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1 Semiologia e Semiotécnica Aplicada à Odontologia 2 Fundamentos da Semiologia Nos primeiros relatos da humanidade, o médico era uma mistura de mágico e sacerdote. Com a civilização grega e com Hipócrates (460-355 a.C.), surge a medicina empírica devido a valorização da observação clínica pela anamnese e o exame físico. Nesta época, é introduzido o diagnóstico, palavra derivada do grego diagnosis, que significa “ato de discernir”. Tríade Patologia – Semiologia – Diagnóstico ➢ Verdadeira, ➢ Necessário tê-la sempre mente, ➢ Meta diagnóstico, ➢ Alcançada através do conhecimento. Patologia ⇿Semiologia Nomenclaturas Patologia: estudo das doenças. Semiologia: estudo dos Sinais e Sintomas. ➢ Sinais: Aspecto Objetivo ( espontâneo ou provocado). ➢ Sintomas: Aspecto Subjetivo. Estomatologia: derivado do grego (stoma, stomus = boca, logus = estudo) refere ao estudo das afecções da boca. Semiotécnica: técnica ou método de obtenção dos sinais e sintomas. Propedêutica Clínica: análise e valorização dos dados obtidos relacionando-os com as possíveis causas e efeitos de uma lesão, propondo um diagnóstico diferencial. Semiogênese: são os mecanismo de formação dos sinais e sintomas (etiofisiopatogenia). Sintomatologia ou Quadro Clínico: conjunto de sinais e sintomas. Síndrome: conjunto de sinais e/ou sintomas que caracteriza uma doença. Prodrômicos: sinais ou sintomas que precedem o aparecimento da doença. Diagnóstico Diferencial: que corresponde às hipóteses diagnósticas para uma lesão. Diagnóstico Clínico ou hipótese diagnóstica: identifica uma doença pela anamnese e exame físico (exame clínico), dentre aqueles relacionados no diagnóstico diferencial que apresenta maior coincidência de detalhes de uma determinada doença. Diagnóstico Definitivo: é o descobrimento ou reconhecimento de uma lesão, através da análise dos dados clínicos e exames complementares. Patognomônico: sinais ou sintomas que por si só definem uma doença. Saúde e Doença: A OMS define como saúde o estado de completo bem estar físico, mental e social e não a mera ausência de doença ou invalidez. Portanto, a doença corresponde tanto a perda da função biológica quanto do equilíbrio psíquico e da sociabilidade do indivíduo. A palavra doença, entretanto, deriva do latim doentia que significa dor, sofrimento. Ficha Clínica ou Prontuário ➢ Documento no qual são registrados todos dados do paciente durante seu tratamento. ➢ Minuciosamente preenchida, pois auxilia CD a se recordar de procedimentos realizados. ➢ Constituir documento com valor jurídico. 2 Exame Clínico O início do diagnóstico se dá através da coleta de dados que caracterizam a sintomatologia da doença presente, e isto é feito através do Exame Clínico. Ele é dividido em duas partes: ➢ Anamnese ou exame subjetivo: grego “anamnésis”, recordação, reminiscência, na qual o paciente relatará sua percepção sobre os sinais e sintomas. ➢ Exame Físico ou exame objetivo: onde o profissional irá descrever detalhadamente os sinais e pesquisará os sintomas relatados pelo paciente. Anamnese Identificação do Paciente Queixa Principal: queixa atual, transcrita com as palavras do paciente e de forma sucinta. Sintomas mais importantes: Dor, Queimação, Paralisia, Anestesia, “Ferida”, “Caroço”, “Bola”, “Bolha”, Mancha. História da doença atual (H.D.A.) ou História da Lesão: resulta no histórico completo e detalhado de queixa apresentada e toda sua evolução temporal e sintomatológica. ANAMNESE – H.D.A. Que proporciona a verificação da tríade: ➢ Como: refere-se à lesão inicial, nódulo, mancha... ➢ Quando: determina o tempo de evolução podendo relacionar-se com terapêutica. ➢ Onde: local acometido inicialmente. Anamnese História BucoDental: refere-se às experiências com sistema odonto estomatognático. ➢ Frequência de visitas ao dentista. ➢ Higiene oral. ➢ Trauma. ➢ Uso de próteses. ➢ Cirurgia. ➢ Intercorrência. História Médica: deve ser obtida tanto no sentido da verificação dos antecedentes atuais e pregressos, quanto para possível correlação lesão/doença sistêmica. Hábitos e Vícios: anotar tipo de hábito e/ou vício, há quanto tempo e quantidade utilizada dia. ➢ Exemplos: Etilismo, Hábitos Sexuais, Tabagismo, Interpor objetos entre dentes, Drogas… História Familiar: possibilita a verificação da mesma doença na família ou de doenças que pode ter caráter hereditário e que tem significado na análise final das informações. ➢ Exemplos: Cardiovascular, Câncer, Diabete mellitus, Tuberculose, Distúrbios Hemorrágicos, Doenças Alérgicas e Nervosas… 3 Exame Físico Requisição Clínica/Preparo examinador: Manobras Semiotécnicas Inspeção: “Não basta olhar, há que se ver, não basta ver, há que se analisar, não basta analisar, há que se compreender, não só uma parte, mas o todo” Palpação: corresponde tato e à pressão. ➢ O que analisar: Consistência, Limites, Pulsação, Flutuação, Mobilidade, Temperatura, Sensibilidade Textura Superficial, Infiltração. Tipos de palpação: ➢ Digital: pontual, áreas próximas tecidos ósseos. ➢ Bidigital: formato pinça, consistência... ➢ Dígito palmar: palpação glândulas salivares, cervical... ➢ Indireta: utilização de instrumentos. Percussão: ato ou efeito de percutir (bater, tocar) Auscultação: ato de ouvir sons e ruídos produzidos no organismo. Olfação: utilização olfato (cheiro). Punção: ato ou efeito de pungir ou puncionar; em outras palavras: picar, perfurar. Diascopia: significa “observar por meio de” e consiste em visualizar uma determinada estrutura comprimida por uma lâmina de vidro. Ordenha: tipo específico de palpação que consiste no ato de comprimir dinamicamente as glândulas salivares. Raspagem: ato de remover ou escarear áreas superficiais da mucosa bucal. Execução do exame físico Exame Físico Geral: ➢ Biótipo; ➢ Ambulação e eventuais alterações marcha; ➢ Tegumento; ➢ Respiração. Exame Físico ExtraBucal: Estrutura CxP ➢ Formato da Cabeça; ➢ Crânio x Face; ➢ Proporção Terço Superior x Médio x Inferior; ➢ Distribuição dos órgãos e sua equidistâncias; ➢ Coloração Tegumento. 4 Exame físico extrabucal ➢ Distribuição e quantidade de pelos. Cadeias ganglionares: ● Linfonodos: Normal ➢ 1 a 3 mm (tamanho ervilha); ➢ N° variável; ➢ Consistência Firme; ➢ Móveis. ● Linfonodos: Inflamatório ➢ Dolorido; ➢ Pouco consistente; ➢ Fugaz; ➢ Liso. ● Linfonodos: Tumoral ➢ Indolor; ➢ Consistente; ➢ Fixo; ➢ Superfície irregular. Palpação: Cadeias Linfáticas CxP Cadeia Parotídea: ➢ Região anterior e inferior da orelha ➢ Nódulos pré auriculares e intra-auriculares. ➢ Partes moles do couro cabeludo, face, parótida, conjuntiva ocular, canto lateral do olho e lábio superior. ➢ Cadeia Submentoniana ➢ Cadeia Submandibular ➢ Cadeia Cervical Palpação Cervical: Técnica ➢ Suavemente; ➢ Paciente sentado e ereto; ➢ Livre de tensão. Articulação Temporomandibular (ATM): ➢ Bilateral simultâneo; ➢ Dedos 1 cm anterior ao tragus (região pré auricular); ➢ Abrir e fechar boca; ➢ Auscultação indireta estetoscópio ➢ Estalidos ➢ Sensação Crepitação 5 Exame físico extrabucal ➢ Glândula salivares maiores. ➢ Ossos. ➢ Músculos. ➢ Inervação Exame físico intrabucal O exame intrabucal é uma análise minuciosa da boca do paciente que serve para verificar o estado da saúde bucal e identificar possíveis disfunções. Este exame irá averiguar os: ➢ Tecidos gengivais; ➢ Língua; ➢ Palato; ➢ Mucosa; ➢ Assoalho; ➢ Lábios; ➢ Maxilar; ➢ Mandíbula; ➢ Elemento dental. Diagnóstico O diagnóstico é dividido em: ➢ Diagnóstico Diferencial. ➢ Diagnóstico Clínico. ➢ Diagnóstico Definitivo. Causa e Erros ➢ Ignorância ou Falta de conhecimento; ➢ Exame mal feito, os mais comuns; ➢ Erro e interpretação de dados clínicos ou resultados de exames complementares Prognóstico ➢ Predição da evolução de uma doença e suas consequências. ➢ Pode ser classificado em relação a vida, órgão e a cura: ● Favorável; ● Reservado; ● Sombrio; ● Fatal. TratamentoO tratamento ou terapêutica depende do diagnóstico correto. ➢ Etiológico, específico ou causal; ➢ Suporte ou complementar; ➢ Sintomático ou paliativo; ➢ Alternativo; ➢ Expectante. PROSERVAÇÃO ou SEGMENTO DO CASO (follow-up) É o acompanhamento clínico por período de tempo estabelecido para cada caso, dependendo da característica da doença, terapêutica instituída e condições orgânicas do paciente. 6 Lesões Fundamentais Definição ➢ São alterações morfológicas que ocorrem na mucosa bucal e assumem características próprias, individualizadas e padronizadas. ➢ Juntamente com outros dados clínicos, pode-se identificar as patologias maxilofaciais. Objetivo Apresentar as lesões fundamentais que norteiam a descrição visíveis nos tegumentos cutâneos mucosos. Guia para o estudo clínico Forma Localização Limites Cor Tamanho Base Consistência Superfície Textura Contorno Borda Número Abordados e discutidos 1. Mancha ou mácula 2. Pápula 3. Nódulo, nodosidade 4. Vegetação 5. Edema Vesícula, Bolha, pústula 7. Erosão ou exulceração 8. Ulceração 9. Fissura ou rágade 10. Fístula 11. Atrofia 12. Cicatriz Motivação Todas as doenças se manifestam inicialmente através de determinadas alterações (lesões fundamentais). ➢ Comunicação entre profissionais. ➢ Formulação de hipótese diagnóstica. ➢ Exame complementares adequados. ➢ Diagnóstico definitivo. importância Para o processo do diagnóstico, é necessário que o acadêmico tenha conhecimento das diversas lesões fundamentais ou elementares para se formular hipóteses diagnósticas e se chegar a um diagnóstico definitivo. Deve-se observar e descrever cada detalhe da lesão de forma minuciosa e clara. Elas podem ser primárias ou secundárias. As primárias aparecem sem serem precedidas por outra alteração, enquanto as secundárias são a evolução das lesões primárias. Guia para o estudo clínico FORMA Representa a forma geométrica com a qual a lesão se assemelha. Lentiforme; Cordiforme; Circular; Oval; Linear; Globosa; Discóide. LOCALIZAÇÃO Localização anatômica exata da lesão. ➢ Observar lado direito ou esquerdo; ➢ Superior ou inferior. ➢ Quando as áreas forem extensas, descrever da forma mais precisa. Limites São demarcadas as estruturas anatômicas adjacentes à lesão. ➢ Nítidos; ➢ Imprecisos. 7 Cor Descreve a cor predominante da lesão: Esbranquiçada; Enegrecida; Azulada; Avermelhada; Amarelada... Tamanho É descrito em milímetros, medindo o eixo de maior diâmetro ou extensão aproximada da lesão. Base De acordo com a inserção da lesão: Séssil: quando o diâmetro da lesão é menor ou igual que a base da lesão. Pediculada: quando o diâmetro da lesão é maior que a base de implantação. Consistência De acordo com a palpação da lesão. Mole; Flácida; Borrachóide; Fibrosa; Dura… SUPERFÍCIE ou TEXTURA Depende características da superfície da lesão: Lisa; Rugosa; Brilhante; Opaca; Áspera... CONTORNO Depende características da contorno da lesão: Nítido; Difuso; Regular; Irregular. BORDA Característica das úlceras: Plana; Elevada; Evertida. NÚMERO Descreve a quantidade de lesões: Única; Múltiplas. LESÕES FUNDAMENTAIS OU ELEMENTARES MANCHA ou MÁCULA Definição: Mancha e mácula são alterações de cor da mucosa bucal ou da pele sem causar elevação ou depressão no tecido. O que diferencia a mancha da mácula é o seu tamanho. As manchas são maiores e as máculas são menores. A cor depende do tipo de comprometimento estrutural do epitélio ou devido à presença de um pigmento. Elas podem surgir sobrepostas a outro tipo de lesão fundamental. A sua cor, tamanho e forma podem ser bastante variados. As manchas podem estar associadas a diversas causas. Exemplos: Mancha ou mácula pigmentar: Aumento ou diminuição de melanina no tecido. Exemplos: Vitiligo (Hipocrômica) e Pigmentação melânica racial (Hipercrômica). Mancha ou mácula vascular: Alterações da microcirculação da pele/mucosa. Nesse caso, uma 8 característica marcante é que elas desaparecem quando submetidas à manobra da vitropressão. Exemplos: Telangiectasia (dilatação de vasos terminais com aspecto filamentoso, como as microvarizes); Eritema (acúmulo de hemoglobina e derivados na pele); Enantema (acúmulo de hemoglobina e derivados na mucosa bucal). Mancha hemorrágica: Acontecem por extravasamento de sangue e não desaparecem com a vitropressão. Sua coloração varia de vermelho-arroxeado a amarelado. Ela também se altera de acordo com o tempo de evolução da lesão. São divididas em: ● Petéquias: quando em formato puntiformes. ● Víbices: quando assumem um formato linear. ● Equimose: quando em formato de placas. Deposição pigmentar: Deposição de pigmentos como Bilirrubina (icterícia); Corpo estranho (tatuagem); Metálico (prata, ouro). Exemplo 1: Mácula difusa tipo vascular na mucosa palatina esquerda. Reprodução DOI: https://doi.org/10.1111/scd.12520 Exemplo 2: Múltiplas máculas avermelhadas no palato. Reprodução DOI: https://doi.org/10.1111/scd.12520 Placa Definição: Placa é uma lesão plana e pouco elevada. Sua altura é pequena em relação à extensão. É uma lesão em que ocorre um espessamento de tecido, o que representa clinicamente a elevação. A consistência é diferente do tecido normal. A superfície pode ser rugosa, verrucosa, ondulada, lisa ou apresentar diversas combinações desses aspectos. A forma, o contorno, o tamanho e a coloração podem variar de caso para caso. Outras lesões fundamentais podem estar associadas às placas, tais como: manchas, erosões, ulcerações, fissuras, nódulos, etc. Exemplos: O exemplo mais clássico de uma placa é a leucoplasia, mas outras doenças também podem se apresentar lesões com esse aspecto, tais como: o líquen plano e o carcinoma epidermóide. Exemplo 1: Leucoplasia pilosa com candidíase hipertrófica formando placa branca em borda lingual de paciente HIV positivo. (Cortesia do Prof. L.A.G. Cabral UNESP.) Exemplo 2: Leucoplasia pilosa com candidíase hipertrófica formando placa branca em borda lingual de paciente HIV positivo. (Cortesia do Prof. L.A.G. Cabral UNESP.) https://doi.org/10.1111/scd.12520 https://doi.org/10.1111/scd.12520 9 Exemplo 3: Placa leucoplásica na região do dente 15. (Cortesia da Prof. Carla Demarchi, UTP, PR.) Pápula Definição: Pequena proeminência achatada, elevada acima da superfície epitelial. Medem até 5 mm de diâmetro. São superficiais e circunscritas. Podem ser únicas ou múltiplas. Tem coloração e superfícies variadas. Quando múltiplas e aglomeradas, elas constituem a chamada placa papulosa. A superfície pode ser de aspecto liso, rugoso ou verrucoso. Quanto à forma, elas podem ser arredondadas ou ovais e, ainda, pontiagudas ou achatadas. Exemplos: Grânulos de Fordyce, estomatite nicotínica, líquen plano. Exemplo 1: Pápulas em mucosa jugal, compatível com grânulos de Fordyce. Fonte: Arquivo Profa Melissa R. de Araujo. Nódulo Definição: São lesões sólidas maiores do que 5 mm e tem até 2 cm. Podem ser circunscritos e quanto à base de sustentação, os nódulos podem ser pediculados ou sésseis. A consistência da palpação é muito variada, dependendo do tecido que o compõem e do tempo de evolução. Exemplos: Fibroma traumático, hiperplasias fibrosas inflamatórias, metástases tumorais, lipoma. Dessa maneira, os lipomas são nódulos “macios”; os granulomas pirogênicos são flácidos; os fibromas são mais consistentes e o tórus tem consistência dura e similar ao osso. Exemplo 1: Nódulo séssil gengiva vestibular compatível com fibroma periférico de células gigantes.Fonte: Arquivo Profa Melissa R. de Araujo VEGETAÇÃO Definição: É umalesão sólida caracterizada por crescimento exofítico constituído por vários elementos agrupados, de forma e tamanho variados produzidos por fatores traumáticos, tóxicos ou infecciosos. As lesões podem se apresentar agrupadas, salientes, cônicas, filiformes ou em couve flor. Exemplo: Lesões bucais por tuberculose, paracoccidioidomicose, carcinoma espinocelular. Exemplo1: Paracoccidioidomicose. Fonte: Arquivo Profa Melissa R. de Araujo. VESÍCULA E BOLHA Definição: São lesões caracterizadas por elevações circunscritas do epitélio contendo líquido em seu interior. Seu revestimento pode ser fino ou espesso, 10 conforme sua localização. Diferem-se no tamanho e na quantidade de cavidades Vesículas Possuem tamanho máximo de 3 mm e várias cavidades. Em geral, elas costumam ser múltiplas. Exemplos: Herpes recorrente , herpangina, herpes zoster, reações alérgicas, dermatoses. Exemplo 1: Vesículas em lábio inferior em um quadro de herpes labial recorrente. Fonte: Arquivo Profa Melissa R. de Araujo. As vesículas que contém pus em seu interior são chamadas de pústulas. Exemplos: Varicela, varíola, impetigo. Exemplo 1: Caso de impetigo no queixo. Bolhas São constituídas por apenas uma cavidade e com tamanho superior a 3 mm. As bolhas podem ser múltiplas, mas frequentemente são mais espalhadas. Essas lesões raramente são encontradas íntegras na boca devido aos traumas funcionais, sendo as subepiteliais as mais fáceis de serem localizadas em sua plenitude. Exemplos: Mucocele, pênfigo, penfigóide bolhoso e rânula. Exemplo 1: Bolha em assoalho da boca, diagnóstico clínico de rânula. Fonte: Arquivo Profa Melissa R. de Araujo. EROSÃO Definição: É uma lesão caracterizada pela perda parcial do epitélio sem haver exposição do tecido conjuntivo adjacente. Em alguns casos, ela pode estar associada a uma atrofia do epitélio. Não é recoberta por camada de fibrina. O tecido de revestimento se torna fino, plano e com aparência frágil. Exemplos: Líquen plano, a glossite migratória benigna ou língua geográfica. Exemplo 1: Glossite migratória benigna. Fonte: Arquivo Profa Melissa R. de Araujo. ÚLCERA E ULCERAÇÃO Definição: São lesões que causam a perda da continuidade do epitélio com exposição do tecido conjuntivo subjacente. úlcera Tem caráter crônico, pois as lesões persistem há semanas ou meses. Exemplos: úlceras decorrentes de tumores malignos, pênfigo vulgar, entre outras. 11 Exemplo 1:Úlcera em mucosa jugal esquerda em um líquen plano erosivo ulcerado. Fonte: Arquivo Profa Melissa R. de Araujo. ulceração Tem caráter agudo e de curta duração. Exemplos: ulceração aftosa recorrente ou afta vulgar, lesões traumáticas, gengivoestomatite herpética primária, etc. Exemplo 1: Ulceração traumática em mucosa labial. Fonte: Arquivo Profa Melissa R. de Araujo As úlceras podem assumir aspectos variados e são descritas como exulcerações quando envolvem grandes regiões da mucosa. Podem ainda aparecer como fissuras quando acometem as regiões de pregas e dobras na mucosa e pele. ÚLCERA ➨ CRÔNICO ULCERAÇÃO ➨ AGUDO FÍSTULA Definição: São orifícios na superfície cutânea ou mucosa e representam o término de um trajeto sinuoso que põem em contato com o exterior aos focos ou cavidades supurativas internas; em fases crônicas, ela aparece como pequena pústula. Exemplo 1: Fístula em região de mento decorrente de infecção odontogênica de dentes ântero-inferiores. Fonte: Arquivo Profa Melissa R. de Araujo Tumor A denominação tumor costuma ser utilizada para designar nódulos com diâmetro superior a 2 cm. Por outro lado, o termo tumefação caracteriza um acúmulo de água e eletrólitos no interior das células ou do interstício, o que aumenta o volume e proporciona um aumento volumétrico difuso de determinado tecido (face, palato, língua). Podem ter origem inflamatória, infecciosa ou neoplásica. Exemplos: Tumores odontogênicos, tumores malignos. Exemplo 1: Tumefação/tumor que envolve terços superior, médio e inferior da face. Ameloblastoma. Fonte: Cedido pelo prof. Silvano Guzman. Necrose Definição: Caracteriza-se por aspecto enegrecido, acinzentado ou amarelado, correspondendo à morte súbita dos tecidos, com odor fétido. 12 Necrobiose Definição: caracteriza-se por morte gradual dos tecidos acompanhada de reparação tecidual. Semiologia das Lesões Brancas Mancha Placa Vesícula Bolha Pápula Vegetação Nódulo Úlcera Tumefação Classificação clínica das doenças dos tecidos moles da boca 13 Candidíase Pseudomembranosa Definição: É uma infecção aguda superficial da mucosa, causada por um microrganismo fúngico, Candida albicans. Os indivíduos mais afetados são crianças antes do desenvolvimento do sistema imunológico e os pacientes afetados por perda repentina da imunidade. Pode ser causado por terapia sistêmica com corticosteróides, quimioterapia, AIDS ou doença debilitante aguda. Características Clínicas: ❖ Múltiplas placas brancas, espessas, difusas, puntiformes ou globulares; ❖ Afeta a língua, palato mole e mucosa jugal; ❖ Superfície rugosa ou gelatinosa; ❖ Dor (queimação dolorosa, relativamente suportável). Características Histológicas: ❖ Pode ser observado hifas de Candida e leveduras. Figura 7- Histopatologia da infecção por Candida albicans. Coloração prata metenamina . Pseudo-hifas e hifas verdadeiras. ASCP Diagnóstico Diferencial: ❖ Queimaduras químicas na mucosa; ❖ Úlceras Tratamento Medicamentos Antifúngicos como: ❖ Nistatina; ❖ Agentes do Imidazol (Clotrimazol, Cetoconazol); ❖ Agentes do Triazol (Fluconazol). Queimadura Química Definição: São causadas por agentes químicos corrosivos: Produtos de Limpeza, Agentes Cáusticos (Aspirina, Peróxido de hidrogênio, Nitrato de Prata, Fenol, Materiais Endodônticos), etc. Características Clínicas: ❖ Película fina, delgada, homogênea e branca; ❖ Queimaduras por aspirina são focais, com bordas nitidamente demarcadas, embora queimaduras mais difusas sejam possíveis quando causadas por exposição química extensa; Características Histológicas: Necrose de epitélio, tendo somente o contorno das células epiteliais individuais e o núcleo como remanescentes 14 Diagnóstico Diferencial: ❖ Candidíase pseudomembranosa; ❖ Úlceras. Tratamento Cuidados paliativos com anestésico tópico ou o uso de uma base protetora para cobrir a lesão. Úlcera Definição: É definida como uma destruição do epitélio. Características Clínicas: ❖ Apresentam os sinais e sintomas clínicos da inflamação aguda; ❖ São cobertas por um exsudato amarelo-esbranquiçado e circundadas por um alo eritematoso; ❖ São dolorosas; ❖ Superfície branca homogênea ou levemente granulosa. Características Histológicas: São cobertas por uma membrana de fibrina com neutrófilos. O epitélio superficial adjacente pode apresentar hiperplasia leve com hiperceratose. A base da úlcera consiste em tecido de granulação que sustenta um infiltrado inflamatório misto. Diagnóstico Diferencial: ❖ Candidíase pseudomembranosa. ❖ Queimaduras Químicas. Tratamento A maioria das úlceras é tratada simplesmente com a observação. Se a dor for intensa o tratamento sintomático pode ser benéfico, podendo ser feita a aplicação tópica de corticosteróides. Hiperqueratose Definição: Consiste em espessamento epitelial da mucosa decorrente de uma ação de fricção local. Queratose focal, hiperqueratose focal, hiperqueratose friccional são denominados para determinar a causa-efeito nessas lesões. Linha alba de oclusão é uma forma de hiperqueratose, localizado na mucosa jugal, associada a pressão, irritação ou fricção ou trauma por sucção da mucosa. Morsicatio Buccarum é a denominação para mastigação crônica da bochecha. Produzem lesões 15 localizadas na mucosa jugal, labial e no bordo lateral da língua. Características Clínicas: ❖ Opacidade de forma homogênea com uma definição fina nas bordas. ❖ O processo é geralmente focal. ❖ Localizaçãopode estar diretamente relacionada à fonte de fricção recorrente. ❖ Assintomático Figura 3-5 Hiperqueratose focal causada por atrito crônico do lábio contra os dentes. Características Histológicas: Hipertroceratose, Hiperparaceratose recobrindo a mucosa oral normal. Ocasionalmente edema intracelular do epitélio e uma inflamação crônica moderada no tecido conjuntivo subjacente. • Figura 3-8 Fotomicrografia de hiperqueratose focal. Observe que a maturação do epitélio é normal. Diagnóstico Diferencial: ❖ Leucoplasia; ❖ Carcinoma de Células escamosas; ❖ Ulceração Focal. Tratamento Não é necessário nenhum tratamento das lesões orais, se necessário apenas a remoção dos fatores locais. Leucoplasia (Displasia Epitelial ou Carcinoma de Células Escamosas em Fase Inicial) Definição: É um termo clínico que indica uma mancha ou placa branca na mucosa bucal, que não pode ser removida facilmente e que, clinicamente, não pode ser caracterizada como qualquer outra doença. Características Clínicas: ❖ Lesão considerada pré-cancerígena; ❖ Manchas brancas superficialmente semelhantes à hiperqueratose; ❖ Textura superficial mais rugosa ou granulosa; ❖ Variações na cor: brancas com pequenas manchas vermelhas; ❖ Ulcerações que refletem no espessamento epitelial; ❖ Bordas de contorno irregular ou indefinido; Indolor, com evolução lenta; ❖ Faixa etária de 50 anos; ❖ Com história de uso de álcool e tabaco; ❖ Pode ocorrer no palato, língua, mucosa jugal e retro-comissural e semimucosa labial inferior. 16 Características Histológicas: Camada de ceratose mais espessa no epitélio superficial (hiperceratose) e/ou uma camada espinhosa mais espessa (acantose). Células inflamatórias crônicas dentro do tecido conjuntivo subjacente. A camada de ceratina pode consistir em ortoceratina, paraceratina ou uma combinação de ambas. Fig. 5. Histologia de uma lesão de leucoplasia. Note a Hiperplasia epitelial com hiperqueratose. Diagnóstico Diferencial: ❖ Hiperqueratose; ❖ Leucoplasia; ❖ Carcinoma de Células Escamosas; ❖ Líquen Plano; ❖ Queilite Actínica. Tratamento ❖ Biópsia incisional nos casos de lesões grandes para obter um diagnóstico definitivo de displasia ou carcinoma de células escamosas. ❖ Para lesões até 1,5cm de diâmetro, consiste em remoção cirúrgica com margem de segurança. ❖ Para lesões amplas pode-se optar pela excisão em uma etapa e aguardar cicatrização por segunda intenção, ou realizar em várias etapas até a excisão total. ❖ Criocirurgia. ❖ Eletrocauterização. ❖ Deve-se eliminar os irritantes crônicos e corrigir as condições sistêmicas do paciente. Estomatite Nicotínica Definição: É uma resposta da mucosa palatina à irritação recorrente da fumaça do tabaco, geralmente pelo hábito de fumar cachimbo ou charuto. A combinação dos elementos carcinogênicos do tabaco e o calor de sua queima intensifica-se pelo hábito de fumar invertido, aumentando o risco de conversão maligna. Características Clínicas: ❖ Gênero Masculino; ❖ Faixa etária 45 anos de idade, com uso do tabaco a longo prazo; ❖ Localizada no palato duro e palato mole; Assintomática; ❖ Apresenta-se inicialmente mucosa palatina eritematosa; ❖ Posteriormente ceratinização crescente; ❖ Na parte posterior do palato, notam-se pontos vermelhos, que representam uma inflamação dos ductos excretores das glândulas salivares. Figura 3-12 Estomatite nicotínica. Características Histológicas: ❖ Epitélio espessado com acantose moderada; ❖ Aumento da espessura de ortoceratina suprajacente; ❖ Glândulas salivares menores com alteração inflamatória em grau variado; ❖ Ductos excretores podem apresentar metaplasia; ❖ O tecido glandular contém células da inflamação crônica e certa fibrose. 17 Figura 3-14 Espécime de biópsia de estomatite nicotínica evidenciando metaplasia do ducto salivar e inflamação. Diagnóstico Diferencial: ❖ Displasia Epitelial; ❖ Neoplasia. Tratamento O paciente deve ser encorajado a parar de fumar. Hiperqueratose causada por Tabaco sem Fumaça Definição: Espessamento epitelial semelhante a placa causada pelo hábito de mascar tabaco. As formas de câncer bucal causadas pelo uso de tabaco sem fumaça são carcinomas de células escamosas com baixo grau de malignidade ou carcinomas verrucosos. Características Clínicas: ❖ Lesões brancas hiperqueratóticas. ❖ Localizadas no fundo de saco vestibular da mandíbula, região de incisivos ou de molares. ❖ Epitélio alterado com aspecto granular ou enrugado. Geralmente assintomático. Características Histológicas: ❖ Epitélio atrófico ou focalmente e irregularmente hiperplásico. ❖ Apresentando paraceratose ou ortoceratose de superfície de espessura variável. ❖ Característicos são a notável basofilia da submucosa e o aparecimento de vasos telangiectásicos. Figura 3-11 Espécime de biópsia de lesão provocada por tabaco sem fumaça evidenciando acantose e paraqueratose com edema. Diagnóstico Diferencial: ❖ Displasia Epitelial; ❖ Neoplasia. Tratamento O paciente deve ser informado das consequências e encorajado a parar de mascar o tabaco. O fim do hábito leva à aparência normal da mucosa dentro de algumas semanas. Se persistirem após um mês, devem ser submetidas a biópsia e tratamento apropriado. 18 Queilite Actínica Definição: Representa uma degeneração tecidual acelerada dos lábios, especialmente do lábio inferior, secundária à exposição regular e prolongada à luz do sol. Características Clínicas: ❖ Vermelhidão dos lábios, com aspecto atrófico, pálido, lustroso, com fissuração e enrugamento em ângulo reto com a junção mucocutânea. ❖ Pode apresentar variações de manchas na pigmentação da pele, manchas escamosas atróficas, ou placas escuras espessas chamadas queratoses seborréicas. ❖ Geralmente na raça branca, com pele clara; ❖ Faixa etária de mais de 60 anos; ❖ Associado a evidência de injúria solar na pele do rosto. Condição cancerizável (depend. autores - 6 a 20% ) Figura 3-21 Queilite actínica. Características Histológicas: ❖ Epitélio atrófico ou focalmente e irregularmente hiperplásico; ❖ Apresentando paraceratose ou ortoceratose de superfície variável; ❖ Alterações displásicas desde atipia leve até carcinoma in situ; ❖ Característicos são a notável basofilia da submucosa e o aparecimento de vasos telangiectásicos. Diagnóstico Diferencial: ❖ Injúria aguda causada por queimadura solar; Ressecamento ou rachadura; ❖ Lesões herpéticas; ❖ Hiperqueratose fisiológica no lábio; ❖ Carcinoma. Tratamento ❖ Proteção solar; ❖ Uso de pomada que contenha o ácido paraaminobenzóico (PABA) ou de seus derivados, como filtro solar; ❖ Exames periódicos e biópsia caso a ulceração persista; Uso da cirurgia a laser; ❖ Crioterapia. Língua Pilosa Definição: É caracterizada por acentuado acúmulo de ceratina nas papilas filiformes da superfície dorsal da língua. Etiologia desconhecida, porém pode estar associado a fumantes, terapêutica com antibióticos, higiene oral deficiente, debilitação geral, radioterapia, uso de bochechos com antiácidos ou oxidantes e proliferação de bactérias ou fungos. Características Clínicas: ❖ Afeta a parte mediana anterior às papilas circunvaladas, espalhando-se para as bordas laterais e anteriores. ❖ Superfície com uma cobertura espessa onde ficam retidos resíduos celulares, bactérias, fungos e material estranho; ❖ Sintomas geralmente mínimos, náuseas ou cócegas quando do alongamento exagerado das papilas; ❖ Cor varia de castanho-amarelado ao castanho-escuro ou negro. 19 Figura 3-18 Língua pilosa. Características Histológicas: ❖ Papilas filiformes alongadas com hiperparaceratose; ❖ Contaminação da superfície por conglomerados de microrganismos e fungos; FIGURA 1 - A: leucoplasia pilosa oral clínica (caso 1) (H.E., 100 X) B: leucoplasia pilosa oral subclínica (caso 3) (H.E., 100 X). Diagnóstico Diferencial: ❖ Candidíase Generalizada; ❖ Leucoplasia Pilosa; Tratamento Não há indicação de tratamento, exceto pela melhora dahigiene oral. Candidíase Hiperplásica Definição: Infecção crônica superficial da mucosa bucal pelo fungo Candida albicans, que produz lesões brancas com espessamento epitelial que não se destaca. Características Clínicas: ❖ Lesões brancas múltiplas ou difusas, com áreas eritematosas ou atróficas na periferia das lesões brancas; ❖ Bordas mal delimitadas; ❖ A língua é mais afetada, porém podem se desenvolver em muitas superfícies da mucosa bucal; Características Histológicas: ❖ Presença de hifas de Candida associadas a lesão. 20 Figura 3-64 Candidíase oral. A, Padrão psoriasiforme. B, Fotomicrografia em maior aumento evidenciando hifas do fungo na camada de queratina. Diagnóstico Diferencial: ❖ Líquen Plano; ❖ Leucoplasia Pilosa; Tratamento Terapia com Antifúngicos tópicos e sistêmicos. Líquen Plano Reticular Definição: Doença mucocutânea inflamatória crônica bastante comum. É causada por uma degeneração imunomediada na interface da superfície do epitélio e tecido conjuntivo. Características Clínicas: ❖ As lesões mostram um entrelaçamento fino de linhas brancas denominado estrias de Wickham; ❖ São pápulas poligonais pruríticas e purpúreas; ❖ Bordas podem ser bem delineadas ou desaparecer gradualmente até ficar uma aparência normal; ❖ Freqüente em adultos de meia-idade, numa proporção de 3:2 mulheres em relação aos homens; ❖ Acomete mais a mucosa jugal, sendo que, o palato, assoalho de boca, língua e mucosa labial menos comum.. ❖ Assintomático. Figura 3-41 A-C, Líquen plano oral reticular. Características Histológicas: ❖ Hiperceratose; ❖ Vacuolização da camada basal com ceratinócitos apoptóticos; ❖ Infiltrado linfofagocítico na interface tecido conjuntivo e epitelial. ❖ No epitélio há um aumento no número de células de Langerhans. Figura 3-48 Espécime de biópsia de líquen plano oral evidenciando hiperqueratose, infiltrado inflamatório linfocitário justa epitelial e degeneração hidrópica com apoptose. Diagnóstico Diferencial: ❖ Nevo branco esponjoso; ❖ Leucoedema; ❖ Leucoplasia idiopática; ❖ Candidíase hiperplásica. Tratamento Corticosteróides tópicos e sistêmicos. Aplicação de retinóides também tem demonstrado resolução temporária das lesões bucais reticulares e papulares. Leucoplasia Pilosa Definição: Lesão branca que ocorre nas bordas laterais da língua, comum em pacientes aidéticos. Causada por uma infecção oportunista causada pelo vírus Epstein-Barr (VEB) em indivíduos imunodeprimidos. Características Clínicas: ❖ Apresenta lesão branca bem delimitada, que varia de uma arquitetura plana, semelhante a uma placa, até projeções papilares/filiformes similares a pêlos; 21 ❖ Pode ser unilateral ou bilateral, localizada nas bordas laterais da língua, com extensão ocasional para a superfície dorsal; ❖ Assintomática Figura 3-16 Leucoplasia pilosa na borda e no ventre da língua. Características Histológicas: ❖ Inclusões virais ou trocas periféricas de cromatina com núcleos resultantes manchados são evidentes. ❖ Superfície hiperceratótica, com formações de irregularidades e cristas ceratóticas na superfície. ❖ Escassez geral de células inflamatórias subepiteliais e células de Langerhans esparsas. • Figura 3-17 A, Leucoplasia pilosa revelando acantose, paraqueratose e edema. B, Queratinócitos das camadas superficiais exibindo inclusões nucleares virais. C, Hibridização in situ mostrando a localização do vírus Epstein-Barr (EBV) codificado por pequenos RNAs (EBER) nos núcleos dos queratinócitos mais próximos da superfície epitelial. Diagnóstico Diferencial: ❖ Hiperqueratose fisiológica; ❖ Leucoplasia; ❖ Líquen Plano; ❖ Candidíase hiperplásica Tratamento Tratamento com antivirais: Aciclovir Leucoedema Definição: É uma opacificação generalizada na mucosa jugal, pode ser relacionada a uma variação do normal. Possível relação entre a má higiene bucal e padrões anormais de mastigação. Características Clínicas: ❖ Superfície cinzento-branca difusa, nevoenta ou leitosa, levemente rugosa da mucosa jugal, com distribuição simétrica. ❖ Assintomático. ❖ Freqüente em indivíduos da raça negra. 22 Figura 3-1 Leucoedema. Uma fina coloração branca “leitosa” na mucosa jugal. Observe que o paciente também tem gengivite. Características Histológicas: ❖ Epitélio paraceratóticos e acantótico, com edema intracelular acentuado das células espinhosas. ❖ As células epiteliais aumentadas apresentam núcleos pequenos, picnóticos, em um citoplasma opticamente vazio. Diagnóstico Diferencial: ❖ Leucoplasia; ❖ Nevo branco-esponjoso; ❖ Disceratose intra-epitelial benigna hereditária; ❖ Mordedura crônica da bochecha; ❖ Líquen plano. Tratamento Nenhum tratamento é indicado, pois as lesões são inócuas. Nevo Branco-esponjoso Definição: É uma genodermatose (distúrbio de pele geneticamente determinado) relativamente rara, herdada como um traço dominante autossômico, mostrando um alto grau de penetração e expressividade variável. Características Clínicas: ❖ Placas brancas difusas, corrugadas ou aveludadas, brancas, espessas e simétricas, ❖ Afetam geralmente mucosa jugal bilateralmente, porém pode ocorrer na parte ventral da língua, mucosa labial, palato mole, mucosa alveolar e assoalho de boca. ❖ Locais mucosos extra-orais parecem ser menos comumente afetados, como mucosas nasal, esofágica, faríngea e anogenital. ❖ Assintomática Figura 3-2 A e B, Nevo branco esponjoso Características Histológicas: ❖ Epitélio espessado, com espongiose, acantose e paraceratose acentuadas; ❖ Condensação eosinófila nuclear das células espinhosas. 23 Figura 3-3 A, Nevo branco esponjoso exibindo edema e queratose. B, Fotomicrografia em maior aumento evidenciando a característica condensação perinuclear da queratina. Diagnóstico Diferencial: ❖ Disceratose intra-epitelial benigna hereditária; Líquen Plano; ❖ Mordedura de bochecha; ❖ Paquioníquia Congênita. Tratamento Não existe tratamento específico para esta condição particular, porque é assintomática, benigna e não possui potencial malignização. Grânulos de Fordyce Definição: São glândulas sebáceas ectópicas que ocorrem na mucosa oral, tornam-se mais proeminentes com a idade e estão geralmente localizadas na região da mucosa jugal. Características Clínicas: ❖ Múltiplas lesões papulares amareladas ou branco-amareladas; ❖ Distribuição simétrica bilateral na mucosa jugal e/ou vermelhão do lábio superior; ❖ Predileção pelo gênero masculino; ❖ Mais comum em adultos; ❖ Assintomático. Figura 3-67 Grânulos de Fordyce. Características Histológicas: ❖ Lóbulos de glândulas sebáceas localizados superficialmente, agrupados à volta de ou adjacentes a ductos excretores, contendo restos sebáceos e ceratinosos. Diagnóstico Diferencial: ❖ Candidíase pseudomembranosa. Tratamento Nenhum tratamento é indicado para tal condição. Cicatriz Definição: São alterações permanentes na aparência da pele devido à lesão e à reparação do colágeno, produzindo uma aparência pálida em comparação aos tecidos normais adjacentes. 24 Características Clínicas: ❖ Área focal pálida; ❖ Homogênea; ❖ Bordas delineadas; ❖ Pode ocorrer uma insuficiência na aposição de tecido, formando uma depressão em forma de fóssulas e fissuras; ❖ Assintomática. Diagnóstico Diferencial: ❖ Fibrose submucosa; ❖ Grânulos de Fordyce; ❖ Fibroma traumático Tratamento Não requerem tratamento. Fibrose Submucosa Definição: É uma fibrose generalizada do tecido conjuntivo da mucosa bucal em resposta ao hábito de mascar noz de bétel e o uso frequente de certas especiarias. É uma condição crônica, progressiva, que deixa cicatriz, pré-cancerígena de alto risco da mucosa oral, vista principalmente no subcontinente indiano e sudoeste da Ásia. Características Clínicas: ❖ É freqüente em jovens adultos usuários de tabaco, areca, betel; ❖ Acompanhada por dor na mucosa associada a comidas apimentadas, e trismo; ❖ Localizados na mucosa jugal, área retromolar e palato mole; ❖ Mucosa compalidez semelhante a mármore, com erupções e um endurecimento progressivo dos tecidos subepiteliais. Características Histológicas: ❖ Caracterizada pelo depósito submucoso de tecido conjuntivo colagenoso extremamente denso e avascular, com número variável de células inflamatórias crônicas. ❖ Hiperceratose com marcada atrofia epitelial. Diagnóstico Diferencial: ❖ Fibrose subepitelial relacionada com a radiação e a retração cicatricial. Tratamento ❖ Corticosteróides intralesionais; ❖ Clivagem cirúrgica pode melhorar a abertura e mobilidade da boca; . 25 .
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