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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DAS RELAÇÕES DE CONSUMO DA COMERCA DO RIO DE JANEIRO/RJ JOÃO PAULO, brasileiro, autônomo, portador do RG nº 00.000.000-00 e inscrita no CPF sob nº 000.000.000-0, residente e domiciliada na Rua X, nº 0, Jardim A, Rio de Janeiro/RJ, CEP 00.000-000, neste ato representado por sua advogada in fine assinado, ut instrumento de procuração em anexo (doc. n. 01), vem, respeitosamente, promover a presente AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR COBRANÇA INDEVIDA C/C REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS contra o Banco XYZ, com sede na cidade do Rio de Janeiro na rua y, inscrito no CNPJ sob o n. 00.000.000/000-00 pelas razões de fato e direito adiante articuladas: I- OS FATOS O Autor foi até um estabelecimento a fim de efetuar uma compra parcelada de um eletrodoméstico, contudo, finalizando a operação o vendedor lhe informou que não conseguiria parcelar a sua compra por motivos de uma negativa em seu nome junto aos cadastros restritivos de crédito pelo Banco XYZ. A ré indevidamente fez inserir o nome do autor junto ao SERASA, com referência à um contrato de empréstimo, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais). O autor alegou que não haveria motivos para tal bloqueio sendo que não teria feito nenhum empréstimo no Banco XYZ, logo após o ocorrido se dirigiu ao banco acima citado e alegou nunca ter feito o empréstimo, assim sendo, fruto de alguma fraude em seu nome. O mesmo pediu a imediata exclusão de seu nome do cadastro restritivo de crédito, o que foi negado pelo Banco XYZ. Dessa forma, ocorrendo a negativação do nome da Autor indevidamente, não pode o Réu se eximir da responsabilidade pela reparação do dano causado, pelo qual responde. Irrefutável a pratica de ato ilícito por parte do Requerido, configurador da responsabilidade de reparação dos danos morais suportados pelo Autor, dessa forma, não há outra medida cabível a não ser a PROCEDÊNCIA da presente ação. II- O DIREITO É profundamente lamentável que o cidadão brasileiro, cumpridor de suas obrigações, seja compelido, obrigado, forçado a recorrer ao Poder Judiciário para salvar seu nome lançado no sistema bancário nacional como inadimplente, sendo que não usou nada do Banco citado. Entretanto, previu a legislação pátria o presente procedimento legal específico para buscar não só a declaração de quitação da “pseudo” dívida, como também ressarcir aos lesados (in casu o autor) indenizando-os a título de dano moral. Agora, aliado à legislação ordinária (art. 186 do Código Civil), o dano moral ganhou foro de constitucionalidade, ex vi art. 5º, X, da Constituição Federal, in verbis: “É ASSEGURADO O DIREITO DE RESPOSTA, PROPORCIONAL AO AGRAVO, ALÉM DA INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL, MORAL OU À IMAGEM”. Vem bem a pelo à definição de JOSÉ EDUARDO CALLEGARI: “Ora, o homem constrói reputação no curso de sua vida, através de esforço, regular comportamento respeitoso aos outros e à própria comunidade. A probidade do cidadão no passar do tempo angaria a ele créditos sociais de difícil apreciação econômica, mas que constituem um verdadeiro tesouro. E certo que a honorabilidade da pessoa propicia-lhe felicidade e permite a ela evoluir no comércio, na ciência, na política e em carreiras múltiplas. Uma única maledicência, porém, pode, com maior ou menor força, dependendo, às vezes, da contribuição dos meios de comunicação, produzir ao homem desconforto íntimo, diminuir o seu avanço vocacional ou até acabar com ele”. (RT 702/263). O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, consoante acórdão inserido na ADCOAS 134760, decidiu que: “Não é possível negar que quem vê injustamente seu nome apontado nos tais Serviços de Proteção ao Crédito que se difundem em todo o comércio sofre um dano moral que requer reparação”. Tendo em vista que a inclusão do nome do autor no mencionado cadastro negativo do SERASA, caracteriza, sem dúvida alguma, ato ilícito causador de dano, a ré deverá ser condenada a indenizar o autor, em importância equivalente à lesão moral a ele causada. Indubitavelmente, feriu fundo à honra do autor ver seu nome lançado futilmente e espalhado por todo sistema bancário a falsa informação de inadimplente, que persiste até a presente data, prejudicando seu nome e seu crédito. III – DOS DANOS MATERIAIS E MORAIS O direito à indenização por danos materiais e morais encontra-se expressamente consagrado em nossa Carta Magna, como se vê pela leitura de seu artigo 5º, incisos V e X, os quais transcrevo: "É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem" (artigo 5º, inciso V, CF). "São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral, decorrente de sua violação" (artigo 5º, inciso X, CF). É correto que, antes mesmo do direito à indenização material e moral ter sido erigido à categoria de garantia constitucional, já era previsto em nossa legislação infraconstitucional, bem como, reconhecido pela Justiça. A indenização dos danos morais e materiais que se pleiteia é direito constitucional a todos. E no ordenamento jurídico infra constitucional, além do CDC, está o Código de Leis Substantivas Civis de 2002 a defender o mesmo direito da parte autora. Com efeito o artigo 927 do Código Civil apressa-se em vaticinar a obrigação de reparar que recai sobre aquele que causar dano a outrem por ato ilícito. E o ato ilícito presente neste acidente de consumo é, conforme norma ínsita no artigo 186 do Códex Civil, a ação ou omissão voluntária da ré que vieram a causar dano à parte autora. IV- OS PEDIDOS Ex positis, o autor requer: a) com fulcro nas disposições do art. 300 do Código de Processo Civil, ser concedida tutela provisória de urgência, no sentido de se determinar de imediato o cancelamento da inscrição do nome do autor junto ao SERASA, flagrante a inexistência de dívida do autor para com a ré, o que ficou atestado pelo motivo de fraude com seu nome, expedindo-se ofício com tal finalidade. b) seja julgada PROCEDENTE A AÇÃO para se condenar à ré ao pagamento em favor a título de DANO MORAL pela quantia correspondente a R$ 30.000,00 (trinta mil reais), ou valor a ser fixado por V.Exa., corrigidos monetariamente a partir do ajuizamento da ação, juros moratórios desde a citação, mais custas processuais e honorários advocatícios sobre o valor atualizado da condenação; c) seja de plano designada audiência de conciliação ou de mediação, com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, citando o réu, via mandado, no endereço registrado no preâmbulo com pelo menos 20 (vinte) dias para seu indispensável comparecimento (CPC, artigos 319, VII e 334 caput e §8º), sob pena de multa de até dois por cento da vantagem econômica pretendida ou do valor da causa; d) seja-lhe deferido a assistência judiciária, nos termos dos artigos 98 caput e 99, §3º do Código de Processo Civil, por não ter condições de arcar com as custas e despesas processuais, conforme declaração de insuficiência e documentos ora anexados (doc. n. ...); e) a produção de prova documental, testemunhal, pericial, e, especialmente, o depoimento pessoal do réu, sob pena de confissão. f) a intimação do signatário para as vindouras publicações. Valor da causa: R$ 30.000,00 (trinta mil reais) Termos em que pede e espera deferimento. Rio de Janeiro, 20 de fevereiro de 2022 (Gabriela Sylvestre Bonfante OAB 000.000)
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