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Medicina nove de julho – 3° semestre @ray.medd É a não resposta imunológica aos autoantígenos. Existem mecanismos que impedem a resposta imune aos autoantígenos. Tais mecanismo são cruciais para determinar a capacidade de separar os antígenos próprios e não próprios (microbianos). Se esse mecanismo falha, o sistema imune pode atacar as células e os tecidos do próprio individuo, configurando, assim, a autoimunidade. - Exposição do sistema imunológico a um antígeno: resposta imunológica – ativação celular – imunógenos (microrganismos) ausência de resposta – tolerância – tolerógenos (antígenos próprios ) *O que devemos tolerar? A tolerância aos antígenos próprios, ou seja, auto tolerância é uma propriedade fundamental ao sistema imune normal. Linfócitos que reconhecem antígenos próprios são destruídos (apoptose); inativados/anergia (irresponsivo); mudam de especificidade. Falha na tolerância imunológica O sistema imunológico tem mecanismos que previnem as respostas imunológicas a antígenos próprios → falha na tolerância → Sistema imunológico ataca as células e tecidos do indivíduo (doença autoimune) Os linfócitos aprendem na maturação, através dos receptores TCR e BCR, a distinguir o próprio (organismo não estranho) e o não próprio (organismo estranho). Os mesmos segmentos gênicos do receptor antigênico, que se recombinam, são expressos pelos linfócitos. As especificidades dos receptores são aleatórias e não são influenciadas pelo que é próprio ou não. Os mecanismos de tolerância eliminam ou inativam linfócitos que expressam receptores de alta afinidade para autoantígenos. Tolerância central Acontece durante a geração dos linfócitos no timo (linfócito T) e medula óssea (linfócito B). Durante a maturação dos linfoides nos órgãos linfoides primários (medula óssea para LB e timo para LT), todos os linfócitos passam por uma etapa de reconhecimento de antígenos próprios: seleção positiva/negativa. Tolerância periférica Acontece ao longo da vida nos órgãos secundários (baço e linfonodos); linfócitos maduros. *OBS: na tolerância central, alguns linfócitos auto reativos podem completar sua maturação e entrar nos tecidos periféricos. Já na tolerância periférica, onde os linfócitos já estão maduros, os linfócitos auto reativos podem ser inativados ou deletados ao encontrar autoantígenos ou também serem Medicina nove de julho – 3° semestre @ray.medd suprimidos pelas células T reguladoras (Treg). Isso faz com que não haja uma autoimunidade no organismo. Mecanismos de tolerância Educação tímica: “testes”, “seleções” que os linfócitos T passam para aprender o reconhecimento de antígenos. Eles NUNCA devem reconhecer antígenos próprios. A educação tímica deve começar durante a maturação dos linfócitos (tolerância central) e continuar por toda vida dele (tolerância periférica). Tolerância dos linfócitos T é um mecanismo para prevenir a resposta imunológica contra antígenos proteicos. Tolerância central do linfócito T Morte de células T imaturas (seleção negativa) e geração de células T reguladoras CD4. Mecanismo de seleção negativa: se um linfócito que não completou sua maturação interagir fortemente com um autoantígeno, esse linfócito receberá sinais que desencadeiam sua apoptose. Desse modo, a célula auto reativa morre antes de se tornar funcionalmente competente. *OBS: MHC I – TCD8 e MCH II – TCD4 *OBS: algumas células TCD4+ imaturas, que reconhecem autoantígenos com alta afinidade no timo (tecido central), não morrem, mas se transformam em células T reguladoras e entram nos tecidos periféricos. *****Síndrome poliendócrina autoimune: vários antígenos teciduais deixam de ser expressos no timo porque está ausente a proteína AIRE funcional, de modo que as células T imaturas, especificas para estes antígenos, não são eliminadas e nem se transformam em células T reguladoras. Quando estas células amadurecem em células T funcionalmente competentes, entram no sistema imune periférico e são capazes de reagir de maneira prejudicial contra os antígenos restritos ao tecido, expressos normal em tecidos periféricos apropriados, mesmo na ausência de AIRE. Portanto, as células T especificas para estes antígenos emergem do timo, encontram os antígenos nos tecidos periféricos e atacam os tecidos, causando a doença. Tolerância periférica do linfócito T Induzida quando células T maduras reconhecem autoantígenos em tecidos periféricos, levando a sua inativação funcional (anergia) ou morte (apoptose), ou quando os linfócitos auto reativos são suprimidos por células T reguladoras. *OBS: células T reguladoras (Treg) são linfócitos que regulam outros → Respostas normais: → Mecanismo de tolerância periférica: Medicina nove de julho – 3° semestre @ray.medd 1. Anergia - Não resposta funcional de longa duração induzida quando estas células reconhecem autoantígenos. - Há o processo de atuação de receptores inibitórios, fazendo com que as células não reconheçam mais nenhum tipo de antígeno (nem o próprio nem o estranho), perdendo sua funcionalidade. *OBS: uma das aplicações terapêuticas mais impressionantes do nosso entendimento sobre esses receptores de inibição é o tratamento de pacientes com câncer com o uso de anticorpos que bloqueiam esses receptores. Tal tratamento induz respostas imunes antitumorais mais fortes e regressão do tumor. Essa terapia foi denominada de BLOQUEIO DE PONTOS DE CONTROLE. 2. Supressão As células T reguladoras desenvolvem-se no timo, ou tem tecidos periféricos, em decorrência do reconhecimento de autoantígenos e suprimem a ativação de linfócitos potencialmente nocivos, específicos para esses autoantígenos. 3. Deleção Apoptose de linfócitos maduros O reconhecimento de autoantígenos pode desencadear vias de apoptose que resultam na eliminação (deleção) de linfócitos auto reativos. Tolerância central do linfócito B Quando linfócitos B imaturos interagem fortemente com antígenos na medula óssea, as células B podem alterar a especificidade de seus receptores (edição do receptor) ou são mortas (deleção). - Edição do receptor: há mudanças na especifidade dos receptores, com expressão de IgM em cadeia leves e pesadas. Isso faz com que reduza a probabilidade de células B auto reativas, potencialmente prejudiciais, deixarem a medula. - Deleção: quando a edição falha, as células B imaturas, que reconhecem fortemente os autoantígenos, recebem sinais de morte e morrem por apoptose. Medicina nove de julho – 3° semestre @ray.medd Tolerância periférica do linfócito B Os linfócitos B maduros, que encontram os autoantígenos em tecidos linfoides periféricos, tornam-se incapazes de responder a estes antígenos. Observações importantes sobre a tolerância imunológica: - Tolerância a microrganismos comensais nos intestinos e na pele: os linfócitos maduros, nestes tecidos, são capazes de reconhecer os organismos, mas não reagem contra eles, de maneira que os microrganismos não são eliminados. - Tolerância a antígenos fetais: a evolução da formação da placenta em mamíferos eutérios permitiu a maturação do feto antes do nascimento, mas criou problema de que os antígenos paternos expressos no feto, os quais são estranhos para a mãe, necessitam ser tolerados pelo sistema imune da gestante. Um dos mecanismos dessa tolerância é a geração de células T reguladoras FoxP3+ periféricas especificas para estes antígenos paternos.
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