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HOBSBAWM, Eric. A era dos extremos- O breve século XX

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Universidade de Brasília
Faculdade de Administração, Contabilidade, Economia e Gestão de Políticas Públicas - FACE
Disciplina de História Econômica Geral
Professor(es): Jales Dantas da Costa
Aluno: Pedro Teixeira Cardoso (17/0051366)
HOBSBAWM, Eric. Rumo ao abismo econômico. Em: HOBSBAWM, Eric. A era dos
extremos: O breve século XX 1914-1991. Rio de Janeiro : Comp. das Letras, 2001, p.90-112.
______. Os anos dourados. Em: HOBSBAWM, Eric. A era dos extremos: O breve século XX
1914-1991. 2° ed. Rio de Janeiro : Companhia das Letras, 2001, p.253-281.
______. As décadas de crise. Em: HOBSBAWM, Eric. A era dos extremos: O breve século
XX 1914-1991. 2° ed. Rio de Janeiro : Companhia das Letras, 2001, p.393-420.
Começamos com o período da grande depressão de 1929 e suas consequências
econômicas e sociais. Este seria o evento definidor que determinaria os acontecimentos
seguintes, e tentar entendê-los sem antes analisar o impacto do colapso econômico. sem ele é
muito improvável que houvesse Roosevelt, Hitler, ou o sistema soviético como uma
alternativa viável ao capitalismo mundial. No período entre guerras a economia capitalista
aparentemente desmoronou, e não havia uma forma clara de como recuperá-la. Pela primeira
vez na história do capitalismo suas flutuações apresentavam um risco para o sistema como
um todo, e “a curva secular de subida parecia interromper-se”. (p.92)
Em um âmbito maior do período que Hobsbawm se refere como “Era de Catástrofe",
estendendo-se de 1914 a 1924, o avanço técnico continua a avançar e até se acelerou devido
às guerras mundiais. Embora em um âmbito individual as consequências tenham sido
cataclísmicas, o crescimento econômico apenas diminuiu de ritmo. Há uma estagnação ou até
regressão, no âmbito migratório, da globalização.
A queda da Bolsa de Nova York foi equivalente a um colapso da economia global, em
que a queda de um de seus indicadores econômicos reforçava a queda dos outros, em um
aparente ciclo vicioso. A recessão da economia industrial norte-americana contaminou a
Alemanha, outro núcleo econômico. Nas nações houve uma crise na produção básica de
alimentos e matérias-primas, deixando prostradas aquelas que dependiam do peso da
importação de poucos produtos primários. Os efeitos também podiam ser sentidos pelos
agricultores, dependentes do mercado e sobretudo o de exportação, a menos que pudessem
recuar para a produção de subsistência. Também pelos assalariados, devido o desemprego em
escala nunca antes visto e a seguridade social parca se não nula.
Havia uma ausência de soluções, além das soluções precárias baseadas na velha
economia liberal. Pela primeira vez os governos são obrigados a priorizar questões sociais
antes das econômicas, sendo implícito o perigo de não o fazê-lo: a radicalização, seja para a
esquerda ou, como no caso da Alemanha, para direita. No âmbito da proteção da agricultura,
as medidas não se limitavam a maiores tarifas protecionistas, também à subsidiária,
comprando seus excedentes, ou até pagando aos agricultores para não produzir. Já a luta
contra o desemprego se torna “a pedra fundamental da política econômica nos países de
capitalismo democratico reformado”. (p.99) Uma nota é feita sobre o caso da USSR, que
aparentemente passará ilesa da situação, com sua produção industrial crescendo em enormes
proporções.
Mas por que a economia capitalista falhou no entreguerras? A resposta está nos EUA
e, em menor parte, as perturbações nos países beligerantes da Europa. Simplesmente, ao fim
da primeira guerra, os EUA já eram uma economia internacionalmente dominante. Não
apenas como maior produtor industrial, mas como maior credor. Eles eram tanto entre os
maiores exportadores como entre os maiores importadores. No caso europeu chama atenção
os pagamentos impostos a Alemanha como “reparações” que em muito alimentou o
nacionalismo alemão. Pode-se ver a segunda guerra mundial como um resultado direto da
grande depressão. Seus efeitos foram globais, e iam muito além de seu impacto em curto caso.
A ortodoxia liberal estava desacreditada, estava morta a esperança de retomar a economia e
sociedade do longo século XIX. As opções que surgiram como competidoras na luta pela
hegemonia eram o comunismo marxista, o capitalismo reformado, e o fascismo.
Passamos então para o período após a segunda guerra mundial. Hobsbawm chama este
período de “Era de Ouro” devido à fase excepcional da história do capitalismo que se passou
no mundo, em particular o mundo capitalista desenvolvido. Essa, entretanto, é uma visão
tardia quanto ao período. Isso se deve a uma série de fatores, entre eles: o comportamento
econômico dos EUA que fez este crescimento não ser tão impressionante quanto em relação
aos seus outros períodos de desenvolvimento; a prioridade dos japoneses e europeus em se
recuperar da guerra, voltando para um nível de desenvolvimento como o do pré-guerra; o
crescimento ser generalizado. Estes anos dourados foram dos países capitalistas
desenvolvidos, com bens e serviços antes restritos a minoria agora produzidos para o mercado
de massa. Chama atenção o caso da França, até então sinônima com atraso econômico, porque
seus índices de produtividade que mais se aproximavam dos EUA.
Essencial para entender este período está o conflito do capitalismo contra o
comunismo, que divide o mundo em dois. O fenômeno global também se extendeu ao
Terceiro mundo, apesar de não como riqueza: sua população aumenta num ritmo espetacular
e, a não ser nos casos de guerra ou caos político, não houve fome endêmica devido a produção
em massa de alimentos crescer mais rápido que a população. Este crescimento é maior entre o
mundo pobre que entre os desenvolvidos, não que fosse a população destes quem
beneficiava-se. Essa divergência entre os mundos ricos e pobres significou um excedente de
produção nos países ricos, que foi remediado pela diminuição do número de plantações ou
pela venda abaixo do preço de forma que produtores dos países mais pobres não poderiam
competir. A um crescimento da economia e do comércio mundial, da agricultura e da pesca.
As características fundamentais desses anos dourados foram: uma versão muito maior
do que acontecia antes, em um aparente globalização do modelo de produção em massa
presente nos EUA, além de sua expansão desse modelo para novos tipos de industria; uma
revolução tecnológica que em muito expandiu a quantidade e qualidade de produtos, sendo
que como nunca antes o avanço nesse período irá depender da pesquisa científica e o processo
de inovação torna-se contínuo o suficiente para que o gasto com “Pesquisa e
Desenvolvimento” vire uma parte indispensável do custo de produção; por último e menos
óbvio durante o período, uma dependência de investimentos maciços e cada vez menos gente,
exceto no âmbito de consumidores.
Mas porque este período foi tão excepcional para o capitalismo? Hobsbawm afirma
que não há explicações satisfatórias, mas apresenta uma série de elementos que ajudam a
melhor compreensão: a imitação da economia dos EUA; a reestruturação e reforma do
capitalismo; a mudança do paradigma quanto ao futuro para a “economia mista”; o consenso
entre a esquerda e direita quanto aos padrões de organização trabalhista; a globalização e
internacionalização da economia; a revolução tecnológica; o baixo preço do petróleo; os EUA
e o dólar como estabilizadores do sistema; a Guerra Fria; a economia de pleno emprego e a
migração interna; uma nova divisão internacional do trabalho; a transnacionalização da
economia; e a revolução no transporte e na comunicação. A “Era de Ouro” estava sustentada
por um equilíbrio entre o aumento da produção e os ganhos que mantinham os lucros
estáveis, ou seja, a capacidade de compra dos consumidores.
Desse período segue-se para as décadas de crise, nas quais perdeu suas referências e
resvalou para a instabilidade e a crise. Principalmente no mundo desenvolvido, houve um
reconhecimento tardio da crise, só sendo reconhecidae admitida após o colapso do segundo
mundo. Quanto a natureza dessa crise, não há um desabamento da economia global. O
crescimento mundial continuou durante o período, tendo até um boom na década de 1980.
Mas há nos países desenvolvidos um retorno de velhos problemas, como a pobreza, a miséria,
a instabilidade e o desemprego em massa. Hobsbawm chama a atenção da articulação que há
com o reaparecimento da miséria e o aumento exacerbado da desigualdade social. Na África,
América Latina e em partes da Ásia houve um cessamento do crescimento do PIB per capita.
O fato fundamental da Décadas de Crise é que as operações do capitalismo haviam-se
tornado incontroláveis. Não havia clara resposta aos caprichos da economia mundial, nem
instrumentos para administrá-la. O grande instrumento para tal na Era de Ouro, a política de
governo dos estados nacionais não funcionava mais. Estes perderam seus poderes
econômicos.
A melhor forma de ilustrar as conseqüências é através do trabalho e do desemprego. A
tendência geral da industrialização foi substituir a capacidade humana pela capacidade das
máquinas, deixando então pessoas para fora dos empregos. Supunha-se, corretamente, que o
vasto crescimento da economia tornado possível por essa constante revolução industrial
criaria automaticamente mais do que suficientes novos empregos em substituição aos velhos
perdidos. Mas os empregos perdidos nos maus tempos não retornaram quando os tempos
melhoraram, e jamais voltariam. O desempenho e a produtividade da maquinaria podiam ser
elevados constantemente e, para fins práticos, interminavelmente pelo progresso tecnológico,
seu custo reduzido dramaticamente. O mesmo não se dava ao desempenho humano. O custo
do trabalho humano não pode, por nenhum período de tempo, ser reduzido abaixo do custo
necessário para manter vivos num nível mínimo aceitável os seres humanos. Estes não foram
eficientemente projetados para um sistema capitalista de produção. Quanto mais alta a
tecnologia, mais caro o componente humano de produção comparado com o mecânico.
Nos países pobres entravam na grande e obscura economia “informal” ou “paralela”
em que muitos viviam por meio de uma combinação de pequenos empregos, serviços,
expedientes, compra, venda e roubo. Isso se deu em parte pelo êxodo rural para trabalhar nas
cidades sem ter preparação. Em vários aspectos o Oriente e Ocidente haviam evoluído na
mesma direção: em ambos as famílias se tornaram menores, os casamentos se desfaziam mais
livremente, as populações das regiões mais urbanizadas e industrializadas mal se
reproduziam.

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