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Imaginologia II Radiografia Periapical A radiografia periapical é um exame que serve para visualizar radiograficamente a anatomia de um ou mais dentes (desde a coroa até ao término da raiz), assim como as estruturas anatómicas que estão ao redor dos dentes. Esta radiografia pode ser usada para visualizar qualquer um dos dentes (molares, pré-molares, incisivos e caninos), seja na arcada dentária superior ou na inferior. Indicações As radiografias periapicais são indicadas para avaliação de tratamentos, auxiliar o diagnóstico e definir o plano de tratamento de diversas patologias ou doenças orais, a saber: ❖ Diagnóstico de cárie dentária; ❖ Controlo endodôntico (tratamento de canal ou desvitalização de dentes); ❖ Deteção de lesões periapicais (ao redor da raiz dos dentes); ❖ Diagnóstico de problemas nas coroas, raízes e osso alveolar; ❖ Avaliação de perdas ósseas; ❖ Visualização de obturações (materiais de restauração de dentes); ❖ Diagnóstico de quistos (ou cistos), presença de corpos estranhos, etc; ❖ Presenças de implantes dentários; ❖ Auxílio no diagnóstico de trauma oclusal; Radiografia Interproximal A radiografia interproximal é utilizada para visualizar as coroas dos dentes posteriores – os pré-molares e molares do lado direito e esquerdo. Indicações A radiografia interproximal, é indicado no diagnóstico e avaliação de determinadas situações, nomeadamente: ❖ Diagnóstico de cárie interproximal (cárie entre os dentes); ❖ Avaliação da crista óssea entre os dentes; ❖ Avaliação do estado de certos tratamentos dentários (restaurações por exemplo); Exemplos Ex1: Paciente de 22 anos, acabou de tirar o aparelho não tem dor nem ausência dentária, tem um pouco de cálculo dentário Fazer: 4 radiografias interproximais e 6 periapicais. Ex2: Paciente de 55 anos utiliza prótese parcial removível superior e inferior e apresenta uma fístula (pequenas bolhas que podem surgir na boca devido à tentativa do organismo em solucionar uma infecção). Fazer: Radiografia periapical completa e talvez uma panorâmica. 1 https://www.saudebemestar.pt/pt/medicina/dentaria/carie/ https://www.saudebemestar.pt/pt/medicina/dentaria/endodontia/ https://www.saudebemestar.pt/pt/medicina/dentaria/endodontia/ https://www.saudebemestar.pt/pt/medicina/dentaria/obturacao-de-dente/ https://www.saudebemestar.pt/pt/medicina/dentaria/obturacao-de-dente/ https://www.saudebemestar.pt/pt/medicina/dentaria/implante-dentario/ Reabsorções Dentárias Caracterizada como perda de produtos ou tecidos do próprio corpo. As reabsorções dentárias acometem cerca de 5 a 10% da população. Caracterizam-se como consequências e/ou complicações de determinadas situações clínicas: ❖ Traumatismos ❖ Fraturas dentárias ❖ Reimplantes dentários ❖ Lesões periapicais inflamatórias crônicas ❖ Movimentação dentária induzida Condições necessárias para a ocorrência das reabsorções ❖ Ausência de proteção da dentina ou cemento pelos odontoblastos respectivamente. ❖ Estímulo que mantenha as células da reabsorção em atividade. Classificação ❖ Fisiológica: As reabsorções fisiológicas, normalmente, são naturais como, por exemplo, a reabsorção por erupção dentária (reabsorção por pressão) e perduram somente durante a persistência de um determinado estímulo sendo que a conduta clínica pode pautar-se, quando necessário, na remoção do estímulo e consequente limitação do dano. Em dentes permanentes não ocorrem reabsorções dentárias fisiológicas. ❖ Patológica: Nas reabsorções patológicas, o tratamento inclui tanto as ações que objetivam cessar o processo de reabsorção como, também, as de reparar o dano já ocorrido à estrutura dental na tentativa de se evitar a evolução para outras morbidades que, por ventura, poderiam acontecer em decorrências dos volumes reabsorvidos. Reabsorções Patológicas As reabsorções patológicas são subdivididas em: ❖ Inflamatória: A Reabsorção Patológica Inflamatória é caracterizada, na imagem radiográfica, pela radiolucidez da área afetada. A caracterização histológica do volume dental acometido pela reabsorção e adjacências se dá pelas: ● células inflamatórias crônicas (linfócitos e plasmócitos); ● neutrófilos e macrófagos em menor quantidade; ● células gigantes multinucleadas (osteoclastos / dentinoclastos) ● fibroblastos com ação de reabsorção ou de degradação de colágeno maduro. ❖ Por substituição ou substituta: A Reabsorção Patológica Substitutiva, inicia-se externamente na superfície radicular e apresenta: ● substituição da estrutura do dente por osso; ● relação direta entre dentina e osso sem a interveniência de cemento e ligamento periodontal; ● sem imagem radiográfica radiolúcida entre dentina e osso. Etiologia Simples ❖ Periapicopatias crônicas ❖ Clareamento ❖ Traumatismo Múltiplas ❖ Ortodontia ❖ Trauma Oclusal ❖ Bruxismo 2 Reabsorção Dentária Interna A Reabsorção Dentária Interna ocorre pela presença de um processo inflamatório crônico, inicialmente podendo ser assintomático, e em muitos casos provocado por cáries extensas, restaurações profundas, clareamento dental, pulpites (processo inflamatório da polpa) ou por traumas dentários. E por não apresentar sintomas imediatos, esse problema necessita de um diagnóstico precoce para interromper o processo antes que ele comprometa ainda mais as estruturas mineralizadas do dente, que podem levar à alteração de cor, processo inflamatório podendo chegar a infecção, e em casos mais severos, perda dentária. Vitalidade: È imprescindível a manutenção da vitalidade do tecido pulpar, ou pelo menos parte dele, para que a reabsorção radicular interna seja ativa. Características ❖ Tecido pulpar inflamado ❖ Destruição da camada pré-dentina ❖ Destruição da camada de odontoblastos ❖ Reabsorção da superfície dentinária Localização ❖ 61% No terço médio ❖ 21% No terço cervical ❖ 14% No terço apical ❖ 4% Na coroa Características Clínicas ❖ Assintomática ❖ Evidenciada no RX de rotina ❖ Teste de sensibilidade + Evolução da reabsorção ❖ Mancha Rósea ❖ Dente rosado pink spot ❖ Aspecto balonizante ❖ Contornos regulares TRATAMENTO Anamnese: ● Exame Clínico ● Exame Radiográfico ● Diagnóstico Pulpectomia: ● Curativo de demora ● Obturação do Canal 3 Reabsorção Dentária Externa Ocorre em qualquer parte externa da raiz, podendo ser causada por um traumatismo dentário mais severos, como luxação intrusiva (dente “entra na gengiva”), luxação extrusiva (dente “sai da gengiva”) e avulsão dentária (dente é projetado para fora do alvéolo) além de movimentos ortodônticos muito acelerados. Cuidado: Terceiros molares podem causar reabsorção radicular externa. Características Radiográficas ❖ Imagem radiográfica irregular ❖ Contorno irregular ❖ Radiolucidez irregular ❖ contorno pulpar preservado Localização Inicia-se em qualquer ponto da superfície radicular. ❖ Cervical ❖ Lateral ❖ Apical Reabsorção externa cervical A reabsorção externa cervical caracteriza-se pela invasão da região cervical da raiz pelo tecido fibrovascular nas fases iniciais e, em seguida, por tecido fibro-ósseo que progressivamente reabsorve o cemento, a dentina e o esmalte. A principal causa da reabsorção externa cervical é o clareamento dentário, por isso é importante utilizar a barra protetora cervical corretamente. Barra protetora cervical- Evita a difusão dos produtos clareadores na superfície externa da junção amelocementária. Características Clínicas ❖ Coroa com mancha rosa 4 Diagnóstico ❖ Anamnese ❖ Exame Clínico: integridade da superfície dentinária cervical. ❖ Exame Radiográfico Tratamento ❖ Pequena extrusão dentária induzida ❖ Tratamento endodôntico ❖ Exposição cirúrgica Reabsorção Externa Lateral É uma reabsorção progressiva que ocorre nos terços médio e/ou apical da raiz, como consequência de traumas mais severos, como luxações ou avulsões. Podendo causar a ruptura de vasos sanguíneos no forame apical e, consequentemente, necrose da polpa porisquemia. Com isso, os microrganismos chegam até o canal radicular através de micro-rachaduras no esmalte e dentina ou de túbulos dentinários expostos, desencadeando um processo infeccioso endodôntico. Características Radiográficas Radiograficamente é possível observar perda de tecido dentário, associada a áreas radiolúcidas persistentes e progressivas no osso adjacente. Mas quando localizada na face vestibular ou lingual, a lesão de reabsorção movimenta-se com alterações na angulação horizontal radiográfica. Dessa forma, como não possui comunicação com a cavidade pulpar, é possível diferenciar o contorno do canal através da área radiolúcida de reabsorção. Reabsorção externa apical A reabsorção cervical ocorre no terço coronário da raiz, no sentido coroa-ápice, além do epitélio juncional do dente. Ou seja, é consequência de um processo inflamatório no ligamento periodontal causado por micro-organismos provenientes do sulco gengival ou do canal radicular. No entanto, é assintomática e normalmente identificada através da radiografia. Sua morfologia apical é alterada: ❖ Ápice arredondado ❖ dente encurtado Radiografia periapical onde se observa imagem radiolúcida no terço apical da raiz do dente 31, apresentando como hipótese de diagnóstico reabsorção radicular externa. Etiologia Movimentação ortodôntica Lesões periapicais → maior prevalência 5 Método de Clark A técnica recebe esse nome como forma de homenagear o seu criador, Charles A. Clark, que, em 1910, utilizou o princípio da paralaxe para solucionar os problemas relacionados à sobreposição de tomadas radiográficas. O método de Clark é uma técnica indicada para a localização de dentes inclusos, processos e corpos estranhos na maxila. Ele serve para que se possa localizar os pontos anatômicos, como forame mentual e incisivo, assim como a dissociação de raízes e condutos radiculares. Princípio da paralaxe: Deslocamento aparente de um objeto ao mudar o ponto de observação. 1 Quando 2 objetos, A e B, estão alinhados em relação ao observador, o objeto mais próximo vai encobrir o mais distante. 2 Se o observador se desloca para qualquer lado: a) O objeto mais próximo se desloca para o lado contrário ao do observador. b) O objeto mais distante se desloca para o mesmo lado do observador. Função Identificar o posicionamento vestíbulo-lingual de estruturas sobrepostas. Indicações do método de Clark ● Na dissociação das raízes ou dos canais de um dente. A sobreposição de raízes ou canais na imagem radiográfica é um problema comum em primeiros pré-molares superiores, molares superiores e molares inferiores. As incidências recomendadas são: Dente Incidência horizontal Pré-molar superior (*) Mesiorradial Molar superior (raiz MV) Distorradial Molar inferior (raiz M) Distorradial 6 Método de Clark (molar inferior): dissociação de canais Na dissociação dos canais de pré-molares superiores, pode ser muito útil alterar, também, o ângulo vertical de incidência do feixe de Raios X. Isso causará um encurtamento da imagem, sendo que a raiz palatina, por estar mais próxima do filme, sofrerá um menor encurtamento que a raiz vestibular, evidenciando melhor seu terço apical. ● Na localização vestíbulo-palatal (lingual) de dentes inclusos e corpos estranhos em maxila e mandíbula. Em região posterior de mandíbula prefere-se o método de Miller-Winter para localizar dentes inclusos, mas nas demais regiões o método de Clark é capaz de mostrar o posicionamento vestíbulo-lingual de dentes não-irrompidos. A técnica é a mesma usada na dissociação de canais: uma radiografia com incidência ortorradial e outra radiografia com incidência de mésio ou distorradial. Se o dente estiver por V, sua imagem se deslocará no sentido contrário do observador. Se o dente estiver por P (L), sua imagem se deslocará no mesmo sentido do observador. Em resumo: ● Se a incidência é distorradial e a imagem se desloca para distal, o dente está por P (L) ● Se a incidência é distorradial e a imagem se desloca para mesial, o dentes está por V ● Se a incidência é mesiorradial e a imagem se desloca para distal, o dente está por V ● Se a incidência é mesiorradial e a imagem se desloca para mesial, o dentes está por P (L) Método de Clark: localização de dentes inclusos Um método parecido, o método de Johnson, utiliza o conceito da paralaxe para localizar caninos inclusos em maxilas. Porém usa-se uma única película para as 2 tomadas radiográficas, com metade do tempo de exposição recomendado para cada tomada. ● Na localização de lesões ou pontos de preparo anatômicos em maxila e mandíbula. Alguns pontos anatômicos, pela localização e aspecto da imagem, podem ser confundidos com lesões, cistos, etc.. Nesse sentido, merecem destaque o forame mentual e o forame incisivo. O forame incisivo pode aparecer como 2 imagens radiolúcidas, cada uma de um lado da sutura intermaxilar, ou como 1 imagem radiolúcida sobreposta à sutura. Principalmente no segundo caso, quando a imagem do forame incisivo se sobrepõe ao ápice de um dos incisivos centrais, os menos atentos podem confundi-la com uma lesão periapical. Nesse caso, uma segunda radiografia com alteração do ângulo horizontal de incidência é capaz de sanar a dúvida. Já o forame mentual pode ser confundido, pela sua localização, com lesão periapical em pré-molares inferiores. Nesse caso, uma segunda radiografia com alteração do ângulo vertical ou horizontal de incidência vai mostrar se a imagem radiolúcida é o forame mentual sobreposto ao ápice do pré-molar ou uma lesão periapical. Método de Parma Esta técnica é indicada para mandíbula quando a radiografia periapical convencional não registra inteiramente o terceiro molar inferior incluso. 7 A técnica consiste em: inclinar o filme deixando a sua borda disto-inferior próxima ao assoalho bucal ( se causar desconforto pode dobrar essa borda para lingual). Fonte: Rosa e Tavares12 (1994). Figuras 5a e 5b - Diagrama esquemático do posicionamento do filme periapical na técnica de Parma e imagem radiográfica do quarto molar mandibular no sentido mesiodistal Método de Miller & Winter Foi criada em 1914, pelo Dr. Fred Miller. Anos depois, ela foi aperfeiçoada e divulgada por Winter. A metodologia também é conhecida como técnica do ângulo reto ou da dupla incidência. Isso porque, para executá-la, o dentista precisa coletar duas imagens do paciente. Função Localizar dentes não irrompidos na região da mandíbula. Indicações A metodologia de Miller & Winter é indicada para diversas situações. Entre elas, destacamos: ● a localização de corpos estranhos na boca; ● a localização de dentes não irrompidos; ● os processos patológicos na mandíbula; e a localização do terceiro molar. Como é realizada essa técnica Consiste na realização de uma radiografia periapical e uma radiografia oclusal, feita com filme periapical. Em ambos os casos, as incidências são perpendiculares entre si. Na radiografia periapical, o ideal é que se utilize a técnica do paralelismo. Na oclusal, por sua vez, o paciente deve morder levemente a película e inclinar a cabeça para trás. Fonte: Modificado de Rosa e Tavares12 (1994). Figura 3 - Diagrama esquemático do posicionamento do filme periapical em posição oclusal e direcionamento do feixe de raios X na técnica de Miller-Winter, que, associada a uma radiografia periapical convencional, possibilita a visualização do dente nos sentidos mesiodistal e vestibulolingual. vantagens e desvantagens Vantagem: boa visualização que o dentista consegue. Assim, fica mais fácil localizar os problemas do paciente, fazer um bom diagnóstico e propor um tratamento adequado. Desvantagem: está a necessidade de fazer duas radiografias e também a possibilidade dos pacientes sentirem náuseas ou ficarem hiperativos, por conta da posição em que devem ficar. Técnicas radiográficas realizadas em 2 (duas) ou mais incidências que permitem a localização de dentes inclusose corpos estranhos nos maxilares. Método de Donovan Também conhecido como método de localização de Donovan, essa técnica serve para que seja feita a visualização de dentes localizados em 8 região de ângulo e ramo mandibular. Ela também é aplicada quando o método de Miller-Winter não mostrar por completo as raízes do terceiro molar inferior. A técnica de Donovan ainda é usada para a localização de molares inferiores retidos em posição transversa no processo alveolar. Função Diminuir a superposição de imagem do processo zigomático da maxila na região apical dos molares superiores. Aplicação do método O método de Donovan é aplicado da seguinte maneira: o dentista deve posicionar o filme inclinado sobre o ramo da mandíbula e pedir para o paciente segurá-lo com o dedo indicador, no lado oposto da região mésio-oclusal do 2º molar. Depois disso, o paciente deve inclinar a cabeça para trás e para o lado oposto. A incidência do feixe deve ser no sentido ângulo da mandíbula-ápice do nariz. A distância entre a fonte de raio-X e o filme é maior do que o método convencional. De tal maneira, se exige maior tempo de exposição, geralmente o dobro do recomendado para os métodos tradicionais. Fonte: Rosa e Tavares12 (1994). Figuras 4a e 4b - Diagrama esquemático do posicionamento do filme periapical e direcionamento do feixe de raios X e imagem radiográfica na técnica de Donovan, permitindo a visualização do quarto molar nos sentidos vestibulolingual e mesiodistal. vantagens e desvantagens Vantagens: A sua praticidade. O dentista e o paciente conseguem realizar o paciente, sem grandes dificuldades. Proporciona uma visão mais ampla nas radiografias oclusais. Isso faz com que os problemas dos pacientes sejam diagnosticados mais facilmente e os melhores tratamentos propostos. Desvantagens: A possibilidade do paciente ficar com um leve quadro de trismo, ou seja, ter dificuldade para abrir a boca. O trismo acontece quando há uma contração prolongada dos músculos da mastigação, com uma abertura da boca maior do que 3 cm. Se isso acontecer com o paciente, em casos mais graves, ele pode ter que fazer um tratamento com medicamentos analgésicos, anti-inflamatórios ou relaxantes. Em alguns casos, o paciente também pode sentir náusea ao realizar o exame, por conta da posição em que precisa permanecer. Poucos minutos após retomar à um ponto confortável, no entanto, isso deixa de acontecer. Método de Le master O método de Le Master tem o objetivo de dissociar as imagens, solucionando os possíveis inconvenientes que são encontrados em metodologias como a da bissetriz e a do paralelismo. Dessa forma, o método de Le Master permite que sejam observados os objetos que se encontravam sobrepostos e com maior ou menor grau de distorção. A técnica de Le Master recebe esse nome em homenagem ao cientista que a desenvolveu, em 1924. Indicações O método de Le Master tem o intuito de facilitar a visualização das raízes dos molares superiores, anteriormente sobrepostas pelo processo zigomático da maxila. De tal maneira, os dentistas devem aplicar o método de Le Master em seus pacientes, sempre que tiverem dificuldade em visualizar as raízes dos molares superiores em metodologias comuns. 9 Além disso, alguns pesquisadores também relatam que a técnica de Le Master pode ser aplicada nos seguintes casos: ● eliminação de sobreposições das imagens do processo zigomático da maxila e a região dos periápices dos molares superiores; ● determinação da presença de lesões nas regiões periapicais dos molares superiores; ● evidenciação dos limites radiculares quando do tratamento endodôntico; ● observação dos resultados de cirurgia paraendodôntica e obturação retrógrada; ● localização de raízes residuais dos molares superiores. Aplicação do método Para aplicar o método de Le Master, inicialmente, deve-se colocar um rolete de algodão na parte inferior da película. A fixação deve ser realizada com uma fita adesiva transparente. No que se refere à posição da cabeça do paciente, é preciso manter a linha asa do nariz, com o tragus auditivo na horizontal e PSM perpendicular ao solo. Ao colocar o filme, deve-se ter o cuidado de deixar a película centralizada no dente a ser radiografado. Para ter um marco de referência, deve-se observar se a faixa central incide sobre o dente a ser radiografado, abaixo da linha asa tragus, de forma a passar pelo osso zigomático. O ângulo vertical deve ter de 15º a 20º e o ângulo horizontal deve incidir paralelo às faces proximais dos molares. vantagens e desvantagens Vantagem: Pode-se observar melhor as áreas de determinados ângulos, identificando mais facilmente os motivos das queixas dos pacientes. Desvantagem: Caso o ângulo não seja posicionado de forma perfeita, poderá haver um alongamento das raízes nas imagens. Nesse caso, muitas vezes, se torna necessário refazer o exame. Periapicopatias Características do periodonto normal. O periodonto (peri = em torno de; odonto = dente) compreende os seguintes tecidos: As funções dos tecidos das região periapical são as seguintes: sustentação, inserção, nutritiva, nervosa e defesa. Os tecidos periapicais, ao contrário do pulpar, apresentam condições muito satisfatórias que favorecem o reparo de sua saúde. Todas as lesões periapicais de origem pulpar, aparentemente são irreversíveis sem tratamento endodôntico. A necrose da área apical pode ser reversível com o tratamento, em virtude de possibilitar abundante circulação colateral. Se a fonte de irritação periapical for removida por meio de um bom tratamento endodôntico, existe potencial para a recuperação apical completa. A região periapical é constituída de estruturas que apresentam íntimas relações entre si, tais como o ápice radicular, ligamento periodontal apical e osso alveolar. Ao examinar uma radiografia, o operador deve observar se o ápice do dente apresenta-se nas seguintes condições: 10 https://brlaudos.com.br/escolher-filme-radiografico/ ● Completamente formado ● Incompletamente formado ● Afilado ● Truncado ● Reabsorvido ● Espessado (cemento). Causas das alterações periapicais ● Infecção da polpa dental causada por cárie dental ● Trauma. ● Agentes químicos irritantes. Pericementite apical aguda ou Periodontite apical aguda. A pericementite apical aguda é uma inflamação aguda dos tecidos situados ao redor do ápice radicular de um dente. Etiologia: ● Traumática ● Irritantes químicos ● Microrganismos. Traumáticos: Os fatores traumáticos são comuns, principalmente em quedas, pancadas e acidentes com bicicletas, automóveis e em piscinas. Os acidentes são mais comuns do que se imagina. Manobras operatórias iatrogênicas: ● Restaurações com excesso na oclusal, dificultando os movimentos mastigatórios, principalmente os de lateralidade ● Separação abrupta dos dentes. ● Uso de alavancas durante a extração de um dente, pois o cirurgião descuidado pode usar o dente vizinho como apoio. ● Sobreinstrumentação e sobreobturação de canais radiculares. Químicos: ● Uso de substâncias químicas irritantes por si só ou por ação de seus vapores, quando ultrapassa o forame apical. ● Produtos tóxicos da degradação proteica. Esses produtos podem ser levados ao ápice por meio de instrumentos usados de modo incorreto no canal radicular necrosado. Microbianas: As bactérias e suas toxinas atravessam o ápice e atingem o espaço periodontal. Nos casos de pericementite ocasionada por traumas, tanto a polpa dental como o tecido periodontal podem estar estéreis e, assim, a remoção do trauma pode levar à cura. A ação de irritantes químicos também pode apresentar tecido periodontal estéril. O irritante deve ser removido, quando possível, por meio da remoção do curativo colocado e irrigação do canal radicular com uma solução que não irrite o periodonto apical, por exemplo, a água destilada ou soro fisiológico. Observar atentamente o comprimento de trabalho, durante a instrumentaçãodo canal radicular, porque a sobreinstrumentação pode ocasionar pericementite traumática e provocar desconforto ao paciente. Quadro clínico: ● Dor contínua. ● Quase sempre pulsátil ● Mobilidade dental ● Sensibilidade à percussão ● Às vezes pode ocorrer sensibilidade à palpação na área de mucosa . 11 ● A radiografia pode mostrar estruturas apicais normais nos dentes polpados. O espessamento do ligamento periodontal ou área de rarefação apical pode ser vista nos casos de dentes despolpados. Por meio da incidência radiográfica periapical observamos a presença de lâmina dura (setas) e aumento de espaço pericementário (círculos) no dente 25, o que pode caracterizar clinicamente como pericementite. Tratamento ● Determinar e eliminar a causa em dentes polpados. ● Realizar o tratamento endodôntico nos casos de dentes despolpados. O prognóstico será favorável ao dente e à polpa nos casos de pericementite traumática, desde que o trauma seja retirado nas primeiras 48 horas. Quando há necessidade de tratamento endodôntico o prognóstico será favorável ao dente. Granuloma Apical O granuloma apical é uma massa de reação de granulação (tecido conjuntivo neoformado com inflamação crônica), localizado ao redor do ápice radicular. O granuloma surge em resposta a estímulo nocivo de baixa intensidade, proveniente do canal radicular. O granuloma constitui-se morfologicamente de fibroblastos, macrófagos, capilares, fibras colágenas e substância fundamental. O granuloma possui excelente capacidade de regeneração e rapidamente se converte em tecido periapical normal, quando o irritante é removido, ou seja, o canal radicular é tratado. Os granulomas apresentam-se em maior incidência do que os cistos. Quadro clínico: ● O granuloma apical é quase sempre assintomático. ● O dente afetado não responde aos testes de vitalidade. ● Radiograficamente o granuloma é uma rarefação apical circunscrita com forma oval ou circular. Ainda não foi possível realizar diagnóstico radiográfico diferencial entre cisto e granuloma Só o exame histopatológico é capaz de dar um diagnóstico com segurança. Radiograficamente o granuloma é caracterizado por uma imagem radiolúcida oval ou arredondada. Os contornos são bem delimitados localizado no ápice da raiz de um dente. Tratamento Tratamento do canal radicular 12 Cisto O cisto apical classifica-se entre os cistos de origem dental. Quanto à localização eles podem ser apical, lateral, inter-radicular e residual. A maneira exata de formação do cisto apical é ainda desconhecida. O cisto apical se origina após a mortificação pulpar, pela estimulação dos remanescentes de células epiteliais localizadas no periápice. A reação inicial típica de formação do cisto apical é a proliferação do epitélio contido no granuloma apical. Quadro clínico: ● O cisto apical é assintomático. ● O dente afetado não responde aos testes de vitalidade pulpar. Cisto periapical residual ( fonte: neville,2016) Abscesso Apical O abscesso apical ou periapical é uma coleção purulenta circunscrita envolvendo os tecidos que circundam a porção apical de um dente. No que diz respeito à sua evolução o abscesso pode ser: Agudo e Crônico Abscesso Alveolar Agudo (AAA) Por definição, o abscesso apical agudo (AAA) é um processo inflamatório agudo, caracterizado pela formação de pus, que afeta os tecidos que envolvem a região apical. tem evolução rápida e causa dor violenta. Causas O abscesso apical agudo pode ser causado por agentes físicos, químicos e microbianos, que são responsáveis por alterações inflamatórias irreversíveis do órgão pulpar, com posterior infecção. Os microrganismos que causam a infecção pulpar podem passar do interior do canal radicular para o periápice e causar o AAA O Abscesso apical agudo pode ser causado pelo dentista, que por meio de movimentos inadequados, nos casos de penetração desinfetante, provoca extrusão de materiais tóxicos e microrganismos para a região apical. Além disso, o AAA pode desenvolver-se como sequência de uma pericementite apical aguda ou, ainda, de uma rarefação apical crônica, como o granuloma dental e o abscesso apical crônico. Quando o abscesso alveolar agudo se desenvolve a partir da exacerbação de um granuloma apical ou de um abscesso apical crônico, recebe o nome de Abscesso Fênix (o que ressurgiu). Quando em um caso clínico de AAA, a radiografia mostra uma grande área de rarefação apical, estamos diante de um Abscesso Fênix, porque o abscesso apical agudo não provoca, de imediato, área de rarefação. Quadro clínico: ● A dor e o mal estar provocado pelo abscesso apical agudo tem aumento progressivo e rápido com características de um processo inflamatório agudo na região do periápice. 13 ● A dor é acentuada, pulsátil com formação de pus, dando sensação de pressão na área. ● Pode estar presente uma tumefação no fundo do vestíbulo e mobilidade dental. ● Sensibilidade extrema à percussão e à palpação. ● Os dentes vizinhos podem, também, apresentar-se sensíveis à percussão, porém com vitalidade pulpar. ● O dente pode apresentar resposta positiva ao calor, pois este agente físico pode provocar expansão de gases. ● A radiografia pode apresentar aspecto normal da área apical ou mostrar um ligeiro espessamento da lâmina dura. Quando uma área de rarefação está presente, pode-se dizer que ocorreu a agudização de um processo crônico (Abscesso Fênix). ● Quando o abscesso apical agudo está confinado na região apical, as manifestações de ordem geral nem sempre são severas, porém podem estar presentes: bacteremia transitória, linfadenite regional e elevação da temperatura corporal. ● O pus presente na região periapical (fase intra óssea) se não drenado pelo canal, procura o caminho de menor resistência para exteriorizar-se. Enquanto o pus procura local de escape, ocorre aumento de pressão sobre o perecimento, provocando dor exacerbada. O pus, se não drenar pelo canal ou pelo ligamento periodontal, procura perfurar o osso cortical e se acumula sob o periósteo (fase sub periostal). A seguir passa para a fase submucosa e forma a fístula. ● Exteriorizando o abscesso, a dor severa fica bem atenuada e pode mesmo desaparecer, em virtude do alívio da pressão. Casos de exteriorização do abscesso agudo pela superfície cutânea, pode ocorrer fístula cutânea. Algumas vezes pode ocorrer drenagem via seio do maxilar, quando o processo patológico envolve os dentes superiores posteriores. Também pode-se verificar drenagem do abscesso na cavidade nasal, quando oriundos de dentes superiores anteriores. O abscesso apical agudo deriva de uma infecção na cavidade pulpar e o abscesso periodontal, desenvolve-se via bolsa periodontal. Nos casos de abscesso periodontal e abscesso gengival o dente pode apresentar-se com vitalidade pulpar. Tratamento Como em todo abscesso, o tratamento do Abscesso Apical Agudo, consiste em estabelecer uma drenagem oportuna e eliminar a causa. Se o paciente apresentar febre ou perturbações tóxicas, deve-se administrar antibióticos apropriados para atingir um nível sanguíneo alto e rápido. Caso o paciente não seja alérgico, indica-se penicilina. Caso contrário, eritromicina. A drenagem deve ser procurada para que se possa resolver o processo mais rapidamente possível. esta drenagem pode ser feita via canal, via ligamento periodontal, trepanação apical e incisão. Na fase inicial do abscesso, o acesso à cavidade pulpar e ou trepanação periapical para permitir a 14 saída do exsudato será suficiente para aliviar a dor do paciente, na maioria dos casos. Abscesso Crônico O abscesso apical crônico também é conhecido como: Abscesso Periapical Crônico e Periodontite Supurativa Crônica. Causas ● Agentes físicos ● Químicos ● Microbianos de baixa intensidade e associados com infecção. Quadro clínico: ● O abscesso crônico não apresenta sintomatologia. ● Ele é detectado pelo exame radiográfico de rotina. ● Quando ele apresenta-secom fístula, é detectado pelo exame de inspeção. Tratamento Tratamento do canal radicular do dente em questão. 15 http://www.forp.usp.br/restauradora/abscesso.JPG
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