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1 Complementação Pedagógica Coordenação Pedagógica – IBRA 3 SUMÁRIO OBJETIVOS DO CURSO UNIDADE I Projeto Político-Pedagógico das Escolas: A Retomada da Prática do Planejar num Processo de Gestão Participativa. UNIDADE II Rompendo resistências: Toda a Escola como objeto de análise e de avaliação: - A avaliação das competências e das habilidades; Mudanças de rumo e de papéis do aluno e do professor; - A avaliação na LDB – Da avaliação tradicional a uma prática compartilhada, interna, do desempenho de cada um, da equipe, da escola e do projeto. - Ciclos de avaliação; uma temática a discutir: - No Ensino Médio – Mudanças de Concepção, de Estrutura e de Avaliação. - Avaliação participativa da escola, do projeto político e do desempenho da Equipe. - Novo modelo de avaliação - o Provão; - E a LDB, o que fixa sobre a avaliação do aluno? UNIDADE III Validando o Regimento da Escola: Das gavetas da secretaria escolar para a vida da escola. - Mudanças do cotidiano dos professores e da sala de aula; - Ensino Fundamental – Competências esperadas; - Ensino Médio – Competências esperadas. UNIDADE IV 4 Qualidade e produtividade no Sistema Educacional - Compreendendo o sistema educacional e a sua finalidade; - Educação: Sistema ou Processo? UNIDADE V Comunicação e Acompanhamento do Projeto - A comunicação dentro da Equipe; - Reuniões de acompanhamento do Projeto; - Cinco regras para reuniões efetivas; - Ação corretiva; - Como se organizar para a Gestão do projeto. UNIDADE VI Transformando diretores de escola em gerentes do sistema educacional Explicitando Missão e Visão Definindo indicadores de qualidade Referências Bibliográficas OBJETIVOS DO CURSO 5 Resgatar no educador a vontade e o compromisso de repensar e incluir em sua vida o ato de planejar, ao mesmo tempo discutir o papel da escola e a necessidade de mudanças. Proporcionar informações para que o Projeto Político- Pedagógico da escola seja visto como um processo coletivo, capaz de resgatar em cada um dos educadores-participantes, a capacidade de sonhar, de acreditar, de desejar, de ter esperanças e de fazer mudanças. Apresentar técnicas sobre gestão de projetos e métodos eficazes para planejar, acompanhar um projeto e para formar equipes sólidas capazes de garantir o sucesso de todo o empreendimento. UNIDADE I 6 O PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO DAS ESCOLAS: A RETOMADA DA PRÁTICA DO PLANEJAR NUM PROCESSO DE GESTÃO PARTICIPATIVA Em alguns Estados brasileiros, após a edição da LDB, um Projeto Pedagógico, que servia para todas as escolas, era vendido nas bancas de revistas por R$ 30,00. Os educadores participantes de eventos que visavam à sua elaboracão comentavam o fato, pensavam que talvez fosse mais fácil comprar um do que escrever o da escola. Diante de uma proposta de elaboração coletiva, envolvendo toda a equipe, como se fazia, a idéia de comprar não foi logo abandonada. Ela era reforçada pela tese de que o projeto era só para apresentar e cumprir a lei. Está claro na LDB, no art. 12, que a escola terá a incumbência de elaborar e executar a sua proposta pedagógica e de informar aos pais e responsáveis sobre a sua execução. Essa exigência trouxe de volta à escola a necessidade de planejar. Pela primeira vez, as escolas têm as suas obrigações previstas em texto de lei federal. Mais do que isso, é a maior tarefa ou responsabilidade delegada às instituições de ensino: planejar o seu projeto, o que não poderá mais ser um trabalho relegado e esquecido como há muito tempo tornou prática. O artigo seguinte, o 13, ainda na LDB, ao incluir os docentes, de modo amplo, sem delimitar o grau ou nível de atuação, ou tipo de escola, se pública ou privada, atribui-se-Ihes a tarefa de participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino e faz retomar a prática de planejar entre os professores. 7 Todos os educadores, professores e especialistas reconhecem e apontam a importância do ato de planejar e de pautar a sua prática dentro de um plano, em conformidade com o projeto da escola. O valor do projeto para a instituição escolar também é reconhecido e amplamente aceito. No entanto, o cotidiano da escola não inclui, nas suas atividades, o planejamento. Qual é a verdadeira situação da atividade de planejar, de decidir e de delimitar os rumos na escola? São muitas as posições de professores e equipe em relação ao planejamento: - Sigo o livro adotado ou a apostila, com eles dou conta do recado. - Faço o plano de curso, porque a supervisara exige, depois não o consulto. - Não dá para planejar só no nível de cada aula, face à dinamicidade da sala de aula... - A escola dá tudo pronto, não faz sentido planejar... Não há tempo, pois temos que dar 40 aulas, em várias escolas, durante a semana. - É complicado e o tempo é limitado. - A escola não precisa de planejamento, pois é tarefa do dono decidir o que vai ser feito. - O planejamento da escola é fora da realidade. - O planejamento da escola é centralizado, já está pronto. A história da educação brasileira explica bem essa descrença dos educadores e a desvalorização do planejamento expressa nas falas e na ambiguidade de posições. 8 Mas a questão permanece: a escola e a sua equipe devem retomar o planejamento porque a LDB estabeleceu essa exigência? Voltar a planejar para cumprir cobranças externas? Comprar ou copiar o projeto para entregar aos órgãos do sistema para cumprir a exigência? Ou implementar a prática do planejamento, da elaboração de projetos, porque são processos importantes e necessários, parte da caminhada no sentido de se resgatar a escola e o trabalho do professor? É um processo em que não cabem regras, nem receitas. A questão transcende o aspecto legal e o projeto em si para chegar ao processo de mudança da escola. São momentos distintos. Inicialmente, é necessário que professores e equipe percebam a importância de se ter uma escola capaz de intervir na realidade, e depois que o planejamento concebido e elaborado na forma correta represente uma mediação para essa mudança. O primeiro passo, sem dúvida, é a etapa pela qual, em decorrência de sensibilização, o educador conclui pela necessidade do planejamento e se inclui como parte dessa intervenção na atual estrutura. O Que se Entende como Sensibilização do Educador? A sensibilização é um conjunto de atividades cuja execução possibilita ao profissional rever e estudar os fundamentos teórico- metodológicos que dão sustentação à sua prática, reconfigurar o papel da escola, e nela, o do educador. Dessa forma, os profissionais se transformam, se percebem agentes da mudança, ao mesmo tempo em que se restaura o processo de planejar. 9 As discussões e as abordagens levam à delimitação do aluno que se quer formar cidadão autônomo, crítico, ativo, responsável, mobilizado e compromissado com as questões sociais e do ambiente. A reflexão sobre o que se quer e o que se faz, entre o pensar e o fazer, necessariamente conduz à constatação de que há uma grande distância entre o modelo de aluno versus cidadão e a prática de sala de aula, em que os alunos permanecem passivos, não-atuantes, desinteressados e mobilizados à ação para obtenção de notas. A busca dos fundamentos teóricos e científicos, que sustentam a prática, vai superando as explicações próprias do senso comum pedagógico, de cunho pseudo-sociológico, ou sociológico. Textos, filmes, outros intermediadores, palestras, grupos de estudo, tudo o que se faz na educação continuada visa a diminuir a defasagem entre o que se quer e o que se alcança na escola brasileira. Como pode ser visto nas exposições dos professores, para explicar o que nela acontece: - As famílias são problemáticase desestruturadas. - Os pais são separados. - Esses alunos não querem nada. - Esses alunos vêm defasados, não sabem nada. - É problema de carência. - É influência da televisão, etc. O trabalho inicial, portanto, deve mostrar ao educador que ele precisa ser ativo no processo de mudança e que a sua prática de sala de aula é um trabalho relevante e de natureza complexa, que precisa ser planejado, para: 10 Integrar ações individuais com as demais, com vistas à garantia da interdisciplinaridade, à execução de atividades mais interessantes e com dinâmica integrada ao trabalho dos outros professores. Estabelecer a ligação entre a prática do professor, o projeto de trabalho, o currículo da escola e, mais do que isso, o projeto da escola. Garantir a aproximação entre a teoria e a prática e, principalmente, entre as questões sociais e comunitárias tão focadas nas Diretrizes Curriculares. Devolver ao professor o domínio e o controle do seu fazer, do qual ele vem sendo expropriado ao longo das últimas décadas. Há necessidade de se realizar um trabalho voltado para resgatar no educador, a vontade e o compromisso de repensar e incluir em sua vida, o ato de planejar, ao mesmo tempo em que se discute o papel da escola e a necessidade de sua mudança. Essa mudança precisa ser objeto de um projeto, resultante de ação coletiva e participativa, configurada e formalizada em um plano que inclua o trabalho de cada professor, de cada membro da equipe e que represente a vontade e o querer de quem a mantém e de quem a quer: os seus dirigentes e a sua comunidade. Concebido e elaborado dessa forma, poderá ser chamado de Projeto Político Pedagógico, configurado como um processo nascido da gestão participativa e legimitado pela vontade e pelo compromisso de cada um. Tal processo é consagrado como a oportunidade de se repensar todo o fazer da escola e dos seus membros. 11 A proposta pedagógica, citada no art. 13 da LDB, é o plano global da instituição escolar. O projeto político-pedagógico não pode ser visto como a panacéia para todos os problemas institucionais, mas todo processo coletivo tem o poder de resgatar em cada um dos educadores- participantes a capacidade de sonhar, de acreditar, de desejar e de ter esperanças. As preocupações dos integrantes das escolas, presentes nos encontros e nos debates que têm como objeto o projeto político, ficam em torno de duas questões principais: como elaborar e que partes o integram. O projeto, como um plano, obedece a alguns princípios e deve conter itens, ordenados e interligados, seguindo um roteiro metodológico, constituído de cinco partes. (Vasconcellos, Celso; Planejamento, 1995). 1. Justificativa É a parte que abre o projeto. Contextualiza e descreve a instituição - a sua história, a sua trajetória, as questões problematizadoras e a sua realidade. É feita a leitura crítica do ambiente, do qual se retiram os indicadores significativos que nortearão o trabalho. Ao se redigir a justificativa, vão-se delineando os problemas diagnosticados que reforçam a execução do projeto, determinando a direção da mudança e das ações a serem implementadas. 2. Contexto Referencial 12 Significa a tomada de decisão da escola, que planeja em conformidade com a sua identidade e a sua visão de mundo, utopias, sonhos, valores, objetivos, expressando a filosofia e os fundamentos teóricos que darão sustentação à prática. No contexto referencial, damos a solução para o(s) problema(s) levantados. Nessa etapa do projeto, expressa-se o sentido do trabalho, a força que move a instituição nas suas buscas. São três os subtópicos dessa parte, explicitados a seguir: 2.1 Contexto Situacional Inclui o diagnóstico, como o momento em que a instituição e os seus agentes são determinados, a partir de dados sistemáticos, e retirados da realidade que lhes dá o pano de fundo. Fazer o diagnóstico significa realizar um levantamento corajoso e detalhado das forças, dos desafios, das possibilidades e da situação da escola. O cenário da instituição deve ser revelado por um diagnóstico que desvele as questões apuradas em amplas discussões, com levantamentos, com o uso de instrumentos pelos quais se promova a escuta corajosa de quem está ligado à instituição interna e externamente - pais, comunidade, professores, equipe técnico- administrativa e, principalmente, alunos. O diagnóstico cobrirá duas dimensões: a externa, que representa famílias e comunidade; e a interna, que se refere aos que integram a escola propriamente dita. O diagnóstico externo permite traçar o contexto situacional e responde a uma série de questões relativas à família e à comunidade. 13 O instrumento a ser utilizado pode ser um questionário constituído de questões ordenadas e fechadas, classificadas por área, ou perguntas diretas, como as sugeridas a seguir: - Como os pais percebem a escola? - Que deficiências percebem nela? - Que qualidades lhe atribuem? - Como percebem o trabalho dos professores? - Como veem a ação da direção e da secretaria? - Os objetivos e as ações têm sido coerentes? - Como a comunidade percebe a escola? - Os currículos escolares atendem às expectativas dos pais? - As atividades extracurriculares são adequadas? - Como a escola tem acompanhado as exigências do mercado de trabalho? - Que língua estrangeira gostariam que os filhos estudassem? - Quais matérias sugerem para o currículo? - Outras, de acordo com a realidade da escoa. No diagnóstico interno, busca-se avaliar e identificar forças, fraquezas, acertos e falhas da escola, situando-a. Por meio dele é possível conhecer a visão que o aluno tem de sua escola. Do aluno busca-se obter respostas a questões como: - Como vejo a minha escola? - Do que gosto nela? - Do que não gosto? - Que atividades devem continuar a ser executadas por ela? - O que gostaria de mudar na minha escola? - O que gostaria que não mudasse? 14 - De quais aulas mais gosto? - De que aulas não gosto? Por quê? Essa visão pode nascer de uma produção de texto solicitado ao aluno, ou de uma dinâmica ou mesmo em resposta a um questionário objetivo. Questões semelhantes, mais adequadas ao alvo, quando expostas aos professores, técnicos e funcionários, poderão fornecer dados para a análise de situações e desempenho nos seguintes enfoques: Áreas de conflito; Problemas de relações humanas; Progressões de alunos; Organização curricular em séries ou em ciclos; Aspectos da rotina e da disciplina da sala de aula; Dados da relação entre alunos e professores; Programa de treinamento; Atendimento aos talentos e às diferenças individuais; Funcionamento de serviços e de secretaria, etc. Outros dados poderão ser utilizados no diagnóstico da escola, como a análise de resultados bimestrais ou trimestrais e de projetos executados por área, de alunos aprovados em vestibulares e concursos, ou incorporados pelo mercado de trabalho, ou transferidos em curso, ou considerados indesejáveis e que foram afastados da escola, ou em recuperação por matéria, e muitas outras questões. Os aspectos físicos do prédio da escola também devem ser objeto do diagnóstico. O aspecto estético, a adequação, a organização - Que papel pretendemos que ela cumpra? 15 em salas-ambientes ou em outras modalidades, o conforto e a segurança do prédio devem ser analisados face às suas finalidades. Diagnosticar é um comportamento que exige coragem, pois é desvelar aspectos falhos e, como em todo processo avaliativo, aqui não se admitem atitudes de indiferença ou de neutralidade, bem como desculpas e justificativas. A única forma de se avançar no projeto será a partir do enfrentamento dos problemas, a partir dos parâmetros delineados como desejáveis, considerando prioritariamente as diretrizes oficiais e obrigatórias.O diagnóstico não é abandonado quando o projeto é entregue ao conhecimento dos órgãos responsáveis. Ele permanece sendo feito junto com todos os segmentos. A partir dos seus resultados, a escola vai mudando e reajustando o projeto. É atividade permanente que a equipe precisa entender. 2.2 Contexto Doutrinal Esta parte reveste-se de enorme importância, porque nela é expresso o ideal de homem, de cidadão, de educação e de sociedade que se busca. Definidas essas crenças, tem-se o perfil institucional, explicitam-se a visão e o seu compromisso, após obter-se a resposta às seguintes questões: - Que sociedade se pretende construir? - Que homens e que pessoas formaremos? - Que cara terá a escola? 16 Para se chegar a configurar a doutrina da escola, é preciso discutir, analisar, resolver e estudar casos, buscar fundamentação teórica, tendo em vista a contribuição de todos os integrantes. Todos esses aspectos são concretizados na proposta curricular na qual se define a ação da instituição. 2.3 Contexto Operacional É a parte que representa a tomada de posições, com o desencadear do processo de operacionalização sempre seguido de reflexão. Nela se programam as linhas de ação, que compreendem a definição da metodologia de trabalho, combinando-se as três dinâmicas: 1. Ação individual, de membros da equipe, com destaque na fase do diagnóstico e nas demais em que for convocado para opinar quanto aos projetos amplos. Compete aos professores elaborarem o seu plano pedagógico, dando destaque às competências e habilidades que buscarão construir com os seus alunos. 2. Grupo com cinco a sete elementos, indicados pelos pais e pela direção, que se tornarão o gestor do processo, responsabilizando-se pela formalização e pela execução do projeto. Ele deverá ter uma constituição bem eclética - constituída de professor, de representante de funcionários, de pais, de alunos e da direção. 17 Junto com o projeto, vai se ordenando o Regimento, incorporando-lhe as decisões decorrentes dos debates efetuados. 3. Plenário, reunião com todos os membros da escola, para ouvir, para opinar e para julgar as propostas feitas pelo grupo gestor, votando-se as metas, os objetivos e as ações relativas aos currículos e aos planos. 3. Programação É a etapa que encerra o conjunto de ações a serem executadas para diminuir a distância entre o que foi diagnosticado e a realidade pretendida. 3.1 Metas As metas são traçadas e constituem o resultado mais relevante que se espera alcançar. Quatro eixos devem ser sempre incluídos como prioritários na formulação, para garantir as linhas de ação. Os seguintes integrantes ou membros da instituição deverão ser objeto de forma efetiva nas atividades da escola: - Corpo Docente Incluído em metas permanentes que visem à melhoria da ação pedagógica pela execução de programas de educação continuada a serem efetuados ao longo do ano letivo, pela constituição de grupos de estudo, com temas definidos pela necessidade diagnosticada. Atividades voltadas para a abordagem da interdisciplinaridade, nas quais o grupo efetue discussões e defina propostas para delimitar 18 subprojetos que garantam a contextualização e a transposição didática, devem ser constantes. Oficinas a serem realizadas na parte diversificada do currículo, temas a abordar de forma transversal e outros projetos podem ser definidos pelos professores. - Corpo Discente Metas permanentes que permitam, ao longo do ano, a execução de atividades que tenham caráter pedagógico, de cunho artístico, esportivo cultural e assistencial com vistas a aproximar o aluno da realidade em que vive, de modo a formá-lo como cidadão e atendendo-o em suas diferenças e nos dons especiais que determinam os seus interesses. Oficinas de arte, de rádio, jornais, feiras e outras atividades de caráter assistencial e voluntário são excelentes para desenvolver habilidades e competências no processo de aprendizagem e construção da cidadania dos alunos. - Pais A execução de metas permanentes com vistas à promoção de maior participação dos pais no projeto, pela realização de reuniões, eventos culturais e esportivos, nos quais se inclua a discussão do projeto, da escola e seu papel, e ainda se decida como os temas transversais serão abordados. Os temas transversais abordam e tratam das questões ligadas à sexualidade, ao consumo, ao ambiente, à prevenção ao uso de drogas, à saúde, à ética e à pluralidade cultural que representam 19 necessidades contemporâneas e que constituem hoje a maior preocupação das famílias. Comunidade Metas permanentes que viabilizem a integração da escola em sua comunidade pela realização de projetos de caráter assistencialista, de proteção ao ambiente ou outras definidas pelo contexto sociocultural e de acordo com os temas transversais eleitos ou das áreas a atingir devem ser constantemente executadas. 3.2 Objetivos Da instituição, de cada nível e curso ministrado que expressam o que a escola fará para cumprir as metas pretendidas, definindo a estrutura curricular. 3.3 Ações É a etapa em que se programa a execução de tudo o que foi planejado, especificando-se as atribuições e os envolvidos conforme o esquema a seguir: Metas Ações/Atividades Responsável Cronograma de execução. A equipe gestora neste momento deve realizar um acompanhamento atento da implementação das atividades, intervindo, animando, revendo cursos e rumos, examinando resultados, pela comparação do planejado com o executado, interferindo para corrigir falhas e retomar finalidades. 20 4. Avaliação Ao interferir no sentido de corrigir falhas, o grupo gestor está exercendo a sua responsabilidade e avaliando, ao comparar, ao analisar o que se realizou, tomando como parâmetros o que se delineou como desejado, expresso nas metas e nos objetivos. Não se espera a conclusão do projeto para avaliar os seus resultados, pois a avaliação se faz presente e necessária ao longo do processo, para se retomar a caminhada. Será uma avaliação permanente que combina dois momentos indissociáveis: produtos e processos. 4.1 Metodologia de Avaliação do Projeto A avaliação de alcance de resultados do projeto poderá ser feita pela realização de atividades dinâmicas, como: Reuniões para a análise de resultados. Supervisão direta do grupo gestor quanto a resultados e a atividades. Entrevistas, utilização de questionários para manter o diagnóstico vivo e em processo permanente. Avaliação do resultado de cada atividade, como os cursos de educação continuada, momentos com alunos, programação com pais e comunidade. Análise de resultados escolares de alunos e de suas turmas. Análise e acompanhamento de situações ligadas ao desempenho de alunos, aos resultados de avaliações, à 21 melhoria de relações interpessoais de alunos com professores, alunos com alunos. Enfim deverão ser avaliados a escola, o desempenho individual e coletivo de seus integrantes, pelas mudanças constatadas na estrutura, na tecnologia e na cultura da instituição. 5. Conclusão É importante ressaltar que o fato de se ter um projeto na escola por si só não garante a caminhada rumo às mudanças. É preciso que o grupo assuma o projeto como seu. Algumas considerações deverão ser feitas, tendo em vista o aprimoramento do projeto: É preciso tomar o projeto como um planejamento revestido de flexibilidade e de dinamicidade. A escola é uma instituição viva. Rumos diferentes, às vezes, deverão ser seguidos, ainda que não constem do programa e que, a cada ano, as metas deverão ter o seu alcance analisado. Esses novos rumos são decididos a partir do diagnóstico permanente. Ainda que a LDB, lei maior, determine a existência do projeto, a obediência à lei e à sua exigência legal nãosão suficientes para dar-lhe consistência e importância. O seu significado decorre do processo de gestão democrática em que for efetivado e executado. A coerência entre dois planos - o global, da instituição escolar, e o de cada professor - são fundamentais para a validade de ambos. "[...] Todas as criações da natureza são iguais. 22 No contexto doutrinal, uma das definições mais significativas é a que se refere à teoria pedagógica, que dará suporte ao processo ensino-aprendizagem. A falta do consenso geral deve ser vista pelo grupo-gestor e equipe como prova de competência e amadurecimento e que as diferenças de opiniões e de posições enriquecem o trabalho. O Projeto Político-Pedagógico e o Regimento Escolar, cuja elaboração deverá ter sido simultânea, deverão ser objeto de reflexão concomitante, de reformulação e de implementação, pois dependem sempre de processos legitimadores, além, de representarem juntos, a instituição. Exercício sobre a Unidade 1. O Projeto Pedagógico obedece a alguns princípios para ordenar e interligar as suas etapas de trabalho. Quais são esses princípios? 2. Faça uma releitura nas etapas que compõem o Projeto Político pedagógico de uma escola. UNIDADE II ROMPENDO RESISTÊNCIAS: TODA A ESCOLA COMO OBJETO DE ANÁLISE E DE AVALIAÇÃO 23 Todas as ações, cruéis, piedosas ou indiferentes, são iguais. Contudo, o homem não é igual a nenhum outro homem, [...] Ninguém é igual a ninguém. Todo ser humano é um estranho-ímpar." (IGUAL-DESIGUAL - Carlos Drummond de Andrade) Por que a escola e os seus integrantes não efetivam em suas práticas avaliativas um processo realmente individualizado e diferenciado, em que as diferenças sejam realmente atendidas? Quando os educadores se darão conta da gravidade de suas atitudes, ao afirmarem: que essa turma não tem jeito, que esses alunos são fracos e não aprendem? A avaliação é o tema mais abordado pelos educadores nas últimas décadas. Muito questionada por pais, professores, alunos e educadores, ela permanece reforçada pelos próprios envolvidos. A avaliação classificatória é tida como a forma de se obter e de garantir um ensino de "qualidade". Nenhum tema educacional, entre outros polêmicos, continua tão fora das questões de mudança e de inovação. Apesar de se reconhecerem os aspectos criticados, a escola mantém o processo classificatório, por temer que as famílias retirem os seus filhos, levando-os para instituições conservadoras e que "apertam", vistas como as que são competentes e que educam, que promovem no vestibular. Crianças pequenas, ainda na Educação Infantil, ao brincar de escolinha, reproduzem ludicamente a escola tradicional. Colocam todas as cadeiras em fila, assumem voz e gestos de professor bravo e 24 severo que briga com elas e as ameaça com notas baixas, ou seja, praticam uma avaliação classificatória. Desde pequenos, os alunos já sabem quantos pontos vale o trabalho, ou a prova e já buscam se garantir como aprovados em outubro. Bem antes do final do ano letivo, portanto, transformam reforçados pela equipe escolar e pelos pais, o processo pedagógico num grande balcão de negócios. Só se estuda, ou só se investe, na medida dos pontos atribuídos. Quanto vale, professor? É a pontuação que motiva o aluno a realizar a tarefa, e não o valor social ou cognitivo do tema abordado. Para os educadores, avalia-se para reprovar ou aprovar, para garantir a sua autoridade e a disciplina dos alunos. Pais, Famílias, Escola... e o Processo de Avaliação... Conteúdos novos, programas e métodos de ensinar, de alfabetização, ou teorias diferenciadas ligadas ao construtivismo, confundem e assustam os pais. Contudo, o processo de avaliar é familiar, é conhecido e os deixa tranquilos, pois a sua dinâmica ainda é a mesma dos últimos 20 anos, em que na sua época era assim, quando eles ainda eram alunos. Nas reuniões e nas circulares das escolas, a avaliação é o tema mais presente, não como abordagem do ponto de vista teórico, mas com os pontos, os resultados quantitativos, com o cronograma de trabalhos e provas. A classificação de bons e maus alunos é o tema central de reuniões, com a exposição dos resultados de cada turma e observações dos professores e do Conselho de Classe. 25 Esses encontros representam para os pais um momento de ansiedade, em que ouvem calados a exposição, tirando dela informações para regular, premiar e punir seus filhos, controlando até mesmo os horários livres. O resultado de todo esse processo é a criação de enormes áreas de atrito entre pais, filhos e escola. Aos pais parece justo e válido o processo de seleção e de classificação que a avaliação traz embutido, uma vez que a vida, no século XXI, é cada vez mais competitiva e o mercado de trabalho mais e mais seletivo, reservando espaço apenas para os bons. Mudanças na sistemática de avaliar e no ritual da avaliação significam, certamente, retirar dos pais esse esquema de referências que os deixa tranquilos e os aproxima da escola que vivenciaram como alunos. É intranquila, também para eles, a inovação pedagógica com mudanças nos processos cotidianos da escola, da sala de aula e no ritual da avaliação, pois: - Trabalhos em grupo podem ser vistos como perda de tempo e impossibilidade de se verificar, como vem ocorrendo, a aprendizagem de cada um, dificultando a análise dos méritos e o crescimento individual. A prova não. Para os pais, ela continua sendo o instrumento confiável. - Atividades ligadas à arte, a exposições, a excursões, ao teatro, aos esportes são destituídas, para a maioria das famílias, de importância pedagógica, já que representam mais perda de tempo, diversão, sem validade como forma de aprendizagem e de avaliação. Assim, ao afastar-se do processo clássico e aceito - dia de prova, um aluno atrás do outro, turmas separadas, aulas suspensas, 26 semana de prova, época de estudar para a prova, notas e médias, provas de múltipla escolha, avaliação individual - as famílias se assustam. A descrição severa do quadro pode conduzir à conclusão de que há um fosso intransponível em que os pais e os próprios alunos não aceitariam nenhuma alteração no processo descrito. Não é assim. Os pais procuram escolas nas quais possam confiar e com as quais possam manter um diálogo e trocar informações. Quando as mudanças são propostas, vindo juntamente com medidas de reconstrução e de revisão de todo o processo pedagógico, e não apenas da avaliação, são mais facilmente compreendidas e aceitas. O mais importante é que o processo avaliativo seja contextualizado no projeto pedagógico da instituição, tema já objeto de questionamento no diagnóstico efetuado pela escola. Junto com os demais temas, a avaliação será objeto de discussões temáticas, como parte das metas a serem implementadas durante todo o tempo, nos trabalhos, com os eixos básicos do projeto: pais, comunidade, equipe e alunos. O que certamente bloquearia o canal de diálogo e de confiança, seria a atitude autoritária de se alterar qualquer parte do contrato, sem respeito e de cima para baixo. Isto ocorre muitas vezes na avaliação, nas salas de aula, em que ela é usada como mecanismo de controle e de punição, de prova de autoridade e de poder, por parte de professores que não se incluem no processo. 27 Esse procedimento resulta em indisciplina e desinteresse, decorrentes da falta de respeito entre as pessoas envolvidas, ou seja, alunos e educadores. A Sala de Aula, a Avaliação Individualizada e Formativa, as Notas É importante fazer uma reflexão sobre como a LDB e as suas normas estão chegando à sala de aula. A avaliação, as mudanças nas abordagens, as diretrizes curriculares e os objetivos da educação, da transposição dos conhecimentos às competências e habilidades.Nesse contexto, a avaliação deverá ser formativa. A avaliação é considerada formativa quando há uma visão individualizada, quando ajuda o aluno a aprender e a se desenvolver, quando há regulação e controle das aprendizagens e seus processos. Ela só funciona se promover a regulação individualizada das aprendizagens. Então, cabe perguntar: A escola e os seus professores conhecem os alunos? Sabem quem são? Vão além da designação de alunos, escondendo as questões da sexualidade, das histórias pessoais e familiares, percebem os dons e os talentos de cada um? Conhecem os seus interesses? Que conhecimentos já detêm? Sua etnia? Sabem que eles são únicos? As respostas a essas questões só começam a ser dadas quando não se nega as diferenças, ao se registrar as coisas comuns, como meio social, comunidade, idade, sexo. A avaliação formativa e individualizada acontece se for acompanhada pela transformação do ensino, da gestão da sala de 28 aula, da metodologia adotada e da teoria pedagógica que dá suporte ao trabalho desenvolvido. Sabendo que os alunos, mesmo com desempenho mais ou menos homogêneo, são heterogêneos, completamente diferentes entre si, percebe-se que a avaliação só terá sentido, também, se funcionar como regulação individualizada de seu avanço escolar. Para se entender melhor, é significativo lançar mão dos processos próprios da medicina - os médicos, usando diversos meios de apoio (radiografias, exames de sangue, de urina, de verificação de sinais vitais), determinam o diagnóstico, definem a doença da qual o paciente é portador e, posteriormente, fazem o prognóstico e decidem o tratamento. Eles utilizam os meios disponíveis, sempre de forma individualizada, paciente a paciente, e sempre acreditando no sucesso e na possibilidade de cura. Na avaliação também deveria ser assim: um diagnóstico seguido de um prognóstico. A avaliação, como a aprendizagem, deve ser vista como um processo totalmente individualizado, no qual cada um aprende conforme as suas características, definidas, principalmente, por suas experiências, seus conhecimentos e, mais ainda, pelo estágio de desenvolvimento intelectual em que cada um se encontra. Fazendo-se o diagnóstico, seguido do prognóstico, o professor pode compreender a questão: "Se dei, e bem, a mesma aula para todos, por que uns entenderam tudo e outros não?". O entendimento do aluno decorre do seu desenvolvimento diante de cada área do saber, e sabe-se que este não é construído de modo linear, pois ocorrem retrocessos, avanços, reconstruções e fases de latência. 29 Ao se retomar o objetivo da avaliação, lembrando-se de que ela não representa um objetivo em si mesma, mas um meio de se verificar se cada aluno adquiriu os conhecimentos e as competências pretendidas, ajuda-se a configurar o individualismo buscado também na avaliação: ela só se justifica se tiver seus resultados usados pela escola para promover a aprendizagem, respeitadas as diferenças individuais. Portanto, a avaliação formativa, que busca a promoção da aprendizagem, deverá ser também diagnóstica e prognóstica. Caso a caso, uma medida diferenciada para sanar e corrigir as dificuldades percebidas deverá ser desencadeada pelo professor, como a de realizar outras atividades, mudar o seu planejamento. A escola precisará romper com encaminhamentos formalizados que fazem parte da rotina assumida: a cada trimestre e/ou bimestre, qualquer que seja o resultado da turma e de cada aluno, o professor continua avançando no processo de abordagem dos conteúdos novos, preso ao império do programa de esgotar os conteúdos, sem levar em conta os resultados da avaliação. Não adianta chegar-se ao diagnóstico de que os alunos são fracos, atrasados, desinteressados e sem base. Todas as vezes que a escola formular um diagnóstico a respeito de turma(s), ou de aluno(s), afirmando que eles não têm jeito, as discussões sobre o papel da escola e as suas finalidades precisam ser retomadas. Essas posições se encontram enraizadas no dia-a-dia das escolas, sendo bem comuns, e configuram o que deve ser mudado. implementado numa pedagogia de projetos, o papel esperado não é 30 A Avaliação das Competências e das Habilidades: Mudanças de Rumo e de Papéis do Aluno e do Professor A busca por uma avaliação formativa e mediadora é desenvolvida no corpo de uma pedagogia em que se delimitam, de antemão, as competências que serão alcançadas a partir dos conteúdos abordados no contexto de projetos. Nelas, os alunos são permanentemente ativos, atuam sobre o objeto do conhecimento, buscam a solução de problemas e o professor é o intermediador, aquele que intervém, quando necessário, fazendo a retomada de temas ou a adoção de outras atividades para se obter a aprendizagem, que surge na forma de competências constituídas. A prática da avaliação formativa não é um processo individual- iniciativa de apenas um professor -, ela só terá êxito se for parte, objetivo a se alcançar, previsto no projeto político da instituição e desejo da escola. Por isso, a prática de uma pedagogia de projetos, instituída pela busca do rompimento da abordagem estanque, fragmentada, isolada de cada conteúdo, é indispensável para vencer um obstáculo sério: o individualismo de cada professor, que atua como dono de um conteúdo importante por si mesmo e que se isola, como ao fechar a porta de sua sala de aula. A avaliação formativa das competências fornece à escola dados mais precisos sobre o que os alunos realmente sabem fazer, o que leva também a identificar os professores mais e menos eficientes. Para o aluno, a avaliação formativa, dentro de um processo 31 mais o de escutar, anotar passivamente as aulas, quase sempre com exposições do professor. Dentro dessa nova proposta, o aluno vivencia uma nova forma de aprender e de trabalhar. A resistência à mudança não é postura comum só de pais, de professores e de educadores. Alunos, crianças ou adolescentes também se opõem à nova proposta. A sua adesão será gradativa e deverá acontecer em decorrência de atividades a serem desenvolvidas como forma de se atingir as metas de médio e longo prazo, nas quais os alunos vão discutindo e incorporando as mudanças. Essas discussões, assumidas e desenvolvidas pela escola, vão ressaltando para os alunos, que antes buscavam esconder dos professores o que não sabiam, negando as dificuldades, o que no sistema anterior seria válido, que agora podem dizer o que não sabem ou não entenderam. O aluno sabia que, qualquer que fosse o resultado, as coisas continuariam normalmente, conteúdo após conteúdo. Na avaliação formativa, o aluno vai percebendo que o objetivo da análise efetuada é promover a sua aprendizagem, inclusive mudando as estratégias e os meios. Daí ele poderá dizer que não sabe, pois os professores irão buscar corrigir as deficiências. Outra mudança necessária refere-se às provas individuais realizadas ao final do bimestre/trimestre. Os trabalhos, desde que sejam discutidos e analisados em conjunto por alunos e professores, são os melhores instrumentos para avaliar o desenvolvimento e a aprendizagem. Nacional de Avaliação. 32 É impossível avaliar competências de forma padronizada e conjunta, mas é absolutamente viável a avaliação, já que o aluno está agindo, verbalizando, atuando, tomando iniciativas, resolvendo situações e interagindo com seus pares. O registro das observações, o ato de ir avaliando, o estabelecimento de balanços individualizados das competências são importantes nesse momento, para o professor e para a escola. Não se avalia fazendo comparações entre os alunos, mas comparando na tarefa a ser feita o que o aluno fez e o que faria se fosse mais competente. Essas atividades devolvem ao professor a tarefa de planejar, de fazer prospecções, de definir aonde quer chegar, de estabeleceruma prática de ensinar e de avaliar, levando em conta as diferenças, respeitando-as e tratando-as como um estágio de desenvolvimento. A Avaliação na LDB - da Avaliação Tradicional a uma Prática de Avaliação Compartilhada, Interna, do desempenho de cada um, da Equipe, da Escola e do Projeto A introdução da avaliação externa Um dos temas mais significativos da LDB é, sem dúvida, o que se refere à avaliação. A própria presença quantitativa em que a avaliação é citada e prevista já cria, assistematicamente, um Sistema 33 Os termos avaliar e avaliação estão citados em nove artigos dos 92 contidos na lei e repetidos 23 vezes, assumindo funções diferentes, o que configura o eixo referente a eles, como afirma o professor conselheiro Jamil Cury. A avaliação está prevista como encargo da União, art. 9º da LDB, nos incisos VI, VIII e IX, em que é determinado: à União compete assegurar processo nacional de avaliação do rendimento escolar, nos Ensinos Fundamental, Médio e Superior; assegurar o processo nacional de avaliação das instituições de educação superior, com a cooperação dos sistemas com responsabilidade sobre este nível de ensino. ... autorizar, credenciar, supervisionar e avaliar os cursos das instituições de educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de ensino. É inquestionável que a União, pelo Ministério da Educação, se investiu de poderes sobre a educação básica fundamental e média - e a superior, controlando e executando o processo avaliativo do rendimento escolar em todos os níveis. Está controlando o rendimento escolar dos alunos, dos cursos e das escolas, como agente externo por meio do monitoramento de indicadores de desempenho. A avaliação externa surge como um instrumento de política pública, mas pode ser compartilhada por todos e ainda se tornar cooperativa. As autoridades, as escolas e os educadores devem se unir na busca de uma cidadania plena, visando a uma educação inclusiva, direito de todos, que forme o cidadão ético e compromissado do qual a nação tanto precisa. base o que se espera do aluno, o Sistema Nacional de Avaliação da 34 A avaliação externa vem otimizar os diversos processos com os quais o aluno esteve envolvido: escola, professores, comunidade e projeto político-pedagógico. Avaliar significa medir a grandeza de algo por meio de um critério previamente estabelecido e implica, por sua vez, atitudes de não-indiferença diante dos fatos e resultados apurados. Dessa afirmativa, vai-se, de volta à LDB, configurar, rapidamente, pelos critérios e parâmetros nela fixados, a avaliação externa processada pela União. Nesses anos de vigência da lei, de 1996 até a presente data, vêm mudando, lentamente, algumas posturas sacralizadas pela escola. Os parâmetros para a avaliação no Ensino Fundamental estão expressos no art. 32, que define a formação básica do cidadão a ser constituída mediante: O desenvolvimento da capacidade de aprender pelo pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo. A compreensão do ambiente natural e social do sistema político da tecnologia, das artes, dos valores que fundamentam a sociedade. O desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo em vista a aquisição de conhecimentos, de habilidades e a formação de atitudes e valores. O fortalecimento dos vínculos da família, dos laços de solidariedade humana e da tolerância recíproca em que se assenta a vida social. Para avaliar o rendimento dos sistemas e das escolas, tendo por 35 Educação Básica (SAEB) tem analisado os resultados obtidos por alunos da 4ª e da 8ª séries, nos últimos cinco anos, em português e em matemática. Os resultados obtidos pelos alunos são ainda preocupantes. Sem se julgar a eficácia do modelo de avaliação adotado, o que se tem verificado é que o Ensino Fundamental no Brasil vai mal. É o que se vê nos meios de comunicação de massa. Constata-se que houve um grande avanço no aspecto quantitativo, mas que o qualitativo só chegará a níveis satisfatórios quando acompanhado do cumprimento das diretrizes, do investimento em profissionais pelos programas de educação continuada, na melhoria dos salários, dos espaços físicos e dos recursos tecnológicos. As mudanças que precisam ser efetuadas passam, efetivamente, por revisões de posturas que, se implantadas, se refletirão nesses resultados. Os resultados do Saeb têm indicado fatos significativos, ressaltados pelos meios de comunicação, nos quais se constata que muitas escolas dão resultados positivos, mesmo em regiões pobres dos grandes centros. São escolas públicas nas quais ocorreram mudanças significativas tais como: Houve mudanças nos processos pedagógicos e na proposta curricular, na qual ganham destaques os projetos interdisciplinares, com muitas atividades de enriquecimento, próprias da parte diversificada do currículo. 36 A comunidade, os pais e as famílias participam do projeto, assumindo e atuando junto à direção, que implementa um processo de gestão participativa. Com poucos recursos físicos e equipamentos, elas romperam com a pobreza e buscaram alternativas sem abrir mão de acreditar nas soluções. O corpo docente é compromissado e vê-se como capaz de ensinar, e os alunos, como capazes de aprender. Ciclos de Avaliação: Uma Temática a Discutir As escolas, no exercício de sua autonomia pedagógica, podem organizar-se em ciclos ou em séries. Essa nova modalidade de organização gerou conflitos nas questões referentes à avaliação. Os ciclos são blocos em que os alunos se agrupam por faixas etárias, nas quais o estágio de desenvolvimento intelectual e a forma de aprender têm semelhanças. Atualmente, são propostas rejeitadas por um número significativo de educadores e de pais que veem no processo um abandono total pelos professores. O entendimento comum é de que não-reprovar o aluno significa não-avaliar e por decorrência não- ensinar. As propostas dos professores/educadores, ao defenderem o regime seriado e se oporem aos ciclos, conduzem à conclusão de que para eles se avalia para reprovar/aprovar o aluno e não para se identificar o que ele sabe, como sabe e para se tomarem as medidas para se conduzir à aprendizagem desejada. 37 Ao lado disso, vale acentuar que a organização da escola em ciclos, por si só, não garante nenhuma mudança. O que realmente conta é a revisão de postura do educador diante do processo - é possível optar por se manter as séries, sem se romper com a sequência do ensino, sem se fragmentar a abordagem. Tudo vai depender de como se planeja as séries de cada bloco, como se planeja o que se espera, como se corrigem os desvios, tudo bem distante do aprovar/reprovar o aluno como centro do processo. É um processo que se configura no esquema: REFLEXÃOAÇÃO REFLEXÃO Na organização em ciclos, não se abre mão do ensinar e do avaliar, assim como se tem em vista que se avalia, na avaliação formativa, para se promover a correção de possíveis falhas. Ao se verificar que um ou alguns alunos não desenvolveram as competências desejadas, desencadeia-se o processo de recuperação e de retomada dos objetivos. Ensino Médio - Mudanças de Concepção, de Estrutura e de Avaliação No contexto da LDB, na busca de se oferecer aos jovens um ensino mais adequado ao mundo do trabalho, é no Ensino Médio, última etapa da educação básica, que são registradas as mais significativas mudanças de concepção. Também no Ensino Médio, as reformas eram e são mais urgentes - ele não pode mais fazer o papel de dobradiça entre o Ensino Fundamental e o Ensino Superior. 38 O que se busca é um Ensino Médio bem diferente do que se tem visto ao longo das últimas décadas, definido pela força massacrante do vestibular, forma de ingresso no nível superior. Tornou-se palavra de ordem, ainda não-implementadana força e na forma concebidas, que esse nível de ensino seja marcadamente diferente do curso propedêutico, com mudanças na concepção, nos valores e nas práticas. A base dessa nova concepção é ter uma diversificação no processo, para chegar a resultados comuns, constituídos por um conjunto de conhecimentos, manifestos sob a forma de competências e habilidades, indispensáveis, necessárias e mínimas para todos os jovens que terminam a Educação Básica. São competências e habilidades que significam a garantia de uma melhor inserção no mundo do trabalho, no exercício da cidadania mais ampla e na realização de cada um como pessoa. Enfim, seria o cumprimento do papel de um Estado que daria aos seus educandos a formação indispensável e básica, exigida no terceiro milênio. Em termos bem amplos, no art. 36 da LDB, em seu primeiro parágrafo, estão expressas essas competências, determinando-se que os conteúdos, as metodologias e as formas de avaliação serão organizados de tal forma que ao final do ensino o aluno demonstre: 1. Domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a produção moderna. 2. Conhecimento das formas contemporâneas de linguagem. 3. Domínio dos conhecimentos de filosofia e de sociologia necessários ao exercício da cidadania. 39 As escolas, não por força da lei, mas por exigência da sociedade, do mundo do trabalho e da economia globalizada, se viram diante da necessidade de ter um Ensino Médio capaz de constituir competências, habilidades e disposições de conduta. Essas necessidades passaram a ser concretizadas no texto da LDB, em que se definiu como deve ser o concluinte da educação básica. A delimitação das DCN (Diretrizes Curriculares Nacionais) para o Ensino Médio ocorreu no Parecer CNE nº 15/98, com a fixação das áreas do conhecimento: Códigos e linguagem e suas tecnologias. Ciências, matemática e suas tecnologias. Ciências sociais e suas tecnologias, fazendo parte do processo de transformação de toda a etapa de terminalidade da educação básica. A constituição das competências e das habilidades está ligada à abordagem em áreas do conhecimento, assim como a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade. Seria a forma de se superar a organização linear dos estudos por disciplinas e do conhecimento enciclopédico, vazio de sentido. Nessa concepção curricular, se percebe que os objetivos propostos só serão alcançados com a mudança da prática e da avaliação. Os conteúdos específicos são configurados como parte de um processo global, em que serão tratados como meios para consolidar a formação dos jovens, e não como fins em si mesmos. A abordagem que visa à constituição de competências e à sua avaliação por área, conduz o julgamento do professor para um 40 espectro mais amplo do que aquele ligado às disciplinas e seus conteúdos. Tomando como referência o previsto no art. 36 da LDB e nas DCN, o Ministério da Educação vem praticando um novo modelo de avaliação externa. Nele se analisa o papel das escolas diante dos resultados obtidos pelos alunos concluintes do Ensino Médio. Esse modelo é o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), que, a cada ano, recebe mais adesão de jovens, além de universidades, centros universitários e escolas de educação superior que passaram a adotá- Io, parcial ou totalmente, no seu processo seletivo. O ENEM é um exame em que se avalia as competências, previamente definidas em matriz, dando ao aluno informações a respeito de como ele usa e aplica os conhecimentos adquiridos ao longo de toda a educação básica, para a solução de problemas, como associa os conteúdos ao seu cotidiano, como usa e emprega a sua capacidade de ler, de interpretar, de raciocinar e de produzir textos. O resultado é enviado a todos os participantes e às suas escolas, possibilitando duas análises distintas. A nota dos alunos indica às escolas como cada uma está se saindo por área do conhecimento, fornecendo-Ihes, ainda, elementos para mudar nos aspectos em que não estiver bem. O aluno, egresso do Ensino Médio, tem a oportunidade de verificar as competências e as habilidades constituídas ao longo de sua escolaridade básica. Este é, sem dúvida, um modelo de avaliação, organizado a partir do produto previsto para o final do curso, tendo como pressuposto a capacidade dos alunos. A prática de se verificar o desenvolvimento do 41 aluno nessa perspectiva permite a realização imediata de intervenções mais significativas em processos de recuperação, com atividades interdisciplinares, propiciando, assim, melhorias nas escolas. Em algumas instituições escolares, há movimentos e iniciativas, como aulas de reforço, cursinhos extra-classe para preparar o aluno para o ENEM, o que indica que as bases das propostas e das diretrizes para o Ensino Médio ainda não foram compreendidas por diversos educadores, escolas e famílias. A realização de atividades nas quais a escola discute e estuda as diretrizes, os eixos norteadores da proposta de educação nacional em que se busca romper com o estudar para passar no vestibular, para fazer prova, para obter pontos para fazer o ENEM, é muito útil. Leituras, debates e discussões são necessários para o rompimento com as práticas consagradas no cotidiano escolar. Avaliação Participativa da Escola, do Projeto Político e do Desempenho da Equipe. A unilateralidade da avaliação praticada pela escola vem definida pelo uso de expressões frequentemente usadas por educadores. É usual ouvir-se dei nota, tal aluno merece ou não passar, fulano precisa ser reprovado, não vou dar mais dois pontos para aquele aluno, se depender de mim, esse toma bomba, etc. Vai ficando redundante e repetitivo, mas é fato: a avaliação distorcida consagra um processo pedagógico coerente com ela e que precisa mudar. Nele, o objeto de estudo não tem valor social, não tem significado para a vida pessoal e profissional, não forma seres pensantes e é marcado por fórmulas decoradas sem compreensão. 42 É assim porque não construíram o projeto da instituição, não há critérios prévia ou simultaneamente estabelecidos e a serem alcançados. Para os educadores, há uma necessidade que é um desafio: implantar modelos de avaliação que incluam os professores, a escola e o seu projeto, introduzindo-se a participação coletiva dos envolvidos, não só na discussão e na implementação, mas também, e principalmente, na avaliação do trabalho contextualizado no projeto da escola. Um dos princípios básicos da avaliação é o da não-indiferença e o sim da inclusão no processo. Nesse sentido, os professores, certamente, entenderão que a avaliação só se reveste de valor se for usada para interferir na realidade, na busca dos resultados desejados e definidos no projeto pedagógico da escola dos quais todos participam, sentindo-se responsáveis pelos resultados. Os professores e demais membros da equipe seriam avaliados por critérios previamente estabelecidos, a partir do referencial definido para cada série ou ciclo, conteúdo e área, conforme o projeto. Novas posturas são esperadas. É inaceitável não se incluir no processo. No projeto político - que é político, porque foi compartilhado por todos - também deve estar previamente decidido o que se espera da equipe e do professor, propiciando o desencadear do processo de avaliação de toda a equipe. Quanto à escola e ao seu projeto pedagógico, busca-se a avaliação contínua de cada atividade interdisciplinar, de cada meta, fazendo-se diagnósticos permanentes. 43 Diante dos dados apurados, novos rumos serão buscados, longe da intenção de punir, de buscar culpados e de excluir. Avalia-se para se ver até que ponto se alcançou aquilo a que se propusera realizar e como podem ser corrigidas as distorções quando não se atingiram os pontos previstos. Novo Modelo de Avaliação - o ProvãoA prática de avaliar os cursos e as escolas de educação superior, a partir do desempenho dos concluintes de cursos e de critérios ligados à titulação dos professores, dos equipamentos e recursos didáticos e do projeto pedagógico da instituição, tem evidenciado situações significativas e bem diferentes daquelas registradas nos primeiros provões, como ficou conhecida a sistemática de avaliação externa exercida pela União. Observa-se que: Atitudes de não-responsabilidade, de não-inclusão, já não são mais vistas, não se buscam os culpados, mas a correção dos itens mal pontuados. A sociedade passou a acompanhar os resultados, os conceitos obtidos pelas instituições e a identificar as boas, com os conceitos A e B, e as fracas, com conceitos C, D e E. Com a modificação, na LDB, o credenciamento antes definitivo passou a ser renovável, ligado aos resultados verificados na avaliação anual e nos demais itens. As instituições de educação superior têm buscado equipar-se, atualizar seus cursos e promover a capacitação de seus professores, com o 44 compromisso de formar melhores e mais competentes profissionais. Ao lado disso, algumas escolas, sem ligarem processos e produtos, peças de uma mesma engrenagem, vêm dando cursos preparatórios a seus alunos, para obterem os conceitos A e B - perpetuando a inversão de valores, consagrada em nosso sistema educacional, de se estudar para passar, para fazer prova e, agora, o Provão. E a LDB, o que Fixa sobre a Avaliação do Aluno? No art. 24, em capítulo dedicado à educação básica, o inciso V estabelece os critérios para a verificação do rendimento escolar do aluno: O desempenho do aluno será contínua e cumulativamente avaliado, com prevalência de aspectos qualitativos sobre os quantitativos, sobre os resultados obtidos ao longo do período e sobre os de eventuais provas finais. A fixação, no texto da LDB, do que se espera do aluno ao final do Ensino Fundamental e ao final da educação básica, pelas competências e habilidades a serem constituídas (arts. 32 e 36) e com a edição das Diretrizes Curriculares, dá às escolas os critérios para definirem o seu projeto e orientarem a formação de seus alunos. Em toda a concepção política e pedagógica, a relevância foi dada aos aspectos qualitativos, referentes a critérios não percebidos ou avaliados em prova. São resultados de um trabalho que busca o crescimento harmônico do aluno, nas capacidades e nas habilidades 45 decorrentes de processos não-expressos em notas e observáveis com o educando em ação. Eles são os indicadores de que o aluno constituiu as competências desejadas ao longo do período no qual, inclusive, sempre se deve buscar a retomada de rumos, e não sobre eventuais provas finais. Percebe-se a eventualidade, exposta no art. 24 da LDB, para as provas finais, como a concretização dos princípios de flexibilidade e de autonomia dados à escola. Espera-se que as escolas tenham avançado em relação à prova e, principalmente quanto às finais, cabendo a elas decidir se vão usá-Ias como parte do processo de avaliação, já conscientes de que há outros meios mais eficientes de se avaliar o aluno. A avaliação, contínua e cumulativa do desempenho do aluno, remete à escola estar sempre presente no processo da prática avaliativa, de forma mediadora, com a intervenção do professor na busca da aprendizagem. "Cumulativa" é usada no sentido de se registrar sempre a observação do desempenho do aluno, os seus avanços, a sua cami- nhada e as suas dificuldades, e não o acúmulo de pontos, como é a prática comum. O atendimento às diferenças individuais e às capacidades do aluno e ao seu ritmo está legislado, na observação do rendimento escolar, quando a LDB trata de três possibilidades: De se acelerar os estudos, no caso de alunos com atraso escolar. De se avançar nos cursos e séries mediante verificação do aprendizado. 46 De acontecer o aproveitamento de estudos concluídos com êxito. São possibilidades que poderão ser amplamente discutidas com os pais com a equipe e previstos no projeto político e no regimento da escola para definir a sua adoção e a sua aplicação. A sua previsão permite ao aluno um ajustamento e um atendimento mais adequado ao seu potencial. De certa forma, há um avanço nesse sentido quando, no art. 24, inciso lI, é prevista uma classificação - uma avaliação de capacidades e de habilidades do aluno conforme parâmetros e critérios previamente decididos no projeto político em qualquer série ou etapa, exceto a primeira do Ensino Fundamental. Assim, o aluno pode ser classificado, sem comprovar que tenha frequentado a escola e ser inscrito em série ou etapa mais adequadas ao seu desempenho. É a busca de valorizar os conhecimentos que o aluno adquiriu na vida e no trabalho. Na questão do rendimento escolar, ainda no art. 24, os estudos de recuperação estão previstos como obrigatórios. Devem ser desenvolvidos de preferência paralelamente ao período letivo, nos casos de baixo rendimento escolar, disciplinados nos regimentos. O artigo destaca o respeito à autonomia da escola em estruturar os seus planos pedagógicos, cabendo-lhe definir o tempo de duração e a modalidade da recuperação. A prática de uma avaliação formativa, que tem como fim promover a aprendizagem e, ao mesmo tempo, ser mediadora, conduz à utilização de outros critérios de análise, diferentes da prova. A cada sinal de dificuldade, o professor interfere e desencadeia, imediatamente, o processo que visa à recuperação do aluno, sem se 47 acumularem as deficiências. Fica claro que a recuperação só tem sentido se acontecer concomitantemente ao surgimento da dificul- dade, sendo, aí sim, paralela. Na educação de jovens e de adultos (art. 38), na educação profissional (art. 41) e na educação superior (art. 47), observa-se na LDB, quanto a resultados de avaliação, o respeito às possibilidades individuais dos alunos: Art. 38 - Os conhecimentos e as habilidades adquiridos pelos educandos por meios informais serão aferidos e reconhecidos mediante exames. Art. 41 - O conhecimento adquirido na educação profissional, inclusive no trabalho, poderá ser objeto de avaliação, de reconhecimento e de certificação para prosseguimento ou conclusão de estudos. Art. 47 - § 2º - Os alunos com extraordinário aproveitamento nos estudos, demonstrado por provas ou outros instrumentos de avaliação, aplicados por uma banca examinadora especial, poderão ter abreviada a duração dos seus cursos, de acordo com as normas dos sistemas de ensino. Concluindo, pode-se dizer que: As questões nas quais se debate a avaliação não podem ser separadas de um processo de reflexão sobre o papel da escola, das finalidades da educação, dos procedimentos de ensino, das teorias do desenvolvimento e da aprendizagem. Todo projeto político que quiser considerar-se competente deverá recorrer ao processo avaliativo para comparar resultados alcançados com os esperados, analisando desempenhos de membros e da equipe e do próprio projeto, para promover e manter a qualidade, na busca do avanço e do êxito das metas 48 relacionadas à formação de pessoas mais aptas a viver com plenitude, todas as suas possibilidades pessoais. O tema avaliação deverá sempre ser retomado, face às distorções, aos retrocessos, às inseguranças de pais e de educadores diante de um processo tão oposto ao que vinha sendo praticado. Exercícios sobre a UNIDADE 1. Como romper resistências para se estabelecer na escola, uma cultura de planejamento das ações pedagógicas? 2. O que significa Avaliar? 3. Qual o objetivo da avaliação na escola? 5. O que a LDB fixa sobre a Avaliação do Aluno? UNIDADE III VALlDANDO O REGIMENTO ESCOLAR: DAS GAVETAS DA SECRETARIA ESCOLAR PARA A VIDA DA ESCOLA A vida nas escolas, públicas ou privadas, nos seusaspectos pedagógicos, estruturais, orgânicos, filosóficos e axiológicos, diários e rotineiros, deverá ser decidida em processo de gestão escolar democrática, pelos professores, pela equipe técnica, pelos membros da comunidade, pelos alunos e pelos pais. Eles são objeto de abordagem e de regulamentação em dois documentos: Projeto Político da Escola; E o Regimento escolar. 49 O novo e o difícil é a prática do processo de gestão na construção de ambos. O projeto político-pedagógico da escola é o documento mais significativo da instituição, uma vez que nele são consubstanciadas as crenças filosóficas, os valores e as teorias pedagógicas que dão suporte ao processo ensino - aprendizagem, às relações professor- aluno, às intenções e metas da escola, a projetos e objetivos em relação aos segmentos ministrados. Nele estarão detalhados as metas, as crenças, as doutrinas, os meios e as atividades pelos quais se implementarão as intenções, transformando-as em ações. O trabalho de sala de aula e as atividades do processo de educação continuada são peças importantes do projeto. Aí são objetivadas, de forma sistemática, as ações voltadas para a constante abordagem da discussão e a análise da prática, com vistas ao processo permanente e contínuo de atualização dos membros da equipe escolar. Em todos os aspectos e fases que envolvem e constituem o projeto político e pedagógico da escola, é possível visualizar e perceber, de forma mais concreta, o processo de gestão democrática: há um salutar movimento, cada vez mais significativo, por parte dos professores, da comunidade e da administração das escolas, buscando efetivar esse processo de gestão, democratizando-o. No que diz respeito ao regimento escolar, ele continua sendo, na realidade, um documento desconhecido, sem significado social e pedagógico, percebido e tratado pela equipe da escola e pelas 50 famílias como um texto difícil, escrito em linguagem rebuscada e sem sentido. Tem sido comum, quase regra geral, que as escolas copiem umas das outras, o regimento escolar, cuja elaboração é considerada difícil. Afinal, o que é o regimento escolar e qual é o seu papel no dia-a-dia das escolas? É possível elaborá-Io com a participação de todos? O regimento escolar constitui o conjunto das normas e das regras que regulam o projeto político-pedagógico da instituição, possibilitando a sua execução por todos. É o documento que representa a norma legal no contexto da escola, determinando e disciplinando nesse universo escolar, o cumprimento das leis federais, dos decretos e das regulamentações estaduais e municipais. Ele é estruturado obedecendo às normas que presidem a organização de um documento legal. Os grandes temas são apresentados em títulos (as grandes questões), constituídos de capítulos, desdobrados em seções, que, por sua vez, são integradas por artigos, explicitados por parágrafos, incisos e alíneas. O regimento escolar é aberto com um breve histórico da escola e de sua mantenedora. Nessa introdução, são definidas a identificação da escola e a sua mantenedora, a vinculação ao sistema de ensino - que poderá ser federal, estadual ou municipal - e os locais onde irá funcionar. O processo de gestão pedagógica acontece com a escola realizando seminários, grupos de discussões e reuniões com os 51 diversos segmentos que conduzam à definição do perfil institucional e dos alunos, em relação à doutrina filosófica adotada. Atividades práticas e participativas, com vistas à sua elaboração, concretizam, para pais e profissionais, um processo até então abstrato: Que tipo de aluno queremos formar? Que objetivos tem a escola? Essas respostas, além de essenciais para a elaboração do regimento, são fundamentais para o projeto político-pedagógico. Além disso, o processo simultâneo de elaboração do projeto e do regimento escolar enriquece e consolida os dois documentos. A abordagem unilateral, isolada de um ou de outro, logicamente, inviabiliza o processo de gestão e compromete a validação de ambos. Retomando a elaboração do regimento, toma-se o título seguinte, em que se estabelece a estrutura institucional orgânica. Um bom exercício é a análise e o desenho do organograma da escola, para, depois, descrevê-Io e colocá-Io no regimento sob o título "Organização Administrativa". A definição dos papéis e das funções desses setores e serviços pedagógicos constitui uma rica oportunidade para se discutir, definir e organizar setores que, se criados e postos em funcionamento, serão uma excelente forma de avanço no processo de formação de pessoas autônomas e responsáveis, do ponto de vista moral, social e pessoal. A participação e a integração de alunos nos conselhos de classe, nos conselhos de alunos e nos serviços de monitoria concretizam o processo educacional e propiciam a formação da cidadania e de pessoas com o perfil citado. 52 Esses últimos oportunizam uma excelente atividade em que se atendem aos dons especiais dos alunos e se implementam ações de recuperação paralela mais efetivas, pois nascem da interação dos pares, colegas e jovens, que, sem dúvida, se ajudam com mais efetividade. Redigido e estruturado na forma de lei, o regimento escolar deverá responder com segurança, clareza e simplicidade, em cada artigo, que integra as seções, às seguintes questões: - O quê? Onde? Por quem? Por quê? Para quê? Como? Quando? Caso não haja essas respostas, a equipe deverá buscar outra redação, apta a atender aos quesitos formulados. Os títulos que se seguem se referem à dinâmica da escola, na busca da formação de competências e de habilidades, na efetivação, na implementação e na avaliação do desempenho do aluno, da equipe, do processo e das formas de corrigir as possíveis deficiências dos aspectos avaliados. São dois títulos: Simultaneamente, em um processo harmônico, projeto político e regimento escolar vão sendo elaborados com a participação das diversas equipes. Importantes decisões, tais como a organização do currículo escolar em séries, módulos, ciclos ou semestres, assim como as discussões sobre como será a progressão do aluno dentro das mo- dalidades possíveis, de forma continuada ou parcial, ensejam a discussão da própria educação, do seu papel e de como elas acontecem na escola. 53 Estudos e debates sobre a finalidade da educação para o século XXI, sobre as questões que envolvem a reprovação do aluno e as suas consequências, são enriquecedoras e, com certeza, validarão as decisões tomadas de forma coletiva. Conceituar, entender e resolver questões quase seculares sobre os temas expostos, decidir e redigir como serão aplicadas, ajuda toda a escola na incorporação e aceitação das mudanças requeridas. Os títulos seguintes abordam questões que vêm sendo formuladas, como as demais, de forma mecânica e destituída de sentido e que, se discutidas com alunos e equipe - os principais envolvidos -, são excelentes oportunidades de se converter o regimento escolar em documento capaz de expressar a alma da escola. São os aspectos referentes aos direitos e aos deveres dos alunos e do pessoal da instituição que constituirão novos títulos. As questões que definem setores-chave da escola, como a disciplina e as regras que regem a instituição, o que pode o que não pode porque não pode, quando discutidas e definidas com os alunos, em processo democrático, distante da tradicional imposição de cima para baixo, conduzem à formação de cidadãos autônomos. Elas melhoram a relação escola/aluno e contribuem para a re- dução de problemas em sala de aula. Levadas às famílias, tais situações ajudam a vivenciar um novo modelo de escola, diferentemente das tradicionais e mais adequada ao momento sócio- histórico de nossa sociedade. Os questionamentos vão efetivando, de formainegável o processo de gestão democrática, que é percebido como próprio do projeto político e constitui um meio de se tirar o regimento escolar da 54 gaveta da secretaria, aonde ele vem permanecendo sempre e de onde é retirado quando é necessário punir alunos, com advertências, suspensões ou expulsões. Hoje, com os avanços tecnológicos, com as necessidades impostas ao sistema educacional pelos efeitos da gIobalização, a família que vai colocar os seus filhos em uma escola que não conhece, deve receber dos responsáveis pela escola, uma via do regimento escolar para ler e refletir com base no seu conteúdo, se a escola é, realmente, a que deseja para seu filho. Tem-se aí mais um motivo para que o regimento seja menos árido e mais legítimo. Uma das diretrizes curriculares, relativas à Educação Básica, refere-se à autonomia garantida às instituições escolares. Nela se prevê que o regimento escolar deverá ser apresentado para arquivo e registro não mais para aprovação aos setores do sistema de ensino. Interferências e imposições por parte dos órgãos integrantes do sistema de educação, não são mais aceitáveis. O exercício dessa autonomia só se reveste de sentido se for exercido com competência e responsabilidade, sendo legitimado pela participação da equipe. A elaboração conjunta e participativa do regimento escolar pode parecer de início, um processo difícil, mas é necessária e possível, permitindo efetivar o que poderia parecer impossível: torná-Io um documento vivo e de real valor para a escola e para a sua comunidade. Assim, algumas etapas e sequências de trabalho poderão ordená-Io, dando-lhe sentido, sem rigidez. 55 Para isso é importante: Realização de um trabalho conjunto, reunindo representantes de professores, de alunos, de pessoal administrativo e técnico, dos pais e da comunidade, em uma ação que deve permanecer ativa, não apenas na elaboração do projeto básico. Leitura, releitura e discussão de normas básicas, como a LDB, os decretos federais relativos ao grau de ensino e à modalidade escolhida (Educação Profissional, Especial, a Distância), as DCN, os Parâmetros Curriculares, os Referenciais Curriculares Nacionais e outras oriundas dos sistemas estadual e municipal. A tomada de decisões quanto à organização curricular, progressão de aluno, critérios e base teórica da aprendizagem, formas de avaliação e de recuperação, constituição e competências dos conselhos de classe e de alunos representantes, de monitorias, definição de calendários, etc. Essas decisões devem ocorrer sempre em assembléias que reú- nam todo o grupo. A realização de reuniões para consulta aos envolvidos não cessa com a conclusão do projeto. Ela estará sempre acontecendo com a realização de assembléia geral para aprovação do documento final e elaboração do documento em reuniões. A mudança no sentido que se dá ao regimento escolar e uma nova postura dos integrantes dos órgãos do sistema de educação bem diferente daquela própria de 30 anos de ditadura militar, que conduziu às inversões de valores, vai ajudar e muito no funcionamento da escola e na implementação de um processo de gestão cada vez mais participativo. 56 Caminhar no sentido de compreender o regimento como um importante meio disponível na escola e repleto de sentido será uma etapa importante na busca de se efetivar os fins de uma educação compromissada com a formação de cidadãos plenos. Outra postura necessária é aquela que conduz à percepção do regimento escolar como um documento necessário e validado pelo processo de elaboração e pelo sentido que lhe é dado, pela sua utilização, mas que não pode ser tomado como permanente. Para ser eficaz, esse documento também deve ser dinâmico e processual, alterando-se para se ajustar à realidade escolar que se configura e que é essencialmente viva e dinâmica. MUDANÇAS DO COTIDIANO DOS PROFESSORES E DA SALA DE AULA As mudanças, mesmo as mais necessárias ou aquelas vistas como urgentes, só acontecerão se não forem impostas mesmo quando decorrentes de leis e de regulamentos federais, como a LDB, nem por decretos ou por regimentos. Leis devem ser vistas como meios, não como fins. Mudanças verdadeiras são possíveis desde que decorrentes de ações coletivas e resultantes de parcerias. Mesmo em parcerias nas quais se busque junto soluções necessárias, isto nem sempre se traduz em convicções, crenças ou valores aceitos por todos. No entanto, basta uma pequena parcela da equipe para puxar o grupo todo no sentido das mudanças. 57 Ainda que leis e decretos não detonem reformas e nem determinem mudanças, é necessário que os professores e os membros das equipes escolares, nas instituições públicas e privadas, percebam que os seus efeitos incidem no cotidiano profissional. Os integrantes de uma escola, mesmo as mais distantes, as menores, vão se dando conta de que as mudanças a serem operadas são determinadas pelo contexto, pelas transformações nas relações entre os povos, pelos avanços tecnológicos, pelas novas situações impostas pela globalização da economia e das questões socioculturais. Não há resistências suficientes para determinar a neutralidade e impedir que as transformações ocorram e aconteçam, mesmo que as tomemos como utopias ou como sonhos individuais ou coletivos. Assim, o que vem sendo discutido é o próprio papel da escola do século XXI, do terceiro milênio e da pessoa que lhe cabe formar. Como deverá ser a criança, o jovem e o profissional egressos da escola brasileira, básica ou de ensino superior? Uma pessoa, um cidadão, um profissional com a cabeça cheia de informações, repleta de dados e fórmulas decoradas, das quais não sabe lançar mão para resolver as suas questões diárias, para se comunicar e se fazer entender, para se expor, para intervir e mudar a sua realidade é o que se vê ainda hoje como produto da escola brasileira. Não há dúvidas e nem se pode levantar questionamentos sobre as mudanças a serem buscadas. De forma clara, o que se espera é o bom desempenho do egresso do Ensino Fundamental e do Médio. Este perfil encontra-se expresso como competências e habilidades e, 58 como se verifica nos arts. 32 e 36 da LDB, o esperado e o necessário do aluno egresso da educação básica são: Ensino Fundamental - Competências Esperadas: Desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo. Compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade. Desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e de habilidades e a formação de atitudes e de valores. Fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e da tolerância recíproca em que se assenta a vida social. Ensino Médio - Competências Esperadas: Domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a produção moderna. Conhecimento das formas contemporâneas de linguagem. Domínio dos conhecimentos de filosofia e de sociologia necessários ao exercício da cidadania. Cumprir e buscar essas determinações não virá por obediência à lei ou por decreto. Ambos se tornarão letras mortas se não forem 59 registradas as mudanças na sala de aula, decorrentes de uma nova prática pedagógica. Tais mudanças são dependentes também da vigência e da instalação de um modelo inovador de instituição. A base de tudo é a construção de um paciente e complexo processo participativo, que se efetiva em um projeto de caráter político-pedagógico, assumido por todos e costurado em um regimento escolar. Ambos devem ter total coerência, principalmente no que se refere à parceria na sua elaboração e na sua construção. Neles estarão previstos
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