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AO JUÍZO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE _____ Processo n.º ___ APELANTE: Antônio da Silva Júnior, representado por sua genitora Isabel da Silva Apelado: Walter Costa ANTÔNIO DA SILVA JÚNIOR, menor incapaz, neste ato representado por sua genitora, ISABEL DA SILVA, ambos já qualificados, nos autos da AÇÃO DE REPARAÇÃO POR DANOS PATRIMONIAIS E MORAIS que move contra WALTER COSTA, igualmente qualificado, por sua procuradora signatária, ut instrumento procuratório incluso, inconformado rogata venia com a respeitável sentença das fls. __, quer dela apresentar o presente RECURSO DE APELAÇÃO, nos termos dos artigos 1.009 a 1.014 do Código de Processo Civil. Por oportuno, requer sejam suas razões recursais recebidas no duplo efeito, processadas e remetidas ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de ___, para que delas conheça e dê provimento. Ademais, informa que seguem anexas as guias do recolhimento das custas, conforme artigo 1.007 do Código de Processo Civil. Termos em que, Pede deferimento. Três Passos/RS, 21 de novembro de 2023. Advogada, OAB/RS n.º __ RAZÕES DE APELAÇÃO Apelante/Autor: Antônio da Silva Júnior, representado por sua genitora Isabel da Silva Apelado/Réu: Walter Costa Origem: __ Vara Cível da Comarca de ___ - autos n.º ___ EGRÉGIO TRIBUNAL EMÉRITOS JULGADORES I. - DA AÇÃO PROPOSTA E DA SENTENÇA RECORRIDA O autor, ora apelante, promoveu a presente demanda, em janeiro de 2019, a fim de obter a condenação do réu ao pagamento de reparação por danos morais e patrimoniais. Em síntese, o autor sustentou que foi atingido, enquanto voltava da escola para casa, pelo coice de um cavalo, cujo tutor é o apelado. O animal estava em um terreno à margem da rodovia, no caminho percorrido pelo apelante. O coice causou sérios danos à saúde do apelante, cujo tratamento se revelou longo e custoso. À época do fato, em janeiro de 2015, o autor tinha 7 anos de idade. Por essa razão, pleiteou o autor a condenação do réu ao pagamento da reparação por danos morais e patrimoniais. Por sua vez, o Juízo o qual proferiu a sentença de improcedência dos pedidos argumentou que o apelado “empregou o cuidado devido, pois mantinha o cavalo amarrado a uma árvore no terreno, evidenciando-se a ausência de culpa, especialmente em uma zona rural onde é comum a existência de cavalos ”. Além disso, afirmou que já teria ocorrido a prescrição trienal da ação, uma vez que a lesão ocorreu em 2015 e a ação somente foi proposta em 2019. II. - DAS RAZÕES PARA A REFORMA DA SENTENÇA II. 1 - DA PRESCRIÇÃO TRIENAL A prescrição trienal alegada no caso é inexistente. Isso porque, à época do fato, o autor tinha 7 (sete) anos de idade, sendo, portanto, absolutamente incapaz, nos termos do art. 3º do Código Civil. Dessa forma, por força do art. 198, I, do mesmo diploma legal, não corre o prazo prescricional contra o absolutamente incapaz. Assim, não há que se falar na ocorrência da prescrição trienal no caso concreto, sendo que essa somente acontecerá em 2029. II. 2 - DO DEVIDO CUIDADO Não estando a ação prescrita, o autor deve ser indenizado pelo fato ocorrido, conforme preceitua o art. 936 do Código Civil, in verbis: “O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior”. Evidente a ausência de culpa da vítima, considerando sua tenra idade. Ressalta-se que o autor estava apenas voltando da escola para casa, no mesmo caminho que sempre percorria. Ademais, também não há que se falar em força maior, pois ausente qualquer incidência natural que pudesse corroborar com o acontecido. O fato é que o tutor do cavalo o amarrou em uma árvore, sem o cuidado de deixá-lo em local afastado da estrada e cercado, de modo que, se o animal se soltasse, não causaria danos a ninguém. Nesse sentido é o entendimento dos Tribunais: APELAÇÃO CÍVEL. PISOTEAMENTO POR CAVALOS. COLISÃO COM A VÍTIMA QUE PERDE OS DENTES COM O COICE DO ANIMAL. DANOS MATERIAIS. DANOS MORAIS. DANOS ESTÉTICOS. CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA NÃO DEMONSTRADA. CONDENAÇÃO MANTIDA. Aquele que se dispõe a cavalgar em ruas movimentadas deve se portar com redobrada cautela, porque o animal pode trazer perigosas reações instintivas. Se, ao revés, o montador do animal age displicentemente, ignorando esse dever de redobrada diligência ou acreditando ter destreza suficiente para desviar dos transeuntes, age com imperícia e imprudência, não podendo imputar à infeliz vítima a responsabilidade pelo sinistro. Somente se afasta o dever de indenizar se a culpa exclusiva da vítima estiver robustamente demonstrada nos autos, não podendo se firmar em meras circunstâncias frágeis e imprecisas. O dano estético é abrangido pelo moral quando o fundamento do pedido é o mesmo, devendo o julgador, na fixação do 'quantum', pautar-se pelos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, além de atentar para a extensão da lesão e a dor sofrida pela vítima. (TJMG-Apelação Cível XXXXX-5/001, Relator (a): Des. (a) Renato Martins Jacob, 14ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 28/08/2008, publicação da súmula em 03/10/2008) (grifo nosso). Considerando que nos autos não há prova de qualquer acontecimento que afaste a culpa do tutor do cavalo, é certo que a sentença deve ser reformada, a fim de condenar o apelado ao pagamento de indenização por danos morais e patrimoniais sofridos pelo apelante. III - DO PEDIDO DE REFORMA Por todo o exposto, requer a esse Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de ___ o conhecimento do presente Recurso de Apelação e, quando do julgamento do mérito, lhe seja dado total provimento, a fim de reformar a sentença recorrida, para afastar a prescrição trienal e responsabilizar o apelado pelos danos causados, condenando-o ao pagamento de indenizações morais e patrimoniais ao apelante. Termos em que, Pede deferimento. Três Passos/RS, 21 de novembro de 2023. Advogada, OAB/RS n.º __
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