Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Vulvovaginites Conceitos -É a causa mais comum de consulta aos Ginecologistas. -Muitas possuem patogênese incompleta. -Pacientes se automedicam e usam vasta lista de medicamentos. Corrimentos Fisiológicos: ➔ Ciclo menstrual. ➔ Uso de contraceptivos - DIU, anel vaginal. ➔ Etapas do ciclo de vida feminino. Secreção Vaginal Fisiológica -Constituição: ● Muco cervical. ● Células vaginais e cervicais esfoliadas. ● Secreção das glândulas de Bartholin e Skene. ● Pequena quantidade de leucócitos. ● Microorganismos da Flora vaginal. -pH = 3,5 – 4,5 -Volume variável Causas das Vulvovaginites -Infecciosas: ➔ Candidíase Vulvovaginal ** ➔ Vaginose bacteriana ** ➔ Tricomoníase ** ➔ Infecção viral ➔ Infecção bacteriana secundária ➔ Parasitária -Não Infecciosas ➔ Vaginite atrófica ➔ Vaginose citolítica ** ➔ Vaginite inflamatória Candidíase Vulvovaginal Agente Etiológico: Candida spp. -Fungo gram positivo. Características: -Patogênese desconhecida. -Candida albicans 80 a 92% dos casos. -Não albicans: glabrata**, tropicalis, Krusei, parapsilosis a Saccharomyces. Epidemiologia: -Acomete mulheres após menarca e mulheres entre 30 e 40 anos. -10 a 50% das mulheres na vida reprodutiva são colonizadas com Candida sp, assintomáticas. -5% das mulheres terão 1 episódio durante a vida e 30 a 40% deles terão segundo episódio. -Reservatório: trato gastrointestinal. Mecanismo: Candida albicans ➨ proteases ácidas inibem as imunoglobulinas ⤾ inibem a capacidade de ⤾ fagócitose (macrófagos). Quadro Clínico: ● Prurido vulvovaginal ● Queimação vulvovaginal ● Dispareunia ● Disúria ● Corrimento grumoso, sem odor ● Algumas mulheres referem prurido pré menstrual (progesterona aumenta PGE2). Diagnóstico: ● Diagnóstico de cândida em pacientes sintomáticas!! ● Exame físico + Microscopia ● Microscopia do conteúdo vaginal (corado ou a fresco): pseudo-hifas e esporos. ● Atenção: leveduras não albicans não encontramos hifas a microscopia. ● Cultura ou PCR, em casos resistentes. Diagnóstico Laboratorial: ➔ pH vaginal ➔ Exame a Fresco com KOH 10% ➔ Bacterioscopia corada por Gram. Candidíase Vulvovaginal Recorrente: -4 ou + episódios ao ano, sendo eles sintomáticos. -Infecções recorrentes por C. albicans. -Tratamento supressor → 90% das pacientes apresentam resposta. -Candida glabrata: resistente aos tratamentos da Candida albicans (azóis), então prescreve-se ácido bórico via vaginal (manipulado). Classificação: -Não Complicada (simples): fora da gravidez, mulheres sadias, episódios isolados, manifestações clínicas leves ou moderadas, associados a C. albicans. -Complicada: engloba a candidíase vulvovaginal recorrente. Candidíase com sintomas severos, associada a comorbidades como diabetes e imunossupressão ou gravidez, associada a C. não albicans. Tratamento: Medidas Gerais: ● Hábito higiênico adequado. ● Evitar roupas justas e apertadas. ● Dieta adequada. ● Solução com bicarbonato de sódio (30 a 60g em 1L de água). ● Embrocação com violeta de gensiana 1%. Tratamento Específico: -Poliênicos: ➔ Nistatina ➔ Anfotericina B -Azóis: ➔ Imidazólicos: ◆ Clotrimazol ◆ Miconazol ◆ Isoconazol ◆ Cetoconazol ➔ Triazólicos: ◆ Fluconazol ◆ Itraconazol ◆ Terconazol -Fluconazol (Zoltec®) 150 mg dose única. -Itraconazol (Sporanox®) 200mg 12/12h dose única. -Fenticonazol 600mg (Fentizol®) dose única. -Clotrimazol 600mg creme por 3 noites. -Miconazol 2% por 7 dias. -Corticosteróide baixa potência na vulva para alívio dos sintomas. Na Gestação: Qualquer formulação pode ser usada após o 1 trimestre. ➔ Nistatina não tem absorção vaginal; ➔ Desprezível com clotrimazol e tioconazol; ➔ 1% miconazol ➔ 5% butaconazol ➔ 5 a 16% terconazol Vaginose Bacteriana -É caracterizada por um desequilíbrio da microbiota vaginal normal, com diminuição acentuada ou desaparecimento de lactobacilos acidófilos (Lactobacillus spp) e aumento de bactérias anaeróbias (Prevotella sp. e Mobiluncus sp.), G. vaginalis, Ureaplasma sp., Mycoplasma sp., e outros. Epidemiologia: -Representa 10% a 30% das gestantes e 10% das mulheres atendidas na atenção básica. -Em alguns casos, pode ser assintomática. Características: -Patogênese desconhecida. -Polimorfismo gene (reduz a resposta imune local). -Redução do ácido lático (fator de proteção natural). -Não causa inflamação, por isso é uma vaginose!! Fatores de Risco: ● Usuárias de DIU ● Raça negra ● Ducha vaginal ● Tabagista ● Mulheres que possuem número reduzido de lactobacilos vaginal. ● Múltiplos parceiros ● Homossexualismo Mecanismo: A diminuição de lactobacilos, leva a um aumento do pH vaginal, que é um ambiente propício para a Gardnerella vaginalis, que libera aminas voláteis, provocando um odor bastante fétido. Quadro Clínico: ● Corrimento vaginal fétido, mais acentuado após a relação sexual sem o uso do preservativo, e durante o período menstrual; ● Corrimento vaginal branco-acinzentado, de aspecto fluido ou cremoso, algumas vezes bolhoso; ● Dor à relação sexual (pouco frequente). Aumenta o risco de aquisição das IST (incluindo o HIV), ● Pode trazer complicações à gravidez (associada com ruptura prematura de membranas, corioamnionite, prematu- ridade e endometrite pós-cesárea). ● Quando presente nos procedimentos invasivos, como curetagem uterina, biópsia de endométrio e inserção de dispositivo intrauterino (DIU), aumenta o risco de DIP. Diagnóstico Clínico-Laboratorial: Três dos critérios de Amsel: ➔ Corrimento vaginal homogêneo, geralmente acinzentado e de quantidade variável; ➔ pH vaginal > 4,5; ➔ Teste de Whiff ou teste da amina (KOH 10%) positivo - odor fétido; ➔ Presença de clue cells na bacterioscopia corada por Gram → presença de células epiteliais recobertas por cocobacilos. ESCORE: 0-3 (normal) 4-6 (condição intermediária). 7-10 (vaginose bacteriana). Tratamento: -Todas as ♀ sintomáticas (mesmo gestantes). ● Metronidazol 500mg, VO 12/12h, 7 dias. ● Metronidazol gel 0,75%, 1 aplicador cheio (5g) à noite, 7 dias. ● Clindamicina creme 2%, 1 aplicador cheio (5g) à noite, 7 dias. NÃO SE TRATA O PARCEIRO! -Abstinência sexual Abstinência álcool. Vaginose Bacteriana Recorrente - Tratamento: ● Restabelecer o ecossistema vaginal. ● Metronidazol 500mg 12/12h por 7 dias seguido de ácido bórico 600mg 1x ao dia por 21 dias. ● Gel metronidazol 0,75% 2x por semana por 6 meses. OBS: deve-se diminuir o pH (ácido bórico) (restabelecer a flora [lactobacilos]) e tratar a gardnerela (metronidazol). Tricomoníase Agente Etiológico: T. vaginalis -Protozoário flagelado Características: -Incubação: 4 a 28 dias -A prevalência varia entre 10% a 35%. -Tipo 1 (73%) / Tipo 2 (resistente ao metronidazol). -Alteração da colpocitologia oncótica: intenso processo inflamatório. Mecanismo: -Os protozoários promovem aderência às células do epitélio vaginal e causam um processo inflamatório intenso; -Compete com lactobacilos, são fagocitados e promovem redução ácido lático aumento de pH favorece outras bactérias. Fatores de Risco: ● Mulheres negras ● Corrimento vaginal ● Adolescentes: 10 a 26% ● Crianças: suspeitar abuso sexual ● Mulheres que se relacionam com homens circuncidados têm menor risco de adquirir. Quadro Clínico: ● Corrimento abundante, amarelado ou amarelo esverdeado - 42 a 75% ● Odor fétido - 10 a 50% ● Prurido e/ou irritação vulvar - 50% ● Dispareunia (50%) / Dor pélvica ● Sintomas urinários (disúria, polaciúria); ● Hiperemia da mucosa (colpite difusa e/ou focal, com aspecto de framboesa). ● Teste de Whiff variável (sugere presença de bactérias anaeróbias). Diagnóstico Laboratorial: -Visualização dos protozoários móveis em material do ectocérvice, por exame bacterioscópico a fresco ou pela coloração de Gram, Giemsa, Papanicolaou. -Testes biomoleculares são melhores e mais caros!! Tratamento: ● Nitroimidazólicos: ○ Metronidazol 2g dose única ( 84% a 98% de cura). ○ Tinidazol 2g dose única ( 92 a 100% cura) ● Gel metronidazolvaginal menos eficaz; ● Sempre pesquisar outras IST. ● Tratar parceria. ● Resistência: tratamento prolongado com metronidazol ○ Tratar parceiro esquema prolongado (Metronidazol 500mg 12/12h por 7 dias) ○ Controle em 3 meses ● Pacientes HIV +: tratamento prolongado - 7 dias. ● Gestantes: não está definido se deve ser exame de pré natal de rotina (exceto HIV+) - Metronidazol 2g dose única. Vaginose Citolítica -Disbiose da flora vaginal. -Aumento da quantidade de lactobacilos. -Aumento do ácido lático (intensa acidez). -Confundida com candidíase de repetição. Quadro Clínico: ● Prurido, Dispareunia ● Corrimento branco e abundante; ● Não há sinais inflamatórios ● pH 3,5 – 4,5 Diagnóstico: -Exame a fresco com grande quantidade de lactobacilos, AUSÊNCIA DE LEUCÓCITOS, citólise.
Compartilhar