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HISTÓRIA-MEDIEVAL-OCIDENTAL-E-ORIENTAL-DIAGRAMADA

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História Medieval 
Ocidental e Oriental 
 
 02 
 
 
1. O Império Romano 6 
Introdução 6 
Crise da República 7 
Governo de Augusto 8 
Características do Império Romano 9 
Dinastias e Imperadores do Império Romano 10 
Crise do Império Romano 11 
Invasões Germânicas 11 
 
2. Império dos Bárbaros 14 
Povos Bárbaros 14 
A Origem 15 
Os Bárbaros e o Império Romano 15 
Godos 15 
Hunos 16 
Magiares 17 
Pictos 17 
Vândalos 18 
Suevos 18 
Francos 19 
Bárbaros na Espanha 19 
Bárbaros na Itália 20 
Bárbaros na Inglaterra 20 
 
3. O Feudalismo 23 
Introdução 23 
A Origem do Feudalismo 24 
Divisão da Sociedade Feudal 24 
Aquisição de Terras 26 
Economia 26 
Política 26 
Características do Feudalismo 27 
Senhor Feudal 27 
Declínio do Feudalismo 27 
 
 
 
 3 
 
 
4. Fortalecimento da Igreja Católica 30 
Estabelecimento da Igreja Católica 30 
A Diversidade da Igreja na Alta Idade Média 32 
Características Gerais da Igreja Ocidental na Alta 
Idade Média 32 
A Conversão dos Reis Germânicos 34 
Afastamento de Bizâncio e o Surgimento do Islã 35 
Cruzadas 36 
Inquisição 37 
No Tempo das Catedrais 37 
 
 
5. Fortalecimento das Monarquias 40 
A Formação dos Estados Nacionais Modernos 40 
O Processo de Centralização Monárquica 42 
Condições Para a Centralização Monárquica - (França) 43 
Mecanismos da Centralização Monárquica 45 
O Fortalecimento da Monarquia Inglesa 46 
O Fortalecimento das Monarquias na Península Ibérica 47 
 
 
6. A Historiografia Sobre o Final da Antiguidade 50 
Um Conceito e Suas Origens 51 
Invasões Bárbaras 54 
Entre Rupturas e Continuidades: a Cidade 
na Antiguidade Tardia 56 
 
 
7. O Começo e Queda do Império Romano 66 
Gestão Triunviratos 69 
Império Romano do Oriente 70 
Queda do Império Romano 70 
 
 
 
 
 
 4 
 
 
 
8. O Império Bizantino 73 
Dados Gerais 74 
Desenvolvimento 74 
Cristianismo x Islamismo 75 
Queda 75 
 
9. Referências Bibliográficas 79 
 
 
 05 
 
 
 
 
 
 6 
HISTÓRIA MEDIEVAL OCIDENTAL E ORIENTAL 
1. O Império Romano 
 
 
Fonte: Revista Galileu1 
 
Introdução 
 
o decorrer da fase imperial, 
Roma se destacou por possuir 
um governo autocrático sob respon-
sabilidade dos célebres imperado-
res. Nesta época, a supremacia dos 
romanos se prolongou até limites 
descabidos. 
O Império era uma organiza-
ção na qual o poder político real se 
mantinha sob direção de apenas 
uma pessoa, o imperador. 
Ele se iniciou com o imperador 
Augusto, momento em que o Senado 
se mostrou limitado a ser uma enti-
 
1 Retirado em https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/Historia/noticia/2019/10/o-que-voce-precisa-sa-
ber-sobre-o-imperio-romano.html 
dade de suporte desse poder polí-
tico. 
É possível definir o Império 
romano, conforme os seguintes perí-
odos: 
 Alto Império: Augusto a Dio-
cleciano; 
 Baixo Império: Diocleciano à 
queda do Império Romano no 
Ocidente. 
 
O Império Romano foi o ter-
ceiro período da sociedade romana, 
de acordo com a periodização em-
pregue pelos estudiosos. Esta época 
começou em 27 a.C., com a nomea-
N 
 
 
7 
HISTÓRIA MEDIEVAL OCIDENTAL E ORIENTAL 
ção de Otávio como imperador de 
Roma, e prolongou-se até 476 d.C., 
momento em que o último impera-
dor, Rômulo Augusto, foi deposto do 
trono. Tal acontecimento pôs fim no 
império em sua parcela ocidental. 
Esse é o período da concentra-
ção do poder em Roma, uma vez que 
ele saiu das responsabilidades do 
Senado e passou para o imperador. 
O império é a etapa do pico dessa ci-
vilização, pois ela havia atingido sua 
extrema dominação territorial, mas, 
fortuitamente, sua crise aconteceu, 
resultando o seu final, no século V 
d.C. 
 
Crise da República 
 
 
Fonte: https://www.todamate-
ria.com.br/republica- romana/ 
 
A época do Império Romano 
foi o resultado da crise que Roma 
encarou nos 200 anos finais da re-
pública. Esse colapso deu-se por 
meio de agitações sociais, levantes 
de escravos, mas, principalmente, 
por competições por domínio que 
ocasionaram a guerras civis. 
A ampliação territorial que 
Roma sofreu no decorrer do período 
republicano acarretou no apareci-
mento de novas solicitações políti-
cas que exigiam determinada con-
centração do poder. 
A historiadora Mary Beard 
sustenta que o alargamento territo-
rial romano, por meio da agregação 
territorial das províncias (expressão 
empregada para indicar as regiões 
apoderadas), gerou discussões no 
íntimo da política romana em rela-
ção do gerenciamento do império e 
assuntos sobre o poder compartilha-
do. Dessa forma, o poder que se en-
contrava sob incumbência do Se-
nado passou a ser contestado. 
Para mais, os generais roma-
nos que atuavam nas campanhas da 
aquisição de Roma obtiveram noto-
riedade e passaram a ter interesses 
políticos. Isso está associado, sobre-
tudo, com a especialização dos exér-
citos em Roma no século II a.C., o 
que cooperou para que os militares 
se transformassem em figuras real-
mente significativas. 
A competição pelo poderio 
ocasionou guerras que abalaram o 
império, fazendo com que fossem 
inventados os triunviratos como 
maneira de controlar as concorrên-
cias. 
Houve dois triunviratos no fim 
da República Romana, e ambos 
acarretaram novas guerras, mais 
 
 
8 
HISTÓRIA MEDIEVAL OCIDENTAL E ORIENTAL 
uma vez pelo domínio do poder. O 
primeiro triunvirato teve Júlio César 
despontando como ganhador da 
competição com Crasso e Pompeu. 
Em 46 a.C., ele se tornou ditador 
perpétuo, dispondo de poderes to-
tais sobre Roma. 
Júlio César foi morto por inte-
grantes do Senado em 44 a.C., e foi 
preciso construir um segundo triun-
virato, formado por seus apoiadores. 
Esse triunvirato foi constituído por 
Otávio, Marco Antônio e Lépido e 
também acabou em guerra. Ao final 
dessa competição, Otávio saiu como 
ganhador. 
Mesmo que determinados in-
tegrantes do Senado não aspiravam 
renunciar seu poderio político para 
dar espaço a uma figura centraliza-
dora, como um imperador, não hou-
ve escapatória, pois Otávio, ao ga-
nhar a competição contra Marco An-
tônio, tornou-se muito potente. 
Além disso, ele passou a dispor 
da cooperação do povo, algo impor-
tante naquela época. Como conse-
quência disso o Senado precisou for-
necer pleno poder para Otávio, 
transformando-o em Princeps Sena-
tus, ou seja, o primeiro dos senado-
res, dando-lhe poderes únicos sobre 
o Senado. 
Seguidamente, Otávio adqui-
riu o renome de Imperador, o que 
condizia com o cargo de comandan-
te em chefe dos exércitos romanos, 
e, por último, adquiriu o título de 
Augusto, que lhe dava uma significa-
ção sagrada, tornando-o figura foco 
de veneração religiosa. 
 
Governo de Augusto 
 
A elevação de Otávio e a abun-
dância de títulos que ele obteve do 
Senado transformaram-no em uma 
personalidade com poder centrado. 
De modo efetivo, os historia-
dores compreendem esse ocorrido 
como o término da República Roma-
na, pois o poder concentrado nas 
responsabilidades do Senado foi 
passado para a incumbência de Otá-
vio. 
Ainda com os poderes absolu-
tos decorosos de um imperador, 
Otávio tinha grande destreza políti-
ca e liderava o império conservando 
a imagem política do período repu-
blicano. Seu reinado ficou conhecido 
como uma época de grande segu-
rança política, além de fartura eco-
nômica e paz interna. 
A preservação da paz interna e 
a segurança política viabilizaram 
que a agricultura passasse por uma 
significativa evolução e que, portan-
to, a economia romana esmerasse. 
Isso porque, mesmo dispondo de 
poderes irrestritos, Otávio não desa-
fiou o Senado e tampouco removeu 
seus privilégios. 
 
 
9 
HISTÓRIA MEDIEVAL OCIDENTAL E ORIENTAL 
Ele também atribuiu vanta-
gens para as tropas romanas por 
causa de seus serviços prestados e 
efetuou aperfeiçoamentos no siste-
ma de cobrança de impostos. Essas e 
outras decisões criaram uma segu-
rançapolítica e social que possibili-
tou o melhoramento econômico em 
Roma. Todavia, além da solidez in-
terna, o êxito nas campanhas milita-
res externas acarretou na aquisição 
de novas riquezas e novos escravos, 
este último, um item indispensável 
na economia romana. 
Na questão militar, Otávio fi-
cou conhecido por adquirir novos 
territórios para o Império Romano e 
também por proteger as fronteiras 
romanas das coações que se localiza-
vam no limes, as divisas da região. A 
defesa das divisas romanas contra os 
povos bárbaros (como os romanos 
nomeavam os povos que ocupavam 
para além das fronteiras) era essen-
cial para a manutenção do império. 
Com a valorização da econo-
mia, Otávio começou uma campa-
nha de renovação de Roma e de su-
porte aos artistas. Tanto nessa cida-
de quanto em diferentes localidades 
do império, Otávio decretou a edifi-
cação de uma sequência de relevan-
tes construções, como estradas, ba-
nheiros públicos, aquedutos, entre 
outros. A efetivação dessas obras era 
uma maneira de assegurar a lealda-
de das províncias ao imperador. 
As obras efetuadas no governo 
de Otávio em Roma levou-o a en-
grandecer-se declarando que, quan-
do ele abraçou o cargo, havia se de-
parado com uma cidade constituída 
de argila e que, em seu domínio, 
transformou-a em uma cidade de 
mármore. Entretanto, apesar desse 
sucesso, ele também enfrentou em-
pecilhos nos âmbitos militar e polí-
tico. 
O sucesso e a política consti-
tuída por Otávio ficaram afamados 
como Pax Romana (paz romana), 
perdurando-se por cerca de 2 sécu-
los e sendo consumada somente 
com a morte de Marco Aurélio, em 
180 d.C. Otávio morreu em 14 d.C., 
aos 76 anos de idade, e indicou seu 
filho adotivo, Tibério, como suces-
sor. 
 
Características do Império Ro-
mano 
 
Na época imperial, como o ter-
mo mesmo insinua, o controle era 
praticado pelos imperadores, perso-
nalidades que possuíam a autori-
dade política, militar e religiosa so-
bre toda a região romana. O apoio do 
poder político em Roma precisava: 
 Ser aprovado pelo imperador, 
incumbido pelo gerenciamen-
to de todo o império; 
 Pelo exército, responsável pela 
preservação da ordem interna 
 
 
10 
HISTÓRIA MEDIEVAL OCIDENTAL E ORIENTAL 
e das campanhas de conquis-
tas; 
 E pelos governos das provín-
cias adquiridas, figuras funda-
mentais na preservação do po-
der nessas localidades. 
 
A economia alimentava-se 
pelo que era fabricado nas provín-
cias adquiridas. Dessa forma, a 
oferta de alimentos em Roma era 
consequência da fabricação de 
grãos na Península Ibérica e no 
norte da África, por exemplo. A 
participação dos escravos era in-
dispensável para o exercício dessa 
economia, uma vez que toda a sua 
produção necessitava dessa ativi-
dade. 
Os escravos, no que lhe diz 
respeito, eram adquiridos nas 
guerras de conquista que os roma-
nos efetuavam. Era essencial para a 
economia romana que as provín-
cias preservassem uma produção 
de riquezas contínua. 
Por esse motivo, o poder cen-
tralizado em Roma interferia fre-
quentemente nelas, como uma ma-
neira de assegurar a sua eficiência 
e as suas riquezas. 
 
Dinastias e Imperadores do 
Império Romano 
 
O período imperial romano, 
como citado, perdurou-se de 27 a.C. 
até o ano de 476 d.C. no decorrer 
dessa fase, inúmeros imperadores 
passaram pela regência romana e fo-
ram reunidos pelos historiadores em 
quatro dinastias que existiram de 27 
a.C. até 235 d.C. 
Depois do último imperador 
da Dinastia Severa e Alexandre Se-
vero ter sido morto, os historiadores 
julgam que começou a crise do sé-
culo III d.C. 
 Dinastia Júlio-Claudiana (27 
a.C. - 68 d. C) 
 Dinastia Flaviana (69-96 d.C.) 
 Dinastia Nerva-Antonina (96-
192 d.C.) 
 Dinastia Severa (193-235 d.C.) 
 
Dentre todas essas dinastias, 
realçaram-se os imperadores: 
 Otávio Augusto; 
 Tibério; 
 Calígula; 
 Nero; 
 Vespasiano; 
 Tito; 
 Nerva; 
 Trajano; 
 Marco Aurélio; 
 Caracala; 
 Geta; 
 Alexandre Severo, entre ou-
tros. 
 
Nero, por exemplo, tornou-se 
conhecido na história por ter sido in-
criminado como o responsável por 
um incêndio de grandes extensões 
que alcançou Roma em 64 d.C. 
 
 
11 
HISTÓRIA MEDIEVAL OCIDENTAL E ORIENTAL 
Crise do Império Romano 
 
A partir do século III d.C., os 
historiadores afirmam que começou 
a fase de crise do Império Romano. 
A primeira expressão dessa 
crise ocorreu na economia, que ma-
nifestou vestígios de declínio. Isso 
porque, no decorrer do período im-
perial, a economia romana era de-
pendente do trabalho escravo, prin-
cipalmente na região ocidental do 
império, onde se tornou exagerada. 
Dado que, com a ampliação 
territorial, houve um grande movi-
mento de escravos sendo transpor-
tados para atuarem no império. Isso 
fez com que o sistema escravista ro-
mano ficasse submisso das guerras 
de expansão, e, quando as divergên-
cias tornaram-se mais defensivos do 
que ofensivos, a aptidão de aquisi-
ção de escravos caiu energeticamen-
te. 
Sem o número de escravos o 
bastante para responder às exigên-
cias do império, a economia parali-
sou-se. Além disso, a dependência 
desses labutadores fez com que a 
competência técnica da produção de 
riquezas não progredisse, o que pre-
servou a produção pequena. Com a 
paralisação da economia, a conjun-
tura piorou e o império passou a 
não ter economias o bastante para 
o gerenciamento de todas as de-
mandas. 
Uma maneira de resolver a ca-
rência de recursos era subtraindo as 
tropas militares, culpadas por utilizar 
grande porção das verbas, e aumentar 
taxas. A primeira maneira deixava as 
divisas expostas e sujeitas a serem 
atacadas; já a segunda causava a re-
pulsa do povo, provocando revoltas 
no império. 
Foram realizadas determinadas 
ações com a intenção de reestruturar 
o império, e, assim, foram definidos 
congelamentos de valores, fragmen-
tação do império em duas parcelas e 
até a mudança da capital de Roma 
para Constantinopla. 
A fragmentação do Império 
Romano ocorreu em 395 e originou 
o Império Romano do Ocidente, se-
diado em Roma, e ao Império Roma-
no do Oriente, sediado em Constan-
tinopla. Todavia, nenhuma dessas 
reestruturações resolveu os proble-
mas existentes. 
Para piorar a situação, a cor-
rupção e a concorrência pelo poder 
em Roma colaboraram para abalar o 
império, que estava no trajeto da ru-
ína. O motivo que influenciou deci-
sivamente o fim dele foram as ocu-
pações germânicas, que se iniciaram 
de forma expansiva a partir do sé-
culo III d.C. 
 
Invasões Germânicas 
 
Os germânicos eram povos 
que ocupavam para além da frontei-
 
 
12 
HISTÓRIA MEDIEVAL OCIDENTAL E ORIENTAL 
ra norte do Império Romano, nos 
territórios chamados de Germânia. 
Esses povos começaram a mi-
grar por diferentes motivos pressu-
postos pelos historiadores, como a 
busca por regiões e clima mais agra-
dáveis para poderem viver, e alguns 
migravam puramente porque esca-
pavam de outros povos em migra-
ção. 
De toda maneira, movimenta-
vam-se incontáveis povos germâni-
cos, como francos, alamanos, sue-
vos, ostrogodos, saxões, vândalos, 
hérulos e etc. 
Todos eles mudavam para o 
interior do Império Romano, e como 
Roma tinha baixado o seu número 
de militares, suas delimitações fica-
ram expostas. 
Os obstáculos militares e 
econômicos e as ocupações germâni-
cas ocorreram concomitantemente. 
Dessa forma, Roma foi incapaz 
de resguardar seu território, que co-
meçou a ser ocupado por inúmeros 
desses povos no decorrer dos sécu-
los III, IV e V d.C. O próprio municí-
pio de Roma afligiu-se com a con-
juntura, pois, em 410, os visigodos 
roubaram a cidade, e, em 476, os hé-
rulos, governados pelo rei Odoacro, 
penetraram-na e depuseram o últi-
mo imperador romano, Rômulo Au-
gusto. 
Após isso, o Império Romano 
do Ocidente dissolveu-se, e os terri-
tórios que integravamessa porção 
foram invadidos por distintos povos 
germânicos. 
Nessas localidades, a combi-
nação da cultura germânica com a 
cultura latina ocasionou significati-
vas mudanças e estreou o período da 
Idade Média. 
A porção oriental transfor-
mou-se no Império Bizantino e per-
durou até 1453. 
 
 
 
 
 
 1
3
 
 
 
 
 14 
HISTÓRIA MEDIEVAL OCIDENTAL E ORIENTAL 
2. Império dos Bárbaros 
 
 
Fonte: Toda Matéria2 
 
Povos Bárbaros 
 
declínio do Império Romano 
do Ocidente foi apressado pela 
invasão de povos bárbaros. 
Bárbaros era a designação que 
os romanos davam para aqueles que 
moravam fora das divisas do Impé-
rio e não se comunicavam em latim. 
Dentre os grupos bárbaros é 
possível destacar os: 
Germanos: de origem indo-euro-
peia, viviam na Europa Ocidental. 
As nações germânicas mais impor-
tantes eram: 
 Os vigiados, 
 Ostrogodos, 
 
2 Retirado em https://www.todamateria.com.br/povos-barbaros/ 
 Vândalos, 
 Bretões, 
 Saxões, 
 Francos etc. 
 
Eslavos: oriundos da Europa Ori-
ental e da Ásia, abrangiam os russos, 
tchecos, poloneses, sérvios, entre 
outros. 
Tártaro-mongóis: eram de ori-
gem asiática. Integravam este grupo 
as tribos dos hunos, turcos, búlga-
ros, etc. 
A nomeação “Bárbaros” foi cri-
ada por gregos e romanos para ca-
racterizar a população vinda do nor-
te, do oeste e do centro da Europa. 
O 
 
 15 
HISTÓRIA MEDIEVAL OCIDENTAL E ORIENTAL 
Esses tiveram grande inter-
venção sobre a Europa, pois mistu-
raram seus costumes com os do Im-
pério Romano. 
 
A Origem 
 
A expressão "bárbaro" não se 
origina de um grupo cultural em 
particular e foi utilizada por gregos e 
romanos para retratar culturas que 
eles consideravam primitivas e que 
embasavam os triunfos mais pela 
força corporal do que pelo intelecto. 
Essa percepção, associada à vi-
olência, foi desdobrada pelos roma-
nos que começaram a denominar co-
mo bárbaros os povos que não com-
partilhavam de sua cultura, dialeto e 
hábitos. Ainda assim, os romanos 
conceituavam essas tribos com guer-
reiros valentes e corajosos. 
Atualmente, o termo "barbaro" 
é utilizado para retratar quem usa de 
violência em demasia sem ponderar 
suas ações e afeta assim, os demais ci-
dadãos. 
 
Os Bárbaros e o Império Ro-
mano 
 
Ao passo que o Império Roma-
no se expandia pela Europa e pela 
África do Norte, recrutava diversas 
tribos e populações. Algumas dessas 
tribos e populações guerrearam de 
forma agressiva contra o exército ro-
mano, que começou a chamá-los de 
bárbaros. 
No entanto, não foi a todo mo-
mento que, romanos e bárbaros en-
contraram-se lutando. Em meados 
dos séculos IV d.C. e V d.C., diversos 
povos foram agregadas ao Império 
como aliadas e os romanos arreba-
nharam garotos militares góticos e 
vândalos nas batalhas. 
Dessa forma, diversas tribos 
conseguiram se formas dentro das 
divisas do Império Romano. 
 
Godos 
 
 
Fonte: 
https://jvargascarinanco.wixsite.com/ 
ecpumanque/single-
ost/2015/09/25/Invasiones-germanas 
 
Os godos eram uma tribo ger-
mânica oriental que iniciou na Es-
candinávia. Eles deslocaram-se para 
o sul e ocuparam parte do Império 
Romano e eram povos temíveis, cu-
jos aprisionados eram oferecidos ao 
seu deus da guerra, Tyr. 
Uma potência de godos efe-
tuou o primeiro ataque ao Império 
Romano em 263, na Macedônia. 
 
 16 
HISTÓRIA MEDIEVAL OCIDENTAL E ORIENTAL 
Também atacaram a Grécia e Ásia, 
mas foram abatidos um ano depois e 
levados de novamente à origem pelo 
rio Danúbio. 
Esta população foi decompos-
ta pelos escritores romanos em dois 
seguimentos: 
 Os ostrogodos (godos de leste) 
 E os visigodos (godos do 
oeste). 
 
Os primeiros tomariam a Pe-
nínsula Itálica e Balcãs, ao mesmo 
tempo em que os outros habitariam 
a Península Ibérica. 
 
Hunos 
 
 
Fonte: 
https://aventurasnahisto-
ria.uol.com.br/noticias/almana-
que/historia-curiosidades-atila-
huno.phtml 
 
Os hunos eram populações nô-
mades, advindas da Ásia Central, 
que se apoderaram da Europa e edi-
ficaram um grandioso império. Es-
ses povos venceram os ostrogodos e 
visigodos e alcançaram à divisa do 
Império Romano. 
Era uma população receada 
por toda a Europa como combaten-
tes modelos, especialistas no tiro 
com arco e equitação, e surpreen-
dentes em lutas. 
O único comandante que con-
seguiu juntá-los foi Átila, o Huno ou 
o Rei dos Hunos, e viveu entre 406 e 
453. 
Reinou sobre a Europa Central 
e seu império se expandiu para o 
Mar Negro, Rio Danúbio e Mar Bál-
tico. 
Foi um dos piores rivais do 
Império romano do Oriente e do 
Ocidente. Atacou duas vezes os Bal-
cãs e chegou a cercar Constantinopla 
no segundo ataque. 
Ao alcançar a entrada de Ro-
ma, o papa Leão I (400-461) o per-
suadiu de não apropriar-se da cida-
de e Átila recuou com seu exército. 
Atacou a França, mas foi afas-
tado na localização da atual cidade 
de Orleans. Mesmo Átila não tendo 
deixado um legado marcante, tor-
nou-se uma das personalidades 
mais famosas da Europa, sendo re-
nomado na história ocidental como 
o "Flagelo de Deus". 
Muito gananciosos, os hunos 
eram combatentes habilidosos, po-
rém agressivos. Destinavam-se a 
ocupações, roubos e pilhagens para 
seu sustento e ampliação territo-
rial. 
 
 17 
HISTÓRIA MEDIEVAL OCIDENTAL E ORIENTAL 
Por causa dessa ganância, du-
rante anos coagiram os demais po-
vos bárbaros para um ataque ao Im-
pério Romano com a intenção de 
utilizar terras prolíferas (a Germâ-
nia era uma terra infértil, tomada 
por pântanos, o que complicava a 
plantação) e poupar riquezas. Quan-
do finalmente conseguiram, no sé-
culo V, colaboraram fortemente pa-
ra o declínio do Império, mas não fo-
ram os principais culpados, pois na 
época das ocupações o Império já se 
encontrava em conflito. 
 
Magiares 
 
 
Fonte: https://definicionyque.es/ma-
giares/ 
 
Os magiares são um grupo ét-
nico oriundo da Hungria e regiões 
próximas. Encontravam-se a leste 
dos Montes Urais, na Sibéria, onde 
caçavam e pescavam. Na área, ainda 
cuidavam de cavalos e elaboraram 
métodos de equitação. 
Deslocaram-se para o sul e pa-
ra o oeste e, em 896, sob o comando 
 
do príncipe Árpad (850-907), os 
magiares cruzaram as Montanhas 
dos Cárpatos para adentrar na Bacia 
dos Cárpatos. 
 
Pictos 
 
 
Fonte: 
http://deolhonailha-vix.blogs-
pot.com/ 2018/07/os-pictos-o-povo-
barbaro-que-nao-se.html 
 
Os pictos eram povoações que 
viviam em Caledônia, local que atu-
almente integra a Escócia ao norte 
do rio Forth. Não muito se conhece 
este povo, mas é possível que parti-
lhassem alguns deuses com os cel-
tas. 
Habitavam ao norte do Muro 
de Antonino e no decorrer da inva-
são romana da Grã-Bretanha, os pic-
tos foram incessantemente ataca-
dos. 
Sua mudança para o cristia-
nismo acontece no século VI, através 
da pregação de São Columba (521-
591). 
 
 
 18 
HISTÓRIA MEDIEVAL OCIDENTAL E ORIENTAL 
Vândalos 
 
 
Fonte: 
https://pt.wikipe-
dia.org/wiki/V%C3%A2n dalos 
 
Como uma tribo germânica 
oriental, os vândalos ingressaram 
no fim do Império Romano no de-
correr do século V. 
Percorreram a Europa até 
que se depararam com a oposição 
dos francos. Mesmo tendo saído 
como vencedores, 20 mil vândalos 
perderam a vida na luta e então, 
atravessaram o rio Reno, ocupando 
a Gália onde conseguiram conter o 
domínio romano no norte deste re-
gião. 
Roubavam a população com 
que se deparavam em sua trajetória 
e avançaram para o sul através da 
Aquitânia. Desta forma, atravessa-
ram os Pirineus e se encaminha-
ram para a Península Ibérica. Ali se 
 
constituíram em diversas porções 
da Espanha, como a Andaluzia, no 
sul, onde se prenderam antes partir 
para a África. 
Em 455, os vândalos golpea-
ram e invadiram Roma. Roubaram 
a cidade por duas semanas, fugin-
do com diversos utensílios de valor.A expressão "vandalismo" perdura 
como uma herança desta pilhagem. 
 
Suevos 
 
Mais uma tribo oriunda da 
atual Alemanha, mais exatamente 
da cidade Stuttgart. Sem conjun-
tura para atuar a frente de tantas 
lutas, os romanos são vencidos e 
entregam a terra da Galícia (parte 
da Espanha, mas também de Por-
tugal) aos suevos. 
Mesmo com a oposição dos 
lusitanos, os suevos se estruturam 
em um reino a partir de 411 e fazem 
da cidade de Braga, em Portugal, 
sua capital. Serão cristianizados na 
segunda metade do século VI, 
quando reinava o rei Teodomiro 
(falecido em 570). 
Em 585, os visigodos os aba-
tem e os suevos tornam-se vassalos 
do reino visigodo que tinha sua ca-
pital em Toledo. 
 
 
 
 
 19 
HISTÓRIA MEDIEVAL OCIDENTAL E ORIENTAL 
Francos 
 
 
Fonte: 
http://povosgermanicos.blogs-
pot.com/ 2009/11/francos-salios.html 
 
Por mais ou menos 500 anos 
d.C. os francos geriram o norte da 
França, que ganhou este nome por 
causa desta tribo. 
O local foi comandado entre 
481 e 511 por Clóvis (466-511), ca-
sado com a princesa católica Clotilde 
de Borgonha (475-545). Sob inter-
venção desta, Clóvis se converteu ao 
cristianismo e, como era habitual na 
época, forçou seus súditos a acom-
panhá-lo. 
A conversão do supremo foi 
um início para a concórdia entre os 
francos e os romano-gauleses e a 
França se tornou o primeiro reino 
cristão após a Queda de Roma. 
Em 507, Clóvis lançou um con-
junto de leis que, entre outras deli-
berações, colocava Paris como capi-
tal da França. Ao falecer, tinha inú-
meros descendentes que repartiram 
o reino entre si. 
 
Bárbaros na Espanha 
 
Até o começo do século V, o 
Império Romano estava ruindo por 
causa da ocupação dos povos bárba-
ros. Em 409 d.C., alanos, vândalos e 
suevos invadiram a maior parte da 
Espanha. 
Um dos nomeados como po-
vos germânicos, os visigodos, asso-
ciaram-se aos romanos. 
Em 416-418, os visigodos ocu-
param a Espanha e venceram os ala-
nos e, consecutivamente, foram para 
a França. Os vândalos abarcaram os 
restantes dos alanos e, em 429 cru-
zaram para o Norte da África, dei-
xando a Espanha para os suevos. 
A maioria das terras que cons-
tituía parte a Espanha se tornou per-
tencente aos visigodos em 456, mo-
mento em que o rei visigodo Teodo-
rico II (453-466) comandou o exér-
cito e venceu os suevos. 
Uma diminuta parcela situada 
ao nordeste espanhol continuou sob 
domínio romano, mas foi tomada 
pelos visigodos em 476. 
Cidades ancestrais que se en-
contravam sob o controle romano 
 
 20 
HISTÓRIA MEDIEVAL OCIDENTAL E ORIENTAL 
começaram a ruir perante as investi-
das dos visigodos e em 589, o rei Re-
caredo I (559 - 601) converteu-se ao 
catolicismo romano e dessa forma, 
uniu os hispanos-romanos e os visi-
godos que moravam ali. 
Após isso, em 654, o rei Reces-
vinto (falecido em 672) organizou 
um código único para seu reino. 
As competições internas entre 
os visigodos enfraqueceram o reino, 
que sucumbiram perante os mouros. 
O reino visigodo foi desmanchado 
pela ocupação muçulmana em 19 de 
julho de 711. 
 
Bárbaros na Itália 
 
No século V, a destituição do 
Império Romano deixou a Itália di-
vidida. Entre 409 e 407, os povos 
germânicos ocuparam a Gália e em 
407, o exército romano deixou a 
Grã-Bretanha. 
Três anos mais tarde, Alarico 
I, o Gótico (370-410) foi apanhado 
em Roma, mas o império não ruiu. 
O declínio foi marcado entre 
429 e 430, momento em que vânda-
los atravessaram a Espanha a partir 
do Norte da África, o que foi essen-
cial para o declínio dos romanos. 
Em 455, Roma foi roubada pe-
los vândalos e o derradeiro impera-
dor romano, Rômulo Augusto (461-
500) foi destituído do trono em 476. 
Desta forma, o germânico 
Odoacro (433-493) nomeou-se rei 
da Itália. Odoacro efetuou diversas 
mudanças administrativas e conse-
guiu chefiar toda a península. 
O convívio pacato entre ger-
mânicos e romanos continuou tam-
bém sob o reinado de Teodorico 
(454-526), sucessor de Odoacro. 
O Império Romano, porém, 
resistiu no Oriente e passou a ser co-
nhecido como Império Bizantino. 
 
Bárbaros na Inglaterra 
 
Saxões, anglos, vikings, dina-
marqueses vindos da Escandinávia, 
começaram os ataques à Grã-Breta-
nha, no século III e em meados do 
século V, gozando das ocupações 
que ocorriam na Península Itálica. 
As ilhas britânicas eram inva-
didas pelos celtas e pictos e sempre 
foram difíceis de serem protegidas, 
por causa da sua longitude. Por esse 
motivo, os romanos abriram mão de 
admitir mercenários entre os povos 
germânicos associados, exercício 
muito habitual nesta época. 
Desta forma, mais e mais po-
vos bárbaros alcançavam as ilhas, 
abatiam o rei local e aproveitavam 
para se fixar. 
Os celtas continuaram a deba-
ter contra os anglo-saxões, mas são 
vencidos. De maneira igual, sua reli-
 
 21 
HISTÓRIA MEDIEVAL OCIDENTAL E ORIENTAL 
gião e hábitos são aspirados aos pou-
cos através da cristianização das 
ilhas britânicas. Esses episódios aca-
baram se tornando o tema para os 
contos do Rei Arthur e os Cavaleiros 
da Távola Redonda. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 23 
HISTÓRIA MEDIEVAL OCIDENTAL E ORIENTAL 
3. O Feudalismo 
 
 
Fonte: Todo Estudo3 
 
Introdução 
 
começo do Feudalismo está as-
sociado à queda do Império 
Romano, ocasião em que muitas 
ocupações aconteceram na área, fa-
zendo com que a população (tanto os 
fidalgos quanto aqueles de posições 
mais baixas da sociedade) fosse para 
o interior. 
A partir disso, toda uma orga-
nização hierárquica foi elaborada 
apoiada na terra, que atuava ao 
mesmo tempo como moeda de troca, 
 
3 Retirado em https://www.todoestudo.com.br/historia/feudalismo 
lugar de sustento e conjuntura fi-
nanceira fundamental do período. 
O feudalismo proporcionou 
uma reestruturação no padrão de 
conformação social, política, finan-
ceira e cultural dos países da Europa 
Ocidental. O sistema inventou uma 
forma de produção que assinalou o 
começo da Idade Média depois da 
queda do Império Romano. 
O motivo fundamental para 
esse acontecimento está na autori-
dade política e militar do Mediterrâ- 
O 
 
 24 
HISTÓRIA MEDIEVAL OCIDENTAL E ORIENTAL 
neo, o que possibilitou que a Europa 
se isolasse comercialmente. 
Com a ampliação que teve o 
seu cume com a Batalha de Poitiers, 
a comunidade europeia sofreu inú-
meras ocupações. Dessa forma, a 
nobreza e os camponeses passaram 
a se insular no campo, distante das 
cidades. Assim, apareceram os Rei-
nos Bárbaros (ou seja, não-roma-
nos), cuja origem essencial era ger-
mânica. 
A disposição dessas socieda-
des sugeriu as primeiras evidências 
do que viria a se transformar no Feu-
dalismo. O principal Reino foi o 
Franco, que possuía inúmeros por-
menores em relação aos demais. 
Os mais significativos eram a 
concentração política prematura e 
os acordos com a igreja católica. Foi 
também nesse momento que acon-
teceram as primeiras segmentações 
de terra, em condados. 
Com a sequência de reis, o Rei-
no Franco passa a ser segmentado 
entre os filhos do Rei Luís, o Piedo-
so, a partir do Tratado de Verdun. 
Com isso, os feudos se trans-
formam em hereditários e o Feuda-
lismo inicia sua atuação concreta na 
sociedade europeia. Sua organização 
está baseada na combinação de itens 
romanos, germânicos e árabes. 
O Feudalismo está decom-
posto em duas grandes fases: a Baixa 
Idade Média e a Alta Idade Média. 
A Origem do Feudalismo 
 
Uma das razões que levou ao 
aparecimento do feudalismo foi o 
crescimento da ruralização, que 
aconteceu com a população por cau-
sa da economia ter experimentado 
uma atenuação nas operações comer 
ciais com a crise de Roma. 
A ocupação dos povos bárba-
ros também foi uma das razões que 
propiciou o começo do feudalismo, 
pois com a grande selvageria,os ro-
manos foram forçados a se distanci-
arem da cidade carregando em seu 
poder os camponeses. 
A instabilidade e a violência fi-
zeram com que os feudos (domínios 
territoriais) se dispersassem para di-
ferentes áreas. Como os reis não 
possuíam recursos econômicos e 
nem militares para defender as po-
pulações dessas regiões, o encargo 
se tornou dos senhores feudais. 
Com isso, começava o sistema 
fundamentado no sistema de servi-
dão, no qual os trabalhadores (ser-
vos), em troca de segurança, fariam 
trabalhos agrícolas dentro de uma 
grande propriedade rural, onde ha-
via terras para plantio, um castelo 
reforçado, aldeias, pastos e bosques. 
 
Divisão da Sociedade Feudal 
 
A sociedade do feudalismo era 
fragmentada em três camadas soci-
ais: 
 
 25 
HISTÓRIA MEDIEVAL OCIDENTAL E ORIENTAL 
 O clero, possuindo como com-
ponente fundamental a igreja 
católica; 
 A nobreza, formada pelos se-
nhores feudais; 
 E os servos, integrada pela ca-
mada mais baixa e os campo-
neses. 
 
As camadas eram designadas 
estanques, por isso, no regime não 
havia mutabilidade social, ou seja, 
os servos estavam "destinados" a vi-
verem o resto de suas existências 
trabalhando para os senhores. 
A nobreza, constituída pelos 
proprietários dos feudos ou senho-
res feudal, era a camada mais privi-
legiada do feudalismo. Proprietária 
dos grandes territórios rurais, ela 
desempenhava poder total sobre as 
demais camadas. 
Dessa maneira, a camada se 
fracionava em suseranos, que eram 
os proprietários da terra, e vassalos, 
que eram os serventes obreiros. 
Além disso, era a encarregada pela 
administração de normas, outorga-
ção de vantagens, gerenciamento da 
justiça, dentre outros. 
O clero era constituído essen-
cialmente pelos praticantes do cato-
licismo. Com isso, o cristianismo, re-
gime conduzido pela igreja católica 
delineou a conduta, as ideologias e a 
cultura do povo medieval, tornando 
a igreja a entidade mais influente do 
sistema feudal. 
Os servos, por sua vez, repre-
sentavam a maior camada do feuda-
lismo. Era formada por escravos, vi-
lões e camponeses que eram força-
dos a realizar trabalhos laboriosos. 
Dessa forma: 
 Plantavam, 
 Colhiam, 
 Fabricavam azeite, vinho, pão, 
farinha, queijo, manteiga, 
 Caçavam, 
 Pescavam, 
 E ainda trabalhavam numa 
grosseira indústria artesanal. 
 
Além disso, o serviço desses 
indivíduos compreendia inúmeras 
obrigações, entre elas, o ofício como 
rendeiro, situação em que se realiza-
va o pagamento ao senhor com pro-
dutos ou prestações de trabalho pelo 
uso da terra. 
O serviço grátis era efetuado 
por determinadas famílias em dias 
estabelecidos e a gratificação era 
oferecida por meio da concessão da 
utilização de fornos, moinhos e ou-
tras ferramentas agrícolas. A seguir 
são expostos alguns dos impostos 
que eram pagos por eles: 
 Capitação: imposto despen-
dido por cada integrante da fa-
mília; 
 Dízimo: 10% da produção pre-
cisavam ser destinados à 
igreja; 
 Talha: uma parcela da produ-
ção deveria ser destinada ao 
senhor feudal; 
 
 26 
HISTÓRIA MEDIEVAL OCIDENTAL E ORIENTAL 
 Banalidade: pagamento que 
viabilizava o uso de posses do 
feudo, a exemplo de moinhos, 
fornos, estradas, etc. 
 
Havia um conjunto de traba-
lhadores conhecidos como ministe-
riais. De maneira oposta aos servos, 
eles podiam obter uma melhoria 
dentro da nobreza. 
Quando os vassalos alcança-
vam algum benefício advindo dos 
suseranos, eles precisavam compro-
meter-se a atender esse senhor, in-
clusive, atuar no seu exército caso 
fosse preciso. 
 
Aquisição de Terras 
 
As terras na época do feuda-
lismo podiam ser obtidas de três ma-
neiras: 
 Pela permissão do rei ou de 
um importante senhor feudal, 
 Através de guerras, 
 Ou do matrimônio. 
 
A permissão por um senhor 
feudal ocorria quando ele queria res-
sarcir o trabalho de um nobre ou ca-
valeiro específico, a fim de conquis-
tar os servos dessa família. 
Quando não ocorria de manei-
ra tranquila, era usual que aconte-
cesse por meio de guerras. Na maior 
parte elas ocorriam quando deter-
minados proprietários donos de ter-
ras queriam expandir as suas terras. 
Outra forma que interferia 
nesses conflitos era o encerramento 
do vínculo existente entre servos e 
senhores feudais. E por último, o ca-
samento, situação que visava preser-
var o comando de um território nas 
mãos da mesma família, os reis ca-
savam seus filhos. 
 
Economia 
 
A economia no feudalismo era 
direcionada à demanda local, por-
tanto, as operações comerciais eram 
quase inexistentes, sendo a agricul-
tura a atividade fundamental de sus-
tentação econômica. 
O número de produtos era o 
bastante e quando sobrava ia para a 
posse dos senhores feudais. Não ha-
via a permuta de moedas. 
Quando era indispensável a 
arrecadação de produtos que neces-
sitavam, mas não fabricavam, os tra-
balhadores efetuavam a troca de 
produtos (escambo). 
 
Política 
 
A política do feudalismo esta-
va totalmente unificada nas mãos 
dos senhores feudais, uma vez que 
eles eram incumbidos da criação de 
exércitos particulares, da edificação 
dos castelos protegidos, da separa-
ção dos operários agrícolas, além de 
possuírem regalias como a dispensa 
tributária e judiciária. 
 
 27 
HISTÓRIA MEDIEVAL OCIDENTAL E ORIENTAL 
Características do Feudalismo 
 
Da mesma forma que em ou-
tros períodos da história, o Feudalis-
mo traz consigo inúmeras particula-
ridades marcantes. Entre elas, é pos-
sível destacar: 
 Economia baseada na agricul-
tura de subsistência; 
 Inexistência de comércio ou 
qualquer operação mercantil; 
 Inexistência de moedas ou 
qualquer tipo de dinheiro; 
 Predomínio da troca entre 
pessoas para obtenção de bens 
de consumo; 
 Descentralização do poder; 
 Presença do trabalho servil. 
 
A sociedade feudal era uma or-
ganização vigorosamente estamen-
tal e imóvel. Por isso, havia escassa 
mutabilidade social e, portanto, al-
guém nascido em específica posição 
não possuía a expectativa de trocar 
de classe social no decorrer da vida. 
A fragmentação da sociedade 
feudal era: 
 Realeza; 
 Alta nobreza e clero; 
 Nobreza média; 
 Artesãos ricos; 
 Artesãos comuns; 
 Servos; 
 Escravos. 
 
A escravidão, embora não fos-
se uma realidade muito usual no pe-
ríodo, ela existia. A maior parte dos 
escravos assim era nomeados por 
causa de dívidas ou de guerras. 
A maior ligação nesse caso, en-
tretanto, era a de suserania e vassa-
lagem, que acontecia quando o se-
nhor feudal transferia uma parcela 
de terra ao servo em troca de fideli-
dade e trabalhos. 
 
Senhor Feudal 
 
O senhor feudal era o proprie-
tário dos feudos, ou seja, das terras 
que eram transferidas aos servos 
como negociação comercial. 
A sua responsabilidade princi-
pal para com esse grupo era defen-
der os seus servos, principalmente 
em situações de guerras ou invasões. 
Os senhores feudais também 
possuíam grande domínio político e 
atuavam lado a lado com a Igreja Ca-
tólica, que dispunha de um forte do-
mínio na época e comandava o rumo 
ideológico de toda a população. Os 
Reis, por sua vez, notaram um gran-
de caimento do seu comando. 
 
Declínio do Feudalismo 
 
Por conta das significativas 
transformações que aconteceram na 
estrutura da sociedade, como a volta 
das operações comerciais e o au-
mento populacional, o feudalismo 
sofreu as perturbações e começou a 
se consumir de maneira progressiva. 
 
 28 
HISTÓRIA MEDIEVAL OCIDENTAL E ORIENTAL 
As associações de fabricações 
tiveram a atuação do livre trabalho 
pago. Com isso, a prepotência dos 
senhores feudais sobre os servos 
cresceu, na tentativa de preservar 
uma relação comercial de acordo 
com as novas demandas da socie-
dade. 
A situação foi a razão de rebe-
lião para inúmeros servos, que já se 
encontravam descontentes com a 
formacomo eles trabalhavam. Isso 
sucedeu no escape de muito deles, 
como também na alteração de atua-
ção de alguns senhores, que para 
controlar a situação, decidiram ven-
der a soltura de alguns trabalhado-
res. 
O começo de uma nova classe 
de camponeses, fez com que inúme-
ros senhores passassem a empregar 
trabalhadores pagos. Isso deu início 
ao aparecimento de um futuro re-
gime, o capitalismo.
29 
 
 
 
 30 
HISTÓRIA MEDIEVAL OCIDENTAL E ORIENTAL 
4. Fortalecimento da Igreja Católica 
 
 
Fonte: Conib4 
 
Estabelecimento da Igreja 
Católica 
 
ara melhor entendimento so-
bre o que foi a Idade Média 
(476 a 1453) é preciso saber como a 
Igreja católica progrediu nessa 
época. 
Foi no decorrer dos 10 séculos 
que comumente nomeiam de "Idade 
Média" que a influência dessa enti-
dade religiosa, ligada à fé cristã, 
cresceu e difundiu-se de forma des-
comunal. 
 
4 Retirado em https://www.conib.org.br/brasil-vota-contra-entrada-na-onu-de-grupo-palestino-com-lacos-
terroristas/ 
A Igreja católica se apoia no 
cristianismo, o credo em Jesus Cris-
to, um homem que anunciava ser 
encaminhado pelo criador do uni-
verso, Deus, para pregar aos ho-
mens. Ela apareceu no século 1 da 
era da humanidade, sendo o calen-
dário cristão determinado pelo ano 
que se supõe ser o nascimento de Je-
sus. 
O calendário verídico de todo 
o mundo ocidental até os dias atuais 
é o calendário cristão. 
P 
 
 31 
HISTÓRIA MEDIEVAL OCIDENTAL E ORIENTAL 
O cristianismo definiu-se co-
mo entidade nos últimos séculos do 
Império Romano. 
Ao mesmo tempo em que o Im-
pério Romano desfazia-se em confli-
tos internos, a Igreja Católica fortifi-
cou-se e consolidou seus pilares. A in-
tolerância para com os cristãos termi-
nou a partir de 313 com o Édito de Mi-
lão, firmado pelo imperador Constan-
tino. 
Desde o ano de 380, com o fir-
mamento do Édito de Tessalônica 
pelo imperador Teodósio, o Cristia-
nismo passou a ser a religião oficial do 
Império. 
 Todavia, a autoridade da igre-
ja só se estabeleceria com a aceita-ção 
dos povos germânicos ao catoli-cis-
mo. Com isso, a Igreja resistiria à des-
membração do Império Romano do 
Ocidente, concomitantemente com a 
transformação na mais influ-ente 
entidade de sua época. 
 
 
Fonte: 
https://www.estudopra-
tico.com.br/igreja-catolica-na-idade-
media/ 
A Igreja Católica era a maior 
motivadora da ideologia social e cul-
tural daquele tempo, seu domínio era 
tão grande que interferia até no pró-
prio império. Neste tempo, a igreja 
evangelizava para seus subordinados 
ofertarem suas posses para alcançar a 
tão almejada redenção, já que a vida 
na terra teoricamente não significava 
completamente coisa nenhuma. 
Com essa concepção de desa-
pego, o Clero atraiu aproximada-
mente um terço dos terrenos férteis 
da Europa Ocidental, sendo ela uma 
grandiosa senhora feudal. 
O assentamento da Igreja e a 
criação do dogma eclesiástico aconte-
ceram a partir das divergências ocasi-
onadas pelos sacrilégios, isto é, todos 
os dogmas religiosos que não estavam 
em conformidade com a ortodoxia 
corrente. 
Esses sacrilégios ameaçavam a 
existência da Igreja e foram ardua-
mente hostilizados. Como exemplos, 
é possível destacar: 
 O gnosticismo; 
 Pelagianismo; 
 Priscilianismo; 
 E o arianismo, um dos sacrilé-
gios que mais conquistou apoi-
adores. 
 
O arianismo apareceu graças à 
doutrina de Ário (viveu no século IV) 
e rejeitava a concepção da Trindade. 
Para Ário, o Pai e Cristo não 
compartilhavam a mesma essência, 
dessa forma, Cristo não era Deus. 
 
 32 
HISTÓRIA MEDIEVAL OCIDENTAL E ORIENTAL 
Ele julgava Cristo como uma 
concepção do Pai e, embora sendo 
divino, era ínfero ao Pai. 
O arianismo adquiriu diversos 
apoiadores pelo mundo cristão, al-
cançando proteção por imperado-
res, como foi o caso de Constâncio II. 
A complicação do arianismo 
foi tão grande que foi propagado en-
tre os povos germânicos a partir de 
Úlfilas, que persuadiu os godos, dis-
persando-se para ostrogodos, visi-
godos, vândalos, e etc. A Igreja Cató-
lica estabeleceu-se entre os povos 
germânicos a partir da aceitação de 
Clóvis, rei dos francos no século VI. 
Esse cenário inicial de firma-
mento da Igreja, em sua maioria, foi 
graças a determinadas figuras, como 
Santo Agostinho, Santo Atanásio, 
São Jerônimo, Gregório Magno etc. 
Todos colaboraram para a es-
truturação da doutrina eclesiástica e 
a consolidação da Igreja a partir da 
luta contra as heresias. 
 
A Diversidade da Igreja na Alta 
Idade Média 
 
Entre os séculos V e VII, mes-
mo com o seguimento das inúmeras 
“invasões bárbaras” em um cenário 
inicial e, gradualmente, da criação 
dos reinos germânicos, assim como 
a estruturação de uma soberania 
franca sob eles, é possível verificar a 
função essencial dos bispos no Oci- 
dente cristão como “pilares incon-
testáveis da Igreja” (BASCHET, 
2006, p. 63). 
Como demonstra Jérôme Bas-
chet: 
 
Eles captam em seu benefício o 
que subsiste das estruturas ur-
banas romanas, de modo que, 
ao passo que seu prestígio cres-
ce, a função episcopal é inves-
tida pela aristocracia, especial-
mente a senatorial. 
Essa aristocratização da Igreja, 
bastante saliente na Gália do 
Sul e na Espanha, assegura a 
manutenção de uma rede de ci-
dades episcopais nas mãos de 
homens bem formados, escora-
dos por famílias poderosas e 
que sabem governar. O bispo é, 
então, a principal autoridade 
urbana, concentrando em si po-
deres religiosos e políticos: ele é 
juiz e conciliador, encarnação 
da lei e da ordem, “pai” e prote-
tor de sua cidade. E o bispo não 
pretende cumprir esse papel 
apenas com suas forças huma-
nas; ele tem necessidades, nes-
ses tempos conturbados, de 
uma ajuda sobrenatural, que 
ele encontra junto aos santos, 
cujo culto constitui uma extra-
ordinária invenção desse perí-
odo (BASCHET, 2006, p. 63). 
 
Características Gerais da Igre-
ja Ocidental na Alta Idade Mé-
dia 
 
Em pautas organizacionais, a 
historiadora francesa Mireille 
Baumgartner, em concordância com 
Jérôme Baschet, evidencia que: 
 
 33 
HISTÓRIA MEDIEVAL OCIDENTAL E ORIENTAL 
Durante o período das inva-
sões, no meio das misérias e das 
violências, a vida religiosa re-
grediu, exceto nos mosteiros e 
na cidade romana. 
Bispos instruídos, pertencendo 
às famílias da velha aristocra-
cia, ocupam-se na defesa das ci-
dades; mantêm uma organiza-
ção e impõem-se aos chefes 
bárbaros (BAUMGAR-TNER, 
2001, p. 112). 
 
A partir do século VII, obser-
va-se uma reparação transitória, es-
pecialmente, na Gália, onde os bis-
pos remodelaram a vida eclesial, 
evangelizaram, designaram sacer-
dotes para as igrejas vizinhas a sede 
episcopal, etc. (BAUMGARTNER, 
2001, p. 113). 
A essa estruturação, diga-se, 
mais “logística”, é preciso agregar 
questionamentos a respeito dos ri-
tos e usos que vão se definindo de 
maneira mais visível no íntimo da 
Igreja entre os séculos V e VII, den-
tre eles, é possível ressaltar o rigor 
do ano litúrgico que, mesmo com 
as variabilidades locais, constitui-
se das festas já determinadas ante-
riormente, mas que agora são agre-
gadas a elas a da Circuncisão, entre 
o Natal e a Epifania e, no decorrer 
do ano, as dos Santos com jejuns e 
vigílias. 
No século VI a missa é insti-
tuída como obrigatória ao domingo 
e na Páscoa, nota-se que, também, 
nesses dias é desautorizado o servi-
ço da terra (subsequentemente, no 
decorrer dos anos, a Igreja vai cada 
vez mais consagrando dias especí-
ficos com o objetivo óbvio de pa-
dronizar a sociedade medieval em 
inúmeras vertentes, desde o sexo 
até o exercício militar). 
No que se refere à liturgia, 
“cada Igreja tem a sua própria até o 
século VIII, quando em todos os la-
dos se imporá a de Roma” (BAUM-
GARTNER, 2001, p. 114). 
O latim também, gradual-
mente, transforma-se na língua li-túrgica exclusiva que reina no Oci-
dente, com esporádicas ressalvas. 
Em relação às partes que in-
tegram a missa, assim esclarece 
Mireille Baumgartner: 
 
A primeira parte permanece 
centrada nas três leituras do 
Antigo Testamento, dos Actos 
do Apóstolos ou da Epístola, 
do Evangelho seguidas da ho-
milia, do credo, e da interces-
são pela Igreja. São precedidas 
pelo Intróito, às vezes acom-
panhado por uma procissão ao 
canto de um Salmo, e enqua-
dradas por orações, cantos 
responsoriais e hinos (Kyrie, 
Aleluia, Cântico de Zacarias, 
Cântico dos três Hebreus na 
fornalha). 
A segunda parte, só para os fi-
éis batizados, tem por centro a 
Eucaristia, que é sempre a 
ação de graças da comunida-
de. Os assistentes depuseram 
na entrada as suas esmolas 
 
 34 
HISTÓRIA MEDIEVAL OCIDENTAL E ORIENTAL 
para os pobres e para o clero; 
depois, as suas oferendas de 
pão e de vinho são trazidas ao 
altar em procissão pelos diá-
conos. Sucedem-se em segui-
da, nem sempre pela mesma 
ordem, o Prefácio, o canto do 
Sanctus, o Memento dos mor-
tos, o beijo da paz, a consagra-
ção das oferendas e a partição 
do pão, a anamnese e a epi-
clese, uma oração seguida da 
recitação comum da oração 
dominical (chamada Pater), 
por fim, a bênção solene e a 
comunhão (BAUMGAR-
TNER, 2001, p. 114). 
 
Agrega-se a isso, o batismo, 
cada vez mais significativo, se não, 
primordial, para a anexação de fiéis 
no âmago da cristandade em cons-
trução e, aos poucos, a confissão 
explícita suprime em favor da con-
fissão reservada. 
A devoção popular adquire 
bastante domínio nessa época, o 
que pode ser averiguado com o 
aparecimento do culto a Maria. 
 
“Adotam-se festas no Oci-
dente, no final do século VII: 
Natividade da Virgem a 8 de 
Setembro, festa de Maria a 1 
de Janeiro, Purificação a 2 de 
Fevereiro, Anunciação a 25 de 
Março, Assunção a 15 de 
Agosto (BAUMGARTNER, 
2001, p. 114). 
 
 
Nota-se nesse tempo o au-
mento na quantidade de igrejas 
consagradas à Virgem. 
A Conversão dos Reis Germâ-
nicos 
 
A Igreja, com os seus diversos 
bispos operando de forma inde-
pendente em suas dioceses, consi-
derando-se sucessora do Império 
Romano, vê nos povos germânicos 
em sua maior parte pagãos quando 
começaram a proeminente intimi-
dação ao Império, como impetuo-
sos inimigos. 
Mesmo com os ostrogodos, vi-
sigodos e vândalos já convertidos 
quando cruzam o limes e adentram 
no Império, eles não exercem a orto-
doxia católica, aquela que Constan-
tino legitimou no Concílio de Nicéia, 
em 325. De forma contrária, esses 
“povos bárbaros” escolheram por 
praticar a doutrina ariana, tida nesse 
mesmo concílio como herege. 
Isso causou algum conflito 
entre os “invasores” e as comunida-
des católicas das regiões então 
apropriadas por eles, confronto 
travado, também, especialmente 
com o clero que, como já destaca-
do, julgavam o arianismo um sacri-
légio. 
 
 
 35 
HISTÓRIA MEDIEVAL OCIDENTAL E ORIENTAL 
 
“Clóvis, rei dos francos” em tela pin-
tada por François-Louis Dejuinne 
(1786-1844). Nessa tela, é possível ob-
servar como os modernos “imagina-
ram” o rei dos francos. (Disponível 
em: http://povosgermanicos.blogs-
pot.com/2010/02/clovis-i.html) 
 
Dessa forma, os francos, ainda 
pagãos no final do século V, distinti-
vamente dos demais impérios ger-
mânicos: 
 
Fazem uma escolha politica-
mente mais pertinente: seu rei 
Clóvis, que percebe muito bem 
a força adquirida pelos bispos 
de seu reino, decide converter-
se ao cristianismo (católico_ e 
faz-se batizar, em companhia 
de 3 mil soldados de sua ar-
mada, por Remígio, bispo de 
Reims, a catedral obrigatória 
para a sagração de seus reis. De 
imediato, a escolha de Clóvis 
lhe permite estar em acordo 
com as populações e o clero de 
seu reino e obter, assim, o apoio 
dos bispos para seus empreen-
dimentos militares contra os vi-
sigodos arianos (BASCHET, 
2006, p. 61). 
Rapidamente, os outros rei-
nos “bárbaros” sejam eles ainda 
pagãos ou cristãos arianos, vão 
progressivamente se convertendo a 
ortodoxia romana, é óbvio que isso 
não quer dizer que todos os ocu-
pantes das terras pertencentes a 
cada um desses impérios tenham 
admitido prontamente a doutrina 
da liderança. Porém, chama aten-
ção Baschet: 
 
Mesmo se as datas indicam 
apenas a conversão dos líderes 
e não uma difusão geral do cris-
tianismo, doravante o Ocidente 
é por inteiro uma cristandade 
(católica) e a fronteira móvel - 
mas sempre presente durante a 
Alta Idade Média - em que cris-
tãos e pagãos entravam em con-
tato só continua a existir de ma-
neira residual (BASCHET, 
2006, p. 63). 
 
Afastamento de Bizâncio e o 
Surgimento do Islã 
 
Depois da catequização das 
populações germânicas, o Cristia-
nismo sofreu nova intimidação à sua 
supremacia com o aparecimento do 
Islamismo e sua dissipação impetu-
osa a partir da concepção de guerra 
santa, a jihad. 
Dessa forma, o islamismo dis-
seminou-se por todo o Norte da 
África e, a partir de 711, dominou 
quase toda a Península Ibérica. 
 
 36 
HISTÓRIA MEDIEVAL OCIDENTAL E ORIENTAL 
 
Fonte: 
https://www.historiado-
mundo.com.br/ idade-media/a-
igreja-medieval.htm 
 
A disseminação muçulmana 
na Europa só cessou em 732, na ba-
talha de Poitiers, que proibiu o in-
gresso dos muçulmanos no Reino 
dos Francos. 
Além do Islã, a Igreja sofreu 
também o distanciamento ocorrido 
entre o cristianismo em Roma e o 
cristianismo em Constantinopla. 
As discrepâncias teológicas 
entre a igreja latina e a igreja bizan-
tina ocasionaram o Grande Cisma 
do Oriente em 1054. 
O Grande Cisma foi o rompi-
mento decisivo da Igreja sediada 
em Roma da Igreja sediada em 
Constantinopla. 
Dessa forma, surgiu a Igreja 
Católica Apostólica Ortodoxa. 
 
 
 
Cruzadas 
 
 
 
Fonte: 
https://www.saberatualizado.com.br/ 
2019/04/cruzadas-fe-guerra-amor-e-
cabecas.html 
 
Desde 1095, depois da solicita-
ção do papa Urbano II, a Igreja Católi-
ca começou uma atividade militar co-
nhecida por Cruzadas (de acordo com 
Le Goff, o termo “Cruzadas” só apare-
ceu no século XV) para dominar Jeru-
salém, o Santo Sepulcro e fosse qual 
for o lugar na Palestina visto como sa-
grado no comando muçulmano. 
Além disso, a Igreja enxergou 
nas Cruzadas e na determinação de 
um adversário compartilhado com 
todos, uma maneira de mobilizar a 
progressiva violência demonstrada 
pela nobreza europeia. 
Para defender as Cruzadas, foi 
criada a concepção de Guerra Justa, 
que declarava que a guerra era ad-
missível se fosse efetuada em oposi- 
 
 
 
 37 
HISTÓRIA MEDIEVAL OCIDENTAL E ORIENTAL 
ção ao pagão, nesse caso, o muçul-
mano. 
No geral foram efetuadas oito 
cruzadas no decorrer de mais de um 
século. A primeira Cruzada ficou fa-
mosa pela agressividade da aquisi-
ção das terras de Jerusalém em 
1099. Foi instituído a partir daí um 
rápido império cristão na Palestina. 
A cidade de Jerusalém foi reavida 
pelos muçulmanos em 1187. A 
quarta Cruzada delimitou o saque de 
Constantinopla pelos cristãos em 
1204. 
As Cruzadas finais foram co-
mandadas por São Luís e acabaram 
em grande derrota. Os domínios 
derradeiros dos cristãos na Pales-
tina, Acre e Tiro, foram reavidos pe-
los muçulmanos em 1291. As Cruza-
das colaboraram para crescer o dis-
tanciamento entre cristãos e muçul-
manos. 
 
Inquisição 
 
A partir do século XII, os sacri-
légios adquiriram poder em meios 
cristãos, e a Igreja passou a enfren-
tá-los de forma rígida. Os movimen-
tos profanos dessa época foram defi-
nidos pela grande súplica que tive-
ram do povo. Como a heresia era 
tida como o maior de todas as trans-
gressões, foi elaborado o Tribunal da 
Santa Inquisição. Duas importantes 
moções hereges dessa época eviden-
ciaram-se: 
 Os albigenses; 
 E os valdenses. 
 
O papel da Inquisição era apu-
rar, julgar e sentenciar todos os im-
plicados em movimentos hereges. 
Para isso, foi autorizada pela 
Igrejaa prática da tortura, e os de-
linquentes eram castigados à foguei-
ra. Os historiadores não conhecem 
exatamente quantos foram assassi-
nados pelo Tribunal da Santa Inqui-
sição, mas contabiliza-se que mi-
lhões de pessoas tenham sido mor-
tas. 
 
No Tempo das Catedrais 
 
A Igreja católica foi a entidade 
mais influente da idade Média. Num 
tempo em que a fortuna era mensu-
rada pela quantidade de terras, a 
Igreja chegou a ser dona de pratica-
mente dois terços do território da 
Europa ocidental. Era a majestosa 
senhora feudal, atuando nos tratos 
de suserania e vassalagem e monito-
rando a subordinação dos campone-
ses. 
Até os dias atuais, em inúme-
ros lugares da Europa, é possível 
presenciar a influência da Igreja ca-
tólica do mundo medieval. As gran-
diosas catedrais edificadas nos sécu- 
 
 
 38 
HISTÓRIA MEDIEVAL OCIDENTAL E ORIENTAL 
los XII e XIII são uma das amostras 
dessa força. A catedral de Coutan-
ces, na França foi construída em 
molde gótico, levou trinta anos 
(1220-1250) para ser finalizada. 
 
 
Fonte: https://br.pinte-
rest.com/pin/5121437 88875172706/ 
 
 
Outro exemplo é a Catedral de 
Colônia, situada na cidade alemã de 
Colônia, igreja de modelo gótico, é o 
símbolo mais importante da cidade. 
 
 
Fonte: https://culturaeviagem.word-
press.com/ 2013/09/25/catedral-de-
colonia-uma-historia-que-vale-a-
pena-conhecer/ 
A edificação da igreja gótica 
iniciou-se no século XIII e custou, 
com as paradas, mais de 600 anos 
para ser finalizada. Os dois campa-
nários têm 157 metros de altura, com 
a catedral contando com o tamanho 
de 144 metros e largura de 86 me-
tros. Quando foi finalizada em 1880, 
era a construção mais alta do mun-
do. A catedral é dedicada a São Pe-
dro e a Maria. 
 
39 
 
 
 
 40 
HISTÓRIA MEDIEVAL OCIDENTAL E ORIENTAL 
5. Fortalecimento das Monarquias 
 
 
Fonte: Sputnik News5 
 
A Formação dos Estados 
Nacionais Modernos 
 
o longo da Idade Média, o re-
trato político do rei era muito 
divergente daquele que comumente 
as pessoas idealizam. A jurisdição 
interna dos senhores feudais não se-
guia a uma reunião de cláusulas 
prescritas pelo poder real. 
Quando de forma demasiada, 
um rei poderia interferir politica-
mente sobre os fidalgos que obti-
nham uma parcela dos terrenos de 
suas propriedades. Entretanto, a 
 
5 Retirado em https://br.sputniknews.com/brasil/2019111514781632-dia-da-proclamacao-da-republica-esta-
repleto-de-principes-reais-do-brasil/ 
volta de forma acalorada das práti-
cas comerciais, na Baixa idade Mé-
dia, transfigurou a relevância polí-
tica dos reis. 
O poderio monárquico perdu-
rou por toda uma região estabele-
cida por demarcações, atributos cul-
turais e linguísticos que alinhavam a 
construção de um Estado Nacional. 
Para isso, foi necessário vencer os 
empecilhos instituídos pela especifi-
cidade e totalidade políticas que ca-
racterizaram toda a Idade Média. 
A totalidade mostrava-se na 
abrangente soberania da Igreja, 
compondo o desfrute sobre grandes 
A 
 
 41 
HISTÓRIA MEDIEVAL OCIDENTAL E ORIENTAL 
áreas de terra e a estipulação de leis 
e impostos próprios. Já a especifici-
dade expôs-se nos hábitos políticos 
regionais arraigados nos feudos e 
nas cidades comerciais. 
Os mercadores burgueses apa-
receram na qualidade de classe so-
cial entusiasmada com a criação de 
uma regência política centralizada. 
As leis de cunho regional, estabeleci-
das em cada um dos feudos, subiam 
os preços das práticas comerciais 
por meio do recolhimento de tribu-
tos e pedágios que oneravam os va-
lores de uma viagem comercial. 
Além disso, a ausência de uma 
moeda modelo agregava um gran-
dioso obstáculo na contabilização 
dos rendimentos e na cotação dos 
valores das mercadorias. 
Além disso, a ameaça aos rela-
cionamentos servis ocasionou outro 
cenário conveniente à criação de um 
governo centralizado. 
Intimidados por sucessivas re-
beliões, especialmente na Baixa Ida-
de Média e a diminuição do trabalho 
agrícola, os senhores feudais apela-
vam à potência real com a intenção 
de criar exércitos suficientemente 
hábeis para controlar as revoltas 
camponesas. 
Dessa forma, a partir do século 
XI, é possível notar um aumento 
progressivo das incumbências polí-
ticas do rei. 
Para reunir maior controle em 
mãos, o Estado monárquico con-
quistou o domínio sobre assuntos de 
conformação fiscal, jurídica e mili-
tar. Em outras palavras, o rei preci-
saria possuir poderio e legitimidade 
o suficiente para: 
 Elaborar leis; 
 Estruturar exércitos; 
 E deliberar tributos. 
 
Diante desses três artifícios de 
atuação, as monarquias foram se 
constituindo por meio de ações co-
munitárias que contavam com o su-
porte tanto da burguesia comerci-
ante, quanto da nobreza feudal. 
Com a colaboração dos comer-
ciantes, os reis estruturaram exérci-
tos mercenários que dispunham de 
cunho, sobretudo, provisório. 
No decorrer dos anos, o auxí-
lio monetário dos comerciantes 
ocupou-se de criar as tropas urba-
nas e as primeiras cavalarias. Tal 
diligência fraquejou o desempenho 
dos cavaleiros que restringiam sua 
atividade militar às exigências de 
seu suserano. 
A criação de exércitos foi uma 
etapa significativa para que as 
fronteiras territoriais fossem esta-
belecidas e para que fosse viável a 
injunção de uma soberania de or-
dem nacional. 
 
 
 42 
HISTÓRIA MEDIEVAL OCIDENTAL E ORIENTAL 
Desde então, o rei reunia po-
deres para estabelecer impostos que 
supririam o Estado e, concomitante-
mente, regularizaria os tributos a se-
rem recolhidos em seu território. 
Simultaneamente, as moedas 
receberiam uma referência de preço, 
peso e medida apta a estimar previa-
mente os lucros adquiridos com o 
comércio e o recolhimento de tribu-
tos. O estabelecimento de tais altera-
ções individualizou a soberania polí-
tica dos Estados europeus no caráter 
particular de um rei. 
Além de dispor do custeio da 
camada burguesa, a criação dos im-
périos autoritaristas também pos-
suiu a contribuição de cunho inte-
lectual e filosófico. 
Os filósofos políticos da renas-
cença conceberam respeitáveis 
obras que ponderavam as funções a 
serem realizadas pelo rei. No âmbito 
religioso, a aceitação das figuras re-
ligiosas se manifestava como essen-
cial para que os antigos serventes 
agora virassem súditos à autoridade 
de um rei. 
 
O Processo de Centralização 
Monárquica 
 
Praticamente todos os países 
da Europa Ocidental passaram pela 
fase de crescimento da consolidação 
da autoridade centralizada nos fi-
nais da Idade Média e também do 
começo dos Tempos Modernos. Tal 
é a situação de Portugal, Espanha, 
Inglaterra e França. 
Nestes países, o seguimento de 
centralização imperial deu-se em es-
fera nacional, isto é, as divisas do Es-
tado inclinaram-se a convergir com 
as demarcações culturais da nação. 
Itália e Alemanha similarmen-
te inclinam-se para a centralização 
das autoridades, mas na Itália, ao in-
vés de um só Estado, equivalente às 
demarcações da nação, houve a cria-
ção de inúmeros setores políticos, 
todos eles supremos (isto é, autôno-
mos). 
Na Alemanha, as predisposi-
ções penderam de um lado para o 
Estado de caráter nacional, simboli-
zado pelo Sacro Império Romano-
Germânico; mas também concen-
trou o poder no âmbito local, retra-
tado pelos príncipes. 
Na França, a descentralização e 
o regionalismo políticos, efetivos no 
decorrer da maioria da Idade Média, 
começam a ruir em prol da centraliza-
ção do poder monárquico, nos séculos 
XIII e XIV. 
Para que esta consolidação se 
estabelecesse totalmente, transcorre-
riam aproximadamente três séculos. 
O cunho de centralização da 
Monarquia francesa é o mais tradici-
onal, uma vez que na França medieval 
a autoridade política conquistou uma 
postura mais pulverizada.43 
HISTÓRIA MEDIEVAL OCIDENTAL E ORIENTAL 
Foi também o Estado europeu 
que primeiro começou o trajeto do 
centralismo e aquele que foi capaz 
de levar a centralização à extrema 
manifestação: o absolutismo. 
Por esses motivos, o progresso 
da centralização do domínio monár-
quico na França será o exemplo. 
 
Condições Para a Centraliza-
ção Monárquica - (França) 
 
Fatores Socioeconômicos: A 
Aliança Rei-burguesia 
 
Há uma íntima associação en-
tre a evolução econômica europeia, 
especialmente do exercício comer-
cial, e a centralização do poderio 
real. De um lado, posto que a econo-
mia mercantil ocasionou uma ca-
mada social nova - a burguesia - em 
circunstâncias de debater os aristo-
cratas a superioridade política. 
Por outro, há que se levar em 
conta a instabilidade do feudalismo, 
que foi forçado a alterar sua estru-
tura no sentido de se incorporar na 
economia de mercado, então em eta-
pa de progressão. 
Isto levou ao abatimento da 
nobreza feudal associada à terra, 
propiciando circunstâncias para a 
centralização imperial. 
Os comerciantes possuíam en-
tusiasmo na centralização do pode-
rio político, na proporção em que 
esta padronizaria a moeda, pesos e 
medidas, encerraria a variedade de 
barreiras dentro do país e propicia-
ria à burguesia circunstâncias de 
crescimento externo, competindo 
com os mercadores de outros Esta-
dos europeus. 
Em torno do rei, reuniam-se os 
comerciantes de padrão internacio-
nal, associados ao comércio de impor-
tação e exportação, em resumo, os 
que mais necessitavam de sua defesa. 
Na Alemanha, os comercian-
tes encontrados em regiões não refe-
rentes aos domínios da monarquia 
inclinaram a reunir-se em volta dos 
senhores feudais regionais, ou a se 
emanciparem, tanto em referência 
ao rei quanto aos senhores locais. 
Este desencadeamento acarre-
ta a “Repúblicas” independentes, co-
medidas pela burguesia, especial-
mente pela aristocracia urbana. Foi 
o que aconteceu na maioria de toda 
a Itália. 
 
Fatores Políticos e Religiosos: 
Os Nobres e a Igreja Perdem 
Seu Poder 
 
As questões políticas também 
colaboraram para a consolidação do 
poderio real. Como já citado, o de-
caimento da autoridade senhorial 
teve como contrapeso a evolução do 
poder nacional, representado pelos 
reis. 
 
 44 
HISTÓRIA MEDIEVAL OCIDENTAL E ORIENTAL 
No âmbito internacional euro-
peu, destaca-se neste tempo a dimi-
nuição acentuada da soberania uni-
versal, retratado pelo Papado e pelo 
Império. 
Esse decaimento adveio da Re-
forma Religiosa do século XVI, que 
desestabilizou fortemente a autori-
dade papal, reduzindo de forma signi-
ficativa sua aspiração ao poder uni-
versal, que seguia demonstrando no 
decorrer da Baixa Idade Média. 
A debilitação suportada pelo 
poder papal com a Reforma influen-
ciou de forma indireta o Império, 
uma vez que o poder político impe-
rial era feito pelo poder espiritual do 
Papado, por meio da cerimônia de 
santificação. 
Ora, a política dos príncipes 
alemães se encontrava direcionada 
para o escape ao poder imperial e à 
instituição de um poder absoluto no 
âmbito regional, com o suporte da 
burguesia. A crise do Papado propor-
cionou-lhes a ocasião de se levanta-
rem como chefes de seus principados 
até na esfera religiosa. 
O colapso da soberania papal é 
talvez a informação mais significa-
tiva do problema, uma vez que per-
mitiu aos reis o domínio das Igrejas 
nacionais e a arrecadação das rendas 
eclesiásticas. 
Os tribunais do Papado, tidos 
pelo direito canônico a última juris- 
 
dição deliberativa em toda a Europa, 
deram lugar aos tribunais reais, mu-
nidos desde então da excelência ju-
dicial. 
 
Fatores Culturais 
 
Na esfera cultural, é preciso 
evidenciar o progresso dos ensina-
mentos universitários de Direito, 
que originaram os legistas. Estes, 
concentrados em legitimar o poder 
real, sustentaram-se tanto no Di-
reito Costumeiro Germânico quan-
to e fundamentalmente no Direito 
Romano de Justiniano. 
O rei é posto como fonte viva 
da lei, pois sua soberania vem de 
Deus, por meio da concordância 
nacional. 
O Renascimento, essencial-
mente particular, incentivou o 
ideal nacional, do qual o rei é o pró-
prio retrato material. O rei é enxer-
gado como o herói nacional, man-
tenedor e protetor da nação. 
Por fim, é preciso considerar 
a realidade de que havia um cos-
tume de poder real hereditário, ins-
tituído no decorrer da Idade Mé-
dia, mesmo quando o poder mo-
nárquico não possuía existência 
prática, mas somente por direito. 
 
 
 
 
 45 
HISTÓRIA MEDIEVAL OCIDENTAL E ORIENTAL 
Mecanismos da Centralização 
Monárquica 
 
Apoio da Burguesia e Política 
Financeira do Estado 
 
Há uma sucessão coerente na 
conduta real, com propósitos à cen-
tralização. O primeiro empecilho era 
conquistar o auxílio da burguesia 
mercantil associada ao comércio in-
ternacional, bem como da reduzida 
burguesia regional, pertencente à 
autoridade real, ou seja, à região so-
bre a qual o rei desempenhava domí-
nio direto. Isso feito, a política tribu-
tária passava a ser empregada. 
Recolhia-se tributos da bur-
guesia, sedenta por conquistar, em 
contrapartida, a aceitação do poder 
real contra os nobres e contra os im-
pedimentos que eles significavam 
para o comércio. Os tributos come-
çaram a compor uma fonte significa-
tiva de renda do Estado. 
Com o progresso das nações, 
as taxas alfandegárias consolidaram 
este recolhimento. 
As urgências financeiras do 
Estado levaram a uma política de ir-
radiação monetária, que discordava 
dos interesses comerciais, uma vez 
que, ocasionava o encarecimento 
dos preços. 
Havia, entretanto, um ponto 
benéfico: a moeda real sobrepunha 
às moedas regionais cunhadas pelos 
senhores feudais, fornecendo padro-
nização ao ambiente circulante. 
 
Fortalecimento Militar: Os 
Exércitos Nacionais 
 
Dispondo de recurso próprio, 
o rei, em nome do Estado, pagava 
mercenários para seu exército. As 
tropas infantes, gradativamente, so-
brepuseram os cavaleiros. As pró-
prias cidades apresentavam-se, ar-
madas por conta própria, para guer-
rear ao lado do rei. O exército nacio-
nal começava a aflorar. 
O regulamento de cavalaria 
que conduzia os combates durante a 
Idade Média deixou de ser respei-
tado. O desejo do rei, isto é, do Es-
tado, progressivamente fez sobres-
sair a moral do interesse coletivo em 
detrimento à moral individual, ca-
racterística da Idade Média. 
O exército real foi a ferramen-
ta por primazia da centralização, 
sendo aplicada contra os nobres re-
sistentes em ceder ao poder real. 
Paulatinamente, inúmeros senhores 
foram rendidos, e a autoridade real 
se espalhou. 
 
A Diplomacia 
 
A diplomacia é outra ferra-
menta da centralização monárquica. 
Os reis conseguiram utilizá-la com 
efetividade. Conspiravam os nobres 
 
 46 
HISTÓRIA MEDIEVAL OCIDENTAL E ORIENTAL 
entre si e posteriormente agregavam 
as propriedades de ambos os com-
ponentes. A razão do Estado estava 
começando a sobressair. 
Nas regiões ressarcidas aos 
nobres, representantes reais obti-
nham a responsabilidade de reco-
lher os tributos e disseminar a jus-
tiça; eram os bailios e senescais 
(nomeações outrora conferidas aos 
ministeriais dos senhores feudais). 
O tribunal real era tido como 
superior aos tribunais feudais. Os 
sentenciados nesses tribunais regi-
onais poderiam recorrer ao tribu-
nal real, classificado como última 
jurisdição julgadora. 
Geralmente, os recorrentes 
eram apontados inocentes, diante 
de contribuição monetária. Dessa 
forma transformou-se a justiça em 
outra fonte de renda. 
O clero, que até então apenas 
poderia ser condenado por tribu-
nais eclesiásticos, passou a ser re-
gido pelo rei. Este decretava aos re-
ligiosos sentenciados por tribunais 
eclesiásticos uma segunda audiên-
cia num tribunal civil, onde pode-riam ser condenados até à pena ca-
pital. Os apelos para julgamento 
em última instância no tribunal pa-
pal, que dava certo em Roma, fo-
ram revogados. 
 
A Legitimação do Poder Abso-
luto 
 
Ao mesmo tempo em que esta 
situação ocorria, o monarca buscava 
legalizar seu poder. Incentivava o 
aprendizado universitário e os estu-
dos das leis. 
Os legistas, servidores reais, 
tanto se encarregavam do gerencia-
mento, quanto elaboravam as leis do 
reino. Compreendiam o Direito Cos-
tumeiro, estudavam o Direito Ro-
mano, buscando retirar um conjun-
to legal que concedesse ao rei a pra-
ticar o poder total. O rei era tido 
como fonte viva da lei, pela ascensão 
divina do seu poder. 
 
O Fortalecimento da Monar-
quia Inglesa 
 
A constituição de um poder 
central na Inglaterra foi parcialmen-
te antecipada, pois a ocupação e o 
dominação do país pelos norman-
dos, em 1605, ocasionou uma nobre-
za parcialmente submissa ao poder 
central. 
No entanto, essa nobreza ain-
da preservava algumas regalias pe-
rante o rei. Um exemplo foi o que 
aconteceu em 1264, quando os ba-
rões obrigaram o rei Henrique III a 
reconhecer um órgão restritivo do 
 
 
 47 
HISTÓRIA MEDIEVAL OCIDENTAL E ORIENTAL 
poder real, o Parlamento, que expri-
mia os interesses dos barões feudais. 
Após a Guerra dos Cem anos 
(1337-1453), o Parlamento inglês se 
fortificou. Isso estava relacionado a 
importantes mudanças socioeconô-
micas. A criação de ovelhas para a 
fabricação de lã mostrou uma opera-
ção vantajosa para os nobres, que in-
tegravam, dessa forma, o comércio 
europeu continental. 
Para elevar seus rendimentos 
eles começaram a escorraçar os 
camponeses dos senhorios, modifi-
cados em grandes pastagens, ativi-
dade famosa pelo nome de cerca-
mentos. Surgia, dessa maneira, uma 
nobreza aburguesada, direcionada 
ao comércio. Outra resultante disso 
foi o aumento da servidão e o cresci-
mento da mão-de-obra remunerada. 
Os camponeses que permaneciam 
nas terras - fossem suas velhas pe-
quenas propriedades, fossem terri-
tórios dos senhores feudais - preser-
vavam-se na posição de servos, e os 
que eram expulsos iam trabalhar nas 
fábricas. 
Essas pressões sociais termi-
naram em competições políticas en-
tre os aristocratas, os barões suces-
sores da aristocracia feudal tradicio-
nal, e os novos nobres, que se desti-
navam à criação de ovelhas e ao co-
mércio de lã, confrontaram-se numa 
guerra pela continuidade do trono 
inglês. 
A guerra (1455-1485) abarcou 
duas famílias inglesas que requeriam 
o trono, os Lancaster e os York, e ficou 
famosa como Guerra das Duas Rosas: 
a família Lancaster possuía no seu 
brasão uma rosa vermelha, e o brasão 
dos York exibia uma rosa branca. Esse 
confronto trazia grandes danos para a 
economia inglesa, ocasionando uma 
enorme insatisfação. 
Isso fez com que a burguesia e 
a nova nobreza abraçassem um no-
bre da família Tudor para ser o novo 
rei. Tudor alcançou o trono em 1485. 
A partir daí, a monarquia inglesa se 
fortificou. 
A aflição predominante na fase 
inicial do reinado da dinastia Tudor 
foi a consolidação da soberania do 
rei, o que foi favorecido pelo fato de 
a nobreza ter se debilitado na ex-
tensa guerra civil e pela aceitação 
pública recebida pela Coroa. 
No entanto, a soberania real 
sempre trombava no Parlamento, 
que precisava ser requisitado para 
acatar as sugestões de tributos ela-
boradas pelo rei. 
 
O Fortalecimento das Monar-
quias na Península Ibérica 
 
Espanha 
 
O seguimento da unificação da 
Espanha esteve profundamente as-
sociado à Reconquista, isto é, à guer-
ra contra a autoridade muçulmana 
 
 48 
HISTÓRIA MEDIEVAL OCIDENTAL E ORIENTAL 
na península. O debate requeria 
uma centralização do domínio mili-
tar e a mobilização definitiva de um 
exército, colocando sob incumbên-
cia do rei uma valiosa ferramenta de 
poder. 
Mesmo que a Reconquista re-
presentasse a disseminação do feu-
dalismo nas regiões reconquistadas 
das mãos dos muçulmanos, ele era 
instituído em situações exclusivas 
que possibilitaram a fortificação de 
um poder mais centralizado. 
Com o matrimônio de Fernan-
do, rei de Aragão com Isabel, rainha 
de Castela, em 1469, a guerra contra 
os mouros se consolidou e, em 1492, 
estes foram decididamente abatidos 
na península com a queda da sua úl-
tima guarida, Granada. 
Para preservar o poder forte-
mente centralizado, os monarcas es-
panhóis usavam a religião: todos os 
não-cristãos, isto é, os judeus e os 
muçulmanos que continuaram na 
Espanha, precisariam se converter. 
Foi a partir daí que o Estado 
espanhol se fortificou e agrupou 
meios para começar a expansão ma-
rítima e adquirir colônias. 
 
Portugal 
 
O reino de Portugal também se 
estabeleceu no decorrer da Recon-
quista. De primeira mão um con-
dado, o centro territorial, o que pos-
teriormente se nomeou de Portugal 
era componente do reino de Castela. 
No ano de 1139, D. Afonso 
Henriques, em óbvia teimosia con-
tra Castela, afirmou-se independen-
te. O embate contra os mouros con-
tinuou sob a gestão dos sucessores 
de D. Afonso até a conquista do Al-
garve, no ano de 1249. 
Mas o motivo mais significati-
vo para a fortificação da monarquia 
portuguesa foi seu acordo com os co-
merciantes e com a nobreza do sul. 
Os mercadores eram escolta-
dos pela Coroa e, em alguns casos, 
chegaram a ganhar títulos de nobre-
za, estabelecendo, dessa forma, uma 
nova classe de nobres. 
A monarquia portuguesa po-
de, com tal pacto, impulsionar os 
projetos comerciais e marítimos que 
ocasionaram os grandes descobri-
mentos. 
Um marco significativo nesse 
processo foi a vitória de D. João de 
Avis, soberano posto no trono por 
uma rebelião sustentada pelos co-
merciantes, pela nobreza do sul e pe-
la população em geral (1383-1385), 
contra um exército castelhano que 
tentava reaver a soberania de Cas-
tela sobre o antigo condado. 
 
 
 49 
 
 
 
 
 
 50 
HISTÓRIA MEDIEVAL OCIDENTAL E ORIENTAL 
6. A Historiografia Sobre o Final da Antiguidade 
 
 
Fonte: Veja Abril6 
 
eja que, um espectro que ronda 
a história da Antiguidade tar-
dia: foi a queda do Império romano. 
Pelo fato de que o evento político por 
significação, que por séculos engo-
dou a atenção de historiadores (afo-
ra de filósofos e teólogos), tenha se 
volvido, nos últimos anos, um gran-
de debate, é algo admirável e que 
merece nossa aplicação. 
Logo, quando Arnaldo Momi-
gliano historiou, em 1959, a introdu-
ção para a linha de conferências que 
ele tinha reunido no Instituto War-
burg de Londres, sendo que de acor-
 
6 Retirado em http://veja.abril.com.br 
do com Machado (2015) um ano an-
tes: 
 
“Ele ainda podia abrir sua expo-
sição observando: "ainda é pos-
sível considerar uma verdade 
histórica o fato de que o Impé-
rio romano declinou e caiu" 
(grifos meus). Em pouco mais 
de uma década, no entanto, 
Momigliano assistiria à implo-
são desse consenso, à negação 
dessa verdade histórica e à re-
dução desse fato, até então de 
proporções épicas, a uma mera 
data nas cronologias que nor-
malmente fecham os livros so-
bre esse período - isso quando o 
próprio fato não era negado.” 
V 
 
 
51 
HISTÓRIA MEDIEVAL OCIDENTAL E ORIENTAL 
Dessa forma, na segunda me-
tade do século XX foi caracterizada 
pela profunda reavaliação desse mo-
mento histórico que avocamos como 
Antiguidade tardia, geralmente 
identificado como se distendendo do 
final do século III até o final do sé-
culo VII. 
Note que essa reavaliação 
pode ser assinalada como uma apro-
priada revolução historiográfica, 
não exclusivamente em termos das 
novidades referenciais, mas das no-
vas metodologias e das novas abor-
dagens seguidas. 
Entretanto até mesmo em ex-
pressões de como o período é perce-
bido por seus estudiosos. Como 
lembrou Andrea Giardina, nenhum

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