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Indaial – 2019 Estática das construçõEs: Estruturas isostáticas Prof. André Valmir Saugo Ribeiro 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2019 Elaboração: Prof. André Valmir Saugo Ribeiro Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: R484e Ribeiro, André Valmir Saugo Estática das construções: estruturas isostáticas. / André Valmir Saugo Ribeiro. – Indaial: UNIASSELVI, 2019. 190 p.; il. ISBN 978-85-515-0385-0 1. Estática. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 624.171 III aprEsEntação Olá, acadêmico! Seja bem-vindo! Para a disciplina proposta, Estática das Construções: Estruturas Isostáticas, foram produzidas três unidades, servindo como base para o aprendizado dos alunos. As três unidades são divididas da seguinte maneira: a primeira unidade aborda os conceitos fundamentais que servirão como base da disciplina, a segunda unidade utiliza os conceitos fundamentais da primeira para calcular e traçar os diagramas de esforços solicitantes dos elementos estruturais apresentados e, a terceira, utiliza as definições fundamentais, também da primeira, para calcular e traçar os diagramas dos esforços solicitantes, além de apresentar e explicar os princípios dos trabalhos virtuais e linhas de influência. Aproveite o material! Prof. André Valmir Saugo Ribeiro IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI VII UNIDADE 1 – ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES .........................................................................1 TÓPICO 1 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS ................................................................................3 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................3 2 NOÇÕES FUNDAMENTAIS ...........................................................................................................3 3 TIPOS DE ELEMENTOS ESTRUTURAIS .....................................................................................9 4 RELAÇÕES FUNDAMENTAIS DA ESTÁTICA ..........................................................................13 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................16 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................17 TÓPICO 2 – ISOSTATICIDADE EM TRELIÇAS E DETERMINAÇÃO DAS REAÇÕES DE APOIO EM ESTRUTURAS ....................................................................................19 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................19 2 CONCEITOS ........................................................................................................................................19 3 EQUILÍBRIO ESTÁTICO ..................................................................................................................20 4 DETERMINAÇÃO DAS REAÇÕES DE APOIO ..........................................................................21 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................29 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................30 TÓPICO 3 – ESTRUTURAS ESPACIAIS, ESFORÇOS SOLICITANTES E TEOREMA FUNDAMENTAL ......................................................................................31 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................31 2 CONCEITOS ........................................................................................................................................31 3 ESFORÇOS SOLICITANTES ...........................................................................................................33 4 TEOREMA FUNDAMENTAL ..........................................................................................................37 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................49 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................57 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................58 UNIDADE 2 – VIGAS E PÓRTICOS .................................................................................................61 TÓPICO 1 – VIGAS ...............................................................................................................................63 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................63 2 CONCEITOS ........................................................................................................................................63 3 VIGA BIAPOIADA SIMPLES..........................................................................................................64 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................70 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................71 TÓPICO 2 – VIGAS COM SUPERPOSIÇÃO DOS EFEITOS ......................................................73 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................73 2 CÁLCULOS ..........................................................................................................................................74 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................84 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................85 sumário VIII TÓPICO 3 – APOIO GERBER .............................................................................................................87 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................872 APOIO GERBER EM VIGAS ...........................................................................................................87 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................95 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................96 TÓPICO 4 – VIGAS INCLINADAS ...................................................................................................97 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................97 2 DETERMINAÇÃO DOS ESFORÇOS SOLICITANTES DE VIGAS INCLINADAS ...........97 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................103 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................104 TÓPICO 5 – PÓRTICOS .......................................................................................................................105 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................105 2 PÓRTICOS SIMPLES ........................................................................................................................105 3 PÓRTICOS COMPOSTOS ...............................................................................................................109 4 ARCOS ..................................................................................................................................................114 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................117 RESUMO DO TÓPICO 5......................................................................................................................119 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................120 UNIDADE 3 – TRELIÇAS, PRINCÍPIO DOS TRABALHOS VIRTUAIS E LINHAS DE INFLUÊNCIA ........................................................................................................123 TÓPICO 1 – TRELIÇAS ........................................................................................................................125 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................125 2 DEFINIÇÃO .........................................................................................................................................125 3 MÉTODO DOS NÓS OU MÉTODO DE CREMONA ................................................................126 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................133 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................134 TÓPICO 2 – MÉTODO DAS SEÇÕES OU DE RITTER ................................................................137 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................137 2 MÉTODO DE RITTER OU MÉTODO DAS SEÇÕES ................................................................137 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................141 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................142 TÓPICO 3 – TRELIÇAS ESPACIAIS .................................................................................................145 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................145 2 TRELIÇA ESPACIAL .........................................................................................................................145 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................150 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................151 TÓPICO 4 – PRINCÍPIO DOS TRABALHOS VIRTUAIS (PTV) ................................................153 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................153 2 PTV ........................................................................................................................................................153 3 PRINCÍPIO DOS DESLOCAMENTOS VIRTUAIS ....................................................................155 4 PRINCÍPIO DAS FORÇAS VIRTUAIS .........................................................................................158 5 MÉTODO DA CARGA UNITÁRIA ...............................................................................................160 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................173 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................174 IX TÓPICO 5 – LINHAS DE INFLUÊNCIA (LI) ...................................................................................175 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................175 2 LINHAS DE INFLUÊNCIA EM ESTRUTURAS ISOSTÁTICAS PLANAS ...........................175 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................181 RESUMO DO TÓPICO 5......................................................................................................................186 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................187 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................189 X 1 UNIDADE 1 ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • relembrar conceitos necessários para o embasamento da estática das construções; • apresentar e explicar as estruturas que serão focadas durante o curso; • explicar a importância da disciplina para a área da construção civil; • explicar conceitos sobre a estática das construções Esta unidade de estudo está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades, estas que reforçarão o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS TÓPICO 2 – ISOSTATICIDADE EM TRELIÇAS E DETERMINAÇÃO DAS REAÇÕES DE APOIO EM ESTRUTURAS TÓPICO 3 – ESTRUTURAS ESPACIAIS, ESFORÇOS SOLICITANTES E TEOREMA FUNDAMENTAL 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS 1 INTRODUÇÃO Uma estrutura pode ser dimensionada para estar em um sistema em equilíbrio ou em movimento. O dimensionamento de uma estrutura leva em consideração sua utilização, como edifícios, pontes, pórticos, estruturas que são dimensionadas para haver equilíbrio. Eixos de motores são exemplos de estruturas que são dimensionadas para movimento. Nesta unidade, será abordado o dimensionamento de estruturas em equilíbrio estático, este voltado para o caso das construções e focando nos elementos estruturais: vigas, pórticos planos e treliças. 2 NOÇÕES FUNDAMENTAIS O primeiro conceito a serabordado é o conceito de força, que pode ser definido como uma ação mecânica de um corpo sobre um ponto material. A ação pode ser representada por um vetor (força interativa) que é aplicado no ponto (LINDENBERG NETO, 1996). Matematicamente, a força interativa é apresentada por um par constituído por um vetor e por um ponto: uma força W é aplicada no ponto Y (Y, W), por exemplo. Segundo Lindenberg Neto (1996), é de suma importância compreender que, quando falamos de uma força interativa, estamos referenciando um vetor aplicado e não um vetor livre. Uma força interativa pode ter sua linha de ação no plano horizontal ou no plano vertical, comumentemente chamadas de forças verticais e forças horizontais. A linha de ação de uma força W aplicada em um ponto Y é a reta que passa pelo ponto Y e é paralela a W. UNIDADE 1 | ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES 4 FIGURA 1 – LINHA DE AÇÃO DA FORÇA W APLICADA EM Y FONTE: Adaptado de Lindenberg Neto (1996, p. 2) Devemos levar em consideração o ponto de aplicação da força, pois uma força aplicada em pontos diferentes de um mesmo sólido produzirá efeitos diferentes. Podemos verificar, a seguir, que a força aplicada no ponto A acarretará ao sólido um movimento de rotação no sentido horário. Entretanto, quando a mesma força é aplicada no ponto B, ocorrerá o movimento de rotação do sólido no sentido anti-horário. Por fim, aplicando uma força no ponto C, não provocará nenhum movimento no sólido. IMPORTANT E FIGURA 2 – DIFERENTES PONTOS DE APLICAÇÃO DE UMA FORÇA EM UMA MESMA BARRA FONTE: Adaptado de Lindenberg Neto (1996, p. 1) Podemos dizer que o momento de uma força em relação a um ponto tem a dimensão do produto por uma determinada distância perpendicular (LINDENBERG NETO, 1996). TÓPICO 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS 5 FIGURA 3 – FORÇA W APLICADA EM UM PONTO A UMA DISTÂNCIA D DA ORIGEM O, GERANDO UM MOMENTO FONTE: Adaptado de Lindenberg Neto (1996, p. 2) Assim: MO WP x d= Em que: WP: é a força aplicada no ponto P. d: é a distância da Origem até o ponto P. A distância d normalmente recebe o nome de braço de alavanca. O momento é medido por unidade de força e uma distância (KNm, Nm, Kgfcm etc.). O sinal do momento pode ser determinado pela regra da mão direita (também chamada de regra do saca-rolha) ou por determinação de sentidos anti-horário e horário. A regra da mão direita é a seguinte: posicionar os dedos da mão direita indicada pela força e o polegar indicará a direção procurada. Polegar entrando no papel: a rotação será no sentido horário. Polegar saindo da folha: a rotação será no sentido anti-horário. Saber tais conceitos sobre força e momento é de suma importância para cálculos estruturais, pois os elementos sofrem ações das grandezas. Para calcularmos os esforços gerados em um elemento estrutural, devemos atribuir apoio ou apoios a uma determinada estrutura que será estudada. IMPORTANT E UNIDADE 1 | ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES 6 Para falarmos sobre estruturas isostáticas na construção civil, devemos conhecer os tipos de apoio utilizados para o dimensionamento de elementos estruturais estáticos. Segundo Sussekind (1981), os apoios fazem restrição de movimentos em um determinado ponto, gerando forças de reações. O primeiro apoio a ser abordado será o apoio simples ou articulação móvel. Este é representado, normalmente, por símbolos. FIGURA 4 – REPRESENTAÇÕES DE APOIO SIMPLES FONTE: Lindenberg Neto (1996, p. 26) O apoio restringe o movimento na direção da reta normal de vinculação. Ainda, permite movimentos paralelos na direção da reta normal da vinculação e movimento de rotação do sólido em torno do ponto vinculado. FIGURA 5 – EXEMPLO DE RESTRIÇÃO DE MOVIMENTO DE APOIO SIMPLES FONTE: Adaptado de Lindenberg Neto (1996, p. 27) A força gerada pela restrição do movimento do apoio é chamada de força de reação do apoio. É uma força com a direção conhecida, porém devemos determinar o sentido e a intensidade em cada caso. A seguir, ilustramos a força de reação de um apoio móvel com o movimento impedido na direção vertical. FIGURA 6 – REAÇÕES DO APOIO SIMPLES DO EXEMPLO SUPRACITADO FONTE: Adaptado de Lindenberg Neto (1996, p. 27) TÓPICO 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS 7 O segundo apoio a ser abordado é o apoio fixo. É representado, normalmente, por símbolos. Vejamos! FIGURA 7 – REPRESENTAÇÕES DE APOIO FIXO FONTE: Adaptado de Lindenberg Neto (1996, p. 27) O apoio restringe o movimento na direção da reta normal de vinculação e permite movimentos de rotação do sólido em torno do ponto vinculado. FIGURA 8 – EXEMPLO DE RESTRIÇÃO DE MOVIMENTO DO APOIO FIXO FONTE: Adaptado de Lindenberg Neto (1996, p. 28) A força gerada pela restrição de movimento de apoio é chamada de força de reação de apoio. É uma força com a direção conhecida, porém devemos determinar o sentido e a intensidade em cada caso. A seguir, ilustramos as forças de reações de um apoio fixo com o movimento impedido nas direções horizontal e vertical. FIGURA 9 – REAÇÕES DE APOIO SIMPLES DO EXEMPLO SUPRACITADO FONTE: Adaptado de Lindenberg Neto (1996, p. 28) UNIDADE 1 | ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES 8 O terceiro apoio a ser comentado é o apoio engastado, e este gerará três reações nas direções X, Y e Z. O apoio engastado normalmente é representado como veremos a seguir. FIGURA 10 – REPRESENTAÇÕES DE APOIO ENGASTADO FONTE: O autor Determinado tipo de apoio restringe o movimento da peça nas direções vertical, horizontal e de rotação. FIGURA 11 – EXEMPLO DE RESTRIÇÃO DE MOVIMENTO DO APOIO ENGASTADO FONTE: Adaptado de Lindenberg Neto (1996, p. 29) Após a rápida abordagem de alguns conceitos necessários para o entendimento da matéria, iremos abordar alguns tópicos de grande importância para base. TÓPICO 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS 9 3 TIPOS DE ELEMENTOS ESTRUTURAIS Falaremos da estrutura de uma edificação focando nos elementos estruturais mais importantes e comuns nas edificações de concreto armado. Uma estrutura é formada por elementos estruturais. Esses elementos têm como objetivos receber e transmitir os efeitos das ações sofridas na estrutura, acarretando deformações. Os tipos de elementos estruturais mais utilizados são as barras, folhas e os blocos. São caracterizados segundo a sua geometria, comparando a ordem de grandeza das três dimensões principais do elemento. As barras têm como principais características dimensões da seção transversal com mesma ordem de grandeza e comprimento maior, diferente ordem de grandeza em relação à seção transversal e seu eixo é uma linha reta ou uma curva aberta. As barras originam sistemas estruturais como vigas, pórticos, treliças, pilares etc. e são encontradas na classe dos elementos estruturais lineares. Pilares são elementos estruturais verticais e, normalmente, tais estruturas estão submetidas a esforços de momentos fletores nas duas direções e por esforço normal para a compressão. Podem ser vistos, a seguir, exemplos de pilares pré- fabricados para a construção de um barracão. FIGURA 12 – PILARES PRÉ-FABRICADOS DE UM BARRACÃO FONTE: O autor As vigas são elementos estruturais horizontais e, normalmente, estão sujeitas a esforços verticais recebidos da laje. Transmitem esses esforços para os pilares ou, então, a uma carga concentrada. Na figura a seguir é mostrada a concretagem de vigas baldrames de uma edificação. UNIDADE 1 | ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES 10 FIGURA 13 – VIGAS BALDRAMES FONTE: O autor Os pórticos são elementos estruturais compostos por elementos horizontais (vigas) e por elementos verticais (pilares). A diferença é que, quando é considerada um pórtico, essa estrutura não é dividida entre pilar e viga, e esses elementos se comportam como um só elemento. Podemos verificar, a seguir, que os pilares e as vigas são entrelaçados formando uma única estrutura e, assim, a estrutura trabalhará toda como uma e não cada elemento individualmente. FIGURA 14 – ESTRUTURA PARA PÓRTICO DE CONCRETO FONTE: <https://www.bibliocad.com/pt/biblioteca/portico-de-concreto_7818/>.Acesso em: 29 abr. 2019. As treliças são estruturas compostas por cinco ou mais unidades triangulares construídas com elementos retos, os quais são interligados por suas extremidades em pontos conhecidos como nós. TÓPICO 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS 11 FIGURA 15 – TRELIÇAS METÁLICAS DE UM BARRACÃO FONTE: <http://www.ebanataw.com.br/trelica/trelica.htm>. Acesso em: 29 abr. 2019 As folhas ou estruturas de superfície apresentam grandes superfícies em relação à espessura. Determinado elemento estrutural origina tipos de estruturas como lajes, placas etc. As folhas encontram-se na classe dos elementos estruturais bidimensionais. As lajes são elementos estruturais que, geralmente, transmitem os esforços para as vigas que as sustentam, transmitindo para os pilares. A seguir, pode ser vista uma laje de madeira suportada por vigas que distribuem a carga para os pilares. FIGURA 16 – LAJE DE MADEIRA FONTE: <https://www.novesengenharia.com.br/tipos-de-lajes-lajes-de-madeira/>. Acesso em: 29 abr. 2019. Os blocos possuem três dimensões com mesma ordem de grandeza, e os blocos de fundação são exemplos de sistemas estruturais formados pelo elemento estrutural bloco. Os blocos encontram-se na classe dos elementos estruturais tridimensionais. Um exemplo está ilustrado a seguir, em que encontramos um bloco de fundação produzido com mais de 1000 m³ de concreto para uma edificação com mais de 40 andares. UNIDADE 1 | ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES 12 FIGURA 17 – BLOCO DE FUNDAÇÃO FONTE: O autor A seguir, são ilustrados esses elementos estruturais supracitados. As figuras a) e b) representam os elementos estruturais lineares, c) representa os bidimensionais e d) os tridimensionais. FIGURA 18 – ELEMENTOS ESTRUTURAIS POR SUA GEOMETRIA FONTE: Bastos (2014, p. 67) ℓ3 ℓ3 ℓ2 ℓ2 ℓ2 ℓ3 ℓ1 ℓ1 ℓ1 ℓ1 ℓ2 bw = ℓ3 h = ℓ3 h TÓPICO 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS 13 4 RELAÇÕES FUNDAMENTAIS DA ESTÁTICA Para que uma estrutura seja considerada isostática, o número de equações de equilíbrio da estática deve ser igual ao número de incógnitas (reações dos apoios). Os exemplos a seguir mostram como verificar se uma estrutura pode ser considerada isostática. EXEMPLO 1 FIGURA 19 – VIGA BIAPOIADA FONTE: Adaptado de Lindenberg Neto (1996, p. 33) Verificamos que há três reações dos apoios (RAH; RAV; RBV). Essas três reações serão determinadas através das três equações fundamentais da estática para uma estrutura plana: 0FH =∑ 0FV =∑ 0MO =∑ Podemos observar que a relação fundamental de uma estrutura isostática é satisfeita, pois temos o mesmo número de incógnitas (reações de apoio) e o mesmo número de equações fundamentais de equilíbrio da estática. EXEMPLO 2 FIGURA 20 – VIGA ENGASTADA FONTE: O autor UNIDADE 1 | ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES 14 Como sabemos, o apoio A é um apoio engastado, o qual não permite movimentos nas três direções X, Y e Z. Assim, gerará três reações no apoio A (Rax, Ray e Ma), como ilustrado a seguir. IMPORTANT E FIGURA 21 – REAÇÕES DE APOIO FONTE: O autor Como no Exemplo 1, temos uma estrutura plana linear. Para encontrarmos as incógnitas, serão utilizadas as mesmas três equações de equilíbrio do Exemplo 1. 0FH =∑ 0FV =∑ 0MO =∑ Portanto, há uma equivalência nas equações a serem utilizadas com o número de incógnitas a ser determinado. Assim, conclui-se que a estrutura do Exemplo 2 é uma estrutura isostática. EXEMPLO 3 FIGURA 22 – EXEMPLO FONTE: O autor 20.0 kN 10 .0 k N TÓPICO 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS 15 Sabemos que o apoio A é um apoio móvel que está impedindo o movimento na horizontal e o apoio B é um apoio fixo que impede o movimento na horizontal e na vertical. Assim, temos uma reação na horizontal para o apoio A, que será denominada de Rax, e duas reações no apoio B, que serão denominadas de Rbx e Rby. Essas reações são ilustradas no sistema a seguir. FIGURA 23 – REAÇÕES DE APOIO FONTE: O autor Verificamos que há três reações de apoio (Rax, Rbx e Rby) e, para determiná- las, serão utilizadas as mesmas três equações de equilíbrio dos Exemplos 1 e 2. Portanto, infere-se que a estrutura do Exemplo 3 é isostática, pois o número de equações é igual ao número de reações dos apoios a serem determinados. A seguir, devemos exercitar a teoria para que, mais à frente, o conceito esteja consolidado, podendo você, acadêmico, resolver problemas mais complexos com os demais conceitos que serão abordados nos itens seguintes. 20.0 kN 10 .0 k N 16 Neste tópico, você aprendeu que: • O grau de estaticidade de uma estrutura é determinado pela análise dos apoios da estrutura, além do número de equações que são utilizadas para determinação das reações de apoio. • Para a estrutura ser considerada isostática, o número de reações de apoio (incógnitas a serem determinadas) deve ser igual ao número de equações de estática. • Se o número de reações de apoio for maior que o número de equações de estática, a estrutura é hiperestática e, se for menor, é considerada hipostática. RESUMO DO TÓPICO 1 17 1 Determinar se as estruturas a seguir são isostáticas. a) b) c) d) AUTOATIVIDADE 18 e) f) g) h) 10.00 kN/m 10.00 kN/m 10.00 kN/m 10.00 kN/m 19 TÓPICO 2 ISOSTATICIDADE EM TRELIÇAS E DETERMINAÇÃO DAS REAÇÕES DE APOIO EM ESTRUTURAS UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Neste tópico, será demonstrado o método de como calcular as reações de apoio dos elementos estruturais. Além disso, será abordada a estrutura treliça e demonstrado o cálculo da sua isostaticidade. 2 CONCEITOS Estruturas reticulares são estruturas geralmente formadas por barras de eixo reto, ligadas por rótulas ou articulações. Exemplos de estruturas reticulares são as treliças e as grelhas. Quando estas são submetidas a cargas aplicadas nos nós apenas, as barras são submetidas a esforços axiais. Soriano (2005) classifica as estruturas em barras de acordo com dois critérios: quanto aos esforços seccionais desenvolvidos nas barras e quanto ao equilíbrio estático das estruturas. De acordo com o primeiro critério, as estruturas reticuladas podem ser classificadas como treliças plana e espacial, pórticos plano e espacial, grelha e estruturas com escoras, tirantes ou cabos. O caso mais geral de estruturas reticuladas é o pórtico espacial pois, a cada ponto nodal, estão associados seis deslocamentos e seis esforços nodais, totalizando doze deslocamentos e doze esforços nodais por barra. Segundo Valle et al. (2013), para obtermos o equilíbrio de uma treliça isostática, devemos respeitar duas condições: (1) Equilíbrio estável (Nós indeslocáveis); (2) Número de incógnitas (W) igual ao número de equações de equilíbrio da estática (E). O número de incógnitas é dado pelo número de reações (R) somado com o número de barras (B). Já o número de equações de equilíbrio é o resultado do número de nós (Z) multiplicado por 2 (esse valor é multiplicado devido à existência de uma equação no eixo e x e outra no y. Assim, deve-se ter W = E. O esquema a seguir representa uma treliça plana com as representações das rótulas e a formação de uma treliça isostática. UNIDADE 1 | ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES 20 FIGURA 24 – TRELIÇA ISOSTÁTICA FONTE: Valle et al. (2013, p. 29) Para a 2ª relação ser satisfeita, W = E Em que W é a soma das reações presentes no sistema com o número total de barras: W = RAH + RBV + RAV + número de barras W = 3 + 11 = 14 E é o total de rótulas ou nós multiplicado por dois. E = 2 x número de nós E = 14 Assim, W = E e, consequentemente, temos uma estrutura isostática. 3 EQUILÍBRIO ESTÁTICO Como já fora supracitado, para obter uma estrutura isostática deve-se ter o número de incógnitas a ser determinado igual ao número de equações de equilíbrio que será utilizado para determinação das incógnitas. Para se obter uma estrutura em equilíbrio isostático, deve-se ter feito o cálculo das equações de equilíbrio: 0FH =∑ 0FV =∑ 0MO =∑ TÓPICO 2 | ISOSTATICIDADE EM TRELIÇAS E DETERMINAÇÃO DAS REAÇÕES DE APOIO EM ESTRUTURAS 21 As equaçõesgarantem que o sistema não esteja em movimento, equilibrando-o. A primeira equação garante que o somatório das forças horizontais seja zero, garantindo que a estrutura não esteja em movimento horizontal. Já a Equação 2 verifica o somatório das forças verticais da estrutura. Caso a condição seja satisfeita, ela garante que o sistema não estará em movimento vertical. Por fim, tem-se a terceira equação, esta que busca verificar os momentos que são aplicados na estrutura e, caso a condição seja satisfeita, garante que o sistema não esteja em movimento de rotação. 4 DETERMINAÇÃO DAS REAÇÕES DE APOIO Para determinarmos as reações de apoio de uma estrutura isostática, utilizamos as equações de equilíbrio. Essas equações determinam que a estrutura esteja em equilíbrio, portanto, não havendo deslocamento. EXEMPLO 1 No caso a seguir, tem-se um exemplo de um caso em que o sistema será satisfeito por essas condições, garantindo que o sistema fique em equilíbrio isostático. Assim, devemos calcular/encontrar as reações dos apoios. FIGURA 25 – ESQUEMA ESTRUTURAL DA VIGA ISOSTÁTICA BIAPOIADA FONTE: O autor Primeiramente, devemos calcular se a estrutura é uma estrutura isostática. Como já explicado anteriormente, pode ser verificada seguindo a especificação de que o número de incógnitas deve ser igual ao número de equações da estática. Assim, temos: IMPORTANT E 1,5 m 4,5 m 25 KN UNIDADE 1 | ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES 22 Número de equações = 3 0FH =∑ 0FV =∑ 0MO =∑ Número de incógnitas a ser calculado pelas equações: RAV, RBV, RBH ------------- 3 incógnitas Assim, temos um sistema isostático. Agora, vamos garantir que o sistema esteja em equilíbrio. Verificando pela primeira equação: Como não temos nenhuma força atuando no eixo x, a força de reação do apoio B no eixo x deve ser 0, RBH = 0. Segunda equação: Verificamos que há três componentes verticais de força, RAV, RBV e 25KN. Assim: RAV + RBV – 25 = 0 Como temos duas incógnitas para uma equação, vamos utilizar a última equação de equilíbrio. É preciso tentar descobrir, pelo menos, uma das incógnitas e, assim, determinar os valores. Portanto, aplicamos o ponto de origem em B e a equação de equilíbrio do momento fletor em relação ao ponto de origem B. Com a origem em B, temos duas forças aplicando o momento em relação ao ponto: a RAV e 25 KN. A força RBV está aplicada sobre o ponto de origem B e, assim, não exerce momento na estrutura a partir do ponto B. A força 25 KN gera um momento positivo em relação ao ponto B, já que gera um momento no sentido anti-horário. A força RAV gera um momento negativo no sentido horário em relação ao ponto B. Assim: 0FH =∑ 0FV =∑ 0MB =∑ TÓPICO 2 | ISOSTATICIDADE EM TRELIÇAS E DETERMINAÇÃO DAS REAÇÕES DE APOIO EM ESTRUTURAS 23 RAV = 18,75 KN Após encontrarmos a força de reação em A (RAV), podemos determinar as demais forças do sistema: RAV + RBV – 25 = 0 RAV + RBV = 25 RBV + 18,75 = 25 RBV = 6,25 KN Determinadas as incógnitas do sistema, garantimos que o sistema esteja em equilíbrio, já que as três equações do sistema em equilíbrio isostático foram satisfeitas. Assim, há o seguinte resultado: 6 25 4,5 0 25 4,5 6 25 4,5 6 RAVx x x RAVx xRAV − + = = = FIGURA 26 – REAÇÕES DE APOIO DA VIGA ISOSTÁTICA BIAPOIADA FONTE: O autor EXEMPLO 2 É preciso calcular as reações de apoio de uma viga com uma carga uniforme de 20KN/m distribuída ao longo da estrutura. FIGURA 27 – EXEMPLO FONTE: O autor UNIDADE 1 | ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES 24 Verificamos que o apoio A é um apoio fixo, ou seja, há duas forças de reação no ponto. Já no ponto B temos um apoio móvel, o que significa apenas uma força de reação. O apoio B está travado na direção vertical. Assim, temos: FIGURA 28 – ESQUEMA ESTRUTURAL Primeiramente, devemos calcular se a estrutura é uma estrutura isostática. Assim: Número de equações = 3 FONTE: O autor 0FH =∑ 0FV =∑ 0MO =∑ Número de incógnitas a ser calculado pelas equações: RAx, RAy, RBy ------------- 3 incógnitas Assim, afirmamos que é uma estrutura isostática, e o próximo passo é determinar as reações dos apoios A e B. Então, são aplicadas as equações de equilíbrio da estática: 0FH =∑ 0FV =∑ 0MO =∑ Sabemos que não há forças externas aplicadas na direção da força da reação Rax. Portanto, o valor é igual a 0, Rax = 0. Para que possamos encontrar a reação Rby, aplicamos o somatório dos momentos em relação ao ponto A. TÓPICO 2 | ISOSTATICIDADE EM TRELIÇAS E DETERMINAÇÃO DAS REAÇÕES DE APOIO EM ESTRUTURAS 25 0 20.3,25.3,25.3,25 0 2 105,625 3,25 MA Rby Rby = − = = ∑ Rby = 32,5 KN A força aplicada pela carga uniforme distribuída é aplicada na metade da distância da aplicação da força, porém em toda a viga. Assim, temos o valor da carga multiplicado pelo comprimento de aplicação da carga e o ponto de aplicação da carga (metade da distância da aplicação da carga). Após a determinação da reação de apoio B (Rby), podemos encontrar a reação de apoio A (Ray) através da equação: 0FV =∑ Rby + Ray – 20 . 3,25 = 0 Ray = 32,5 KN Como as reações foram encontradas com o sinal positivo, adotamos o sentido inicial que foi considerado. O sistema final é apresentado da seguinte forma. FIGURA 29 – REAÇÕES DE APOIO DA VIGA FONTE: O autor EXEMPLO 3 É preciso determinar as reações dos apoios A e B no pórtico. UNIDADE 1 | ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES 26 FIGURA 30 – EXEMPLO DE PÓRTICO FONTE: O autor O primeiro passo é determinar se a estrutura é isostática. Sabemos que, para uma estrutura plana ser considerada isostática, o número de equações a ser utilizado deve ser igual ao número de incógnitas ou reações a ser determinado. IMPORTANT E 0FH =∑ 0FV =∑ 0MO =∑ Serão utilizadas três equações de equilíbrio para determinação das reações dos apoios A e B. Como o apoio A é um apoio fixo, este gera duas reações de apoio (Ray e Rax), já o apoio B é um apoio móvel que acarreta uma força de reação (Rby), pois está travado na direção vertical. Como o número de incógnitas é igual ao número de equações de equilíbrio a ser utilizado, a estrutura é considerada isostática. O sistema com as reações dos apoios e as forças externas aplicadas é apresentado a seguir. TÓPICO 2 | ISOSTATICIDADE EM TRELIÇAS E DETERMINAÇÃO DAS REAÇÕES DE APOIO EM ESTRUTURAS 27 FIGURA 31 – ESQUEMA ESTRUTURAL FONTE: O autor O próximo passo é aplicar as equações de equilíbrio para encontrar os valores das reações de apoio. Começaremos aplicando a equação de equilíbrio para as forças em relação ao eixo X. 0FH =∑ Rax + 20 = 0 Rax = –20 KN Como o resultado da força de reação Rax foi negativo, deverá ser feita a inversão no sentido da força, indicando ser no sentido oposto ao da força externa aplicada na estrutura e no sentido oposto ao adotado no sistema inicial. Para encontrarmos a força de reação no apoio B (Rby), verificamos as forças que geram momento fletor em relação ao ponto A. 0MA =∑ Rby . 1,95 – 20 . 1,81 = 0 Rby = 18,56 KN Para encontrar a reação do apoio A, é preciso aplicar a equação de equilíbrio das forças verticais. UNIDADE 1 | ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES 28 0FV =∑ Ray + Rby – 30 = 0 Ray = 11,44 KN Com a determinação de todas as reações de apoio, apresenta-se o esquema do sistema da estrutura final. FIGURA 32 – REAÇÕES DE APOIO FONTE: O autor 29 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • As reações de apoio (incógnitas) são determinadas a partir das equações de equilíbrio da estática. • A maneira de calcular a isostaticidade de uma treliça é diferente da maneira que é calculada a isostaticidade de vigas e pórticos. • As reações de apoio são dependentes das cargas externas aplicadas na estrutura. 30 1 Calcule as reações de apoio das estruturas a seguir: a) b) c) d) e) AUTOATIVIDADE 25.00 kN/m 25.00 kN/m 30 .0 k N 30.0 kN/m 60 .0 k N 20.0 kN 1.95 m 1.95 m 1.95 m 1.95 m 1.95 m 1.02 m 1.09 m 31 TÓPICO 3 ESTRUTURAS ESPACIAIS, ESFORÇOS SOLICITANTES E TEOREMA FUNDAMENTAL UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃONeste tópico, serão abordados os conceitos de isostaticidade em algumas estruturas espaciais e os conceitos e cálculos dos esforços solicitantes em estruturas planas. 2 CONCEITOS Conforme Lindenberg Neto (1996), uma estrutura pode ser chamada de estrutura espacial quando os eixos das diversas barras não estão contidos em um mesmo plano. Quando uma estrutura é considerada espacial, englobará três dimensões. Suas condições isostáticas são muito parecidas com as condições das estruturas planas, porém com uma equação de equilíbrio a mais. A seguir, é ilustrada uma estrutura espacial. FIGURA 33 – ESTRUTURA ESPACIAL FONTE: Valle et al. (2013, p. 22) RCY RCX RCZ RBX RBY B RAY RAZ RAX D 2tf 4tf A C RBZ 32 Verificamos que existem três apoios fixos com três reações cada (Rax; Ray; Raz; Rbx; Rby; Rbz; Rcx; Rcy; Rcz), três cabos e quatro nós. A isoestaticidade é determinada pelo número de apoios fixos multiplicado pelo número de incógnitas a ser determinado e somado pelo número de cabos ou barras. O resultado deve ser igual ao número de nós multiplicado pelo número ocupado dimensionalmente pela estrutura. Assim, verifica-se que: W = 3 x 3 + 3 = 12 E = 3 x 4 = 12 Como W = E, então a condição isostática é satisfeita. Para um pórtico espacial engastado, a condição é mostrada a seguir. FIGURA 34 – PÓRTICO ESPACIAL FONTE: Valle et al. (2013, p. 23) A condição de isoestaticidade é calculada pela quantidade de incógnitas a ser determinada, devendo ser a mesma quantidade de equações de equilíbrio. Assim: 0Fx =∑ 0Fy =∑ 0Fz =∑ 0Mx =∑ 0My =∑ 0Mz =∑ 5.00m 4.00m 3.00m Y X Z 4tf 1tf 2tf Ray May Rax Max Raz Maz 33 O número de equações de equilíbrio e a quantidade de incógnitas (forças/ momentos de reação) geradas pelo apoio (Rax; Ray; Raz; Max; May; Mas) são seis. Assim, verifica-se que a condição de isoestaticidade da estrutura é satisfeita. 3 ESFORÇOS SOLICITANTES Para caracterizar o estado de tensão dos pontos de uma estrutura constituída por barras, é preciso determinar as tensões que atuam nos três planos perpendiculares entre si, dois a dois. Para o caso de barras, um dos planos sempre será o plano da seção transversal. Portanto, a determinação das tensões nas seções transversais das barras é um dos temas que será estudado (LINDENBERG NETO, 1996). Segundo Lindenberg Neto (1996), para obter as tensões que atuam em uma seção transversal da barra, é preciso supor que haja um corte separando as seções transversais e determinar as forças distribuídas que atuam na seção cortada e que equilibram cada uma das partes da barra. Contudo, a obtenção direta das tensões não é simples e a resistência dos materiais realiza o cálculo de maneira indireta por intermédio dos esforços solicitantes. Os esforços solicitantes são aqueles obtidos pela redução das tensões no centro de gravidade (G) de uma seção transversal. A redução das tensões em G consiste em aplicar, no ponto, dois esforços; (1) , que é a resultante das tensões; (2) , o momento que as tensões têm em relação a G. Pela Lei da Ação e Reação, a ação que uma parte da seção exerce sobre a outra é representada pelas tensões, que são as forças distribuídas nos pontos da seção transversal, não sendo estas representadas pelos esforços solicitantes, que são os esforços concentrados (LINDENBERG NETO, 1996). Podemos dizer que os esforços solicitantes decorrem das tensões. Eles representam a ação que uma parte da barra exerce sobre a outra. Esses esforços pontuais acarretam uma força e um momento mecanicamente equivalentes ao sistema que foi reduzido. Sabendo que o sistema está em equilíbrio, tanto na parte 1 quanto na parte 2, os esforços externos aplicados e os esforços solicitantes para cada parte também se encontram em equilíbrio. Assim, verificamos que os esforços solicitantes são muito atraentes e úteis, pois são fáceis para determinação. Uma vez conhecidos os esforços externos e entendendo que o sistema se encontra em equilíbrio, a determinação dos esforços solicitantes pode ser dada através da utilização das equações de equilíbrio (LINDENBERG NETO, 1996). Conforme será mostrado a seguir, as tensões nos pontos de uma viga são diretamente proporcionais aos esforços solicitantes que atuam nas seções transversais. As maiores tensões se apresentam com os maiores esforços solicitantes (LINDENBERG NETO, 1996). R M 34 Segundo Lindenberg Neto (1996), a seção mais perigosa de uma estrutura formada por barras é, portanto, a seção na qual há a combinação mais desfavorável de esforços solicitantes, havendo as maiores tensões na estrutura. Em uma estrutura formada por barras, determina-se a seção crítica por meio dos diagramas de esforços solicitantes. Para compreender o que são os diagramas de esforços solicitantes, será utilizada uma viga para exemplificá-los. O sistema constituído pela viga é plano e são consideradas planas as estruturas constituídas por barras cujos eixos se situam em um plano. EXEMPLO 1 FIGURA 35 – EXEMPLO FONTE: O autor O primeiro passo é determinar as incógnitas da estrutura, que são as reações de apoio. Como a estrutura é plana, há três reações de apoio para determinação e três equações de equilíbrio, verifica-se que a estrutura é uma estrutura isostática. Assim, o sistema tem o seguinte formato: FIGURA 36 – ESQUEMA ESTRUTURAL FONTE: O autor 15 .0 k N 15 .0 k N 3.00 m 8.12 m 3.00 m 8.12 m 35 As reações de apoio serão determinadas com as seguintes equações de equilíbrio: 0Fx =∑ 0Fy =∑ 0MO =∑ Primeiramente, vamos aplicar a equação do momento com o ponto de origem em A e, então, determinar a reação de apoio Rcy. Temos: 0 8,12 15 3 0 45 8,12 MA Rcyx x Rcy = − = = ∑ Rcy = 5,54 KN Após a determinação da reação Rcy, determinaremos a reação do apoio A no eixo Y (Ray). 0 15 0 5,54 15 0 5,54 15 0 Fy Ray Rcy Ray Ray = + − = + − = + − = ∑ 9,46Ray = KN Por fim, determinaremos a reação do apoio A no eixo X. Como não temos nenhuma força externa no eixo X e apenas uma reação no eixo, a resultante da reação é 0 KN. Com as reações de apoio podemos traçar o diagrama de esforço cortante e o momento fletor. Antes de traçar os diagramas, é importante destacar como é feita a convenção dos sinais dos esforços solicitantes. QUADRO 1 – CONVENÇÃO DE SINAIS PARA OS ESFORÇOS SOLICITANTES Esforço Solicitante Sinal positivo Sinal negativo Normal Tração Compressão Cortante Giro do trecho analisado no sentido horário Giro do trecho analisado no sentido anti-horário Momento fletor Tração das fibras inferiores da barra Tração das fibras superiores da barra FONTE: Adaptado de Lindenberg Neto (1996) 36 Os sinais dos esforços solicitantes (Normal, Cortante e Momento Fletor) são demonstrados a seguir. FIGURA 37 – CONVENÇÃO DE SINAIS PARA OS ESFORÇOS SOLICITANTES EM UMA VIGA FONTE: O autor Após a colocação, verificamos que, até os três metros, com o ponto de referência em A, tem-se o esforço cortante atuante somente na reação do apoio A (apoio esquerdo da estrutura, ou seja, o apoio fixo). Após os três metros, tem-se o esforço cortante da reação de apoio em A menos o esforço cortante resultante da carga aplicada no ponto B. Portanto, o gráfico do esforço cortante é constante até os três metros, com esforço gerado pela reação do apoio A. Após os três metros também é constante, porém, será o esforço cortante gerado pela reação do apoio em A menos a força aplicada no ponto B. O diagrama de esforço cortante é mostrado a seguir. FIGURA 38 – DIAGRAMA DE ESFORÇO CORTANTE FONTE: O autor Podemos, também, traçar o diagrama de momento fletor. Esse diagrama pode ser representado pela equação Q = Ray.x para o trecho A até B, em que x vai de 0 até 3 metros. Ainda, Q = Rcy.x do trecho C até B, em que x tem o valor de 0 até 5,12 metros. 9.5 -5.5 TÓPICO 3 | ESTRUTURAS ESPACIAIS, ESFORÇOS SOLICITANTES E TEOREMA FUNDAMENTAL 37 FIGURA 39 – DIAGRAMA DE MOMENTO FLETOR FONTE: O autor Após serem traçadosos diagramas, verifica-se que o momento fletor máximo está localizado no ponto B, em que está aplicada a força de 15 KN. 4 TEOREMA FUNDAMENTAL É constituído pela forma mais simples, rápida e segura para determinar os esforços solicitantes que atuam em uma seção transversal de uma barra (LINDENBERG NETO, 1996). Vamos exemplificar o teorema através de uma viga poligonal com um corte representado pela letra S (seção). Determinaremos os esforços solicitantes na seção S reduzindo seu centro de gravidade ou todos os esforços externos aplicados à direita e à esquerda do corte. FIGURA 40 – EXEMPLO FONTE: Adaptado de Lindenberg Neto (1996, p. 97) Para determinação dos esforços, iremos relembrar os tópicos que foram abordados antes do teorema fundamental. Sabe-se que, como o apoio A é um engaste e é uma estrutura plana, temos três incógnitas ( ) para ; ;AH AV AF F M 28.4 38 UNIDADE 1 | ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES FIGURA 41 – RESOLUÇÃO FONTE: Adaptado de Lindenberg Neto (1996, p. 97) Sabemos que, a partir do ponto S, iremos determinar um momento fletor, uma reação das forças externas na componente x e uma na componente y. Começaremos a determinar o momento fletor, este que irá ser causado pelas forças externas na seção S: 0 60 30 170 0 Ms Ms = + − + = − ∑ 200Ms = KN.m A força de 30 KN aplicada no ponto D causará um momento fletor de 60 KN.m. Assim, 30KN x 2m. Como a força ocasiona um movimento de rotação no sentido anti-horário, o sinal do momento é positivo, resultando em +60KN.m. A força de 30 KN aplicada no ponto F causará um momento fletor de 30KN.m, pois 30KN x 1m. Como essa força resulta em um movimento de rotação no sentido horário, o sinal do momento é negativo, resultando em -30KN.m. determinar e três equações do equilíbrio. Assim, como o número de incógnitas a ser determinado é igual ao número de equações utilizadas para determinação, pode-se afirmar que a estrutura é uma estrutura isostática. Após verificação da isoestaticidade da estrutura, vamos determinar as reações de apoio e os esforços solicitantes na seção feita pelo corte da estrutura. Podemos olhar tanto para o lado direito como o lado esquerdo da estrutura. Contudo, o lado esquerdo não tem esforços externos aplicados, e sim reações do apoio a serem determinadas. Logo, começaremos a analisar a estrutura olhando para o lado direito da seção S. TÓPICO 3 | ESTRUTURAS ESPACIAIS, ESFORÇOS SOLICITANTES E TEOREMA FUNDAMENTAL 39 A força de 85 KN é aplicada no ponto C, resultando em um momento fletor de 170 KN.m, já que o momento é calculado por 85KN x 2m. Como a força resulta de um movimento de rotação no sentido anti-horário, o sinal do momento é positivo: +170KN.m. O resultado do momento em S representa que o momento que está aplicado na seção transversal S tem sentido horário, fazendo com que as fibras abaixo do centro de gravidade sejam tracionadas. O próximo passo é determinar a força que está sendo aplicada nas componentes horizontal (X) e vertical (Y) na seção S. Assim: 0Fx =∑ 0Fy =∑ As forças aplicadas na componente vertical são as forças de 85KN, força positiva, pois está sendo aplicada no sentido positivo do eixo Y (para cima), e 30Kn, força negativa, pois está sendo aplicada no sentido negativo do eixo Y (para baixo). As duas forças aplicadas na componente horizontal são as forças de 85KN. Assim, temos: 85 30 0 85 30 0 Fsy Fsx + − = =− − + = = 55 55 Fsy KN Fsx KN Com a determinação dos esforços solicitantes na seção S, temos o resultado ilustrado a seguir. FIGURA 42 – REAÇÕES DA SEÇÃO FONTE: Adaptado de Lindenberg Neto (1996, p. 97) 40 UNIDADE 1 | ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES Após a determinação das forças e momentos atuantes na seção S, verificamos que, pelo princípio da ação e reação, as forças que atuam no lado esquerdo da seção S são as mesmas que atuam na análise da direita, porém com direções opostas. FIGURA 43 – EXEMPLO FONTE: O autor Para determinar as reações do apoio A, aplicamos as três equações de equilíbrio. Após o cálculo, verificamos que, no caso, as reações do apoio A são os mesmos valores das reações da seção S, porém com sentidos opostos. Assim, as reações do apoio A apresentam os valores e as orientações são mostradas. FIGURA 44 – REAÇÕES DE APOIO Após a determinação das reações de apoio, podemos traçar o diagrama dos esforços solicitantes do sistema com a seção S. Os diagramas dos esforços solicitantes ficaram da seguinte forma. FONTE: O autor 55.0 kN 170.0 kNm 55 .0 k N 267.7 kNm 55.0 kN 55 .0 k N TÓPICO 3 | ESTRUTURAS ESPACIAIS, ESFORÇOS SOLICITANTES E TEOREMA FUNDAMENTAL 41 FIGURA 45 – DIAGRAMA DE ESFORÇO NORMAL FONTE: O autor FIGURA 46 – DIAGRAMA DE ESFORÇO CORTANTE FONTE: O autor -55.0 -55.0 -3 0. 0 -30.0 -30.0 -55.0 0. 1 -55.0 30.0 -55.0 -30.1 -30.0 -30.0 42 UNIDADE 1 | ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES FIGURA 47 – DIAGRAMA DE MOMENTO FLETOR EXEMPLO 2 A seguir, um exemplo da viga apoiada com uma carga concentrada. Serão traçados os diagramas de esforços solicitantes. FONTE: O autor FIGURA 48 – EXEMPLO FONTE: O autor O sistema da estrutura fica da seguinte maneira: 146.3 90.1 90.1 201.4 29.7 29 .7 29 .8 29.8 30.130.1 15 .0 k N 3.00 m 8.12 m TÓPICO 3 | ESTRUTURAS ESPACIAIS, ESFORÇOS SOLICITANTES E TEOREMA FUNDAMENTAL 43 FIGURA 49 – ESQUEMA ESTRUTURAL FONTE: O autor O primeiro passo é fazer a verificação da isoestaticidade da estrutura. 0Fx =∑ 0Fy =∑ 0MO =∑ Assim, afirma-se que a estrutura é isostática. Como não há forças externas aplicadas no eixo horizontal X, a reação do apoio A (Rax) é igual a 0. 0 .8,12 15.3 0 0 15 0 15 5,54 MA Rby Fy Ray Rby Ray = − = = = + − = = − = ∑ ∑ 5,54 9,46 Rby KN Ray KN Após a determinação das reações de apoio, serão calculados os esforços solicitantes. Podemos determinar através do teorema fundamental. Na sequência, fazer a divisão da viga com a seção S e optar pela redução na seção do corte através dos esforços externos à esquerda ou à direita. 15 .0 k N 44 UNIDADE 1 | ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES FIGURA 50 – APLICAÇÃO DO TEOREMA FUNDAMENTAL FONTE: O autor Para o caso, será analisado, primeiramente, o trecho de B até S. Após a decisão tomada de qual trecho será estudado, serão determinados os diagramas dos esforços solicitantes, sendo o diagrama de momento fletor, esforço cortante e esforço normal. Para o trecho de B até S, as equações do esforço cortante e do momento fletor são definidas por: Esforço cortante para o trecho B até S, sendo que x varia de 0 até 5,12. Qs = Rby Qs = –5,54 KN Momento fletor para o trecho B até S, sendo que x varia de 0 até 5,12. Ms = Rby.x Como a equação do momento é linear, será representada por uma reta no diagrama. Para x = 0: Ms = 0 KN.m Para x = 5,12: Ms = 28,36 KN.m Para o trecho de apoio A até a seção S, x varia de 0 até 3 metros. Esforço cortante: Qs = + 9,46 KN Momento fletor: 15 .0 k N 3.00 m 8.12 m TÓPICO 3 | ESTRUTURAS ESPACIAIS, ESFORÇOS SOLICITANTES E TEOREMA FUNDAMENTAL 45 Ms = Ray.x Ms = 9,46.x Para x = 0: Ms = 0 KN.m Para x = 3: Ms = 28,38 KN.m Como nenhum esforço solicitante é apresentado na horizontal, o esforço normal solicitante é igual zero. Portanto, são mostrados os diagramas de esforço cortante e momento fletor. IMPORTANT E FIGURA 51 – DIAGRAMA DE ESFORÇO CORTANTE FONTE: O autor FIGURA 52 – DIAGRAMA DE MOMENTO FLETOR FONTE: O autor EXEMPLO 3 O próximo exemplo será feito com uma carga distribuída em uma viga biapoiada: 9.5 -5.5 28.4 46 UNIDADE 1 | ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES FIGURA 53 – EXEMPLO FONTE: O autor O primeiro passo será determinar as reações dos apoios A e B. Serão utilizadas as relações de equilíbrio a seguir: 0Fx =∑ 0Fy =∑ 0MO =∑ A primeira equação da estática não será aplicada no exemplo porque não se tem força externa no eixo X. Assim, a reação do apoio A no eixo X será 0. 0 50.2.2 .2 0 2 0 50.2 0 100 100 50 MA Rby Fy Ray Rby Ray Rby Ray =− + = = = − + = = − = − = ∑ ∑ 50 50 Rby KN Ray KN Após a determinação das reações de apoio, utiliza-se o teorema fundamental da estática, fazendo o corte ou a seção para determinar os esforços solicitantes na seção transversal da viga. 50.00 kN/m 2.00 m TÓPICO 3 | ESTRUTURAS ESPACIAIS, ESFORÇOS SOLICITANTES E TEOREMA FUNDAMENTAL 47 FIGURA 54 – APLICAÇÃO DO TEOREMA FUNDAMENTAL FONTE: O autor A seção S foi determinada a partir do apoio A. Assim, para o trecho A até S: FIGURA 55 – ANÁLISE DA SEÇÃO DO APOIO A ATÉ A SEÇÃO S FONTE: O autor Assim, são apresentadas as equações dos esforços cortante e momento fletor para o trecho. A incógnita x varia seu valor de 0 até 2: Q = –50.x + 5 Quando x = 0: Q0 = 50 KN Quando x = 1: Q1 = 50 KN Quando x =2: Q2 = –50 KN Após a determinação dos esforços cortantes em 0, 1 e 2, traça-se o diagrama de esforço cortante. 50.00 kN/m 50.00 kN/m 50.00 kN/m 2.00 m 48 UNIDADE 1 | ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES FIGURA 56 – DIAGRAMA DE ESFORÇO CORTANTE FONTE: O autor Para o momento fletor, para desenhar o diagrama, é utilizada uma equação de segundo grau. Assim, o diagrama apresentado será uma parábola. 2 50. 50. 2 xMs x= − + Quando x=0: Ms = 0 KN.m Quando x=1 Ms = + 25 KN.m Quando x=2 Ms = 0 KN.m Após a determinação do momento fletor em 0, 1 e 2, traça-se o diagrama de momento fletor. FIGURA 57 – DIAGRAMA DE MOMENTO FLETOR FONTE: O autor 49.9 0.2 -49.9 2.00 m 2.00 m 24.9 TÓPICO 3 | ESTRUTURAS ESPACIAIS, ESFORÇOS SOLICITANTES E TEOREMA FUNDAMENTAL 49 LEITURA COMPLEMENTAR DIAGRAMAS DE FORÇA CORTANTE (CISALHAMENTO) E MOMENTO FLETOR Elementos estreitos que suportam cargas aplicadas perpendicularmente ao seu eixo longitudinal são chamados de vigas. Em geral, as vigas são barras compridas retas com área da seção transversal constante. Elas são classificadas conforme seus apoios. Por exemplo, uma viga simplesmente apoiada tem um apoio fixo em uma extremidade e está apoiada em roletes (apoio móvel). Uma viga em balanço é engastada em uma extremidade e livre na outra. Uma viga apoiada com extremidade em balanço tem uma ou ambas as extremidades em balanço. Certamente, as vigas são consideradas o mais importante de todos os elementos estruturais. Exemplos incluem elementos usados para apoiar os pisos dos edifícios, o tabuleiro de uma ponte ou a asa de um avião. Viga simplesmente apoiada Viga em balanço Viga apoiada com extremidade em balanço Devido às cargas aplicadas, as vigas desenvolvem força cortante (cisalhante) interna e momento fletor que, em geral, variam de ponto para ponto ao longo do eixo da viga. A fim de projetar a viga adequadamente, é necessário, primeiramente, determinar o cisalhamento e o momento máximos na viga. Um modo de fazer isso é expressar V e M como funções de uma posição arbitrária x ao longo do eixo da viga. Essas funções de cisalhamento e momento são então aplicadas e representadas por gráficos denominados diagramas de força cortante e momento fletor. Os valores máximos de V e M são então obtidos a partir desses gráficos. Usamos o método das seções para determinação da carga interna em um ponto específico do elemento. Entretanto, se tivermos de determinar V e M internos como funções de x ao longo da viga, será preciso localizar o cone imaginário a uma distância arbitrária x da extremidade da viga e definir V e M em termos de Figura 6.1 UNIDADE 1 | ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES 50 x. Assim, a escolha da origem e a direção positiva para qualquer x selecionado são arbitrárias. É mais comum, porém, localizar a origem na extremidade esquerda da viga e a direção positiva da esquerda para a direita. Em geral, as funções de cisalhamento interno e momento fletor obtidas em função de x são descontínuas, ou seu declive é descontínuo nos pontos. Assim, tais funções devem ser determinadas para cada região da viga localizada entre quaisquer duas descontinuidades da carga. Por exemplo: as coordenadas x1, x2 e x3 têm de ser usadas para descrever a variação de V e M em todo o comprimento da viga. Essas coordenadas são válidas apenas nas regiões de A a B, no caso de x1, de B a C no caso de x2 e de C a D no caso de X3. x1 x2 x3 A B C D w0 Figura 6.2 Convenção de sinal de viga Antes de apresentar um método para determinar o cisalhamento e o momento fletor como funções de x e depois relacionar as funções (diagramas de força cortante e de momento fletor), é necessário estabelecer uma convenção de sinal para definir a força cortante interna “negativa” e a “positiva” e o momento fletor. Apesar de a escolha da convenção de sinal ser arbitrária, usaremos a convenção geralmente adotada na prática da engenharia e mostrada a seguir. As direções positivas são as seguintes: a carga distribuída atua sobre a viga no sentido de cima para baixo, a força cortante interna provoca rotação no sentido horário e o momento interno provoca compressão nas fibras superiores. As cargas opostas a essas direções são consideradas negativas. Carga distribuída positiva Cisalhamento interno positivo Momento interno positivo Convenção de sinal de viga w(x) V V M M Figura 6.3 TÓPICO 3 | ESTRUTURAS ESPACIAIS, ESFORÇOS SOLICITANTES E TEOREMA FUNDAMENTAL 51 Procedimento de análise Os diagramas de força cortante e momento fletor de uma viga são construídos por meio do seguinte procedimento. Reações de apoio “Determinar todas as forças reativas e conjugados que atuam sobre a viga e desdobrar em componentes todas as forças que atuam perpendicular e paralelamente ao eixo da viga”. Funções de cisalhamento e momento fletor: • Especificar coordenadas separadas x com origem na extremidade esquerda da viga. • Selecionar a viga perpendicular a seu eixo a cada distância x e desenhar o diagrama de corpo livre de um dos segmentos. Certificar-se de que V e M sejam mostrados atuando no sentido positivo, de acordo com a convenção de sinal mostrada na Figura 6.3. • A força cortante é obtida somando as forças perpendiculares ao eixo da viga. • O momento é obtido somando os momentos em torno da extremidade selecionada do segmento. Diagramas de Força Cortante e Momento Fletor • Esquematizar o diagrama de força cortante (V versus X) e o diagrama de momento fletor (M versus X). Se os valores numéricos das funções que descrevem V e M forem positivos, serão desenhados acima do eixo x, ao passo que os valores negativos serão desenhados abaixo do eixo. • Em geral, é conveniente mostrar os diagramas de força cortante e momento fletor diretamente abaixo do diagrama de corpo livre da viga. Método gráfico para construir os diagramas de força cortante (cisalhamento) e momento fletor Nesta seção, discutimos um método mais simples para construir os diagramas de força corante e momento — um método baseado em duas relações infinitesimais que existem entre carga distribuída, cisalhamento e momento. Regiões de carga distribuída Consideremos a viga mostrada na Figura 6.10a, submetida a um carregamento arbitrário. O diagrama de corpo livre de um pequeno segmento ∆x da viga é mostrado na Figura 6.10b. Uma vez que esse segmento foi escolhido em uma posição x onde não há carga concentrada ou conjugado, os resultados a serem obtidos não se aplicarão aos pontos de carga concentrada. UNIDADE 1 | ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES 52 Observe que todas as cargas mostradas no segmento atuam na direção positiva de acordo com a convenção de sinal estabelecida (Figura 6.3). Além disso, tanto a força cortante resultante interna quanto o momento interno devem sofrer uma pequena alteração finita, mantendo o segmento em equilíbrio. A carga distribuída foi substituída pela força resultante w (x) ∆x que atua a uma distância fracionária k (∆x) a partir da extremidade direita, onde O < k < 1 [por exemplo, se w (x) for uniforme, k=1/2]. Aplicando as duas equações de equilíbrio do segmento, temos: Figura 6.10 2 0; ( ) ( ) 0 ( ) ( 0; ( ) [ ( )] ( ) 0 ( ) ( ) Fy V w x x V V V w x x Mo V x M w x x k x MM M V x w x k x + ↑ = − ∆ − + ∆ = ∆ = − ∆ + = − ∆ − + ∆ ∆ + + ∆ = ∆ = ∆ − ∆ ∑ ∑ Dividindo por ∆x e calculando o limite quando ∆x→0, as duas equações anteriores tornam-se: dM V dx = ( )dV w x dx = − declive do diagrama de cisalhamento em cada ponto – intensidade da carga distribuída em cada ponto = declive do diagrama de momento em cada ponto cisalhamento em cada ponto = (6.1) (6.2) Diagrama de corpo livre do segmento ∆x Área da seção transversal do segmento(b) w(x)∆x k(∆x) w(x) M+∆M ∆x V+∆V N A V M O (a) w(x)F1 F2 M1 M2 C ∆xx TÓPICO 3 | ESTRUTURAS ESPACIAIS, ESFORÇOS SOLICITANTES E TEOREMA FUNDAMENTAL 53 As duas equações oferecem um meio conveniente para obter rapidamente os diagramas de força cortante e momento de uma viga. A Equação 6.1 diz que, em determinado ponto do diagrama de força cortante, o declive é igual à intensidade negativa da carga distribuída. Consideremos, por exemplo, a viga da Figura 6.11a. A carga distribuída é positiva e aumenta de zero até wb. Portanto, o diagrama de força cortante será uma curva com declive negativo, aumentando de zero a -wb. Os declives específicos wa = 0, -wc, wd e -wb são mostrados na Figura 6.11b. De maneira similar, a Equação 6.2 menciona que, em determinado ponto, o declive do diagrama de momento é igual à força cortante. Observe que o diagrama de força cortante da Figura 6.11b começa em + Va, decresce para zero, torna-se negativo e decresce para – Vb. O diagrama de momento terá, então, um declive inicial de + Va, que decresce para zero. Assim, o declive torma-se negativo e decresce para -Vb. Os declives específicos Va, Vc, Vd, 0 e -Vb são mostrados na Figura 6.11c. As equações 6.1 e 6.2 também podem ser reescritas sob a forma dV = -w (x) dx e dM = Vdx. Observando que w (x) dx e V dx representam áreas infinitesimais sob a carga distribuída e o diagrama de força cortante, respectivamente, podemos integrar as áreas entre quaisquer dois pontos C e D da viga (Figura 6.11d) e escrever: (6.3)mudança de força cortante – área sob a carga distribuída = ( )V w x dx∆ = −∫ mudança de momento área sob o diagrama de força cortante = (6.4) ( )M V x dx∆ = ∫ A Equação 6.3 demonstra que a mudança de força cortante entre os pontos C e D é igual à área (negativa) sob a curva da carga distribuída entre esses dois pontos (Figura 6.11d). De modo semelhante, pela Equação 6.4, a mudança de momento entre C e D (Figura 6.11f) é igual à área sob o diagrama de força cortante na região C a D. 54 UNIDADE 1 | ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES Figura 6.11 Como dissemos antes, as equações anteriores não se aplicam em pontos onde atuam força concentrada e conjugados. Regiões de força concentrada e momento fletor O diagrama de corpo livre do pequeno segmento mostrado na Figura 6.10ª, visualizado sob uma das forças, aparece na Figura 6.12ª. Pode-se observar que é necessário equilíbrio de forças. (6.5) 0; ( ) 0Fy V F V V V F + ↑ = − − + ∆ = ∆ = − ∑ Assim, quando F atua de cima para baixo sobre a viga ∆V é negativo, de modo que a força cortante “salta” para baixo. Da mesma maneira, se F atua para cima, o “salto” (∆V) será para cima. Pela Figura 6.12b, o equilíbrio de momento requer que a mudança de momento seja: 0( 0; 0Mo M M M V x M+ = + ∆ − − ∆ − =∑ Fazendo ∆x → 0, temos: 0M M∆ = (6.6) (a) (b) (c) (d) (e) (f) w = w (x) wB BA C D V 0 VA –wC –wD x M VA VC VD 0 –VB x –wB –VB C D C D ∆V V M x xC D ∆M TÓPICO 3 | ESTRUTURAS ESPACIAIS, ESFORÇOS SOLICITANTES E TEOREMA FUNDAMENTAL 55 No caso, se Mo for aplicado no sentido horário, ∆M será positivo, de modo que o diagrama de momento “saltará” para cima. De maneira semelhante, quando Mo atuar no sentido anti-horário, o “salto” (∆M) será para baixo. A Tabela 6.1 ilustra a aplicação das equações 6.1, 6.2, 6.5 e 6.6 em alguns casos comuns de carregamento. Nenhum desses resultados deve ser memorizado. Em vez disso, devem ser estudados cuidadosamente para que você fique bem informado. Valem a pena o tempo e o esforço gastos. Tabela 6.1 Procedimento de análise O procedimento a seguir oferece um método para construir os diagramas de força cortante e momento de uma viga com base nas relações entre carga distribuída, cisalhamento e momento. Carga Diagrama de Força Cortante Diagrama de MomentodV w dx = − dM V dx = A força P de cima para baixo faz V 'saltar' para baixo de V1 para V2+ O declive constante muda de V1 para V2+ Não há mudança na força cortante visto que o declive w = 0. Declive positivo constante, M0 no sentido anti-horário faz M 'saltar' para baixo. Declive negativo constante. Declive positivo que diminui de V1 para V2+ Declive negativo que aumenta de -w1 para -w2+ Declive positivo que diminui de V1 para V2+ Declive negativo que diminui de -w1 para -w2+ Declive positivo que diminui de V1 para V2+ M1 M1 M1 M1 M1 w1 w1 V1 V1 V1 V1 V V1 V1 V1 V1 V1 V1 V1 V1 V V2 V2 V2 V2 V2 V2 V2 V2 V2 V2 V V V2 V2 V V M1 M2 M2 M2 M2 M2 M1 M1 M1 M1 M2 M2 M2 M2 M2 w2 w2 -w2 -w2 -w0 -w1 -w1 w = 0 w = 0 w = 0 w0 M0 P P 56 UNIDADE 1 | ESTÁTICA DAS CONSTRUÇÕES Reações de apoio • Determinar as reações de apoio e desdobrar as forças que atuam sobre a viga em seus componentes perpendicular e paralelo ao eixo da viga. Diagrama de força cortante • Estabelecer os eixos V e X e construir um gráfico com os valores conhecidos do cisalhamento nas duas extremidades da viga. • Como dV/dx = -w, o declive do diagrama de força cortante em qualquer ponto é igual à intensidade (negativa) da carga distribuída no ponto. Observe que w é positiva quando atua de cima para baixo. • Se o valor numérico do cisalhamento tiver de ser determinado em um ponto, pode ser encontrado esse valor usando tanto o método das seções quanto a equação de equilíbrio da força, como a equação ∆V = -∫w (x), a qual expressa que a mudança do cisalhamento entre dois pontos quaisquer é igual à área (negativa) sob o diagrama de carga entre os dois pontos. • Como w (x) deve ser integrada para se obter ∆V, então se w (x) for uma curva de grau n, V (x) será uma curva de grau n+1. Por exemplo, se w (x) for uniforme, V (x) será linear. Diagrama de momento fletor • Estabelecer os eixos M e X e construir um gráfico com os valores conhecidos do momento nas duas extremidades da viga. • Como dV/dx = V, o declive do diagrama de momento fletor em qualquer ponto é igual ao cisalhamento no ponto. • No ponto em que o cisalhamento é nulo, dM/dx =0 e, portanto, será um momento máximo ou mínimo. • Se o valor numérico do momento tiver de ser determinado em um ponto, pode ser encontrado esse valor usando tanto o método das seções quanto a equação de equilíbrio do momento, como a equação ∆M = ∫V(x)dx, a qual expressa que a mudança de momento entre dois pontos quaisquer é igual à área sob o diagrama de força cortante entre os dois pontos. • Como V(x) deve ser integrada para se obter ∆M, então se V(x) for uma curva de grau n, M(x) será uma curva de grau n+1. Por exemplo, se V(x) for linear, M(x) será parabólica. FONTE: HIBBELER, R. C. Resistência dos materiais. São Paulo: Pearson Educação, 2006. p. 199-211. 57 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico, você aprendeu que: • O cálculo para isostaticidade de estruturas espaciais é muito parecido com as estruturas planas, porém, engloba a terceira dimensão. • O teorema fundamental é de suma importância para a determinação dos esforços solicitantes e, consequentemente, dos seus diagramas. • A partir do teorema fundamental são determinadas as equações para encontro dos esforços solicitantes das estruturas. • A partir da determinação dos esforços solicitantes, é possível traçar os diagramas, os quais são de suma importância para um projeto estrutural. 58 1 Calcule e trace os diagramas de esforços cortantes das estruturas a seguir.a) b) c) d) AUTOATIVIDADE 80 .0 k N 80 .0 k N 3.29 m 8.01 m 7.00 m 4.48 m 59 e) f) 150.00 kN/m 150.00 kN/m 4.06 5.85 60 61 UNIDADE 2 VIGAS E PÓRTICOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • explicar o que são vigas e pórticos; • explicar a importância da realização dos cálculos para a prática; • aprender a calcular os esforços solicitantes nas estruturas citadas na unidade; • traçar os diagramas dos esforços solicitantes nas estruturas. Esta unidade de estudo está dividida em cinco tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – VIGAS TÓPICO 2 – VIGAS COM SUPERPOSIÇÃO DOS EFEITOS TÓPICO 3 – APOIO GERBER TÓPICO 4 – VIGAS INCLINADAS TÓPICO 5 – PÓRTICOS 62 63 TÓPICO 1 VIGAS UNIDADE 2 1 INTRODUÇÃO Neste primeiro tópico será abordado o elemento estrutural viga. Serão apresentados os diferentes tipos de vigas em situação de projeto e como calcular tais elementos. 2 CONCEITOS Como já explicado na primeira unidade, vigas são elementos estruturais que têm a função de distribuir as cargas de um elemento estrutural para outro. Estas podem ser apresentadas em um projeto da seguinte maneira: GURA 1 – PROJETO ESTRUTURAL DE UMA VIGA FONTE: O autor Na imagem é exemplificado um tipo de viga de concreto em um projeto estrutural de uma determinada construção. Verificamos que, para a viga, foram utilizadas duas barras de aço com uma bitola de 10mm na parte superior da viga e duas barras de aço com bitola de 10mm na parte inferior. Outras informações podem ser visualizadas, como o comprimento das barras, quantidade de estribos, comprimento, a bitola e a disposição dos estribos ao longo da viga. UNIDADE 2 | VIGAS E PÓRTICOS 64 O conteúdo deste livro, no qual serão determinados os esforços solicitantes nas estruturas estudadas, contribui com o dimensionamento das estruturas e o tipo de armadura a ser utilizado nos elementos. É necessário conhecer o tipo de esforço solicitante em cada parte do elemento estrutural para que se possa fazer o dimensionamento da estrutura estudada. IMPORTANT E Há vários tipos de viga que podem se apresentar em determinadas situações no campo de projeto. Os tipos serão abordados e estudados nos subtópicos a seguir deste capítulo. 3 VIGA BIAPOIADA SIMPLES O primeiro tipo de viga a ser abordado será a viga biapoiada simples. É composto por um sistema estrutural que apresenta dois apoios nos extremos da viga e esforços externos atuantes. Pode ser interpretado como a viga sobre dois pilares, estes que estão nos extremos. Então, a carga será transferida para os apoios (pilares) pela determinação das reações de apoio. Os esforços transferidos para os apoios são dependentes dos carregamentos que estão aplicados no elemento estrutural em questão. A seguir, temos exemplos dos tipos de vigas. EXEMPLO 1 FIGURA 2 – VIGA COM CARGA CONCENTRADA FONTE: O autor Para a determinação das reações dos apoios A e B, deve-se verificar se a viga em questão é uma viga isostática. A verificação deve ser feita com as equações de equilíbrio. Se o número de incógnitas é igual ao número de equações utilizadas para determinação das reações de apoio, então a viga será denominada isostática. Assim: 40 .0 k N 2.40 m 4.50 m TÓPICO 1 | VIGAS 65 0 0 0 FH FV MO = = = ∑ ∑ ∑ Há três incógnitas: Rax, Ray e Rby. Assim, o número de incógnitas a ser determinado é igual ao número de equações utilizado para determinação das incógnitas. Após, serão determinadas as reações dos apoios. 0FH =∑ Como falta força atuante na direção do eixo X (horizontal), a reação do apoio A no eixo X será igual a 0. Portanto, Rax = 0. Então, podemos fixar um apoio e verificar o momento atuante pelas forças. Fixaremos o apoio A e determinaremos, assim, o momento atuante em relação ao apoio A. Então, consideremos que Rby estará atuante na direção contrária à força externa atuante. IMPORTANT E FIGURA 3 – VIGA COM CARGA CONCENTRADA FONTE: O autor .4,5 40.2,4 0 4 0 0.2,4 4,5 y M b A Rby R = − = = = ∑ 21,33Rby KN 40 .0 k N 2.40 m 4.50 m UNIDADE 2 | VIGAS E PÓRTICOS 66 FIGURA 4 – REAÇÕES DOS APOIOS A E B PARA A VIGA COM CARGA CONCENTRADA FONTE: O autor Para traçarmos os diagramas de esforços cortantes será utilizado o teorema fundamental, que consiste em dividir o elemento estrutural em seções. Serão analisadas duas seções. O primeiro trecho consiste do ponto A até o esforço externo atuante, ou seja, x variará de 0 até 2,4 metros a partir do ponto A. O segundo trecho será de B até o esforço externo atuante, em que x variará de 0 até 2,10 metros a partir do ponto B. Para o primeiro trecho: 40 .0 k N A reação de apoio Ray foi considerada com a mesma direção da reação de apoio Rby, pois ambas têm o mesmo resultado e este foi positivo. Assim, a direção foi mantida a mesma. Portanto, o sistema resultante é apresentado a seguir. Após a determinação da reação de apoio B, obtemos Rby = 21,33 KN. Como o resultado apresentou sinal positivo, adotamos a direção que foi predeterminada para a reação. Após, foi utilizada a última equação para determinar a direção e a magnitude da reação. 0 40 0 40 21,33 FV Rby Ray Ray = − + = = − ∑ Ray = 18,67 KN 2.40 m 4.50 m TÓPICO 1 | VIGAS 67 FIGURA 5 – ANÁLISE DO TRECHO A ATÉ S FONTE: O autor Para o esforço cortante: Qs = +18,67 KN Como já visto na primeira unidade, se o esforço cortante aplica um esforço que atuará no sentido horário em relação à origem e, no caso, com esforço externo atuante, o esforço cortante será positivo. Como não há forças atuando na direção do eixo X, não existirão esforços normais solicitantes. 2.40 m Para o momento fletor: Ms = 18,67.x Para x=0, ponto A: MA = 0 KN.m Para x=2,4, esforço externo: Ms = +44,81 KN.m Como a reação do apoio A traciona as fibras inferiores da viga, o sinal do Momento Fletor será positivo. Como a equação encontrada para determinar o Momento Fletor é uma equação de primeiro grau, tem-se, para o gráfico de Momento Fletor, uma reta. Para o esforço cortante, como não há variação, há uma constante. IMPORTANT E UNIDADE 2 | VIGAS E PÓRTICOS 68 FIGURA 6 – DIAGRAMA DE ESFORÇO CORTANTE PARA O TRECHO ANALISADO FONTE: O autor FIGURA 7 – DIAGRAMA DE MOMENTO FLETOR PARA O TRECHO ANALISADO FONTE: O autor Agora, serão encontrados os esforços solicitantes do segundo trecho e, então, serão traçados os diagramas dos esforços para toda a viga. 18.7 44. FIGURA 8 – ANÁLISE DO TRECHO S ATÉ B FONTE: O autor Para o esforço cortante: Qs = – 21,33 KN Se o esforço cortante aplica um esforço que atuará no sentido anti-horário em relação à origem e, no caso, com esforço externo atuante, o esforço cortante será negativo. Como não há forças atuando na direção do eixo X, não existirão esforços normais solicitantes. IMPORTANT E 40 .0 k N 2.10 m TÓPICO 1 | VIGAS 69 Para o momento fletor: Ms = – 21,33.x Para x=0, ponto B: MB = 0 KN.m Para x= 2,1, esforço externo: Ms = + 44,81 KN.m Como a reação do apoio A traciona as fibras inferiores da viga, o sinal do Momento Fletor será positivo. Como a equação encontrada para determinar o Momento Fletor é uma equação de primeiro grau, tem-se, para o gráfico de Momento Fletor, uma reta. Para o esforço cortante, como não há variação, há uma constante. FIGURA 9 – DIAGRAMA DE ESFORÇO CORTANTE FINAL FONTE: O autor FIGURA 10 – DIAGRAMA DE MOMENTO FLETOR FINAL FONTE: O autor 18.7 -21.3 44.8 70 RESUMO DO TÓPICO 1 Neste tópico, você aprendeu que: • Os esforços solicitantes de uma força aplicada em uma viga influenciam no projeto estrutural. • A viga isostática biapoiada simples é composta por um sistema estrutural que apresenta dois apoios nos extremos da viga e esforços externos atuantes. • É de suma importância aplicar o teorema fundamental para calcular e traçar os diagramas de esforços solicitantes
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