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Propedêutica clínica Noções de semiologia Do grego: Semeion= sinal e Logos= estudo. A semiologia estuda e interpreta os métodos de exame clínico, sinais e sintomas, reunindo os elementos necessários para construir o diagnóstico e prever a evolução da enfermidade. Conceitos gerais Sintomas: Manifestações subjetivas que os pacientes relatam ao profissional (ex.: Cansaço, falta de apetite, muita sede...) Sinal: Manifestações clínicas que são visíveis através dos sentidos naturais (ex.: Edema, mudança de cor, alteração na textura...) Divisões da semiologia Propedêutica clínica Analisa sinais e sintomas, estabelecendo diagnóstico e prognóstico. Conhece as condições médicas, descobre doenças concomitantes, controla emergências e trata o paciente. Qualidade do questionário de anamnese aplicado depende da competência do entrevistador, do ambiente de execução e da capacidade de comunicação de ambas as partes. Semiogênese Estuda os mecanismos de formação dos sinais e sintomas. Semiotécnica Estuda manobras e técnicas para a descoberta e caracterização de sinais e sintomas. São manobras: Inspeção Percussão Palpação Olfação Auscultação Estomatologia Definição estomatologia – Estoma = Boca; Logos = estudo. Segundo a resolução CFO n. 116/2012 a estomatologia é a especialidade da Odontologia que tem como objetivo a prevenção, o diagnóstico, o prognóstico e o tratamento das doenças Resumo I próprias do complexo maxilo-mandibular, das manifestações bucais de doenças sistêmicas e das repercussões bucais do tratamento antineoplásico. Funções atribuídas ao estomatologista: Estar atento ao diagnóstico e ao encaminhamento ao médico se ocorrer o aparecimento de alguma doença sistêmica que possa apresentar manifestação bucal ou que tenha alguma influência negativa com o tratamento odontológico. Ex.: Doenças dermatológicas Doenças auto-imunes Infecções virais, bacterianas, fúngicas e por protozoários Doença das glândulas salivares... Exame clínico x Exames complementares Exame clínico: o Anamnese o História da doença o História Médica e Odontológica o Exame Físico Geral o Exames Extra-Orais e Intra-Orais o Exames complementares Os exames complementares (utilizados para acompanhar o tratamento, determinar prognóstico e elucidar diagnóstico): o Exames laboratoriais o Biópsia/citologia o Exames imaginológicos (para avaliar tecido subcutâneo ou submucoso, tecido ósseo e estrutura dentária. Diagnóstico: “Capacidade e habilidade do clínico em descobrir, reconhecer e saber a natureza do processo patológico.” – Zegarelli et al., 1982 Opções de tratamento: Específico o Combate causa o Utilização de antibiótico o Remoção cirúrgica da lesão Diagnóstico Exame do paciente Tratamento Reavaliação ou proservação Queixa do paciente Sintomático o Combate os sintomas o Antipirético o Analgésico Suporte o Melhora as condições gerais do paciente o Ajuda a suportar efeitos colaterais de outros tratamentos Proservação: Acompanhamento clínico e possivelmente laboratorial periódico do paciente. Lesões fundamentais Lesões: Termo utilizado para descrever um tecido anormal em um organismo vivo. Lesões são patologias. Definição Lesões Fundamentais: Alterações morfológicas que ocorrem na mucosa oral e assumem características próprias, individualizadas e padronizadas. Para a identificação das lesões fundamentais é necessário: Anamnese: Dados pessoais Estado de saúde sistêmica História da lesão o Tempo de evolução o Alterações de tamanho (ritmo e magnitude da alteração) o Alteração de característica o Sintomatologia associada o Causa Exame físico: Avaliação de toda a cavidade bucal e região maxilofacial Localização anatômica Natureza física da lesão Tamanho e forma Se são solitárias ou múltiplas Características da superfícia Aplicação de semiotécnica A lesão fundamental deve ser descrita com riqueza de detalhes de forma que outro profissional possa visualizá-la claramente ao ler a ficha técnica. Deve-se descrevê-la de acordo com os seguintes termos: Forma: Descrição da forma geométrica da lesão Localização: Localização anatômica exata da lesão Limites: Nítido ou impreciso Cor: Coloração Tamanho: O maior diâmetro da lesão Implantação: Séssil ou pediculada Consistência: Mole/flácida, borrachóide/fibrosa ou dura Superfície: Lisa ou rugosa Contorno: Regular ou irregular: Borda: Plana, elevada ou evertida Número: Única ou múltipla Tipos de lesões fundamentais, suas características e exemplos Alteração de cor: Mácula ou mancha: Mudança de coloração com área focal, sem elevações ou depressões em relação aos tecidos circunjacentes. Ex.: Pigmentação fisiológica, vitiligo, tatuagem por amalgama, doença de Addison. As manchas podem ser de origem endógena como por exemplo a doença de Addison ou de origem exógena como é o caso da tatuagem por amalgama, ou vascular como Hemangiomas. Pata avaliar se a mancha tem origem vascular, o clínico deve realizar a vitropressão, se mancha desaparecer, possui origem vascular. Formação sólida: Placa: Alteração de cor e de superfície, com pouca elevação, sendo mais ampla em largura do que em altura. Ex.: Leucoplasia, líquen plano e carcinoma epidermóide. Membrana: Alteração de cor e superfície, com pouca elevação, sendo mais ampla em largura do que em altura, podendo ser removida por raspagem. Ex.: Candidíase pseudomembranosa. Pápula: Lesão sólida, circunscrita, ligeiramente elevada e com superfície plana. Ex.: Grânulos de Fordyce, hiperplasia papilar inflamatória. Nódulo: Lesão também sólida, elevada e com mais de 5mm de diâmetro. Ex.: Fibroma, adenoma pleomórfico. Coleções líquidas: Vesícula: Elevação do epitélio com conteúdo líquido no seu interior, menores que 3mm de diâmetro. Ex.: Mucocele, herpes. Bolha: Elevações do epitélio com conteúdo líquido no seu interior, maiores que 3mm de diâmetro. Ex.: Rânula. Abscesso: Coleção purulenta com localização dermo-hipodérmica ou subcutânea, sendo flutuante. Se for acompanhada de sinais flogísticos, é denominado abscesso quente, se não, abscesso frio. Ex.: Abscesso periapical. Solução de continuidade: Erosão: Perda de parte do epitélio sem exposição de tecido conjuntivo. Ex.: Língua geográfica, glossite migratória benigna. Úlcera/ulceração: Lesões que ocorre solução de continuidade do epitélio com exposição de tecido conjuntivo. Úlcera: Crônica, decorrente de tumores malignos, pênfico vulgar, sífilis secundária... Úlceração: Curta duração, consequência deaftas, lesões traumáticas, herpes recorrente... Outras características Base da lesão: Séssil: Crescimento onde a base é a região mais larga da lesão. Pediculado: Crescimento onde a base é a parte mais estreita da lesão. Superfície da lesão: Papilar: Crescimento ou tumor com numerosas projeções na superfície. Verrucoso: Crescimento ou tumor com superfície áspera ou verrucosa. Sequência para descrição da lesão Localização Lesão fundamental Dados de inspeção e palpação Número, tamanho, bordas, coloração, aspecto superficial. Consistência. Variação da normalidade dos tecidos bucais Regiões anatômicas Lábios Linha úmida Vermelhão do lábio Borda do vermelhão Mucosa labial Freio labial (sup. e inf.) Mucosa jugal Papila parotídea Freios jugais (sup. e inf.) Língua Papilas filiformes Papilas fungiformes Papilas foliáceas Papilas circunvaladas Assoalho de boca Ducto excretor – gls. submandibulares e gls. sublinguais Freio lingual Mucosa alveolar Palato duro Papila incisiva Rugosidades palatinas Rafe palatina mediana Palato mole Fóveaspalatinas Úvula Orofaringe Tonsilas palatinas Parede posterior da faringe Anel de Waldeyer Gengiva Gengiva marginal Papila interdentária (col) Sulco gengival Gengiva inserida Junção mucogengival Dentes Defeitos do desenvolvimentos da região bucal e maxilofacial Língua saburrosa Língua edentada Língua fissurada (escrotal, pregueada) Língua fendida (bífida) Anquiloglossia Glossite romboidal mediana Glossite migratória benigna (língua geográfica) Língua pilosa Varicosidades linguais ou sublinguais (flebectasia) Nódulo tireoidiano lingual Grânulos de Fordyce Torus mandibular Torus palatino Leucoedema Pigmentação melânica Estomatite nicotínica 1. Língua saburrosa Língua apresentando acúmulo de células epiteliais descamadas e bactérias na região do dorso, sem projeção filiforme. 2. Grânulos de Fordyce Glândulas sebáceas na mucosa oral, afetam mais mulheres do que homens. 3. Língua pilosa Grande acúmulo de ceratina nas papilas filiformes na área de dorso da línguaa, possui aparência semelhante a pelos. Comum em tabagistas crônicos, em quem possui higiene oral deficiente e histórico de radioterapia. 4. Língua fissurada (língua escrotal) É um condição benigna que pode ser percebida pela presença de sulcos profundos ou fissuras no dorso da língua. Pode apresentar queimação e para amenizar a sintomatologia, pode ser feita a utilização de corticoides. 5. Eritema migratório (Língua geográfica) Se apresentam por atrofia das papilas linhuais, causando áreas eritematosas irregulares com bordas bem definidas e esbranquiçadas, são lesões migratórias que podem ser desencadeadas por estresse. 6. Torus palatino ou mandibular Consiste numa massa óssea de consistência firme, na região de palato ou face lingual da mandíbula e cresce até o período de crescimento normal humano. Para tratamento pode ser feita a remoção cirúrgica caso seja necessário. 7. Leucodema Com etiologia desconhecida, Leucodema se apresenta por uma superfície branca ou acinzentada opalescente, geralmente bilateralmente na mucosa jugal e não pode ser removido por raspagem. Como diagnóstico diferencial temos leucoplasia, líquen plano e candidíase. 8. Melanose racial Acúmulo de melanina mais comum na gengiva, não causa alteração tecidual e é comum em pacientes melanoderma. 9. Tatuagem por amálgama Impregnação da amalgama no interior dos tecidos, uma pigmentação exógena assintomática. 10. Varicosidades Veias mais dilatadas que o normal, assintomática e mais comum em adultos. 11. Anquiloglossia (língua presa) Limitação do movimento da língua causada por freio curto, podem causar problemas na fonação. Para tratamento, é possível a realização da frenotomia em recém-nascidos e frenectomia em adultos. 12. Fosseta da comissura labial Invaginações de porte pequeno da mucosa, no limite do vermelhão dos lábios, nos ângulos da boca. Podem ser uni ou bilaterais. 13. Fossetas labiais paramedianas Invaginação congênita rara do lábio inferior, bilateral e simétrica. Herdada da combinação com FL ou FP (Síndrome de Van der Woude) 14. Fendas orofaciais Malformações que causam ruptura do lábio e/ou palato, ocorrendo na vida intrauterina até a 12ª semana de gestação. 15. Disostose cleidocraniana Anomalia dentáriaa e clavicular por conta de alteração na diferenciação dos odontoblástos e osteoblastos. Causam ausência de clavícula uni ou bilateralmente, retenção da dentição decídua, fechamento tardio das suturas, dentes supranumerários, palato estreito, falha na erupção de dentes permanentes, arco zigomático fino e ausência de seios maxilares. 16. Hemi-hiperplasia facial Crescimento acentuado e assimétrico das estruturas faciais, geralmente associada à síndromes de má formação, histologicamente há aumento da espessura epitelial e hiperplasia do tecido conjuntivo subjacente. Para tratamento é possível averiguar a causa, cessar o crescimento e realizar cirurgias corretivas. 17. Microglossia (hipoglossia)/Macroglossia Ateração incomum do desenvolvimento. Microglossia: Língua pequena. Macroglossia: Língua grande. Casos raros: Aglossia. Microglossia Macroglossia Referências Aulas da professora Alessandra Valente
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