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1 CEFALÉIA Nicoly Guimarães 71D INTRODUÇÃO - Incidência da cefaleia • 50% no último ano • >90% ao longo da vida • Cerca de 18% da população possui enxaqueca (mulheres 2-3 vezes mais que os homens) • 52% possuem crises esporádicas de cefaleia tensional (mulheres = homens) • 3% da população possui cefaleia crônica (> 15 dias por mês) • Causas secundárias comuns: sinusite, meningite, lesão expansiva, hemorragia intracraniana, trauma, crise hipertensiva. - Prevalência da cefaleia • Ambulatório de clínica: 3ª queixa mais frequente (10,3%) • Unidades de saúde: 9,3% das consultas não agendadas • Ambulatórios de neurologia: motivo mais frequente de consulta • Unidades de emergia: 4,5% dos atendimentos – 4º motivo mais frequente de consulta - Manejo clínico no pronto atendimento • Alívio da dor • Excluir cefaleias secundárias • Orientar o tratamento em domicílio (após a alta) - Cefaleia primária ou secundária • Primária: não há sinais de alerta, início não é súbito ou aos esforços (tem precedentes), exame neurológico normal (não precisa TC) e melhora → enxaqueca ou migrânea, cefaleia do tipo tensional, cefaleia em salvas. • Secundária: há sinais de alerta (SNOOP) → deve-se investigar a etiologia, conforme a forma, quando começou, evolução: CEFALEIAS PRIMÁRIAS → Enxaqueca ou migrânea Epidemiologia • No Brasil a prevalência é de 15,8% • 22% mulheres e 9% homens. Pico de prevalência: 30 e 50 anos • Enxaqueca sem aura (75% dos casos) • Enxaqueca com aura (25% dos casos) Características • Características clássicas são mais presentes em pacientes não tratados, no inicio do diagnóstico. • Se a pessoa não estiver descontrolada, a enxaqueca aparece por gatilho, como privação de sono, jejum prolongado e estado adrenérgico. Diagnóstico (não necessariamente tem todos) - Pelo menos 5 crises /duração 4 a 72h: se paciente recorrente tira caráter secundário. - Pelos menos 2 desses 4: dor unilateral, pulsátil, de intensidade moderada a intensa, piora com ativi . física o Fora da crise o exercício físico é profilático. - Pelo menos 1 desses 2: náusea e/ou vomito e foto e/ou fonofobia - Sintomas premonitório: irritabilidade, raciocínio e memorização mais lentos, desanimo, avidez por alguns tipos de alimentos. 2 CEFALÉIA Nicoly Guimarães 71D - Aurea: • Desenvolvimento gradual ao longo de 5 minutos e duração de até 60 minutos (se mais faz TC) – pode ter sintomas com essa duração e não ser áurea. • Típica: Distúrbio visual (pontos fosfenos) • Perda ou distorção de um dos hemicampos visuais ou parte deles • Às vezes associam-se a parestesia unilateral e/ou disfasia • Tipo de aurea e sua recorrência influencia a gravidade. Tratamento - Melhor dar um medicamento mais forte - Pela diretriz: primeiro antihemético, depois dipirona. - Na prática • 1º dipirona venosa • 2º antiinflamatório → cetoprofeno (100mg) o Naproxeno (500mg) e ibuprofeno (600mg) – dar a dose máxima deles. • 3º triptanos → Sumatriptana (6mg) o são vasoconstritores seletivos cerebrais (é específico para enxaqueca). o É seguro usar nas áureas simples, mas nas áureas complexas pode ser perigoso. o Se associado ao anti-inflamatório aumenta a potência. • 4º corticoides → dexametasona (10mg) o muito potente, usado principalmente para quem faz abuso de analgésicos. o Se a pessoa tem histórico de resistência a esse tratamento, já faz de uma vez: dipirona, cetoprofeno e dexametasona. • 5º neuroléptico → clopormazina o monitora paciente, porque é sedativo e dá muito efeito colateral (hipotensão postural e sintomas extrapiramidais. o Se persiste aqui interna p/ tratamento contínuo e faz profilaxia ou investiga causa secundária. - A dor da enxaqueca é inflamatória, então opioide não é eficaz, podendo piorar os sintomas por fazer feedback negativo para endorfina e pipipipopopo. - Cafeína: tem efeito analgésico, mas dá muito rebote. Complicações - Estado migranoso: enxaqueca persistente, durando mais de 72h, volta com intervalos menores que 12h, deve fazer analgesia venosa fixa e depois faz profilaxia. - Infarto migranoso: AVC relacionado a áurea, os sintomas dela duram por mais de 60 minutos e são associados a um infarto demonstrado no exame de neuroimagem. • problema de saúde pública → quando paciente faz abuso de analgésico, gera feedback negativo e o cérebro entende que não precisa fazer a analgesia endógena, porque está vindo de fora → dependente de analgésico, diminui sensibilidade para ele → dor cronifica. - Migrânea crônica: Aumento da frequência das crises até tornarem-se diárias ou quase diárias (maior 15 dias por mês por mais de 3 meses). Fatores de risco: fatores emocionais, estresse, doenças psiquiátricas e abuso de analgésicos → Cefaleia do tipo tensional Epidemiologia • entre as primárias é a mais frequente • pico de prevalência: 4ª década de vida • relaciona-se com estresse físico, muscular ou emocional, sedentarismo Diagnóstico 3 CEFALÉIA Nicoly Guimarães 71D - Pelo menos 10 crises (na prática só não diz que é tensional se for a primeira vez que teve, pq vai analisar ainda. Fazer exame neurológico todas as vezes, mesmo que tenha todas as características de tensional) - Duração de 30 minutos a 7 dias - Pelo menos 2 de 4: dor bilateral, pressão ou aperto (não pulsátil), dor leve a moderada e não piora com atividade física. - Ter ambos os seguintes itens: ausência de náusea e/ou vomito; fotofobia e/ou fonofobia; não atribuível a outras causas. Tratamento - Não usa endovenoso, porque não é possível destravar toda a musculatura de uma vez - Escolhe analgesia mais leve, por período maior (analgésicos comuns/ anti-inflamatório) - Não tem relaxante muscular para tratar → o cérebro reconhece naturalmente quando precisa relaxar a musculatura, se relaxa por meios externos dá problema no feedback (risco de abuso e rebote) - Medidas não farmacológicas para dor → massoterapia (além da endofirna, tem relaxamento manual do músculo) ** ex.: entra no critério da tensional, mas tem fotofobia e náusea: enxaqueca que se transformou em cefaleia mista por abuso de analgésico → Cefaleia em salvas Epidemiologia • acomete 1 a cada 1000 indivíduos • 85% homens • Maior frequência entre 30-50 anos. Diagnóstico - Frequência de 1 crise a cada 2 dias a 8 crises por dia - Sensação de inquietude ou agitação - Dor muito forte, unilateral, orbitária, supraorbitária e/ou temporal, com duração de 15 a 180 minutos se não tratada. - É acompanhada de pelo menos 1 desses: • Injeção conjuntival ipsilateral e/ou lacrimejamento • Congestão nasal e/ou rinorreia • Edema palpebral ipsilateral • Miose e/ou ptose ipsilateral • Sudorese frontal e facial ipsilateral Tratamento - Oxigenoterapia: paciente sentado, levemente debruçado para a frente + O2 a 100% em máscara sem recirculação 10 – 12 l/min por 20 min → tempo de ação do oxigênio é curto. • hipóxia → vasodilatação → ↓ [ ] O2 por ml → chega mais sangue. • ↑ [ ] O2 → vasoconstrição - Triptanos (Sumatriptana 6mg subcutâneo) tem efeito direto por ser vasoconstritor seletivo cerebral (1ª opção quando tem) – eles evitam rebote. • Agonista serotoninérgicos: serotonina modula receptores nociceptivos (?) • Evitar sumatriptana se uso prévio de vasoconstritor - Analgésicos comuns e opioides são ineficazes e não devem ser utilizados - Profilaxia na salva é muito individual, podendo usar antiinflamatórios. 4 CEFALÉIA Nicoly Guimarães 71D CEFALEIAS SECUNDÁRIAS - SNOOP (sinais de alerta para cefaleiasecundária) • Systemic: Sinais sistêmicos, ex.: toxemia, rigidez de nuca (meníngeos), rash cutâneo, portadores de neoplasias ou HIV, usuários de imunossupressores. • Neurologic: Presença de déficit neurológicos focais, edema de papila, convulsão • Older: Cefaleia que iniciou após os 50 anos • Onset: Cefaleia de início súbito ou primeira cefaleia • Pattern: Mudança de padrão de cefaleia prévia ou cefaleia progressiva (intensidade, frequência ou duração) ou cefaleia refratária → Aguda emergente Sem febre Avaliação neurológica → principal suspeita são síndrome hemorrágicas ou de hipertensão cerebral aguda • Acidente Vascular Encefálico • Hemorragia intraparenquimatosa (HIP) • Hemorragia subaracnóidea espontânea (HSAE) • Hidrocefalia aguda: cérebro produz, por dia, 3x mais líquor do que a quantidade que temos, se tiver qualquer obstrução o problema é rápido • Trombose venosa cerebral: etiologia aguda, mas pode levar a hipertensão de forma gradual. Com febre - Com sinais de alerta • Avaliação neurológica (tem alteração no exame) • Infecções do SNC: meningite (↑mortalidade) encefalite, abcesso cerebral, empiema - Sem sinais de alerta • Avaliação neurológica normal (não faz TC, etc) • Tratamento sintomático e/ou antibióticos • Infecções sistêmicas: resfriado, gripe, dengue, sinusite → Crônica Progressiva - Evolui gradualmente até levar a pessoal ao PS - Pensar em síndromes expansivas → hematomas, tumores, cefaleias pós trauma, • hipertensão intracraniana idiopática: aumento de liquor no interstício, não dá pra ver no exame de imagem. Só vê no fundo de olho (se não souber fazer, faz TC antes de tirar liquor) • meningites crônicas, idiopática e fúngicas Não progressiva - Normalmente por abuso de analgésicos → tem que parar • prednisona traz alívio da dor sem mecanismo de retroalimentação, mas não pode usar só ele. • Faz tratamento profilático, ajustando dose, usa corticoide • Tricíclicos, propiramato também pode ser usado na profilaxia 5 CEFALÉIA Nicoly Guimarães 71D HEMORRAGIA SUBARACNOIDEA Epidemiologia • Alta taxa de mortalidade o 32 a 67% (média 51%) o 10% antes de chegar ao hospital e 45% em 30 dias • Elevado índice de sequelas neurológicas • 30.000 casos/ano nos EUA3 • Aneurisma sacular – maior causa Aneurismas - Faz bolha em artéria que ainda não entrou no cérebro, normalm. na bifurcação (polígno de Willis) - É uma meningite química: sangue fica em contato com a meninge, na região perivascular onde tem receptor de dor. Essa pode ser parecida com a enxaqueca (exames de rigidez de nuca e neurológico geraç) → por ter babisnki e alteração de sensibilidade. 6 CEFALÉIA Nicoly Guimarães 71D - Aneurisma sacular: seu colo é estreito e pressão intraneurisma é alta, de forma que o coagulo não tem risco de sair e causar AVCi. • Não trata de forma endógena, porque em alguma área central o fluxo de sangue é muito grande. Diagnóstico - Cefaleia súbita → pior dor da vida (pra quem tem enxaqueca pode não ser). - Pode ter convulsões, perda de consciência, náuseas e vômitos: sangue em contato com o córtex, gera irritação cortical. - Rigidez de nuca pode demorar horas para se instalar → se é a pior dor da vida, sem precedentes, mesmo sem rigidez faz TC. Exames - TC de crânio: sensibilidade de 92% nas primeiras 24h → só mostra sangue agudo. - RNM: mais sensível, ver sangue mais fácil • Hemossiderina fica visível, então é difícil saber se é agudo ou crônico. - Angio-RNM e angio-TC: para depois de 24h. - Punção lombar: avaliação pela cor do liquor. • Se parou de sangrar, houve coagulação local. A pressão fora no aneuro é maior ou igual a de dentro. Se a de dentro for maior que a de fora, o sangue sai. o Se faz a punção, diminui a pressão liquórica → aumenta risco de ter sangramento. - Arteriografia: padrão ouro (quando acha aneurisma faz para avaliar tamanho) • <3mm: quase nunca tratado, por risco de sangramento baixo • Entre 3-5mm: depende de localização, característica do aneurisma, idade do paciente. • >5mm: sempre trata a não se r que tenha contra-indicação • > 7mm: risco de sangramento é alto • > 10mm: chamado de aneurisma gigante. Evolução: diagnóstico precoce: pequeno sangramento que estabilizou gera cefaleia sentinela → alerta para tratar. Tratamento - Cirúrgico: angioplastia ou cirurgia aberta → depende da localização do aneurisma. • Deve-se operar nas primeiras 48h para evitar vasoespasmo. Suporte intensivo - Prevenção do vasoespasmo: sangue extravasado causa reação inflamatória perivascular (polígono de Willis), causando vasoespasmo → fecha os outros vasos, prejudicando a circulação cerebral (AVCi) • Vaso dilatar, monitorar PA (tem que aumentar, para ir mais sangue para o vaso) – medicamento seletivo para circulação cerebral Nimodipina • Acontece cerca de 4 dias pós sangramento. • Se entra em vasoespasmo com o aneurisma sem resolver, pode fazê-lo sangrar. • Exame para monitorar vasoespasmo: doppler transcraniano (olha velocidade do sangue no vaso) • Se o paciente tiver hipertenso e mesmo assim em vasoespasmo, faz arteriografia para colocar vasodilatador no local. Se for bem localizado pode colocar stent 7 CEFALÉIA Nicoly Guimarães 71D Sangue é hiperdenso e está presente no espaço subaracnóideo. Aqui tem sangue dos dois lados (nas cisternas silvianas) e inter- hemisféricos. Sangue dos dois lados sugere sangramento em linha média. A angio mostra que é na bifurcação da cerebral média com a cerebral anterior.
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