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RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 2 | P á g i n a RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 3 | P á g i n a A hipertensão arterial é a condição clínica multifatorial caracterizada por elevação sustentada do nível pressóricos sistólico > ou = 140 e / ou diastólico > ou = 90 mmHg. Ela é uma das principais causas de outras doenças no mundo, dobrando o risco de doenças cardiovasculares, incluindo a doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca congestiva, acidente vascular encefálico, insuficiência renal e doença arterial periférica. ➢ No Brasil a HAS atinge 36 milhões de indivíduos adultos (32,5% de prevalência) e mais de 60% dos idosos. A HAS contribui direta ou indiretamente por cerca de 50% das mortes por doença cardiovascular. Em 2013 ocorreram 1.138.670 óbitos, 339.672 dos quais (29,8%) decorrentes de DCV, a principal causa de morte no país. Entre os fatores de risco para mortalidade, a hipertensão arterial explica 40% das mortes por AVC e 25% daquelas por DAC. RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 4 | P á g i n a Estudos transversais e de coorte mostraram tendência à diminuição da prevalência nas últimas três décadas, de 36,1% para 31,0%. Estudo brasileiro revelou que, em indivíduos adultos hipertensos: - 50,8% sabiam ser hipertensos; - 40,5% estavam em tratamento; - Apenas 10,4% tinham PA controlada (< 140/90 mmHg). ➢ IDADE: A pressão arterial aumenta linearmente com a idade e com isso a probabilidade de desenvolver a hipertensão. Em jovens: decorre mais frequentemente da elevação na pressão diastólica. A partir da 6ª década: o principal componente é a elevação da pressão sistólica. O risco absoluto de desenvolver doença cardiovascular associado ao aumento da PA aumenta marcadamente com o avanço da idade. ETNIA: Mulheres afrodescendentes tem 130% mais chances de desenvolver HAS em relação a mulheres brancas. Ser negro é um fator de risco para a HAS. OBS: Sexo não é um fator de risco - Prevalência global de hipertensão entre homens (26,6%) e mulheres (26,1%). FATORES SOCIOECONÔMICOS: Quanto pior as condições socioeconômicas maior é a prevalência da HAS, das lesões de órgão-alvo e de outros fatores de risco. Os aspectos associados são o stress psicossocial, hábitos dietéticos, menor nível educacional e menor acesso a serviços de saúde. DIETA RICA EM SÓDIO: o consumo recomendado de sódio é de no máximo 2g/dia, ingestão excessiva está diretamente relacionada ao aumento da PA. OBESIDADE: É um importante fator predisponente para hipertensão (IMC > 30 Kg/m2) sendo responsável por 20 - 30% dos casos de hipertensão arterial com 75% dos homens e 65% das mulheres apresentando hipertensão diretamente relacionada a sobrepeso e obesidade. Ademais o ganho de peso e aumento da circunferência da cintura são importantes índices prognósticos de hipertensão arterial. SEDENTARISMO: Sedentários possuem risco 30% maior de desenvolver HAS. Além disso o exercício físico aeróbico exerce um forte efeito hipotensor em indivíduos hipertensos. ÁLCOOL: O consumo elevado de bebidas alcoólicas (cerveja, vinho e destilados) aumenta a PA. A magnitude está associada à quantidade e à frequência de ingestão do etanol. A redução no consumo de etanol leva a uma redução média de 3,3 mmHg na pressão sistólica e 2,0 mmHg na pressão diastólica. O risco aumenta a partir do consumo de cerca de 30g de etanol/dia. TABAGISMO. HISTÓRIA FAMILIAR (GENÉTICA): o histórico familiar aumenta o risco em 30-60%. ➢ Medida da PA: elemento-chave para estabelecimento do diagnóstico da hipertensão arterial e avaliação da eficácia do tratamento. 1ª avaliação: medidas obtidas em ambos os MMSS e, em caso de diferença, utiliza-se sempre o braço com o maior valor de pressão. O indivíduo deverá ser investigado para doenças RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 5 | P á g i n a arteriais se apresentar diferenças de pressão entre os MMSS maiores de 20/10 mmHg para a pressão sistólica/diastólica. Em cada consulta, deverão ser realizadas pelo menos 3 medidas, com intervalo de 1 minuto entre elas, sendo a considerada a PA do indivíduo média das duas últimas. A posição recomendada para a medida da PA é a sentada. Medida nas posições ortostática e supina: - Pelo menos na 1ª avaliação em todos os indivíduos. - Em todas as avaliações em idosos, diabéticos, portadores de disautonomias, alcoolistas e/ou em uso de medicação anti-hipertensiva. MEDIDA RESIDENCIAL DA PRESSÃO ARTERIAL (MRPA): é o registro da PA por método indireto, com 3 medidas pela manhã e 3 à noite, durante 5 dias. Pode ser realizado pelo próprio paciente ou por uma pessoa treinada, durante a vigília, no domicílio ou no trabalho. RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 6 | P á g i n a São consideradas anormais na MRPA as médias de PA acima de 135 x 85mmHg. O método é recomendado quando se há suspeita de hipertensão mascarada e hipertensão do jaleco branco, além de ser usado para avaliação da eficácia da terapêutica escolhida. OBS: A MRPA não deve ser confundida com auto medida da PA, que é o registro não sistematizado da PA realizado de acordo com a orientação do médico do paciente. MEDIDA AMBULATORIAL DA PRESSÃO ARTERIAL (MAPA): é o registro indireto e intermitente da PA durante 24hs através de um aparelho automático instalado no paciente, enquanto ele realiza suas atividades habituais na vigília e durante o sono. São consideradas anormais no MAPA as médias de PA de 24hs, vigília e sono acima de 130 x 80 mmHg e 120 x 70 mmHg, respectivamente. O MAPA é indicado em suspeita da hipertensão do avental branco, na avaliação da eficácia terapêutica (quando a pressão casual permanecer elevada e houver suspeita de hipertensão do avental branco ou diagnóstico de hipertensão resistente; e quando a pressão casual estiver controlada mas houver sinais de progressão de lesões de órgãos-alvo), na avaliação de lesões de órgãos-alvo em normotensos e na avaliação de sintomas como hipotensão. OBS: Recomenda-se, sempre que possível, a medida da PA fora do consultório para esclarecimento diagnóstico, identificação da hipertensão do avental branco e hipertensão mascarada. OBS: Hipertensão do Avental Branco: risco cardiovascular intermediário, paciente só apresenta alteração da PA no consultório. Não existem evidências de benefícios de intervenções nesse grupo de pacientes, mas devem permanecer em acompanhamento clínico. CLASSIFICAÇÃO: CLASSIFICAÇÃO PA SISTÓLICA (MMHG) PA DIASTÓLICA (MMHG) ÓTIMA < 120 < 80 NORMAL < 130 < 85 LIMÍTROFE 130 – 139 85 - 89 HIPERTENSÃO ESTÁGIO 1 140 – 159 90 - 99 HIPERTENSÃO ESTÁGIO 2 160 - 179 100 - 109 HIPERTENSÃO ESTÁGIO 3 ≥ 180 ≥ 110 HIPERTENSÃO SISTÓLICA ISOLADA ≥ 140 < 90 DIAGNÓSTICO (ALGORITMO): RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 7 | P á g i n a RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 8 | P á g i n a OBS: Os limites de PA considerados normais são arbitrários e, na avaliação dos pacientes, deve- se considerar também a presença de fatores de risco, lesões de órgãos-alvo e doenças associadas. OBS: situações especiais: Crianças Após os 3 anos ou em circunstâncias especiais de risco, e empregando-se manguito com bolsa de borracha de tamanho adequado à circunferência do braço. Idosos - Hiato auscultatório (desaparecimento dos sons na ausculta durante a deflação do manguito, geralmente entre o final da fase I e o início da fase II dos sons de Korotkoff). - Pseudo-hipertensão: nível de PA superestimado em decorrência do enrijecimento da parede da artéria. Pode ser detectada por meio da manobra de Osler (inflação do manguito no braço até o desaparecimento dopulso radial). Se a artéria for palpável após esse procedimento, sugerindo enrijecimento, o paciente é considerado Osler positivo. RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 9 | P á g i n a • Gestantes Recomenda-se que a medida da PA seja feita na posição sentada, identificando-se a pressão diastólica na fase V de Korotkoff. Reforçando-se que ela também pode ser medida no braço esquerdo na posição de decúbito lateral esquerdo em repouso, não devendo diferir da obtida na posição sentada. ➢ Objetivos: • Confirmar a elevação da PA e firmar o diagnóstico de hipertensão • Identificar fatores de risco para doenças cardiovasculares • Avaliar lesões de órgãos-alvo e presença de doença cardiovascular • Diagnosticar doenças associadas à hipertensão • Estratificar o risco cardiovascular do paciente • Diagnosticar hipertensão arterial secundária. História relevante do paciente: • Duração da hipertensão; • Terapias anteriores: respostas e efeitos colaterais; • História familiar de hipertensão e doenças cardiovasculares; • História dietética e psicossocial; • Outros fatores de risco: obesidade, dislipidemia, tabagismo, diabetes, sedentarismo; • Evidências de hipertensão secundária: história de doença renal; mudança na aparência; fraqueza muscular; crises de sudorese; palpitações; tremor; sono alterado; sonolência durante o dia; sintomas de hipo ou hipertireoidismo; uso de agentes químicos que podem alterar a PA. • Evidências de lesão de órgão-alvo: história de AIT, AVE, cegueira transitória, angina, IAM, ICC, disfunção sexual etc. • Outras comorbidades. Exame físico (além da aferição da PA): • Frequência cardíaca e análise do pulso – indivíduos hipertensos tem maior chance de desenvolver fibrilação arterial; • Alterações de fundo de olho; • Exame do coração – bulhas hiperfonéticas e galope de b4; • Sopro abdominal – hipertensão renovascular. • Sinais de ICC. Exames complementares: RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 10 | P á g i n a • Solicitados quando há elementos indicativos de doenças associadas, lesões em órgãos- alvo e doença cardiovascular (3 ou mais fatores de risco). ➢ Consiste em cerca de 10% dos casos de hipertensão arterial na população e é uma consequência de outra doença prévia. As principais causas são: • Causa Renal: a. Doença Renal Parenquimatosa; b. Hipertensão renovascular. RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 11 | P á g i n a • Causa Endócrina: a. hiperaldosteronismo primário; b. síndrome de Cushing; c. feocromocitoma. • Coarctação da Aorta: estreitamento da aorta (hipertensão segmentar acima do ponto de estreitamento). • Doença Hipertensiva Específica da Gravidez (DHEG). ➢ A hipertensão é um fator predisponente independente para a insuficiência cardíaca, DAC, AVE, doença renal e doença arterial periférica. 1) DOENÇAS CARDÍACAS: • É a causa mais comum de morte nos pacientes hipertensos; • Insuficiência Cardíaca (hipertrofia ventricular esquerda e/ou miocardiopatia dilatada); • Insuficiência coronariana > IAM (complicação mais grave, principal causa de óbito); • Arritmias. 2) DOENÇAS NEUROLÓGICAS: • Acidente Vascular Encefálico (isquêmico, hemorrágico ou/e transitório); • Encefalopatia Hipertensiva (pode evoluir para edema cerebral). 3) DOENÇAS RENAIS (NEFROPATIA HIPERTENSIVA): • Nefroesclerose benigna: estreitamento da luz das arteríolas renais por esclerose hialina das paredes. • Nefroesclerose maligna: fase maligna ou acelerada da hipertensão. RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 12 | P á g i n a OBS: ambas cursam com insuficiência renal (nefropatia hipertensiva) cujos sintomas mais precoces são noctúria e poliúria. Nos casos mais avançados surgem os sintomas da uremia. 4) DOENÇAS OFTAMOLÓGICAS (RETINOPATIA HIPERTENSIVA): • Diminuição do diâmetro das arteríolas do olho; • Hemorragias; • Edema de papila (hipertensão maligna); • Descolamento de retina. ➢ A estratégia terapêutica deverá ser individualizada de acordo com a estratificação de risco e a meta do nível de PA a ser alcançado. Preconizam-se mudanças dos hábitos alimentares e do estilo de vida para todos os pacientes, independentemente do risco cardiovascular. Para emprego isolado do tratamento não-medicamentoso, ou associado ao tratamento medicamentoso como estratégia terapêutica, deve-se considerar a meta da PA a ser atingida, que em geral é determinada pelo grau de risco cardiovascular. RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 13 | P á g i n a RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 14 | P á g i n a RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 15 | P á g i n a ➢ As mudanças no estilo vida atuam tanto como um fator de prevenção a HAS como uma terapia eficaz adjuvante aos medicamentos. Principais fatores ambientais modificáveis da hipertensão arterial são: • hábitos alimentares inadequados (ingestão excessiva de sal, baixo consumo de vegetais) • sedentarismo; • obesidade; • consumo exagerado de álcool. CONTROLE DO PESO: o combate a obesidade atua reduzindo a PA e os riscos para doença cardiovascular. Sabe-se que a redução de cerca de 10kg do peso corporal diminui em até 5mmHg da PA. Pacientes com HAS tem por objetivo manter o IMC < 25 e a circunferência abdominal < 88 para mulheres e 102 para homens. MUDANÇA DO PADRÃO ALIMENTAR: Os alimentos “de risco” (ricos em sódio e gorduras saturadas) devem ser evitados, ao passo que os “de proteção” (ricos em fibras e potássio) são permitidos. A dieta preconizada pelo estudo DASH (Dietary Approachs to Stop Hypertension) mostrou benefícios no controle da PA, inclusive em pacientes fazendo uso de anti-hipertensivos. Enfatiza o consumo de frutas, verduras, alimentos integrais, leite desnatado e derivados, quantidade reduzida de gorduras saturadas e colesterol, maior quantidade de fibras, potássio, cálcio e magnésio. Compõe-se de 4-5 porções de frutas, 4-5 porções de vegetais e 2-3 porções de laticínios desnatados por dia, com menos de 25% de gordura. O consumo de sódio deve ser de 2g/dia para que haja redução da PA. Recomenda- se reduzir o sal adicionado aos alimentos, evitar o saleiro à mesa e reduzir ou abolir os alimentos industrializados (enlatados, conservas, frios, embutidos, sopas, temperos, molhos prontos e salgadinhos). REDUÇÃO DO CONSUMO DE ETANOL: Recomenda-se limitar o consumo de bebidas alcoólicas a, no máximo, 30 g/dia de etanol para homens e 15 g/dia para mulheres ou indivíduos de baixo peso. Aos pacientes que não se enquadrarem nesses limites de consumo, sugere-se o abandono. EXERCÍCIO FÍSICO: A prática regular é recomendada p/ todos os hipertensos, inclusive aqueles sob tratamento medicamentoso, porque reduz a pressão arterial sistólica/diastólica em 6,9/4,9 mmHg. Além disso, pode reduzir o risco de DAC, AVC e mortalidade geral. OBS: Antes de iniciarem programas regulares de exercício físico, os hipertensos devem ser submetidos a avaliação clínica especializada. Hipertensos em estágio 3 só devem iniciar o exercício após controle da PA. ABANDONO DO TABAGISMO: Agressivamente combatido e eliminado. Terapias reposicionais com nicotina. Eventual descontrole de peso observado com a abolição do tabaco, embora transitório e de pequeno impacto no risco cardiovascular, não deve ser negligenciado. CONTROLE DO STRESS PSICOEMOCIONAL: Pode ocorrer elevação transitória da PA em situações de estresse. O estresse psicoemocional pode interferir na reatividade cardiovascular e na PA, podendo contribuir para hipertensão arterial sustentada. SUPLEMENTAÇÃO DE POTÁSSIO, CÁLCIO E MAGNÉSIO: Dieta com frutas, verdurase laticínios de baixo teor de gordura → quantidades apreciáveis de cálcio, magnésio e potássio → efeito favorável em relação à redução da PA e de AVC. Não existem dados suficientes RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 16 | P á g i n a para recomendar suplementação de cálcio ou magnésio como medida para baixar a PA, se não houver hipocalcemia ou hipomagnesemia. ➢ INDICAÇÕES: • Pacientes com risco cardiovascular muito alto; • PA > 160/100; • Hipertenso grau 1 com risco leve e moderado quando o tratamento não farmacológico não surte efeito após 3 meses. • Idoso: tratar se PA sistólica > 140 e maiores de 80 anos se maior que 160mmHg. • Diabéticos, DAC, AVC: tratar se PA > 130 X 80 mmHg. PRINCÍPIOS DO TRATAMENTO: • Deve ser eficaz por via oral; • Bem tolerado; • Menor número de doses ao dia possível; • Menor dose possível; • Usar no mínimo 4 semanas antes de mudar. MONOTERAPIA: HAS grau 1, indicado qualquer uma das classes, a prescrição deve ser individualizada, cada paciente possui um medicamento mais adequado para si. Em 1/3 dos casos a monoterapia é eficaz. • DIURÉTICOS; • BLOQUEADOR DE CÁLCIO; • IECA; • AT1. TERAPIA ASSOCIADA: HAS grau 2 e 3. JOVENS IDOSOS OU NEGROS HAS GRAU 1 IECA OU BRA BLOQUEADOR DOS CANAIS DE CÁLCIO OU DIURÉTICO HAS GRAU 2 IECA OU BRA + BLOQUEADOR DOS CANAIS DE CÁLCIO OU DIURÉTICO IECA OU BRA + BLOQUEADOR DOS CANAIS DE CÁLCIO OU DIURÉTICO HAS GRAU 3 IECA OU BRA + BLOQUEADOR DOS CANAIS DE CÁLCIO + DIURÉTICO IECA OU BRA + BLOQUEADOR DOS CANAIS DE CÁLCIO + DIURÉTICO HAS GRAU 4 OU HAS RESISTENTE ADICIONAR UM α- BLOQUEADOR OU OUTRO DIURÉTICO OU OUTRO BETA BLOQUEADOR ADICIONAR UM α- BLOQUEADOR OU OUTRO DIURÉTICO OU OUTRO BETA BLOQUEADOR OBS: Resposta inadequada ou/e efeitos adversos: aumentar a dose ou substituir ou associar 2º ou aumentar as associações ou trocar associação ou associar 3º. RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 17 | P á g i n a DIURÉTICOS: • Tiazídicos: são diuréticos usados em dose baixa (hidroclorotiazida 25mg) isoladamente ou associado a outros medicamentos. Possuem baixo custo, são seguros e eficazes. Por isso são indicados para quase todos os pacientes (pode ser usado em idosos, negros e jovens). Possuem efeito potencializado quando associado aos ICAS, BRAS e Beta- bloqueadores, já quando associados aos bloqueadores do canal de cálcio é menos eficaz. OBS: a INDAPAMIDA é um tiazídico com menos efeitos adversos, porém mais caro. • Diuréticos de alça: são reservados para pacientes com taxa de filtração glomerular reduzida, ICC ou retenção de sódio e edema. Usados também na emergência hipertensiva e em pacientes graves. INIBIDORES DA ENZIMA CONVERSORA DE ANGIOTENSINA (IECAS): • São medicamentos eficazes quando usados em monoterapia e quando associados a diuréticos, antagonistas do cálcio e com agentes alfa-bloqueadores. • É indicado para quase todos os pacientes, especialmente aqueles com ICC, Diabetes ou com Insuficiência coronariana. Em jovens não negros é a monoterapia de escolha na hipertensão estágio I. Não é indicado para pacientes com insuficiência renal e em negors não respondem bem. A tosse seca constitui o principal efeito adverso, podendo haver também hiperpotassemia. • Os fármacos mais usados são: Captopril 25mg – 2x/dia. Enalapril 10mg – 2x/dia. BLOQUEADORES DOS RECEPTORES DA ANGIOTENSINA I (BRAS): • São medicamentos com ação e eficácia muito semelhante aos IECAs, e, por isso, usados na maioria dos casos quando há intolerância ao IECA. Assim como os IECAS é indicado, especialmente, para pacientes com diabetes, ICC e Insuficiência coronariana. • O fármaco mais utilizado é o Losartan 50mg – 2x/dia. OBS: A associação de IECA e BRA não é indicada. BLOQUEADORES DO CANAL DE CÁLCIO: • São medicamentos eficazes quando usados em monoterapia e quando associados a outras classes. • Podem ser divididos em: di-idropiridínicos (amlodipino, nifedipino), exercem um efeito vasodilatador predominante, com mínima interferência na frequência e na função sistólica, sendo, por isso, mais frequentemente usados como anti-hipertensivos; e em não di-idropiridínicos, como as fenilalquilaminas (verapamil) e as benzotiazepinas (diltiazem), têm menor efeito vasodilatador, e podem ser bradicardizantes e antiarrítmicos, o que restringe seu uso a alguns casos específicos. Os BCC não di- idropiridínicos podem deprimir a função sistólica cardíaca, principalmente em pacientes que já apresentavam tal disfunção antes do início do seu uso, devendo ser evitados nessa condição. Deve-se dar preferência aos BCC de ação prolongada para que se evitem oscilações indesejáveis na FC e na PA. Edema maleolar costuma ser o efeito colateral mais registrado. • Os fármacos mais utilizados são: Amlodipina 5mg – 2x/dia; Nifedipina R 10-20mg – 2x/dia; RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 18 | P á g i n a Diltiazem 60mg – 2x/dia. β-BLOQUEADORES: • Tipicamente não são usados como primeira linha em monoterapia, mas são eficazes e interessantes para pacientes jovens, coronariopatas, pacientes com hipertensão portal, cefaleia, disfunção diastólica e com tremor de extremidades. • Os BB de primeira e segunda (propranolol) geração são formalmente contraindicados a pacientes com asma brônquica, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e bloqueio atrioventricular de segundo e terceiro graus, podem acarretar intolerância à glicose, induzir ao aparecimento de novos casos de DM, hipertrigliceridemia com elevação do LDL-colesterol e redução da fração HDL-colesterol. Os BB de terceira geração (carvedilol e o nebivolol) têm impacto neutro ou até podem melhorar o metabolismo da glicose e lipídico. • Os fármacos mais utilizados são: Propanolol 40mg – 1 ou 2x /dia; Atenolol 25 ou 50mg – 1 ou 2x/dia; Carvedilol 50mg – 2x/dia. AGENTES DE AÇÃO CENTRAL: • Os agentes alfa-agonistas de ação central agem através do estímulo dos receptores α2 que estão envolvidos nos mecanismos simpatoinibitórios. Nem todos são seletivos. Os efeitos bem definidos dessa classe são: diminuição da atividade simpática e do reflexo dos barorreceptores, contribuindo para bradicardia relativa e a hipotensão notada em ortostatismo; discreta diminuição na RVP e no débito cardíaco; redução nos níveis plasmáticos de renina e retenção de fluidos. • Sua indicação clássica é para a Doença Hipertensiva Específica da Gravidez, sendo a classe mais segura na gestação. O fármaco mais usado é a Alfa Metil Dopa 250-500mg – 2 a 3x/dia. VASODILTADORES DIRETOS: • Os medicamentos que representam essa classe são hidralazina e minoxidil. Atuam diretamente, relaxando a musculatura lisa arterial, levando a redução da RVP. São usados em associação com diuréticos ou beta-bloqueadores em casos de hipertensão de difícil controle. ANTAGONISTAS DA ALDOSTERONA: • São pouco utilizados, podem ser eficazes para pacientes com hipertensão primária com renina baixa, hipertensão resistente (falta de controle da PA com o uso de pelo menos três medicamentos em dosagens máximas toleradas, sendo um deles um DIU) e aldosteronismo primário. RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 19 | P á g i n a ➢ ACHADOS: • PAD > 120 mmHg; • Lesões de órgão-alvo; • EAP, IAM; • Papiledema ao fundo de olho; • Pré-eclâmpsia; TRATAMENTO: • Nitroprussiato de Sódio EV – 1 ampola 50mg diluída em soro fisiológico 0,9% 500ml. ➢ IDOSOS: • 60% dos idososno Brasil tem HAS; • Muito dos casos a HAS está associada a síndrome metabólica; • É comum nesta faixa etária flutuações nos níveis da PA, hipotensão ortostática e hipertensão renovascular associada; • O tratamento medicamentoso em idosos deve ser iniciado com doses mais baixas e o aumento das doses e associações devem ser feitos com cautela; RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 20 | P á g i n a • Geralmente trata-se idosos com PA > 150 x 90 mmHg. As classes preferidas para essa faixa etária são os diuréticos e bloqueadores dos canais de cálcio de ação prolongada. Quando há DAC os beta-bloqueadores são os mais indicados; JOVENS: • Quando não há história familiar relevante deve-se sempre pensar em hipertensão secundária; • O tratamento preferencial é feito com IECA ou AT1. Também utiliza-se bloqueadores de canais de cálcio e diuréticos tiazídicos; • Os beta-bloqueadores são usados quando há contraindicação para os IECAS, em mulheres com potencial de gravidez deve-se ter cautela. NEGROS: • Nesses indivíduos a HAS é mais prevalente e mais difícil de ser tratada; • A evolução para complicações como AVE, eventos cardíacos e nefropatia hipertensiva é significativa muito maior, em especial a nefropatias; • É relevante a resposta inadequada aos IECAS, podendo haver também resistência aos beta-bloqueadores; • As drogas de maior eficiência nesses pacientes são diuréticos e os antagonistas de cálcio. GRÁVIDAS: • Pacientes com HAS crônica prévia > tratar com Alfa Metil Dopa; • Pacientes com pré-eclâmpsia > tratar com hidralazina; • IECA e AT1 são contraindicados. DIABÉTICOS E DISLIPDÊMICOS: • Tratar pacientes com PA 140 x 90 se insuficientes renais e/ou com retinopatia diabética; • AT1 e IECA são os mais indicados; • Diuréticos em baixas doses; AVC AGUDO: • Para pacientes sem indicação de terapia trombolítica e PA inicial > 220/120 mmHg, não se deve reduzir PA em mais de 15-20%, mantendo-se a PAD em 100 -110 mmHg nas primeiras 24 horas. • O nível ideal de PA a ser obtido não é conhecido, mas existe consenso de que não se deve instituir tratamento anti-hipertensivo durante o atendimento inicial, a menos que a PAS seja > 220 mmHg ou PAD > 120 mmHg. • Considerar a possibilidade de utilização de trombolítico após controle da PA. Para pacientes com indicação de terapia trombolítica e PA inicial > 185/110 mmHg, reduzir a PA para < 185/105 mmHg por, no mínimo, as primeiras 24 horas após trombolítico. CARDIOPATAS: • Cardiopatia isquêmica > beta-bloqueadores ou IECAS; • Insuficiência cardíaca > carvedilol, IECA ou inibidor da aldosterona. RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 21 | P á g i n a EPIDEMIOLOGIA • Corresponde a 25% dos pacientes com doença valvar cardíaca. • Aproximadamente 80% dos pacientes são do sexo masculino. DEFINIÇÃO E FUNÇÃO DA VALVA AÓRTICA • A valva aórtica é constituída por um anel fibroso e três folhetos ou cúspides; o anel constitui a origem da raiz da aorta, cuja porção inicial contém bolsas que limitam os espaços logo acima das cúspides, denominadas seios de Valsalva, de onde se originam as duas artérias coronárias que vão facilitar a captação de sangue na diástole em direção as coronárias. Sua função é regular a passagem de sangue do ventrículo esquerdo pra aorta. • A estenose aórtica é a condição em que, pela restrição à abertura dos folhetos valvares, há uma redução da área valvar aórtica levando a formação de um gradiente pressão sistólico entre o VE e a Aorta, normalmente na sístole não há nenhum gradiente (diferença) de pressão entre a pressão dentro do VE e a pressão na raiz da aorta. À medida que a válvula vai reduzindo a mobilidade, diminui a área e produz esse gradiente. • É uma alteração em nível dos folhetos, que vão se tornar espessados, colam e não se abrem bem na sístole, causando uma dificuldade de ejeção do sangue do VE em direção a raiz da aorta, assim o sangue não é ejetado adequadamente para o corpo. ETIOLOGIA • Malformação congênita > Valva aórtica bicúspide congênita; • Degeneração senil com deposição de cálcio; • Cardiopatia reumática crônica; • Outras (infiltrativas, metabólica e inflamatórias). RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 22 | P á g i n a FISIOPATOLOGIA • FASE COMPENSADA: ✓ Se não existissem os mecanismos de compensação cardíaca uma EAo grave levaria a uma significativa redução do débido cardíaco devido a uma absurda elevação Da pós carga (resistência para a ejeção do sangue pelo ventrículo). O principal mecanismo compensatório é a hipertrofia de ve concêntrica, levando a uma insuficiência cardíaca por compensação. ✓ Vantagens da HVE concêntrica: -> aumento da contratilidade miocárdica; -> redução da relação R/ h (diminuindo o raio da cavidade, aumenta a espessura da parede). OBS: Lei de Laplace: O estresse da parede (E) é proporcional à pressão intracavitária e à relação R/h. Ou seja, o ventrículo aumenta a espessura da parede e diminui o raio da cavidade, mantendo o estresse da parede conservado por um mecanismo de compensação. • GRADIENTE DE PRESSÃO VE – AO: ✓ Na EAo o DC é mantido às custas de um gradiente de pressão sistólico entre o VE e a Ao, dependente da maior contração VE; o fluxo transvalvar é o próprio DC; quanto maior o DC maior será o gradiente. ✓ Quando existe diferença de pressão entre o ventrículo e a aorta, há 3 tipos de gradiente, que podem ser medidos pelo ecocardiograma ou pelo cateterismo (pela hemodinâmica): 1. Gradiente Pico a Pico = é o gradiente que mede o pico de pressão da curva de ventrículo e o pico da pressão na curva da raiz da aorta, essa diferença de pressão é o gradiente Pico a Pico. 2. Gradiente Máximo = É aquele gradiente que da a maior pressão na raiz da aorta, sempre mais elevado que o Pico a Pico (que é o da hemodinâmica). 3. Gradiente MÉDIO = tem que ser acima de 40mmHg para caracterizar uma EAo grave. • FASE DESCOMPENSADA: ✓ O miocárdio, após anos e anos e sobrecarga pressórica grave, inicia um processo insidioso de degeneração e apoptose dos miócitos (além de fibrose intersticial); ✓ A HVE excessiva reduz a reserva coronariana devido a compressão da microvasculatura e desorganização das fibras musculares, gerando arritmias ventriculares malignas RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 23 | P á g i n a ✓ A partir de certo momento da doença existe a transição da fase compensada para a fase descompensada, e decorrente disso ocorrem os seguintes processos fisiopatológicos importantes: 1. Isquemia miocárdica = Pela compressão (pela hipertrofia) comprime os vasos coronários, dificultando o fluxo coronariano, diminui a reserva coronariana, e gera uma isquemia miocárdica pela hipertrofia. Não quer dizer que tem entupimento de coronária (doença aterosclerótica). 2. Débito cardíaco fixo = Difícil de ele aumentar o teto com uma estenose importante 3. Insuficiência cardíaca congestiva = É a mais grave das manifestações. CLASSIFICAÇÃO • EAo valvar = pode ter 3 graus: 1. EAo discreta ou leve: A área da válvula varia de (AVAo) 1.5 – 2.5 cm2 ou gradiente sistólico médio < 25 mmhg. 2. EAo moderada: A área da válvula varia de (AVAo) 1.0 – 1.5 cm2 ou gradiente sistólico médio 25 – 40 mmhg. 3. EAo grave: A área da válvula é reduzida, AVAo < 1.0 cm2 ou gradiente sistólico médio > 40 mmhg. • EAo Supravalvar = estreitamento da raiz da aorta acima da válvula. Produz a síndrome de Willians, na qual a criança desenvolve retardo do desenvolvimento psicomotor, hipercalcemia, face característica com a testa larga, dentes pequenininhos. A estenosa supra-aortica é congênita, é um anel fibroso acima daválvula na raiz da aorta. • EAo Subvalvar = pode ser membranosa fixa ou pode ser uma estenose dinâmica, por cardiopatia hipertrófica. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Em função dos mecanismos compensatórios a EAo moderada à grave costuma permanecer assintomáticos por longa data (muitos anos). RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 24 | P á g i n a • O aparecimento sintomas marca o início da fase descompensada com risco de vida para o paciente que pode apresentar 3 sintomas principais: ANGINA DO PEITO, SÍNCOPE E DISPNÉIA. ✓ Angina → reflete o desequilíbrio entre o aumento da demanda miocárdica e a oferta de oxigênio. Ocorrem em 33 % dos pacientes e é devido a isquemia miocárdica (não responde à terapia antianginosa). Ao desenvolver angina, o paciente morre em 3 a 5 anos (sobrevida média é 5 anos). ✓ Síncope → quando há debito cardíaco fixo ou queda súbita do DC causada por arritmia. Normalmente é desencadeada por esforço físico. ✓ Dispnéia → quando há ICC. É o sintoma inicial que marca o aparecimento de ICC; está presente em 50% dos casos de EAo grave. OBS: Quando o paciente com estenose aórtica se apresenta com um desses 3 sintomas, ele apresenta um risco de morte súbita. Então, se paciente com estenose aórtica grave é assintomático, não tem nada a se fazer; a possibilidade de ele morrer por morte súbita é menor que 1%. A partir do momento que desenvolve sintomas, esse paciente precisa de tratamento cirúrgico, pois não existe tratamento clínico pra esses sintomas. Então, a partir do momento em que se faz o diagnóstico de EAo grave sintomática, o paciente tem que ser encaminhado para cirurgia cardíaca. • EXAME FÍSICO ✓ Inspeção e Palpação: ❖ Pulso arterial → TARDUS e PARVUS (pulso radial de baixa amplitude e longo - devido ao hipofluxo). ❖ Pulso venoso → aumento da onda A. ❖ Ictus VE → propulsivo e sustentado, característico da hipertrofia. ✓ Ausculta cardíaca ❖ B4; ❖ Hipofonese A2 na EAo calcificada; ❖ Desdobramento paradoxal da B2 quando o A2 é audível (devido atraso sístole VE). ❖ É característico o sopro mesosistólico em “forma de diamante” sendo mais intenso no meio da sístole. Então, ele poupa bem a 1a e a 2a bulha, embora que geralmente a 2a bulha seja hipofonetica. A gravidade do sopro tem relação com a duração e não com a intensidade. ❖ O sopro é mais audível no FAo, mas pode se irradiar para clavícula, carótidas e fúrcula esternal, ponta do coração e FM. Uma boa dica para EAo é ouvir nas extremidades ósseas: clavícula (clavícula e carótidas são os melhores locais pra ouvir). ❖ Som do sopro é de alta frequência, áspero (“bruto, grosseiro”) – gerado por uma grande pressão de sangue no interior do ventrículo tentando ejetar o sangue pelo pequeno orifício na aorta. RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 25 | P á g i n a ✓ Manobras: ❖ O sopro aumenta de intensidade com as manobras que aumentam o retorno venoso e ou a contratilidade do VE (posição de cócaras, exercício físico e batimento batimento extrassitolico ES) e diminui com manobras que diminuem o retorno venoso (Valsalva e posição ortostática) ou com manobras que aumentam a resistência vascular periférica (Handgrip - quando aperta o aparelho e aumenta a pressão na raiz da aorta, em ambulatório comum que não tem o aparelho, pode pedir pra apertar sua mão). OBS: como distinguir o sopro aórtico do mitral: Dica: todo sopro que aumentar após uma extrassístole, é ejetivo. Se há um sopro no foco aórtico acessório e acontece uma extrassístole, o batimento após a extrassístole é sempre sopro aumentado e então sabe-se que ele é aórtico ou pulmonar. OBS: Fenômeno de GALLAVARDIN: Sopro aórtico que se transmite pelo anel fibroso e pelo musculo se tornando bem audível no foco mitral, podendo, assim, confundir com o sopro da insuficiência mitral. PROGNÓSTICO E COMPLICAÇÕES • Fase assintomática → devido a eficácia dos mecanismos compensatórios possui bom prognóstico e não se deve fazer nada além de observação e exame clínico de 6 em 6 meses. A chance de óbito é < 1%. • Fase sintomática → apresenta um mau prognóstico sem intervenção cirúrgica (angina com sobrevida média de 5 anos / síncope de 3 anos e dispneia de 2 anos). Se apresentar sintoma há risco de morte súbita e demanda intervenção cirúrgica. OBS: O mecanismo do óbito é a Morte Súbita devido à fibrilação ventricular de provável causa isquêmica miocárdica ou por edema agudo. AS COMPLICAÇÕES SÃO: • Embolia sistêmica (paciente pode ter AVE isquêmico por algum fragmento calcificado da valva que se soltar). • Endocardite infecciosa. • Hemorragia digestiva baixa: a angiodisplasia intestinal é mais incidente nos indivíduos com EAo calcificada. É uma hemorragia submucosa no intestino que da um sangramento RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 26 | P á g i n a baixo, comum no paciente idoso (que tem EAo calcificada) que ocorre por angiodisplasia. EXAMES COMPLEMENTARES • ECG: Costuma mostrar HVE (85% dos casos) tipo sobrecarga sistólica; também são comuns SAE (sobrecarga de átrio esquerdo), HBAE (hemibloqueio atrial esquerdo) e BRE (bloqueio de ramo esquerdo); Hipertrofia ventricular esquerda: observa-se ondas R amplas em B5 e B6; ondas T invertida em “colher-de-pedreiro”. • RX TÓRAX: Geralmente a silhueta e o tamanho cardíaco não se alteram a não ser na fase descompensada da EAo. Porque a hipertrofia é concêntrica (então geralmente não ha cardiomegalia) a não ser na fase descompensada de IC. A calcificação da valva aórtica é o achado mais comum; embora este achado, por si, não significa necessariamente EAo. • ECO: Exame clínico mais importante para EAo. É o exame capaz de avaliar o aspecto da valva (bicúspide / tricúspide), o grau de calcificação e mobilidade dos folhetos, bem RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 27 | P á g i n a como a presença de outras doenças valvares associadas. Da todas as informações sobre a anatomia da valva. O doppler avalia com razoável precisão o gradiente ventrículo- aorta médio VAo (pp gradiente médio), a gravidade da EAo e também faz o cálculo da área valvar. • CATETERISMO CARDÍACO: Como a maioria dos pacientes com EAo possui + de 40 anos é mandatório a realização de um estudo das coronárias - cinecoronariografia - (nos casos com indicação cirúrgica), pois pode ter alguma arteriopatia aterosclerótica associada obstruindo as coronárias. Também esta indicada quando há discrepância entre a clínica e os achados do ECO. É padrão ouro para estimar o gradiente VE/Ao e quantificar a gravidade da EAo. Só é feita com planejamento cirúrgico. Foto do gradiente ventrículo-aorta: curva de pressão na raiz da aorta X curva de pressão no ventrículo. A diferença de pressão entre as duas curvas chama gradiente Pico a Pico, dado da hemodinâmica. O ECO da o gradiente máximo e o que interessa é a área sombreada, que é o gradiente médio. TRATAMENTO • MEDICAMENTOSO ✓ Não existe tratamento medicamentoso para a EAo na fase assintomática; na insuficiência cardíaca (na fase dilatada, paciente dispineico) pode-se atuar paliativamente usando digital e diurético para IC. ✓ Existem drogas que devem ser evitadas, se possível, na EAo grave. O mecanismo de compensação é a hipertrofia por aumento da contratilidade, então as drogas contraindicadas na EAo são os beta-bloqueadores. Os vasodilatadores e diuréticos devem ser usados com cuidado pois podem levar à hipotensão arterial. ✓ Se o paciente desenvolver FA aguda < 48 h deve ser prontamente tratada. • INTERVENCIONISTA RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 28 | P á g i n a ✓ A troca valvar da EAo gravesintomática reduz de forma dramática a mortalidade; a sobrevida em 10 anos é de 75 % comparada com a sobrevida de 23% em 3 anos pela história natural. ✓ A mortalidade cirúrgica é de 3 – 5 % (sendo maior nos idosos com coronariopatia) ✓ A valvuloplastia com balão tem resultados ruins, exceto em crianças e adolescentes. ✓ A valvuloplastia com balão no idoso é catastrófica, a não ser que aquele paciente esteja com EAo grave, em edema agudo crônico e tem que fazer hemodinâmica pra tentar abrir a válvula. OBS: Qual o problema de abrir uma válvula calcificada com balão? Hoje em dia há filtro pra EAo calcificada, mas quando abre com balão, ela costuma soltar fragmentos e fazer AVC. Então atualmente, se o paciente é muito jovem tem que por válvula metálica/mecânica (válvula de dois discos pivotante). Se o paciente é mais idoso, 70 anos, faz uma válvula biológica. Mas se o paciente é muito idoso (acima de 80 anos), um tratamento espetacular é a Core Valv (válvula que pode ser colocada pela femoral, por subclávia ou pela ponta do coração, é uma válvula tipo um stent grande). O problema é que esse procedimento custa 100 mil por válvula. Quando indicar a troca valvar? ✓ Pelo Guidelines do ACC/AHA: - Não questionável (classe I de evidência): • Pacientes sintomáticos com EA grave (Grad Med > que 40mmHg). • Pacientes com EA grave submetidos a cirurgia de revascularização miocárdica. • Pacientes com EA graves submetidos a cirurgia de aorta ou de outras valvas (ex. mitral). - Opiniões favoráveis (classe IIa): • Pacientes com FA moderada submetidos a cirurgia de revascularização miocárdica, cirurgia de aorta ou de outra valva (ex. mitral). • Disfunção sistólica do VE FE < que 50%) no paciente assintomático. • Hipotensão arterial desencadeada na ergometria no paciente assintomático. RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 29 | P á g i n a A IAo é a condição em que existe refluxo de sangue para o VE durante a diástole ventricular, devido a uma incompetência do mecanismo de fechamento valvar aórtico (Quando a válvula aórtica perde a capacidade de conter o sangue na diástole ventricular, o sangue da raiz da aorta começa a refluir para o VE). Ou seja, consiste na incapacidade de fechamento da valva aórtica, tornando possível o refluxo de certa quantidade de sangue da aorta para o ventrículo esquerdo durante a diástole. CLASSIFICAÇÃO • A gravidade da IAo é medida pela chamada fração regurgitante que é a percentagem do Débito sistólico total que reflui p/ VE: ✓ IAo mínima = FR < 20% ✓ IAo leve = FR 20 – 40 % ✓ IAo moderada = FR 40 – 60 % ✓ IAo grave = FR > 60 % do sangue que está na raiz da aorta reflui para o VE. FISIOPATOLOGIA • IAO CRÔNICA (FASE COMPENSADA): ✓ O VE recebe na diástole além do débito normal proveniente do AE um volume extra que reflui da aorta pela valva incompetente; como o processo é insidioso o VE se adapta à sobrecarga de volume crônica. Para isso, surgem dois mecanismos compensatórios: 1. Aumento da complacência do VE: Ocorre, pois, o sangue volta da aorta, e vai encontrar o sangue que veio do AE, gerando um aumento de volume nesse local. Em resposta à sobrecarga volumétrica a parede do VE se torna mais elástica, fazendo do VE uma câmara capaz de albergar grandes volumes diastólicos sem elevar as suas pressões de enchimento. Por isso na IAO crônica grave o VE cresce sem, no entanto, desenvolver ICC. Mas se ele passa do limite de complacência, desenvolvendo uma hipertrofia excêntrica. 2. Aumento da Pré-Carga: A sobrecarga de volume aumenta o diâmetro cavitário do VE; pela lei de Frank-Starling o maior volume de enchimento leva a um aumento no DS; na IAO crônica grave o DS total é muito grande (ex. 10 l /mto) para compensar o volume regurgitante (ex. 6 l/mto ), sendo, portanto, o DS efetivo de 4 l/mto. Há um limite para essa dilatação para não gerar insuficiência cardiaca. ✓ HVE excêntrica: A sobrecarga volumétrica grave aumenta a pós-carga na IAo; não havendo ejeção em câmara de baixa pressão como ocorre na IM. Portanto o único mecanismo compensatório (para evitar elevações excessiva no pós carga) é a HVE. Para manter a relação R/h , o aumento do diâmetro cavitário é acompanhado pelo aumento de espessura da parede do VE. RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 30 | P á g i n a • CRÔNICA (FASE DESCOMPENSADA): ✓ Após anos com IAo crônica grave a sobrecarga de volume começa a produzir lesão miocárdica (já houve muita dilatação!); o miocárdio progressivamente se degenera e ocorre diminuição da contratilidade. ✓ A fase descompensada é marcada por sintomas de ICC e isquemia miocárdica. ✓ Os sintomas decorrem do aumento das pressões de enchimento ventricular aos esforços físicos levando à uma síndrome congestiva pulmonar. O principal sintoma desta síndrome é a DISPNÉIA e a ORTOPNÉIA. ✓ Também leva a Síndrome de Baixo débito (com fadiga e tonteira), comum neste estágio, pois o débito sistólico efetivo está baixo. ✓ Efeito de bradicardia: é prejudicial na IAo grave, pois aumenta o tempo diastólico e, portanto, a fração regurgitante. O paciente tem que ser taquicárdico, porque quanto menos tempo de diástole menos sangue desce da aorta para o VE. Então qualquer tratamento que tente tornar o paciente bradicárdico será contraindicado (B-bloqueador é contraindicado). Um dos sintomas que o paciente pode apresentar é a noite, quando ele dorme, o coração fica lento, a ação vagal aumenta e o paciente pode acordar a noite com angina (angina noturna bradicardica presente). ✓ Isquemia miocárdica bradicárdico-dependente (a perfusão coronariana ocorre na diástole e, depende, da pressão diastólica); além disto a HVE promove elevação do MVO2. • IAO AGUDA: ✓ É uma emergência médica. ✓ O VE não consegue albergar o volume regurgitante correspondente a + de 50% do DS sem elevar excessivamente as suas pressões de enchimento; além disso, não há os mecanismos de compensação suficiente para evitar o baixo débito efetivo, levando à hipotensão e, eventualmente, ao choque. ETIOLOGIA • IAo aguda → endocardite infecciosa (mais comum) e dissecção aórtica aguda. • IAo crônica valvar → doença reumática e degeneração mixomatosa. • IAo crônica doenças da raiz da aorta → aterosclerose da aorta (é a causa mais comum em adultos); necrose cística (com formação de aneurisma da raiz da aorta) e outras como aortite sifilitica, arterite Takayasu e colagenoses. • IAo congênita → valva aórtica bicúspide RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 31 | P á g i n a HISTÓRIA CLÍNICA • A fase compensada dura vários anos; o aumento acentuado da pressão de pulso pode ser responsável por alguns dos sintomas sutis (queixas de desconforto por sentir os batimentos cardíacos) ou, então, de palpitações fortes consequentes a batimentos pós ES vigorosos; • À noite quando está deitado e o coração fica bradicardio os sintomas se acentuam. • A disfunção ventricular esquerda é insidiosa e progressiva, sem ser percebida pelo paciente (fase inicial). • Quando os sintomas aparecem a disfunção ventricular esquerda já é importante; são decorrentes do baixo débito efetivo (fadiga / tonteira) e da síndrome congestiva (dispneia aos esforços e ortopneia). • Outro sintoma comum é a angina noturna bradicárdico-dependente (são sintomas da fase compensada!). EXAME FÍSICO • Sinais periféricos: são decorrentes de uma elevada pressão de pulso (hipertensão sistólica com importante redução da pressão diastólica → PA divergente. Pressão do paciente 160x40 mmHg é uma grande pista para se pensar em insuficiência aórtica. • Pulso em Martelo D´água = pulso de Corrigan → Elevaçãoampla e um colapso abrupto (duração muito pequena, com uma amplitude muito grande); • Pulso bisferiens também pode ser visto, é a sensação que o pulso sobe em dois tempos. • “Tudo pulsa” no paciente com IAo crônica grave: ✓ Sinal de Musset (pulsação cabeça) Bate conforme a sístole. ✓ Sinal de Muller (pulsação da úvula). ✓ Sinal de Quincke (pulsação dos capilares subungueais). ✓ Sinal de Traube (ruídos sistólico e diastólico audíveis na Art. Femural). ✓ Sinal de Duroziez (sopro sistólico e diastólico na Art. Femural quando comprimimos com esteto na região proximal e distal respectivamente). • Ictus do VE globoso e hiperdinâmico desviado para esquerda e inferiormente. • Um impulso protodiastólico (B3 palpável) é frequentemente percebido. • Pode haver frêmito sistólico nos focos da base ou fúrcula e, às vezes, frêmito diastólico. • B2 pode estar hipofonética ou ausente. • B3 mesmo antes do paciente ter IC devido a sobrecarga de volume. • Sopro PROTODIASTÓLICO ASPIRATIVO no Foco Ao acessório melhor audível com paciente sentado com tronco para frente. • Pode haver um sopro mesosistólico associado ao hiperfluxo aórtico. • Sopro AUSTIN-FLINT que é um ruflar diastólico; sua presença indica gravidade (quanto mais longo ele for, mais grave ele é). Quanto mais insuficiência aórtica há, mais ele bate nos folhetos, mais ele dificulta a abertura dos folhetos e mais cria uma estenose mitral. OBS: O sopro da insuficiência aórtica é diastólico, desce da aorta e parte pra cima do folheto anterior, quando ele bate em cima desse folheto anterior, ele pode criar uma dificuldade de RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 32 | P á g i n a abertura desse folheto, vai criar então uma estenose mitral relativa gerando um ruflar diastólico característico do sopro de Austin Flint. VE dilatar → AE dilata por aumento de pressão → Aumenta a pressão diastólica no VE → aumenta a pressão media no AE → aumenta a pressão nas veias pulmonares → aumenta a pressão no capilar pulmonar → aumenta a pressão na artéria pulmonar → aumenta a pressão no VD, AD e cava → resulta em congestão. PROGNÓSTICO E COMPLICAÇÕES • Os pacientes com IAo grave permanecem assintomáticos e com função ventricular preservada por muitos anos; o risco de morte súbita é muito baixo (< 0.2 %). • Os pacientes sintomáticos (dispnéia e ou angina) tem um prognóstico reservada sem a correção cirúrgica da IAo; a mortalidade anual é > 10% naqueles com angina e > 20% naqueles com ICC. • As complicações mais comuns são: Endocardite Infecciosa; Instabilidade hemodinâmica na IAo aguda grave; EXAMES COMPLEMENTARES • ECG: sinais de aumento VE (sobrecarga de volume). Sinais de hipertrofia ventricular esquerda do padrão diastólico – hipertrofia excêntrica - (sobrecarga de volume). Apresenta onda T pontiaguda. • RX DO TÓRAX: Sinais de aumento VE (cardiomegalia – coração dilatado - com ponta “mergulhando” no diafragma) e dilatação aorta ascendente. • ECO: confirma o diagnóstico e estima gravidade da IAo. RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 33 | P á g i n a • CATETERISMO: é importante nos casos duvidosos e para avaliar coronárias nos pacientes com + 40 anos. TRATAMENTO • A terapia medicamentosa está indicada na IAo sintomática; a DIFERENÇA em relação a IM está na terapia dos pacientes assintomáticos. Tem que ser um medicamento que reduz a pressão média aórtica e do ventrículo. • Na IAo crônica assintomática com fração de ejeção FE > 50% foi provado o uso de um vasodilatador, se o paciente não estiver descompensado, o melhor medicamento é a NIFEDIPINA, porque é um antagonista do Cálcio, vai abaixar a pressão da raiz da aorta e com menor pressão na raiz da aorta, haverá menor regurgitação. Além disso, por ser um vasodilatador também provoca taquicardia, que diminui a insuficiência aórtica. Portanto, a Nifedipina reduz a progressão da doença para a fase sintomática ou de disfunção ventricular. OBS: Se a FE for < 50 % o vasodilatador de escolha passa a ser o IECA (captopril, enalapril). • Nos pacientes com rebaixamento das frações de ejeção (FE < 50%) ou com aumento excessivo dos diâmetros cavitários ( VE sistólico > 5.5 cm ou VE diastólico > 7.5 cm) está indicado a cirurgia de troca valvar mesmo nos assintomáticos. • Nos casos de aneurisma da raiz da aorta a cirurgia para correção da IAo inclui a troca do complexo Válvula Ao + aorta ascendente no ducto valvular, com aneurisma (as coronarias são reimplantadas no enxerto da aorta); esta cirurgia e chamada de cirurgia de BENTALL-DE BONO. BENTALL-DE BONO Quando indicar a cirurgia de correção da IA crônica grave? ✓ Pelo Guidelines do ACC/AHA: - Indicação Inquestionável (classe I de evidência): • Pacientes sintomáticos com disfunção sistólica de VE leve a moderada (FE entre 25-50%). • Pacientes com insuficiência cardíaca classe III ou IV NYHA mesmo com função sistólica de VE preservada (FE > que 50%). • Pacientes com insuficiência cardíaca classe II NYHA e função sistólica de VE preservada (FE > que 50 %), que apresentam aumento progressivo dos diâmetros RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 34 | P á g i n a ventriculares ou redução progressiva da FE no ecocardiograma, ou que apresentam piora recente dos sintomas. • Pacientes com angina classe II a IV (Sociedade Canadense), mesmo com função sistólica de VE preservada (FE > que 50 %). • Pacientes assintomáticos com disfunção sistólica de VE leve a moderada (FE entre 25-50%). • Pacientes assintomáticos que serão submetidos à cirurgia de revascularização miocárdica ou cirurgia de aorta ou outra valva. - Opiniões favoráveis (classe IIa): • Pacientes com insuficiência cardíaca classe II NYHA, mesmo com função sistólica de VE preservada (FE > que 50%) e diâmetros cavitários e FE estáveis pelo acompanhamento ecocardiográfico. • Pacientes assintomáticos sem disfunção sistólica do VE (FE maior que 50%), mas com aumento significatico dos diâmetros cavitários (VEs > que 5,5cm ou VEd > que 7,5 cm. Condição na qual, pela restrição à abertura dos folhetos valvares, há uma redução da área valvar tricúspide, promovendo a formação de um gradiente de pressão diastólico entre o AD e o VD. A área valvar tricúspide deve ser inferior a 2.0-2.5 cm2. ETIOLOGIA: • A cardiopatia reumática crônica por febre reumática é a causa mais comum de ET. FISIOPATOLOGIA: • Um gradiente de pressão AD-VD diastólico > ou = a 5 mmHg já é suficiente para levar à síndrome de congestão sistêmica, pelo aumento da pressão venosa central. • A limitação ao fluxo diastólico tricúspide reduz o retorno venoso ao coração esquerdo e, portanto o débito cardíaco. • A ET pode reduzir a congestão pulmonar da estenose mitral por diminuir o fluxo de sangue para os pulmões; então, um paciente com EM grave pode não se queixar de dispneia ou ortopneia por apresentar uma ET associada. MANIFESTAÇOES CLÍNICAS: • Fadiga, cansaço aos esforços (sintomas de baixo débito), ascite, hepatomegalia, edema de membros inferiores, turgência jugular patológica. • O exame do precórdio revela um ruflar diastólico que aumenta de intensidade durante a inspiração (manobra de Rivero-Carvalho). RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 35 | P á g i n a EXAMES COMPLEMENTARES: • ECG: Sinais de aumento de AD (onda P apiculada e de amplitude elevada). • RADIOGRAFIA DE TÓRAX: Discreto aumento de área cardíaca às custas do aumento de AD. • ECOCARDIOGRAMA: Confirma o diagnóstico; a valva vai se encontrar com seus folhetos espessados e abertura em cúpula; AD com diâmetro aumentado. TRATAMENTO: • Terapia diurética e com restrição sódica para tratar os sintomas. • Correção cirúrgia, Valvoplastia percutânea, Troca valvar (bioprótese). Regurgitaçãotricúspide; refluxo de sangue do VD para o AD durante a sístole ventricular, devido a uma incompetência do mecanismo de fechamento valvar. É bem mais comum do que a estenose tricúspide. ETIOLOGIA: • A IT pode ser primária ou secundária, no entanto, na maioria das vezes é secundária à disfunção sistólica do ventrículo direito. • A IT primária é decorrente de um processo que acomete diretamente a valva (como prolapso de valva tricúspide, endocardite infecciosa, etc). • Exemplo: paciente jovem com insuficiência mitral queixa de dispneia. Ao voltar na consulta ambulatorial fala que esta bem e assintomático. Duas coisas podem estar acontecendo: pode ter desenvolvido uma estenose tricúspide e limitou o sangue passar para o lado direito (barreira) ou desenvolveu hipertensão pulmonar, que também é uma barreira. FISIOPATOLOGIA: • A IT traz uma sobrecarga de volume ao átrio direito e ao ventrículo direito. • Na ausência de hipertensão arterial pulmonar a IT costuma ser bem tolerada, mas, na sua presença, a regurgitação tende a se agravar. • A sobrecarga de volume das câmaras direitas provoca ou agrava a síndrome da congestão sistêmica, além de baixar o débito cardíaco. RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 36 | P á g i n a MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: • Sintomas de congestão sistêmica: turgência jugular patológica, hepatomegalia, anasarca cardiogênica. • Sintomas de baixo débito: fadiga, cansaço aos esforços. • Exame do precórdio: revela B3 de VD que aumenta com a inspiração. O sinal mais característico é o sopro holossitólico no foco tricúspide, que aumenta de intensidade com a inspiração profunda (sinal de Rivero-Carvalho positivo) e com a inspiração contra a glote fechada (sinal de Mueller positivo). EXAMES COMPLEMENTARES: • ELETROCARDIOGRAMA: Revela sinais de aumento atrial direito e sobrecarga do ventrículo direito do tipo BRD incompleto ou HVD. • RADIOGRAFIA DE TÓRAX: O aumento da área cardíaca é comum geralmente à custa do aumento do AD e VD (“coração em bota”). O abaulamento do segundo arco esquerdo da silhueta cardíaca é comum, indicando hipertensão arterial pulmonar. • ECOCARDIOGRAMA: É o exame que confirma o diagnóstico e a etiologia da IT. Pode- se visualizar e quantificar com facilidade o refluxo tricuspide. TRATAMENTO: • Medidas importantes: diuréticos e restrição de sódio. • No caso de IT moderada secundária → indica-se uma anuloplastia do tipo De Vega. • No caso de IT grave secundária → pode-se utilizar um anel de Carpentier na plastia tricúspide. • No caso de IT primária → indica-se bioprótese. DEFINIÇÃO E FUNÇÃO DA VALVA MITRAL • A valva mitral regula a passagem do sangue do AE para o VE. • O aparelho valvar mitral é composto por anel mitral, 2 folhetos ou cúspides, cordoalha tendínea e músculo papilar. Qualquer envolvimento de algum desses elementos gera problema no funcionamento da valva mitral, podendo provocar estenose ou insuficiência. Por exemplo, tem-se uma isquemia miocárdica (IAM) com comprometimento dos músculos papilares, haverá uma futura insuficiência mitral. • A estenose mitral é a condição em que, pela restrição à abertura dos folhetos valvares, há uma redução da área valvar mitral levando a formação de um gradiente de pressão entre o AE e o VE. Ou seja, consiste no estreitamento do orifício atrioventricular esquerdo devido ao espessamento e fibrose das cúspides valvares com fusão de suas comissuras, impedindo sua abertura completa, fazendo com que o átrio esquerdo não se esvazie adequadamente. RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 37 | P á g i n a • Para que haja algum grau de EM a área valvar mitral (AVM) com formação de gradiente AE / VE deve estar inferior a 2.5 cm2 (a área valvar normal é entre 3,5 e 4,5 cm2). OBS: AVM entre 2.5 – 4 cm2 é EM mínima sem gradiente pressórico entre AE / VE. Foto de lesão reumática da valva mitral: observa-se um encurtamento/espessamento das cordoalhas tendineas, espessamento da válvula, as comissuras se colam pelo processo inflamatório reumático e causam estreitamento do orifício da valva mitral, diminuindo a AVM. Tudo isso é estenose mitral. CLASSIFICAÇÃO • EM leve → AVM 1.5 – 2.5 cm2 ou gradiente médio < 5 mmhg - PSAP < 30 mmhg. • EM moderada → AVM 1.5 – 1.0 cm2 ou gradiente médio 5 – 10 mmhg - PSAP 30 – 50 mmhg. • EM severa → AVM < 1.0 cm2 ou gradiente médio > 10 mmhg - PSAP > 50 mmhg. FISIOPATOLOGIA • Congestão Pulmonar: na EM há uma obstrução ao fluxo do AE → VE durante a fase de enchimento ventricular na diástole levando a uma congestão pulmonar. Então, para esse coração é importante que ele esteja “lento” para, assim, dar tempo de se encher e se esvaziar corretamente. É necessário, então, usar de todos os mecanismos para fazer o coração ficar mais “lento” pois a passagem do sangue depende da contratilidade do AE, do tempo de esvaziamento do AE e do orifício da valva. • Para que o fluxo se mantenha adequado apesar da obstrução faz-se necessário um gradiente de pressão transvalvar. Esse gradiente ocorre às custas do aumento de pressão no AE que se transmite ao leito veno-capilar pulmonar. A pressão no AE vai estar aumentada, passando pressão para veias e capilares pulmonares. A pressão no capilar pulmonar normalmente vai até 12mmHg. • Como a estenose mitral também é insidiosa (lenta), estimula o mecanismo de adaptação dos vasos pulmonares e, por isso, `as vezes ele também consegue atingir 18/25mmHg sem muitos sintomas. Uma pressão veno-capilar maior que 18 mmhg (normal até 12 mmhg) é capaz de promover ingurgitamento venoso e extravasamento de líquido do capilar (síndrome congestiva).Na EM este aumento de pressão se faz de maneira RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 38 | P á g i n a insidiosa estimulando um mecanismo de adaptação da vasculatura pulmonar (o que permite tolerar uma pressão veno-capilar pulmonar de até 25 mmhg sem sintomas). • Então a manifestação comum é: “estava bem, um dia fui correr para pegar o ônibus, senti uma falta de ar e palpitação danada”. O esforço leva a um aumento da frequência cardíaca -> aumento do debito cardíaco -> aumenta a pressão no AE -> aumenta a pressa no capilar -> dispneia no paciente por congestão pulmonar. • No esforço físico ocorre um aumento súbito de pressão transvalvar, promovendo uma súbita elevação da pressão atrial esquerda e veno-capilar pulmonar -> piora aguda da congestão pulmonar. • O aumento da FC x DC que ocorrem durante o exercício são os determinantes do gradiente de pressão transvalvar na EM. OBS: É importante ressaltar que, pelos motivos acima mencionados, a valvulopatia que menos tolera a gestação é a estenose mitral. Consequências do aumento da pressão capilar: • Hipertensão pulmonar: pode ser passiva, reativa e, na fase final, obliterativa. • PASP: normal pode chegar até 30 mmHg e a PAP média até 19 mmHg (quando passa de 35 mmHg já em hipertensão pulmonar). • Baixo debito cardíaco: por dificuldade de enchimento do ventrículo. ETIOLOGIA • Em + de 95 % dos casos é a CARDIOPATIA REUMÁTICA CRÔNICA (o processo inflamatório crônico progressivo leva a uma degeneração com fibrose e calcificação do aparelho valvar). A doença reumática inflama a válvula (processo inflamatório crônico progressivo) e desenvolve os mecanismos de fribrose / espessamento do aparelho valvar. • Congênita é 1% e outras causas (calcificação, LES, Artrite reumatoide) o restante. • Uma outra cardiopatia que simula EM é o tumor de átrio esquerdo, que comprime o orifício da válvula e causa uma EM relativa. HISTÓRIA CLÍNICA • É uma doença endêmica no nosso meio, se vê cada vez menos. • Pode se manifestar em qualquer idade, porém, ocorre com maior frequência em adolescentes e adultos jovens. O período latenteentre a cardite reumática inicial e o aparecimento dos sintomas decorrentes da EM costuma ser de 20 anos. • Os principais sintomas são: dispneia aos esforços e, nas fases mais avançadas, associa- se a síndrome de baixo débito. • Sintomas peculiares →tosse com hemoptise, dor torácica, rouquidão e disfagia. EXAME FÍSICO • AUSCULTA: RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 39 | P á g i n a ✓ Tríade clássica da EM → Estalido de abertura, ruflar diastólico com reforço pré- sistólico e hiperfonese de B1. ✓ Considerações: com progressão da doença haverá redução da fonese da B1 e hiperfonese de B2 (já traduzindo hipertensão arterial pulmonar). ✓ Ruflar diastólico: o sangue passa do AE para o VE sob pressão – turbilhonamento de sangue – a ausculta é Tum-tarararara (é um sopro de baixa frequência, mas é igual um ruflar de um tambor). Não irradia! ✓ Hiperfonese de B1: enquanto ela não é calcificada, a válvula geralmente abre com dificuldade, dando o estalido de abertura. Ela fica um tempo maior aberta pra tentar encher o máximo e fecha com grande pressão, dando a hiperfonese (como um bater de palmas). ✓ A presença de insuficiência tricúspide (que também pode ser a maior consequência da HAP) deve ser diferenciado da insuficiência mitral com a realização da monobra de RIVERO – CARVALHO que consiste na inspiração: com a inspiração, diminui a pressão intratorácica, aumento o retorno venoso e aumento o fluxo de sangue da cavidade direita. ✓ Estenose Mitral “silenciosa”, principalmente na válvula calcificada → não apresentam ruflar diastólico. COMPLICAÇÕES • FIBRILAÇÃO ATRIAL (FA): ✓ Cerca de 30-50% dos pacientes com estenose mitral desenvolvem FA, na forma paroxística intermitente ou na forma crônica permanente. Às vezes é a primeira manifestação de uma EM. ✓ Qual o problema da FA? 1º) Sem contração atrial, o coração perde 30% do debito; 2º) O AE, esvaziando devagar, fica dilatado, propiciando a formação de trombos, que podem se soltar levando a um AVE ou isquemia mesentérica. ✓ Fatores que geram as condições eletrofisiológicas que pré-dispõem à FA: 1) O átrio esquerdo aumentando de tamanho progressivamente. 2) A própria cardiopatia da inflamação reumática da parede do átrio levando a uma espécie de miocardite atrial crônica com consequente fibrose (endocardite atrial crônica). ✓ Características: – Rápida resposta ventricular mais perda da contração atrial, promove importante aumento da pressão atrial esquerda, levando sintomas de congestão pulmonar. – Pequeno tempo de enchimento ventricular diastólico e perda da contração atrial, levam à redução do débito cardíaco (que pode ocasionar hipotensão arterial). – A FA é a grande responsável pelos fenômenos trombo-embólicos, diminuição do debito, hipotensão. RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 40 | P á g i n a • FENÔMENOS TROMBO- EMBÓLICOS: A embolia sistêmica ocorre em cerca de 10-20% dos pacientes com estenose mitral. São especialmente comuns quando há FA associada. O átrio grande e fibrilando, ou seja, sem contração eficaz, proporciona à estase sanguínea e consequentemente à formação de trombo intracavitário; estes trombos podem se deslocar do AE, seguindo pela circulação sistêmica até embolizar uma artéria cerebral, esplênica, mesentérica, renal, etc. O AVE isquêmico é o evento embólico mais comum. • ENDOCARDITE INFECCIOSA: A turbulência do fluxo transvalvar permite a formação de pequenos trombos aderidos à face ventricular da valva mitral, que podem servir de “abrigo” para alguns tipos de bactéria. Episódios de bacteremia (ex. manipulações dentárias) podem infeccionar esses focos, formando um quadro infeccioso sistêmico, chamado de Endocardite Infecciosa. Em geral, se manifesta na forma subaguda. Pode levar à destruição valvar e consequentemente à insuficiência mitral. EXAMES COMPLEMENTARES • ELETROCARDIOGRAMA: É um exame complementar inespecífico; é importante para determinar se o paciente está em ritmo sinusal ou tem fibrilação atrial crônica. Também pode revelar os sinais de aumento atrial esquerdo, e nos casos mais avançados, pode revelar sinais de sobrecarga de VD. Em caso de Sobrecarga de AE, se desenvolver HAS, provoca sobrecarga de AD e VD. Um eletro com sobrecarga de AE pura e hipertrofia do VD, deve-se pensar em EM com hipertensão pulmonar. Sinais eletrocardiográficos de sobrecarga de AE: onda P bimodal com duração aumentada, com dupla corcova e o Sinal de Morse, onda P negativa lenta em V1. O resto do eletro está normal. Uma sobrecarga atrial esquerda isolada, pensar em EM. RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 41 | P á g i n a • RADIOLOGIA DE TÓRAX: Também é inespecífico; os sinais possíveis são: ✓ Aumento do átrio esquerdo (sinal mais precoce). ✓ Perfil com esôfago contrastado: observa-se o aumento do AE pelo deslocamento superior do brônquio fonte esquerdo e deslocamento posterior do esôfago (primeiro sinal de aumento de AE). ✓ Incidência PA: observa-se duplo contorno na silhueta direita do coração, sinal da Bailarina, abaulamento do quarto arco cardíaco esquerdo. ✓ Alterações pulmonares: inversão do padrão vascular (dilatação das veias pulmonares apicais), linhas B de kerley, edema intersticial, pequenos nódulos intersticiais difusos, eventualmente calcificados. OBS: o AE cresce pra esquerda, pra direita, pra cima e pra trás. RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 42 | P á g i n a • ECOCARDIOGRAMA - DOPPLER: A mobilidade e as características dos folhetos mitrais podem ser observadas no eco unidimensional e bidimensional. Escore de Block (baseado nas imagens do Eco) → Atual Escore de Wilkins: usado para avaliar o comprometimento do aparelho valvar mitral, através de critérios pontuados; vai de 4 a 16. ✓ Se a valva é pouco espessada, move bem, não é calcificada → score 4 - 8. ✓ Se for muito espessada, calcificada, pouco móvel → 16. ✓ Entre 8 e 12 é uma zona cinzenta que não se sabe O tratamento varia com a pontuação nesse score: abaixo de 8 é indicada valvuloplastia (dilatação da válvula por hemodinâmica); acima de 12, tem indicação cirúrgica de troca da valva. ✓ A gravidade da estenose Mitral deve ser determinada pela estimativa da área valvar mitral. ✓ O Eco também avalia: diâmetro do átrio esquerdo, função ventricular esquerda, presença de insuficiência mitral, acometimento da valva aórtica e pressão arterial pulmonar. ✓ O eco transesofágico tem uma sensibilidade maior para detecção de trombo atrial • CATETERISMO CARDÍACO: Solicitados nos pacientes em que o resultado do eco está discrepante dos dados clínicos ou quando há acometimento significativo de mais de uma valva e dúvida na quantificação das lesões. RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 43 | P á g i n a PROGNÓSTICO: • A estenose mitral moderada a grave cursa sempre com sintomas congestivos. O prognóstico vai depender da classe funcional NYHA em que o paciente se encontra. • Nos pacientes classe funcional I, a sobrevida é de 80% em 10 anos; em contrapartida, nos pacientes em classe funcional IV, a sobrevida média em 5 anos é de apenas 15%. • A morte geralmente ocorre por insuficiência cardíaca congestiva, com o trombo - embolismo contribuindo com 20% dos óbitos. TRATAMENTO 1) Medicamentoso: • Beta-bloqueadores são as drogas de escolha para tratar os sintomas da estenose mitral. Mas se o paciente tiver asma (hiperreatividade brônquica/broncoespasmo), é contraindicado. • Antagonistas do cálcio do tipo verapamil e diltiazem ou digitais devem ser administrados no pacientes que não podem usar beta-bloqueadores, devido à hiperreatividade brônquica (broncoespasmo), para controlar a frequência. • Diuréticos podem ser associados aos beta-bloq. para facilitar a compensação do quadro; porém, emexcesso, pode levar à síndrome do baixo débito • Para casos com fibrilação atrial: ✓ Nos casos de instabilidade hemodinâmica grave (ex.: choque) é recomendado de imediato à cardioversão elétrica. ✓ No restante dos pacientes primeiro deve-se controlar a resposta ventricular com beta-bloq. e observar se há indicação para se tentar a reversão da arritmia. ✓ FA < 48 hs → cardioversão química ou elétrica. ✓ FA > 48 hs → anticoagulação com Warfarin por pelo menos 3 semanas → cardioversão → manter por + 4 semanas. ✓ Outra estratégia: anticoagular o paciente → realizar ETE ; na ausência de trombo realizar cardioversão e manter a anticoagulação por + 4 semanas. ✓ Se não souber a cronologia (quanto tempo em FA), é melhor anti-coagular, estabilizar o paciente, controlar a FC, fazer um eco transesofágico e ai tomar uma conduta. 2) Intervencionista: • Indicação inquestionável (classe I de evidência): Pacientes sintomáticos (classe 2-4 NYHA) com estenose mitral moderada a grave (AVM menor que 1,5 cm2) e aumento da pressão pulmonar. • Opiniões favoráveis (classe II A de evidência): Pacientes assintomáticos com estenose mitral grave e com HAP grave (PAP sistólica > que 50 mmHg). • Procedimentos: ✓ Valvoplastia percutânea com Balão depende do Escore BLOCK (WILKINS) < 8 ✓ CIRURGICO (escore >12): - Comissurotomia Cirúrgica. - Troca valvar (Próteses mecânicas x biológicas): Individuo jovem (< 50 anos) – troca valvar (prótese metálica); > 50 anos – troca valvar (prótese biológica). RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 44 | P á g i n a - Zona cinzenta – discutível entre cirurgiões. Sobre a troca valvar: acessa pela veia femoral, sobe por um cateter, entra pela cava inferior, passa pelo forame oval, ultrapassa a valva mitral com fio guia, insufla o balão e abre a valva. Tudo isso guiado pelo ecotransesofagico. Tem que tomar cuidado para passar e não abrir muito, se não muda de estenose para insuficiência mitral. DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO • Consiste no fechamento incompleto da valva mitral com refluxo de sangue para o átrio esquerdo durante a sístole ventricular. Trata-se de uma regurgitação do fluxo atrioventricular devido a insuficiência da valva mitral (valva mitral não se fecha adequadamente durante a sístole ventricular > sangue volta do ventrículo para o átrio durante a sístole atrial). • A gravidade da IM é medida pela fração regurgitante (definida como o percentual do débito sistólico total que reflui para o átrio esquerdo). ✓ Leve → FR entre 20 - 40%. ✓ Moderada → FR entre 40 - 60 %. ✓ Grave → com FR > 60%. ETIOLOGIA • Antigamente, a doença reumática era a causa mais comum. Atualmente tem-se mais degeneração mixomatosa, que é o colapso da válvula mitral. RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 45 | P á g i n a • Tudo que altere o aparelho valvar mitral (músculo papilar, anel mitral), tem potencial para gerar uma IM. Se, por exemplo, o indivíduo teve um infarto, o músculo papilar foi comprometido, não vai tracionar bem a válvula, vai resultar em insuficiência mitral. • Endocardite, prolapso mitral e ruptura de cordas tendíneas também são causas de insuficiência mitral. OBS: No prolapso mitral, a válvula fica igual a um paraquedas, esses escalopes do prolapso às vezes são acompanhados por uma ruptura de corda tendínea. HISTÓRIA NATURAL FISIOPATOLOGIA • A IM leva a uma sobrecarga de volume do AE e do VE; na sístole o AE recebe diretamente uma quantidade maior de volume (o volume regurgitante se soma ao do retorno venoso que vem das VP). O VE recebe todo este volume de volta na diástole. • As consequências fisiopatológicas são decorrentes da sobrecarga de volume do AE e do VE. A pré carga vai aumentar, o volume vai aumentar, e as consequências são o aumento RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 46 | P á g i n a do ventrículo esquerdo e do átrio esquerdo. A hipertensão pulmonar, nesse caso, não é tão importante como a que acontece na estenose mitral ou na dupla lesão mitral. • Na IM aguda a sobrecarga de volume (SV) se instala subitamente e não há tempo para as cavidades AE/VE se adaptarem (ocorre mais na endocardite e na cardiomiopatia isquêmica) → levando a um aumento súbito das pressões de enchimento → levando ao Edema Agudo de Pulmão e choque cardiogênico; com mais de 50% do débito sistólico voltando para o AE, o débito sistólico efetivo fica prejudicado. • Na IM crônica grave a sobrecarga de volume se instala insidiosamente, havendo tempo para adaptação fisiológica; tanto o AE como o VE começam a se dilatar, porém, ao mesmo tempo aumentando sua complacência, tornando-se capazes de acomodar um grande volume de sangue sem elevar as suas pressões de enchimento. Assim, o paciente permanecer muitos anos assintomático (disfunção ventricular esquerda oculta), podendo ficar com um sopro mitral por muitos anos, e quando vai fazer a cirurgia para o reparo da valva esse VE pode não estar mais preparado para a cirurgia (tarde demais). Além disso, o aumento da pré-carga aumenta o DS total mantendo um DC efetivo adequado, apesar da fração regurgitante. • A pós carga cronicamente reduzida também contribui para manter o DC → está reduzido porque fica mandando sangue para a aorta e para o AE (para onde está mais fácil ele jogar o sangue) → Fica desadaptado. • Após muitos anos da doença o miocárdio começa a sofrer um processo de degeneração (remodelamento) evoluindo com uma disfunção sistólica progressiva que pode passar desapercebida (oculta) evoluindo para uma falência cardíaca grave e irreversível. • Devido a baixa pós carga do VE, a fração de ejeção estará sempre SUBESTIMADA. Então, um dos principais indicadores de cirurgia de insuficiência mitral é quando a fração de ejeção do paciente vai caindo ao longo dos anos: um ano está 70, outro 65, quando chega no 60 tem que mandar operar senão ele vai “passar da hora”. • A hipertensão da artéria pulmonar é menos comum que na EM ou na dupla lesão mitral. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • IM aguda grave manifesta-se de forma dramática com EAP e ou Choque Cardiogênico devendo ser prontamente corrigida. • IM crônica grave mantém o paciente assintomático durante anos, apesar de ter cardiomegalia e sobrecarga volume crônica; na fase descompensada o paciente evolui com sinais clássicos de insulficiência cardiáca (dispnéia, ortopnéia, dispnéia paroxística noturna, cansaço aos esforços, fadiga). • A Síndrome do Prolapso Valva Mitral é mais comum no sexo feminino (2:1), com prevalência de ~ 3 %. Apenas 20% dos casos tem insuficiência mitral. Se é sintomática → palpitação, dor no peito, dispneia. • Há uma relação estatística confirmada do prolapso mitral com ansiedade, síndrome do pânico, cefaléia, palpitações e arritmias “benignas” (ao holter e ecg). EXAME FÍSICO • INSPEÇÃO E PALPAÇÃO: RESUMO DE CARDIOLOGIA | JOÃO VITOR TAVARES SILVEIRA 47 | P á g i n a ✓ O pulso arterial é normal ou com amplitude aumentada (pulso só é diminuído quando a insuficiência mitral é importante e chega a diminuir o debito cardíaco). ✓ O ictus é difuso e deslocado para a esquerda da linha hemi-clavicular e para baixo do 5º EIC; ✓ É possível palpar um impulso proto-diastólico no FM, bem como um frêmito holosistólico na ponta. • AUSCULTA CARDÍACA: ✓ B3 é bastante comum na IM crônica, mesmo na ausência de sinais de ICC. ✓ A B1 é hipofonética. ✓ O som característico da IM é o SOPRO HOLOSISTÓLICO no foco mitral, intenso com irradiação para axila e, eventualmente, irradiado para o dorso (sopro circular de Miguel Couto) ou para os focos da base. O sopro não
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