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2013
Ética Profissional em 
serviço social
Profª. Vera Lúcia Hoffmann Pieritz
Copyright © UNIASSELVI 2013
Elaboração:
Profª. Vera Lúcia Hoffmann Pieritz
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
362.850981
 P615e Pieritz, Vera Lúcia Hoffmann
 Ética profissional em serviço social/ Vera Lúcia Hoffmann Pieritz. 
Indaial : Uniasselvi, 2013.
 197 p. : il
 ISBN 978-85-7830-817-9
 I. Ética profissional.
 1.Centro Universitário Leonardo da Vinci.
III
aPresentação
Caro(a) acadêmico(a)!
Iniciamos os estudos de Ética Profissional em Serviço Social. 
Entraremos no mundo intrínseco do relacionamento e do comportamento 
humano e suas regras de conduta, no qual trabalharemos a questão 
da formação dos princípios morais e éticos dos homens que vivem em 
sociedade. Portanto, esta disciplina aborda a compreensão dos significados 
dos princípios norteadores da ética, além de propiciar um conhecimento dos 
fundamentos ético-morais do exercício profissional do Assistente Social e 
promover uma reflexão e uma discussão sobre as questões ético-morais, na 
relação indivíduo e sociedade. 
Esta disciplina pretende, também, fomentar o debate sobre as 
diversas dimensões ético-morais da vida social e profissional, promover uma 
consciência crítica referente aos valores e princípios norteadores do exercício 
profissional e apresentar os fundamentos e significados do código de ética 
dos Assistentes Sociais.
Para que você possa compreender estes conceitos de ética, valores e 
moral e os assuntos pertinentes às questões éticas do cotidiano profissional 
do Assistente Social, proporcionaremos uma reflexão acerca do espaço da 
ética na relação indivíduo e sociedade, de modo que você possa trabalhar 
estes conceitos, permitindo que os mesmos interajam nas dimensões ético-
morais da vida social e profissional.
De modo prático, sobre os assuntos abordados, esta disciplina será 
dividida em três unidades principais.
Na primeira unidade, você discutirá questões em torno das principais 
definições da ética, no intuito de compreender o seu significado e os seus 
princípios norteadores; aprofundar os conhecimentos acerca dos princípios 
e valores morais de nossa sociedade e identificar as diversas questões éticas 
contemporâneas.
No Tópico 1, discutiremos os significados da ética profissional do 
Assistente Social, trabalhando os aspectos básicos, correlacionados à ética e à 
moral do comportamento humano em sociedade.
No Tópico 2, abordaremos as questões referentes à ética como um 
modo de viver e conviver, no qual trabalhamos as diferenças entre ética e 
moral; as origens ou bases fundamentais da existência humana e a conduta 
moral, ou seja, trabalhamos o significado do bem e mal, do certo e errado.
IV
No Tópico 3, procuraremos trabalhar a compreensão dos conceitos e 
características dos valores e virtudes morais, que formam os princípios norteadores 
da ética. Além de tratarmos da questão da essência da moral, com embasamentos 
éticos para a vida cotidiana e os valores e princípios morais dos seres humanos.
No Tópico 4, abordaremos as questões da ética no nosso dia a dia, 
ou seja, como se processam as questões éticas, na contemporaneidade, além 
de trabalharmos a questão da escolha e da responsabilidade, por meio da 
liberdade, como a capacidade humana.
Na segunda unidade, você conhecerá os fundamentos ético-morais 
do exercício profissional dos Assistentes Sociais; promoverá a reflexão e 
discussão sobre as questões ético-morais na relação indivíduo e sociedade; 
fomentará o debate sobre as diversas dimensões ético-morais da vida social 
e profissional e promoverá uma consciência crítica referente aos valores e 
princípios norteadores do exercício profissional do Assistente Social.
No Tópico 1, abordaremos, com detalhes, a natureza, o significado 
e as características fundamentais da ética profissional, além de trabalhar 
as questões relativas ao cotidiano da prática profissional e das finalidades 
ético-morais da reprodução social.
No Tópico 2, trabalharemos como se processa o espaço da ética 
na relação indivíduo versus sociedade, no qual perpassamos por alguns 
aspectos históricos da construção ética-moral da sociedade. Demonstramos, 
ainda, a inter-relação natural do comportamento moral entre os homens, 
principalmente na questão da construção subjetiva do homem, ou seja, o 
homem como ser individual.
No Tópico 3, trabalharemos os vários aspectos das relações entre o 
trabalho, a ética e o ser social, verificando as relações éticas no mundo do 
trabalho.
No Tópico 4, abordaremos a questão da ética profissional do serviço 
social e seu projeto ético-político, no qual se trabalhou como se processam as 
intervenções éticas na prática profissional do Assistente Social e seu objeto 
de trabalho, as expressões da questão social.
Na terceira unidade, você compreenderá os fundamentos e 
significados do código de ética dos Assistentes Sociais. Além de ter um link 
com os Conselhos de Fiscalização do Serviço Social.
No Tópico 1, abordaremos os principais fundamentos e significados 
do código de ética dos Assistentes Sociais. 
No Tópico 2, abordaremos uma discussão referente aos direitos e 
deveres gerais do Assistente Social. Direitos e deveres assegurados pelo 
Código de Ética do Assistente Social.
V
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
No Tópico 3, somente apresentaremos, na íntegra, o Código de Ética 
do Assistente Social.
No Tópico 4, apresentaremos os diversos Conselhos de Fiscalização 
do Serviço Social, o CFESS – Conselho Federal do Serviço Social e o CRESS 
– Conselho Regional do Serviço Social.
Prontos para começar a compreender o significado da ética 
profissional em serviço social?
Então, mãos à obra!
Bons estudos, e sucesso!
	 Profª.	Vera	Lúcia	Hoffmann	Pieritz
VI
VII
UNIDADE 1 – A ÉTICA E SEUS FUNDAMENTOS ......................................................................... 1
TÓPICO 1 – O QUE É ÉTICA? .............................................................................................................. 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 PROBLEMAS MORAIS E ÉTICOS ................................................................................................... 3
3 O CAMPO DA ÉTICA: SEUSIGNIFICADO E A FORMAÇÃO DO SUJEITO ÉTICO-
MORAL .................................................................................................................................................. 5
4 OS IDEAIS ÉTICOS: UMA INVESTIGAÇÃO DOS FUNDAMENTOS ÉTICOS .................. 8
LEITURA COMPLEMENTAR 1 ............................................................................................................ 9
LEITURA COMPLEMENTAR 2 ............................................................................................................ 10
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 16
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 17
TÓPICO 2 – ÉTICA: UM MÉTODO DE VIVER E CONVIVER ..................................................... 19
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 19
2 DIFERENÇA ENTRE ÉTICA E MORAL .......................................................................................... 19
3 A GÊNESE DA CONSCIÊNCIA MORAL: A NECESSIDADE DO DESENVOLVIMENTO 
HUMANO .............................................................................................................................................. 21
4 CONDUTA MORAL: O BEM E O MAL, O CERTO E O ERRADO ........................................... 23
LEITURA COMPLEMENTAR 1 ............................................................................................................ 26
LEITURA COMPLEMENTAR 2 ............................................................................................................ 27
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 34
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 35
TÓPICO 3 – OS VALORES E A MORAL COMO PRINCÍPIOS NORTEADORES DA ÉTICA . 37
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 37
2 A ESSÊNCIA DA MORAL COM EMBASAMENTOS ÉTICOS PARA A VIDA COTIDIANA .37
3 OS VALORES E PRINCÍPIOS MORAIS ......................................................................................... 40
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 45
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 48
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 50
TÓPICO 4 – A ÉTICA NA CONTEMPORANEIDADE ................................................................... 51
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 51
2 ALGUMAS QUESTÕES ÉTICAS POLÊMICAS DA ATUALIDADE ........................................ 51
2.1 FAMÍLIA ........................................................................................................................................... 52
2.2 SOCIEDADE CIVIL ......................................................................................................................... 52
2.3 ESTADO ............................................................................................................................................ 53
3 ÉTICA E LIBERDADE: A LIBERDADE COMO CAPACIDADE HUMANA ........................... 54
LEITURA COMPLEMENTAR 1 ............................................................................................................ 54
LEITURA COMPLEMENTAR 2 ............................................................................................................ 58
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 61
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 62
sumário
VIII
UNIDADE 2 – A ÉTICA E OS FUNDAMENTOS DA PRÁTICA PROFISSIONAL DO 
ASSISTENTE SOCIAL ................................................................................................. 63
TÓPICO 1 – OS FUNDAMENTOS ÉTICO-MORAIS DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL DO 
ASSISTENTE SOCIAL ..................................................................................................... 65
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 65
2 A NATUREZA E OS FUNDAMENTOS DA ÉTICA PROFISSIONAL ...................................... 65
3 O SIGNIFICADO DA ÉTICA PROFISSIONAL ............................................................................ 67
4 ÉTICA, O COTIDIANO E A PRÁTICA PROFISSIONAL ........................................................... 69
LEITURA COMPLEMENTAR 1 ............................................................................................................ 72
LEITURA COMPLEMENTAR 2 ............................................................................................................ 73
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 77
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 79
TÓPICO 2 – O ESPAÇO DA ÉTICA NA RELAÇÃO INDIVÍDUO E SOCIEDADE ................. 81
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 81
2 AS BASES HISTÓRICAS DA SOCIEDADE NA CONSTRUÇÃO DA ÉTICA ....................... 81
LEITURA COMPLEMENTAR 1 ............................................................................................................ 84
LEITURA COMPLEMENTAR 2 ............................................................................................................ 85
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 90
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 91
TÓPICO 3 – A RELAÇÃO ENTRE TRABALHO, SER SOCIAL E ÉTICA ................................... 93
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 93
2 O QUE É TRABALHO? ........................................................................................................................ 93
3 A ÉTICA DO TRABALHO .................................................................................................................. 94
LEITURA COMPLEMENTAR 1 ............................................................................................................ 97
LEITURA COMPLEMENTAR 2 ............................................................................................................ 98
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................101
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................103
TÓPICO 4 – A ÉTICA PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL E SEU PROJETO ÉTICO-
POLÍTICO .........................................................................................................................105
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................1052 AS INTERVENÇÕES ÉTICAS NA PRÁTICA PROFISSIONAL DO ASSISTENTE 
SOCIAL .............................................................................................................................................................105
3 O OBJETO DA PRÁTICA PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL ..............................106
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................111
RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................123
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................125
UNIDADE 3 – O CÓDIGO DE ÉTICA DOS ASSISTENTES SOCIAIS BRASILEIROS E OS 
CONSELHOS DE FISCALIZAÇÃO ........................................................................127
TÓPICO 1 – FUNDAMENTOS E SIGNIFICADOS DO CÓDIGO DE ÉTICA DOS 
ASSISTENTES SOCIAIS ...............................................................................................129
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................129
2 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO CÓDIGO DE ÉTICA ......................................................130
2.1 LIBERDADE ...................................................................................................................................130
2.2 DIREITOS HUMANOS .................................................................................................................132
2.3 CIDADANIA ..................................................................................................................................134
2.4 DEMOCRACIA ..............................................................................................................................136
IX
2.5 EQUIDADE E JUSTIÇA SOCIAL ................................................................................................137
2.6 RESPEITO À DIVERSIDADE .......................................................................................................138
2.7 PLURALISMO ................................................................................................................................139
2.8 PROJETO PROFISSIONAL ..........................................................................................................140
2.9 MOVIMENTOS SOCIAIS .............................................................................................................141
2.10 QUALIDADE DOS SERVIÇOS PRESTADOS..........................................................................142
2.11 INDISCRIMINAÇÃO ..................................................................................................................143
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................145
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................150
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................154
TÓPICO 2 – DOS DIREITOS E DAS RESPONSABILIDADES GERAIS DO ASSISTENTE 
SOCIAL ............................................................................................................................157
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................157
2 DOS DIREITOS GERAIS DO ASSISTENTE SOCIAL ...............................................................157
3 DOS DEVERES GERAIS DO ASSISTENTE SOCIAL ................................................................158
4 O QUE O ASSISTENTE SOCIAL NÃO PODE FAZER ...............................................................159
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................161
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................162
TÓPICO 3 – O CÓDIGO DE ÉTICA DO ASSISTENTE SOCIAL BRASILEIRO ....................163
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................163
2 O CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DOS/DAS ASSISTENTES SOCIAIS ...................166
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................179
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................180
TÓPICO 4 – OS CONSELHOS DE FISCALIZAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL .........................181
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................181
2 CFESS – CONSELHO FEDERAL DO SERVIÇO SOCIAL .........................................................181
3 CRESS – CONSELHO REGIONAL DE SERVIÇO SOCIAL ..........................................184
4 OUTRAS ENTIDADES CORRELACIONADAS AO SERVIÇO SOCIAL ...................186
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................187
RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................193
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................194
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................195
X
1
UNIDADE 1
A ÉTICA E SEUS FUNDAMENTOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A	partir	desta	unidade,	você	será	capaz	de:
• compreender o significado da ética e seus princípios norteadores;
• aprofundar os conhecimentos acerca dos princípios e valores morais de 
nossa sociedade;
• identificar as diversas questões éticas contemporâneas.
A Unidade 1 está dividida em quatro tópicos. Ao final de cada um deles, 
você terá a oportunidade de fixar seus conhecimentos, realizando as 
atividades propostas.
TÓPICO 1 – O QUE É ÉTICA?
TÓPICO 2 – ÉTICA: UM MÉTODO DE VIVER E CONVIVER
TÓPICO 3 – OS VALORES E A MORAL COMO PRINCÍPIOS 
NORTEADORES DA ÉTICA
TÓPICO 4 – A ÉTICA NA CONTEMPORANEIDADE
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
O QUE É ÉTICA?
1 INTRODUÇÃO
No processo de compreensão dos significados da ética profissional do 
Assistente Social, faz-se necessário discutir, primeiramente, alguns aspectos básicos 
correlacionados à ética e à moral do comportamento humano em sociedade.
Neste sentido, segundo Tomelin e Tomelin (2002, p. 89) “a ética é uma das 
áreas da filosofia	que investiga sobre o agir humano na convivência com os outros 
[...]”, ou seja, pode-se compreender que os nossos costumes e as nossas ações 
humanas em sociedade formam uma consciência	moral do certo e do errado, do 
bem e do mal.
NOTA
A Filosofia, de modo geral, investiga a racionalidade dos princípios fundamentais 
dos seres humanos.
Assim, pretendemos apresentar algumas ponderações no que tange aos 
principais significados da ética e da moral.
2 PROBLEMAS MORAIS E ÉTICOS
Com relação aos problemas éticos e morais do comportamento humano, 
observamos que a ética não é facilmente explicável, ao sermos indagados, mas 
todos nós sabemos o que é, pois está diretamente relacionada aos nossos costumes 
e às ações em sociedade, ou seja, ao nosso comportamento, ao nosso modo de 
vida e de convivência com os outros integrantes da sociedade.
Observa-se que todos nós possuímos princípios e valores que foram e são 
constituídos por nossa sociedade. E, com relação a estes valores, cadaum de nós 
possui uma visão do que é certo e errado, do que é o bem e o mal. 
UNIDADE 1 | A ÉTICA E SEUS FUNDAMENTOS
4
Contudo, esta consciência moral é determinada por um consenso coletivo 
e social, ou seja, o conjunto da sociedade é que formula e compõe as normas 
de conduta que o regem. Como exemplo, temos a nossa Constituição Federal e 
outras regras e normas de nossa sociedade.
IMPORTANT
E
Caro(a) acadêmico(a), para aprofundar os seus conteúdos sobre os princípios e 
valores, sugerimos a leitura dos artigos 1º, 3º e 5º da Constituição da República Federativa do 
Brasil, promulgada em 1988. Ele está disponível no seguinte site: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm>.
Didaticamente, segundo Valls (2003, p. 8) 
[...] costuma-se separar os problemas teóricos da ética em dois 
campos: num, os problemas gerais e fundamentais (como liberdade, 
consciência, bem, valor, lei e outros); e no segundo os problemas 
específicos, de aplicação concreta, como os problemas da ética 
profissional, de ética política, de ética sexual, de ética matrimonial, de 
bioética etc.
FIGURA 1 – O BEM E O MAL
FONTE: Disponível em: <www.dialogosuniverstarios.com.br>. Acesso 
em: 25 fev. 2009.
TÓPICO 1 | O QUE É ÉTICA?
5
UNI
Contudo, como saber: o que é certo e errado, se estamos fazendo o bem ou o mal?
Finalizando este item, podemos observar que: 
[...] os problemas éticos se distinguem da moral pela sua característica 
genérica, enquanto que a moral se caracteriza pelos problemas da 
vida cotidiana. O que há de comum entre elas é fazer o homem pensar 
sobre a responsabilidade das consequências de suas ações. A ética faz 
pensar sobre as consequências universais, sempre priorizando a vida 
presente e futura, local e global. A moral faz pensar as consequências 
grupais, adverte para normas culturalmente formuladas ou pode estar 
fundamentado num princípio ético. A ética pode, desta forma, pautar 
o comportamento moral. (TOMELIN; TOMELIN, 2002, p. 90).
AUTOATIVIDADE
PROBLEMAS DA VIDA COTIDIANA
VALORES E PRINCÍPIOS PROBLEMAS ÉTICO-MORAIS
LIBERDADE
IGUALDADE
DEMOCRACIA
3 O CAMPO DA ÉTICA: SEU SIGNIFICADO E A FORMAÇÃO 
DO SUJEITO ÉTICO-MORAL
Todos os homens fazem parte de uma sociedade, de um grupo social, 
portando, podemos dizer que os homens em sociedade convivem em grupo. Cada 
grupo social possui diferentes características culturais e morais, como, por exemplo: 
os povos indígenas, os orientais, os africanos, os alemães, os franceses, os italianos, os 
americanos, os brasileiros, entre muitos outros. Cada sociedade possui suas normas de 
conduta comportamental e seus princípios morais, ou seja, cada grupo social constituiu 
o que é certo e errado, o que é o bem e o mal para o seu povo, portanto, nem sempre o 
que é certo para nós pode ser certo para um outro grupo social e vice-versa.
Podemos pegar como exemplo a cultura do nascimento de crianças. Existem 
algumas sociedades indígenas em que a mãe, ao dar à luz, se embrenha na mata 
sozinha e se o filho não for perfeito, segundo os seus princípios morais, ela o abandona 
à sua própria sorte. À luz de nossos princípios morais, esta ação seria considerada um 
crime de abandono.
UNIDADE 1 | A ÉTICA E SEUS FUNDAMENTOS
6
Como você pode observar na seguinte figura, cada povo possui sua 
tradição, hábitos, costumes e cultura, desencadeando valores e princípios morais 
diferentes, que conduzem o seu comportamento social e moral.
FIGURA 2 – DIFERENTES CULTURAS
FONTE: A autora
UNI
Se você quiser saber mais sobre o comportamento moral destes grupos sociais/
povos, pesquise, na internet, sobre a CULTURA de cada povo. Assim, você poderá observar as 
diferenças culturais de cada um e identificar seus princípios morais.
FIGURA 3 – INDECISÃO
FONTE: Disponível em: <www.dificilescolher.blogspot.com>. Acesso 
em: 25 fev. 2009.
TÓPICO 1 | O QUE É ÉTICA?
7
UNI
Afinal o que é ética?
De acordo com Tomelin e Tomelin (2002, p. 89), “a palavra ética provém 
do grego ethos e significa hábitos, costumes e se refere à morada de um povo 
ou sociedade. A palavra moral provém do latim morális e significa costume, 
conduta.” 
A principal	 função da ética é sugerir qual o melhor comportamento 
que cada pessoa ou grupo social tem ou venha a ter. Indicando o que é certo 
ou errado, o que é bom ou mau. Porém, este comportamento sempre partirá do 
ponto de vista dos princípios morais de cada sociedade, ou seja, seu grupo social. 
A ética auxilia no esclarecimento e na explicação da realidade cotidiana de cada 
povo, procurando sempre elaborar seus conceitos conforme o comportamento 
correspondente de cada grupo social.
IMPORTANT
E
“O ético transforma-se assim numa espécie de legislador do comportamento 
moral dos indivíduos ou da comunidade.” (VÁZQUEZ, 2005, p. 20).
Complementando, Vazquez (2005, p. 21) coloca-nos que “a ética é teoria, 
investigação ou explicação de um tipo de experiência humana ou forma de 
comportamento dos homens [...]”, ou seja, o valor de ética está naquilo que ela 
explica – o fato real daquilo que foi ou é –, e não no fato de recomendar uma ação 
ou uma atitude moral.
Como todos sabem, existem grandes transformações históricas no decorrer 
dos tempos em nossa sociedade. E com estas mudanças, o nosso comportamento 
também muda e, consequentemente, os nossos princípios morais também. 
Outro fator que não podemos esquecer é a questão de julgar o 
comportamento dos outros grupos sociais, pois a realidade cotidiana destes foi 
formada por outro conjunto de normas e princípios morais, diferente dos nossos. 
Mesmo que em alguns aspectos estes princípios se pareçam com os nossos.
UNIDADE 1 | A ÉTICA E SEUS FUNDAMENTOS
8
4 OS IDEAIS ÉTICOS: UMA INVESTIGAÇÃO DOS 
FUNDAMENTOS ÉTICOS
Agora, prezado(a) acadêmico(a), apresentamos mais alguns aspectos 
correlacionados à etica, realizando assim uma investigação dos fundamentos que 
norteiam a ética.
A ética não se restringe a normas! [...] A moral expressa uma resposta 
as necessidades, mas [...] de onde vem a possibilidade de determinar o 
que é bom ou ruim, ou ainda de onde vem a possibilidade de escolher 
entre coisas diferentes? Para responder a essas questões, devemos 
agora entender os valores e escolhas com capacidades humanas. 
(BARROCO, 2000, p. 53-54).
Como realmente podemos definir as questões morais em nossa sociedade, 
ou seja, quais os critérios da conduta moral humana? Como ela se constitui?
IMPORTANT
E
“Será que agir moralmente significaria agir de acordo com a própria consciência?” 
(VALLS, 2003, p. 43).
Pois bem, partindo do princípio de que a conduta humana é formada 
por um conjunto de ações no intuito de obter alguma coisa, ou atingir alguma 
meta, observamos que nós, homens, agimos de acordo com os nossos interesses 
e os interesses do coletivo. Portanto, só agimos quando somos motivados ou 
impulsionados por um desejo ou na busca constante da realização e do prazer, 
pois é o caráter das pessoas e seus costumes, hábitos e virtudes que determinam 
a sua conduta social, a sua maneira de viver. E é neste comportamento que a ética 
regula o agir humano.
TÓPICO 1 | O QUE É ÉTICA?
9
AS TRÊS PENEIRAS DE SÓCRATES
Certa vez um homem chegou até Sócrates e disse:
— Mestre, escute-me, pois tenho que contar-lhe algo importante a respeito 
de seu amigo!
— Espera um pouco – interrompe o sábio – fez passar aquilo que quer 
contar pelas três peneiras?
— Que três peneiras, Mestre?
— Então escute bem! A primeira é a peneira da Verdade. Está convicto de 
que tudo que quer me dizer é verdade?
— Não exatamente, Mestre. Somente o ouvi de outros.
— Mas então certamente fez passar pela segunda peneira. Trata-se da 
peneira da Bondade.
— O homem ficou ruborizado e respondeu:
— Devo confessar-lhe que não, Mestre.
— E pensou na terceira peneira? Seria-me útil o que quer falar a respeito 
de meu amigo? Seria esta a peneira da Utilidade.
— Útil? Na verdade, não.
—Vê? – disse-lhe o sábio – se aquilo que quer contar-me não é Verdadeiro, 
nem Bom,nem Útil, então é melhor que o guarde somente para si.
FONTE: TOMELIN, Janes Fidélis; TOMELIN, Karina Nones. Do mito para a razão: uma dialética 
do saber. 2. ed. Blumenau: Nova Letra, 2002. p. 92-93.
LEITURA COMPLEMENTAR 1
UNIDADE 1 | A ÉTICA E SEUS FUNDAMENTOS
10
LEITURA COMPLEMENTAR 2
ÉTICA E MORAL
Sandro Dennis
Existe alguma confusão entre o Conceito de Moral e o Conceito de Ética. 
A etimologia destes termos ajuda a distingui-los, sendo que Ética vem do grego 
“ethos” que significa modo de ser, e Moral tem sua origem no latim, que vem de 
“mores”, significando costumes.
Esta confusão pode ser resolvida com o estudo em paralelo dos dois temas, 
sendo que Moral é um conjunto de normas que regulam o comportamento do homem 
em sociedade, e estas normas são adquiridas pela educação, pela tradição e pelo 
cotidiano. É a “ciência dos costumes”. A Moral tem caráter normativo e obrigatório.
Já a ÉTICA é “conjunto de valores que orientam o comportamento do 
homem em relação aos outros homens na sociedade em que vive, garantindo, 
assim, o bem-estar social”, ou seja, ÉTICA É A FORMA QUE O HOMEM DEVE 
SE COMPORTAR NO SEU MEIO SOCIAL.
A MORAL sempre existiu, pois todo ser humano possui a consciência 
Moral que o leva a distinguir o bem do mal no contexto em que vive. Surgindo 
realmente quando o homem passou a fazer parte de agrupamentos, isto é, 
surgiu nas sociedades primitivas, nas primeiras tribos. A	Ética	teria	surgido	com	
Sócrates, pois se exige maior grau de cultura. Ela investiga e explica as normas 
morais, pois leva o homem a agir não só por tradição, educação ou hábito, mas 
principalmente por convicção e inteligência. Ou seja, enquanto a Ética é teórica e 
reflexiva, a Moral	é	eminentemente	prática. Uma completa a outra.
Em nome da amizade, deve-se guardar silêncio diante do ato de um 
traidor? Em situações como esta, os indivíduos se deparam com a necessidade 
de organizar o seu comportamento por normas que se julgam mais apropriadas 
ou mais dignas de ser cumpridas. Tais normas são aceitas como obrigatórias, e 
desta forma, as pessoas compreendem que têm o dever de agir desta ou daquela 
TÓPICO 1 | O QUE É ÉTICA?
11
maneira. Porém o comportamento é o resultado de normas já estabelecidas, 
não sendo, então, uma decisão natural, pois todo comportamento sofrerá um 
julgamento. E a diferença prática entre Moral e Ética é que esta é o juiz das morais, 
assim ÉTICA É UMA ESPÉCIE DE LEGISLAÇÃO DO COMPORTAMENTO 
MORAL DAS PESSOAS.
Ainda podemos dizer que a ética é um conjunto de regras, princípios ou 
maneiras de pensar que guiam, ou chamam para si a autoridade de guiar, as 
ações de um grupo em particular, ou, também, o estudo da argumentação sobre 
como nós devemos agir.
Também a simples existência da moral não significa a presença explícita 
de uma ética, entendida como filosofia moral, pois é preciso uma reflexão que 
discuta, problematize e interprete o significado dos valores morais.
Podemos dizer, a partir dos textos de 
PLATÃO e ARISTÓTELES, que no Ocidente, a 
ética ou filosofia moral inicia-se com Sócrates.
Para SÓCRATES, o conceito de ética iria além 
do senso comum da sua época, o corpo seria a prisão 
da alma, que é imutável e eterna. Existiria um “bem 
em si” próprio da sabedoria da alma e que podem 
ser rememorados pelo aprendizado. Esta bondade 
absoluta do homem tem relação a uma ética anterior 
à experiência, pertencente à alma e que o corpo para 
reconhecê-la terá que ser purificado.
ARISTÓTELES subordina sua ética à política, acreditando que na 
monarquia e na aristocracia se encontraria a alta virtude, já que esta é um 
privilégio de poucos indivíduos. Também diz que na prática ética, nós somos o 
que fazemos, ou seja, o Homem é moldado na medida em que faz escolhas éticas 
e sofre as influências dessas escolhas.
O Mundo Essencialista é o mundo da contemplação, ideia compartilhada 
pelo filósofo grego antigo Aristóteles. No pensamento filosófico dos antigos, os seres 
humanos aspiram ao bem e à felicidade, que só podem ser alcançados pela conduta 
virtuosa. Para a ética essencialista o homem era visto como um ser livre, sempre 
em busca da perfeição. Esta por sua vez, seria equivalente aos valores morais que 
estariam inscritos na essência do homem. Dessa forma – para ser ético – o homem 
deveria entrar em contato com a própria essência, a fim de alcançar a perfeição.
Costuma-se resumir a ética dos antigos, ou ética essencialista, em três 
aspectos: 1) o agir em conformidade com a razão; 2) o agir em conformidade 
com a natureza e com o caráter natural de cada indivíduo; 3) a união permanente 
entre ética (a conduta do indivíduo) e política (valores da sociedade). A ética era 
uma maneira de educar o sujeito moral (seu caráter) no intuito de propiciar a 
harmonia entre o mesmo e os valores coletivos, sendo ambos virtuosos.
UNIDADE 1 | A ÉTICA E SEUS FUNDAMENTOS
12
Com o cristianismo romano, através de S. 
TOMÁS DE AQUINO e SANTO AGOSTINHO, 
incorpora-se a ideia de que a virtude se define a 
partir da relação com Deus e não com a cidade ou 
com os outros. Deus nesse momento é considerado 
o único mediador entre os indivíduos. As duas 
principais virtudes são a fé e a caridade.
Através deste cristianismo, se afirma na ética 
o livre-arbítrio, sendo que o primeiro impulso da 
liberdade dirige-se para o mal (pecado). O homem 
passa a ser fraco, pecador, dividido entre o bem e o 
mal. O auxílio para a melhor conduta é a lei divina. 
A ideia do dever surge nesse momento. Com isso, 
a ética passa a estabelecer três tipos de conduta; 
a moral ou ética (baseada no dever), a imoral ou 
antiética e a indiferente à moral.
As profundas transformações que o mundo 
sofre a partir do século XVII com as revoluções 
religiosas, por meio de LUTERO; científica, com 
COPÉRNICO e filosófica, com DESCARTES, oprimem 
um novo pensamento na era Moderna, caracterizada 
pelo Racionalismo Cartesiano – agora a razão é o 
caminho para a verdade, e para chegar a ela é preciso 
um discernimento, um método. Em oposição à fé surge 
agora o poder exclusivo da razão de discernir, distinguir 
e comparar. Este é um marco na história da humanidade 
que a partir daí acolhe um novo caminho para se chegar 
ao saber: o saber científico, que se baseia num método e 
o saber sem método é mítico ou empírico.
A ética moderna traz à tona o conceito de que os 
seres humanos devem ser tratados sempre como fim da 
ação e nunca como meio para alcançar seus interesses. Essa 
ideia foi contundentemente defendida por Emmanuel	
Kant. Ele afirmava que: “não existe bondade natural. 
Por natureza somos egoístas, ambiciosos, destrutivos, 
agressivos, cruéis, ávidos de prazeres que nunca nos 
saciam e pelos quais matamos, mentimos, roubamos”.
TÓPICO 1 | O QUE É ÉTICA?
13
De acordo com esse pensamento, para nos tornarmos seres morais era 
necessário nos submetermos ao dever. Essa ideia é herdada da Idade Média na 
qual os cristãos difundiram a ideologia de que o homem era incapaz de realizar o 
bem por si próprio. Por isso, ele deve obedecer aos princípios divinos, cristalizando 
assim a ideia de dever. Kant afirma que se nos deixarmos levar por nossos 
impulsos, apetites, desejos e paixões não teremos autonomia ética, pois a Natureza 
nos conduz pelos interesses de tal modo que usamos as pessoas e as coisas como 
instrumentos para o que desejamos. Não podemos ser escravos do desejo.
No século XIX, FRIEDRICH HEGEL traz uma 
nova perspectiva complementar e não abordada pelos 
filósofos da Modernidade. Ele apresenta a perspectiva 
Homem – Cultura e História, sendo que a ética 
deve ser determinada pelas relações sociais. Como 
sujeitos históricos culturais, nossa vontade subjetiva 
deve ser submetida à vontade social, das instituições 
da sociedade. Desta forma, a vida ética deve ser 
“determinada pela harmonia entre vontade subjetiva 
individual e a vontade objetiva cultural”.
Através desse exercício, interiorizamos os valores culturais de tal maneira 
que passamos a praticá-los instintivamente, ouseja, sem pensar. Se isso não 
ocorrer é porque esses valores devem estar incompatíveis com a nossa realidade 
e por isso devem ser modificados. Nesta situação podem ocorrer crises internas 
entre os valores vigentes e a transgressão deles.
Já na atualidade o conceito de ética se fundiu nestas duas correntes de 
pensamento:
A ÉTICA PRAXISTA, em cuja visão o homem tem a capacidade de 
julgar, ele não é totalmente determinado pelas leis da natureza, nem possui uma 
consciência totalmente livre. O homem tem uma corresponsabilidade frente as 
suas ações.
A ÉTICA PRAGMÁTICA, Com raízes na apropriação de coisas e espaços, 
na propriedade, tem como desafio à alteridade (misericórdia, responsabilização, 
solidariedade), para transformar o Ter, o Saber e o Poder em recursos éticos para 
a solidariedade, contribuindo para a igualdade entre os homens: “distribuição 
equitativa dos bens materiais, culturais e espirituais”.
O homem é visto, como sujeito histórico-social, e como tal, sua ação não 
pode mais ser analisada fora da coletividade. Por isso, a ética ganha novamente um 
dimensionamento político: uma ação eticamente boa é politicamente boa, e contribui 
para o aumento da justiça, distribuição igualitária do poder entre os homens. Na 
ética pragmática o homem é politicamente ético, – “todos os aspectos da condição 
humana, têm alguma relação com a política” – há uma corresponsabilidade em 
prol de uma finalidade social: a igualdade e a justiça entre os homens.
UNIDADE 1 | A ÉTICA E SEUS FUNDAMENTOS
14
Na Contemporaneidade, NIETZSCHE atribui 
a origem dos valores éticos, não à razão, mas à emoção. 
Para ele, o homem forte é aquele que não reprime 
seus impulsos e desejos, que não se submete à moral 
demagógica e repressora. E para coroar essa mudança 
radical de conceitos, surge FREUD com a descoberta 
do inconsciente, instância psíquica que controla o 
homem, burlando sua consciência para trazer à tona 
a sexualidade represada e que o neurotiza. Porém, 
FREUD, em momento algum afirma dever o homem 
viver de acordo com suas paixões, apenas buscar 
equilibrar e conciliar o id com o superego, ou seja, o 
ser humano deve tentar equilibrar a paixão e a razão.
Hoje, em uma era em que cada vez mais se 
fala de globalização, da qual somos todos funcionários 
e insumos de produção, o conhecimento de nossa 
cultura passa inevitavelmente pelo conhecimento de 
outras culturas. Entretanto essa tarefa antropológica 
não é suficiente para o homem comum superar a crise 
da ética atual conhecendo o outro e suas necessidades 
para se chegar a sua convivência harmônica. Ao 
contrário, ser feliz hoje é dominar progresso técnico e 
científico, ser feliz é ter. Não há mais espaço para uma 
ética voltada para uma comunidade. Hoje se aposta no 
individualismo, no consumo, na rapidez de produção.
No momento histórico em que vivemos existe um problema ético-político 
grave. Forças de dominação têm se consolidado nas estruturas sociais e econômicas, 
mas através da crítica e no esclarecimento da sociedade seria possível desvelar 
a dissimulação ideológica que existe nos vários discursos da cultura humana, 
sabendo disso, essas mesmas forças têm procurado controlar a mídia.
Em lugar da felicidade pura e simples há a obrigação do dever e a ética 
fundamenta-se em seguir normas. Trata-se da “Ética da Obediência”. Que impede o 
Homem de pensar, e descobrir uma nova maneira de se ver, e assim encontrar uma 
saída em relação ao conformismo de massa que está na origem da banalidade do mal, 
do mecanismo infernal em que estão ausentes o pensamento e a liberdade do agir.
Pois assim determina Vasquez (1998) ao citar Moral como um “sistema de 
normas, princípios e valores, segundo os quais são regulamentados as relações mútuas 
entre os indivíduos ou entre estes e a comunidade, de tal maneira que estas normas, 
dotadas de um caráter histórico e social, sejam acatadas livres e conscientemente, por 
uma convicção íntima, e não de uma maneira mecânica, externa ou impessoal”.
Enfim, Ética e Moral são os maiores valores do homem livre. O homem, 
com seu livre arbítrio, vai formando seu meio ambiente ou o destruindo, ou ele 
TÓPICO 1 | O QUE É ÉTICA?
15
apoia a natureza e suas criaturas, ou ele subjuga tudo que pode dominar, e assim 
ele mesmo se forma no bem ou no mal neste planeta.
FONTE: DENIS, Sandro. Ética e moral. Círculo Cúbico. Endereço Eletrônico: <Http://
Circulocubico.Wordpress.Com/2008/04/04/Tica-E-Moral/>. Acesso em: 9 set. 2011.
1 Qual a função das regras e normas em nossa sociedade?
2 Procure identificar a diferença entre ética e moral.
3 Como podemos aplicar a fábula das “três peneiras de 
Sócrates”, em nosso dia a dia?
DICAS
Para um aprofundamento destes temas, sugiro que você leia os seguintes livros 
e assista ao filme indicado:
VALLS, Álvaro L. M. O que é 
Ética. São Paulo: Brasiliense, 
2003. (Coleção Primeiros 
Passos, 177).
VÁSQUEZ, Adolfo S. Ética. 26. 
ed. Rio de Janeiro: Civilização 
Brasileira, 2005.
COACHI CARTER: Treino para a vida. 
Título Original: Coach Carter. 
Gênero: Drama. 
Tempo de Duração: 136 minutos. 
Ano de Lançamento (EUA / 
Alemanha): 2005. 
Site Oficial: <www.coachcarter
movie.com>. 
Estúdio: MTV Films / Tollin/
Robbins Productions / MMDP 
Munich Movie Development & 
Production GmbH & Co. 
Distribuição: Paramount Pictures 
/ UIP. Direção: Thomas Carter.
TOMELIN, Janes Fidélis; TOMELIN, Karina Nones. Do mito 
para a razão: uma dialética do saber. 2 ed. Blumenau: 
Novaletra, 2002.
AUTOATIVIDADE
16
Neste	tópico,	podemos	observar	uma	discussão	acerca	do	significado	da	
ética,	no	qual	foram	abordados	os	seguintes	itens:
 A ética investiga o agir humano, o seu comportamento em sociedade.
 Nossas ações, hábitos e costumes formam uma consciência moral do que nos 
faz bem ou mal e o do que é certo ou errado.
 Todos os seres humanos possuem valores e princípios diferentes, porque 
vivem em sociedades diferentes, que possuem características culturais e morais 
diferentes.
 Cada um de nós possui uma visão do que é certo e errado, do bem e do mal. 
 Todos os homens fazem parte de uma sociedade, um grupo social, portanto, 
podemos dizer que os homens em sociedade convivem em grupo.
 A principal função da ética é sugerir qual o melhor comportamento que cada 
pessoa ou grupo social tem ou venha a ter.
 A ética auxilia no esclarecimento e explicação da realidade cotidiana de cada 
povo, procurando sempre elaborar seus conceitos conforme o comportamento 
correspondente de cada grupo social.
 O valor de ética está naquilo que ela explica – o fato real daquilo que foi ou é – e 
não no fato de recomendar uma ação ou uma atitude moral.
 São o caráter das pessoas e seus costumes, hábitos e virtudes que determinam 
a conduta social, a sua maneira de viver. E é neste comportamento que a ética 
regula o agir humano.
RESUMO DO TÓPICO 1
17
1 Pesquise a diferença entre comportamento amoral e comportamento imoral.
2 Quais as diferenças entre cultura e valores?
3 Como você vê a ética em sua profissão?
AUTOATIVIDADE
18
19
TÓPICO 2
ÉTICA: UM MÉTODO DE VIVER E CONVIVER
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Sabemos que vivemos em sociedade, mas para que possamos viver 
harmoniosamente com os outros, necessitamos compreender o como viver e 
conviver com o outro. Neste sentido, este tópico realizará algumas reflexões 
pertinentes a esta questão, pois:
Quando começamos a questionar a sensatez, ou mesmo a sanidade, de 
alguns de nossos mais acalentados modos de pensar – por exemplo, 
considerar o conhecimento como poder, em vez de sabedoria; afirmar 
a conveniência do progresso material, apesar de sua influência 
corrosiva em nossas almas, ou justificar a manipulação antropocêntrica 
da natureza, mesmo à custa de destruir o sistema de proteção de vida, 
a consciência primordial emerge como fonte inspiradora. (TU WEI-
MING apud TOMELIN; TOMELIN, 2002, p. 89).
Assim, a compreensão das diferenças entre ética e moral, proporcionará 
a você prezado(a) acadêmico(a), maior compreensão darealidade social em que 
vivemos.
2 DIFERENÇA ENTRE ÉTICA E MORAL
Com relação à ética e à moral, já estudadas no tópico 1 desta Unidade, 
podemos afirmar que a ética estuda e investiga o comportamento moral dos seres 
humanos. E esta moral é constituída pelos diferentes modos de viver e agir dos 
homens em sociedade, que é formada por suas diretrizes morais da vida cotidiana, 
transformando-se no decorrer dos tempos.
Nesta perspectiva, apresentamos as suas principais diferenças a seguir:
UNIDADE 1 | A ÉTICA E SEUS FUNDAMENTOS
20
QUADRO 1 – DIFERENÇAS ENTRE ÉTICA E MORAL
ÉTICA MORAL
• É a ciência que estuda a moral.
• É a reflexão sistemática sobre o 
comportamento moral.
• É a parte da filosofia que trata da 
reflexão dos princípios universais da 
humanidade.
• São os valores humanos universais e 
fundamentais.
• É a teoria do comportamento moral.
• É a compreensão subjetiva do ato moral.
• É o modo de viver e agir de cada povo, 
em cada cultura.
• É o conjunto de normas, prescrição e 
valores reguladores da ação cotidiana.
• Varia no tempo e no espaço.
• São os valores concernentes ao bem e ao 
mal, permitindo ou proibindo.
• Conjunto de normas e regras reguladoras 
da relação entre os homens de uma 
determinada comunidade.
• Nasce da necessidade de ajudar cada 
membro aos interesses coletivos do 
grupo.
FONTE: TOMELIN, Janes Fidélis; TOMELIN, Karina Nones. Do mito para a razão: uma dialética 
do saber. 2. ed. Blumenau: Nova Letra, 2002. p. 89-90.
Ou seja, podemos verificar que existe uma distinção entre ética e moral e 
cada qual possui suas características norteadoras, que de acordo com Paulo Netto 
(apud BONETTI et al, 2010, p. 23) a:
FIGURA 4 – MORAL E ÉTICA
FONTE: Adaptado de: Tomelin e Tomelin, 2002, p.89-90.
TÓPICO 2 | ÉTICA: UM MÉTODO DE VIVER E CONVIVER
21
Assim, podemos expor que a moral vem se constituindo historicamente, 
mudando no decorrer da própria evolução do homem em sociedade. Em que 
seus hábitos e costumes são constituídos por esta relação social, em que a essência 
humana é pautada por estes princípios morais. E estes por sua vez constituem o 
ser social que somos. E a ética nesta questão chega para simplesmente regular e 
analisar estes preceitos morais.
A ética é percussora da TRANSFORMAÇÃO SOCIAL dos diversos 
sistemas ou estruturas sociais. Sistemas estes que imprimiam suas mudanças 
sociais, tais como:
• Capitalismo.
• Socialismo.
Então, podemos dizer que quando é constituída uma nova estrutura 
social, a ética, os vilões e princípios morais são modificados para constituir assim 
esta nova concepção de sociedade. Em outros termos, o sistema de valores morais 
se transforma no processo de constituição de um novo padrão sócio-histórico.
Mas, nos diversos processos e projetos de transformações sociais devem 
permear os valores da solidariedade, igualdade e fraternidade, para assim poder 
constitui uma sociedade mais justa e democrática.
3 A GÊNESE DA CONSCIÊNCIA MORAL: A NECESSIDADE DO 
DESENVOLVIMENTO HUMANO
Neste item, trabalharemos algumas questões que apresentam as origens 
ou bases fundamentais da existência humana, ou seja, a gênese da consciência 
moral, aquilo que possibilita os seres humanos a serem considerados homens.
Lembre-se, o ditado popular cita que “O HOMEM É HOMEM, PORQUE É UM 
SER RACIONAL!” A questão não é tão simples assim, pois não podemos dizer que a ética só 
depende da razão e que a racionalidade é o seu fator constituinte.
ATENCAO
Entretanto, antes de tudo, precisamos compreender o significado das 
ações ético-morais na vida dos seres humanos, indagando se o simples fato 
de pensar e estabelecer normas de conduta da realidade cotidiana pode ser 
UNIDADE 1 | A ÉTICA E SEUS FUNDAMENTOS
22
compreendido como a realização de uma atividade prática em sua vida, ou seria 
possível que a vida dos homens fosse estabelecida apenas por sua racionalidade 
ou pela composição de regras, normas e valores sociais?
Partindo desta indagação, podemos afirmar que o homem vive num 
mundo real, estabelecendo diversas relações com a natureza, transformando-a 
segundo às suas necessidades reais, sobrevivendo, ao longo de sua história, a 
partir dessas relações.
DICAS
Como sugestão, inicialmente leia o seguinte livro:
FURNARI, Eva. Lolo Barnabé. São Paulo: Moderna, 2000.
Os seres humanos estão ligados à natureza e dela dependem para se 
constituírem como seres sociais, pois, à medida que utilizam sua consciência sobre 
a natureza, desenvolvem necessidades práticas de sobrevivência, ou seja, não basta 
apenas pensar e observar, faz-se necessário que os homens ajam sobre sua realidade 
cotidiana, realizem seus desejos e vontades e transformem a sua vida conforme 
suas necessidades e as necessidades de sua sociedade.
Marx e Engels (1987, p. 22) colocam-nos que:
[...] o primeiro pressuposto de toda existência humana e, portanto, de 
toda história, é que os homens devem estar em condições de viver para 
poder fazer história. Mas, para viver, antes de tudo comer, beber, ter 
habitação, vestir-se e algumas coisas a mais. O primeiro ato histórico 
é, portanto, a produção dos meios que permitam a satisfação destas 
necessidades, a produção da própria vida material, e de fato este é um 
ato histórico, uma condição fundamental de toda a história, que ainda 
hoje, como há milhares de anos, deve ser cumprida todos os dias e 
todas as horas, simplesmente para manter os homens vivos.
TÓPICO 2 | ÉTICA: UM MÉTODO DE VIVER E CONVIVER
23
Assim, podemos observar que a realização de nossas necessidades é 
compreendida como um fato social e histórico, primordial para compreendermos 
a própria existência humana. E estas necessidades, conforme a história do “Lolo 
Barnabé” (FURNARI, 2000), são criadas e recriadas constantemente, fazendo parte 
da constituição histórica dos seres humanos. Por consequência, determinando o 
modo de vida, os princípios, hábitos e valores sociais.
Este desenvolvimento humano, pela busca da realização das suas 
necessidades, é feito primordialmente por meio do trabalho, no qual, o homem 
além de se adaptar à natureza, começa a agir sobre ela, transformando-a de 
acordo com seus propósitos e necessidades.
Então, podemos concluir que é por meio do trabalho que os seres humanos 
colocam em prática suas capacidades humanas. Assim,	 o	 trabalho	 é	 a	 base	
fundamental	 na	 formação	da	 consciência	moral	 de	 todos	 os	 seres	 humanos, 
pois, segundo Barroco (2000, p. 45) “[...] o trabalho é uma atividade social, cuja 
realização cria valores e costumes, desenvolve habilidades e sentimentos, formas 
de comunicação, de intercâmbio e de conhecimento, em outras palavras, cria a 
cultura e sua própria história.” É por meio do trabalho que os homens desenvolvem 
seus princípios e sua cultura, consequentemente, seus valores sociais e éticos.
1 A partir da história do “Lolo Barnabé” (FURNARI, 2000), reflita sobre as 
determinações da construção social através do trabalho, na constituição dos 
seres humanos.
2 Por que é o trabalho que permite a construção dos valores éticos?
3 Qual é o papel da ação humana na produção e reprodução da vida em 
sociedade?
4 CONDUTA MORAL: O BEM E O MAL, O CERTO E O 
ERRADO
Com relação ao comportamento moral dos homens, chegamos numa 
encruzilhada que é a nossa própria consciência moral, pois como saber o que 
devemos fazer? O que é certo ou errado perante a sociedade? O que é o bem e 
como evitar o mal?
De acordo com Valls (2003, p. 67-68): 
[...] agir eticamente é agir de acordo com o bem. A maneira de como 
se definirá o que seja este bem, é um segundo problema, mas a opção 
entre o bem e o mal, distinção levantada já há alguns milênios, parece 
continuar válida. [...] Neste sentido, poderíamos continuar dizendo 
AUTOATIVIDADE
UNIDADE 1 | A ÉTICA E SEUS FUNDAMENTOS
24
que uma pessoa ética é aquela que age sempre a partir da alternativa 
bem ou mal, isto é, aquela que resolveu pautar seu comportamento 
por uma tal opção, uma tal disjunção. E quem não vive dessa maneira,optando sempre, não vive eticamente.
Pois bem, para efetuarmos um julgamento concreto sobre alguma 
situação da vida em sociedade, devemos nos pautar sobre todos os pressupostos 
éticos daquela sociedade em si, ou seja, seus princípios morais e seus costumes. 
Entretanto, sem esquecer que o que todo ser humano busca em suas ações 
cotidianas na sociedade é fazer sempre e somente o bem, pois é por causa e em 
nome deste bem	maior	que eles realizam tudo. 
Todas as nossas ações possuem um propósito, ou seja, um fim. Este fim 
somente é alcançado quando os homens realizam uma atividade para alcançá-lo, 
vão em busca de seus objetivos e metas. Portanto, se realmente existe um motivo 
que visa tudo o que fazemos, este fim só poderá ser realizado se nós, seres humanos, 
o realizarmos através de ações/atividades. Elas, por sua vez, sempre estão na busca 
constante da realização do bem e da verdade e procurando a felicidade e o prazer.
Em nome de um bem maior, da realização de um prazer ou em nome da 
felicidade, as pessoas realizam muitas ações na sociedade. Às vezes, estas ações 
podem prejudicar outras pessoas. Procure identificar pelo menos uma destas 
ações que você conhece, que, em nome deste bem maior, acaba prejudicando 
as outras pessoas.
DICAS
Como sugestão de leitura para fixação deste conteúdo, leia o seguinte livro e 
assista aos filmes a seguir:
PERREIRA, Otaviano. O que é moral. 
São Paulo: Brasiliense, 1991.
AUTOATIVIDADE
TÓPICO 2 | ÉTICA: UM MÉTODO DE VIVER E CONVIVER
25
ADMIRÁVEL MUNDO NOVO (Brave New World)
Direção: Leslie Libman e Larry Williams. 
Elenco: Peter Gallagher, Leonard Nimoy, Tim 
Guinee, Rya Kihlstedt, Sally Kirkland, Patrick J. 
Dancy, Daniel Dae Kim, Miguel Ferrer. 
Gênero: Ficção Científica.
SÁ, Antônio Lopes de. Ética e valores 
humanos. São Paulo: Juruá, 2011.
BLADE RUNNER: O CAÇADOR DE ANDROIDES
Diretor: Ridley Scott.
Elenco: FORD, HARRISON, HAUER, RUTGER, 
HANNAH, DARYL, e YOUNG, SEAN. 
Gênero: Ficção Científica.
UNIDADE 1 | A ÉTICA E SEUS FUNDAMENTOS
26
LEITURA COMPLEMENTAR 1
OPERÁRIO EM CONSTRUÇÃO
Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:
Que o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.
De forma que, certo dia
À mesa, ao cortar o pão
O operário foi tornado
De uma súbita emoção
Ao constatar assombrado
Que tudo naquela mesa
-garrafa, prato, facão
Era ele quem o fazia
Ele, um humilde operário,
Um operário em construção.
Olhou em torno: gamela
Banco, enxada, caldeirão
Vidro, parede, janela
Casa, cidade, nação!
Tudo, o que existia
Era ele quem o fazia
Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão.
-------------------------
E foi assim que o operário
Do edifício em construção
Que sempre dizia sim
Começou a dizer não.
E aprendeu a notar coisas
A que não dava atenção:
Notou que sua marmita
Era prato do patrão
Que sua cerveja preta
Era o uísque do patrão
Que seu macacão de zuarte
Era o terno do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão
Que os seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.
E o operário disse: não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução
---------------------------------
Uma esperança sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razão porém que fizera
Em operário construído
O operário em construção.
(Vinícius de Moraes)
FONTE: MORAES, Vinícius de. In: TOMELIN, Janes Fidélis; TOMELIN, Karina Nones. Do mito para 
a razão: uma dialética do saber. 2. ed. Blumenau: Nova Letra, 2002. (p.24)
TÓPICO 2 | ÉTICA: UM MÉTODO DE VIVER E CONVIVER
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LEITURA COMPLEMENTAR 2
ÉTICA E MORAL
UMA REFLEXÃO SOBRE A ÉTICA E OS PADRÕES DE MORALIDADE 
OCIDENTAL
Israel Alexandria
1. A MORALIDADE ENQUANTO OBJETO DA ÉTICA
Gosto não se discute. Correntemente essa frase é utilizada quando se quer 
estabelecer a ideia de que gosto é algo radicalmente subjetivo e imutável. Ora, 
a imensa variedade de sujeitos com preferências e opiniões distintas entre si e o 
fato de um mesmo sujeito mudar de preferências e opiniões fazem prova de que 
a complexa estrutura psíquica humana é capaz de aprender e de modificar o que 
se aprendeu. SUBJETIVIDADE não combina com IMUTABILIDADE, logo a frase 
em questão é contraditória.
Diz-se também que PERSONALIDADE vem da natureza. Quando atribuímos 
à natureza a existência de alguma coisa, estamos simplesmente dizendo que 
esta coisa não foi criada pela cultura, nasce-se com ela. Não há necessidade de 
aprender o que é natural. O natural é inato. Essa coisa chamada personalidade 
é inerente à pessoa. Pessoa e personalidade vêm da mesma palavra: persona. 
Ninguém nasce pessoa. Ninguém se refere a um bebê como "aquela pessoa", pois 
sabe-se que personalidade tem a ver com um sistema mais ou menos definido de 
gostos, preferências que se vai adquirindo com o tempo.
Embora as preferências e as condições que formam a personalidade sejam 
tão subjetivas e mutáveis, há uma constante que não podemos desprezar. É o 
princípio do prazer. Todo ser dotado de sensibilidade tem a propensão natural 
de afastar o que lhe está associado à dor e buscar o que lhe é prazeroso. O gato 
morde o homem que lhe pisa a cauda e o vegetal cresce em direção ao sol. Para o 
gato é bom que não lhe pisem na cauda. Para a planta, é bom crescer em direção ao 
sol. O ser humano não foge a essa regra. O bebê humano é capaz de manifestar 
sua percepção de prazer e dor e essa capacidade não se perde com a idade. O que 
muda é a forma como se dá essa manifestação e o objeto do prazer ou o da dor 
que, por sua vez, dependem das circunstâncias. O que permanece imutável é o 
fato dos sujeitos estarem sempre buscando o que lhes parece bom, e afastando o 
que lhes parece mal. É sobre esses dois conceitos que trata a ética.
A	 ética	 é	 uma	 ciência	 comprometida	 com	 a	 busca	 aprofundada	 das	
relações	 entre	 o	 homem	 e	 os	 conceitos	 de	 bem	 e	 de	 mal. Trata-se de uma 
ciência da qual não podemos nos esquivar, pois o bem e o mal, o certo e o errado 
impregnam nossa conduta prática. Embora a maioria não pense no assunto, o 
comportamento humano é uma contínua resposta às questões éticas. É nesse 
ponto que nasce a distinção entre ética e moral.
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O dicionarista e pensador Nicola Abbagnano (1901-1990) afirma que 
MORAL	é	"atinente	à	conduta"	(1982: 652) enquanto a ÉTICA	é	"a	ciência	com	
vistas	 a	 dirigir	 e	 disciplinar	 a	 mesma	 conduta" (1982: 360). A moral seriam 
as regras práticas e a ética, o fundamento teórico da moral. Dizem-se moral 
aristotélica, moral kantiana para enfatizar os respectivos aspectos práticos; ética 
aristotélica, ética kantiana estariam mais relacionados aos seus aspectos teóricos. 
Alguns autores, entretanto, ressaltam que, embora haja uma infinidade de morais: 
moral cristã, moral judaica, moral platônica, moral kantiana etc., a ética seria uma 
só. É que, sendo esta uma ciência, trabalha apenas com conceitos universais.
Basicamente, são três os modelos de moralidade: aristocrático, utilitarista 
e kantiano.
2. A MORAL ARISTOCRÁTICA
A moral aristocrática visa fazer com que o indivíduo se aproxime, cada 
vez mais, de um homem ideal e transcendente. Nesse sentido, são morais 
aristocráticas a moral judaica, baseada no modelo de homem de fé (Abraão), 
a moral cristã, no amor ao próximo (Jesus), a moral platônica, no ascetismo 
(filósofo-rei), a moral budista, na eliminação dos desejos (Buda). Mas, na maioria 
das vezes, esses modelos ideais são apenas descrições sem referências a nomes 
de personagens históricos. A moral aristocrática propõe que cada indivíduo seja 
dotado das virtudes adequadas (a palavra virtude vem de virtu, que significa 
força) para imitar o modelo ou um ideal de vida proposto. A felicidade plena é 
obtida quando o indivíduo realiza o ideal proposto. Quanto mais virtuoso for o 
indivíduo, maior o seu grau de felicidade.
Sócrates (470-399 a.C.) inventou o ideal cínico(palavra derivada de canino), 
cuja principal virtude é o desprezo às comodidades, às riquezas e às convenções 
sociais, enfim a tudo aquilo que afasta o homem da simplicidade natural de que 
dão exemplo os animais (no caso o cão). Cínico é aquele que vive o descaramento 
da vida canina. Relata-se que Sócrates caminhava nos mercados apenas para 
saber do que ele não precisava. Outros curiosos relatos envolvendo Diógenes, 
tais como o da "visita do imperador", "a mão e a cuia", "a lanterna" etc. indicam 
que este teria sido o maior cínico da história.
Platão (428-348 a.C.) propôs o ideal asceta. A prática da ascese consiste 
em viver na contemplação do mundo das ideias ao tempo que se afasta de tudo 
o que é corpóreo. "É evidente que o trabalho do filósofo consiste em se ocupar 
mais particularmente que os demais homens em afastar sua alma do contato com o 
corpo" (Platão: Fédon, 65, a). O sábio educa-se para a morte, ou seja, para o dia em 
que sua alma se separará definitivamente do corpo, migrando para o outro mundo.
Aristóteles (384-322 a.C.) definia o homem ideal como aquele que consegue 
pôr em prática tanto a sua animalidade natural como a sua sociabilidade natural, 
pois o homem é um animal social por natureza. "Mesmo quando não precisam 
da ajuda dos outros, os homens continuam desejando viver em sociedade." 
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(Aristóteles. Política: III, 6). Reprimir a animalidade ou a sociabilidade distancia o 
homem da felicidade. Para encontrar um termo médio entre essas duas naturezas, 
o homem vale-se da razão.
Os estoicos são outro exemplo de moral aristocrática. No séc. IV a.C. 
Acredita-se que o nome estoico tenha sido inspirado no local onde Zenão de Cício 
(335-263 a.C.) ensinava: os pórticos (stoa, em grego). Costuma-se atribuir a razão 
do surgimento dessa doutrina ao fato da cidade de Atenas haver perdido sua 
independência para os macedônicos, prolongada depois pelo império romano. 
O estoicismo foi uma espécie de refúgio espiritual, uma via filosófica para se 
conseguir a independência em nível individual. Não obstante, o estoicismo 
atravessou séculos, sendo adotado pelos cristãos e até pelo imperador romano 
Marco Aurélio (121-180 d.C.). Segundo os estoicos, nenhum evento acontece por 
acaso (teoria da necessidade). Até mesmo o trajeto de uma folha que se desprende 
da árvore já foi milimetricamente traçado pelo Logos, princípio inteligente do 
cosmos. O ideal de sabedoria estoica é a completa apatia: indiferença-acomodação 
diante dos acontecimentos da vida, é o que revela Sêneca (4 a.C. 65 d.C.) um dos 
expoentes do estoicismo.
Toda a vida é uma escravidão. É preciso, pois, acostumar-se à sua condição, 
queixando-se o menos possivel e não deixando escapar nenhuma das vantagens que 
ela possa oferecer: nenhum destino é tão insuportável que uma alma razoável não 
encontre qualquer coisa para consolo. Vê-se frequentemente um terreno diminuto 
prestar-se, graças ao talento do arquiteto, às mais diversas e incríveis aplicações, e 
um arranjo hábil torna habitável o menor canto. Para vencer os obstáculos, apela 
à razão: verás abrandar-se o que resistia, alargar-se o que era apertado e os fardos 
tornarem-se mais leves sobre os ombros que saberão suportá-los. (1973: 216)
Não se interprete indiferença por alienação: um sábio pode engajar-se na 
vida política até mesmo porque estava escrito. Nesse ponto, os povos muçulmanos 
parecem estar em franco acordo com a doutrina estoica pois regularmente repetem 
a expressão maktub (estava escrito), particípio passado do verbo catab (escrever). A 
virtude do sábio é o controle absoluto de suas emoções. Segundo sua parenética 
(termo que diz respeito aos aconselhamentos práticos), quando as circunstâncias 
tornam impossível o controle das emoções, é aconselhável a prática do suicídio.
Epicuro de Samos (341-270 a.C.) criou o modelo de sábio epicurista: o 
homem que pratica plenamente a virtude da ataraxia (despreocupação; ausência 
de aborrecimentos, de dores ou medos). 
Nem a posse das riquezas nem a abundância das coisas nem a obtenção 
de cargos ou o poder produzem a felicidade e a bem-aventurança; produzem-na a 
ausência de dores, a moderação nos afetos e a disposição de espírito que se mantenha 
nos limites impostos pela natureza.
A ausência de perturbação e de dor são prazeres estáveis; por seu turno, 
o gozo e a alegria são prazeres de movimento, pela sua vivacidade. Quando 
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dizemos, então, que o prazer é fim, não queremos referir-nos aos prazeres 
dos intemperantes ou aos produzidos pela sensualidade, como creem certos 
ignorantes, que se encontram em desacordo conosco ou não nos compreendem, 
mas ao prazer de nos acharmos livres de sofrimentos do corpo e de perturbações 
da alma. (Epicuro.1993: 25).
Efetivamente, a ideia de que os epicuristas pregavam a volúpia do corpo 
é falsa. Eles praticavam uma espécie de otimismo profilático que se aproxima 
muito do famoso "jogo do contente" da personagem Poliana. Eram iconoclastas 
em relação aos mitos sobre morte, religião e política. Isolados em jardins afastados 
das agitações da vida citadina, cultivavam a amizade (a prática de viver em 
seletos círculos de amigos era considerada condição fundamental na vida do 
sábio epicurista). O modus vivendi de Epicuro e seus discípulos foi chamado de 
aurea mediocritas (mediocridade dourada) por Horácio.
3. A MORAL UTILITARISTA
A moral utilitarista caracteriza-se pela ausência do transcendente e de 
modelos a priori a serem imitados. Todas as ações devem ser medidas pelo bem maior 
para o maior número. Ao definir o utilitarismo, o filósofo irlandês Francis Hutcheson 
(1694-1746) assim se expressa: "a melhor ação é aquela que produz a maior felicidade 
ao maior número de pessoas." O utilitarismo é a moral dos números.
Nicolau Maquiavel (1469-1527), pensador italiano, tem sobre si a culpa de 
haver defendido que os fins justificam os meios embora, segundo o Dicionário de 
Filosofia de Abbagnano (1962: 614), tal máxima tenha origem jesuíta. A injustiça 
que recai sobre Maquiavel vem da dificuldade que se tem de separar o mero 
descrever e o opinar. Ele tinha horror a governos de ocasiões, golpes sucessivos, 
casuísmos, enfim à política do dia a dia que tanto permeava a agitada vida nos 
bastidores políticos de Florença. Em O Príncipe ele faz uma descrição em forma 
de aconselhamento, com base em seus conhecimentos de história, da conduta 
do governante que pretende permanecer no poder por um tempo relativamente 
longo, mas chega mesmo a confessar que, para atingir tal permanência, o ideal 
seria que as coisas não ocorressem da forma como a história demonstrara. Não 
obstante, a tradição nos legou o termo maquiavélico como designativo de um 
modelo que se firmou como um dos marcantes exemplos de moral utilitarista: a 
que visa um maior número de dias no poder.
Thomas Hobbes (1588-1679), filósofo inglês, parte do princípio de que 
quanto menor for o número de invasões, mortes violentas e desapossamentos 
mútuos, mais feliz será a espécie humana. Esta condição só pode ser arranjada 
com a existência de um contrato social e de um Leviatã. Vamos explicar melhor: Para 
Hobbes, o homem é, naturalmente, o lobo do homem (homo homini lupus), ou seja, 
não é um ser naturalmente cordial e sociável, não está naturalmente aparelhado 
TÓPICO 2 | ÉTICA: UM MÉTODO DE VIVER E CONVIVER
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para sentir-se incomodado com a dor alheia quando sua sobrevivência está em 
jogo. "Se dois homens desejam a mesma coisa, ao mesmo tempo que é impossível 
ela ser gozada por ambos, eles se tornam inimigos." (Hobbes, 1651: 43). Relegados 
ao estado de natureza, os homens promovem uma guerra de todos contra todos 
(bellum omnium contra omnes), guerra inútil porque põe em risco a própria 
conservação humana. Os homens portanto perceberam e admitiram entre si a 
vantagem em cada um reprimir sua animalidade natural em prol de uma mútua 
convivência pacífica, bem mais útil, produtiva,confortável e segura. A civilização 
nasce desse contrato social. Essa nova situação, entretanto, só pode ser mantida 
com a existência de um Leviatã (monstro amedrontador e forte) que se expressa 
preferencialmente na figura de um rei, comandante autoritário e único que gera 
em todos o sentimento generalizado de medo da punição, garantindo assim a 
continuidade do Estado civil.
A base da moral utilitária de Hobbes sofreu inúmeras críticas, a principal 
partiu de Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), filósofo suíço, que via na animalidade 
humana não lobos e sim cordeiros. Tais quais cordeiros livres, os homens, no 
estado de natureza, vivem em plena felicidade. Foi a civilização que fez com que 
muitos cordeiros se tornassem violentos e pensassem ser lobos. A soberania do 
Leviatã não é desejável porque além de retirar do homem a sua liberdade natural 
impossibilita a construção de uma liberdade civil, que só é possível quando a 
vontade geral é soberana. A conquista da liberdade civil estaria na reeducação 
por meio de leis "corderiais" que, metaforicamente, fizessem com que os cordeiros 
reconhecessem que são cordeiros.
Ainda a respeito da dicotomia lobo/cordeiro há outras observações 
curiosas. Para Frederich Nietzsche (1844-1900), filósofo alemão, a natureza 
produz homens-lobos e homens-cordeiros e não podemos ignorar que lobos 
estão aparelhados para devorar cordeiros. Quando só restarem lobos, as forças 
naturais produzirão superlobos que devorarão antigos lobos numa progressão 
infinita de vidas cada vez mais fortes. A moral nietzschiana é a da exuberância 
da força e do vitalismo das potências naturais ou superhumanas. É uma moral 
que pretende ir além do bem e do mal (se é que isso é possível). Nietzsche 
afirma que dicotomia entre bem e mal não passa de invencionice resultante do 
ressentimento e da fraqueza dos cordeiros. "Toda moral é [...] uma espécie de 
tirania contra a 'natureza' e também contra a 'razão'". (Nietzsche, 1886: 110).
Michel Foucault (1926-1984) diria que lobos e cordeiros habitam cada um 
de nós e ambos teriam desenvolvido estratégias de sobrevivência que tornariam 
extremamente complexa a luta entre os dois, uma complexidade tal que o cordeiro, 
em determinados momentos, poderia estar sob a condição de ataque. Nesse caso 
a questão moral só poderia ser definida dentro de um contexto muito específico 
onde se levariam em conta os sujeitos envolvidos, suas estratégias, suas relações 
de poder... Foucault é o criador da microética.
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4. A MORAL KANTIANA
A moral kantiana é a concebida por Immanuel Kant (1724-1804), filósofo 
prussiano. Sua intuição principal foi que o indivíduo deve estar livre para agir 
"não em virtude de qualquer outro motivo prático ou de qualquer vantagem 
futura, mas em virtude da ideia de dignidade de um ser racional que não obedece 
a outra lei senão àquela que ele mesmo simultaneamente se dá" (Kant, 1785: 16). 
A ação moral exige a autonomia do agente. Ser autônomo é obedecer a si mesmo 
ou ao que vem de dentro. É o inverso do heterônomo (o que obedece ordem do 
outro, obedece ao que vem de fora). Não se pode falar em ética sem autonomia 
pois a ação heterônoma (cuja vontade vem de fora) não é uma ação ética. A moral 
aristocrática e a utilitarista não são eticamente válidas porque dependem de algo 
exterior: a primeira, de ideais transcendentes e a segunda, de ideais imanentes.
Para realizar a autonomia, a ação moral deve obedecer apenas ao imperativo 
categórico: o bom senso interior que todos nós temos de perceber que não somos 
instrumentos e sim agentes. Nunca instrumentalizar o homem é a exigência maior 
do imperativo categórico. Kant fornece uma regra para saber se uma decisão 
nossa obedece ou não ao imperativo categórico: indague a si mesmo se a razão 
que te faz agir de determinada maneira pode ser convertida em lei universal, 
válida para todos os homens. Se não puder, esta tua ação não é digna de um ser 
racional, não é eticamente boa porque falta-te a autonomia, estás agindo premido 
por circunstâncias exteriores a ti. O bem ético é um bem em si mesmo.
Ao realçar a exigência da autonomia da ação moral, Kant desperta a 
questão da liberdade ética. O conceito de liberdade ética parte da distinção 
entre ação reflexa e ação deliberada. A ação deliberada é aquela que resulta de 
uma decisão, de uma escolha, é o mesmo que ação autônoma. A ação reflexa é 
"instintiva", independe da vontade do agente. Apenas as ações deliberadas podem 
ser analisadas sob o ponto de vista ético. Voltemos ao exemplo do gato que morde 
o homem que lhe pisou a cauda. O gato tentou afastar o que lhe era um mal, mas 
não podemos dizer que ele escolheu morder o homem. Logo, não se pode dizer 
que o gato agiu de forma imoral ou antiética. A questão da liberdade ética pode 
ser assim resumida: Levando-se em conta que somos animais e ocasionalmente 
agimos de forma reflexa, em que condições nossa ação pode ser considerada uma 
ação deliberada?
Henri Bergson (1859-1941) e Jean-Paul Sartre (1905-1980) respondem a 
essa pergunta de forma radical: O livre-arbítrio é a qualidade que melhor define 
o homem. A própria condição humana exige que todo ato humano seja um ato de 
escolha, seja uma ação deliberada. O homem está condenado à liberdade porque 
nunca pode decidir não escolher. Diante da consciência de que nos vemos forçado 
a realizar algo por imposição exterior, passamos a ter liberdade de escolher entre 
entregar-se à ação ou ir de encontro a ela.
TÓPICO 2 | ÉTICA: UM MÉTODO DE VIVER E CONVIVER
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Bibliografia Específica
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Trad., coord. e rev. por Alfredo 
Bosi e Maurice Cunio et alii. 2. ed. São Paulo: Mestre Jou, 1982.
ARISTÓTELES. Política. Livro I, cap. 1. Brasília: UnB, 1988.
EPICURO. Ética. São Paulo: Abril Cultural, 1973. p. 25. (Coleção Os Pensadores).
GOLDIM, José Roberto. Ética. moral e direito. Disponível em: <http://orion.ufrgs.
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HOBBES, Thomas. Leviatã. São Paulo: Abril Cultural, 1979. (Coleção Os 
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KANT, Immanuel. Fundamentação	 da	 metafísica	 dos	 costumes (1785). São 
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LIMA VAZ, Henrique C. Escritos	 de	 Filosofia	 II: ética e cultura. São Paulo: 
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NIETZSCHE, F.W. Além	do	Bem	e	do	Mal - Prelúdio a Uma Filosofia do Porvir. 
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PLATÃO. Fédon	ou	da	alma. Tradução por Márcio Pugliesi e Edson Bini. São 
Paulo: Hemus,199?.
SÊNECA. Da	 tranquilidade	 da	 alma. São Paulo: Abril Cultural. 1973. p. 216. 
(Coleção Os Pensadores).
FONTE: ALEXANDRIA, Israel. Ética e moral: uma reflexão sobre a ética e os padrões de 
moralidade ocidental. 2001. Endereço Eletrônico: <http://ialexandria.sites.uol.com.br/textos/
israel_textos/etica_e_moral.htm>. Acesso em: 20 set. 2011.
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RESUMO DO TÓPICO 2
Neste	 tópico,	 trabalhamos	a	distinção	entre	 ética	 e	moral	 e	 como	 são	
formados	os	princípios	morais	humanos,	no	qual	foram	abordados	os	seguintes	
itens:
	Verificamos que a ética estuda e investiga o comportamento moral dos seres 
humanos. 
	Observamos que a moral é constituída pelos diferentes modos de viver e agir 
dos homens em sociedade, no decorrer dos tempos.
	Estudamos que as origens ou bases fundamentais da existência humana, ou 
seja, a gênese da consciência moral, é formada por meio do trabalho.
	O trabalho é a base fundamental na formação da consciência moral de todos os 
seres humanos.
	Para realizarmos um julgamento concreto sobre alguma situação da vida em 
sociedade, devemos nos pautar sobre todos os pressupostos éticos daquela 
sociedade em si, ou seja, seus princípios morais e seus costumes. 
	Todo homem busca em suas ações cotidianas fazer sempre e somente o bem.
	Todas as ações humanas possuem um propósito, um fim.
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A partir do conhecimento que você adquiriu sobre ética e moral, sugiro que 
você encontre 10 palavras relacionadas ao tópico

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