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Gestão da Informação e do Conhecimento Fernando Hadad Zaindan 2022 2 Gestão da Informação e do Conhecimento Fernando Hadad Zaidan © Copyright do Instituto de Gestão e Tecnologia da Informação. Todos os direitos reservados. 3 Sumário Capítulo 1. Fundamentos da Gestão da Informação (GI).......................................... 5 Dado, Informação e Conhecimento.............................................................................. 5 A Gestão da Informação................................................................................................7 Capítulo 2. Fundamentos da Gestão do Conhecimento (GC).......................................8 A Gestão do Conhecimento.......................................................................................... 8 Retenção do Conhecimento..........................................................................................9 Capítulo 3. Modelos de GI e GC..................................................................................11 Modelos de GI............................................................................................................11 Modelo de GC - Espiral do Conhecimento..................................................................12 Capítulo 4. Capital Intelectual...................................................................................16 Capítulo 5. Inteligência Competitiva (IC)....................................................................18 Capítulo 6. GC como aporte a inovação.....................................................................20 Capítulo 7. Maturidade da GC...............................................................................................23 O modelo Siemens KMMM - Knowledge Management Maturity Model................................24 Capítulo 8. Ferramentas de GI e de GC...................................................................................27 A colaboração e cooperação nas ferramentas........................................................................27 Ferramentas de GI e de GC e suas categorias..........................................................................28 Capítulo 9. Proteção do conhecimento..................................................................................31 Capítulo 10. Utilização do KMCanvas - o Canvas da GC...........................................................34 ebook do KMCanvas...............................................................................................................35 4 Capítulo 11. Fatores críticos de sucesso da GI e GC.................................................................39 Capítulo 12. A prática de GI e GC com as áreas afins...............................................................41 Referências..............................................................................................................48 5 Capítulo 1. Fundamentos da Gestão da Informação (GI) Os conceitos de dado, informação e conhecimento são de suma importância para fundamentar os nossos estudos, pois a partir dessas abordagens pode-se compreender o fenômeno da criação, armazenamento e disseminação. Dado, Informação e Conhecimento Encontra-se uma vasta definição de dados, informação e conhecimento. Aborda-se inicialmente o conceito de dado, passando por informação e culminando na definição de conhecimento. Entende-se por dado, um padrão, a menor unidade possível. Uma letra, número ou dígitos que isoladamente não tem nenhum significado claro. Não consegue nos informar nada. A análise de um dado não nos leva a nenhuma conclusão. De acordo com Davenport e Prusak (1998, p. 3) “dados descrevem apenas parte daquilo que aconteceu; não fornecem julgamento nem interpretação e nem qualquer base sustentável para a tomada de ação. Embora a matéria-prima do processo decisório possa incluir dados, eles não podem dizer o que fazer. [...] são matéria-prima essencial para a criação da informação”. Logo, a informação é o dado trabalhado, tratado, inserido num contexto. É um conjunto de dados que tem algum significado. “Pense em informação como dados que fazem diferença” (DAVENPORT; PRUSAK, 1998, p. 4). Setzer (1999) diz que uma distinção fundamental entre dado e informação é que o primeiro é puramente sintático e a segunda contém necessariamente semântica (implícita na palavra “significado” usada em sua caracterização). 6 Já o conhecimento, segundo Davenport e Prusak (1998), deriva da informação da mesma forma que a informação deriva de dados. Para que a informação se transforme em conhecimento, os seres humanos precisam fazer virtualmente todo o trabalho. Tal transformação ocorre através de palavras iniciadas com C, tais como as seguintes: Comparação: de que forma as informações relativas a esta situação se comparam a outras situações conhecidas? Consequências: que implicações estas informações trazem para as decisões e tomadas de ação? Conexões: quais as relações deste novo conhecimento com o conhecimento já acumulado? Conversação: o que as outras pessoas pensam desta informação? O conhecimento não pode ser descrito; o que se descreve é a informação. A informação pode ser inserida em um computador por meio de uma representação em forma de dados. A informação foi associada à semântica. Conhecimento está associado com pragmática, isto é, relaciona-se com alguma coisa existente no mundo real do qual se tem uma experiência direta. (SETZER, 1999). Podemos dividir o conhecimento em dois tipos: Tácito: conhecimento pessoal que, para ser efetivamente utilizado, antes precisa ser descoberto e socializado. Nonaka e Takeuchi (1997) dizem que o conhecimento tácito está imbricado de aspectos subjetivos, inerentes ao conhecedor, como crenças, valores e emoções, e não pode ser articulado em tempo hábil. Representado pela dificuldade de expressar exatamente o que se sabe ou a forma na qual se desempenha uma determinada atividade. Explícito: é aquele registrado, que pode ser formulado e documentado. Nonaka e Takeuchi (1997) dizem que o conhecimento explícito é aquele que pode ser articulado e compartilhado. Sob este alicerce, o conhecimento explícito é apresentado como 7 aquele que foi articulado – expresso em palavras – e passível de ser armazenado e reproduzido. Alguns autores dizem que conhecimento explícito é a própria informação. A Gestão da Informação Já na abordagem GI, a função primordial é a ação de procurar compreender as demandas informacionais de que carecem as organizações, disponibilizando-as para solucionar os problemas presentes e futuros, de forma estruturada e clara (CHOO, 2006). Davenport e Prusak (1998) inserem a informação no contexto organizacional e no ambiente informacional, como a Ecologia da Informação, e apresentam algumas características, como: compreensão da integração dos diferentes tipos de informação, não apenas nos meios computadorizados; foco na descrição e observação da informação e dos processos informacionais; ênfase no comportamento do indivíduo e do grupo com relação à informação; reconhecimento de mudanças evolutivas no ambiente informacional. Ao praticar o gerenciamento ecológico, diversas vias são abertas para chegar aos objetivos organizacionais. Com o propósito de mostrar que a GI é um recurso estratégico fundamental, Vital, Floriani e Varvakis (2010) destacam que a GI requer o estabelecimento de processos, etapas ou fluxos sistematizados e estruturados, associado às pessoas responsáveis pela sua condução, a fim de alcançar os resultados almejados. A função primordial da GI é a ação de procurar compreender as demandas informacionais de que as organizações carecem, disponibilizando-as para solucionar os problemas presentes e futuros, de forma estruturadae clara (CHOO, 2006). 8 Capítulo 2. Fundamentos da Gestão do Conhecimento (GC) Nonaka e Takeuchi (1997), após anos de pesquisa sobre as empresas do Japão, convenceram-se de que a criação do conhecimento é a principal fonte de sua competitividade internacional, principalmente pelo desenvolvimento do conhecimento tácito. Na próxima era, os setores de produção, serviços e informação estarão baseados no conhecimento, com as organizações evoluindo e transformando-se em organizações de conhecimento. A Gestão do Conhecimento Choo (2006) apresenta citações da presença da gestão do conhecimento na construção dos modernos modelos organizacionais, identificando os processos de percepção e compreensão do ambiente externo, onde existe a atuação das empresas, a geração de conhecimento através do aprendizado e o constante aprimoramento nos processos decisórios. Davenport e Prusak (1998) afirmam que a gestão do conhecimento pode ser vista como uma coleção de processos que governa a criação, disseminação e utilização do conhecimento para atingir os objetivos da organização, e a retenção tem um papel fundamental para este conhecimento a ser reaproveitado posteriormente. Uma análise das características da gestão do conhecimento revela que muitas organizações que falharam não determinaram seus objetivos e estratégias antes de implementar sistemas de gestão do conhecimento, não tendo uma boa preparação do método ou processo da gestão do conhecimento. É necessário despender um tempo antes de os benefícios da gestão do conhecimento aparecerem. 9 Retenção do Conhecimento Verifica-se em Fleury e Oliveira Jr. (2001) que o know-how coletivo é mais difícil para fazer circular e transferir, e, se estiver enraizado nas práticas dos trabalhos, torna- se mais difícil de retenção. Segundo Newman e Conrad (1999), cujo modelo geral do conhecimento, a retenção é uma das quatro atividades primárias (as outras são a criação a utilização e a transferência). A retenção inclui todas as atividades que conservam o conhecimento, e ela permite, uma vez introduzida, deixá-lo no sistema. A retenção inclui também as atividades que mantêm a viabilidade do conhecimento estar dentro do sistema. Segundo os autores, não são todas as ferramentas que utilizam o conhecimento que foca na retenção, na criação, na transferência e nas transformações. Algumas ferramentas, dentre elas o e-mail, não possibilitam a retenção; o foco destas ferramentas é apenas a transferência. Newman e Conrad (1999) esclarecem que frequentemente há somente formas de retenção de conhecimento tácito para os participantes de comunicação por meio de artefatos1 compartilhados explícitos. O conhecimento tem aspectos distintos, podendo ser do indivíduo, do grupo, da organização ou da rede que interage entre organizações. Também pode se dispersar e se perder facilmente nestas formas: 1 Documentos, arquivos, papéis, conversas, imagens, pensamentos, softwares, banco de dados, mensagens de e-mails, dentre outros. 10 ▪ Trabalhadores de um projeto não têm conhecimento do desenvolvimento de projetos similares, com problemas e soluções intercambiáveis, o que provoca um trabalho redundante; ▪ Um grupo de trabalhadores é eficiente em determinados conhecimentos. Outros trabalhadores da organização poderiam aproveitar estes conhecimentos. ▪ Negociações mal sucedidas da organização, se não forem retidas, não trarão aprendizados e experiências para futuros negócios. ▪ Todas as tentativas e erros, bem como os testes, falhas e correções dos projetos que são finalizados nas organizações, não são documentados ou retidos. ▪ Funcionários deixam as organizações. Seus conhecimentos e experiências não foram transmitidos, tampouco retidos (ZAIDAN, 2008). A retenção do conhecimento, proposta em Zaidan (2008), vai ao encontro da premência de um Canvas para a GC (ZAIDAN, 2021), pois, valendo-se da retenção, as organizações podem reverter em vantagens competitivas a transformação do conhecimento tácito em explícito, e este, por sua vez, sendo registrado e armazenado, poderá ser disseminado e reaproveitado. 11 Capítulo 3. Modelos de GI e GC A GI e a GC como vantagens competitivas estão consolidadas no meio acadêmico e nas organizações (NONAKA; TAKEUCHI, 1997; DAVENPORT; PRUSAK, 1998; CHOO, 2006; UDEN; HADZIMA; TING, 2018). A GI e a GC focalizam em aspectos complementares de dois importantes fenômenos organizacionais. As diferenças entre a GI e a GC concentram-se principalmente que a GI trata, evidentemente, da informação. Já a GC abrange o conhecimento tácito e o conhecimento explícito, que é a própria informação. Modelos de GI Davenport e Prusak (1998) mostram que um modelo ideal de GI (Figura 1), tem uma perspectiva processual e podem ser encontrados processos específicos que dependem diretamente da informação. Desta forma, os passos para uma efetiva GI são: identificação das necessidades que a informação exige; coleta e aquisição; categorização; armazenamento; disseminação e distribuição; análise de uso. Muitas vezes, o que é um erro, a GI é equiparada com Gestão da TI, Processos Informacionais, Políticas de Informação etc. Em outro importante modelo de GI (Figura 2), Choo (2006) acrescenta ao modelo de Davenport e Prusak dois elementos fundamentais: a geração de produtos e serviços durante o ciclo do modelo, bem como o comportamento adaptativo que as pessoas devem ter frente a informação. 12 Figura 1 – Modelo de GI de Davenport e Prusak Fonte: Davenport; Prusak, 1998 Figura 2 – Modelo de GI de Davenport e Prusak Fonte: Choo, 2006. Modelo de GC – Espiral do Conhecimento No âmbito organizacional, a criação do conhecimento pode ser entendida como a capacidade que as empresas têm de gerar conhecimentos a partir, por exemplo, de 13 suas próprias fontes de observação e de análise dos fenômenos. Também com a aplicação de pesquisas e mediante o investimento nos estudos e testes em laboratórios, na busca de novos produtos, difundindo em toda a organização e incorporando aos produtos, serviços e sistemas (NONAKA; TAKEUCHI, 1997). O segredo para a criação do conhecimento está na mobilização e conversão do conhecimento tácito. De acordo com os autores, o pressuposto de que o conhecimento é criado por meio da interação contínua e dinâmica entre o conhecimento tácito e o conhecimento explícito, permite demonstrar quatro modos diferentes de conversão do conhecimento: socialização, externalização, internalização e combinação no modelo da espiral do conhecimento (Figura 3). Esses quatros modos constituem o motor do processo de criação do conhecimento. Três desses quatro tipos de conversão do conhecimento – socialização, combinação e internalização – foram tratados sob várias perspectivas na teoria organizacional. Por exemplo, a socialização liga-se às teorias dos processos de grupo e da cultura organizacional, a combinação tem suas raízes no processamento de informações e a internalização está intimamente relacionada com o aprendizado organizacional. Figura 3 – Espiral do Conhecimento Fonte: Nonaka; Takeuchi (1997) 14 Nonaka e Takeuchi (1997) detalham os quatro modos de conversão do conhecimento: ▪ Socialização: processo de compartilhamento de experiências a partir da criação do conhecimento tácito, como modelos mentais ou habilidades técnicas compartilhadas. Os indivíduos podem adquirir conhecimento tácito diretamente de outros, sem usar a linguagem. O modelo mestre-aprendiz é um exemplo. No contexto dos negócios, o treinamento prático utiliza o mesmo princípio. A socialização também ocorre entre os responsáveis pelo desenvolvimento de produto e os clientes. ▪ Externalização: dos quatro modos, foi a mais negligenciada.É um processo de articulação do conhecimento tácito em conceitos explícitos. O modo de externalização da conversão do conhecimento é visto no processo de criação do conceito e é instigado pelo diálogo ou pela reflexão coletiva. Um método utilizado para criar um conceito é combinar dedução e indução. ▪ Combinação: “processo de sistematização de conceitos em um sistema de conhecimento. Esse modo de conversão do conhecimento envolve a combinação de conjuntos diferentes de conhecimento explícito.” (NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p. 75). A troca e a combinação de conhecimentos são feitas através de meios como documentos, reuniões, conversas ao telefone ou redes de comunicação computadorizadas. A criação do conhecimento realizada através da educação e do treinamento formal nas escolas normalmente assume essa forma. No contexto dos negócios, constata-se a conversão do conhecimento por meio da combinação, na maioria das vezes, quando os gerentes de nível médio desmembram e operacionalizam visões empresariais, conceitos de negócios ou conceitos de produtos. 15 ▪ Internalização: “processo de incorporação do conhecimento explícito no conhecimento tácito. [A internalização] é intimamente relacionada ao aprender fazendo.” (NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p. 77). No momento em que são internalizadas as bases do conhecimento tácito dos indivíduos, sob a forma de modelos mentais ou know-how técnico compartilhado, as experiências através da socialização, externalização e combinação tornam-se ativos valiosos. A condição para que o conhecimento explícito se torne tácito é a verbalização e diagramação do conhecimento sob a forma de documentos, de manuais ou de histórias orais. A criação de conceitos novos e explícitos a partir do conhecimento tácito faz com que a externalização seja a chave para a criação do conhecimento, observando, portanto, a possibilidade de retenção da informação e do conhecimento com mais intensidade, quando o conhecimento tácito é articulado em conceitos explícitos. 16 Capítulo 4. Capital Intelectual O conceito do capital intelectual foi empregado inicialmente por Thomas Stewart. O capital intelectual é a soma do conhecimento de todos em uma empresa, proporcionando-lhe vantagem competitiva (STEWART, 1998). Ao contrário dos ativos – propriedade, equipamentos, dinheiro – o capital intelectual é intangível. Alguns dos ativos intangíveis trazem além de valores monetários visíveis para as organizações, pois proveem treinamento a seus funcionários, encorajam no desenvolvimento de novas habilidades e divulgam a imagem da empresa. Quanto à mensuração do conhecimento, não é tarefa simples: o valor do conhecimento não é facilmente compreendido, classificado e medido. Os ativos materiais diminuem à medida que são usados, já os ativos do conhecimento só se ampliam. Alguns propósitos da Gestão do Conhecimento são similares à Gestão do Capital Intelectual: ▪ Maximizar os empreendimentos; ▪ Gerenciar os processos do conhecimento; ▪ Dar ênfase em quatro aspectos: ‒ Facilitação de atividades relacionadas ao conhecimento. ‒ Criação e manutenção de infraestrutura do conhecimento. ‒ Renovar, organizar e transformar ativos do conhecimento. ‒ Usar ativos do conhecimento para obter e potencializar seu valor. 17 Edvinsson e Malone (1997) fazem o equacionamento empírico, baseados em estudos sobre o capital humano e estrutural de uma organização, visando descobrir e diferenciar seus componentes formadores. Os autores demonstram que o Capital Intelectual é a média aritmética de todos os principais componentes de uma organização. Tal estudo vem sendo aplicado em vários trabalhos subsequentes. Os ativos materiais diminuem à medida que são usados, já os ativos do conhecimento só se ampliam. Estamos vivenciando que os setores de produção, serviços e informação estarão baseados no conhecimento, com as organizações evoluindo e transformando-se em organizações do conhecimento. As organizações precisam superar as barreiras individuais do conhecimento para o alcance dos objetivos corporativos com o Capital Intelectual. 18 Capítulo 5. Inteligência Competitiva (IC) A Inteligência Competitiva (IC) é o processo sistemático de coleta, tratamento, análise e disseminação de dados e informações sobre atividades dos concorrentes, tecnologias e tendências gerais dos negócios, visando subsidiar a tomada de decisão e atingir as metas estratégicas da empresa. Para a Associação Brasileira dos Analistas de Inteligência Competitiva (ABRAIC, 2016), IC é o processo informacional proativo que conduz à melhor tomada de decisão, seja ela estratégica ou operacional. É um processo sistemático e contínuo que visa descobrir as forças que regem os negócios, reduzir o risco e conduzir o tomador de decisão a agir antecipadamente, bem como proteger o conhecimento gerado. Tudo isso com ética! Ainda segunda o ABRAIC (2016) a IC é uma ferramenta de apoio a decisão. Auxilia a alta direção na gestão estratégica da empresa. É um processo sistemático de coleta de dados, processamento, análise e difusão de conhecimentos com a finalidade de apoiar a tomada de decisão, obter e manter vantagens competitivas e alcançar os objetivos estratégicos da empresa ou organização. Mantém o foco principalmente no ambiente externo, particularmente clientes, concorrentes e fornecedores no microambiente; e nos fatores econômicos, políticos, sociais, tecnológicos e ambientais, no macroambiente. Porém, antes de qualquer coisa é necessário conseguir implementar na empresa a mentalidade competitiva e entender as necessidades dos usuários. A IC começou a ganhar força no mercado mundial a partir do fim da Guerra Fria, fazendo ressaltar a importância do fator econômico. No Brasil, foi com a estabilização da moeda, na década de 90, que começamos a falar de IC. 19 Com a IC será possível antecipar crises, definir ações e estratégias que devem ser adotadas para reduzir os riscos e os possíveis danos causados por eles. Além disso, poderá antever todas as variáveis que o compõem (ameaças, vulnerabilidades, consequências, probabilidades etc.), para que a organização possa se prevenir contra os riscos identificados e os ainda não identificados. 20 Capítulo 6. GC como aporte a inovação Texto retirado e adaptado de: ZAIDAN, F. H. Como a gestão do conhecimento dá aporte à gestão da inovação. ItForum365. Disponível em: <https://itforum365.com.br/colunas/como-gestao-do-conhecimento-da-aporte- gestao-da-inovacao/>. Acesso em: 08 out. 2021. O foco da gestão da inovação é permitir que a organização responda a uma oportunidade externa ou interna e use seus esforços criativos para introduzir novas ideias, processos ou produtos. Quando se almeja inovações é necessário utilizar a GC para ancorar o aprendizado organizacional, gestão de insights, capital intelectual, dentre outros. Portanto, a gestão da inovação depende de um projeto de GC bem-sucedido. Ainda mais devido ao fato que o conhecimento representa um domínio muito mais profundo que simplesmente os dados, ou mesmo a informação. O uso potencial da GC cria fontes de inovação e renovação organizacional, além da estratégia de negócios, a saber: ▪ Com a utilização do conhecimento tácito dos colaboradores: a origem do conhecimento é a mente das pessoas. A criação do conhecimento organizacional é uma interação contínua e dinâmica entre o conhecimento tácito e o conhecimento explícito. Tal interação é moldada pelas mudanças entre diferentes modos de conversão, que são a socialização, a externalização, a internalização e a combinação. ▪ Com o “armazenamento” do conhecimento: vamos deixar uma coisa clara aqui, pois o conhecimento, como um todo, não pode ser “armazenado”. O que pode ser armazenado é o conhecimentoexplícito, que se aproxima da informação. O https://itforum365.com.br/colunas/como-gestao-do-conhecimento-da-aporte-gestao-da-inovacao/ https://itforum365.com.br/colunas/como-gestao-do-conhecimento-da-aporte-gestao-da-inovacao/ 21 conhecimento tácito, que está na mente das pessoas, não pode ser armazenado sem antes ser transformado em explícito. ▪ Com a retenção do conhecimento: a retenção terá um papel fundamental para que este conhecimento possa ser reaproveitado posteriormente. ▪ Com a indexação do conhecimento explícito: nas organizações, o conhecimento pode estar, de alguma forma, não apenas em documentos ou repositórios, mas em rotinas, práticas, processos e normas organizacionais, tornando-o puro ou simples, mas sempre como uma mistura de vários elementos (alguns autores denominam este conhecimento implícito como candidato a explícito, mas que ainda não foi externalizado). Portanto, é necessário externalizar todo o conhecimento tácito e implícito para depois realizar uma boa taxonomia do conhecimento explícito e estruturá-lo adequadamente. ▪ Com a utilização do capital intelectual como fonte de inovação: o capital intelectual é a soma do conhecimento de todos e de tudo em uma empresa, proporcionando-a vantagem competitiva. É matéria intelectual – conhecimento, informação e experiência – que pode ser utilizado para gerar riquezas para as organizações. ▪ Com ferramentas para GC: existem inúmeras ferramentas de GC. Contudo, existem fatores determinantes para o sucesso do uso de ferramentas, que são os valores, normas e comportamentos, conjunto que constitui a cultura das empresas. Tais fatores precisam ser trabalhados antes da implantação de ferramentas. ▪ Com o aprendizado organizacional: o aprendizado organizacional ocorre através de informações compartilhadas, conhecimento e modelos mentais. A 22 aprendizagem baseia-se no conhecimento e na experiência passada – isto é, na memória. A memória organizacional depende dos mecanismos institucionais (p.e., políticas, estratégias e modelos explícitos) utilizados para manter o conhecimento. ▪ Com a gestão dos insights: estar atento para a avaliação de novas ideias, trabalhando em colaboração com o time, adaptando os projetos para utilizarem os recursos da GC, torna-se possível visualizar o que ora estava oculto. Ideias são verdadeiros tesouros, mas precisam ser coletadas, testadas e tornadas visíveis. O maior valor na gestão de insights é a utilização de projetos voltados para grupos, mapeamento dos pontos fortes e fracos. Estar com a GC implementada como facilitadora e ter mensurações claras para recompensas é o grande diferencial. Portanto, é importante utilizar princípios da GC para auxiliar a gestão da inovação. Vimos oito aspectos que, cooperando com um entendimento comum com os objetivos estratégicos das organizações, possibilitam as organizações responderem prontamente às oportunidades externas ou internas, e seus esforços criativos serão utilizados para introduzir novas ideias, processos ou produtos. 23 Capítulo 7. Maturidade da GC A fim de potencializar os estudos sobre os modelos de maturidade em GC, e como eles servem de medição e de avaliação de resultados em GC, recorre-se a um trecho do artigo de Gonçalo, Junges e Borges (2010). Segundo estes autores, o sistema de mensuração da GC deve ter as seguintes características: ▪ O desempenho deve ser refletido nos diversos níveis da organização (estratégico, tácito e operacional). ▪ Deve ser uma atividade distribuída entre vários níveis de responsabilidade e controle. ▪ Deve refletir a mistura entre atividades individuais a processos gerenciais. ▪ Deve destacar oportunidades de melhoria em todas as áreas. Os autores complementam que um modelo de maturidade da GC permite identificar a situação atual da organização quanto a GC. Também permite a adoção de um vocabulário comum e de uma visão de futuro que pode e deve ser compartilhada. Somente por meio do mapeamento do nível de maturidade pode-se orientar uma organização quanto ao caminho a ser seguido na busca contínua das melhores práticas em GC. De acordo com Natale e Neves (2014), os métodos de implantação e mensuração da GC nas empresas estão diretamente ligados aos seus resultados e à maturidade, pois ajudam a explicar como ocorrem as mudanças da GC nas organizações. A GC pode ser avaliada a partir de duas dimensões, que são os indicadores de GC e os níveis de maturidade em GC. Estas duas dimensões são complementares. 24 O modelo Siemens KMMM – Knowledge Management Maturity Model Existem alguns modelos de maturidade para GC. Gonçalo, Junges, Borges (2010) mostram que o modelo Siemens KMMM foi desenvolvido com base no modelo CMMI, e se propõe à: ▪ Permitir uma avaliação holística das atividades de GC à medida que cobre as áreas mais relevantes dos processos de GC. ▪ Permitir o desenvolvimento contínuo através dos projetos e práticas de GC. ▪ Definir etapas necessárias para o desenvolvimento da GC nas organizações a partir de seu nível atual. ▪ Prover dados quantitativos e qualitativos sobre os processos de GC. ▪ Permitir aplicação do modelo em toda a organização, somente em determinadas áreas ou projetos de GC. ▪ Sistematizar e estruturar a abordagem de GC na organização, com transparência e confiabilidade de seus procedimentos. São estes os níveis do modelo (BARRETO, 2015): Nível 1 – Inicial: processos de GC não são conscientes e os resultados não são obtidos através de planejamento e orientação para metas estabelecidas. Ações decorrentes de rotinas e processos que nela existem, e não há uma preocupação explícita na direção de uma GC que agregue valor. Nível 2 – Repetido: há consciência da importância da GC para os negócios. Parte dos processos estão descritos sob a ótica da GC e alguns projetos relacionados ao tema estão em desenvolvimento, por vezes estabelecidos por profissionais interessados pelo 25 tema. Há uma consciência sobre a necessidade de desenvolver a GC, mas ainda não há estratégias claras que apontem nesta direção. Nível 3 – Definido: neste nível a organização tem práticas estáveis que efetivamente suportam a GC em determinadas áreas da organização. Estas práticas estão presentes no dia a dia dos processos de trabalho e os papéis relacionados à GC começam a ser claramente definidos. Nível 4 – Gerenciado: as organizações neste nível apresentam estratégias claras e abordagem padronizada em relação a GC. Indicadores são amplamente utilizados para medir a eficiência dos processos de GC, as atividades são planejadas para o longo prazo da organização e os sistemas de GC são coerentes com as questões sócio tecnológicas. Nível 5 – Otimizado: neste nível a organização demonstra capacidade e flexibilidade para se adaptar às novas necessidades em relação a gestão do conhecimento. Os indicadores estabelecidos no nível 4 são complementados com outros indicadores de controle estratégico e não há desafios que não podem ser resolvidos com o conjunto de ferramentas e de conhecimento presente na organização. Neste nível as práticas de GC estão intrínsecas à todas as atividades da organização. O modelo define oito áreas-chave para a GC. A avaliação do nível de maturidade leva em consideração as práticas de GC relacionadas a cada uma destas áreas: 1) Estratégias e Objetivos do Conhecimento; 2) Ambiente e Parcerias 3) Pessoas e Competências; 4) Colaboração e Cultura; 26 5) Liderança e Apoio; 6) Estruturas e Formas de Conhecimento; 7) Tecnologia e Infraestrutura; 8) Processos e Papéis. 27 Capítulo 8. Ferramentas de GI e de GC Texto retirado e adaptado de: ZAIDAN, F. H. A gestão do conhecimento e as ferramentas de colaboração. IGTI. Disponível em: <https://t.igti.com.br/click?o=179&a=1059>.Acesso em: 08 out. 2021. Novas perspectivas surgem para aplicação das forças que direcionam a produtividade do conhecimento do trabalhador nessa era, o que detém o conhecimento. As empresas, desta forma, obterão melhores resultados e vantagens competitivas estratégicas, baseadas no que conseguirão reter e obter de informação e conhecimento, oriundos de fontes internas e externas e de ferramentas de GI e GC adequadamente implementadas. A colaboração e cooperação nas ferramentas As organizações têm demonstrado uma crescente demanda pela gestão das informações e do conhecimento de seus processos e dos seus colaboradores. Sabe-se que as ferramentas colaborativas auxiliam e podem dar o aporte necessário para que as organizações utilizem de forma sustentável a informação e o conhecimento. Nesta perspectiva, da importância da colaboração e cooperação na produção do conhecimento, necessita-se conduzir este cenário para o ambiente virtual. Para dar conta deste desafio, necessita-se de novas ferramentas de TI disponibilizadas na web, além de novas capacidades colaborativas e modelos de negócios que darão poder às empresas bem-preparadas e destruirão aquelas que não forem capazes de se adaptar. As ferramentas colaborativas são as que proporcionam este novo tipo de colaboração e cooperação. Considerando-se os contextos de colaboração corporativa, o mundo caminha em direção dos conhecimentos dispersos. Poder e capacidade produtiva de valor serão https://t.igti.com.br/click?o=179&a=1059 28 rápidos, fluidos e persistentemente perturbadores. Uma mudança de poder e uma nova e dura regra empresarial estão surgindo. Então torna-se imprescindível a utilização da nova colaboração, sem alternativa possível. Quem não conseguir ver isso será cada vez mais isolado e excluído das redes. Na web, mudou-se a maneira de entender o que diz respeito à informação. O usuário passou a ser ativo e participante, utilizando a seleção e troca de conteúdo postado nos sites por meio de plataformas mais abertas e colaborativas. Este novo conceito foi denominado de Web 2.0. Obviamente, a tecnologia não é neutra, pois a sociedade sofre diversas mudanças, dentre elas algumas podem ser consideradas fundamentais. A mais significativa é a possibilidade de expressão e socialização (passagem do conhecimento tácito para tácito), a partir de ferramentas de comunicação mediadas por computador. Ferramentas de GI e GC e suas categorias Todos gostam de ferramentas para aplicação rápida de uma demanda, contudo, é um erro iniciar um projeto de GI e/ou GC pela ferramenta (aliás, em quaisquer projetos, de quaisquer áreas). Precisamos pensar nos processos, por exemplo. As ferramentas de GI e GC são meios para automatizar, aumentar a produtividades, inovar, reter e compartilhar com rapidez e assertividade os projetos. São instrumentos que poderão coletar, armazenar, compartilhar, enfim, transformar em vantagens competitivas tudo o que refere a informação e o conhecimento. Muitos avanços foram alcançados no que diz respeito à gestão da informação e do conhecimento na web, que passa a ser um espaço aberto a todos, mais democrático. Com as ferramentas não existe a necessidade de meios físicos de armazenamento de dados, podendo-se manter na nuvem, de forma pública ou privada, 29 privilegiando a segurança caso a informação esteja sendo disponibilizada apenas para um número restrito de usuários ou de forma completamente abrangente. Com relação às ferramentas propiciadas pela TI para a GI e GC, estão incluídos os repositórios tecnológicos, banco de dados estruturados, ferramentas de colaboração, trabalho em equipe virtual, dentre outras. Contudo, os principais determinantes do grau de sucesso da transferência do conhecimento, além das ferramentas, são os valores, normas e comportamentos, conjunto que constitui a cultura das empresas. Abaixo tem-se elencado as principais categorias de ferramentas para a GI e GC: ▪ Mapas de Competências. ▪ Gerenciamento Eletrônico de Documentos (GED). ▪ Groupware. ▪ Workflow. ▪ Business Intelligence (BI). ▪ Ferramentas de Inteligência Competitiva. ▪ Portais Corporativos. ▪ Ferramentas Wikis. ▪ CMS: Sistema de Gestão de Conteúdo. ▪ ECM: Gestão de Conteúdo Corporativo. ▪ Redes sociais. 30 ▪ Ferramentas integradas. ▪ Dentre outras. Chama-se a atenção para um tipo de ferramenta no meio corporativo: os Wikis. As ferramentas de colaboração ou plataformas colaborativas Wikis, são aquelas que as empresas podem comprar ou construir gratuitamente, para tornar visíveis as práticas e produções do conhecimento dos seus trabalhadores. As tecnologias utilizadas pelos profissionais do conhecimento podem se dividir entre as que têm baixo grau de visibilidade (e-mails e mensagens instantâneas), e as plataformas com alto grau de visibilidade (intranets, sites, portais corporativos e wikis). Empresas que conseguirem implementar assertivamente uma ou mais ferramentas de GI e GC terão um diferencial enorme frente aos concorrentes, pois sem as ferramentas não será operacionalizado todo o potencial, enquanto com as ferramentas, as organizações mudarão de nível de maturidade quanto à GC. 31 Capítulo 9. Proteção do conhecimento É muito comum ver empresas que negligenciam a proteção do conhecimento. Isto as tornam vulneráveis em seus modelos de negócio. No âmbito da proteção do conhecimento, a propriedade intelectual assumiu um papel estratégico nas organizações. A proteção da propriedade intelectual pode influenciar na atuação da empresa, principalmente se levarmos em consideração o setor em que atua. Um exemplo são empresas do setor de biotecnologia, que deve se informar sobre patentes por ter produtos como medicamentos, fármacos, processos químicos, vacinas, entre outros. A Propriedade Intelectual (PI), segundo o INPI – Instituto Nacional da Propriedade Industrial, visa proteger a propriedade sobre o conhecimento, fruto da inteligência e do talento humano, dividindo-se tradicionalmente em dois ramos: ▪ Direito autoral. ▪ Propriedade industrial. Os direitos de PI justificam-se, simultaneamente, como um direito humano e um contrato de troca entre o inovador e a sociedade. Araújo (2010) diz que a PI corresponde ao direito sobre criações intelectuais e industriais, por determinado período de tempo, estabelecido de acordo com os preceitos legais. Este conjunto de direitos imateriais que incidem sobre o trabalho intelectual humano são considerados como PI a Patente de Invenção, a Patente de Modelo de Utilidade, Marca, o Desenho Industrial e Indicações Geográficas e, além destes, tem-se também o Registro de Software. 32 O poder concedido permite executar procedimentos com intuito de resguardarem os seus direitos, como: ▪ Proibir terceiros, sem o seu consentimento, de produzir, utilizar, vender ou importar a sua invenção, modelo de utilidade, propriedade ou desenho industrial. ▪ Impedir que terceiros reproduzam ou imitem a sua marca. ▪ Tomar medidas contra aqueles que estejam fabricando, importando, exportando, vendendo, expondo, oferecendo à venda ou mantendo em estoque produtos que apresentem falsa indicação geográfica, dentre outros. Sobre a proteção de cultivares (designação dada a determinada forma de uma planta ser cultivada), seu registro se dá no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Visa proibir a livre utilização de plantas ou de suas partes, de reprodução ou de multiplicação vegetativa. Cerne no que tange ao conhecimento, a proteção do conhecimento tácito, os autores Czelusniak, Ribeiro e Dergint (2015) afirmam que, ao contrário do conhecimento explícito, o conhecimento tácito não consegue ser objetivamente apropriado a partir dos direitos de propriedade intelectual vigentes, por ser de difícilexternalização pelo agente ou ator que o titula. Como regra geral, em nosso sistema de proteção da propriedade intelectual (aí inserida a propriedade industrial), há a exigência de que o conhecimento seja explicitado para que seja protegido, assim como para o resguardo de conhecimento tecnológico. Por exemplo, no caso de proteção por patente, o titular deve descrever seu invento de modo que um técnico no assunto possa reproduzi-lo posteriormente. Assim, garante-se a possibilidade de continuidade do desenvolvimento científico e tecnológico 33 a partir de aperfeiçoamentos, concedendo-se em troca ao titular um direito de exploração exclusivo daquela invenção por um determinado período (CZELUSNIAK; RIBEIRO; DERGINT, 2015). Por fim e não menos importante, existe uma legislação para garantir que as patentes e os demais direitos de propriedade intelectual não se oponham aos objetivos da Convenção sobre Diversidade Biológica, e os direitos intelectuais coletivos dos detentores de conhecimento tradicionais sejam respeitados e garantidos (ELOY; VIEIRA; LUCENA, 2014). Os saberes dos povos tradicionais, hoje batizados de “conhecimentos tradicionais” oferecem um “atalho” para a comunidade científica que trabalha principalmente no setor da biotecnologia. O despertar do interesse internacional pela riqueza e diversidade dos conhecimentos tradicionais associados, requer, em contrapartida, uma seara de proteção legal para que se evite tanto a biopirataria como a tomada de posse das terras dos povos detentores desses conhecimentos (ELOY; VIEIRA; LUCENA, 2014). Para tanto, a Constituição Federal de 1988 passou a proteger o patrimônio histórico, ambiental, genético e cultural nos artigos 215 e 216, além do inciso II, do art. 225, com o objetivo de promover a proteção dos conhecimentos seculares e até mesmo milenares das comunidades tradicionais (ELOY; VIEIRA; LUCENA, 2014). 34 Capítulo 10. Utilização do KMCanvas – o Canvas da GC Texto retirado e adaptado de: ZAIDAN, F. H. Implementando a Gestão do Conhecimento. IGTI. Disponível em: <https://t.igti.com.br/click?o=180&a=1059>. Acesso em: 08 out. 2021. Antes de entrar no assunto Canvas, gostaria de mostrar que há muito tempo venho perseguindo uma forma de estruturar a implementação da GC. Nesta perspectiva, publiquei no site do IGTI um artigo que mostra 19 etapas para implementação. O artigo inicia dizendo a importância, antes da ferramenta, do perfeito entendimento do cenário a ser trabalhado, mapeando os processos do conhecimento e compreendendo o fluxo de informações dos colaboradores, bem como o conhecimento tácito deles. O resultado pode ser visto na Figura 4. Estas 19 etapas, apesar de terem sido muito bem aceitas, validadas e implementadas, ainda buscava algo mais pragmático e que realmente agregasse valor para GI e GC nas organizações, e que materializasse a almejada integração do conhecimento, o alinhamento das demandas do conhecimento com os negócios e a TI, com o aporte da ciência da informação, da gestão ágil de projetos e da gestão de processos de negócios. Concluí que esta estrutura seria um Canvas – o KMCanvas®: Canvas da Gestão do Conhecimento. https://t.igti.com.br/click?o=180&a=1059 35 Figura 4 – Etapas para implementação da GC eBook do KMCanvas O KMCanvas foi concebido e implementado utilizando o rigor de uma metodologia, a validação por pares e a implementação das sugestões pertinentes para melhoria. Frameworks, metodologias e modelos de GI e GC estão à disposição e foram utilizados para a concepção do KMCanvas. O KMCanvas também seguiu o direcionamento de premissas para elaboração de um Canvas, o que pode ser visto neste artigo publicado no site do IGTI: 36 ➢ ZAIDAN, F. H. Por que Canvas? IGTI. Disponível em: <https://t.igti.com.br/click?o=496&a=1059>. Acesso em: 08 out. 2021. Características como adaptabilidade e flexibilidade foram privilegiadas na construção do KMCanvas: ▪ Adaptabilidade: se algum dos blocos existentes não se aplicar a um projeto, este poderá ser omitido. Um exemplo: tem-se o bloco gestão documental, cuja aplicação pode não constar no escopo de alguns projetos de GC. ▪ Flexibilidade: não existe uma ordem rigorosa a ser seguida no KMCanvas, o que facilita o remanejamento do fluxo mas as fases e os blocos foram concebidos para terem uma sequência lógica. No entanto, a disponibilidade de recursos em um dado projeto e a experiência de quem estiver conduzindo-o, podem determinar um paralelismo no preenchimento dos blocos ou mesmo intercalá- los. O KMCanvas foi compartimentalizado em 4 fases (ou áreas) e 13 blocos. A Figura 5 mostra a estrutura do KMCanvas. Gostaria de sugerir, fortemente, que seja baixado o eBook (gratuito) do KMCanvas. Nele tem toda explicação e complementação das nossas aulas gravadas, para que vocês possam desenvolver as atividades. Clique aqui para baixar o eBook do KMCanvas https://t.igti.com.br/click?o=496&a=1059 https://kmcanvas.fernandozaidan.com.br/wp-content/uploads/2021/04/eBook-KM-Canvas-®-Fernando-Zaidan.pdf 37 Figuras 5 – Etapas para implementação da GC 38 Figura 6 – Capa do eBook do KMCanvas O KMCanvas pode ser físico (uma folha de papel) ou digital (baseado em um software, um aplicativo). Deve ser colocado um ou mais posts (também físicos ou digitais) em cada bloco, na forma de palavras, frases ou de outra forma que melhor expresse o que se deseja representar. Com o correto preenchimento e finalização dos blocos KMCanvas, será obtido um quadro único com um rico conteúdo. Ao final do preenchimento do KMCanvas teremos um material consistente para a implantação da GC. https://kmcanvas.fernandozaidan.com.br/wp-content/uploads/2021/04/eBook-KM-Canvas-®-Fernando-Zaidan.pdf 39 Capítulo 11. Fatores críticos de sucesso da GI e GC Este capítulo trata dos fatores críticos de sucesso (FCS) na GI e GC, tanto nas organizações públicas, quanto nas privadas. As instituições públicas diferem das privadas em alguns fatores, como em sua finalidade. Enquanto a pública utiliza o recurso do Estado, visa prestação de serviços ao cidadão, interesse coletivo e o bem da coletividade; a privada usa recursos do seu proprietário e visa a geração de lucro, sem a necessidade de prestar contas. No que tange a GC, as privadas têm como foco a satisfação do Cliente e podem valer-se da Inteligência Competitiva. A pública tem responsabilidade com ética (Accountability), que é a obrigação e transparência de membros de um órgão administrativo ou representativo de prestar contas a instâncias controladoras ou a seus representados, para o bem-estar social. Diante disso, a pública tem desafios diferentes, por exemplo, muitas vezes não possui uma cultura e um ambiente voltados para a aprendizagem organizacional e/ou para a inovação. Também, com exceções, não incentivam a educação continuada de seus servidores. Apesar de desafiador, é factível implantar a GC na Administração Pública. Visto estas diferenças e desafios, os FCS são viabilizadores ou pontos-chave que, quando bem executados, definem e garantem o desenvolvimento e o crescimento de uma organização, atingindo seus objetivos. Os FCS na implementação da GI e GC são: ▪ Estar alinhado com a estratégia da organização. ▪ Ter objetivos claros. 40 ▪ Ter apoio dos patrocinadores. ▪ Ter uma estrutura (modelo, framework, Canvas) para implementação. ▪ Definir os indicadores da GI e GC. ▪ Modelar os processos do conhecimento. ▪ Contemplar a espiral do conhecimento. Estes FCS, apesar de contemplarem a maioria das organizações, podem ser específicos para determinados cenários. Cabe ressaltar que esta lista de FCS não é totalmente conclusiva, podendo ser adaptada aos ambientes. Porfim, a cultura da organização pode ser um fator determinante para que os FCS sejam assertivos. 41 Capítulo 12: A prática de GI e GC com as áreas afins No contexto da GI e GC estamos situados em uma interdisciplinaridade com importantes áreas da gestão. Isso conduz para uma interação extremamente proveitosas, pois as melhores práticas serão utilizadas entre estas diversas áreas. A Figura 7 mostra como as áreas de recursos humanos, estratégia, computação e finanças fazem esta interseção. Figura 7 – GI e GC e a interseção das áreas Fonte: Barbosa, 2008 Sobre o caráter interdisciplinar da Ciência da Informação, Saracevic (1996) salienta que tal interdisciplinaridade não precisa ser procurada, ela está presente na evolução da sociedade da informação e tem um importante papel a desempenhar na área social e humana, que ultrapassa a tecnologia. Além disto, diversas disciplinas têm uma participação ativa, como a Psicologia, Linguística, Sociologia, Informática, 42 Matemática, Lógica, Estatística, Eletrônica, Economia, Direito, Filosofia, Política, Telecomunicações, Projetos, Processos, Ciências Comportamentais, Educação, Comunicação, Inteligência dos Negócios, Gestão, Estratégia, dentre outras. Gostaríamos de chamar a atenção para cinco áreas e elencar como suas especificidades e abrangências podem dar um aporte suficiente e necessário para a GI e a GC. Estratégia: ▪ Stakeholders. ▪ Diretrizes. ▪ Direcionamento. ▪ Cenários. ▪ Ambientes. ▪ Planejamento Estratégico. ▪ Objetivos. ▪ Metas. ▪ Justificativas. Um projeto, de qualquer área, deve ser guiado por diretrizes estratégicas que irão determinar sua direção geral e sua viabilidade à luz do previsível e do imprevisível. Além disso, os resultados serão mais fáceis de serem determinados, pois o compromisso inicial estará direcionado. 43 Projetos: ▪ Planejamento. ▪ Marcos. ▪ Tradicional x Ágil. ▪ Prazo. ▪ Custo. ▪ Qualidade. ▪ Premissas. ▪ Restrições. ▪ Riscos. ▪ Backlog. ▪ Sprint. ▪ Dono do projeto. Um projeto pode ser conduzido (gerenciado) dependendo de alguns fatores baseados na gestão tradicional, um padrão globalmente reconhecido. Contudo, a metodologia de gestão ágil, uma abordagem leve para gerenciamento de projetos, é recomendada em diversos casos, pois prega a interação entre os indivíduos, produtos em funcionamento, colaboração com o cliente e prontidão para responder às mudanças. Baseado nessas premissas, a gestão de projetos está intimamente ligada aos projetos de TI e GC. 44 Tecnologia da Informação: ▪ Plataforma. ▪ Ferramentas. ▪ Colaboração. ▪ Proprietárias x Free. ▪ Segurança e Política. ▪ Infraestrutura. ▪ Armazenamento. ▪ Local x Nuvem. ▪ Backup. A TI como aporte para a GI e da GC será um ambiente digital e viabilizará as estratégias para a implementação. As plataformas digitais (modelo de negócio que soma todos os lugares para troca de informações e conhecimentos, bens ou serviços), serão utilizadas dentro e entre as organizações, e a comunidade que interage no intuito de ter escalabilidade, agregar valor e obter vantagens competitivas. Processos de Negócios: ▪ Cadeia de valor. ▪ Descoberta dos processos. ▪ Primários x Suporte x Gerenciamento. ▪ BPM e BPMN. 45 ▪ AS-IS -> TO-BE. ▪ Desempenho. ▪ Simulação. ▪ Implementação. ▪ BPMS. ▪ RPA. Um processo é uma ordenação específica, constituído de elementos com uma série de etapas e tarefas, fluxos, decisões, dentre outros. Processos do conhecimento são aqueles que contemplam todo o conhecimento tácito ou explícito que a organização adquiriu, adquire e vai adquirir no intuito de fornecer produtos e serviços de acordo com seu modelo de negócios. O fluxo do conhecimento na organização trespassa a identificação, criação, retenção, transferência, armazenamento, implementação de uma ferramenta e utilização. No planejamento de um Projeto de GI e GC, se forem detectados os Processos do Conhecimento, um grande passo já será dado rumo ao atingimento dos objetivos. Contudo, se forem modelados os processos no estado AS-IS e TO-BE, pode-se ganhar em eficiência na obtenção dos resultados almejados com a estruturação dos processos. Mais ainda, com os processos do conhecimento modelados, as organizações estarão preparadas para a integração do conhecimento, bem como para as mudanças que fatalmente ocorrerão. 46 Muitas áreas podem estar aliadas, integradas e dar aporte aos projetos de GI e GC. Mas a área de Processos torna-se fundamental quando se pretende implementar qualquer projeto para ter uma visão holística e padronizada. Inteligência dos negócios (BI): ▪ Obtenção dos dados. ▪ Tratamento. ▪ Extração. ▪ Transformação. ▪ Carga. ▪ Métricas. ▪ Indicadores. ▪ Modelagem do DW. ▪ Análises. ▪ Relatórios. ▪ Gráficos. ▪ Dashboards. Se em um projeto de GI e GC almejar um BI, o ganho poderá ser muito valioso, pois com a visão multidimensional dos dados e não uma visão simplista, a organização poderá saltar à frente de seus competidores. Se for implantado a Maturidade da GC, muitos dados e informações estarão disponíveis para serem analisadas. A construção de 47 um Data Warehouse voltado para projeto, especificamente para a Maturidade da GC, promoverá a análise estratégica dos níveis a serem alcançados. Como exemplo, veja estes indicadores que podem ser trabalhados: ▪ Mensagens geradas, armazenadas, disseminadas e utilizadas. ▪ Documentos criados, armazenados e disseminados e utilizados. ▪ Nível e habilidades dos colaboradores. ▪ Colaboração e informações aproveitadas em projetos similares. ▪ Socialização (áreas, pessoas, tempo) e aproveitamento das ideias. Com o BI daremos um passo à frente dos dados e informações sem significado, caminhando para a integração com respostas assertivas para tomada de decisão. 48 Referências ABRAIC - Associação Brasileira dos Analistas de Inteligência Competitiva. Disponível em: <http://www.abraic.org.br>. Acesso em: 20 abr. 2016. ARAÚJO, E. F.; et al. Propriedade intelectual: proteção e gestão estratégica do conhecimento. Revista Brasileira de Zootecnia. v. 39. p 1-10, 2010. BARBIERI, Carlos. Bi2 - Business Intelligence - Modelagem e Qualidade. Rio de Janeiro: Editora Campus Elsevier, 2011. BARBOSA, R. R. 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