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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
 Licenciatura em História
 Docente: Elcia Bandeira
 Discentes: Daiana Gomes e Djalma Barros.
Resenha: O velho: a história de Luís Carlos Prestes
O documentário dirigido por Toni Venturi em 1997, é uma ótima ferramenta para a publicização do conhecimento histórico. De maneira coesa, a película expressa a trajetória do militante comunista Luís Carlos Prestes com direito a grande riqueza de informações sobre particularidades do ‘Velho’, além de mostrar como a vida e luta do mesmo, se mistura aos acontecimentos da história da política do Brasil. 
Inicialmente o documentário traz um apanhado histórico sobre toda a conjuntura geopolítica global dentro do contexto da Guerra Fria. Dois mundos de mentalidades tão distintas estavam separados por toda a ‘cortina de ferro’, que em Berlim, se representava por um muro. Isso não seria o começo da história do protagonista, mas é um grande auxiliar na percepção dessa figura tão importante na história do movimento comunista e proletário no Brasil.
A descrição de Prestes começa com um primeiro tópico chamado “A inocência”, que conta os primeiros passos do jovem, recém saído do Colégio Militar, estava encaixado no início do século XX, com todas as turbulências econômicas e políticas vivenciadas pelas greves gerais, as revoltas dos militares de baixa patente contra seus soldos. Mesmo sendo contemporâneo a esses movimentos, nesse período, Prestes não participou dessas movimentações. 
E aos 23 anos o jovem Prestes, torna-se capitão de engenharia com total confiança de seus superiores de que não ocorreria em suas mãos revoltas como as de 1922. Diante de tantas detalhadas informações que o documentário faz, é de surpreender a reviravolta que o destino dá sobre a trajetória daquele que seria o responsável pela espionagem de possíveis revoltosos, ter se tornado o líder de um movimento revolucionário. 
Formada a sua coluna da ‘Esperança’, Prestes parte em caminhada até o encontro das colunas revoltosas de São Paulo, que estavam no Centro-Oeste do país. Em seguida parte de maneira itinerante ao combate a toda estrutura de miséria que o país apresentava. Esclarecendo muito do que foi divulgado pelos meios de propaganda do governo contra a coluna, nos faz conhecer o movimento pela própria voz de seu líder, fazendo isso ser é uma das características marcantes do documentário. 
Foi no exílio na Bolívia que o ainda jovem revolucionário encontrara com o Manifesto do Partido Comunista e alguns artigos de Lênin. Esse contato com o marxismo foi o que o levou para a percepção revolucionária da mudança política. E mais uma vez com um bom apanhado geopolítico, o narrador nos lembra a crise de 1929 e todo o abalo político-econômico gerado por ela e pelo Governo de Washington Luís, Getúlio convoca Prestes para liderar a Revolução de 1930. 
Diante das desavenças com Getúlio, ‘o velho’ parte para Moscou, e lá vivencia o período do governo de Stalin onde se aproprias das ideias do governante e começa a arquitetar sua volta para o Brasil, já com a ideia de revolução. Nesse momento, com uma equipe financiada pelo governo Socialista, eles partem para a terra de Prestes e é nesse momento que ele conhece Olga Benário, e a partir de um falso romance, acabam se apaixonando de verdade.
Em todo o momento, a peça fílmica nos hipnotiza com o roteiro que a história do protagonista no traz, pois no filme “O velho” é apresentado a resistência do protagonista diante das prisões, das clandestinidades, do exílio e da luta social diante um país que vivia constantemente instável na sua política. Agora de volta a sua terra natal, o comunista se planejava para fazer a Revolução Brasileira, com a Aliança Nacional Libertadora, dentro da era Vargas. Natal e Recife foram as primeiras cidades a despertarem a revolução, mas foram rapidamente acuadas. E um detalhe interessante sobre esse fato é que a partir desse momento, surge o grande ‘monstro’ que é a imagem do comunista no país. 
Com o movimento tendo sido reprimido, Prestes preso, e sua esposa mandada para uma prisão alemã, muitas águas rolaram após os longos anos de cadeia. Os Integralistas tentam um golpe contra Getúlio, acaba o Estado Novo e a liberdade cai sobre os presos políticos.
A vida de Prestes foi pauta em luta e constante organização em torno das suas ideias políticas, sendo difícil as tomadas de decisões sem ser perseguido. Venturi é bem claro sobre a ocupação dos espaços antagônicos na conjuntura política e pessoal de Prestes e Vargas, e que fora um choque a aliança deles na campanha de 1946. O que se pode considerar bem esclarecedor pelo documentário, é como o partido reagiu a isso, com membros saindo do partido. E em contrapartida, ao perguntado sobre o ocorrido, Prestes ser pontual em atribuir os interesses do povo sobre suas tragédias pessoais. O que o documentário expressa não é apenas uma percepção política conjuntural, mas como uma ideologia foi capaz de formular o propósito de um homem que não desistiu em nenhum momento se quer. A partir de então, a Guerra-Fria surge no documentário, fazendo-o interferir de maneira direta na vida de Prestes, que logo teve seu partido na ilegalidade e sua ida ao exílio mais uma vez. 
Porém é interessante observarmos como a história de Prestes foi importante para a formação das ditas revoluções no Brasil, e para a história do Partido Comunista Brasileiro. A história de Prestes foi essencial no questionamento e na derrubada da república velha, a qual perceberam um país que passava por diferenças econômicas regionais e diversos problemas sociais. A questão do movimento tenentista, a criação da coluna Prestes, a criação do Partido Comunista Brasileiro, a revolução de 1930, a ascensão de Getúlio Vargas, entre tantos acontecimentos. A figura de Prestes foi importante para liderar e organizas as revoltas, e para o surgimento da República Nova. 
	 A luta de Prestes pelas classes populares e trabalhadoras era algo tido como seu objetivo de vida, e o documentário nos permite através dos depoimentos, imagens, documentos e até a fala do mesmo, termos uma ideia de como foi esse início de transição da república velha para a república nova no Brasil. Diria até que nos permite abarcar toda a trajetória de história política do Brasil, desde a década de 20 até a redemocratização na organização da constituição de 1988.
Nessa perspectiva nota-se que até a seguridade política do ‘velho’ até o período da redemocratização, ele experimentou uma vida repleta por um ciclo entre a luta, a recuos e fugas.
 Podemos perceber que o documentário fornece um bom panorama entre o mundo político e a pessoa de Luís Carlos Prestes. Nota-se como essa trajetória teve diversos encontros e reencontros com políticas fora do país, seja na Europa, América Latina ou no Brasil. As informações do documentário nos faz pensar sobre a história do Brasil, as divergências políticas, a criação ou o surgimento do “ódio” da ideologia comunista, a ditadura militar, as lutas operárias e muito mais. É um bom instrumento para questionarmos a nossa história, e perpassar sobre diversos períodos através de um único sujeito.

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