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Infecção na cirurgia INTRODUÇÃO • “Complicações cirúrgicas e cirurgias das infeções”; • Abcessos intracavitários, complicações de pielonefrite; • Infecções que acometem pacientes cirúrgicos; Exemplos: Infecções de sítio cirúrgico (ISC), infecção primária de corrente sanguínea (bacteremia), ITUs e outras. A intervenção cirúrgica, por si só, já induz alterações na resposta imunológica do paciente, o que pode facilitar a entrada e proliferação de patógenos. Pacientes naturalmente imunossuprimidos → trauma, queimaduras, tumores malignos; Imunossupressão terapêutica → transplantes de órgãos; HISTÓRICO Semmelweis: • Diferenças nas mortalidades de um hospital realizado por parteiras e por estudantes de medicina; • Substâncias para higienização manual → queda das infecções cirúrgicas; • “Fator cadavérico” Pasteur: • Microrganismos; Lister: • Ácido fenólico + outras técnicas assépticas; Haslted: • Luvas de borracha; TIPOS DE INFECÇÕES Assepsia: ausência de bactérias; Antissepsia: Infecção pós-operatória: relaciona-se com a quantidade e tipo de contaminação, técnica cirúrgica, anestesia e resistência do hospedeiro. As principais são: • Local da cirurgia; • Urinária; • Respiratória; Infecção hospitalar: ocorre de microrganismo do ambiente hospitalar. As principais são: • Urinárias; • Respiratórias; • Ferida cirúrgica; • Septicemia; 1.TIPOS DE INFECÇÃO • Ferida operatória • ITU • IRA • Sepse • Peritonite • Infecção de cateter venoso 2. Tratamento 2.1. Clínico – antimicrobianos / antifúngicos 2.2 Cirúrgico RESPOSTA ORGÂNICA Dependente de: Virulência e número de microrganismos; Meio em que a infecção desenvolve; Fatores que levam à imunossupressão: ✓ Idosos; ✓ Diabetes; ✓ Desnutrição; ✓ Leucopenia; ✓ Corticoterapia; ✓ Radio e quimio; Mecanismos de defesa do hospedeiro: ✓ Mecânicos ✓ Humorais (IgG, IgM, IgA) ✓ Celulares (Macrófagos, neutrófilos) ✓ Citocinas (liberadas pelos macrófagos) FATORES DE RISCO As intervenções cirúrgicas são porta de entrada para patógenos, como: Tecidos lesionados, incisão, local de punção para acesso vascular ou utilização de cateter permanente; A lesão gera alterações inflamatórias que interferem na imunidade do hospedeiro; REMIT: estresse aumenta a função cardiovascular por meio do sistema nervoso autônomo, promove a glicogenólise, cataboliza o tecido magro periférico e a gordura para a gliconeogênese, aumenta a coagulação para interromper a hemorragia, e estimula a liberação de citocinas pró-inflamatória, em um processo de início de reparo tecidual. As imunidades inata e adaptativa se encontram deprimidas, em grande parte, pelas ações do cortisol. DISFUNÇÃO IMUNOLÓGICA DO TRAUMA: LINFOPENIA: Relação de linfócitos T auxiliar e supressor < 1 • Regulação negativa – downregulated: Proliferação de células T, B; Atividade de células NK; Expressão do receptor de IL-2; Produção de IL-4 e IL-10; Expressão de HLA-DR; Resposta do teste cutâneo DTH; IMUNIDADE NÃO ESPECÍFICA: Monocitose • Regulação positiva (upregulated) Proteínas de fase aguda; Produção de citocinas inflamatórias; Produção de eicosanoides; • Regulação negativa (downregulated) Função neutrofílica ALTERAÇÕES ENDÓCRINAS Efeitos da hiperglicemia sobre a imunidade celular: • Explosão respiratória dos macrófagos alveolares diminuída • Quimiocinese estimulada pela insulina diminuída • Ativação da proteína quinase C induzida por glicose • Adesão aumentada • Geração aumentada de moléculas de adesão • Ativação espontânea de neutrófilos Efeitos da resposta ao estresse no metabolismo de carboidratos: • Captação da glicose periférica aumentada • Hiperlactatemia • Gliconeogênese aumentada • Glicogenólise deprimida • Resistência periférica à insulina FATORES QUE AUMENTAM RISCO DE INFECÇÃO • Extremos da idade (neonatos, adultos muito idosos) • Desnutrição • Obesidade • Diabetes melito • Irradiação anterior do local • Hipotermia • Hipoxemia: • A administração de oxigênio suplementar (FIO2 = 0,8) reduz o risco de ISC após cirurgia eletiva (metanálise) • Coexistência de infecção remota ao sítio cirúrgico • Corticoterapia • Cirurgia recente, sobretudo do tórax ou do abdome • Inflamação crônica • Hipocolesterolemia • Transfusões: • Expressam imunossupressão mediante a apresentação de antígenos leucocitários alterados, levando a uma mudança para o fenótipo T helper do tipo 2 CLASSIFICAÇÃO DAS CIRURGIAS LIMPAS • Sem lesão nos tratos – TGI, TU, TR; • Feridas não traumáticas e sem infecção; ✓ Princípios de anti-sepsia; Hérnias; POTENCIALMENTE CONTAMINADA • Perfuração dos tratos, sem contaminação significativa; • Pequenas infrações da técnica cirúrgica ou aquelas em áreas de difícil anti-sepsia Colecistectomias, cirurgias orificiais anais; Cirurgias eletivas do trato aerodigestório ou geniturinário; CONTAMINADAS “Violação dos tratos digestório, respiratório ou urinário, feridas traumáticas com menos de 6h, presença de processo inflamatório sem a presença de pus ou ainda grandes quebras de técnica e de antis- sepsia;” • Contaminada por secreções dos tratos; • Feridas traumáticas; ✓ Processo inflamatório, mas sem pus; ✓ Anti-sepsia mantida; ✓ Ferida traumática < 6h Apendicite em fases iniciais – sem pus; INFECTADA • Pus, perfuração de vísceras, feridas traumáticas com mais de 6h de evolução; Laparotomias por peritonites purulentas Hemicolectomia para correção de diverticulite perfurada CICLO DA INFECÇÃO 1. Ciclo vicioso – operação – infecção – desnutrição – imunossupressão – reoperação – mais desnutrição – nova operação; 2. Arte da cirurgia: identificar e saber quando abordar; 3. Patogenia; 4. Agentes infecciosos – bactérias e fungos; 5. Imunidade – específica/inespecífica, anergia; 6. Espaço fechado (cavidades) → proliferação propícia do organismo (anaeróbico – crescimento bacteriano) Contaminação: contato direto, contiguidade, translocação bacteriana (passagem da bactéria para um local → outro); Coleção na cavidade por translocação bacteriana do intestino; ITU recorrente com pacientes que possuem; EXEMPLO – RETIRADA DE VESÍCULA 1º dia de febre → REMIT; (cirurgias do pescoço, andar superior do abdome) atelectasia pulmonar → TNF-a → resposta inflamatória; A febre é comum durante as primeiras 72 horas após a cirurgia e geralmente tem origem não infecciosa. 2º dia de febre → persistência de febre PODE ser infecção → ITU; (mulher >) ITU: ✓ Contaminação de bactérias por TGI (sondagem e processo natural) ✓ Uretra ✓ > constipação → translocação é mais frequente; 3º dia de febre → ferida operatória ou ISC; Entretanto, 96 horas após a cirurgia, a febre tem maior probabilidade de representar uma infecção. FONTES DE INFECÇÃO 1. Equipe Cirúrgica a. Estado de saúde dos membros da equipe b. Técnica de escovação c. Paramentação d. Técnica operatória e. Tempo de cirurgia 2. Salas de Cirurgia 3. Paciente MICROBIOLOGIA DAS ISC A maioria das infecções ocorrem pela flora bacteriana da própria pele; Patógenos mais comuns → cocos Gram-positivos: Staphylococcus epidermidis, S. aureus e Enterococcus spp. P. Incisões infrainguinais e cirurgias intracavitárias: bacilos Gram-negativos, como a Escherichia coli e a Klebsiella spp. Cirurgias de faringe, no trato gastrointestinal inferior, ou trato genital feminino: bactérias anaeróbicas tornam-se potenciais agentes patogênicos SSI. PNEUMONIA Suscetíveis à pneumonia, principalmente aqueles que necessitam de ventilação mecânica; Pneumonia que ocorre de 48 a 72 horas após a intubação endotraqueal,é a infecção mais comum nas UTIs entre pacientes cirúrgicos e traumáticos; • P. aeruginosa, Enterobacteriaceae, S. pneumoniae, S. aureus e H. influenzae. BACTEREMIA Comum em inserções incorretas e que desconsiderem os cuidados de anti-sepsia; Risco de infecção é MAIOR para cateteres venosos femorais e MENOR para cateteres colocados pela veia subclávia; ITU Bacteriúria ou candidúria associadas ao cateterismo vesical; • Bacilos Gram-negativos, nosocomiais e multirresistentes, em vez de E. coli, Enterococcus spp. e leveduras TRATAMENTO • Clínico – antimicrobianos/ antifúngicos; • Cirúrgico; CONTROLE DA INFECÇÃO ANTI-SEPSIA: Higiene das mãos é o meio mais eficaz de se reduzir a disseminação de infecção; • Álcool em gel: eficaz (menos para Clostridium difficile, que necessita de água e sabão) PROFILAXIA • Tempo de internação; • Hora de internação; • Hora da tricotomia: Nenhuma remoção de pelos deve ser realizada; se for removido, cortadores ou um agente depilatório deve ser utilizado imediatamente antes da cirurgia. Lâminas não devem ser usadas. • Esterilização de materiais; • Limpeza de salas; • Cuidados com a equipe cirúrgica; • Quimioprofilaxia → antimicrobianos; ANTIMICROBIANOS Profilaxia – antimicrobianos; Características: Espectro: flora natural x perfil de sensibilidade; Toxicidade: Risco de alteração de flora bacteriana – principal condição que induz resistência; Farmacocinética – concentração inibitória mínima, meia vida, metabolização, vias de excreção, doses eficazes; Duração; Custo; Stafilo, KPC; Profilaxia costuma ser feita em 24h → tempo ideal para administrar a antibioticoprofilaxia parenteral é dentro de uma hora antes da incisão. Antibióticos administrados antes desse tempo são ineficazes, assim como os agentes administrados após a incisão ter sido fechada. Quinolonas ou carbapenêmicos são agentes indesejáveis para a profilaxia cirúrgica, embora a profilaxia com ertapenem e quinolonas tenha sido endossada pelo SCIP para a profilaxia de cirurgia de cólon. Drogas profiláticas não devem ser as mesmas de tratamento; Obs.: colecistectomia laparoscópica eletiva (limpa- contaminada) → não indica profilaxia antimicrobiana; Observações: Proporção de pacientes que têm sua dose de antibióticos iniciada em uma hora antes da incisão cirúrgica (duas horas para vancomicina ou uma fluoroquinolona) Proporção de pacientes que recebem um agente antibiótico aprovado para a profilaxia de acordo com as recomendações atuais (diretrizes publicadas; Tabela 11‑2) Proporção de pacientes cujos antibióticos profiláticos foram interrompidos em 24 horas após o término da cirurgia (48 horas para cirurgia cardíaca) O uso de clindamicina é preferido para pacientes alérgicos a antibióticos β‑lactâmicos. A vancomicina é permitida para profilaxia da cirurgia cardíaca, vascular e ortopédica caso haja um motivo documentado pelo médico no prontuário ou alergia documentada aos β‑lactâmicos. CIRURGIA ANTIMICROBIANO Cardíaco (incluindo cirurgia de revascularização miocárdica), a vascular Cefazolina ou cefuroxima ou vancomicina Quadril, artroplastia do joelho Cefazolina ou cefuroxima ou vancomicina Cólon Oral: Sulfato de neomicina associado à eritromicina ou metronidazol, administrado por 18 horas antes da cirurgia Parentérico: Cefoxitina ou cefotetan, ou ertapenem ou cefazolina associado à metronidazol ou ampicilina-sulbactam Histerectomia Cefazolina ou cefoxitina, cefotetan ou cefuroxima, ou ampicilina- sulbactam REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SABISTON. Tratado de cirurgia: A base biológica da prática cirúrgica moderna. 19.ed. Saunders. Elsevier SIMP_7Infecao_em_cirurgia (usp.br) https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/crit erios_nacionais_isc.pdf https://periodicos.ufrn.br/jscr/article/view/11413 https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2783913/mod_resource/content/1/SIMP_7Infecao_em_cirurgia.pdf#:~:text=A%20infec%C3%A7%C3%A3o%20p%C3%B3s%2Doperat%C3%B3ria%20%C3%A9,microorganismo%20presente%20no%20ambiente%20hospitalar. https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/criterios_nacionais_isc.pdf https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/criterios_nacionais_isc.pdf https://periodicos.ufrn.br/jscr/article/view/11413
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