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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO - TCC RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM PSICOPEDAGOGIA ÂNGELA BETINA REMONTI TOLEDO – PARANÁ 2019 ÂNGELA BETINA REMONTI PRÁTICA DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM PSICOPEDAGOGIA Este trabalho descreve a Prática de Estágio Supervisionado do Curso de Pós Graduação em Psicopedagogia, requisito para concluir a formação em Psicopedagoga, sob a orientação da professora Ms.: Veralice Apª Moreira dos Santos e Léia Angélica Rippel, na Faculdade Assis Gurgacz – FAG Campus Toledo. TOLEDO - PARANÁ 2019 TERMO DE AVALIAÇÃO DO RELATÓRIO DE ESTÁGIO FACULDADE ASSIS GURGACZ CAMPUS TOLEDO 1 – PARECER DE AVALIAÇÃO DO ACADÊMICO(A) APÓS A REALIZAÇÃO DA PRÁTICA DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM PSICOPEDAGOGIA, COM ALUNOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL, ENSINO FUNDAMENTAL, MÉDIO OU SUPERIOR, OU NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTO. CURSO______________________________________________________TURMA__________ ACADÊMICO(A)_______________________________________________________________ ORIENTADORA ______________________________________________________________ PARECER ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ NOTA/CONCEITO________________________________________________ DATA,________de ___________________de 2019. __________________________________ Professora orientadora SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 6 2 IDENTIFICAÇÃO DO ESTAGIÁRIO (A) ............................................................................. 9 3 CARACTERIZAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES DE REALIZAÇÃO DOS ESTÁGIOS ..... 10 3.1 Identificação do Estabelecimento ......................................................................................... 10 3.2 O PPP da instituição e sua relação com a Psicopedagogia ................................................ 11 4 A PSICOPEDAGOGIA E SUA RELAÇÃO COM A APRENDIZAGEM ......................... 16 4.1 Caminhos da Psicopedagogia: Percurso histórico e Aspectos da formação profissional 20 4.2. Caracterizando Convulsões e Seu Impacto na Aprendizagem ......................................... 20 4.2.1. Caracterizando a Adolescência e sua Relação com a Aprendizagem .......................... 22 5 DIAGNÓSTICO - CASO I - AVALIAÇÃO PSICOPEDAGOGICA NO CONTEXTO ESCOLAR.................................................................................................................................... 24 5.1. Dados de Identificação ......................................................................................................... 24 5.2. Motivo do encaminhamento ................................................................................................ 24 5.3. História e contexto evolutivo ............................................................................................... 24 5.4. Síntese das áreas avaliadas .................................................................................................. 26 5.5. Conclusão diagnóstica .......................................................................................................... 28 5.6. Medidas de Intervenção ....................................................................................................... 28 5.7. Encaminhamentos ................................................................................................................ 29 6 DIAGNÓSTICO - CASO II - AVALIAÇÃO PSICOPEDAGOGICA NO CONTEXTO ESCOLAR.................................................................................................................................... 30 6.1. Dados de Identificação ......................................................................................................... 30 6.2. Motivo do encaminhamento ................................................................................................ 30 6.3. História e contexto evolutivo ............................................................................................... 30 6.4. Síntese das áreas avaliadas .................................................................................................. 32 6.5. Conclusão diagnóstica .......................................................................................................... 33 6.6. Medidas de Intervenção ....................................................................................................... 33 6.7. Encaminhamentos ................................................................................................................ 34 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 35 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 36 ANEXOS ...................................................................................................................................... 38 6 1. INTRODUÇÃO O seguinte trabalho tem por objetivo apresentar o Estágio supervisionado em Psicopedagogia com abordagens em neurologia, destacando sua importância, bem como da própria atuação psicopedagógica em escolas a fim de melhorar significativamente o processo ensino- aprendizagem. Serão abordados temas como “Psicopedagogia e aprendizagem, percurso histórico e formação profissional, convulsões e seu impacto na aprendizagem e aprendizado na adolescência”. O Estágio Supervisionado é atividade obrigatória curricular para conclusão do Curso de Pós- Graduação em Psicopedagogia, conforme Decreto nº 87.497 de 18 de agosto de 1982, que determina a prática de Estágio Supervisionado como parte integrante da grade curricular dos cursos de Pós-graduação em Psicopedagogia, a fim de articular os conhecimentos teóricos apreendidos durante o curso com a prática psicopedagógica. Os Estágios foram realizados na E. M. D. L. e C. E. Q. P. (Siglas utilizadas por questões éticas de preservação dos nomes), sendo selecionados dois educandos de idades distantes, a fim de ampliar o conhecimento acerca de como ocorre o aprendizado nas diferentes fases do desenvolvimento, logo, um de sete e outro de dezesseis anos. Aos trinta dias do mês de agosto, tiveram início as entrevistas com professores, pais e leitura dos Projeto Político Pedagógicos - PPPs. As observações do primeiro avaliado começaram no dia dezesseis de setembro de dois mil e dezenove. Foi realizada a anamnese e sessões com a criança de forma tranquila e espontânea, não havendo conflitos ou impedimentos de quaisquer origens. Com o segundo avaliado, as observações iniciaram-se no dia dezessete de outubro devido a mãe não comparecer a entrevista de anamnese mesmo após insistência, no entanto, autorizou as sessões e estas tiveram início em dezoito de outubro, ocorrendo de forma tranquila e espontânea inicialmente, no entanto, a partir da quarta sessão o educando passou a não comparecer, não justificando sua ausência, para tanto, foi possível realizar sua avaliação com os métodos utilizados até então. Perante a primeiraavaliada, pôde-se ter conhecimento – segundo relatos da mãe – de que ela tem crises convulsivas, o que pode interferir no processo de aprendizagem, devido estas afetarem a consolidação da memória ocorrendo enquanto dorme ou mesmo se acontecer durante a aula, prejudicam na construção de novos conhecimentos ou aquisição de novas informações, 7 tendo em vista que neste período a aluna permanece inconsciente, entretanto, a criança conseguiu realizar as atividades solicitadas com facilidade, manifestando apenas pequena dificuldade na concentração quando em ambiente ruidoso. O segundo avaliado mostrou-se hesitante, bastante distraído e questionador em todas as sessões que envolviam português e/ou matemática. Segundo relatos do professor, é um aluno que conversa muito, cria subterfúgios para não realizar as atividades em sala, é impulsivo e tende a procrastinar, não é um aluno comprometido e não se concentra no que precisa ser feito, porém, mostra-se muito disposto a ajudar os colegas e professores, além de ser persistente. Ainda de acordo com o professor, o avaliado frustra-se com facilidade, porém, não demonstra verbalmente, não permite que o grande grupo note em sua fala, sendo percebida frustração apenas na expressão corporal quando está sozinho em sua carteira. As sessões com ambos os avaliados ocorreram na instituição de ensino em que estão matriculados, sendo realizadas durante o período contraturno. Com a primeira avaliada, as sessões se deram de forma natural, espontânea e tranquila, sendo que a aluna não demonstrou insegurança, receio ou qualquer relutância na realização das atividades. Foi avaliado o vínculo da criança com a aprendizagem através da análise do material escolar e objetos pessoais relacionados aos estudos, bem como os desenhos projetivos – uma pessoa que ensina e outra que aprende, além do método “EOCA – Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem” para comparar a compatibilidade entre o conteúdo e a idade escolar em que se encontra, bem como criatividade e percepção de detalhes e adequação do tempo de reação entre a apresentação do estímulo e a verbalização. Para além disto, realizou-se atividades na área de matemática, língua portuguesa e observações durante aulas de educação física com o intuito de sondar aspectos relevantes a respeito da coordenação motora. Diante disto, pôde-se constatar que a criança não apresenta dificuldades com relação ao aprendizado, sendo a lentidão apresentada pela professora, justificada pelo perfeccionismo na ordem de execução. Com o segundo avaliado, as sessões ocorreram com certo receio por parte do mesmo, relutância na realização das atividades propostas, questionamentos constantes e por vezes, o descaso com a execução do que foi solicitado. Foi avaliado o vínculo com o aprendizado através dos desenhos projetivos, demonstrando baixa disponibilidade para busca de novos conteúdos escolares. Nas áreas de matemática e língua portuguesa esboçou total rejeição. Serão realizados encaminhamentos e continuação dos atendimentos para o adolescente a fim de que se fortaleça 8 o vínculo com o aprendizado e que o mesmo descubra no processo de aprender, uma fonte prazerosa para ampliação dos conhecimentos. 9 2. IDENTIFICAÇÃO DO ESTAGIÁRIO (A): 2.1. Nome: Ângela Betina Remonti 2.2. Professoras orientadoras: Veralice Aparecida Moreira dos Santos e Léia Angélica Rippel. 2.3. Instituições de realização dos estágios: E. M. D. L. e C. E. Q. P. 2.4. Modalidades de Ensino: Ensino Fundamental e Médio. 10 3. CARACTERIZAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES DE REALIZAÇÃO DOS ESTÁGIOS 3.1 Identificação dos Estabelecimentos E. M. D. L., localiza-se na rua Cruz Alta, número 609, no município de Q. P., Paraná, fone 3279-8122. A instituição foi fundada em 01 de março de 1962, quando o nome era G. E. D. L. Atualmente, o estabelecimento funciona com a denominação “E. M. D. L. – Educação Infantil e Ensino Fundamental”, atende 84 alunos em dois turnos e quatro turmas de educação infantil, além de 199 alunos de 1º a 5º ano em dois turnos e nove turmas do ensino Fundamental. Conta com direção, supervisão pedagógica, coordenação pedagógica, nutricionista, secretária, auxiliar de biblioteca e corpo docente. O C. E. Q. P. – EFM está localizado na Rua Cruz Alta, número 576, no município de Q. P., no Paraná. A entidade mantenedora do estabelecimento é a Secretaria de Estado da Educação, localizada na Avenida Água Verde, 2140, Bairro Água Verde, em Curitiba. Atende a educandos do Ensino Fundamental Regular e Ensino Médio Regular, nos períodos matutino e vespertino. De acordo com o PPP do C. E. Q. P. por volta de 1950, o município passou a ser colonizada pela Empresa Madeireira Colonizadora Rio Paraná, S.A, MARIPA e ocupada em sua maioria por pioneiros vindos de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A partir disto houve a necessidade do estabelecimento de escolas, casas de comércio, igrejas, etc. Por volta de 1960, o processo de educação e formação ficou aos encargos das Irmãs Religiosas da Congregação Servas do Espírito Santo. Em 22 de fevereiro de 1960, chegam as primeiras religiosas para iniciar essa missão. Em 20 de Novembro de 1960 foi inaugurado o E. S. C. de J. e no final do ano, já contava com 235 alunos matriculados. Devido ao aumento da população e grande interesse por uma escola pública, em 1962 a comunidade mobilizou-se e foi fundada a primeira sociedade escolar denominada “G. E. D. L.” (Decreto Lei nº 035/78) Contava com sessenta e oito alunos, distribuídos em quatro séries. Segundo o PPP, eram duas salas e uma pequena secretaria em madeira. Com o número de alunos aumentando, foram necessárias novas reuniões para ampliação do estabelecimento educacional. Com recursos arrecadados pelo povo, foi adquirido o prédio onde funcionava o Hospital do Dr. Avelino Campagnolo, cujo foi reformado e adaptado para transformar-se em salas de aula, levando o nome de G. P. M., e pelo decreto nº 8.240 de 30/12/1972, autorizou-se o funcionamento do G. de Q. P. Devido ao aumento da demanda, a comunidade novamente 11 reuniu-se para resolver obstáculos. Em 1984 foi desativada a E. C. P. M. – E. de P. grau de Q. P., devido a criação da E. E. Q. P., criada pela resolução nº 4.198/83. Por volta de 1995, autoriza-se o funcionamento do curso de 2º grau – Educação geral – Preparação Universal pela Resolução nº 2.787/94, a partir de então o estabelecimento passa a se chamar C. E. Q. P. – Ensino de 1º e 2º graus, do município de Q. P., Núcleo Regional de Toledo, mantido pelo Governo do Estado do Paraná. Em 1998, com a resolução nº 45/98 em 12/01/98, concedeu-se o reconhecimento do curso de 2º grau – Educação Geral ao colégio e com a lei nº 9394/96, passou a denominar-se C. E. Q. P. – Ensino Fundamental e Médio. 3.2 O PPP da instituição e sua relação com a Psicopedagogia Segundo o Projeto Político Pedagógico – PPP, a E. M. D. L. tem como objetivos para o Ensino Fundamental, “oportunizar aos alunos desenvolver atitudes, valores e conhecimento sistematizado para que saiba utilizá-los nos seus obstáculos, na vida social em geral, além de proporcionar a todos, transformação básica para a cidadania, a partir da criação na escola de condições de aprendizagem para o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o domínio da leitura, da escrita e do cálculo, compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade, bem como o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores, fortalecimento dos vínculos da família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social.” Ainda objetiva tornar propícia a apropriaçãodo conhecimento formal, através da ampliação de conceitos e transformação de significados que a criança traz de suas experiências extra e intra escolares anteriores (Currículo Básico do Oeste do Paraná). Podem- se destacar ainda objetivos como o respeito às diversidades culturais, regionais, étnicas, religiosas e políticas que atravessam uma sociedade múltipla, estratificada e complexa, onde a educação possa atuar, decisivamente no processo de construção da cidadania, tendo como meta o ideal de uma crescente igualdade dos direitos entre os cidadãos, baseados nos princípios democráticos. Reconhecimento da identidade pessoal dos alunos, proporcionando a interação com seus pares, com o brincar e as brincadeiras. Reconhecer que as aprendizagens são constituídas na interação entre os processos de conhecimento, linguagem e afetivos, ou seja, das diversas experiências de vida dos alunos, professores e demais participantes do ambiente 12 escolar, expressas através de múltiplas formas de diálogo que devem contribuir para a construção de identidades afirmativas, persistentes e capazes de protagonizar ações solidárias e autônomas de construção de conhecimentos e valores indispensáveis a vida cidadã. De acordo com o PPP da E. M. D. L. a educação se constitui um dos principais bens da humanidade. Por ela, as gerações vão legando, umas às outras, as experiências, os conhecimentos, a cultura acumulada ao longo da história, permitindo tanto o acesso ao saber sistematizado, como a produção de bens necessários à satisfação das necessidades humanas. Contudo, por ser histórica, a educação não se faz sempre da mesma forma em todas as épocas e em todas as sociedades. Ela se faz de acordo com as condições possíveis em cada momento do processo de desenvolvimento social, histórico, cultural e econômico, ou seja, fazer educação pressupõe pensá-la e fazê-la numa perspectiva político-pedagógica. Isso significa compreender que a educação não é um trabalho que se executa meramente no interior de uma sala de aula, de uma escola, limitado à relação educador-educando. O ato pedagógico não é neutro: carrega implicações sociais, está marcado pela prática de todos os envolvidos no processo educativo e é mediado por relações sócio históricas. Tendo compreendido a educação desta forma e baseando-se em Marx (1981), pode-se afirmar que a proposta pedagógica parte de três pressupostos, o primeiro de que a realidade não é estática, ou seja, está em constante movimento, o segundo de que é preciso estar vivo para fazer história e esta é produzida pelo homem e o terceiro de que a base da sociedade está fundada no trabalho. Quando se fala que a realidade não é sempre a mesma, nada é eterno, apenas o movimento, refere-se ao fato de que a maior importância está na matéria e não nas ideias, pois a matéria não é fixa, imutável, pelo contrário, possui dinâmica interna própria, que quando entram em ação e interação transformam-se de algo disforme para diversas formas. Da mesma maneira, o homem não é algo pronto e acabado, ele transforma-se de acordo com o meio e a natureza, adquirindo, acumulando e repassando experiências e conhecimentos aos demais semelhantes. Assim sendo, pode-se dizer que o homem é produzido pela natureza e a medida em que vai sendo produzido, produz também seu meio. O que diferencia o ser humano dos demais seres vivos, é o trabalho, que garante sua sobrevivência – este em questão não trata apenas de algo braçal, que exija força, mas também intelectualidade. Quanto mais o homem trabalha e modifica a realidade a sua volta, mais exercita seu cérebro, modificando-o. As relações de trabalho alteraram-se com o passar dos tempos – modos de produção antigo, feudal, escravista e tentativas de se implantar o socialismo, porém, como semelhança as classes e luta entre as classes. O homem transforma a 13 natureza causando alterações na mesma, porém, também é transformado por ela, ou seja, deixa de ser determinado e passa a ser determinante e da mesma forma a natureza deixa de ser agente e passa a ser objeto. A relação entre ser humano e meio passa a ser expressa por meio de linguagem que passa a ser mediadora da produção e apropriação do conhecimento e este não se confunde apenas com ideia, pensamento e razão, ele significa a capacidade que toda matéria viva tem de se sensibilizar em relação aos estímulos do meio e de reagir a eles dando respostas necessárias à satisfação de suas necessidades, garantindo a sobrevivência. Quando surgem novos desafios à sobrevivência e não são conhecidas respostas que possam solucioná-los, surge a necessidade de novas “pesquisas” ou investigações para sanar adversidades, ou seja, necessidade de se fazer alterações no conhecimento. Diferente dos demais seres que possuem conhecimentos, o homem é o único conhecedor da educação – não apenas escolar, mas também informal e não formal (educação que se percebe nas ruas, igrejas, no trabalho, nas comunidades, nas famílias, etc). Educação é a forma que a sociedade ensina para se viver nela. Com relação a Educação inclusiva, a E. M. D. L. – EIEF compreende a inclusão como um ato democrático, no entanto, aponta para as dificuldades no atendimento de mais educandos com necessidades especiais devido a carência de profissionais especializados, falta de infraestrutura e professores desmotivados, tornado assim o ato antiético e injusto para com tais indivíduos. Apesar disto, a instituição solicitou a implantação, autorização e funcionamento de Sala de Recursos e Classe Especial – Ensino Fundamental – 1o ao 5o ano, área da Deficiência Mental e Distúrbios de Aprendizagem, com carga horária de 20 (vinte) horas semanais. Segundo relatos da diretora da E. M. D. L., a instituição não possui psicopedagoga, porém adota algumas medidas que visam auxiliar os educandos que apresentam dificuldades. Em primeiro lugar, o professor que observou algum desvio no aprendizado entra em contato com a equipe pedagógica para uma conversa informal apresentando as adversidades que o aluno manifesta, posteriormente, são realizadas aulas em sala multifuncional para nivelamento e reforço. Se houver casos em que esta medida não é suficiente para sanar a dificuldade, convoca-se a família do educando para diálogo na entrega de boletins, expondo o problema e possíveis caminhos a tomar para sua resolução. A criança é encaminhada então para acompanhamento com profissional neurologista para fins de investigação de possíveis obstáculos, além de acompanhamento psicológico. Em casos que se julgue necessário, é enviada ao núcleo uma solicitação de vaga para sala multifuncional/sala de recursos. E por fim, são realizadas aulas complementares com o intuito de superar a dificuldade e alcançar o aprendizado efetivo. A E. 14 M. D. L. julga de extrema importância o trabalho do profissional psicopedagogo no processo de ensino-aprendizagem e reconhece que a presença do mesmo faz total diferença no sucesso acadêmico dos alunos com dificuldades. De acordo com o PPP, o C. E. Q. P. – EFM tem como objetivos para a Educação orientar suas atividades segundo os princípios da moral da ética, da democracia e estética, com base na igualdade de direitos à educação de qualidade a todas as pessoas sem distinção de raça, cor, sexo, credo ou posição social, visando a promoção do ser humano e melhores condições de vida aos cidadãos, de conformidade com a Lei de Diretrizes e Bases, das Diretrizes Curriculares Nacionais e da própria Constituição Brasileira, através dos objetivos: Potencializar as capacidades de ordem cognitiva, linguística, afetiva, física, ética, artística, estética, as de relação interpessoal e intrapessoal e de inserção social. Favorecer o desenvolvimento e formação integral e para a diversidade cultural com visão reflexiva, crítica, social, cultural e humanizadora. Priorizar o ensino e vivências quedesenvolvam o conhecimento histórico, filosófico, artístico, científico e tecnológico. Auxiliar a desenvolver uma compreensão da realidade para converter conhecimento em ação e transformação e uma inserção social crítica e transformadora na sociedade em que vive. Incentivar a interdisciplinaridade. Desenvolver atitudes de competência social e à formação cidadã: cooperação, solidariedade, autonomia, criatividade, criticidade, ética, compreensão do mundo, do conhecimento, da ciência e tecnologia, das linguagens capazes de colocarem os avanços da civilização a serviço da humanização da sociedade. Tem como missão promover uma educação voltada para o desenvolvimento com responsabilidade social através de uma formação integral de sua essência, capaz de formar cidadãos através do conhecimento (saber), valores pessoais (virtudes morais universais), convivência social (conviver) e a construção de um mundo sustentável pelo trabalho (fazer), contribuindo para o processo de civilidade do aluno-cidadão consciente de si no mundo. O PPP traz que o CEQP concebe a avaliação como algo contínuo, permanente, diagnóstico e cumulativo, objetivando o acompanhamento do desenvolvimento educacional do estudante, considerando todas as características que o envolvem. Os métodos avaliativos são variados, oportunizando mais de uma oportunidade e mais instrumentos de avaliação – instrumento este 15 pode ser compreendido por uma ferramenta (produção escrita, gráfica, cênica ou ora, prova objetiva ou descritiva, relatório, mapa conceitual, seminário, portfólio, exposição, entre outros). Segundo relatos da diretora e da pedagoga do C. E. Q. P., a instituição não possui psicopedagoga, porém adota algumas medidas que visam auxiliar os educandos que apresentam dificuldades. Em primeiro lugar, o professor que observou adversidades elabora um relatório descrevendo os comportamentos gerais do aluno (sua relação com colegas e professores, com as disciplinas, aceitação de normas e regras e como reage frente a obstáculos estudantis), posteriormente encaminha-se a criança para realizar acompanhamentos com o profissional neurologista. E por fim, são realizadas aulas complementares com o intuito de superar a dificuldade e alcançar o aprendizado efetivo. O C. E. Q. P. julga de extrema importância o trabalho do profissional psicopedagogo no processo de ensino-aprendizagem e reconhece que a presença do mesmo faz total diferença no sucesso acadêmico dos alunos com dificuldades. 16 4. A PSICOPEDAGOGIA E SUA RELAÇÃO COM A APRENDIZAGEM A psicopedagogia é uma área de atuação cujo objeto de estudos é o processo ensino- aprendizagem e para Jorge Visca, a aprendizagem não está restrita ao ambiente escolar, pois, a aprendizagem está no próprio sujeito e este recebe influências de fatores externos, sendo assim, fica o psicopedagogo responsável por compreender e analisar as diferentes formas de expressão deste indivíduo, encontrando a configuração de aprendizagem que vai melhor se adequar a ele. Pode-se compreender a Psicopedagogia como uma linha de educação inclusiva, pois, busca integrar a todos os educandos, procurando compreender todos os modos e contextos em que acontece a aprendizagem e intervindo quando o indivíduo apresenta dificuldades. Entende-se por aprendizagem o processo pelo qual um sujeito se apropria de conhecimentos, valores, informações, habilidades, etc. que vão construindo sua forma de pensar e agir. Este aprendizado pode ser motivado por algo ou alguém – escola, família, comunidade – ou pode ocorrer de forma espontânea, sem a necessidade de intervenção. Todo novo conhecimento passa por um “filtro”, ou seja, cada sujeito compreende o que acontece a sua volta de maneira diferente devido suas experiências de vida, e assim sendo, cada indivíduo percebe o mundo de modo único, logo, o aprendizado também ocorre de forma individual. Da mesma forma também existem os casos em que os educandos apresentam dificuldades para aprender e estas podem ser de ordem orgânica, psicológica, social ou outra. As formas mais comuns de dificuldade de aprendizagem atualmente são: • Dislexia – dificuldades na leitura, escrita, compreensão e assimilação de conceitos. Este transtorno é de origem neurobiológica; • Discalculia – dificuldades na realização de cálculos, compreensão de operações e regras matemáticas seja na execução escrita ou mental; • Disgrafia – dificuldades na escrita (percepção e diferenciação entre maiúsculas e minúsculas, espaçamento entre letras, etc). Segundo especialistas, é uma desordem psicomotora; • TDAH – transtorno déficit de atenção e hiperatividade, doença crônica que causa inquietação, agressividade, dificuldades de aprendizagem, ansiedade, entre outros. Pode ser adquirida ao longo da vida por algum episódio de stress elevado e tensão ou até mesmo, ser de nascença. 17 O profissional Psicopedagogo é responsável por compreender as barreiras que impedem que o aprendizado aconteça, sejam elas: emocionais – situações conflituosas com o professor, familiares ou colegas; psicológicas – traumas que serão percebidos e posteriormente encaminhados para tratamento psicológico; neurológicas – desequilíbrios no encéfalo detectados por neurologistas e/ou especialistas, etc. Compreendendo tais obstáculos, o profissional pode reconfigurar e ressignificar o aprendizado, para torna-lo algo prazeroso e instigante para o educando. 4.1 Caminhos da Psicopedagogia: Percurso histórico e Aspectos da formação profissional. Para se falar sobre Psicopedagogia, seu objeto de estudo e áreas de atuação, é primordial abordar sua gênese, as razões que ocasionaram tamanha necessidade de sua criação. É importante salientar que existem diferenças entre a dificuldade para aprender algo novo e os transtornos de aprendizagem, visto que todo ser humano apresenta adversidades quando se trata de algo desconhecido que precise enfrentar – o que é natural a todos, desde os primeiros passos, primeiras palavras, um novo ofício, nova língua, etc. No entanto, quando este aprendizado não acontece mesmo com intervenções e torna-se desconfortável por conta de algum impedimento, deixa de ser apenas uma dificuldade, passando então para o que chamamos de desordem, (SANTOS, 2018). Segundo Fonseca, 2018: Se trata de um obstáculo, uma barreira, um sintoma, que pode ser de origem tanto cultural quanto cognitiva ou até mesmo emocional. [...] É interessante frisarmos que a maior parte destes problemas de Dificuldade de Aprendizagem podem ser resolvidos no ambiente escolar, haja vista que se tratam, de questões psicopedagógicas. Fonseca (2018) destaca ainda que os distúrbios/transtornos/desordens do aprendizado estão ligados a “um grupo de dificuldades pontuais e específicas, caracterizadas pela presença de uma disfunção neurológica”. É sabido que, desde o surgimento da humanidade os indivíduos que apresentavam algo diferente do padrão de normalidade conhecido e aceito pelo grupo, eram maltratados e excluídos. Historicamente são conhecidos casos de assassinato de crianças com deficiência física e/ou mental. Silva (2008) cita exemplos de práticas semelhantes da Índia e Grécia Antigas, Américas e povos Celtas. “Na Idade Média a imagem de pessoas com necessidades especiais (PNE), representava o castigo, a imperfeição, o possuído pelo demônio, justificando a segregação e a file:///C:/Users/Ângela/Downloads/Orientaçõe%20Ângela.doc%23_Toc494895258 18 rejeição da sociedade” (SILVA 2008 apud VIZIM 2003). Porém, com os avanços em estudos e tecnologias, vinculados a necessidade de auxílio para crianças com comportamento considerados “inadequados” e dificuldades no aprendizado apesar de comprovada inteligência, em 1946 J. Boutonier e George Mauco fundaram os primeiros centros Psicopedagógicos na Europa, a fim de “readaptar” estes indivíduos.Estes centros tinham direção médica e psicológica, contando com profissionais psicanalistas, psicólogos e pedagogos. Através da união destas três áreas, buscava-se compreender o sujeito, o meio em que estava inserido e como isso influenciava na construção dos conhecimentos bem como as formas que aconteciam a aprendizagem, além dos obstáculos para a mesma. Uma das grandes preocupações da época era identificar e diferenciar crianças que apresentavam deficiências mentais, físicas ou sensoriais, daqueles que simplesmente não aprendiam, embora fossem inteligentes. Na década de 70, surgem na Argentina os primeiros centros de saúde mental, onde eram realizados os diagnósticos e tratamentos por uma equipe de psicopedagogos. Estes observaram que após um ano de tratamento, os indivíduos haviam resolvido seu problema de aprendizagem, porém haviam deslocado o sintoma, causando assim, distúrbios de personalidade. Houve então a necessidade de ampliar a equipe, incluindo profissionais da área da Psicologia de abordagem psicanalítica. A primeira atitude de muitos pais ao receber a notícia de que seu filho não vai bem a escola, é encaminhá-lo ao médico, sendo muito comum os educandos chegarem ao consultório psicopedagógico já tendo passado por um especialista de outra área. Essa prática pode ser explicada pelo fato de inicialmente, tais dificuldades terem sido estudadas e tratadas pela medicina. A princípio, a psicopedagogia era amparada pela medicina e psicologia, assumindo posteriormente o caráter de conhecimento independente, tendo seu próprio objeto de estudo – processo de aprendizagem – e recursos para diagnóstico e medidas de intervenção preventivas e corretoras. Segundo Simaia Sampaio (2004), a psicopedagogia chegou ao Brasil nos anos 70, quando as dificuldades educacionais eram relacionadas a um distúrbio neurológico denominado “disfunção cerebral mínima” (DSM), o que mascarava os reais problemas socio pedagógicos. Nesta mesma época, tiveram início os cursos de especialização em Psicopedagogia que aconteciam na Clínica médico pedagógica de Porto Alegre e tinham duração de dois anos. 19 A Psicopedagogia no Brasil teve grandes influências de profissionais argentinos como: Jorge Visca, Sara Paín, Ana Maria Muniz, entre outros. Segundo a ABPp, “é a área de conhecimento, atuação e pesquisa que lida com o processo de aprendizagem humana, visando o apoio aos indivíduos e aos grupos envolvidos neste processo, na perspectiva da diversidade e da inclusão”. Dentre os princípios norteadores para a formação profissional do Psicopedagogo estão o respeito a diversidade – religião, gênero, cultural, classe social, deficiência, etc. – ética e sigilo profissional, valorização do pensamento crítico, respeito aos conhecimentos dos demais profissionais de áreas afins envolvidos no processo, respeito aos indivíduos com enfoque principal para a valorização das potencialidades do mesmo, entre outros. De acordo com a ABPp – Associação Brasileira de Psicopedagogia, a formação do profissional Psicopedagogo deve ser voltada para o aprimoramento de habilidades e competências compatíveis com as demandas da contemporaneidade. Esta qualificação tem de ser específica e atender a alguns critérios, dentre os quais pode-se citar a assessoria e consultoria psicopedagógica, atuação na gestão e coordenação psicopedagógica em estabelecimentos públicos e privados, docência, orientação, supervisão e coordenação em cursos de psicopedagogia, articulação da atuação psicopedagógica com profissionais de áreas afins, dentre outros. O profissional Psicopedagogo tem duas áreas de atuação, sendo elas a clínica – em que o trabalho é realizado em clínicas psicopedagógicas, consultório particular ou hospitais e visa compreender as razões que impedem o aprendizado por meio de um diagnóstico que permite conhecer o sujeito e o meio em que está inserido, e a partir desta compreensão, iniciar com a intervenção – e institucional que ocorre em escolas, mas também em ambientes não educacionais (empresas, hospitais). Dias (2016) apresenta de forma detalhada o trabalho do psicopedagogo institucional: “O profissional desta área trabalha para construção e socialização de conhecimento, promove o desenvolvimento cognitivo, verifica como é a proposta de trabalho da escola, observa como é o cotidiano escolar dos alunos, auxilia professores, funcionários e diretores a refletirem sobre suas práticas permitindo a criação de novas formas de trabalho, busca a construção de diálogo e parceria entre escola/família/aluno, realiza seu trabalho respeitando as crenças, costumes e valores dos alunos”. A ação psicopedagógica, pode ter cunho preventivo e/ou clínico, pois trabalha tanto com o intelecto, quanto com o emocional/afetivo. Tendo cunho preventivo, o profissional busca prevenir dificuldades de aprendizagem, sanar as já existentes, perceber possíveis causas que 20 possam acarretar novos obstáculos e tomar medidas cautelares para evitar o surgimento de novas dificuldades. Já no trabalho clínico, existe maior complexidade, pois, o profissional precisa compreender o processo de ensino-aprendizagem, como se dá o aprendizado deste sujeito em particular e qual a influência da sociedade e escola sobre esta construção do conhecimento. 4.2 Caracterizando convulsões e seu impacto na aprendizagem Em primeiro lugar, se faz necessário compreender a convulsão, suas causas, sintomas, consequências e tratamentos, para só então entender sua relação com a aprendizagem e/ou dificuldades no aprendizado. As convulsões, segundo o Doutor Dráuzio Varella, são caracterizadas pela contratura involuntária dos músculos de parte do corpo, ou todo ele, causada pelo excesso de atividade elétrica no encéfalo. Essas descargas elétricas podem ser desorganizadas, ou seja, atingir ambos os hemisférios cerebrais ou focal, atingindo apenas uma parte de um dos hemisférios. Vários podem ser os fatores que desencadeiam as crises, dentre os quais exaustivos exercícios físicos, odores ou iluminação muito fortes, emoções intensas, ruídos, músicas, além de falta de sono, stress, menstruação ou febre alta. É difícil especificar as causas que originam as crises convulsivas, porém, em alguns casos torna-se possível identificar agentes que contribuem para o surgimento delas, dentre os quais se pode destacar: Traumas cranianos, tumor cerebral, meningite, epilepsia, encefalite, tétano, hipoglicemia, diabetes, insuficiência renal e demais distúrbios metabólicos, falta de oxigenação no cérebro, abstinência, efeitos colaterais de determinados medicamentos e febre alta em crianças menores de cinco anos. Os sintomas podem variar de acordo com a área afetada pela descarga elétrica, visto que cada área do encéfalo é responsável por uma função. Nas convulsões parciais, o indivíduo pode ou não ter alterações no nível de consciência, sentir vertigem, ter delírios, movimentar involuntariamente alguma parte do corpo, ter comprometida a visão, audição, olfato ou paladar, além de apresentar dificuldades na fala. Geralmente, as crises são classificadas em dois grupos: o “pequeno mal” ou crise de ausência, e “grande mal” ou convulsão tônico clônica. Na crise de ausência, o indivíduo fica com o olhar perdido, como se estivesse desligado, não percebe nada que acontece ao seu redor e não responde quando é chamado. Ela dura poucos segundos e por este motivo passa despercebida muitas vezes. Quando ultrapassa os dez segundos, o corpo passa a manifestar movimentos 21 automáticos como tremer os lábios e piscar os olhos. Por outro lado, quando a pessoa sofre uma convulsão tônico-clônica, há perda súbita da consciência – na fase tônica os músculos dos braços, pernas e tronco ficam rígidos, contraídos e estendidos e o rosto toma uma coloração azulada. Em seguida a pessoa entra na fase clônica – caracterizada por contraçõesrítmicas, repetitivas e incontroláveis, o que causa sangramento da língua por ser mordida durante a crise. Também há uma produção excessiva de saliva, que pode ser espumosa. É de suma importância não tentar segurar o indivíduo em crise. Deve-se apenas afastar objetos e móveis que possam feri-lo, ter cuidado para que não bata a cabeça, vira-lo de lado para evitar que engasgue ou se afogue com a saliva, afrouxar as roupas, jamais introduzir objetos ou os dedos na boca para puxar a língua para fora e ao fim da crise, levantar o queixo para facilitar a passagem de ar e leva-lo ao serviço de saúde mais próximo para que receba atendimento especializado. Para que seja realizado tratamento adequado, é necessária a realização de alguns exames, dentre os quais: eletroencefalograma, tomografia computadorizada e ressonância magnética do crânio, análise do líquor e videoeletroencefalograma. Além disto, é importante observar como o indivíduo reage durante – tempo que dura uma crise, se os dois lados do corpo se contraem ou apenas um lado e qual deles, se olhos e boca permanecem abertos ou fechados, se o indivíduo permanece ou não consciente – e após a crise – se a pessoa lembra do que aconteceu, se sabe onde está, se fica ou não sonolenta, se movimenta com facilidade ou não e qual lado tem maior dificuldade na movimentação pós crise. O tratamento a ser realizado, varia de acordo com a causa da convulsão e características individuais. Se esta é devida abstinência de álcool, drogas, reação adversa de medicamentos ou distúrbios metabólicos, deve ser resolvida cessando uso do remédio ou corrigido o problema orgânico. Com relação ao aprendizado, até pouco tempo existiam dúvidas acerca de como interferia, porém, com os investimentos e avanço nos estudos, pôde-se descobrir novas informações que ajudam a compreender melhor a dimensão dos danos causados pelas crises convulsivas. Segundo Whelan (2018), “em comparação com encéfalos típicos ou normais, há uma diminuição no volume do tálamo direito (integração de impulsos nervosos), bem como menor espessura no giro pré central – onde está localizada a área motora primária do córtex cerebral, além das perdas neuronais”. Quando acontece uma grande descarga elétrica no hipocampo, por exemplo, pode resultar em males a memória, aprendizado e controle das emoções. 22 Até mesmo as epilepsias antes consideradas “benignas” causam danos ao encéfalo e estão sendo feitos estudos mais aprofundados que relacionam as atrofias ao tempo de duração de uma crise e a quantidade de vezes em que ocorreu. Assim sendo, conclui-se que as crises convulsivas trazem grandes malefícios ao aprendizado dos educandos, visto que se ocorrem durante o período de aula, o aluno fica inconsciente por determinado tempo perdendo novas informações, e se as crises acontecem a noite, prejudicam a consolidação da memória. Entretanto, Zanni (2010) et al, aponta para outras variáveis que afetam o aprendizado das crianças com crises convulsivas ou de epilepsia, dentre as quais estão a baixa expectativa dos professores e/ou pais no sucesso acadêmico deste sujeito, a exclusão ou rejeição por parte de colegas ocasionando assim a baixa autoestima, além do tipo de instituição de ensino que esta criança frequenta. Muitas vezes, algumas mudanças comportamentais consideradas “inadequadas”, são decorrentes de preconceitos dos próprios pais, colegas, comunidade e escola que, por falta de informação ou excesso de cuidado, limitam as experiências que possibilitariam um maior desenvolvimento cognitivo-afetivo desta criança. Para além disto, muitos pais e/ou responsáveis permitem a falta na escola após a crise convulsiva ou até dias após a ocorrência desta, acarretando assim a perda de conteúdos escolares. Portanto, as dificuldades de aprendizagem relacionadas a epilepsia e crises convulsivas não se resumem apenas aos danos causados pelas descargas elétricas no encéfalo, mas também podem ser devido ao zelo extremo da família ao tentar evitar a exposição destas crianças. 4.2.1 Caracterizando Adolescência e sua Relação com a Aprendizagem Para entender a maneira que o aprendizado ocorre na adolescência, é de suma importância que se analise e busque conhecer primeiramente esta fase tão frágil e muitas vezes incompreendida. Até pouco tempo atrás, este estágio da vida era visto pelos pais e professores como um “problema”, pois os indivíduos se revelavam arredios, agressivos e rebeldes e tais mudanças comportamentais eram justificadas pela explosão hormonal que ocorre neste período. Porém, estudos recentes apontam para outro acontecimento importante, conhecido como “poda neural”, ou seja, o encéfalo faz uma espécie de “limpeza” de conexões, eliminando todas aquelas que considera desnecessárias, para então se reorganizar e construir conexões novas e permanentes. Ensinar adolescentes não é uma tarefa simples, pois, em determinado momento estão “desligados” com a atenção voltada para outros assuntos, e logo após, estão tendo ataques de 23 raiva, tristeza ou euforia. Nem sempre as palavras ditas de forma grosseira, saem com esta intenção, portanto, cabe ao profissional avaliar e compreender o que está acontecendo e qual a razão deste adolescente agir de tal maneira. É sabido que o aprendizado acontece com maior facilidade quando há afetividade, portanto, cada vez mais professores buscam aliar os conteúdos escolares aos gostos dos adolescentes – por exemplo uma matéria de história aplicada a uma letra de rap ou assuntos de arte relacionados a grafitagem e assim, facilitam o armazenamento do conteúdo aprendido, pois segundo Cavalcante Apud Bossa, “quando o professor aproxima o conteúdo escolar dos interesses dos alunos, a necessidade de resistir fica em segundo plano”. Entretanto, as dificuldades de aprendizagem dos adolescentes não se restringem a fase passageira, tendo por vezes, outros fatores ocultos com os quais eles não conseguem lidar, como por exemplo agressão física e/ou verbal entre os pais, maus tratos, abuso, além de casos em que as crianças não frequentaram a educação infantil – período este em que os pequenos aprendem a conviver em grupo, respeitar regras, desenvolvem a linguagem e a psicomotricidade, etc – bem como problemas visuais ou auditivos não percebidos e/ou tratados na primeira infância, portanto, cabe ao professor conhecer e investigar a respeito do seu aluno, para saber como conduzir as situações que vierem a acontecer. Trabalhar com adolescentes, requer muita paciência, comprometimento e planejamento apurado, afinal, a aquisição de conhecimentos é importante, mas muito além disto está a formação humana, que exige muita dedicação para que os jovens de hoje se tornem adultos íntegros e possam ocupar um espaço importante para o fortalecimento e engrandecimento da sociedade. 24 5 DIAGNÓSTICO - CASO I AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NO CONTEXTO ESCOLAR 5.1. Dados de Identificação Nome do Aluno: T. V. S. P. Data de nascimento:13/12/2011 Idade: 07 anos e 08 meses Pai: S. A. P. Mãe: M. A. P. Responsáveis: S. A. P. e M. A. P. Instituição: E. M. D. L. Ano Escolar: 3º ano Turno: Vespertino Repetência(s): Não Professor (es): C. S. Data de início da avaliação: 30/08/2019 Data de término da avaliação: 09/11/2019 5.2. Motivo do encaminhamento Segundo relatos da professora, a educanda apresenta lentidão geral nas atividades propostas, não conseguindo acompanhar os demais estudantes, deixando de realizar algumas tarefas por ficar para trás. 5.3. História e contexto evolutivo Através da entrevista de anamnese realizada com a mãe no dia trinta de agosto de dois mil e dezenove, pode-se investigar a vida pregressa da criança, constatando-se que T. V. S. P. é filha única do casal S. A. P e M. A. P. , residentes na zona rural, linha T. V. em Q. P., no Paraná, juntamente com H. S.e A. S. , avós maternos. Segundo relatos da mãe, a criança é fruto de uma gravidez planejada, em que a mãe fez acompanhamento pré-natal desde a confirmação. Não houve queda ou doenças durante a gestação. O parto foi cesáreo com uso de anestesia e se deu de forma rápida, no Hospital Bom Jesus em Toledo, no Paraná e a criança chorou logo ao nascer, não havendo necessidade de ajuda para respirar ou quaisquer cuidados especiais. Ela pesou dois quilos, novecentos e vinte gramas e mediu quarenta e nove centímetros. Duas horas após o nascimento, devido procedimentos comuns, a criança foi levada para o quarto, momento este em que já ocorreu a 25 primeira mamada, de forma natural e espontânea. T. V. S. P. recebeu aleitamento por quatro meses e após isso, fez uso de mamadeira até os três anos. A mãe relata que a criança não apresenta dificuldades em mastigar ou engolir, alimenta-se bem, fazendo de três a quatro refeições diárias, manifestando pequena rejeição a verduras e legumes, porém, os ingere mediante insistência. Segundo a mãe, a criança sustentou a cabeça por volta dos quatro meses, com seis sentou sozinha, não engatinhou, caminhou por volta de um ano e dois meses, controlou os esfíncteres diurno e noturno com aproximadamente um ano e quatro meses. Com relação a linguagem, iniciou os balbucios com um ano e três meses, suas primeiras palavras foram ditas com um ano e seis meses e as frases por volta de um ano e oito meses. Não apresenta dificuldades ou gagueira e compreende bem o que lhe é dito. Em se tratando de sono, a mãe contou que a criança dorme bem, não tem espasmos ou pavor noturno, não apresenta sonolência durante o dia, não faz xixi na cama, porém apresenta sudorese e respiração ruidosa. Dorme sozinha em seu próprio quarto. No quesito saúde, a mãe informou que a criança consulta o neurologista regularmente e demais médicos somente quando necessário. Por volta de um ano e cinco meses, teve convulsões necessitando medicamento para controlar, cujo faz uso atualmente. Realizou operação para retirada de adenoide aos quatro anos. Foi hospitalizada com um ano e cinco meses por conta da primeira crise convulsiva, permanecendo internada por dez dias. Segundo a mãe, T. V. S. P. necessita de internações regulares devido a complicações causadas por bronquite ou pelas crises convulsivas, porém, o período é de dois a três dias somente. Utiliza-se do medicamento Gardenal para controle das convulsões e bombinha para rinite. Sobre a visão, a mãe diz que a criança não inclina a cabeça para ler, bem como não aproxima ou afasta objetos, não franze a testa, não apresenta coceira ou vermelhidão nos olhos, não os movimenta excessivamente, não apresenta lacrimejamento além do normal, no entanto, sente dores de cabeça na região fronto-temporal, porém a mãe acredita ser devido a sinusite. A audição é boa e não apresenta problemas físicos. A criança não fez uso de chupeta, bem como não chupou dedo, no entanto, a mãe comentou que atualmente rói unhas quando nervosa ou ansiosa. Em casa assiste a desenhos, acompanha a mãe nas atividades diárias, faz o dever da escola, não tem companheiros para brincar, porém, não gosta de brincar sozinha, portanto, se diverte com colegas de quaisquer idades, tanto mais velhos, como mais novos. A mãe a descreve como 26 extrovertida, no entanto, encontra dificuldades para fazer amizade, apesar disso, não briga, mas não gosta que façam brincadeiras de mau gosto com ela. Com relação a higiene, veste-se, calça os sapatos e realiza todas as atividades sozinha, possui padrões de normalidade. A relação familiar é descrita pela mãe como harmoniosa, sendo a criança amada por todos, mas possui maior vínculo afetivo com a avó materna. No que tange a escolaridade, de acordo com o relato da mãe, em dois mil e quinze T. V. S. P. ingressou no A. Z. – T., aos três anos e sua adaptação foi considerada normal – chorou por uma semana e depois disso acostumou-se bem a rotina, permanecendo lá até dois mil e dezessete, então com cinco anos. Neste momento, mudou-se com a família para Q. P. ingressando na E. M. D. L. em dois mil e dezoito com seis anos, onde está frequentando atualmente. A mãe mencionou que a adaptação foi difícil, levou cerca de quatro meses para acostumar-se e ainda se queixa de sentir falta da escola, casa e cidade anterior. A aluna revela a mãe que gosta de estudar e se dá bem com a professora, segundo a qual, em sala a criança é quieta e tranquila, no entanto apresenta pequena dificuldade em acompanhar os colegas. A mãe aponta que o método de ensino e conteúdos para a série eram diferentes na escola anterior. A família aprecia o trabalho da escola, veem como um ambiente organizado, acreditam que a professora é atenciosa e faz um bom trabalho com as crianças. A mãe relata perceber que a criança apresenta dificuldades em “passar para o papel o que está na mente”. 5.4. Síntese das áreas avaliadas Durante as observações em sala de aula, verificou-se que é uma aluna tranquila, permanece sentada durante toda a aula, não conversa com os colegas e apresenta comportamento adequado para o ambiente. Necessita de auxílio para compreender atividades, demonstra pequena insegurança com relação a estar realizando as tarefas corretamente. Distrai-se com facilidade, porém, realiza as atividades solicitadas. Na aula de educação física, tem coordenação ampla boa, embora apresente pequena dificuldade em corridas, pulos e arremessos. Demonstrou apreço pelos professores, tendo bons vínculos com os mesmos. Com relação aos aspectos gerais do material escolar, demonstrou habilidade para organizar-se nos cadernos e bom cuidado com seus pertences. Observou-se um traçado forte e de boa qualidade. 27 Ao ser avaliado o vínculo da criança com o conhecimento, percebeu-se motivação para lidar com o novo e desconhecido, disponibilidade para realizar as tarefas e para estabelecer bom relacionamento. Durante o horário do lanche, observou-se que a criança não se alimentou, preferindo ficar no canto da mesa apenas olhando para os colegas que brincavam a sua volta. Conforme observado no intervalo, tem boa sociabilidade, é uma criança tranquila, não causa conflitos e não é agressiva. Prefere brincar com crianças menores que ela. Durante as sessões, mostrou-se muito tranquila e aberta para conversas e atividades propostas. Compreendeu muito bem as orientações para realização de todas as tarefas, não hesitou e não questionou. No que se refere à estrutura de pensamento, através da aplicação da Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem – EOCA (Jorge Visca), revelou boa articulação de ideias, conteúdo compatível com a idade e ano escolar em que se encontra, boa criatividade e percepção de detalhes, tempo de reação adequada entre a apresentação do estímulo e a verbalização. Com relação a área das linguagens, apresentou domínio da linguagem com vocabulário, concordância verbal, nominal e numeral ao se expressar em situações simples e complexas da comunicação. Com relação à linguagem receptiva compreendeu adequadamente ordens, instruções simples e complexas. Na linguagem oral, apresenta leitura pausada, lenta, silabada, troca o (b/d), embora consiga interpretar bem. Na discriminação auditiva, mediante aplicação do instrumento “Discriminação Auditiva” – cujo visa avaliar a percepção auditiva do aluno em palavras semelhantes, apresentando apenas pequenas diferenças em fonemas – aparentou não perceber a diferença sonora em palavras com (g/c; d/t; t/f; f/v; p/b; m/n; t/d; nh/n; p/c; b/g; v/z; lh/l; z/j; tendo como exemplos: Cola/Gola, Dente/Tente, Pula/Bula), porém, apresenta boa memória auditiva imediata. Na matemática, a aluna utiliza-se muito de traços e dos dedos para realizar subtrações e adições. Quando as operações apresentam números que ultrapassam dois algarismos, apresenta maior dificuldade.Com relação a coordenação motora, a aluna apresentou boa coordenação motora ampla, conseguindo andar em linha reta e curva, pé ante pé, saltar com os dois pés para frente, permanecer imóvel com os olhos abertos e fechados. Reconhece todas as partes do corpo em si 28 e no outro, no entanto, não tem noção de lateralidade – ou seja, troca o lado direito e esquerdo – em si e no outro. Compreende sua posição no espaço embora apresente dificuldade em analisar objetos a partir de si mesma. Também apresenta pequena dificuldade na noção temporal. 5.5. Conclusão diagnóstica Diante as atividades realizadas com T. V. S. P., percebe-se que neste momento a aluna necessita estabelecer maior vínculo com o aprendizado, fazendo-se necessárias estimulações, vivências e exemplos praticados na família, na escola e nos grupos de convivência, para obter maior desempenho no processo pedagógico de aprender, além de acompanhamento com fonoaudióloga e, após T. completar oito anos de idade, se for necessário realizar sondagem acerca do PAC – Processamento Auditivo Central. 5.6. Medidas de Intervenção o Conversar com a aluna, pais e professores sobre a avaliação e estabelecer explicações sobre o que está ocorrendo para que ela se sinta apoiada e segura. o Trabalhar a adequação as relações grafemas e fonemas, a construção silábica, a leitura e a escrita. o Realizar diariamente práticas de leitura. É preciso que reconheça o ler como fonte de descoberta e prazer. Leituras atrativas em revistas que falam sobre temas dos quais ela goste. o Trabalhar atividades como: cruzadinhas, caça-palavras, poemas e jogos como “Escrevendo Certo, Palavra Secreta, Com Que Letra”. o Trabalhar a oralidade, a leitura e a escrita em atividades como: trava- línguas/parlendas/quadrinhas e adivinhações. o Trabalhar as trocas fonéticas (sons da fala), levando a aluna a observar o ponto de articulação de cada fonema (posição de lábios, língua, etc.), sua emissão em vogais, em sílabas e em palavras. Posteriormente a aluna deve fazer a transcrição dos sons na escrita de palavras. 29 5.7. Encaminhamentos *Avaliação fonoaudiológica; *Acompanhamento psicopedagógico; *Orientação para a família e professores. 30 6 DIAGNÓSTICO - CASO II AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NO CONTEXTO ESCOLAR 6.1. Dados de Identificação Nome do Aluno: M. S. C. Data de nascimento: 23/12/2002 Idade: 16 Anos Pai: A. Mãe: M. E. S. C. Responsáveis: M. E. S. C. Instituição: C. E. Q. P. Ano/Série: 8º Turno: Vespertino Repetência(s): 1 Professor (es): J.C. Data de início da avaliação: 17/10/2019 Data de término da avaliação: 09/11/2019 6.2. Motivo do encaminhamento De acordo com relatos dos professores, M. apresenta dificuldade significativa de compreensão dos conteúdos e do comportamento adequado ao ambiente escolar. 6.3. História e contexto evolutivo Através da entrevista de anamnese realizada com a mãe no dia quatro de novembro de dois mil e dezenove, pode-se investigar a vida pregressa da criança, constatando-se que M. S. C. é o filho mais velho de M. E. S. C., residente em Q. P., no Paraná, juntamente com K. S. C. irmã caçula. Segundo relatos da mãe desde a constatação da gestação houve o acompanhamento pré-natal e ela aumentou cem quilos neste período. O parto ocorreu em uma maternidade na Bahia, através do processo natural, durou mais que o esperado, necessitou de intervenção médica e nasceu cianótico. M. pesou quatro quilos e quinhentos gramas, apresentou reflexo de sucção, recebendo aleitamento materno por seis meses, após este período, fez uso de mamadeira até um ano. A mãe relata que M. não apresentou dificuldades em mastigar ou engolir e atualmente come muito depressa “engolindo tudo inteiro”. Alimenta-se bem, fazendo de quatro a cinco refeições 31 diárias, não manifestando rejeição a nenhum alimento, porém, preferindo beber muito leite, sempre que possível. Segundo a mãe, seu filho sustentou a cabeça por volta dos oito meses, com nove sentou sozinho, não engatinhou e caminhou com aproximadamente dez meses. Com relação a linguagem, suas primeiras palavras foram ditas com um ano. Não apresenta dificuldades ou gagueira e compreende bem o que lhe é dito. Em se tratando de sono, a mãe contou que M. dorme muito – se permitir, ele dorme o dia inteiro e se não chamar pela manhã, não vai para a escola (palavras da mãe). Apresenta leve sonolência durante o dia, sudorese e respiração ruidosa/pesada ao dormir. Dorme sozinho em seu próprio quarto. No quesito saúde, a mãe informou que o garoto consulta médicos somente quando necessário. Por volta de um ano M. teve quadro grave de convulsão seguida de desmaio. De acordo com a mãe M. tem boa visão e audição, embora apresente otites constantes desde bebê, com secreção e febre. M. fez uso de chupeta até os dez meses e após isto, deixou por conta própria. Não rói unhas mesmo em estados de stress ou tensão. Possui o hábito de morder/mastigar os fios do fone de ouvido. Em casa a mãe relata que o adolescente prefere ficar em seu quarto, jogando no celular, no entanto, a família tem momentos de descontração assistindo juntos a televisão. Tem preferência por estar junto a companheiros mais novos que ele e entre as brincadeiras favoritas estão jogar bola e nadar na cachoeira. A mãe o descreve como um garoto tranquilo, que leva tudo na esportiva, parecendo um tanto ingênuo para a idade. Com relação a higiene, veste-se, calça os sapatos e realiza todas as atividades sozinho, demonstrando autonomia para as Atividades de Vida Diária – AVD. M. passou a residir com sua mãe aos doze anos de idade, antes disso ficava sob responsabilidade de familiar, houve um período de adaptação, que de acordo com relato da mãe foi superado, dando espaço ao diálogo em família, embora a mãe perceba que M. aparenta menos valia e sentimento de rejeição, além de certa carência afetiva. A respeito de deficiências na família, a mãe expôs que o menino possui quatro primos com deficiência mental e os avós e tios possuem baixa escolaridade devidas dificuldades de aprendizagem e evasão. 32 No que tange a escolaridade, a mãe destaca que no momento atual, o filho demonstra não gostar de estudar, manifestando sentimentos de reprovação e exclusão. Ela teme que tão logo atingir a maioridade, abandonará os estudos, pois ninguém da família tem escolaridade acima do oitavo ano e assim sendo, não tem exemplos a seguir neste sentido. Como o menino foi criado por um familiar da mãe, esta não soube descrever os primeiros contatos da criança com a escola, não sendo possível informar com qual idade entrou em instituições de ensino e como se deu sua adaptação, porém mencionou que foi muito difícil o menino se habituar no colégio atual, chorando todos os dias por um longo período, queixando- se de sofrer bullying e discriminações por parte dos colegas de classe. Neste primeiro ano na nova escola reprovou, e a mãe relatou que ele esboçou sentimento de frustração e impotência devida situação. Ainda segundo relato da mãe, o garoto tem o hábito de falar sozinho, apresenta dificuldade significativa na coordenação motora e necessita orientações constantes para manter a higiene pessoal básica. Faz acompanhamento com psicóloga e realizava consultas com psiquiatra recebendo tratamento medicamentoso, porém, com o falecimento do especialista, o garoto ficou desassistido. 6.4. Síntese das áreas avaliadas Durante as observações em sala de aula, verificou-se que é um aluno agitado, manifesta dificuldades para manter-se em sua carteira, conversa muito com os colegas e apresenta comportamento inadequado para o ambiente de sala de aula. Necessita de auxílio para compreender as atividades, demonstra insegurança com relação a estar realizando as tarefas corretamente. Distrai-se comfacilidade e são necessárias várias intervenções para que realize, as atividades solicitadas. Com relação aos aspectos gerais do material escolar, demonstrou bom cuidado com seus pertences. Observou-se um traçado forte e de boa qualidade, entretanto, apaga muitas vezes o que escreveu e/ou desenhou, mesmo estando tudo correto demonstrando certa insegurança. Ao ser avaliado o vínculo de M. com o conhecimento percebeu-se pouca motivação para lidar com o novo e desconhecido, bem como baixa disponibilidade para realizar as tarefas e para estabelecer bom relacionamento com professores e colegas. Utiliza-se de palavras inadequadas, não se mantém em silêncio para explicações e tem comportamento contestador. 33 Durante o horário do lanche, percebeu-se que se alimentou normalmente e preferiu ficar junto aos colegas que usavam celular. Conforme observado no intervalo, é um menino agitado, inquieto e torna-se agressivo quando fazem brincadeiras com ele. Durante as sessões, mostrou-se muito hesitante e apreensivo perante a avaliadora e as atividades propostas. Teve dificuldades na compreensão e solicitou orientações para realização de algumas tarefas. Com relação a área das linguagens, apresentou domínio da linguagem com vocabulário, concordância verbal, nominal e numeral ao se expressar em situações simples da comunicação. Com relação à linguagem receptiva manifestou pequena dificuldade para compreender ordens e instruções simples, requisitando repetição e/ou explicação. De acordo com relato de M. iniciou a leitura e escrita com aproximadamente 7 anos. Na linguagem oral, apresenta leitura pausada, lenta, silabada, exprimindo dificuldades na interpretação, solicitando explicações sobre o que leu. Na discriminação auditiva, apresenta boa memória auditiva imediata. Na matemática, indicou grande dificuldade para realizar operações simples, utilizando-se muito dos dedos para subtrações, adições e multiplicações, relatando não saber como resolver operações de divisão. Demonstrou desconhecer a forma correta de estruturar as operações para sua resolução. Reconhece todas as partes do corpo em si e no outro. Apresentou certa dificuldade com relação a noção temporal, sendo necessário refletir e analisar sobre o que estava falando para ter certeza. 6.5. Conclusão diagnóstica O educando não aparenta possuir vínculos com o aprendizado escolar, sendo necessário maior estímulo, vivências e exemplos praticados na família, na escola e nos grupos de convivência, para obter maior desempenho no processo pedagógico de aprender, para tanto torna-se necessária a continuidade do processo investigativo por parte de profissional da psicologia, através de avaliação intelectiva. 6.6. Medidas de Intervenção o Conversar com o aluno, pais e professores sobre a avaliação e estabelecer explicações sobre o que está ocorrendo para que ele se sinta apoiado e seguro. 34 o Trabalhar a adequação as relações grafemas e fonemas, a construção silábica, a leitura e a escrita. o Realizar diariamente práticas de leitura. É preciso que reconheça o ler como fonte de descoberta e prazer. Leituras atrativas em revistas que falam sobre curiosidades acerca do futebol, basquete e demais temas que o interessem. o Trabalhar atividades como: cruzadinhas, caça-palavras, poemas e jogos como “Escrevendo Certo, Palavra Secreta, Com Que Letra”. o Trabalhar a oralidade, a leitura e a escrita em atividades como: trava- línguas/parlendas/quadrinhas e adivinhações. o Trabalhar as trocas fonéticas (sons da fala), levando o aluno a observar o ponto de articulação de cada fonema (posição de lábios, língua, etc.), sua emissão em vogais, em sílabas e em palavras. Posteriormente o aluno deve fazer a transcrição dos sons na escrita de palavras. 6.7. Encaminhamentos *Continuidade do acompanhamento psicológico; *Retomada do acompanhamento psiquiátrico; *Seguimento no acompanhamento pela Rede de Proteção ao menor *Orientação familiar; *Orientação aos Professores por parte do pedagogo da escola em que M. está matriculado. 35 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS O estágio foi de grande importância pois, apenas desta forma é possível entrar em contato com o ambiente escolar, as dificuldades de aprendizagem e formas diferenciadas de ensino, bem como de aprendizado. O sentimento que prevalece é a gratidão pela oportunidade de estar em contato com a área, por conhecer novos métodos de ensino, abrir um leque de oportunidades e abrir os olhos para o horizonte de possibilidades para o aprendizado, de esperança para sanar ou ao menos amenizar as dificuldades e desenvolver potencialidades que muitas vezes o ambiente escolar não consegue perceber. A respeito da prática há alguns pontos importantes a serem mencionados, dentre os quais é possível citar a grande dificuldade para contatar a família, além de estes indivíduos relutarem para comparecer a instituição para conversas expressando grande resistência e hesitação, bem como do educando a ser avaliado, faltas às sessões sem justificativa, informações escassas a respeito da profissão gerando certo preconceito e animosidade por parte da família, bem como conflito com professores que realizam aulas de reforço para estes alunos avaliados. Por outro lado, é admirável a abertura das escolas para a realização do estágio e observações, prontidão em ceder salas, materiais e em prestar todo suporte necessário, além do envolvimento no processo de forma solícita e gentil. As equipes de direção e coordenação dispostas a atender e sanar quaisquer dúvidas, não hesitando em prestar toda e qualquer orientação solicitada. Infelizmente, existem momentos em que o educando não comparece às sessões, não apresenta justificativas e evita quaisquer contatos, o que desencadeia sentimento de frustração e impotência perante tal situação. Também há a preocupação com o tipo de ensino ofertado, a formação dos professores e até mesmo o relacionamento entre estes e os educandos bem como entre os próprios alunos – que acarreta o abandono dos estudos. 36 REFERÊNCIAS Diretrizes da formação de psicopedagogos no Brasil.(2019). Acesso em 10 de novembro de 2019, disponível em ABPp: https://www.abpp.com.br/documentos_referências_diretrizes_formacao.html NeuroSaber. (2017). Acesso em 21 de outubro de 2019, disponível em neurosaber: https://neurosaber.com.br/o-que-e-epilepsia-e-como-diagnosticar/ Alves, M.H. (28 de setembro de 2011). A aprendizagem na adolescência. Acesso em 8 de novembro de 2019, disponível em WebArtigos: https://www.webartigos.com/artigo/a- aprendizage-na-adolescência/77275 Caboclo, L.O. & Rodrigues, L. 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