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Para uma análise crítica da Orientação Educacional

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Prévia do material em texto

Rita Arnélia Teixeira 
PARA U~IA ANÁLISE CRrTI CA DA ORIENTAÇl\O 
EDUCACIONAL : 
E DEFINIÇl\O 
SUBSrDIOS PARA CO~IPREENSÃO 
DE SUA PRÁTICA NO BRASIL 
' . 
Dissertaçi0 5 ubme~i~~ como re-
quisi to parcial para a 'lbtenção 
do grau de 1'-Iestre em Educação 
'. I' Orientador: , 
Angela Valadares Dutra 
Rio de Janeiro 
Fundação Getúlio Vargas 
Instituto de Estudos Avançados em Educação 
Departamento de Psicologia da Educação 
19 79 
/ 
I • 
, .. 
, . 
Aos meus professores do 
Ginásio Domiciano Viei -
'" (1961-1965), em Belo 
Horizonte .. pelo que fo-
ram. 
li 
• • 
t 
Nome dos 
componentes 
da banca 
examina dora 
, , 
.I 
Tese apre se nt da aos senho re s: 
.' 
Visto e permitida a impressão . 
Rio de Janei r o.~ 5 . / .Q4/.79 .. 
;//1/;/ -
_____ . .::~_< 'I:r' ~ 't"J<,;{/t..(: t .f 
Coordenador Gerif de Ensino 
U 
" j. (:;--; --1-- / ':"~ L 
I ~ ....... ' ê..> (~ ) .!- ,L . ,'"":' " , 
,I \.. ..... __ , ____ ....:'~' _="?_ 
Coorgenaàor Geral d e Pesquisa 
" 
-_o 
l~US agradecinentos 
- ã professora Léa Kauffmann Elliot pelas valiosas discussões que de-
ram origem ao projeto inicial deste trabalho, 
ã professora Angela Valadares Dutra" orientadora da tese, pelo a-
poio e incentivo, 
ã professora Zeni t a Cunha Guenther pela revisão cuidadosa das in-
terpretações da orientação educaciorml no sistema de ensino nortea-
rrericano, 
- as minhas colegas do Set or de Orientação Educacional do Departamen-
to de ~1étodos e Técnicas de Ensino da Faculdade de Educação da UfNG 
pelo apoio e incentivo, 
aos professores José Batista Gomes e Hélio Gomes pela prestimosa a-
juda na redação e revisão do Abstract 
ao professor Guido de Almeida que sugeriu o título, 
ã Eliane Marinalva de Souza e Vânia Regina Peres Drumond, bibliote-
cárias da Faculdade de Educação da l~~ pela prontidão em que aten-
deram minhas necessidades de consul t:a bibliográfica , 
- ao célio Diniz Andrade, pelo eficiente trabalho de datilografia. 
SUMÁRIO 
iNTRODUÇÃO 
l - O MOVIMENTO DE ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL : PRESSU-
POSTOS BÁSICOS 
1 . 1 - Histórico 
1 .2 - Caracterização dos Serviços de Orienta-
1 
8 
8 
ção Educacional 20 
1. 3 - Organização dos Serviços de Orientação 
Educaciona l 
1.4 - Organização da Orientação Educacional por 
tipo de serviço oferecido aos alunos 
1.S - Diversificação da Orientação Educacional 
25 
30 
por nível de ensino 34 
1. 6 - Aspectos peculiares da Orientação Educa -
cional como serviço de assistincia a a-
lur.':'S 37 
A ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL NO SISTE~~ DE ENSINO 
DOS EEUU 
2.1 Finalidades 
2.2 - Conjunto de s e rviços ou atividades que 
constituem um Serviço de Orientação 
2.3 - A equipe de Orientação Educacional 
2.4 - Aconselha me nto e Orientação Educacional 
2.5 - Formação profissional do Orientador Edu-
cacional 
2.6 - Considerações finais 
J - A ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL NO BRASIL 
3 . 1 - Histórico 
3.2 - Orientação Educacional segundo os textos 
l egais 
46 
46 
4 7 
52 
60 
66 
67 
71 
71 
80 
3.3 - A formação do Orientador Educacional 103 
3.4 - Orientação Educacional segundo a organi-
zação e o funcionamento dos Serviços de 
Orientaç ão 129 
3 . 5 - Atividades desenvolvidas pelos orienta-
dores educacionais 150 
3 . 5.1 - Junto ao aluno 156 
3.5.2 - Junto ao corpo técnico-adminis-
trativo da escola 
3.5.3 - Junto is famflias dos alunos 
3.5.4 - Junto i comunidade 
3.5 . 5 - Na equipe de orientação 
4 - CONCLUSOES : AS INCOERENCIAS DA ORIENTAÇÃO EDU-
CACIONAL NO BRASIL 
• 
~ 
• • 
BIBLIOGRAFIA 
160 
162 
163 
163 
16 7 
190 
192 
RESUl-10 
o principal objetivo desse estudo foi o de verificar 
as situações que, na prática da orientação educacional no Brasil. pos-
sam ser responsabilizadas pelas dificuldades que a atividade vem en-
contrando para se desenvolver e se efl~tiva.r nas escolas brasileiras . 
Foi organizado em Cll1CO capítulos, onde estão anali-
sadas informações , resultantes basicrunente de consulta bibliográfica 
a livros, artigos em periódicos, doc~nentos e pesquisas relacionadas 
ao assunto . 
No primeiro capítulo encontram-se resumidos alguns 
preceitos teóricos que têm fundamentado a atividade de orientação e-
ducacional. No segundo capítulo apresentamos t.Una síntese da orienta -
ção . tal como p.la se desenvolve nos EEUU, porque tomamos sua forma de 
atuação no sistema escolar norteamericano como referência para as in-
terpretações de sua aplicabili dade nas escolas brasileiras. No te·r-
ceiro capítulo caracterizamos a prática da atividade no sistema de 
ensino brasileiro, assinalando fatos que evidenciam a -defasagem entre 
os objetivos e princípios postulados pela orientação educaciofk,l no 
Brasil, suas condições de efetivação e o quadro de inconsistência pe-
l o qual ê conhecida e criticada . No quarto capítulo, analisamos e in-
terpretamos as causas que determinam, a nosso ver , as dificuldades 
para a orientação se firmar nas escol as do paí s . Nossos questionamen-
tos foram discutidos em torno de três hipÓteses básicas que poderiam 
explicar o quadro de insatisfação e incerteza de sua prática e dos 
profissionais que são responsabilizados por sua efetivação: influên-
cia da DE das escolas norteamericanas , posição da OE na política Edu-
cacional Brasileira e aspectos da formação dos Orientadores Educacio-
nais . Finalmente, sob influência do quadro de incoerências denuncia-
~do, organizamos, em forma de sugestões, no capítulo cinco, algumas 
propostas de estudo que poderiam ser desenvolvidas para ajudar a de-
__ f inir a orientação educacional no sistema de ensino brasileiro e 
I transfonná-Ia mnna prática realmente útil ao processo educacional. • 
~ 
The main purpose of t:his study is to identify the 
,,?revailing conditions of school guidanee in Braz.il that ean be blamed 
for the diffieulties that sueh activit:y has been up against in its 
ittempt to become respected and made t::ffecti ve in Braz.il's schools. 
This descriptive study is organiz.ed in five chapters 
.in which pertinent information emerging basically fram references 
found in the available literature (books . journals, documents. re-
~earch work) 15 anaIyz.ed. 
Olapter 1 briefly presents the theoretical grol.md-
IOrk upon which school guidance is an acti vi ty has been founded . 
J1apter Z intraduces a S\Jl11Tlary of Sd1001 guidance the way it i s car-
ied out i-'l 't~.,. Itn1.tpd States, sinrp. "'P'~ fnrllc:. eo on t.he w~y c;chool 
6Uidance takes place in the AIreriean School System as a reference 
;x>int for the interpretation of its aplicability in Brasilian schools . 
.J1apter 3 deficts school guidance praxis in the Brasilian School Sys-
tem, pointing out facts that highlight the obvious gap· between the 
<)bjectives and the principIes set forth by school guidance in Braz.il, 
1tS perspectives of becoming effectivE~ and the frarre of inconsisten-
:ies for which it is know and criticized . Olapter 4 presents an ana-
1ysis and an interpretation of the cal~es that are beIieve to be res-
~nsible for the difficulties school guidance faces in getting a 
;tronghold in Braz.il's schools. These uncertainties and concerns have 
>cen centered around three basic hYJX>theses that might explain the 
Lndefinition of its practice and the dissatisfaction of the profes-
;ionals in change of makind it effective . O1apter 5 presents sugges-
.:ions and propasaIs of further studies that might be pursued in or-
Jer to help define school guidance in the Brasilian School System and 
lRake it a really useful practice in the educational process o 
c 
• , 
.ISTA DE ABREVIATURAS OU SIGLAS 
"OEMIG 
'MTE 
'aE-l ~MG 
'ENOE 
vE 
:EEMG 
JFMG 
Associação dos Orientadores Educacionais 
Minas Gerais 
Comissão de Ensino da Área de Educação 
de 
Departame nto de r.lét.odos e Técnicas de Ensino 
Faculdade de Educaç.ão da Universidade Federal 
de t.1inas Gerais 
Federação Nacional de Orientadores Educacio-
nai s 
Orientação Educacional 
Princípios e Métodos de OrientaçãoEducacio-
na l 
Programa de Expansã.o e Melhoria do Ensino 
Secretaria de Estado da Educação de Minas Ge-
rais 
Serviço de Orientação Educacional 
Universidade Federa l de Minas Gerais 
NTRODUÇJl.O 
A orient aç ão educa.cional, corro a t i vidade pro-
1:'i 55ional específica é produto d.a século XX. Vem sendo a -
~ribuída ao desenvo lvimento das Ci~ncias Soc i ais e da Psi -
~ologia. em particular, cujos trabalhos t 6m r esultado em 
',n ferência s de riqueza inquestionável com r e lação ao pro-
:esso educac iona l . 
As descoberta s com relação aos valores da 
~nstituição escola como grupo soc i a l , so bre o processo de 
Jesenvolvimento e ma turação do ser humano , dos processos de 
"'.prendi zagem e ajus t amento esco lar podem ser apon t ados co -
~o as pedra s fundamentais das muda nças o~orTidas na educa-
-ão . Para um gra nd e núme r o de educadores , to rna - se . cada 
"CZ mais eviden te a necessidade do aluno ser considerado 
:omo ser único, apes a r de membro de uma sociedade. Seus in-
: eresse ~. suas atitudes, S ua ~ uotencialidades e seus as -
lectos peculia r es de persona l idade vêm se ndo apontados co-
~ os determinantes de seu progresso ou de seu fracasso na 
Jscola, depe nde lldo de como ele . no relacionamento com os 
}rofessores e com o sis t ema esco lar possa fazer us o de la s. 
e então , derivada da necessidade de ass i s tir 
aluno nas s ua s dife r enças indi viduais de interrelac ionar 
intera gir com o processo de ensino-aprendi zagem que pa -
'ece surgir a ori ent ação educacional. Sua finalidade é as-
;istir os alunos, no s seus processos individuais de apren -
izagem, r elacionamento e produtividade esco l ar. Operacio -
_la l mente, é tarefa da orientação educaciona l prop icia r ao 
Jluno conhecimento p l eno de si e a utili zar seus potenci-
clis (de inteli gência, de afe t ividade , de necessidades e va-
l ores sociai s, etc.) para s ua auto-realização na escola e 
,;ora de la . 
c 
• 
Entr etanto, no Brasil, o conhe cime nto e a a -
:eitação da ori ent ação educacional é uma s ituação co nt r o-
re rtida . Atividade nova, depara com uma séri e de en t raves 
2 
inerentes a esta situação. Questiona- se a orientação pelo 
lesconhecimento de seus reais princípios, de sua final ida-
le e sua importância. Por outro lado, a atividade corro prâ-
ica educacional, apresenta, por si um quadro bem propício 
l confusões. Adotando um objetivo mais amp lo au~itia~ o a-
!u.no a. atcanç.all .6e.u. p.te.no dehe.,wolviment:o, fica comprome-
tida com inúmeras atividades, muitas delas afins com · as e-
..<ercidas por outros profissionais que também atuam relaci-
lmados ao processo educacional. Desta forma, torna-se. mui-
~as vezes, bastante difícil id!~ntificar quais as ativida-
ies, r eais e especificas da orientação e do profissional 
lue ssume a responsabilidade de exercê-las. 
Considerando ainda que é uma atividade vin -
;ulada ã escola e como conseqUência sofre os result ados de 
~uas mudanças e de suas contradições, a orientação educa-
.:.ional, mesmo nos países ond e já tem tradição, não apresen-
ta uma caracterização precisamente definida. Por outro la-
10, mui t0S a~p~ctos nos qtl':";" ela se fundamenta vem sofren-
io questionamentos de es tudiosos da educação e da psicolo -
lia, tornando um pouco frágeis alguns de seus objetivos e 
lTes s up os tos. 
Como orientadora educacional durante algum 
tempo em escolas particulares, em Belo Horizonte, vivemos, 
alguma s vezes, esta situação indefinida e insegura por par-
te de alunos, familiares e pessoa l que trabalhava nas es -
~olas, principalmente professores . Quando os alunos busca-
"Iam a assistência da orientação, o faziam perdidamente, sem 
lunca saberem re a lmente do que precisavam, o que queriam e 
) que poderiam receber em termos de ajuda. Os professores, 
loucas vezes sabiam alguma coisa sobre orientação educaci-
)nal: o que e; suas finalidades , qual o trabalho do orien-
tador e que relação poderia haver entre sua atuação de pro-
fessor e o trabalho do orientador na escola . Questões como 
3S seguintes foram encontradas com relativa freqUência: O 
que voce óaz com 0.6 a.euno.6? I Você. ê o p.6i..cõ.eogo da Mcoia? , 
Você vai.. 4e.6olve4 o p40blema do óulal'lo?, Você. ~abe p04que 
.tem óct.t.tado muito ;ü au.ta.6? Acrescenta-se ainda qu e 
3 
inúmeras vezes éramos surpreendidos com o fracasso de nos-
50 trabalho, sem sequer 
pudesse have r ocorrido. 
entender as razoes para que isso 
Er am claríssimos nossos propósitos, 
nossas boas intenções eram indiscutíveis, nossa atuação e-
ficiente não podia ser questionada. Mas. muitos alunos re-
cusavam nossa ajuda, ocorri a que o resul tado de nosso tra-
balho era urna suspensão do alu:no pela admini stração do co-
légio ou o aluno abandonava a escola por seu próprio méri-
to. 
Como professora de Princípios e Métodos de 
)rientação Educacional e Supervisara de Estágio, durante 
três anos na Faculdade de Educação da UFMG. o interesse por 
~elhor compreender a orientação educacional como atividade 
de ajuda ao aluno e para mais objetivamente definir a atu -
dção do or ient3dor educacional . cresceram no contato com 
'10SS0S alunos . Durante este período, em todas as tunnas com 
1S quais tivemos contato, os futuros profissionais estavam 
S~ul~re questionando suas futuras atribuições e os princr -
pios teóricos à luz dos quais atuariam. Constatamos insu-
ficiente material teórico para re spondermos nossas dúvidas. 
Pouco se tem escrito sobre orientação educacional no Bra -
sil e difícil, como já é sabido, continua sendo a aquisi-
çao de material estrangeiro. Nas atividades de observação 
em Serviços de Orientação em funcionamento nas escolas e 
durante os estágios supervisionados. os alunos freqU ente-
mente se assustavam com o trabalho de orientação educacio-
nal. Duas situações eram freqUentemente denunciadas . Pri-
meiro, não se percebia uma relativa constância no trabalho 
de orientação. (Cada escola oferecia ao aluno uma visão da 
orientação educacional: a finalidade a que servia , dentro 
da escola. seu objetivo relacionado à educação e as ativi-
dades reali zadas pelo orientador) . A outra situação era a 
desvalorização que se dava ao trabalho do profissional. Is-
to se evidenciava através do salário que lhe era ofereci -
do, da jornada de trabalho, do número de profissionais pa -
r a atender a toda a população discente da escola e da qua-
lificação dos profissionais que atuavam como orientadores. 
4 
Acresce - se aqui a exigência em a lguma s escolas de que os 
orientadores educacionais assumam tarefas inerentes a ou-
tros profissionais que. na maio "ria das vezes. deveriam tra-
balhar com ele (como é o caso do psicólogo e do supervisor 
pedagógico). 
Respald ando - nos no interes se de conhecer a 
realidade em que atuávamos para facilitar a discussão com 
nossos a lunos e orientar sua atuação mais efetiva durante 
os estágios. aceitamos, em 1974, a incumbênci a de reali zar 
para a FaE/UFMG a Análise Ocupacional das Habilitações do 
Curso de Pedagogia. Este trabalho. vinculava- se a um amplo 
projeto da referida instituição. interessada em reexaminar 
sua atuação na formação de pedagogos e encontra r formas de 
preparação mais adequada dos profissionais sob sua respon-
sabilidade. A aná li se ocupacional não só atenderia a uma 
necessidade de instrumentar os cursos oferecidos pela Fa-
culdade de Educação (com r e lação a seu planejamento, a seus 
currículos e a seus programas), ffiüS p~~ ~ =ia, ainca, ~~r u-
tilizada em classe , como orient ação de estudos e discussão 
sobre a atuação dos profissionais a que se r efere . A Aná -
lise Ocupacional foi realizada durante o período 1975/1976 
e suas conclusões foram pub li cadas pela FaE/UFMG em 197 6. 
Com relação ã orientação educacional, oferece-nos um pano -
rama bastante minucio so de sua situação em Belo Hori zonte, 
que, confrontada com o panorama geral no Brasil (retratado 
por algumas teses de mestrado e artigosem periódicos es-
pecializados) torna - se passível de vários questionamentos, 
que certamente serviriam para orientar vá rias investigações 
e estudos na área. Surpresos com a fragilidade em que nos 
pareceu sus tentar a prática da orientação educacional em 
nos sas escolas, e continuando a trabalhar nosso interes se 
pela a ti vidade, decidimos aprovei tar nossos questionamentos 
pessoai s nesta irea na presente dissertação de mestrado . 
Em primeiro lugar, nos propusemos a uma pro-
cura de informações que se pudessem categorizar como lD1l mar-
co teóri co sobre o desenvolvimento da orientação educacio-
nal. Os estudos r ea lizados, tendo em vista este propósito, 
5 
)ossibilitaram compor o primeiro capítulo deste trabalho. 
A organização de material específico sob r e a 
~rientação educacional nos EEUU. que resultou no nosso se -
~undo capítulo , me rece ser justi ficada. ~ difundido entre 
~ós que a expressão orientação 
~xpressões Seho ot Guidanee dos 
educacional e tradução das 
americanos e OJt..i.e.ntat..ton 
'":c.ota.i.JLe dos franceses. ambas originárias dos m:>vimentos de 
rientação profissiona l que se propagaram na Europa e EEUU 
lO início do século XX. apesa r de se encont r a r referências 
:ambém a um caráter específico da OJt...te.n t a.,t.i.on Sc.ota.i.Jt.e. co-
~~o re sultant e das nova s t eorias sobre educ ação. O objetivo .., 
a o~ientação educacional , tanto na linha francesa como na 
'dmericana. é propiciar a o aluno orientação nas suas ativi -
Jades e s colares em geral, de modo a lhe garantir ajustamen-
... 0 escolar satisfatório, e, conseqUent emente, um auto-cres -
cimento e ajustamento pessoal - soc ial. Entretanto, l evadas 
m conta as dificuldade s de se obter informações sobre a 
rientaçâo edu~~cional na françn e demais pa{ses europeus, 
ecidimos t omar a pratica norte--americana de orientação e -
ucaciona l como um marco para se compreender a prática des -
a atividade no sistema educaciona l brasileiro . A preocu-
ação sobre a possibilidade de se limitar o marco te5rico 
la que poderíamos chamar de Mode .. lo Áme.Jlic.a no para nosso es-
:udo, desaparece a nos so ver. quando nos apoi amos na s nu-
~erosas citações de autores nacionais referindo-se i ori-
6:em americana do movimento desencadeador da orientação e -
(lucacional. 
Para confirmar tai s dados, podemos r elembrar 
ue, no editorial de se u número consagrado ã orient ação e-
ucaciona1 (V. 5 - n 9 13, julho de 19 45) , a Revista Brasi-
eira de Estudos Pedag5gicos refere-se ã discussão da ori-
ntação educacional ã luz da experimentação americana , o 
ue é claramente destacado por Lourenço Filho em um dos ar-
igos compilados no referido pe:ri5dico. Este autor . lembra-
-nos ainda a afirmação de Gustavo Capanema na exposição de 
ativos da conhecida Lei Capane.ma, quando esclarece: E de-
te.ltm.i.nada a adoç.ã.o, e. m tlo.660 e I1 <~ ,ütO .6e.c.undã.Jl.i.o, da olt.i. e.n-
6 
:a~ão educacional, p~ãtica pedagógica de g~ande aplicação 
,a vida e6oota~ d06 E6~ad06 U.id06 (Lourenço Filho - 1945, 
)ig. 5). Esta referincia ~ ainda endossada po r Noemi 5il-
: eira Rudolfer ao apresentar o histórico da orientação e -
J ucacional no Brasil, referindo-se ã organização do 1 9 Ser-
~iço de Orientação Educaciona l no Brasil calcado no~ mol-
,[e6 do que 6e ob6e~va~a .06 E6~ •. d06 U.id06 (Rudolfer , 1945, 
~ig. 1 56) . Para nos tranqUilizarffios ainda mais com relação 
~ esta tomada de posição, podemos citar uma autora euro -
I~ia. que se refere aos americanos como pionei ro s da ori-
'ntação educacional at ribuindo os "plt-ÍmôJt.d.Lo.s de.<s.ta. a..t1..v.i.-
-ade i E6cola de ÁJt.te6 Mecin.i.ca.6 de San FJt.a.nc.i.4co , com 
:eMge lIe~ütt em 1895" (Gordillo , 1973, pág. 15 ) . O endos-
·0 a essa afirmativa dos europeus pode ser encontrado, ain-
a. em Carrington da Costa (1951 , pág. 48) , em inte ressan -
e a r tigo intitulado Sub4Zdi04 pa~a a hi6t54ia do movimen-
.':'0 da o~iel1taç.ão pll06i44ional. Nes te, ele faz um relato de 
.. Ianifestações de orientação profissional e educacional desde 
-t Gréc ia an t i,!.!'a, e reconhece corno "p4imeilLa maI'Ú.6e.ó.taç.ão Olt-
'1anizada, 06.i.c.ial.i.zada e. a46im denominada a expelLiê.I1c...i.a 
104teame.lticalla", citando Kelley, em 1914 como responsivel 
, ela nomenclatura de orientação educacional bem como pelo 
IO VO a6pec.to da o4iel1taç.ão (a que incluia a orientação sis -
:emitica de estudantes). Na literatura nacional, 
:1959) corrobora essas informaç5es . 
Santos 
Com o propósito de caracterizar a orientação 
~ducacional no sist ema de ensino brasileiro , organizamos o 
~erceiro capítulo deste trabalho. Tentamos apresentar fa-
~os e int erpretações dos movimentos iniciais de implanta -
~ão de Serviços de Orientação em escolas br asi l eiras , de 
leculiaridades na forma de organização e funcionamento des-
:es serviços, bem como da formação do profissiona l denomi -
lado. em nossa realidade de olt.i.e.ntadoJ:. educ.ac.ional. Nesta 
:aracteri zação . ainda ev idenciamos a l gumas contra dições per-
:ebidas nas determinações legais face aos preceitos teóri-
~os que sus te ntam a orientação como prática educaciona l e 
7 
o papel que tem assumido em nossas escolas . 
Consagramos o quarto capítulo para apresen-
tar nossas percepções sobre o desenvolvimento da orienta-
çao educacional no país e nossos questionamentos sobre os 
resultados de sua prática em nossas escolas. Como no resul-
t ado desta análise parece- nos haver um quadro de incoerên-
cias entre a prática da orientação e os objetivos em que 
e l a sustenta seu trabalho, tornou-se neces sário a identi-
ficação de possíveis causas para as situações críticas a -
pontadas. Sentindo ai nda insegurança devido a precariedade 
de nossos estudos e a inexistência de referências na linha 
de análise c rít ica da orientação educacional no Br asil, de-
cidimos pela conveniência de apresentar as possíveis cau-
sas da situação de fragilidade da prática da orientação em 
termo s de hipÓteses . ~1ais precisamente, nossa percepçao de 
crise da orientação educacional no Brasil e os fator es que 
julgamos como determinantes desta crise, são por nós apre-
sentados c~~~ situações que os ~c sso~ pr~fission3i ~ d~ o ~i­
entação deveriam inves tigar. 
Finalmente, julgamos oportuno esc larecer que 
o presente trabalho se caracteriza como uma dissertação. 
não tendo s ido realizada nenhuma pesquisa experimental ou 
de campo para coleta de informações . O que se tem registra-
do aqui é o result ado de nossos estudos em material bibli-
ogrifico disponível, e, nosso objetivo foi organi zaras in-
formações e ana l isá-las em prol de uma compreensao siste-
mitica da orientação educac ional. Procurou-se, para tal , 
aproveitar tanto quanto poss ível, trabalhos já elaborados 
com a mesma fina lidade . O que se pretende trazer de contri-
buição é o registro de uma análise interpretativa e críti -
ca da orientação educaciona l como atividade que procura se 
firmar em importância e necessidade no sis tema educacional 
brasileiro, e que, no entanto, na prática de sua realiza-
ção (devido aos entraves determinados pelas condições e in-
teresses do s i stema e pela relativa defasagem de seu mode -
lo teórico importado), não t em encontrado o reforço às de ~ 
terminações legais e teóricas, nas quais vem se apoi ando . 
1. O NOVH1E NTO DE ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: PRESSUPOSTOS BÃ -
SICOS 
1 . 1. Históri co 
Vários teóricos têm se preocupado em es cre -
ve r sobre a evo lução hi s tórica da orientação educacional. 
Neste nosso t r abalho, apenas co m o objetivo de s itua rmos 
nossas idiias em r elação is an~lises que seria propos ta s , 
pretendemos apresentar uma suc inta caracterização dos re-
feri ,' Qs acontecimentos. Considerando que toda referincia i 
evolução da orientação educacional i , na verdade, referin-
cia ao processo de orientação e/ou aconse lhamento , tent a -
remos retratar os aspectos que , de modo ge r a l , têm mos tra -
do o desenvolvimento destaprática, situando neste contex-
t o a orientação educacional. 
O .. A.contecjmPontn ::- que com maior freqUência têm 
sido apontados como determinantes do movimen t o de orienta-
çao, podem ser ca r acte rizados como movimentos de caráter 
científico e/ou de ord em social . 
Mi11er (1970) e Moser "e Moser (i9 61) tim en -
fatizado os primeiros , e e nt r e e l es indicam, com consenso, 
os seguintes: 
~icometria: 05 estudos neste campo firme-
ment e aceitos no fina l do sécu l o XIX (possibilitando o co -
nhecimento científico das diferenças i ndividuais) determi-
naram a pos sib ilidade do estudo das aptidões específicas e 
sua r e l ação com a a tuação do i:ndivíduo em todo s os setores 
de sua vida . Desenvolveram-se, então , metodos cada vez mais 
ape rfeiçoados para se ava li ar es tes aspectos da individua -
lidade humana , largamente 
ca e privada para fins de 
cargos e empregos . 
usados em setores da vida públi-
aproveitamento de candidatos a 
a orientação vocacional : com base no princí-
9 
pio de que o melhor desempenho profissional estaria r e l a -
cionado com a adequação das aptidões do indivíduo ao tipo 
de atividades r equeridas pelo trabalho, iniciou-se em se -
tores industriais, um movimento de seleção dos candida to s 
a emprego s para escolher aqueles que melhor se adaptariam 
às exigências da profis são . Mais tarde, es t e mov imento foi 
levado para 35 escolas profiss ionai s com o obje ti vo de en -
caminhar o jovem , o mais cedo pos s ível e de forma mais e -
fetiva, para o exe r c í cio de uma atividade profi ssional . 
movimento psicopedagógico: a democratização 
da esco l a e o conseqUente acesso ã escolari zação a tmI gran-
de numero de c ri a nças com dive)"sificação de origem de or-
dem socia l e eco nômica possib ilitou perceber a grande in -
cidênci a da s diferenças individuais e a r e l evância de seu 
atend imento pelo processo educacional . Aproveitanno dos 
grandes avanços da psicometria ~ foi possível o aperfeiçoa -
mento das medidas de inteligência e de condições geraispa-
ra aprendizagem (desenvolvimento p5iconLutvc . dcsell v'olvi,.,.;;ui..v 
emocional e desenvolvimento social) . que hoje integram a 
avaliação psicopedag6gica do escolar. 
a ps ican i l ise : as descobertas de Freud sob re 
o psiquismo humano no início do século XX despertaram os 
cienti stas sociai s sob re a influênci a do inco nsciente no 
comportamento. A teoria da personalidade proposta pelo C1 -
entista e uropeu , encontrou campo fértil numa sociedade on-
de as preocupações com o desenvolvimento e o bem - estar do 
indivíduo começava a tomar vulto . Os es tudo s para possibi-
litar uma melhor compreensão das causas do s comportamentos 
anormais ou patológicos elucidaram uma série de infonnações 
tornando pos síve l a orientação de pessoas . 
os método s psicoterapêuticos : tanto quanto a 
teoria psicanalitica de Freud, outras t eo ri as sobre o de-
senvolvimento humano e suas t écnicas de abordar o tratamen-
to não médico para pessoas consideradas doe ntes, antecede-
ram o movimento de orientação na medida em que lançaram as 
10 
raí zes para uma melhor compreensao do homem . 
o movimento para promoçao da saúde mental: 1-
niciado nas casas de saúde para doentes mentais com o ob -
jetivo de promover melhores condições de bem-estar para os 
pacient es . este movimento valorizou o cuidado pelo meio-am-
biente do do ente mental tanto quanto pelos seus comporta-
mentos fora da norma. Esta preocupação transcendeu os li-
mites das casas de saúde e alargou o campo de preocupaçao 
do~ cientistas para as pessoas em geral em todos os se t o-, 
res de sua vida . Atualme.nte, os novos estudos neste campo. 
as inovadoras concepções de que saúde mental não é apenas 
mera au~ênc~a de doença continua a refletir no desenvolvi-
mento da o~ientação. A tentativa de possibilitar ao indi -
víduo o crescimento total de suas potencialidades, seu au-
to-conhecimento e sua auto - aceitação, são objetivos atuais 
de todos aqueles. que trabalham em prol da saúde mental. In-
cluem- se aqui o pessoal de orientação . 
Moser e Moser (1961) e Jones (1963) apontan, 
como movimentos de ordem social, dois acontecimentos his-
tórico s como precursores da orientação: 
A Revolução Indus trial: que gero u um novo me-
canismo econômico de produção. determinando a exigência de 
potenc i al humano cada vez mais capacitado, r eforçando di-
retamente a Ilecessidade de orien t ação profissional . 
A Segunda Guerra Mundial : de form~ indireta a 
neces sidade de testes aperfeiçoados para selecionar e dis -
tribuir pessoas para os postos estratégicos durante seu de-
senrolar. possibilitou um grande avanço dos estudos e rea-
li zações da psicometria. Diretamente. após terminada a guer-
ra, as mudanças sociais gritantes e a necessidade de atell -
dimento. para r eabi litação (física e emocional) de um gran-
de núme ro de pessoas reforçaram a necessidade da orienta-
çao. 
1 
11 
Estes aspectos precursores da orientação. até 
aqui abordados, são relacionados de maneira bastante clara 
na c i tação que se segue : 
.. 
o "Gu..idance Aloveme.n.t " teve. i..nZc..i.o, pOJt.em, na 
ãJt.e.a e.Xc.tu~i..va d« oJt.i..e.ntação pJt.06i..~6i..onal. 
PJt.e.o cupando-h e. PaJt.6onh c.om a análi..6e de. pJt.o-
ó.i.6.6Õ eh . e. c.om 06 me..io.6 palLa dia.g nÕ.6t.i.c.o dalJ 
aptidÕe.6 i..ndi..vi..duai...6. Sua..ó idéia-ó c.oi..nci..di..-
Jt.am ou. 604am , talvez, o Jt.e.6le.xo do movimento 
de me.d.ida.6 me.nta.i..6 ~ntão no na..6c.edoulLo, c.om 
O" .tJt.a.balho.6 de. 8.i.ne.t, na Fltança. A pJt.eoc.u-
pação eIJIJenc.i..al. do.6 tAabalholJ de PaJt.hOnlJ eJt.a 
lJupte.mentaJt. ã ação e..óc.olaJt. . então c.aJt.Jt.e.gada 
d e um 6oILma.li.6mo d.i.dã..t1.c.o e. XC.e.h.6i..v o • dando 40.6 
a.d ol.e.6c.e.J~.tell opolt..tu. tú.da.de..ó de. e.xplLe.6.6ão -<. n-
di..v .i.dual e de heltem hoc..ial e. ec.oJlollu'camente a-
p,,-o vú.tado. na me.d.ida de .""" co.paci.dadl/A I ... ) 
A~ ideia~ de Pa~~on~ , impul~ionada~ po~ ei~­
cun.ótâ.»c.ia~ hoc.ia~i~ di.veJL .óa~, pelo~ pltimõ', -
dio.ó da p.óicometli.ia e pOIL pli.eoc.upaçõe.ó de. 011.-
de.m pe da gógic.a . e . .ótende~am-.óe li.apidamente t10 
..tO"- .. cola ,,- p"-op"-.iamente d.ito I ... ) O ad-
vento da 1 G~ande. G(Le~lI.a, da c.lti~e econômica 
de 1930, do Itipido dehenvolvimento d o ~ teA-
teh Phicolõgic.o.ó e da glLande ampliação dtu 0-
polt,tunidadeh no melLc.ado de tJt.abalho, como 6~u­
to da ClLehcente i.nduhtltialização e ehPe.cia-
t.izaçã.o con,t~ibuZltam , .óe.nhivelmente, paJLa. uma 
ampta di6uhão dOh pIi.Oc.eh.óoh de oltientação 12.-
duc.ac.ional e plLo6ih~ionat em Ce tlt~o.ó , .óelLv'('-
ç.Oh ou nah ehcola . .ó ame~icanah. (Santo.ó, 1963, 
pág. 3/4). 
Outros teóricos, en tretanto, tai s como Blo -
c her ( 1 966). Gordillo (1972), Hill (1973). ~1iller (19 70) e 
Ty1er (1974). têm descri to a cV'olução da orientaç ão em t er -
mos de sua crescente necessidade, atribuída ã comp l exidade 
12 
das exigências da vida moderna. As constantes solicitações 
da vida social, as necessidades econômicas. a luta pelas o-
portunidades escolares e profissionais , co locam o indiví-
duo em si tuações de escolha constantes. Estes processos são 
cada vez mais conflituosos para a pessoa e esta precisa de 
ajuda para melhor se conhecer e ter condições de optar e 
assumir sua escolha e mudanças posteriores que podem vir a 
acontecer. E neste processo que- a orientação tem papel pre-
ponderante , conforme se evidencia na seguinte citação: 
Mui,ta.ó Ó oJLça.6 , e.x.teJt.l'la.ó e .t.nte.JLna..6, a..tuam di-
. 6.icu.t,ta.ndo ao hóme.m uma. pe.ILC.e.pÇã.o clalta do 
mundo e a. de.6i..n.i.Jt-IJe. d.iattte. de.le.. Vev.i.d o a. 
h.itUa.Çã.o de te.n.óã.o . a.n9úh-t.ia e. de.lJe.qu.iIZbJL.io 
que. e.,h,ta .6 .Ltua.ção de. dúvida. 6.ILeqUentemente a-
c.a.ILJt.e..ta, el e. p.ILoc.u.ILa pe..6.6o a.6 que. pO.6.6am aju-
dá-lo. Ehta ajuda .lLe.6e..lLe.-.6e. a uma bUhc.a de. 
c.ompJt.e. e.n<óão de. hi e dOh out.ILo<ó ,da.6 .6ua.6 .lLe.-
laç.õe<ó c.om 0.6 aemai.ó e de huah dec..i.6ô e.6 dÃ.a.n-
te da.6 <óol.ic..itaçõe.~ de <óua v.ida. Bu<óc.a, 6i-
nalment e , e.nc.o n.tll.aJt. um he.nt.ido paJt.a <óua vida, 
de. ac.oJt.do c.om <óe./A p.ILÕp.IL.io e ve.ILçiade..ilLo .6e.IL . 
IGoadillo , 1973, pig. 17). 
Esta perc epção está bem evidenciada, ainda, 
no relatório da XXVI Conferência Internacional de Instru-
çio pGblica, realizada em Genebra, sob os auspícios da 
UNESCO e do Bur eau Internacional de Educação. em 1963 . No 
texto da Recomenda ção n 9 56, que trata da orientação esco-
lar e profissional, a conceituação de orientação educacio-
nal e os objetivos a que se propoe, retratam a evolução a -
presentada pelo Guidanc.e Mo veme nt. 
Segundo um outro ponto de vista, Cremin (1965) 
evidencia a pr6pria evolução da esco l a determinando a ne-
cessidade da orientação educacional. As teorias sobre edu-
caça0, o progresso dos metodos de ensino, a necessidade ca-
da vez maior de se compreender cada criança, os reflexos 
13 
polít icos e econômicos na organização e processo escolar, 
e, os próprios objetivos pretendidos pela educação são a -
pontados como os fatores determinantes desta necessidade . 
Com base nesta concepção, ele conclui que o objetivo final 
da Orientação seria unificado ao próprio objetivo final da 
educação . cuja meta seri a promover a integração harmoniosa 
de pe rsonalidades . 
Revisando estes fatores dos quais se atribui 
a origem da Orientação . pode - se perceber a evidência da e -
volução de um processo de necessidades e po ssibilidades de 
ajudar às pessoas. O conhecirnc:nto do indivíduo ampliou - se 
em t er mos de técnicas e processos. As áreas de a juda s e a -
largaram: a adaptação profissional do indivíduo associou-
-se a sua adaptação pessoal . Desta forma, atualmente, o 
t ermo orientação é mais genérico e pode ser definido como 
'um processo de ajuda ao indivíduo no sentido de propiciar-
-lhe condições sa ti sfa t ó r ias e ef ica zes para o ~eu próprio 
desenvul vlmellLv . As própri as definições de Orientação que , 
em seus primórdio s , enfatizavam a adequada escolha vo cac i-
onal, caracterizam, a tualmente, um proces so mais abrangen -
t e . Mill er (1970) afirma que , se o obj et ivo da Orientação 
é facilitar para o indivíduo o pro cesso de escolha , seu fim 
úl timo seria proporcionar a salJde mental e promover a adap-
tação do indivíduo . De acordo com es t a percepç ão, podemos 
citar algumas propostas de definição de Orientação, onde se 
caracterizam a abrangência atua l do processo: 
Olt..ie.ntaçã:o e o plLoc eo606o pelo qual o6e. aju.da 
aoo6 ..ind..ivldu.oo6 a alcanç.alt a auto-complt e.e.no6ão 
e auto-dilt eção nece.o606ã4..iao6 palta cono6e.gu..i1t o 
má x.imo ajuo6tam e. lt.to na e.o6cola e na comu.nidad e. 
(M.iUell , 19 70 , pág. 19) . 
••. a olt.i.entação ~vLã cot'to6.ide.ltada eo606e.n ciat -
mente. como um pltOCe.o606O de. apltvld..izage.m palt.a 
O oJt.ie.ntal'l.do s e .6e.u. naco c.e t1tlta..t o6e toc.at..i-
zalta na c.ompltee.tMao do que. ele. te.nha. de. o6..i 1 
de. h uao6 co ''1 di ç Õ e..6 b..itua cio n a..io6 ..im po Jt.ta n te.o6 e. 
• 
14 
da.1J 1te.l.a.ç.õe..6 e.ntJt.e. e.le. e. lJeu meio (Ma..the.wIJon . 
1962, pago 103). 
0 '0 o obje..t.ivo da. olt..i.e.n.laç.ão e 6a.c.U.i.talt a.6 
e,IIC!.othall ade.quada . .6 da.6 qu.ai.6 depe.ndem o apelt.-
6e~çoam e"~o p06~e4~o4 da pe660a ITyle~ 1974 , 
pág. 33). 
Parece-nos claro, ainda, que ao tratar a e -
volução da Orientação os teóric:os têm se referido a e l a de 
forma bastante ge neralizada , caracterizando-a como proces -
so de ajuda. Tentaremos. a part,ir de agora. caracterizar es-
te processo para o tipo de Orientação que tem se desenvol-
vido nas escolas. 
No meio escolar. a orientação educacional pas-
sou por processo de evolução seme lhante . Iniciada com a o -
r ientação profissional para assistir às necessidades de op-
ção dos estudantes. ampliou seu enfoque. não só porque sur -
gi!'::,;~ 'Jutras necessidades daqueles, Tl'!1lC: , tf<lmbém, porqll P :I 
própria Orientação como ativida.de alargou as possibilidades 
de atendimento. l-liller (1970) citando os fatores que a tor-
nam atualmente necessiria nas esco l as , esclarece-nos sobre 
sua evolução , enfatizando os seguinte s fatores: 
- a democratizaçào da educação, que levou pa-
r a as escolas indivíduos com acentuada diversificação em 
termos de capacidade intelectual, processos de maturação e 
de interesses; 
- a tecnologia, que tendo se desenvolvido tão 
amplamente, tornou impossível que estudantes, por si mes -
mos, possam conhecer as oportunidades de trabalho que lhes 
são apresentadas; 
- a complexidade das exigências educacionais, 
co nseqUente do aumento crescent.e do número de estudantes. 
da diversificação das condições de seus interesses, das ne-
cessidades sociais e das pr6prias condições atuais da es-
cola (novos conhecimentos sobr e o aluno , 
etc . . . . ) ; 
15 
novos métodos. 
- a expansao do programa educativo, devido ã 
necessidade de atender ã demanda dos progressos sociais em 
termos de conhecimentos e a conseqUente necessidade de se-
lecionar para o mundo do trabalho ou estudo s posteriores os 
alunos adequados ; 
- as condições soc10 - econô micas e as circuns-
tâncias morais e religiosas , resultantes da transformação 
de uma sociedade agríco la em industrial, produzindo ma sé-
ri e de desequilíbrios sociais que determinam, por sua vez, 
conflitos individuais que a escola precisa atender. 
Tylor (1974). em i mpo rtant e trabalho sobre a 
orientação educacional também evidencia estes fatores como 
determinantes de sua necessidade: 
Sejam quai.6 óOlle.m a.6 Jt.azoe.6 , a plLe.óe.nç.a de. 
jov e. n4 de. plloce.d[ncia de. meioa tio dive.1l60.6 
em n0.6.6a6 e..óc.ola.6 tem 6e.i..t..o man.i. óe..6taJL-.6e. a 
ne. ce..6.6.i.dade. de. 01l. . .i.e.I1.taç.ão. O e..ó,tudant..e. de.ve. 
e.nco n-iJtalL .6 eu plLõ'pn.i.o c.a.minho em um p.f.a.no de. 
e..6 tud 0.6 c.o m pli c.a.á o e. pIL e.p aJt.a.1L -.6 e. palLa. e..ó c.o -
.the.1L a..tte.Jt.na..t.i.va..6 c.onve.nie. nt..e..ó paJt.a. .6ua vida 
e.m .óe.u.6 dive.1L40.6 a.6pe.c.l..o.6( ... I Mu.i..to.6 outllO.6 
plLob.te.ma.6 .6oc..i.a..i.ó de. H0.6.60 te.mpo 4e. Jte.óle..te.m 
na inhegu~ança de Que óa.lam aiunoh e o~~en­
tado~eh. A ~apidez da u~banização tem levado 
pa~a o meio ittc.JLi.velmente complexo do. c'<'da.-
de. , g~a.ttde ma.hha. de. ind.<.vZduoh, cujo. educ.a-
ção não lheh oóe~ec.e c.ond.<.çõeh de ho.tihóatõ-
Aio. hoblLe.vivênc.ia ~tehte. a.mbiente ( ... ) A C.On6-
tante ameaça. de dehempAegc, cOlLoiãlLio do de-
henvolvimento tec.nológic.o, a.,te.molLiza. Oh .(.n-
divZdu Oh que., em hua maiolL'<'a., ~lã o he hente.m 
16 
hegu~o4 pa4a COn6e~va~ ~eu~ e.mp4egoh . A ~m­
po~~ância que umd hociedade compe~tiva dVU-
bu..i ao ê.x..i.to, .i.nevitave..lme.nte cau..6a .60MU.óa.l-
toh na.6 pe.hhoat. que. nunca podem habe4 , ao 
ce.JLto, .6 e. .6 e.Jt.ão e..ta.6 ali .tIL.i.u.nóadoJta.6 . (Ty.teJt. , 
79 74 . piig~. 22 - 23 - 24 1 . 
Out r a situação que determi na grande necessi -
dad e de Orientação nas esco l as americanas , onde sua origem 
i r egistrada, ~ o interesse ou conve n i~ncia econ5mica de 
a f astar o jovem do mercado de traba l ho e, conseqU entemente, 
mant i-lo nas escolas, para onde el e leva seus problemas e 
necessidades (inclusive seus anseios diante da vida profis-
s i onal insegura) . Este f a tor tem s ido denunciado por aque-
-
l es que escrevem sobre o assunto, ta l como podemos perceber 
na citação abaixo: 
Á-ó le..i..-ó de. e.ducaç.ã.o o blL.i..gatãlL.i..a , atualme.nte. 
e.m vig ê ncia na ma.~oh~a do-ó e.-ótado-ó da -urt~ao 
pe.lLmane.ça,'ll 
na-ó e..6cola.6 até a: idade. de. de.z e. .6-ó eÁ...6 dnO.6, e , 
e.m algun.6 luga.tte&, até 0.6 de.zo L to a l1.Oó . f.6-
.ta.6 le..i...6, pOh .6ua. vez, lLe6le.tem vãlLio.6 6a~o ­
lLe.6 .6oc.iaió , a .6 a. belL! o .intelLe..6.6e. de aóa.6tatt 
0.6 joven.6 do melt.C'.ado de tlLabalho , a Cltença de 
que ogovelLno nece..6.6ita de e.le.itolLe.6 
e a 6ê. na educação como in.6tlLumento de 
glle.6.6 o .individual e. .6 o c..ial . (TylelL, 
piig. 27 1 . 
culto.6 
pllO-
79 74. 
E, continuando a defesa da necessidade de Ori -
entação nas escolas diVUlga - se cada vez mais sua tarefa de 
faci l itar ao i ndividuo as condições para confrontar clara-
mente suas co nfusões para pode r escolher , dentre as idéias 
e va l ores que l he são propostos , aqueles que lhe sejam e -
fet ivamente mais adequados. Den tro deste propós ito e que 
exis t em os Cent r os de Orientação com fina l idade de auxili -
17 
ar os estudantes a r eso lver problemas de tipo vocacional e 
educa tivo , mas com uma meta mais ampla de contr ibuir para 
que e s te s estudan t es tomem consciência e modifiquem atitu-
des emocionais necessárias ao seu pleno desenvolvimento. 
Evidenciados os fatores que determinam a ne -
cessidade da Orientação no sistema educac i onal. e , partin -
do da concepção ge nérica de or ientação como a aj uda ofere-
cida ao indivíduo para proporci.onar seu desenvolvimento pes -
soal. t entaremos fazer uma abordagem dos fatores que t em se 
prestado para caracterizá-l a como Olt..i e.ntação Educ.ac...i..ona.t. 
Segundo Mi1 1er (1970), se aceitamos a defi-
nição de orientação como um processo de aj uda ao indi víduo . 
para que el e possa a l cançar seu pleno desenvolvimento, a -
ceitaremos a proposição de que é obrigação da escola ofe -
recer assistência de orientação aos alunos . como ativ idade 
fa cili tadora para se alcançar a objetivada educação inte-
gral. Para alcançar o objetivo de proporcionar ao aluno uma 
a.dap.taçãe ;;; .1;':'''':';;; .1 ,;: e..6c.ol.a , ao E'.:":';::'L c 3. ~~mul1..tdad'!. <> es -
cola deve te r um programa de orientação que l eve em conta: 
- qu e as pe ssoas em desenvolvimento (crian-
ças e adolescentes) se beneficiariam com a assistência da 
Orientação. I s t o quer di zer que não só os alunos inadapta -
dos (que apresentam alguma dificuldade da ordem de compor-
tamento e apre ndizagem} necessitam ser auxiliados no se u 
processo de maturação. Este ponto de vista não se adequa 
apenas aos princípios de educação democrática que assegura 
dire ito de assistência a todos os aluno s , mas também ao 
princípio de que o processo de aquisição de aprendizagem é 
contínuo e permanente; 
- qu e todo o a luno manifesta um processo de 
desenvo l vi mento em sua totalidade (desenvo l vime nto f í sico , 
mental, socia l e emociona l ) que- deve se r a t endi do pelos pro-
gramas educacionai s ; 
- qu e todo aluno necessita compreender seu 
18 
próprio des envo lvimento e aplicar toda sua potencialidade 
na compreensão e resolução de seus prob lemas . 
Hill (1973). afirma que o fator que mais cla-
ramente determina a necessida de de se desenvolver um pro-
grama de orientação nas escolas, é o fato de que, cada vez 
mais, to r na-se imperiosa a utili zação adeq uada dos poten -
ciais humanos. Alunos inadaptado s são pessoas s oc ia l e e -
mo cionalmente de sa jus tadas. Se desej amos um maio r número de 
cidadãos s audive i s, do ponto de vista social e emocional , 
os estudantes ( j ovens em formação) devem rec eber orienta -
ção adequada que lh es propicie exper i ~ncias e informações 
para qu e e l es se conheçam e aprendam a mudar e adaptar - se 
ao mundo em evolução . Desta forma, a orientação educacio -
nal seria um processo de aprendizagem, atravis do qual ca-
da estudante se desenvo lveria e ap r enderia a se adaptar a -
dequadamente 3 comunidade. Denomina ainda este processo de 
ap~endizagem o~ientacional porque engloba diversos aspec -
to s do desenvolvimento humano: a aprellói z ~Kem do auto - ~o ­
nhecimento, da auto - escolha e da auto-decisão. Os pressu-
postos desta ap~endizagem o~ientacional poderiam ser resu-
mido s no pri ncípio de que todo ser em dese nvo~vimento ne -
cessita aumenta r : sua compree nsão de s i mesmo e ass umir a 
r esponsabilidade de s ta compree n são; sua compreensão do mun -
do da educação e do trabalho; s ua capacidade de escolher pa-
r a si mesmo e resolver seus pr6prios prob l emas; sua com-
preensao dos va l ores morais e culturais de sua comunidade 
para se r capaz de respeitar outr as pessoas; sua compreen -
são da natureza humana, das relações humanas e do processo 
de adaptação pessoal e social pa r a poder conviver de forma 
satisfatória com outras pessoas. 
Es ta carac teri zação da orien t ação educacional 
pode ser claramente confirmada no seguinte trecho: 
Pa~a de.óenvolvelL urna pelL.óona..lidade e um c.a-
ILátelL d e..óejã.vel, o objetivo óUl'1damel'1tal da. e-
du ca.çã.o deveJt.út ~~ elL o de a.ju.daIL a ClL.ial'1ç.a a 
19 
con~e9ui~ a pe~cepção e ha~h6ação ad equada , 
digna de con6iança e ~eal~hta de ilUdA neceh-
.s.idade.6. pa.Jt.ticula/lmen.te a. nec.e.6h.idade de dU-
to me.lholLa.me.nto . Ve..ó.ta ma.ne...i..lLa. , te.ndeltã a. de.-
.se.nvolve.Jt. e a. ace..i.,taJt. um ma...i.6 adequado auto-
-c.onc.eito. hu.ah at.Ltudell me.lholLalt.ã.o e ei.o. a.t:-
c.a.nçaJt.ã ma..i..s 6a.c.ilmente a. 6el.i.c..i.dade e a. ma -
tUIl.i.dade emoc.io nal. O que. .i.6to implic.a. ê que 
ela e..stalLã e.la bonando a. c.apac.idade de aplle.n-
dell 4.6 C.O.i..s4.s que me.lholl c.onvenham 46 .6ua..6 
nec.e.h.6 .i.dade6, «.6 IJ oc..i.a.!mv!-te úte.i..6 e delJejã-
ue..i..ó. Netd.e pIlOC.~~6.60 . a .i.mpolLtâ tlC.ia. da. Olt..i.-
e.ntação i ev.i. d en~e (HaJt.Il.i..6, 19 62, pãg . 349) . 
~foser e ~!oser (1961) , tratando dos 
prop6sitos e necessidades da oI'ientação educacional, tam-
bém definem a escola como luga r mais favorável para as pes -
soas em desenvo l vimento alcançarem seu pleno cresclioonto . A 
orientação educacional deve ser l hes oterecida para que e -
le s al cHnçem uma suf i ciente auto - compreensão. responsabi -
l idade , compreensão do mundo esco l ar e do t r aba lho, utili-
zem sua capaci dade de tomar SU~IS próprias deci sões e a re-
solver se us próprio s problemas. Seria , ainda. atrav~s do 
processo de orientação que a pessoa chegaria a compreender 
o sentido dos va l ores morais , o interesse por seus seme -
lhantes e a compreensão do ser humano e das r e l ações inter-
pes soais . 
Podemos concluir . então, com base nas concep-
çoes abordadas , que a orientação educaciona l seria um p~o­
c.e..6.6 o de. o~.ie.I1.taç.ão qu e , desenvolvido den tro das escolas, 
teria os seguintes objetivos : 
- guiar os alunos na programaçao escolar (es -
tudos individuais. uso de t icnicas e meios de aprendi zagem 
adequado s is s uas possibilidades e aspirações); 
- favorecer a cada a luno o de senvolvimento in-
20 
tegral de suas potencialidades ; 
- facilitar a integ r ação do aluno na escola 
possibili tando-Ihe uma adaptaçã,Q ã vida esco lar e a compre -
ensão e resolução de seus prob l emas pessoais; 
- orientar os a lunos para uma adequada esco-
lha de carreira profissional (seja com relação a estudos 
posteriores ao grau em que se encontra, ou dir etamente na 
vida profi ssional) ; 
- orientar os pais paro. possibilitar - lhes uma 
adequada atuação familiar que seja facilitada e estimula -
dora ao desenvolvimento dos fi lhos (em suas potencialidades 
espec ífi cas. na aquisição de conhecimentos e na integração 
social); 
- assessorar professores no sentido de favo-
recer - lhe s uma atuação educativa no seu trabalho i J l st ru ~i ­
onal , possibilitando maior respeito e a tendimento às neces-
sidade s e condições de seus alunos. 
ConseqUentemcnte , percebendo-se a orientação 
educacional como uln processo para a t ender às necessidades 
de maturação individual e social do aluno, torna - se conve -
niente verificar os meios pelos quais ela se efetiva na es -
cola . Na sessão seguinte, tentaremos explicar a organi 2a-
çao e funcionamento dos serviços de orientação tais como existem 
na s escolas americanas e interpretar seus objetivos 
aos propósitos da Orientação . 
face 
1. 2. Caracteri zação dos Serviços de Orientação EducacionalA maior difi culdade em se caracterizar um 
serviço de orientação educaciona l está na utili zação da 
terminologia. Alguns autores , Hil l (1973) e Miller (1970), 
21 
fazem referência a dois usos mais comuns do título ~e~viço 
de oll.i. etttação . Comumente, o te rmo t em s ido ut i l izado para 
designa r um tipo de assistência ao aluno , considerando 0 -
r ientaçã~ como aconse lhamen t o (counseling : guidanc e) . Sob 
esta terminol ogia, caracteriza-se a Orientação como a for -
ma de atuação do orientador (s c hool-counselor) diretamente 
.sobre o a l uno ou grupo de alunos (conforme seja a fonna de atu-
ação - individual ou em grupo) . Outro uso do termo, também 
bastante comum, é s ua designação a um co r po 
serviços de assistência ao aluno . Bem mais 
ou conjunto 
abrangente 
de 
do 
que a primeira, a u tilização desta terminologia abrange to-
dos os serviços relacionados ã assistência ao aluno na es-
cola, desde sua assistência pessoa l até s ua assistência es-
colar , em termos administrativos (aconselhamento, admi ssão 
ã escola, contro le de vida escolar). 
Ha tch e Stefflre ( 1965) . analisando a co nfu-
sao sobre o uso da terminologia , defendem um ponto de vis-
ta de que n~m t odo tipo de assist5r.ci= p~oporcionn~~ ~0 3-
luno deve ser considerado oAientaçio . Estes autores esta-
bel ecem uma divisão do que consideram serviços de a6ól6tên-
cia. a a.tu~lO.6 e entre e l es incluem o Serviço de Orientação 
(os out ros citados são: serviços sanitirios, ' serviços de 
controle numi ri co de aluno s , s erviços de assistência psi -
cológica especia l, atividades estudan t is) . Parece- nos que 
estes autores compreendem o serviço de orientação relacio-
nado apenas ao tipo de atendimento oferecido aos alunos . 
Percebemos, contudo, com base em r eferências 
encontradas no transcorrer de nossa investigação , que a própria 
util ização da terminologia evoluiu com a atividade. Inici -
almente, coincidindo com a implantação da orientação pro -
fis s ional, o termo oA~entação referi a - se ape nas a esta a -
tividade . Posteriormente , a largando - se as ne cessidades dos 
alunos com re l ação ã demanda de orientação , o termo apli -
cava - se a todo atendimento direto ao estudante. Nestes dois 
momento s o termo encontrava-se mu ito li gado ao sentido de 
aconselhamento . Mais recentemente, as necess i dades do s es -
tud antes aumentaram em f unção dos novo s programa s e exigên-
zz 
eias esco l ares existentes para o alcance dos objetivos e -
ducacionais que vão mui to mais além de fornecer conhecimen-
tos ao es tudante . Para formar personalidades e favorece r o 
crescime nto i ntegr a l e harmonioso do i ndivíduo a escola 
tornou - se muito mais compl exa: aulas teó ri cas e prá t icas, 
experiências de socialização. atendimento às diferenças in-
dividuais. iniciação profissional e muitas outras ativida -
des integram os currículos esco lares . Os professores nao 
conseguem mais , sozinhos , cumprir a tarefa de educar: es-
pecia l istas s ão integrados ao corpo técnico da escola e 
pr ogramas especiais são organizados para favorecer o pre-
cess educacional e o desenvo l vimento esco l ar, social e e-
mociona l de cada aluno. Dessa realidade é que surgiram, se-
t gundo alguns autores, Hill (1973), Kowitz e Kowitz (19 71), White (1973), Shertzer e Peters (1 969 ) corno exemplos, urna 
concepção atual de que a orientação educacional é um corpo 
de serviços especializados dentro das esco l as ou em di stri-
t os escolares. com o objetivo de compl ementar as ativida-
des educacionai s e atender os estudantes em suas necessi-
dades específicas. Apesar de termos tentado explicitar cl:l -
r 3mente na sessão anterior deste cap ítulo a evolução da o-
rientação educacional , que por si esclarece este po nto de 
vista de evolução dos Serv'i ços de Orientação , seri proveI-
t oso destacarmos algumas referências a estes últiros . Shertzer 
e Peters ( 1969) apresentam-nos os segui ntes dados: 
Oh p~mõ4dioh da o4ganiza~ão de planoh de 0-
4ientação lle.polltam-he. ao in2c..io do héc.ulo 
XX . Sua pll.ime..illa ên6ahe. c.onc.entlloU-he. nall a-
tivi...dadeh de oll..i.entação Voc.a.c...i.onal. Atua.lmen-
te , o p40c.ehho de o4..i.enta~ão 60..i. ac.4ehc...i.do 
dOh ahpe.c.toh de o4dem educativa e. dehe. nvol-
v.imento pehhoal-hoc..ial . depo.ih que he acei-
tou a i...nte.4p4eta.cão do olLgan.L.6mo humano como 
c.ompl.e.xo e total... O teJtmo oJtie.ntaç.ão pahhou 
a. h..i.gn..i.6i c.a.1t . de.hde. e ntão, a ahh..i.htênc..ia ao 
inr:Li.v:lduo palt.a a.judá-io a he tOltnalL c.apaz de. 
23 
pILOmOVfl.IL .6e.u. pltÕpJt..i.o dehe.i1Vo.tvime.nto . Ne.6te. 
pltoce..6.60 ele e levado a exami nalL .6U4,6 dec.i.-
hÔe..6 , o qu e. 6az e o que. tem a 6aZfl.1L e a de.-
te.ltm.i. naJ{, 6olLma.,6 de aç.ão e Jtfl..6o.e.ução de. .6e.u-h 
pIloblem<t. (Shelltzell e Petell., 19 69, piíg. 31. 
Es ta evolução de "terminou um acréscimo de r es -
ponsabilidades e a tribuições. Par a as s umir todo o seu novo 
papel, a Orientação teve qu e s le organi za r como um corpo de 
serviços especia li zados, acresc i do ã or gani zação e progra -
maçao r egular da escola . Atualmente, o pessoal de educ ação , 
ao se referir ã organiz ação escolar, indica sua est ru tura-
ção em três serviços básicos : administração, instrução e 
ori entação . A partir de ent ão, começamos a encontrar a de-
signação mais freq Uente de ori e ntação educacional referin-
do- se ao conj unto de atividades destinadas a assistir os 
alunos pa ra promover seu máximo desenvolvimento. 
Alguns autores, t:l1L.iêtá u tO , ai nd a ter;.tü. ... r,os 
alertar sobre outra confusão que tem surgido em conseqUên -
cia desta concepção abrangente de Serviços de Orientação . 
Kowitz e Kowi tz (197 1), referem- se a uma confusão específi-
ca relacionada com a ut i li zação do s termos on~entaçio e a-
~on6ethame'lto. De nunciam tentativas de se t entar exp l ici-
t a r e dife r enciar os t ermos , o que, segundo eles, nao faz 
muito sentido, uma vez que aconse lhamento já implica no 
sentido r estrito de ajuda di..lLeta ao alun o , e orientação já 
ê. por s i, um termo mais abrange nte significando toda a as -
sistência ao aluno para ate nder suas necessidades especí -
ficas relacionadas ao seu desempenho esco lar. 
Acei tando a linha de evo lução dos Serviços de 
Orientaç ão Educacional, vamos abandonar quai sq uer referên-
cias ao uso dife r enciado de Serviços de Orientação e Ser -
viço s de Assistência a alunos . Adotaremos a terminologia 
Serviço de Orientação Educacional (SOE) abrange ndo todas 35 
atividades de assistência a alunos. Desta f or ma, fica ca -
racteri zado , para efeito de nossos estudos, o Serviço de 
Orientação Educaciona l como um conjunto de se r viços espe-
24 
ciali zados para atendimento de alunos. E em função deste 
ponto de vista que trataremos, a partir de agora sua orga-
nização e funcionamento no sistema educacional norte-ame-
ricano. Para tal, julgamos conveniente apresentar a opini -
ão do s autores nos quais vimos sustentando nossas interpre-
tações. 
Shertzer e Peters (1969). caracterizam a or-
ganização do Serviço de Or i entação dentro do programa es -
cola r , afirmando que: 
A 6 unção da. olL..Le. ,ntaçã.o I den.tlLO da e.6 cola , e.6-
.te.nde.-he. a .toda6 «6 6«6e.6 do plLog lLama e.6CO-
lalL, .i.nte.g1Lando () plano .tota.l da ueoia.. OILi..-
en.tação é um pAoce660 ca.lLacte.JLizado pOJL vâ-
Ili..Oh e di.6e.Ite.nte..& a6pec:t0.6. Veve. .6e../t pe..Il.ce.-
b.i..da c.omo um plLoglLama a .6Vi. de.6e.nvolv.ido , de. 
60ILma c.on.tZnua , dUltante. ;todo o ano e.6c.o.e.alt e. 
atltaVê6 de. toda6 a6 ":'Li.':"':' .óê.tie.6, de.6de. o J :z. ..... 
dim de. I n6ância até a Ul1ive.lt.l.I.i.dade. . (SheJttze!t. 
• P • .te,,~. 19 69. pág . 5). 
Refor ç ando este ponto de vista,' podemos ain-
da rel embrar Hil l (1973) , que. apesar de nos advertir tam-
bém sobre a utilização às vezes inadequada da terminologia 
6e.lt.u.i.Ç Ol.l de oltie.ntaçio , concorda em que,"a orientação edu -
cacional se desenvolve. atualmente, em termos de prestação 
de serviços aos alunos (para atendê - los em suas necessida-
des) , e através de uma cooperação ampla e efetiva a pro -
f essores e familiares, todos envolvidos com o interesse de 
que todo aluno se compreenda , se desenvolva e saiba viver 
bem entre as demandas da vida, da escola e da sua cultura . 
Resumindo as citações apresentadas até o mo -
mento , podemos concluir que algumas da s mudanças que se o-
riginaram da f unção da Orienta·ção desde seu início em 1908. 
mo stram que o conceito de OE tem se ampliado para além da 
sua aplicação inicial na or i entação profissional. Está de-
finida sua atuação. no momento. em todas as áreas refer en-
25 
tes ao desenvolvimento humano e, em especial, aos estudan-
tes. O papel da Orientação passou de atividade adicional pa-
ra parte integrante da escola, e, para realizar este papel 
tornou-se necessiria a integração de recursos: especialis-
tas, administradores escolares, professores . Para atender 
à complexidade dos propósitos que hoje engloba e ã demanda 
crescente de sua necessidade, t .orna-se necessária a progra-
mação de suas atividades. Nesta. programação é que nos tor-
na possrvel perceber a estruturação e funções de um servi-
ço de orientação educacional. 
1.3 . Organização dos Serviços de Orientação Educacional 
Shertzer e Peters (1969) apresent am -nos al-
gumas referências sobre uma estrutura administrativa do s 
Serviços de Orientação. Segundo os autores , a Orientação 
encontrou, nos princípio s da administração , recursos para 
alcançar uma eficiência de atuação no sistema escol a r. Pa -
ra t al , estruturou-se em forma de uma olLga.n..tz a.ção de. .6e.Jt.-
V..tÇ06 , a ní ve l institucional e a níve l de unidade escolar. 
a princ ípio básico desta forma de organização. seria o po s -
tulado de que o suces so de qualquer programa, sem l evar em 
conta o tamanho da escola ou do sistema, depende de uma con-
tínua e íntima cooperação entre os serviços oferecidos aos 
alunos, da mesma forma em que o êxito total do programa e-
duca ciona l de qualquer sistema escola r depende de uma con-
tínua e íntima cooperação entre seus responsiveis. 
Referindo- se diretamente ã orientaç ão educa-
cional, s ugerem que cada sistema escola r deveria manter um 
programa coordenado , abrangente e equilibrado de atendimen-
to a alunos, de acordo com a política educacional estadual 
e local . Operacionalmente, a existência deste programa es -
taria condicionada a: 
- a constituição e identificação de uma uni-
dade administrativa de orientação educaciona l, dentro da es-
26 
trutura geral da escola ou sistema escolar; 
- esta unidade administrativa deveria ser co-
ordenada por um elemento t écnico capaz e disponível. que se 
responsabi li zasse pelo planejamento, execução. administra -
ção e coordenação de um programa, seleção e treinamento de 
pessoal, controles orçamentirio e fiscal e relat6rio e a-
valiação do programa; 
- a manutenção de uma equipe de especialis-
tas para se realizar uma programação vasta e diversificada 
de atendimentos apropriados às necessidades dos estudmtes; 
- a existência de equipes de atendimento ao 
aluno em escolas ou em um departamento do sistema escolar 
da região, estaria condicionada às exigências locais (n9 de 
escolas, n 9 de alunos) e às condições da . comunidade (recur-
sos de mar.ut ~nção das escolas, ~j~popihilidade dp. e~~ecja ­
listas) ; 
- caso haja a exist~ncia de equipes de aten -
dimento em diversas escolas, cada unidade de ·assistência de-
veri a planejar e desenvolver suas atividades em cooperaçao 
e comum acordo com um departamento central. 
Sugerem-nos, ainda , uma estruturação de Ser-
V1ÇOS de Orientação abrangendo, no mínimo, o seguinte con-
junto de serviços: 
- Serviços de Ps i cologia - prestados por psi-
cólogos especializados na área educacional que teriam como 
função básica conduzir a avaliação psico - educacional dos a -
lunos para diagnosticar causas de problemas de aprendiza-
gem e comportamento . Esta atividade envo lveria consulta is 
crianças, pais, mestres , admin i stradores e outros profis-
sionais do sistema escolar e da comunidade, quando neces-
sirio, al~m do convencional programa de administração de 
27 
testes padronizados . 
- Serviços de Aconselhamento - prestados por 
~chool coun~elO~h J que teriam como fu nção básica o aconse -
lhamento aos a l unos em assuntos pertinentes às áreas edu-
cac ional , vocacional e pessoa l -soc i a l. 
Serviços Esco l ares de Saúde - teriam como 
fun ção básica a iden t i ficação e cadastramento de alunos com 
probl emas de saúde e deveriam se r executados por enfermei -
TOS especia l izados sob a supe r v i são de um medico clínico. 
- Ser viços de Profes so r Visitante - reali za -
do por professores com treinamento especializado em servi -
ço social , cuja tarefa seria fornecer informações e dados 
necessários a encaminhamento de alunos para atendimentos, 
e assi s tência espec ífica aos pr oblemas sociais e elOOcionais 
que interfiram no ajustamento e progresso escolar . 
- Serviço s de terapia da palavra e audição -
sob a responsabilidade de terapeutas especializados na área 
par a fazer o t ratamento adequado de cr i anças com difi cul -
dades de linguagem e audição . 
- Serviços de registro de dados - teriam co -
mo responsabi l idade coordenar o programa de registro de in -
fo rmações sobre os alunos , através de técnicas de proces -
samento de dados, para fornecer dados essenciais sobre to-
das as crianças em idade escolar , nas áreas distritais das 
esco l as . Para tal, deveria ser executado por pessoa l com 
expe r iência em educação e treiname nto em administração de 
pessoa l e ticnicas de processamento de dados e pesq uisa . 
- Serviços de aval l ação - ter i am como r espon-
sab i l i dade coordenar um grupo de avaliação e testes, e in-
terpretar os resul tados do programa de testes pa r a ser u-
t i li zado por professores e especialistas . Esta ati vidade de-
• 
28 
veria ser desempenhada por pessoal qu e tivesse treinamento 
apropriado em pesquisa educaciona l, gráficos. estatísticas 
e técnicas de mensuraçao. 
- Serviços de Educação Especial - destinados 
a atender as necessidades educacionais de crianç as excep -
cionai s que nã o teriam rendimen to sat i sfa tório em classes 
normais . Estes serviços deveri a m ser executados por profes-
sores qualificados para trabalhar com excepc i onais , abran-
gendo as seguintes áreas de excepc i ona lidade: 
deficiências visuais 
deficiências de audição 
deficiências ortopédicas 
deficiências neuro lógi cas 
deficiências de linguagem 
deficiência s mentais 
deficiências emocionais 
deficiências mú l tip l as 
super dotado s 
To dos estes serviços previstos para atendi-
mento aos alunos deveriam ter uma organização a nível de 
Departamento (6rgão central do distrito escolar ou sistema 
de ensino) nas unidades escolares de acordo com a demanda 
de necessidade e di sponibilidade de r ecursos l ocais. Esta 
organização de equipes de atendimento , deveria levar em con-
t a o número de alunos a serem atendidos , ambientes e re-
cursos materiai s nece ssários aos tipos especificas de aten-
dimento . Al~m das funções relacionadas diretamente ao aten -
dimento de alunos , são previstas para o pessoal técnico que 
traba lha com orientação de alunos , a l gumas funçõe s corre-
l atas, constituindo servi ços também especializados . Estes 
seriam : 
- Pesquisa - a eq uip e de Orientação deveria 
cOJlduzir estudos e pesquisas e execu t ar programas experi-
29 
menta is pa r a susten t ar e oferecer subsídios ao desempenho 
das a t ividades específicas de or i en t ação . Deveria oferecer 
ainda se rv iços cansul tivos ao sistema escolar. a fim de au-
xiliar projetos de pesquisa ed ucacional, bem como coorde-
nar todas as pesquisas r elativas aos programas de aconse -
lhamento promovidos pelas escolas isoladas. Es t a função de 
pesqui sa do pessoal de Orientação ê bem enfa tizada por Cra-
mer (19 70) que atribui a estes a r esponsabilidade de, atra-
vés de pesqui sas empíricas fazer a caracterização do meio 
escolar em função do meio ambiente em que está i nserida . Se-
gundo este autor, os orientadores devem fazer pesquisas ne -
cessárias para se proverem de informações básica s ao desen-
volvimento das a tividades de OE. De forma abrangente , e le 
quali fica de pesquisa todo trabalho de coleta, organização 
e in terpretação de dados para responder questões fundamen -
tai s ao programa de orientação e cita como necessárias as 
seguintes pesquisas: avaliação de programas, de atuação, 
es tudos de hollow-up , medidas de atitude e opinião (rela-
cion adas ao programa de OE). caracterl zaç ao do me lO amOl -
ente e estudo de evasão e repetência esco l ar. 
- Serviços Consul tivos - O pes sQal de Orien-
tação deveria estar di sponíve l para pres tar serv i ços con -
sultivos a outras áreas do s istema esco l ar, quando forem 
solicitados e. dentro do s limite s de s ua competência . Pre -
vê- se a assistência, neste caso , a professores de classe 
normal e aos especializados e demais técnicos que atuarem 
dentro do sistema . Incluem- se , ainda, o atendimento a pais 
e pessoas da comun i dade quando elas buscarem i nformações 
pertinentes ao serviço de assistência a alunos oferecido 
pel a escola ou pelo sistema. 
- Serviço s ã Comu nidade - A equipe de Orien -
tação deveria prestar serviços à comunidade que se rever-
te ssem em assistência dir e ta relacionada à integração da 
esco l a ã comunidade . Estes se r viços teriam como objetivo o 
de senvolvimento de uma melhor compreensão e ap li cação dos 
30 
princípios de desenvolvimento, aprendizagem e saúde mental 
do estudante. Deveriam proporcionar à comunidade os se~n­
t es atendimentos: planejamento comunitário para atendimen-
to às necessidades dos estudantes, encaminhamento , coloca-
ção. pesquisa e avaliação. 
Esta estrutura administra tiva colocada por 
Shertzer e Peters (1969) 6 a transposição do modelo ofici-
al do Estado de Ohio. Segundo os autores, há uma tendência 
naciona l (nos EEUU) de organizar os Serviços de Orientação 
Educacional sob controle dos Estados, apresen tando-se ape -
nas , ;na variação relativa às metas de atendimento e a es-
pecificidade para atendimento ~i política educacional l oca l. 
Isto no s foi confirmado quando utili zamos material do Es-
tado da Califórnia (Guidance Ca~ ebook , da Lo s Angel es Sta-
te College. e C oun~e.toJt. t ~ /1a.ndbook, da Sa n Diego City Scho-
ols)(*). evidenciando estrutura bastante .semelhante a do 
Estado de Ohio. 
1.4. Organização da Orientação Educacional por tipo de ser-
viços oferec idos aos alunos 
Independente de uma estrutura administrativa 
conforme a percepção de Schertzer e Pete rs (1969) . pode - se 
encontra r também a organização da OE em função dos tipos de 
~e~viço~ de atendimento proporcionados aos alunos . A iden-
tificação das diferentes formas de atendimento aos alunos , -estaria condicionada, neste caso, aos objetivos ou as me-
tas propostas para a ação da orientação educacional sobre 
o aluno. Sob esta percepção. poderíamos identificar basi-
camente os seguintes setores de atuação da OE: 
(*)Encontram-se na referência bibliográfica por autores. Respectiva-
mente, ~brtensen (1963) e Naibcrt (1971). 
31 
- Serviço de Aval iação - Esse serviço, as ve-
zes chamado de inventário do a luno é designado a co l e t ar, 
analisar e utilizar uma variedade de dados psicológicos e 
subjetivos sob r e cada aluno (obtidos através de técnicas 
especificas) . Essencialmente . seu propós ito é aj udar o in-
divíduo a compreender a si mesmo, uma vez que a interpre-
tação dos dados, r ealizada juntamente com o aluno, co nduz 
a auto-compreensão ã medida que ele di scute com o orienta-
dor seu desempe nho no programa de avaliação. Compreende to -
da s as atividades para se l evant ar info rmações sobre o es-
tudant e , pass í veis de med idas padronizadas tais, como suas 
potencialidades e capacidades , interesses pessoais e soci -
ais, dificuldades no desenvolvimento emocional, caracter í~ 
ticas do relacionamento social e desempenho escolar. Neste 
programa e s tão incluídas as aval i ações psicol6gicas e es-
colares. Segundo Kowit z e Kowitz (1971), esta ~ uma ativi-
dade universal da orientação . Primeiro , porque o uso das 
informações obtidas através 
díve ls no processo de ajuda 
deste processo são 
ao aluno 
programa geral de ava l iação ê a. mais 
escola. 
e, seg un do 
tradicional 
imprescin -
porque u 
herança da 
- Serviço de Informação - Esse servi ço é de-
signado a fo rnecer aos alunos o conhecimento e familiari-
dad e com suas oportunidades educacional, vocaciona l e pes-
soal-social. O objetivo ~ proporcionar aos alunos informa -
çoes básicas que lhes possibilitem realizar melhores esco-
lhas e a alcançarem um comportamento social maduro e pleno. 
Um dos aspectos mais considerados deste serviço ê o de que 
os alunos não devem, tão somente receber a informação, mas 
também a oportunidade de responder a ela com reaçoes pes-
soais adequadas e sensatas . 
- Serviço de Planejamento, co locação e aCOIU-
panhame nto - Este serviço tem como r esponsabi lidade assis -
tir o aluno na seleção e utilização das oportunidades es -
colares e do me rcado de trabalho. Pre s supõe qu e as infor-
32 
mações de empresas e esco l as já ex i s t em (publicações . de-
partamentos de informações), mas os estudantes não sabem u-
tilizá-las de fo r ma efetiva. Torna- se então, responsabili -
dad e dos se rviços de orientação o processo de aj uda aos es -
tudantes na busca adequada de informações, na interpreta-
ção do s dados encontrados em função de suas necessidades e 
condições pessoais e de como utilizá -los de forma que faça 
sentido pa"ra e l e na vida escolar e profissional. 
- Serv iços de Aconse lhamento - Es t a a tivida -
de se propoe a ajudar o individuo com prob l emas s ituacio -
nai s de forma que e l e possa mudar, vo lun tariamente e de 
for ma consciente, seu comportamento inadequado . Basicamen-
te, no processo de aconselhamento o estudante é auxiliado 
a esclarecer suas id éias. percepções, atitudes e objetivos. 
As atividades de aconselhamento tiro uma reputação hist6ri-
ca dentro dos programas de orientação . Esta, data dos pri -
mórd ios da orientação, iniciada oficia l ment e com os servi -
çus ô t: acoltse lhamento profissional. Ai..ug.;'n t~ntc . o trabü:: :. ,:, 
dos conselheiros é considerado o ponto centra l dos servi -
ços de orientação e t em se firmado como a tarefa mais im-
portante dentre as atividades de orientação. 
- Serviços de Contato com alunos - Englobam 
uma série de atividades consideradas ad i c ionais ao proces -
so de orientação e tem como objetivo oferecer condições pa-
ra se individuali zar a educação do estudante. atendendo às 
suas manifestações de talentos específicos . Incluem- se aqui 
as seguintes atividades: 
a) atendimento de crianças - muito comum 
em escolas primárias com a finalidade de 
atender aos al unos menores com dificul -
dades esco l ares (comportamento inadequa-
do e rendime nto insatisfatório) para i -
dentifi cação precoce das ca usas e enca -
minhamento para t r atamento específico . 
• 
33 
b) Planejamento escolar individualizado 
tem como objetivo oferecer aos alunos 
condições de traçar se u próprio plano e-
ducacional c.onsiderando seus interesses , 
condições e necessidades individuais . Com 
a ajuda de orientadores os alunos pode -
rao traçar planos individuais que aten-
dam a seu interesse educacional (tipo de 
curso, currículo , horirio, etc.). inte -
res se profi ssiona l (traba lho pretendido 
e carreira profissional a ser seguida) 
e a seu desenvolvimento pessoal (corro se 
sente com relação ao seu crescimento pes-
soal- socia l e o que fazer para a l cançar 
a ma turação) . 
c) Relacionamento coma dinâmica da in sti -
tuição escalE - <;p.nno objetivo da ori-
entação a ada ptação do aluno ao proces-
so educacional, torna -se necessária a 
manutenção de boas relações entre o a-
luno e a escola . Este grupo de serviços 
tem como obj etivo esc l arecer o altmo so-
bre o funcionamento administrativo da 
escola bem como favorecer -lhe uma inte-
gração geral com toda a dinâmica da ins-
tituição. A equipe r espo nsáve l por esta 
programaçao deve conhecer os interesses 
do estudante em relação ã programaçao es-
colar e proporcionar -lhe um entrosamen-
to com a organização da escola de modo 
a favorecer -'lhe uma adequada relação en -
tre es tudan tes e ins ti tuição. Cabe. ain-
da, a esta equipe o planejamento e exe-
cuçao de programas de pesquisa para s us-
tentar a constante e neces sária renova-
ção da escola. 
34 
Kowitz e Kowi t z (1971) reiteram essas conc1u-
soes, afirmando que a missão mais ampla da Orientação -e 
proporcionar condições para que cada estudante aproveite de 
forma significativa o programa escolar. Desprendendo -s e da 
neces sidade de caracterizar os serviços de orientação den -
tro de uma estrutur a administrativa , como O fizeram Shertzer 
e Peters (1969), eles nos falam diretamente da organização 
da orientação educacional como um grupo de serviços dentro 
da organização esco l ar , com os objetivos de: proporcionar 
I
condições de uma adequada educa.ção a cada estudante e ofe -
recer-lhe ajuda nos processos de escolha que se lhe apre -
sentarão no decurso da vida e scolar. 
Segundo os autores, estes objetivos estariam 
fundament ados em dois princípios pedagógicos básicos nao 
mais possíveis de desconhecimento da esco la : a importância 
do ~~pndimento as diferenças individuais em função do pro -
gresso contínuo e duradouro do aluno e o fato de que o a -
lu~o deve ser preparado na escola , para enf r entar e r esol -
ver satisfatoriamente os processos de escolha que sãocons -
tante s na vida . 
1.5. Dive rs ificação da Orientação Educacional por nivel de 
ensino 
Os autores aos quais nos referimos ate o mo -
mento chamam-nos , ainda, atenção para um aspecto importan-
te relativo a r ea lização das atividades previstas pelo ser-
viço de orientação educacional e enfatizam a necessidade 
dos orient adores conhece rem as caracteristicas do grupo de 
pes soas com as quais traba lham e da importância de terem 
passado por experiincia de trabalho com grupos semelhantes. 
Defendendo o ponto de vista de que não só os programas es -
colares são diferenciados para os difer entes graus de en-
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s i no, mas também as características da população escolar e 
conseqUentemente as necessidades dos estudantes , torna - se 
necessária também uma diferenc i ação dos programas de ori-
entação. Embora o obj e tivo da orientação possa ser un1ver-
sa l , ã medida que pretende auxiliar o estudante no seu pro-
cesso de crescimento e adaptação ã escola e à sociedade , o 
pon~o de crescimento do estudante estará sempre diferenci-
ando o processo de orientação a que cada um terá necessi-
dade. Desta forma. os serviços serão os mesmos e com os mes-
mos objetivos na escola primária e secundária, mas as for-
mas e as especialidades de atcJldime nto deverão se diversi -
ficar. Isto implica ainda numa estruturação específica pa-
r a os serviços de orientação dos diferentes níveis de en-
sino , além do implícito atendimento às diferenças de neces-
sidades r egiona i s e l oca i s . 
Shertzer e Peters (1969) apresentam uma ca -
r acterização das semel hanças e diferenciações do atendimen-
to e organização dos serv i ços ele cri=~t~çio em dois níveis 
bisicos do sistema de ensino : o prim5rio e o secundirio . 
AI,guns fa tores que determinam a diferenciação merecem ser 
c itados : 
- nas escolas secundirias ~ generali zado o 
uso de orientadores especializados, enqu anto na s escolas 
primirias é comum encontrar - se a orientação nas mias dos 
próprios professores; 
- na s escolas secundirias há uma ênfase na o-
rientação individual (aconselhamento) e em atividades de 
informação soc ial-pessoa l e profissional, culminando quase 
sempre com encaminhamento profissional. Nas escolas primá-
r ias a ênfase é dada ao invent~írio individual e .6eJtvi.ÇO.6 de. 
i.n6olLmação e culmina com encaminhamento de crianças para a-
tendimentos especializados na escola ou fora dela; 
- o contato dos orientadores nas escolas se -
cundirias e, na maioria das vezes , diretamente com o aluno 
36 
para as atividades de orientaç~io. Na escola primária os pais 
e professores são freqUentemente incluídos no processo; 
- os alunos de escolas secundirias apresen-
t am, na sua maioria, problemas relativos ao desenvolvimen-
to pessoal - social (hetero-scxuais, características pesso-
ais). orientação profissional e acad~mica (planejamento da 
vida escolar e problema s na irea de ensino). Nas escolas 
primárias, as crianças apresentam uma maior incid~ncia de 
problemas relativos i aprendizagem (prontidão e dificulda-
des específicas) e comportamento escolar e r e lacionamento 
familiar; 
- nas escolas secundárias a possibilidade de 
assumir seu próprio processo di:! orientação é mui to freqUen-
te entr e os estudantes. i llclusive no qu e se refere aos en-
caminhamen tos neces s ários (empTego. cursos. tratamento). Nas 
esrol~~ primirias todo o processo de orientação deve ser 
desenvolvido com a participação dos pais. principalmente no 
que se refere aos necessirios encaminhamentos. 
Os autores ainda chamam a atenção para a ne-
ces sidade de que aqueles que atuam em programas de orien-
tação em escolas primárias e secundirias saibam identifi-
car e compreender os fatores que diferenciam estes dois ní-
vei s de ensino , tais como : 
propó sitos da orientação 
características do desenvo l vimento psico-
lógico dos alunos 
organização escolar 
diferenças curriculares 
matérias e métodos de ensino 
responsabilidade pela orientação 
serviços necessários e enfatizados 
Moser e Moser (1961) e Hill (1973) ap r esen -
37 
• ainda, as mesmas considerações relativas ã atua-
orientação educacional em escolas de nível superi-
Aspectos peculiares da Orientação Educacional COIOO ser-
viço de assist~ncia a a lunos 
Tentaremos, agora , destacar a l guns aspectos 
l evantados pelos teóricos a qUI~ temos nos referido. que po-
dem ser traduzidos como principios qu e devem nortear a or-
ganização dos programas de orientação educacional 
Segundo Kowitz e Kowitz (1971) . o tr aba lho 
de orientação deve ser parte integrante da esco la, em ter-
mos administrativos e do processo educacional e, a equipe 
de orientação deve constituir- se de especialistas qualifi-
cados para as diversas áreas de atuação . Acrescentam ainda 
que , organizado a níve l de distrito, deve procurar atend~r 
à filo sofiu e aspectos ~dministrativos da s escolas a que 
ofereceri assist~ncia. Al~m do mais, considerando o cres-
cimento indiscutível da esco l a , os sC l'v iços de orien tação 
deverão equipar-se para crescerem tamb~m a fim de garanti -
rem a qualidade do se u níve l de atendimento às crescentes 
demandas escolare s . 
Schertzer e Pete:rs (1969) apresentam-nos três 
questões básicas , cujas discussões r eve lam princípio s da -orientação educacional . A primeira estaria relacionada a 
abrangência de responsabilidade da orientação. Es ta ques -
tão refe re- se especificamente a que tipo de população deve 
.. ser atendida pelos se rvi ços de orientação. isto é, se a 0-
rientação destina-se a todos os alunos da escola I: grupo especial da população escolar . Teóricos e 
geralmente concordam em que a orientação deveria 
a todos os alunos, porque em seu curso normal de 
ou a um 
práticos 
alcançar 
desenvol-
vimento, crianças e ado l escen t 1es necessitam de ajuda no pro-
cesso de aprendizagem e no processo de desenvolvimento das 
relações interpessoais e intrapessoais. Além do mais. se 
38 
destinada a um grupo especial de alunos presumivebrente se -
ria destinada

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