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AD1 - Literatura Brasileira III - 2022 1 (1) (1)

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AD1 – 2022.1 
 
 
Fundação Centro de Ciências e Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
Universidade Federal Fluminense 
Curso de Licenciatura em Letras- UFF / CEDERJ 
 
Disciplina: Literatura Brasileira III 
Coordenadora: Profª Flávia Amparo 
 
 
De acordo com o que você estudou nas Unidades 1, 3 e 4, responda às questões 
abaixo de modo dissertativo. 
Pesquise sobre o tema e responda ao que se pede com suas próprias palavras. Não 
copie respostas ou frases dos seus materiais de estudo nem de sites da internet. Questões 
em que cópias forem constatadas serão zeradas. 
 
 
Questão 1 (1,5): Na plataforma virtual, acesse a Unidade 1 e leia a Introdução do livro 
de Darcy Ribeiro, O povo brasileiro, da pág. 19 à 26. Com base no que leu, fale, de 
maneira resumida, sobre a formação do povo brasileiro, explicando de que forma se deu 
a miscigenação entre as três raças destacadas por Darcy Ribeiro na Introdução de seu 
livro. Destaque fragmentos da análise de Ribeiro para fundamentar sua resposta. 
 
 
Questão 2 (1,5): Na Unidade 1, na seção “seu material indica”, ouça a música 
“Paratodos”, de Chico Buarque, cujo trecho destacamos abaixo. Você também pode 
ouvir por aqui: https://www.youtube.com/watch?v=XWCKkGuruyE. 
 
Texto 1 – Trecho da música “Paratodos”, de Chico Buarque 
 
(...) 
O meu pai era paulista 
Meu avô, pernambucano 
O meu bisavô, mineiro 
Meu tataravô, baiano 
Vou na estrada há muitos anos 
Sou um artista brasileiro 
(https://www.vagalume.com.br/chico-buarque/paratodos.html) 
 
Com base no que você ouviu e estudou nessa Unidade, discuta como a música 
“Paratodos”, de Chico Buarque, mostra o hibridismo cultural no Brasil tornando-se mais 
complexo ao longo dos séculos, não se limitando à união das três raças que Darcy Ribeiro 
destacou no campo da formação inicial do Brasil, em sua obra O povo brasileiro. 
 
 
Questão 3 (3,5): A obra de Álvares de Azevedo, como estudado na Aula 6, ajudou a 
inaugurar no Brasil uma segunda vertente do Romantismo, denominada 
Ultrarromantismo ou Romantismo Negro, cujas características fizeram Azevedo se 
distanciar da poética nacionalista-indianista comum à primeira vertente do movimento 
https://www.youtube.com/watch?v=XWCKkGuruyE
romântico. Discuta as principais diferenças entre essas duas gerações do Romantismo (a 
nacionalista-indianista e a ultrarromântica) e destaque pelo menos três características do 
poema “Epitáfio” que representam o programa estético de Álvares de Azevedo vinculado 
ao Romantismo Negro brasileiro. 
 
Texto 2 – Poema “Epitáfio”, extraído da Lira dos vinte anos, de Álvares de Azevedo 
 
Perdão, meu Deus, se a túnica da vida... 
Insano profanei-a nos amores! 
Se da c’roa dos sonhos perfumados 
Eu próprio desfolhei as róseas flores! 
 
No vaso impuro corrompeu-se o néctar, 
A argila da existência desbotou-me... 
O sol de tua gloria abriu-me as pálpebras, 
Da nódoa das paixões purificou-me! 
E quantos sonhos na ilusão da vida! 
Quanta esperança no futuro ainda! 
Tudo calou-se pela noite eterna... 
E eu vago errante e só na treva infinda... 
 
Alma em fogo, sedenta de infinito, 
Num mundo de visões o vôo abrindo, 
Como o vento do mar no céu noturno 
Entre as nuvens de Deus passei dormindo! 
 
A vida é noite! o sol tem véu de sangue... 
Tateia a sombra a geração descrida!... 
Acorda-te, mortal! é no sepulcro 
Que a larva humana se desperta à vida! 
 
Quando as harpas do peito a morte estala, 
Um treno de pavor soluça e voa... 
E a nota divinal que rompe as fibras 
Nas dulias angélicas ecoa! 
 
(AZEVEDO, Álvares de. “Epitáfio”. In: Lira dos vinte anos. Disponível em: 
https://graduacao.cederj.edu.br/ava/pluginfile.php/189271/mod_resource/content/1/%C3%81lvares%20de
%20Azevedo%20Lira%20dos%2020%20anos.pdf) 
 
 
Questão 4 (3,5): A Aula 8 sinaliza a influência de tendências cientificistas e filosóficas, 
como o Determinismo, na escrita de romances naturalistas no Brasil. Aluísio Azevedo, 
em O cortiço, ilustra bem esse panorama ao incorporar essas tendências na imagem que 
constrói do cortiço e de seus personagens na narrativa. A partir da atenta análise do 
fragmento de O cortiço destacado abaixo, explique como o trecho sinaliza a influência de 
vieses deterministas nesse romance, levando em consideração a maneira com que o 
narrador se refere aos moradores do cortiço e a interação desses moradores com o velho 
Libório na cena em destaque. Retire passagens do trecho para fundamentar sua resposta. 
 
 
Texto 3 – Fragmento de O cortiço, de Aluísio Azevedo 
 
 
(...) 
Defronte da porta de Rita tinham vindo postar-se diversos moradores do cortiço, 
jornaleiros de baixo salário, pobre gente miserável, que mal podia matar a fome com o 
que ganhava. Ainda assim não havia entre eles um só triste. A mulata convidou-os logo 
a comer um bocado e beber um trago. A proposta foi aceita alegremente. 
Anoitecia já. 
E a casa dela nunca se esvaziava. 
O velho Libório, que jamais ninguém sabia ao certo onde almoçava ou jantava, 
surgiu do seu buraco, que nem jabuti quando vê chuva. 
Um tipão, o velho Libório! Ocupava o pior canto do cortiço e andava sempre a 
fariscar os sobejos alheios, filando aqui, filando ali, pedindo a um e a outro, como um 
mendigo, chorando misérias eternamente, apanhando pontas de cigarro para fumar no 
cachimbo, cachimbo que o sumítico roubara de um pobre cego decrépito. Na estalagem 
diziam todavia que Libório tinha dinheiro aferrolhado, contra o que ele protestava 
ressentido, jurando a sua extrema penúria. E era tão feroz o demônio naquela fome de cão 
sem dono, que as mães recomendavam às suas crianças todo o cuidado com ele, porque 
o diabo do velho, quando via algum pequeno desacompanhado, punha-se logo a rondá-
lo, a cercá-lo de festas e a fazer-lhe ratices para o engabelar, até conseguir furtar-lhe o 
doce ou o vintenzinho que o pobrezito trazia fechado na mão. 
Rita fê-lo entrar e deu-lhe de comer e de beber; mas sob condição de que o 
esfomeado não se socasse demais, para não rebentar ali mesmo. 
Se queria estourar, fosse estourar para longe! 
Ele pôs-se logo a devorar, sofregamente, olhando inquieto para os lados, como se 
temesse que alguém lhe roubasse a comida da boca. Engolia sem mastigar, empurrando 
os bocados com os dedos, agarrando-se ao prato e escondendo nas algibeiras o que não 
podia de uma só vez meter para dentro do corpo. 
Causava terror aquela sua implacável mandíbula, assanhada e devoradora; aquele 
enorme queixo, ávido, ossudo e sem um dente, que parecia ir engolir tudo, tudo, 
principiando pela própria cara, desde a imensa batata vermelha e grelada, que ameaçava 
já entrar-lhe na boca, até as duas bochechinhas engelhadas, os olhos, as orelhas, a cabeça 
inteira, inclusive a sua grande calva, lisa como um queijo e guarnecida em redor por uns 
pêlos puídos e ralos como farripas de coco. 
Firmo propôs embebedá-lo, só para ver a sorte que ele daria. O Alexandre e a 
mulher opuseram-se, mas rindo muito; nem se podia deixar de rir, apesar do espanto, 
vendo aquele resto de gente, aquele esqueleto velho, coberto por uma pele seca, a devorar, 
a devorar sem tréguas, como se quisesse fazer provisão para uma outra vida. 
De repente, um pedaço de carne, grande demais para ser ingerido de uma vez, 
engasgou-o seriamente. Libório começou a tossir, aflito, com os olhos sumidos, a cara 
tingida de uma vermelhidão apoplética. A Leocádia, que era quem lhe ficava mais perto, 
soltou-lhe um murro nas costas. 
O glutão arremessou sobre a toalha da mesa o bocado de carne já meio triturado. 
Foi um nojo geral. 
- Porco! gritou Rita, arredando-se. 
- Pois se o bruto quer socar tudo ao mesmo tempo! disse Porfiro. Parece que nunca 
viu comida, este animal! 
E notando que ele continuava mais sôfrego por ter perdido um instante: Espere 
um pouco, lobo! Que diabo! A comidanão foge! Há muito aí com que te fartares por uma 
vez! Com efeito! 
 (...) 
 
(AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. p. 35-36. Disponível em: 
https://graduacao.cederj.edu.br/ava/pluginfile.php/189492/mod_resource/content/1/ALU%C3%8DSIO_A
ZEVEDO_O_Corti%C3%A7o.pdf)

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