov.br/bitstream/capes/560934/2/historia%20ii%20web.pdf 32 32 33 METODOLOGIA DO ENSINO DE HISTÓRIA 33 5. 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