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AÇÃO DECLAR INEXISTÊNCIA DE DÉBITO COM INDENIZAÇÃO DANOS MORAIS E MATERIAIS COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA

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Prévia do material em texto

Elane Rocha da Silva Ferraz
Turma 09N7A
 Ao Juízo da Vara Cível da Comarca de Teresina – PI.
	RITA DA FACADA, estado civil …, açougueira, CPF …, e-mail …, residente e domiciliada na …, na cidade de Teresina – PI, vem, por intermédio de seu bastante procurador, OAB …, e-mail …, com endereço profissional …, à presença de Vossa Excelência, ajuizar a presente
AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA 
	Em desfavor de W.S. CARTÕES SEM LIMITE, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ 85.693.123/0001-96, e-mail …, com endereço comercial …, na cidade de Ginparaíba – SP, pelas razões de fato e de direito a seguir aduzidas.
DA JUSTIÇA GRATUITA.
	Cumpre salientar que a autora é pessoa pobre na acepção jurídica do termo, não possuindo condições de demandar sem sacrifício do sustento próprio e de sua família, motivo pelo qual pede, desde logo, que lhe sejam concedidos os benefícios da gratuidade da Justiça, assegurados pela Constituição Federal, artigo 5º, LXXIV, e pela Lei 13.105/2015, artigo 98 e seguintes.
DOS FATOS.
	Em Janeiro de 2018, a requerente recebeu ligações da requerida ofertando um cartão de crédito sem anuidade, dentre outras vantagens. Diante da desnecessidade do citado cartão para a requerente, a mesma recusou de imediato a oferta, demonstrando seu desinteresse.
	No ano de 2021, 03 (três) anos após a ligação recebida, a requerente, visando expandir seu negócio, resolveu adquirir um eletrodoméstico (freezer) com o intuito de aumentar seu estoque bem como a conservação de sua mercadoria. Como tal, dirigiu-se a um estabelecimento comercial para efetuar a compra desejada. 
	Ocorre que, ao tentar efetuar o pagamento do eletrodoméstico, a requerente teve seu cartão recusado por falta de limite. Porém, isso não inviabilizaria a compra, uma vez que o estabelecimento comercial (mais precisamente a vendedora), tendo conhecimento do seu bom relacionamento com a requerente, ofereceu o crediário próprio da loja, oportunizando à requerente a compra do freezer com valor 40% abaixo do valor de mercado.
	Diante dessa oportunidade ímpar, a oferta foi aceita. Todavia, Excelência, para a surpresa da requerente, ao efetuarem a consulta do seu CPF, foi constatado que o mesmo estava inscrito nos órgãos de proteção ao crédito, quais sejam SPC e SERASA, pela parte requerida, em virtude de débito vencido em Julho/2018 no valor de R$ 4.749,00 (quatro mil setecentos e quarenta e nove reais).
	Desconhecendo tal débito, a requerente entrou em contato com a requerida e, para seu espavento, foi esclarecido pela requerida que o débito se referia a parcelas acumuladas de anuidades, acrescidas de juros e correção monetária, decorrentes de um cartão solicitado pela requerente. Todavia, conforme já evidenciado, NUNCA foi solicitado qualquer cartão pela requerente, nem tampouco utiliza qualquer serviço da requerida nesse sentido, de modo que não efetuou o desbloqueio do aludido cartão e nem pretende fazê-lo, pois utiliza o cartão de crédito de outra instituição financeira. 
	Ao receber essa informação, a requerente sofreu um forte abalo emocional e, como consequência, teve um mal estar. Concomitantemente, desmaiou, batendo com a cabeça em uma coluna, fato este testemunhado por duas pessoas que se encontravam no estabelecimento: Marcos e Aline.
	Devido a este acidente sofrido, a requerente precisou submeter-se a uma cirurgia no cérebro e, como é de conhecimento de todos, tal procedimento apresenta sérios riscos e complicações potenciais. Tanto é que, em decorrência dessa cirurgia, a requerente ficou impossibilitada de exercer suas atividades básicas inerentes ao ser humano, bem como suas atividades laborais e rotineiras, por um período aproximado de 08 (oito) meses, acumulando despesas com fisioterapias e medicações no valor de R$ 13.586,00 (treze mil quinhentos e oitenta e seis reais).
	Por fim, Excelência, para exacerbar essa infelicidade, atualmente a requerente depende financeiramente de sua genitora, sendo que esta possui renda de apenas um salário-mínimo, para tentar amenizar essa triste situação. 
	Face ao exposto, não restou alternativa à autora senão provocar o Judiciário para obter a reparação dos danos materiais e morais sofridos pela conduta ilícita da ré.
DO DIREITO.
	1. DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E PRÁTICA ABUSIVA DA REQUERIDA.
	A relação descrita se amolda no conceito de prática abusiva regulada pelo Código de Defesa do Consumidor; norma de ordem pública que tem por finalidade a proteção e a defesa do consumidor. O inciso III do artigo 39 do CDC preconiza que, ipsis litteris:
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos e serviços, dentre outras práticas abusivas: (...)
III – enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço; 
	
	No mesmo sentido, o Superior Tribunal de Justiça já se pronunciou sobre este tipo de situação, através da Súmula 532, declarando que “Constitui prática comercial abusiva o envio de cartão de crédito sem prévia e expressa solicitação do consumidor, configurando-se ato ilícito indenizável e sujeito à aplicação de multa administrativa”.
	É sabido que as Súmulas constituem resumos de entendimentos consolidados e julgamentos no Tribunal, e que, portanto, devem ser cumpridas.	A Súmula 532 tem amparo no artigo 39, inciso III, do Código de Defesa do Consumidor, sendo proibido o envio de produtos ou a prestação de serviços sem solicitação prévia, o que se aplica ao caso concreto. 
	Sobre a responsabilidade de reparar o dano no caso em questão, deve-se observar o disposto no caput do artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor: 
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência da culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. 
	É assim que decidem nossos Tribunais, consoante se comprova da ementa abaixo transcrita:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. INSCRIÇÃO INDEVIDA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA ART. 14, CDC. DANOS MORAIS CONFIGURADOS. No mérito, nos termos do art. 14 do CDC, o fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços. Da dicção legal, vê-se que a responsabilidade do prestador de serviço possui natureza objetiva, dispensando, portanto, a demonstração do elemento culpa. Mister salientar ainda que, o Código de Defesa do Consumidor somente afasta a responsabilidade do prestador de serviços, nas hipóteses de culpa exclusiva do consumidor ou fato de terceiro, situações que não ocorreram nos presentes autos. Apelação improvida. (Classe: Apelação,Número do Processo: 0500609-72.2014.8.05.0113, Relator (a): Rosita Falcão de Almeida Maia, Terceira Câmara Cível, Publicado em: 26/02/2016 )
(TJ-BA – APL: 05006097220148050113, Relator: Rosita Falcão de Almeida Maia, Terceira Câmara Cível, Data de Publicação: 26/02/2016)
	Resta evidenciado o abuso praticado pela requerida, não deixando dúvidas quanto aos danos configurados bem como da sua obrigação de reparação desses danos. Portanto, é clarividente a aplicação do Código de Defesa do Consumidor, em toda a sua abrangência. 
	2. DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA.
	Em regra, o ônus da prova incumbe a quem alega o fato gerador do direito mencionado ou a quem o nega fazendo nascer um fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito, conforme disciplina o artigo 373 do Código de Processo Civil:
Art. 373. O ônus da prova incumbe: 
I – ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; 
II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. 
	Na mesma via, o Código de Defesa do Consumidor buscou amenizar a diferença de forças existente entre as partes, onde se tem, em um lado, o consumidor, como figura vulnerável, edo outro o fornecedor, como detentor dos meios de provas às quais o consumidor não possui acesso. Diante desta problemática, o mencionado Código adotou em seu artigo 6º, inciso VIII, a inversão do ônus da prova, preconizando que:
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: (...)
VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências; 
	Havendo uma relação onde fica evidenciada a vulnerabilidade entre as partes, como no caso concreto, esta deve ser beneficiada pelas normas atinentes na Lei 8.078/90, principalmente no que tange aos direitos básicos do consumidor. Tem se manifestado a jurisprudência neste sentido:
	
EMENTA. RECURSO ESPECIAL. CONSUMIDOR. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. ART. 6º, VIII, DO CDC. REGRA DE JULGAMENTO. - A inversão do ônus da prova, prevista no Art. 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor, é regra de julgamento. - Ressalva do entendimento do Relator, no sentido de que tal solução não se compatibiliza com o devido processo legal.
(STJ - REsp: 949000 ES 2007/0105071-8, Relator: Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, Data de Julgamento: 27/03/2008, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: --> DJe 23/06/2008)
	Simultaneamente, in casu, salienta-se a requerente como parte hipossuficiente, comprovando-se, assim, a veracidade das alegações, o que torna plausível e presentes os requisitos necessários para a concessão da inversão do ônus da prova.
EMENTA. AGRAVO DE INSTRUMENTO. ERRO MÉDICO. PROCEDIMENTO COM O EMPREGO DE ?PLASMA DE ARGÔNIO?. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. ART. 6º, INC. VIII, DO CDC. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. HIPOSSUFICIÊNCIA TÉCNICA. DECISÃO MANTIDA. 1. Na hipótese, o agravante pretende impugnar a decisão proferida pelo Juízo singular que determinou a inversão do ônus da prova com fundamento no art. 6º, inc. VIII, do CDC. 2. No caso, a inversão do ônus da prova foi deferida com suporte no art. 6º, inc. VIII, do CDC, ao fundamento de que a recorrida é parte hipossuficiente da relação jurídica constituída. 3. A distribuição da carga probatória deve ser ordenada em harmonia com as melhores possibilidades de esclarecimento dos fatos jurídicos subjacentes à causa de pedir da demanda originária. 4. Constatado que o agravante, médico responsável por indicar o procedimento com o emprego de ?plasma de argônio? é quem dispõe das melhores condições de comprovar que tomou as cautelas e precauções necessárias, correta a decisão que determinou a inversão do ônus da prova. 5. Recurso conhecido e desprovido.
(TJ-DF 07198856020188070000 DF 0719885-60.2018.8.07.0000, Relator: ALVARO CIARLINI, Data de Julgamento: 27/03/2019, 3ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE : 10/04/2019 . Pág.: Sem Página Cadastrada.)
	Diante do exposto, com os fundamentos acima citados, requer-se a inversão do ônus da prova, incumbindo à requerida a demonstração de todas as provas.
	3. DA INEXISTÊNCIA DO DÉBITO.
	Resta evidente que a requerente não possui qualquer relação com a empresa requerida, pois sequer foi cliente desta, não tendo solicitado nenhum cartão de crédito.
	O artigo 19, inciso I, do NCPC, preconiza que “o interesse do autor pode limitar-se à declaração: da existência, da inexistência ou do modo de ser de uma relação jurídica”. Neste sentido, é possível a interposição de ação declaratória com o fito de desconstituir relação jurídica, visto que há cobrança de débitos inexistentes, e consequente reparação dos danos.
	No caso em comento, é notável o dano produzido injustamente pela requerida, vez que a requerente sequer havia aceitado a oferta e, mesmo assim, enviou à requerente um cartão de crédito não solicitado, supostamente efetuou o desbloqueio do cartão, gerando cobranças de anuidades e, por estas, negativou o nome da requerente. 
	Em decorrência dessa atitude ilícita da requerida, a requerente sofre grandes consequências, pois, sendo autônoma, teve seu nome negativado injustamente, o que a impediu de efetuar a compra do eletrodoméstico desejado e expandir seu negócio. Ao mesmo tempo, com o vexame vivido por um erro da requerida, sofreu um sério abalo emocional que interferiu drasticamente em seu estado físico, deixando-a impossibilitada de exercer suas atividades laborais e rotineiras, dependendo financeiramente de sua genitora, que tenta superar os obstáculos diários de provedora de família com apenas um salário-mínimo.
	Por todo exposto, requer deste douto Juízo que condene a requerida a declarar inexistente todos os débitos imputados à requerente, referentes ao cartão nº. ..., cancelando-o definitivamente bem como procedendo à retirada da inscrição do nome da requerente dos cadastros de proteção ao crédito.
	4. DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS.
	A obrigatoriedade de reparar o dano moral e material está consagrada na nossa Carta Magna, mais precisamente em seu artigo 5º, incisos V e X, onde:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) 
V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; 
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; 
	Vê-se, desde logo, que a própria Constituição Federal já prevê a possibilidade de reparação de danos decorrentes de violação à honra e a imagem das pessoas, assegurando o direito de indenização por dano material ou moral decorrente de sua violação.
	A esse propósito, faz-se mister trazer à colação o entendimento do ilustre FLÁVIO TARTUCE, que assevera: 
“A melhor corrente categórica é aquela que conceitua os danos morais como lesão a direitos da personalidade, sendo essa a visão que prevalece na doutrina brasileira. Alerte-se que para a sua reparação não se requer a determinação de um preço para a dor ou o sofrimento, mas sim um meio para atenuar, em parte, as consequências do prejuízo imaterial, o que traz o conceito de lenitivo, derivativo ou sucedâneo. Por isso é que se utiliza a expressão reparação e não ressarcimento para os danos morais”.
Manual de Direito Civil: volume único / Flávio Tartuce. - 11. ed. - [2. Reimpr.] - Rio de Janeiro, Forense; METODO, 2021.
	Como sabido, o direito ao nome é instituído pelo artigo 16 do Código Civil como um direito personalíssimo, ipsis litteris, “toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome”. Na mesma via, resta garantido a possibilidade de exigir que cesse qualquer ameaça ou lesão ao mesmo, cabendo inclusive, reclamar perdas e danos, nos termos do artigo 12 do mesmo Código, que acentua: “pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei”. 
	Nesse sentido:
EMENTA. PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO INENIZATÓRIA. INCLUSÃO INDEVIDA NO SPC. DANOS MORAIS. CABIMENTO. VALOR INDENIZATÓRIO FIXADO DE ACORDO COM OS PARÂMETROS JURISPRUDENCIAIS. PRECEDENTES DO STJ. RECURSO IMPROVIDO. 1. Inscrição indevida no SPC gera o dever de indenizar por danos morais. 1. O dano moral decorrente da inscrição indevida em cadastro de inadimplente é considerado in re ipsa, não se fazendo necessária a prova do prejuízo, por ser presumido e decorrer do próprio fato. 2. O valor indenizatório arbitrado não destoa dos parâmetros estabelecidos pela jurisprudência do STJ nos casos de inscrição indevida em cadastros de restrição ao crédito. 3. Apelação Cível a que se nega provimento.
(TJ-PE - APL: 2684206 PE, Relator: Stênio José de Sousa Neiva Coêlho, Data de Julgamento: 13/03/2013, 5ª Câmara Cível, Data de Publicação: 27/03/2013)
	E ainda:
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - INSCRIÇÃOINDEVIDA DE NOME NO SPC - RELAÇÃO CONTRATUAL NÃO COMPROVADA - DANO MORAL RECONHECIDO. - A inscrição indevida do nome nos cadastros de proteção ao crédito desprovida da comprovação da relação contratual que a permita, gera o reconhecimento do dano moral puro indenizável.
(TJ-MG - AC: 10245130205645001 MG, Relator: Luiz Carlos Gomes da Mata, Data de Julgamento: 11/06/2015, Data de Publicação: 19/06/2015)
	No caso em comento, não resta dúvidas de que a requerente foi e permanece lesada por toda a atitude ilícita da requerida, à medida que tem limitado os seus direitos básicos enquanto cidadã. Não há dúvidas, também, de que o envio de cartão de crédito sem prévia solicitação da requerente, além de prática abusiva, configura ato ilícito indenizável, conforme Súmula 532 do Superior Tribunal de Justiça: “Constitui prática comercial abusiva o envio de cartão de crédito sem prévia e expressa solicitação do consumidor, configurando-se ato ilícito indenizável e sujeito à aplicação de multa administrativa”.
	Ademais, o artigo 6º do Código de Defesa do Consumidor, em seu inciso IV, garante o direito básico do consumidor de ser protegido contra práticas abusivas por parte do fornecedor, fomentando a tese de que a cobrança e inscrição da requerente em cadastro de proteção ao crédito por dívida inexistente é considerada prática abusiva, independente de qualquer prova de dano, e deve ser punida, porque nesse caso é presumida a ofensa à sua dignidade.
	No mesmo sentido, o citado Código consagrou a responsabilidade objetiva do fornecedor, na qual ele responde, independente de culpa, pelos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos, in verbis: 
“Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. (…)
§ 3º O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:
I – que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
II – a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro”.
	É necessário não perder de vista a posição que a jurisprudência pátria vem assumindo diante da matéria sub examine, conforme se depreende da ementa abaixo:
EMENTA. APELAÇÃO – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO – INEXISTÊNCIA DE DÉBITO – ENVIO DE CARTÃO DE CRÉDITO NÃO SOLICITADO – COBRANÇA INDEVIDA – INDENIZAÇÃO – DANO MORAL. É indevida a cobrança de taxa de anuidade de cartão de crédito não solicitado e não desbloqueado. O dano moral decorre da inscrição indevida nos cadastros de restrição ao crédito, independentemente da prova objetiva do abalo à honra e à reputação sofrida pela parte Autora. Não bastasse, de acordo com a súmula n. 532 do STJ: "constitui prática comercial abusiva o envio de cartão de crédito sem prévia e expressa solicitação do consumidor, configurando-se ato ilícito indenizável e sujeito à aplicação de multa administrativa". Se o valor da indenização foi fixado com proporcionalidade, descabe majorar ou diminuir. O termo inicial para incidência dos juros, quando o pleito indenizatório está fundado em inexistência de relação contratual é a data do evento danoso em consonância com a súmula n. 54 do STJ.
(TJ-MG – AC: 10707130004815001 MG, Relator: Manoel dos Reis Morais, Data de Julgamento: 04/08/2015, Câmaras Cíveis / 10ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 14/08/2015)
	Conclui-se do narrado que a conduta da requerida encontra-se revestida de má-fé, restando configurado o dano moral, tendo os seus efeitos exorbitando, por sua clara natureza e gravidade, o aborrecimento normalmente decorrente de uma perda patrimonial e ainda repercutem na esfera da dignidade da requerente. 
	O Código Civil também disciplinou a indenização por dano moral e material sofrido. Em seu artigo 186, preconiza que “aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
	Na mesma via, o mencionado Código, em seu parágrafo único do artigo 927, reforça a responsabilidade objetiva, decorrente dos riscos da atividade, in verbis: 
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. 
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. 
	Sobre tal aspecto, é mister salientar o entendimento do respeitável FLÁVIO TARTUCE, em sua obra Manual de Direito Civil: volume único / 11. ed. - Rio de Janeiro, Forense; Método, 2021., a respeito do dano material ou patrimonial, in verbis: “os danos patrimoniais ou materiais constituem prejuízos ou perda que atingem o patrimônio corpóreo de alguém. (…) danos emergentes ou danos positivos – o que efetivamente se perdeu”. 
	É notório que a requerida, por ação voluntária, cometeu ato ilícito manifesto ao proceder à inscrição da requerente em cadastro de proteção ao crédito por dívida inexistente, resultando em sérios danos à integridade física e moral desta. Como consequência, a requerente vem passando por sérias dificuldades financeiras, pois, em virtude do desmaio sofrido com a notícia do débito indevido, foi submetida à cirurgia no cérebro e contraiu dívidas decorrentes de gastos com fisioterapias e medicações; dívidas estas que totalizam R$ 13.586,00 (treze mil quinhentos e oitenta e seis reais). 
	Por não poder exercer suas atividades laborais, a requerente depende financeiramente de sua genitora, que possui renda de apenas um salário-mínimo, sendo um verdadeiro embaraço para ambas conseguirem arcar com todas as despesas provenientes do tratamento sem comprometer o mínimo para seu sustento. Porque não dizer, irrealizável.
	Fincando de vez a responsabilidade objetiva da requerida no caso concreto, bem como sua obrigação de reparar os danos moral e material ocasionados à requerente, o artigo 949 do Código Civil destaca que: “no caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido”. 	
	O quantum indenizatório tem o condão de prevenir, de modo que o ato lesivo não seja praticado novamente. Deve-se atentar, ainda, em juízo de razoabilidade, para a condição social da vítima e do causador do dano, da gravidade, natureza e repercussão da ofensa, assim como exame do grau de reprovabilidade da conduta do ofensor.
	Neste sentido, o valor deve garantir à requerente, e também parte lesada, reparação que lhe compense os danos bem como cause impacto suficiente para desestimular a reiteração da conduta reprovável por parte da requerida.
	Por isso, Excelência, diante de tudo que lhe foi apresentado, resta evidente o dano in re ipsa e material sofrido pela parte requerente, gerando o dever de reparação, por parte da requerida, dos prejuízos causados. Diante do exposto, requer deste douto Juízo, conforme o narrado e provado anteriormente, que condene a requerida à indenização a título de danos morais e materiais no valor de R$ 18.586,00 (dezoito mil quinhentos e oitenta e seis reais).
DA TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA.
	A requerente encontra-se com o nome inscrito em cadastros de proteção ao crédito (SPC/SERASA) indevidamente, sendo diariamente lesada em seu direito personalíssimo ao nome, enquanto durar a inscrição.
	 Ademais, em virtude dos danos sofridos, necessita efetuar a compra de diversos medicamentos, o que faz mediante compra a prazo, podendo ser prejudicada em virtude dessa inscrição. A requerente é pessoa íntegra e sempre honrou com os compromissos financeiros assumidos, fato que é notório na sociedade onde vive. Prova disso, é que diligenciou junto à requerida em busca de informações acerca do débitodesconhecido.
	O Código de Processo Civil, em seu artigo 300, define que a tutela de urgência deve ser deferida quando presentes, concomitante, a probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo. 
	No caso em tela, a probabilidade do direito é demonstrada na inexistência de qualquer contrato ou requerimento de envio, ou mesmo de desbloqueio, do cartão em questão. 
	O periculum in mora se demonstra no fato da requerente encontrar-se impossibilitada de realizar qualquer atividade comercial que lhe seja averiguado o nome, bem como no grande risco de lhe ser causado um sério dano à sua saúde, tendo em vista a necessidade de adquirir medicamentos para seu tratamento.
	Enquanto perdura esta situação, a requerente vem sendo diariamente lesada pelo seu nome inscrito nos cadastros de inadimplentes indevidamente, pela cobrança de uma dívida inexistente. Certamente, caso tenha que esperar o desfecho do processo, terá prejuízos irreparáveis. 
	Ademais, o Código de Defesa do Consumidor, em seus parágrafos 3º e 4º, preconiza que:
Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento. 
§ 3° Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citado o réu.
§ 4° O juiz poderá, na hipótese do § 3° ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento do preceito.
	Por todo o exposto, constata-se que se encontram presentes os requisitos necessários à concessão liminar dos efeitos da tutela provisória de urgência, que comprovam a verossimilhança das alegações da requerente e o perigo de dano de difícil reparação, caso não antecipada a tutela pretendida. 
	Nestes termos, requer deste douto Juízo a concessão da tutela provisória de urgência antecipada, a fim de que a requerida retire a inscrição do nome da requerente dos cadastros de proteção ao crédito, enquanto durar este processo. Requer, inclusive, a determinação de multa diária à requerida em caso de descumprimento da liminar, no valor a ser estipulado por Vossa Excelência.
DOS PEDIDOS. 
	Face ao exposto, requer:
	O deferimento dos benefícios da justiça gratuita, compreendendo todos os atos do processo até decisão final do litígio, em todas as instâncias, nos termos do art. 98 e seguintes do CPC/2015; 
	Seja concedida, liminarmente, tutela de urgência determinando-se à Requerida que proceda à imediata exclusão do nome da Requerente dos cadastros de proteção ao crédito (SPC/SERASA), com a determinação de multa diária em caso de descumprimento da liminar, no valor a ser estipulado por Vossa Excelência; 
	A inversão do ônus da prova, em favor da Requerente, nos termos do Art. 6º, VIII da Lei 8.078/90; 
	A produção de prova testemunhal, cujo rol será apresentado na oportunidade legal, nos termos dos artigos 442 e 357, parágrafo 4º, do Código de Processo Civil.
	No mérito, a total procedência da presente ação, em todos os termos dos pedidos, para o fim de declarar inexistentes a relação jurídica bem como os débitos imputados à requerente, referentes ao cartão nº …, confirmando os efeitos da tutela antecipada pleiteada; 
	Seja a presente demanda julgada procedente para condenar a requerida ao pagamento de indenização por danos morais pela sua conduta abusiva, em valor pecuniário justo e condizente com o caso apresentado em tela, equivalente a R$ 5.000,00 (cinco mil reais);
	Seja a presente demanda julgada procedente para condenar a requerida ao pagamento de indenização, de cunho compensatório e punitivo, pelos danos materiais causados à requerente, em virtude de sua conduta ilícita, no importe de R$ 13.586,00 (treze mil quinhentos e oitenta e seis reais);
	A condenação da requerida ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios de sucumbência, em conformidade com o artigo 85 do Novo Código de Processo Civil. 
DAS PROVAS
	Protesta a requerente provar o alegado por todos os meios de provas no direito admitidas, requerendo desde já a juntada dos comprovantes dos danos sofridos, sem prejuízo da posterior juntada de documentos que se tornem futuramente conhecidos, acessíveis ou disponíveis, na forma do artigo 435 do Código de Processo Civil.
	Tendo em vista que possui testemunhas que acompanharam o fatídico acontecimento com a requerente no estabelecimento comercial e que estes depoimentos são imprescindíveis para que fique provado que os fatos narrados na inicial são a realidade, pleiteia-se a produção de prova testemunhal, cujo rol será apresentado na oportunidade legal, nos termos do artigo 442, do Código de Processo Civil. 
DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU MEDIAÇÃO.
	Manifesta-se a requerente pela não realização da audiência de conciliação ou mediação, nos termos do artigo 334, parágrafo 5º, do Novo Código de Processo Civil.
DO VALOR DA CAUSA.
	Dá-se à presente causa o valor de R$ 18.586,00 (dezoito mil quinhentos e oitenta e seis reais).
	Nestes termos, pede e espera deferimento.
	Local e data.
	Nome e assinatura do advogado.
	Número de inscrição e seccional da OAB.

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