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Uma perspectiva analitica da virtude e sentimentos

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Universidade de Brasília - UNB
Instituto de Psicologia - IP
Tópicos em Análise Comportamental: Comportamento Moral - Código PPB0072
Professora: Rachel Nunes da Cunha
Grupo 4 - Matheus Guilherme Alves Barreto - 190035293 e Thalisson Vinicius de Sousa -
190038411
UMA PERSPECTIVA ANALÍTICA DA VIRTUDE HONESTIDADE E DOS
SENTIMENTOS DE VERGONHA E CULPA
1
Para começar este ensaio, devemos nos atentar a alguns pontos que serão
determinantes para compreender a importância da honestidade no comportamento moral.
Portanto, iremos comentar sobre o que é a honestidade, a visão de alguns autores acerca desse
tema e por fim a aplicação dessa virtude em determinadas áreas da vida real.
Atualmente, como destacam os autores do livro "Comportamento Moral: Uma
proposta para o desenvolvimento de virtudes" (Gomide, 2012), a nossa sociedade vem
valorizando mais o individualismo em contrapartida do coletivo. Dessa forma, o individual
tem mais força que o coletivo, mesmo que para atingi-lo seja com uma ação desonesta. Isso
nos leva ao seguinte ponto: a importância da honestidade no comportamento moral. Será que
em uma sociedade na qual a honestidade seja repassada com mais vigor, o coletivo se
sobressairia ao invés do individual? Trabalharemos isso e muito mais nos próximos
parágrafos.
Antes de tudo, é muito importante entender que aquilo que é moralmente aceito varia
conforme a sociedade na qual os indivíduos estão inseridos ou até mesmo em normas criadas
dentro de um ambiente restrito. Então, para avaliar a honestidade é necessário levar em
consideração a ação, o autor, o ser afetado pela ação, a intenção e o resultado, ainda levando
em conta as diferenças individuais.
A honestidade pode ser definida como a qualidade ou caráter de quem é honesto,
daquele que é decente, do que tem pureza e segue certos preceitos morais socialmente
válidos. Desse modo, é comum em um primeiro momento associar a honestidade à verdade,
integridade ou moralidade, porém veremos que não é exatamente dessa maneira.
Segundo Immanuel Kant (2005), a base da ação moral é a capacidade do homem agir
racionalmente, ou seja, essa racionalidade faz com que o homem reflita como agir e é
motivada principalmente pelo agir conforme às leis da cultura em que o indivíduo está
inserido (em Fundamentação da metafísica dos costumes, em Os Pensadores). Como dito
anteriormente, a honestidade é justamente essa virtude em seguir aquilo que é moralmente
válido e vemos tal informação no pensamento do filósofo. Ainda segundo Kant, o indivíduo
pode agir honestamente, mas não moralmente, como por exemplo ao seguir uma atitude
movida pelo egoísmo e não pelo dever de seguir leis morais.
De acordo com Carter (1996, The insufficiency of honesty, Public Management, 78,
n.10), a honestidade não pode ser comparada à integridade. Podemos explicar isso com dois
2
pontos: a pessoa íntegra e a ação íntegra. A pessoa íntegra é aquela que diferencia o certo do
errado, agindo conforme a sua consciência mesmo que haja um custo pessoal e a ação íntegra
considera quem será afetado pela ação. Sabendo disso, podemos exemplificar a relação
integridade-honestidade com um exemplo simples, um caso de racismo no qual o racista é
honesto às próprias convicções, mas não é íntegro em relação à vítima do caso.
Por fim, no que diz respeito às associações com a virtude trabalhada, White (1984,
p.60, Honestidade, moralidade e consciência) apresenta a relação entre verdade e
honestidade, dando o exemplo da confissão de um furto, que traz a verdade à tona, mas não é
considerada uma ação de uma pessoa honesta.
Depois de toda essa teoria e visão dos autores sobre o tema, está na hora de trabalhar a
importância da honestidade no campo da realidade. A honestidade atrelada ao
comportamento ético-moral traz benefícios nas mais diversas áreas, seja comercialmente,
politicamente, educacionalmente, etc.
Quando tratamos da área comercial, a honestidade entre a empresa e seus clientes
deve ser utilizada para a melhor experiência possível, pois quando há essa virtude nesse
relacionamento, a chance dele ser duradouro é maior. Seus benefícios envolvem o aumento
do valor da marca para o cliente, um relacionamento mais consistente, preferência de compra
(não é um benefício universal), aumento da satisfação de ambos os lados e possivelmente um
feedback positivo.
Mais um contexto importante é o político, no qual o povo escolhe seus candidatos
para ocupar cargos públicos e exercer ações em prol da sociedade. A honestidade é
importante para que tais políticos exerçam as medidas que levaram a sua eleição e que sejam
intolerantes quanto às atitudes desonestas que beneficiam pequena parcela da população.
Seguindo, temos a honestidade como princípio base na educação. O processo de
educação de uma criança vem muito do exemplo dos pais, isso porque as crianças têm a
capacidade de perceber a justiça, a imparcialidade e a honestidade. A forma como os pais se
comportam molda a autoestima, a segurança e a forma como os filhos se comportam. Então,
ensinar sobre o que é ser honesto para os pequenos é descrever comportamentos regulados
pela verdade, seriedade e suas consequências, a curto e a longo prazo, tanto para o indivíduo
como para a sociedade.
3
Ainda sobre os cuidados com as crianças, devemos nos atentar que as atitudes que os
pais têm com seus filhos podem motivar tanto atitudes honestas quanto desonestas, e quando
falamos de desonestidade, associamos às ações punitivas geradoras de medo, gerando
inclusive uma dificuldade de confiança por parte da criança. Além disso, ainda temos as
relações fora de casa, como as amizades, que são importantíssimas para o desenvolvimento
moral da criança.
Por conseguinte, a honestidade é fundamental para a formação moral do indivíduo,
pois ela permite o desenvolvimento da confiança, da segurança e da coletividade. Dessa
forma, o ensinamento da honestidade torna-se fundamental para o convívio social e o
desenvolvimento de outras virtudes.
Vergonha e culpa: reguladores sociais
Os sentimentos de vergonha e culpa indicam uma inadequação social do indivíduo ou
de seus comportamentos, estes são ainda determinados por eventos aversivos. Cabe pensar a
vergonha e a culpa como tendo função de reguladores de interações sociais, prezando pelo
estímulo às práticas moralmente aceitas e rejeição àquelas socialmente inadequadas. Além
disso, as diferenças entre a vergonha e a culpa se acentuam sobretudo no foco em relação ao
sujeito ou comportamento de quem experiencia tais sentimentos.
Quanto ao sentimento de vergonha, destaca-se a perspectiva de La Taille (2002) sobre
os elementos presentes em tal emoção. É preciso que o indivíduo tenha um juízo próprio
quanto àquilo que provoca a vergonha para que se sinta envergonhado, além disso, há o
julgamento de outras pessoas que se soma à autopercepção do que é vergonhoso. Aqui, a
vergonha pode ser entendida como uma consideração tanto do que a sociedade dita como
norma quanto do que o indivíduo absorve desta enquanto moralmente correto para si, assim,
o sentimento de vergonha é infligido como forma de manter uma regulação social em que o
próprio indivíduo vigia suas ações e sente mal-estar por transgredir aquilo que a sociedade
estabelece como aceitável.
Vale ressaltar que a vergonha pode surgir em situações reais de julgamento do
observador como também naquelas em que há apenas a imaginação de ser julgado. O aspecto
de vigiar-se para cumprir às demandas sociais reaparece nesse ponto, uma vez que tanto na
presença de um observador quanto na ausência a pessoa poderá sentir vergonha por aquilo
que é socialmente reprovável.
4
Adentrando as formas da vergonha, nota-se que existem a vergonha prospectiva e a
retrospectiva, em que a primeira adianta, diante de uma situação imaginada, o sentimento em
questão, enquanto a segunda o evento já ocorreu e o envergonha-se decorre desse evento
transcorrido. Enquanto função de reguladora social, a vergonha prospectivaserve para evitar
qualquer ato que seja reprovável e a retrospectiva funciona de modo a sinalizar que se está
fora do que é moralmente aceito, como pode ser um pré-requisito para a reparação de danos
ao que ou quem foi transgredido.
No tocante do sentir vergonha (aspecto positivo), tal sentimento é algo valorizado
pela sociedade, uma vez que o indivíduo reconhece que fez algo contra o que é aceito
socialmente, por outro lado, a vergonha é negativa quanto aos atos que são reprováveis, isto
é, aqueles que são ‘’vergonhosos’’ de se realizar. O aspecto positivo da vergonha refere-se à
autopercepção do indivíduo enquanto transgressor, portanto, sua valorização social se dá por
este reconhecer as normas sociais. O aspecto negativo sinaliza aquilo que é vergonhoso e,
consequentemente, socialmente indesejado.
Em relação à pessoa envergonhada, esta julga a si como desonrosa ao invés de julgar
apenas o comportamento que causa a vergonha, nesse sentido a vergonha está acoplada à
personalidade moral da pessoa. Dessa forma, o sujeito envergonhado pensa a si enquanto
moralmente incorreto e daí decorre um mal-estar que se traduz na consideração de seu
próprio ser e não de suas ações.
Destaca-se a aprendizagem de normas e valores no ambiente familiar em relação à
vergonha. Os pais fornecem modelos de conduta para os filhos que são generalizados para
outras situações (Prust & Gomide, 2007 como citado em Gomide, 2012), assim, quando os
comportamentos dos filhos são dissonantes daquilo que foi ensinado pelos pais, o sentimento
de vergonha pode surgir. Os pais funcionam como agência controladora dos comportamentos
dos filhos e, assim, estabelecem padrões de moralidade que devem ser seguidos (regulação
social).
A culpa pode ser estabelecida como um sentimento de responsabilidade do indivíduo
por algum ato que ele o considere danoso à sociedade, gerando mal-estar neste. Nota-se
assim, a correlação do sentimento de culpa com as considerações sociais acerca da moral,
uma vez que é através do que é estabelecido socialmente como dano que se baseia o
sentimento de responsabilidade do indivíduo pelo ato transgressor cometido (culpa).
5
Sob a ótica de Guilhardi (n.d), há condições de contingências de reforçamento
necessárias à culpa, sendo elas: 1- classificar um comportamento emitido como inadequado
ou concordar com outrem que assim o classificar, 2- reconhecer que emitiu um
comportamento inadequado e merece ser punido, 3- ter uma história comportamental de
interação com o agente controlador que maneja contingências reforçadoras positivas, se
mantendo enquanto reforçador positivo, 4- possuir história de vida em contato com
contingências coercitivas e 5- aceitar a sanção aplicada pelo agente controlador.
Na perspectiva da análise do comportamento enunciada por Guilhardi (n.d),
evidencia-se o caráter social da culpa, visto que a inadequação comportamental é baseada em
um padrão reconhecidamente moral, bem como a noção de punição. Além disso, o contato
com contingências coercitivas e a aceitação da sanção do agente controlador só é possível
através de uma consciência situada socialmente do que se pode requerer do indivíduo
(coerção) e daquilo que este deve aceitar. Portanto, explicita-se a condição de reguladora
social da culpa, esta mantém certos padrões sociais de moralidade enquanto exclui outros
através de imposição da aceitação de sanções e de coerções.
Em última análise, os sentimentos de vergonha e culpa são limítrofes em sua
definição, se diferenciando sobretudo porque o primeiro centra-se em um mal-estar e
reconhecimento de inadequação social em relação a si mesmo enquanto o segundo relaciona
esses dois pontos a um determinado comportamento. Em ambos os sentimentos há uma clara
função de regulação social, uma vez que, independentemente de se pensar tais sentimentos
como negativos ou positivos, é mantido e encorajado o seguimento de padrões de
comportamento considerados socialmente desejados e, além disso, outros comportamentos
são excluídos da aceitabilidade social.
Vergonha e Culpa: Implicações e uso ético
Tendo como ponto de partida a vergonha e culpa enquanto reguladores sociais,
nota-se a sua arbitrariedade quanto ao que é definido como socialmente desejado e àquilo
rejeitado moralmente. Dessa forma, se faz necessário o olhar atento para esses dois
sentimentos e sua função social, bem como para a sua implicação sociocultural.
A função social desses dois sentimentos pode ser a de manter a ordem e a harmonia
na convivência humana, servindo como inibidores de delitos contra o outro e respeito ao seu
direito. Por outro lado, cada grupo social tem sua cultura e considera diferentes padrões
6
comportamentais como honrosos ou vergonhosos e culposos, daí se estabelece uma
arbitrariedade quanto ao que pode ser entendido como culpa e vergonha.
É importante considerar um uso ético da vergonha e culpa, sobretudo em treinamentos
de comportamento moral, uma vez que deve se considerar a diversidade da cultura do outro e
não apenas o que é estabelecido arbitrariamente por uma classe dominante. Assim, o estudo
da vergonha e culpa pode ser útil para entender os diversos padrões de comportamento
geradores e decorrentes desses sentimentos, bem como para propor novas formas de pensar
estes e suas implicações nos mais diversos usos, como em Programas de Comportamento
Moral e na Justiça Restaurativa.
Referências Bibliográficas
La Taille, Y. (2002). O Sentimento de Vergonha e suas Relações com a Moralidade.
Psicologia: Reflexão e Crítica, 15(1) pp. 13-25.
Guilhardi, H. (n.d). Análise comportamental do sentimento de culpa. Instituto de Terapia por
Contingências de Reforçamento. Acesso em: 13/10/2021 em
https://itcrcampinas.com.br/pdf/helio/analise_comportamental_sentimento_culpa.PDF e
publicado em Terapia Comportamental e Cognitivo-comportamental – Práticas clínicas.
Cristiano Nabuco de Abreu e Hélio José Guilhardi (Orgs.). São Paulo: Roca.
Gomide, Paula Inez Cunha (Org.) (2012, 2ª. reimpressão). Comportamento Moral: Uma
proposta para o desenvolvimento de virtudes. 1ª. Edição (2010). Curitiba: Juruá Editora.
White, Jerry. Honestidade, moralidade e consciência. 3ª ed. Rio de Janeiro: Juerp, 1984.
Carter, Stephen L. (1984). The insufficiency of honesty. Public Management, 78, n.10.
Kant, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. Tradução Paulo Quintela.
Lisboa: Edições 70, 2005.
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