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INTRODUÇÃO Animais peçonhentos são reconhecidos como aqueles que produzem veneno ou têm condições naturais para injetá-la em presas ou predadores. Essa condição é dada naturalmente por meio de dentes modificados, aguilhão, ferrão, quelíceras, cerdas urticantes, nematocistos entre outros. Os principais animais peçonhentos que causam acidentes no Brasil são algumas espécies de serpentes, de escorpiões, de aranhas, de lepidópteros (mariposas e suas larvas), de himenópteros (abelhas, formigas e vespas), de coleópteros (besouros), de quilópodes (lacraias), de peixes, de cnidários (águas-vivas e caravelas), entre outros. Os animais peçonhentos de interesse em saúde pública podem ser definidos como aqueles que causam acidentes classificados pelos médicos como moderados ou graves (SINAN, 2019). Os acidentes por animais peçonhentos, especialmente os acidentes ofídicos, foram incluídos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na lista das doenças tropicais negligenciadas que acometem, na maioria das vezes, populações pobres que vivem em áreas rurais, estimando que possam ocorrer anualmente no planeta 1.841 milhões de casos de envenenamento, resultando em 94 mil óbitos. O Brasil registra a cada ano, cerca de 28 mil acidentes ocasionados por serpentes resultando em 120 óbitos. Já os acidentes com escorpiões somam mais de 150 mil casos anualmente, e pelo menos 90 pessoas morrem em decorrência desses acidentes. Mais frequentes do que se imagina são os acidentes que envolvem as abelhas. São documentados cerca de 20 mil casos em média por ano e 60 óbitos são associados a esses eventos. No caso das aranhas, mais de 30 mil casos por ano e 17 óbitos. No Brasil, os acidentes por animais peçonhentos são a segunda causa de envenenamento humano, ficando atrás apenas da intoxicação por uso de medicamentos. Fonte: Ministério da Saúde/SVS - Sistema de Informação de Agravos de Notificação - Sinan Net, 2021. EP ID EM IO LO G IA EP ID EM IO LO G IA FIGURA 2- Nº de Casos segundo Evolução e Tipo de Acidente (Período de 2020). Fonte: Ministério da Saúde/SVS - Sistema de Informação de Agravos de Notificação - Sinan Net, 2021. FIGURA 3- Nº de Casos segundo Evolução e Tipo de Acidente (Período de 2021). Fonte: Ministério da Saúde/SVS - Sistema de Informação de Agravos de Notificação - Sinan Net, 2021. É importante que se façam alguns esclarecimentos sobre os animais peçonhentos e os venenosos. peçonhentos são os que injetam toxinas nas suas vítimas por meio das presas ou ferrões. Venenosos são aqueles provocam envenenamento por ingestão ou contato, como as lagartas ou taturanas. Então, tanto animais peçonhentos quanto venenosos utilizam substâncias que provocam efeitos fisiológicos danosos ao sistema nervoso mesmo que em pequenas quantidades, normalmente para se defenderem. FI SI O PA TO LO G IA Cobras O veneno da maioria das cobras causa efeitos locais, bem como efeitos sistêmicos como coagulopatia. Os resultados são: Lesão tecidual local, resultando em edema e equimose, Lesão endotelial vascular, Hemólise, Síndrome semelhante à coagulação intravascular disseminada (desfibrinação), Anomalias cardíacas, pulmonares, renais e neurológicas Escorpião Frequentemente, a picada de escorpião é seguida de dor (moderada ou intensa) ou formigamento no local da picada; Paciente pode apresentar: náuseas ou vômito; suor excessivo; agitação; tremores; salivação; (problemas cardíacos) aumento dos batimentos cardíacos e da pressão arterial, convulsão e delírio Aranhas A picada causa dor imediata, inchaço local, formigamento e suor no local da picada, podendo apresentar novos sintomas, como vômitos, aumento da pressão arterial, dificuldade respiratória, tremores, mal estar geral, necrose espasmos musculares, caracterizando acidente grave. Vespas Picadas de (vespa, abelha, etc.) são mais dolorosas que perigosas. No entanto, eles podem causar uma reação alérgica séria podendo ser fatal. Lacraias O veneno das lacraias é muito pouco tóxico para o homem. Os sintomas são dor forte e inchaço no local da picada. Em acidentes com lacraias grandes também podem ocorrer febre, calafrios, tremores e suores, além de uma pequena ferida. Água viva Soltam um tipo de ferrão microscópio dotado de filamentos que injetam uma substância venenosa na pele do suposto agressor, produzindo uma dor intensa semelhante à da queimadura. é um envenenamento da pele causado pelas toxinas liberadas pelas medusas causam dor forte, inchaço e ardência acompanhados por marcas vermelhas ou escurecidas deixadas pela ação do veneno na pele da vítima. Ofidismo SERPENTES Bothrops: acidentes botrópicos Crotalus: acidentes crótalicos Lachesis: acidentes laquéticos Micrurus e Leptomicrurus: acidentes elapídicos Acidente ofídico ou ofidismo é o quadro de envenenamento decorrente da picada de serpentes. O ofidismo é o principal acidente por animais peçonhentos e constitui-se em importante problema de saúde pública por conta da frequência e gravidade. Dos 75 gêneros existentes, apenas quatro têm importância médica, sendo eles: Identificação de serpentes peçonhenta Acidente botrópico Jararaca, jararacuçu, urutu, caiçaca Responsável por 90% dos acidentes ofídicos Encontrada em todo território nacional Quadro clínico: manifestações locais e manifestações sistêmicas Jararacaca Jararacuçu Urutu Caiçaca Dor Edema Equimose Sangramento no local da picada Necrose Manifestações locais Manifestações sistêmicas Leve Forma mais comum do envenenamento, caracterizada por dor e edema local pouco intenso ou ausente, manifestações hemorrágicas discretas ou ausentes, com ou sem alteração do Tempo de Coagulação Moderada Caracterizado por dor e edema evidente que ultrapassa o segmento anatômico picado, acompanhados ou não de alterações hemorrágicas locais ou sistêmicas como gengivorragia, epistaxe e hermatúria. Grave Caracterizado por edema local endurado intenso e extenso, podendo atingir todo o membro picado, geralmente acompanhado de dor intensa e, eventualmente com presença de bolhas. Em decorrência do edema, podem aparecer sinais de isquemia local devido à compressão dos feixes vásculo-nervosos Pode ocorrer hemorragias à distância como gengivorragias, epistaxes, hematêmese e hematúria. Em gestantes, há risco de hemorragia uterina. Também pode ocorrer náuseas, vômitos, sudorese, hipotensão arterial e, mais raramente, choque. Soroterapia Acidentes crotálicos É responsável por cerca de 7,7% dos acidentes ofídicos registrados no Brasil. Apresenta o maior coeficiente de letalidade devido à frequência com que evolui para insuficiência renal aguda (IRA). São identificadas pelo chocalho na cauda, encontrada em regiões áridas e semi-áridas Menos frequente que os acidentes botrópicos, porém a taxa de mortalidade dos acidentes crótalicos é maior. Manifestações locais São pouco importantes, diferindo dos acidentes botrópico e laquético. Não há dor Há parestesia local ou regional Edema discreto ou eritema no ponto da picada Manifestações clínicas pouco frequentes Insuficiência respiratória aguda Fasciculações Paralisia de grupos musculares O envenenamento crotálico vai ser classifcado em 3 tipos: leve, moderado e grave. Leve: caracteriza-se pela presença de sinais e sintomas neurotóxicos discretos, de aparecimento tardio, sem mialgia ou alteração da cor da urina ou mialgia discreta. Moderada: caracteriza-se pela presença de sinais e sintomas neurotóxicos discretos, de instalação precoce, mialgia discreta e a urina pode apresentar coloração alterada. Grave: os sinais e sintomas neurotóxicos são evidentes e intensos (fácies miastênica, fraqueza muscular), a mialgia é intensa e generalizada, a urina é escura, podendo haver oligúria ou anúria Manifestações sistêmicas Gerais Mal-estar, prostração, sudorese, náuseas, vômitos, sonolência ou inquietação e secura da boca podem aparecer precocemente e estar relacionadas a estímulos de origem diversas, nos quais devem atuar o medo e a tensão emocionaldesencadeados pelo acidente. Neurológicas Decorrem da ação neurotóxica do veneno, surgem nas primeiras horas após a picada, e caracterizam o fácies miastênica (fácies neurotóxica de Rosenfeld) evidenciadas por ptose palpebral uni ou bilateral, flacidez da musculatura da face, alteração do diâmetro pupilar, incapacidade de movimentação do globo ocular (oftalmoplegia), podendo existir dificuldade de acomodação (visão turva) e/ou visão dupla (diplopia). Como manifestações menos frequentes, pode-se encontrar paralisia velopalatina, com dificuldade à deglutição, diminuição do reflexo do vômito, alterações do paladar e olfato. Manifestações sistêmicas Musculares A ação miotóxica provoca dores musculares generalizadas (mialgias) que podem aparecer precocemente. A fibra muscular esquelética lesada libera quantidades variáveis de mioglobina que é excretada pela urina (mioglobinúria), conferindo-lhe uma cor avermelhada ou de tonalidade mais escura, até o marrom. A mioglobinúria constitui a manifestação clínica mais evidente da necrose da musculatura esquelética (rabdomiólise). Distúrbios da coagulação Pode haver incoagulabilidade sanguínea ou aumento do Tempo de Coagulação (TC), em aproximadamente 40% dos pacientes, observando-se raramente sangramentos restritos às gengivas (gengivorragia) Soroterapia Acidente laquetico As serpentes do genêro Lachesis são consideradas as maiores serpentes peçonhentas Conhecida como surucucu pico de jaca Seu habitat é a floresta Amazônica e os remanescentes da Mata Atlântica. Responsável por cerca de 1% dos acidentes ofídicos Os acidentes laquéticos são classificados como moderados e graves. Por serem serpentes de grande porte, considera-se que a quantidade de veneno por elas injetada é potencialmente muito grande. A gravidade é avaliada segundo os sinais locais e pela intensidade das manifestações sistêmicas. Manifestações locais São semelhantes às descritas no acidente botrópico Dor e edema Vesículas e bolhas de conteúdo seroso ou sero- hemorrágico As manifestações hemorrágicas limitam-se ao local da picada na maioria dos casos Manifestações sistêmicas Hipotensão arterial Tonturas Escurecimento da visão Bradicardia Cólicas abdominais Diarréia Soroterapia Acidente elapídicoCorresponde a 0,4% doacidentes ofídicos no Brasil Padrão característico, com anéis coloridos Tipo mais raro Não são agressivas, mas possuem o veneno mais forte Pode evoluir para insuficiência respiratória aguda Manifestações locais Os sintomas podem surgir precocemente, em menos de uma hora após a picada. Manifestações sistêmicas Dor local e discreta, geralmente acompanhada de parestesia com tendência a progressão proximal. Inicialmente, o paciente pode apresentar vômitos. Posteriormente, pode surgir um quadro de fraqueza muscular progressiva, ocorrendo ptose palpebral, oftalmoplegia e a presença de fácies miastênica ou “neurotóxica”. Associadas a estas manifestações, podem surgir dificuldades para manutenção da posição ereta, mialgia localizada ou generalizada e dificuldade para deglutir em virtude da paralisia do véu palatino. A paralisia flácida da musculatura respiratória compromete a ventilação, podendo haver evolução para insuficiência respiratória aguda e apnéia. Soroterapia Manter membro picado elevado e estendido; Avaliar sinais vitais; Estratégias de controle da dor; Controle de infecção higienizando o local da picada; Precauções contra sangramentos; Notificar casos de acidentes ofídicos na ficha para notificação de acidente por animais peçonhentos (SINAN); Investigar através do caso que chegar à unidade, se a família e vizinhos também estão em risco de acidentes ofídicos; Investigar outros casos na região; Promover atividades de educação em saúde para a população, principalmente se ocorre muitos casos de acidentes ofídicos na região; Encaminhar casos de maior complexidade para unidades de referência. Cuidados de enfermagem Lavar o local da picada com bastante água limpa e sabão; Manter o acidentado calmo, em repouso absoluto, elevando a parte afetada; Transportá-lo para a Unidade de Saúde mais próxima com extrema urgência, levando, se possível, o animal agressor para auxiliar na identificação e diagnóstico. Orientação geral para os acidentes ofídicos, que devem ser divulgados à população, principalmente no meio rural: 1. 2. 3. A utilização do soro específico poderá ser o único tratamento eficaz nos acidentes por animais peçonhentos Primeiros socorros O que não fazer? Não amarre, não fure, não corte e não sugue o local da picada. Não coloque sobre o local da picada alho, café, fumo, esterco, castanha, pimenta, etc. Não tome ou dê bebida alcoólica, querosene, óleo diesel, chá ou “remédios milagrosos”. Observação: A vítima pode beber água à vontade. Usar botas de cano alto no trabalho. Usar luvas de couro nas atividades rurais e de jardinagem. Não colocar as mãos em buracos na terra, ocos de árvore, cupinzeiros. Examinar calçados antes de usar, pois serpentes podem refugiar-se dentro dos mesmos. Limpar as proximidades das casas, evitando folhagens densas, tijolos, pedras, etc. Vedar frestas, buracos em paredes e assoalhos. Preservar inimigos naturais (raposa, gambá, gaviões e corujas), criar aves domésticas, que se alimentam de serpentes. Evitar a presença de roedores, alimento preferido das serpentes. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. Prevenção de acidentes ofídicos ESCORPIANISMO Os escorpiões são animais pertencentes ao filo Artrópode da classe Aracnídeo e ordem Scorpions, possui aproximadamente 2.545 espécies, agrupada em 163 gêneros e 18 famílias. São os aracnídeos mais antigos do planeta, surgiram há cerca de 450 milhões de anos atrás, no período Siluriano, com poucas alterações morfológicas observadas ao longo de sua evolução. Tityus serrulatus Tityus stigmurus Tityus maranhensis Ananteris mauryi Jaguarjir rochae Physoctonus debilis Rhopalurus agamemnon ACIDENTES COM ESCORPIÕES •Acidente escorpiônico ou escorpionismo é o acidente causado pelo veneno que o escorpião inocula na vítima, através do aparelho inoculador (ferrão/Peçanha), liberando neurotoxinas, que podem causar alterações locais e, em muitos casos, alterações sistêmicas. A ação do veneno: A toxina escorpiônica é uma mistura complexa de proteínas de baixo peso molecular, associada a pequenas quantidades de aminoácidos, sem atividade hemolítica, proteolítica, colinesterásica, fosfolipásica e que não consome fibrinogênio. Atua em sítios específicos dos canais de sódio, produzindo despolarização das terminações nervosas pós-ganglionares dos sistemas simpático, parassimpático e da medula da supra-renal, desencadeando liberação de adrenalina, noradrenalina e acetilcolina. GERAIS: Hipo ou hipertermia e sudorese profusa. DIGESTIVAS: Náuseas, vômitos, sialorréia e, mais raramente, dor abdominal e diarréia. CARDIOVASCULARES: Arritmias cardíacas, hipertensão ou hipotensão arterial, insuficiência cardíaca congestiva e choque. RESPIRATÓRIAS: Taquipnéia, dispnéia e edema pulmonar agudo. NEUROLÓGICAS: Agitação, sonolência, confusão mental, hipertonia e tremores. MANIFESTAÇÕES SISTÊMICAS • ACIDENTES LEVES: Somente presente a sintomatologia local, sendo a dor referida em praticamente 100% dos casos. Podem ocorrer vômitos ocasionais, taquicardia e agitação discretas, decorrentes da ansiedade e do próprio fenômeno doloroso. • ACIDENTES MODERADOS: Além dos sintomas locais presente,s também há algumas manifestações sistêmicas, isoladas, não muito intensas, como sudorese, náuseas, vômitos, hipertensão arterial, taquicardia, taquipnéia e agitação. • ACIDENTES GRAVES: As manifestações sistêmicas são bastante evidentes e intensas. Vômitos profusos e freqüentes, sudorese generalizada e abundante, sensação de frio, pele arrepiada, palidez, agitação psicomotora acentuada, podendo estar alternada com sonolência, hipotermia, taqui ou bradicardica, extrasistolias, hipertensão arterial, taqui e hiperpnéia, tremores e espasmos musculares.CLASSIFICAÇÃO DO ESCORPIANISMO O QUE FAZER EM CASO DE ACIDENTE? 1- Retirar sapato, anel, pulseira ou fitas que possam funcionar como torniquete; 2 - Lavar somente com água e sabão o local da picada; 3 - Compressas mornas (compressas frias pioram a dor); 4 - Deixar o paciente deitado, hidratado, calmo, imóvel, com o local da picada elevado; 5 - Analgesia para a dor sistêmica e local se possível infiltrar lidocaína 2% sem vasoconstritor sendo, 1a 2 ml para criança e 3 a 4 ml no adulto; 6 - Manter um acesso venoso; 7 - Monitoramento das funções vitais: temperatura, pressão arterial, pulso e perfusão periférica, para tratamento de possíveis manifestações sistêmicas; O QUE FAZER EM CASO DE ACIDENTE? 8 - Manter em observação rigorosa e constante por, no mínimo, 6hs para diagnostico rápido de complicações. Em geral, após 4hs sem sintomas é sinal de boa evolução; 9 - Fazer a prevenção do tétano; 10 - Se o animal foi capturado, assim que possível, levá-lo para identificação; 11 - Em crianças de 10 anos ou menores, sempre deve ser considerada a possibilidade de transferência rápida para local com estrutura hospitalar 12 - Criança que apresentar vômito deve ser encaminhada para UTI com urgência e iniciar a soroterapia IMEDIATA dada a rápida progressão. CONDUTAS EM CASOS DE ACIDENTES POR ESCORPIÃO N ot a in fo rm at iv a n° 25 d e 20 16 -C G D T/ D EV IT /S VS /M S • Manter a casa limpa, evitando acúmulo de lixo • Cuidado ao manusear tijolos, blocos e outros materiais de construção • Tampar buracos e frestas de paredes, janelas, portas e rodapés • Sacudir roupas, sapatos e toalhas antes de usar • Verificar a roupa de cama antes de deitar, afastando a cama da parede • Preservar os predadores naturais (sapos e galinhas) dos escorpiões ARANEÌSMO No Brasil, existem três gêneros de aranhas de importância médica: Phoneutria, Loxoscelese e Latrodectus. O quadro de envenenamento (araneísmo) depende das atividades dos diferentes tipos de veneno, sendo denominado por loxoscelismo o envenenamento por Loxosceles; foneutrismo por Phoneutria e latrodectismo por Latrodectus. PHONEUTRIA ARANHAS ARMADEIRAS LOXOSCELES ARANHAS-MARRONS LATRODECTUS VIÚVAS-NEGRAS ACIDENTES COM ARANHAS Acidente fonêutrico (Phoneutria) Estudos demonstraram que o veneno atua basicamente sobre os canais de sódio,induzindo despolarização das fibras musculares e de terminações nervosas, sensitivas e motoras do sistema nervoso autônomo, ocasionando liberação de catecolaminas e acetilcolina. A dor imediata é o sintoma mais frequente. Sua intensidade é variável, podendo se irradiar até a raiz do membro acometido. Outras manifestações são: edema, eritema, parestesia e sudorese no local da picada, onde podem ser visualizadas as marcas de dois pontos de inoculação. ACIDENTE FONÊUTRICO (PHONEUTRIA) ACIDENTE POR LOXOSCELES O veneno da Loxosceles sp (aranha-marrom)possui atividades hemolítica e dermonecrótica, que parecem ser causadas pela esfingnomielinase-D(fosfolipase D) que, por ação direta ou indireta, atua sobre os constituintes das membranas das células, principalmente do endotélio vascular ou hemácias. Em virtude dessa ação, são ativadas as cascatas do sistema complemento, da coagulação e das plaquetas, desencadeando intenso processo inflamatório no local da picada, acompanhado de obstrução de pequenos vasos, edema, hemorragia e necrose local. Admite-se, também, que a ativação desses sistemas participa da patogênese da hemólise intravascular disseminada, observada nas formas mais graves de envenenamento FORMAS CLÍNICAS DA PICADA Forma Cutânea Após algumas horas a dor se intensifica, sendo relacionada à isquemia e vasoespasmo, podendo aparecer prurido, formigamento, eritema e edema. Este pode ser discreto ou atingir todo o membro, possuindo consistência endurecida. O eritema dá lugar a uma mancha de aspecto violáceo, de limites mal definidos, onde coexistem áreas esbranquiçadas (isquêmicas) e áreas vinhosas(hemorrágicas), denominada “placa marmórea” ou “placa livedóide”. Gradualmente, a placa sofre endu- ração, escurece, o centro se deprime, formando uma escara que vai se soltando pelas bordas, dando lugar a uma úlcera com características necróticas, processo que pode levar de uma a duas semanas. Forma Cutânea A apresentação dos sinais locais pode variar nas primeiras 24 a 72 h após a picada, constituindo dado importante para efeitos de classificação e tratamento. A) LESÃO INCARACTERÍSTICA: Bolha de conteúdo seroso, edema, rubor e prurido, com ou sem dor em queimação B) LESÃO SUGESTIVA: Equimose, enduração e dor em queimação C) LESÃO CARACTERÍSTICA: Ponto de necrose, necrose, bolha hemorrágica, isquemia (nas primeiras horas), placa marmórea. É bem menos frequente, ocorrendo dentro dasprimeiras 24 a 48 h após a picada, podendo não haver relação entre as manifestações locais e as sistêmicas. Geralmente, acompanhanada de febre, calafrios ,mal-estar, fraqueza, náuseas, vômitos, mialgia, artralgia, exantema, além das manifestações decorrentes da hemólise intravascular: anemia aguda, icterícia, hemoglobinúria, e, eventualmente, sangramento, decorrentes da plaquetopenia e hipofibrinogenemia. Os casos graves podem evoluir para insuficiência renal aguda, de etiologia multifatorial (diminuição da perfusão renal, hemoglobinúria e CIVD), principal causa de óbito no loxoscelismo Forma cutâneo-hemolítico (cutâneo-visceral) A C ID EN T E LO X O SC ÉL IC O (“ A ra nh a m ar ro m ”) ACIDENTES POR LATRODECTISMO VIÚVA-NEGRA A alpha-latrotoxina é o principal componente tóxico da peçonha da Latrodectus. Atua sobre terminações nervosas sensitivas provocando quadro doloroso no local da picada. Sua ação sobre o sistema nervoso autônomo, leva à liberação de neurotransmissores adrenérgicos e colinérgicos e, na junção neuromuscular pré-sináptica, altera a permeabilidade aos íons sódio e potássio. O quadro se inicia com dor local , de pequena intensidade, evoluindo para sensação de queimadura 15 a 60 minutos após a picada. Pápula eritematosa e sudorese localizada. Podem ser visualizadas lesões puntiformes, distando de 1 mm a 2 mm entre si. Na área da picada há referência de hiperestesia e pode ser observada a presença de placa urticariforme acompanhada de infartamento ganglionar regional. MANIFESTAÇÕES LOCAIS MANIFESTAÇÕES SISTÊMICAS GERAIS: Tremores, ansiedade, excitabilidade , insônia, cefaléia, prurido, eritema de face e pescoço. Há relatos de distúrbios de comportamento e choque nos casos graves. CARDIOVASCULARES: Opressão precordial, com sensação de morte iminente, taquicardia inicial e hipertensão seguidas de bradicardia. DIGESTIVAS: Náuseas e vômitos, sialorréia, anorexia e obstipação; GENITURINÁRIAS: Retenção urinária, dor testicular, priapismo. OCULARES: Ptose e edema bipalpebral, hiperemia conjuntival, midríase MOTORAS: Dor irradiada para os membros inferiores aparecem acompanhada de contraturas musculares periódicas, movimentação incessante, atitude de flexão no leito; hiperreflexia ósteo-músculo-tendinosa constante. É freqüente o aparecimento de tremores e contrações espasmódicas dos membros . Dor abdominal intensa , acompanhada de rigidez e desaparecimento do reflexo cutâneo-abdominal, pode simular um quadro de abdome agudo. TRATAMENTO ADMINISTRAÇÃO DE SORO a. Soro antilatrodectus (SALatr) SUPORTE a. Analgesia b. Anti-histamínico c. Gluconato de cálcio d. Compressa morna e. Antissepsia f. Benzodiazepínicos g. Clorpromazina Lavar o local da picada. Usar compressas mornas, pois ajudam no alívio da dor. Elevar o local da mordida. Procurar o serviço médico mais próximo. Quando possível, levar o animal para identificação. O QUE FAZER EM CASO DE ACIDENTE COM ARANHAS Não fazer torniquete ou garrote. Não furar, cortar, queimar, espremer ou fazer sucção no local da ferida. Não aplicar folhas, pó de café ou terra para não provocar infecções. Não ingerirbebida alcoólica, querosene, ou fumo, como é costume em algumas regiões do país. O QUE NÃO FAZER EM CASO DE ACIDENTE COM ARANHAS PREVENÇÃO Manter jardins e quintais limpos. Evitar o acúmulo de entulhos, folhas secas, lixo doméstico, material de construção nas proximidades das casas. Evitar folhagens densas (plantas ornamentais, trepadeiras, arbusto, bananeiras e outras) junto a paredes e muros das casas. Limpar periodicamente os terrenos baldios vizinhos, pelo menos, numa faixa de um a dois metros junto das casas. Sacudir roupas e sapatos antes de usá-los. Usar calçados e luvas de raspas de couro pode evitar acidentes. Vedar soleiras das portas e janelas ao escurecer, pois muitos desses animais têm hábitos noturnos. Usar telas em ralos do chão, pias ou tanques. Combater a proliferação de insetos para evitar o aparecimento das aranhas que deles se alimentam. Afastar as camas e berços das paredes. Inspecionar sapatos e tênis antes de calçá-los. Preservar os inimigos naturais de escorpiões e aranhas: aves de hábitos noturnos (coruja, joão-bobo), lagartos, sapos, galinhas, gansos, macacos, coatis, entre outros (na zona rural). ACIDENTES POR HIMENÓPTEROS ( ABELHA) Pertencem à ordem Hymenoptera os únicos insetos que possuem ferrões verdadeiros, existindo três famílias de importância médica: Apidae (abelhas e mamangavas), Vespidae (vespa amarela, vespão e marimbondo ou caba) e Formicidae (formigas). A ordem Hymenoptera se divide em duas subordens: Symphyta, onde predominam as espécies fitófagas e os adultos apresentam abdome aderente ao tórax, e Apocrita onde a maioria das espécies é entomófaga e os adultos apresentam o abdome separado do tórax por uma forte constrição. O QUE FAZER QUANDO OCORRER ACIDENTE COM ABELHAS? Acidente por abelha (Vespas/Formigas) é o quadro de Elas perdem o ferrão ao picar, morrendo em seguida. Após o primeiro ataque, as abelhas liberam um envenenamento decorrente da inoculação de toxinas por meio do ferrão. Como possui músculos próprios, o ferrão continua a injetar a peçonha mesmo após a separação do resto do corpo. feromônio que faz com que outras invistam contra o mesmo alvo, podendo ocasionar acidente com centenas de picadas. SINAIS E SINTOMAS As manifestações clínicas podem ser Múltiplas picadas -> podem ocorrer Sintomas: irritação e ardência da pele, alérgicas (mesmo com uma só picada) e tóxicas (múltiplas picadas). manifestações sistêmicas. vermelhidão, calor generalizado, pápulas, urticárias, pressão baixa, taquicardia, dor de cabeça, náuseas e/ ou vômitos, cólicas abdominais e broncoespasmos. Tegumentares: prurido generalizado, eritema, urticária e angioedema. Respiratórias: rinite, edema de laringe e árvore respiratória, trazendo como conseqüência dispnéia, rouquidão, estridor e respiração asmatiforme. Pode haver bronco-espasmo. Digestivas: prurido no palato ou na faringe, edema dos lábios, língua, úvula e epiglote, disfagia, náuseas, cólicas abdominais ou pélvicas, vômitos e diarréia. Cardiocirculatórias: a hipotensão é o sinal maior, manifestando-se por tontura ou insuficiência postural até colapso vascular total. Podem ocorrer palpitações e arritmias cardíacas e, quando há lesões preexistentes (arteriosclerose), infartos isquêmicos no coração ou cérebro. Sistêmicas: SINAIS E SINTOMAS Sensação de mal -estar, formigamento e tontura. Coceira generalizada e urticária Inchaço dos lábios ou da língua Dificuldade pa ra respirar e sibilos Perda de consciência e colapso Sinais de reação alérgica generalizada: Em geral, os sintomas se desenvolvem rapidamente. O QUE FAZER? Após uma picada de abelha, o ferrão deve ser removido o mais Não havendo sinal de reação generalizada: 1.Retire o ferrã o com um objeto com borda romba 2. Aplique uma compressa fria 3. Eleve a área. rapidamente possível. Em muitos casos, a abelha também deixa a bolsa de veneno na picada, que continua a bombear veneno enquanto estiver intacta. COMO PREVENIR ACIDENTES COM ABELHAS A remoção das colônias de abelhas situadas em lugares públicos Evite se aproximar de colmeias de abelhas sem estar com Barulhos, perfumes fortes, desodorantes, o próprio suor do corpo No campo, o trabalhador deve ficar atento para a presença de ou residências deve ser efetuada por profissionais devidamente treinados e equipados, preferencialmente à noite ou ao entardecer, quando os insetos estão calmos. vestuário e equipamento adequados (macacão, luvas, máscara, botas, fumigador). e cores escuras (principal mente preta e a zul-ma rinho) desencadeiam o comportamento agressivo e, consequentemente, o ataque de abelhas abelhas, principal mente no momento de a rar a terra com tratores. ACIDENTES POR HIMENÓPTEROS ( FORMIGAS) Formigas são insetos sociais pertencentes à ordem Hymenoptera, superfamília Formicoidea. Sua estrutura social é complexa, compreendendo inúmeras operárias e guerreiras (formas não capazes de reprodução) e rainhas e machos alados que determinarão o aparecimento de novas colônias. Algumas espécies são portadoras de um aguilhão abdominal ligado a glândulas de veneno. A picada pode ser muito dolorosa e pode provocar complicações tais como anafilaxia, necrose e infecção secundária. SINAIS E SINTOMAS Imediatamente após a picada, forma-se uma pápula urticariforme de 0,5 a 1,0 cm no local. A dor é importante, mas, com o passar das horas, esta cede e o local pode se tornar pruriginoso. Cerca de 24 horas após, a pápula dá lugar a uma pústula estéril, que é reabsorvida em sete a dez dias. Pode haver infecção secundária das lesões, causada pelo rompimento da pústula pelo ato de coçar. O tratamento do acidente por Solenopsis sp (lava-pés) deve ser feito pelo uso imediato de compressas frias locais, seguido da aplicação de corticóides tópicos. O QUE FAZER? Tome um anti-histamínico ou use um creme com corticoides para aliviar a dor. Não estoure as bolhas, se alguma acabar por estourar proceda à limpeza com sabão neutro e água. Mas atente, porque se necessário terá de ir no médico a fim de evitar infecção. https://saude.umcomo.com.br/artigo/como-funcionam-os-anti-histaminicos-9705.html ACIDENTES POR LEPIDÓPTEROS A maioria dos lepidópteros não é prejudicial ao homem. As borboletas e mariposas têm papel fundamental na polinização das flores. As lagartas, que são as larvas, podem por sua vez causar danos em lavouras para se alimentar, mas fertilizam o solo com as fezes, e algumas são importantes comercialmente, como o bicho-da-seda. A importância do estudo dos lepidópteros do ponto de vista médico decorre das lesões cutâneas causadas por dois mecanismos: o contato com cerdas irritantes de algumas lagartas e, mais raramente, a ação de cerdas corporais de exemplares adultos. FAMÌLIA MEGALOPYGIDAE Os megalopigídeos são popularmente conhecidos por sauí, lagarta-de-fogo, chapéu-armado, taturanagatinho, taturana-de-flanela. Apresentam dois tipos de cerdas: as verdadeiras, que são pontiagudas contendo as glândulas basais de veneno; e cerdas mais longas, coloridas e inofensivas. FAMÌLIA SATURNIIDAE As lagartas de saturnídeos apresentam “espinhos” ramificados e pontiagudos de aspecto arbóreo, com glândulas de veneno nos ápices. Apresentam tonalidades esverdeadas, exibindo no dorso e laterais, manchas e listras, características de gêneros e espécies FORMAS ADULTAS (MARIPOSAS- DA-COCEIRA Formas adultas (mariposas-da-coceira) Somente as fêmeas adultas do gênero Hylesia sp (Saturniidae) apresentam cerdas no abdome que, em contato com a pele, causam dermatite papulopruriginosa. Dermatite urticante. Periartrite falangeana causa da pela lagartaPararama. Síndrome hemorrágica causada pelas lagar tasde Lonomia spp. A maior par te dos acidentes decorrem do contato com lagartas urticantes, que causam queimaduras, também são conhecida por taturana ou tatarana. Os acidentes causados por insetos pertencentes à ordem Lepidoptera dividem-se em: SINAIS E SINTOMAS Inicialmente, há dor local intensa, edema, eritema e, eventualmente, pruridolocal. Existe infartamento ganglionar regional característico e doloroso. Nas primeiras 24 horas, a lesão pode evoluir com vesiculação e, mais raramente, com formação de bolhas e necrose na área do contato. Lesões papulopruriginosas acometendo áreas expostas da pele, acompanhadas de intenso prurido, as lesões evoluem para cura em períodos variáveis de sete a 14 dias após o início dos primeiros sintomas. TRATAMENTO Dependendo da lagarta, os sintomas podem tratados com medidas para alívio da dor. Nos casos de suspeita de acidente com Lonomia, o paciente deve ser levado ao serviço de saúde mais próximo, para que o profissional de saúde avalie a necessidade de administração do soro antilonômico. Identificar a lagarta causadora do acidente pode ajudar no diagnóstico. Lavagem da região afetada com água fria. Compressas frias. Elevação do membro afetado. Infiltração local com anestésico tipo lidocaína a 2%. Corticosteróides tópicos. Anti-histamínico oral. ACIDENTES POR COLEÓPTEROS BESOUROS Vários gêneros de coleópteros podem provocar quadros vesicantes. A compressão ou atrito destes besouros sobre a pele determina um quadro dermatológico, decorrente da liberação, por parte do inseto, de substâncias tóxicas de efeito cáustico e vesicante. O contato ocorre, muitas vezes, nas proximidades de luz artificial para a qual são fortemente atraídos. COLEÓPTEROS DE IMPORTÂNCIA MÉDICA Gênero Paederus (Coleoptera, Staphylinidae) nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste; Cinco espécies de Paederus são associadas P. amazonicus, P. brasiliensis, P. columbinus, P. fuscipes P. goeldi. Potó, trepa-moleque, péla-égua, fogo-selvagem; Dotadas de propriedades vesicantes (atribuídas à pederina) a acidentes humanos no Brasil: 1. 2. 3. 4. 5. COLEÓPTEROS DE IMPORTÂNCIA MÉDICA Gênero Epicauta (Coleoptera, Meloidae) no estado de São Paulo; Potó-grande, potó-pimenta, papa-pimenta, caga-fogo e caga-pimenta; Dotadas de propriedades vesicantes (atribuídas à cantaridina) sendo causadoras de lesões menos evidentes, que regridem em cerca de três dias. AÇÕES DO VENENO A hemolinfa e a secreção glandular do potó contêm uma potente toxina de contato, denominada pederina, de propriedades cáusticas e vesicantes; Esses insetos possuem glândulas pigidiais no abdome que secretam essa substância tóxica causando vesículas e prurido na pele; Adultos, ovos e larvas de Paederus contêm a toxina, mas a dermatite produzida pelas fêmeas é mais grave, sugerindo alguma relação com o sistema reprodutor feminino. Alguns pacientes experimentam sensação de ardor contínuo, no momento do contato. O quadro clínico varia de intensidade, podendo o acidente ser classificado, em: a) Leve: discreto eritema, de início cerca de 24 horas após o contato, que persiste por, aproximadamente, 48 horas. QUADRO CLÍNICO QUADRO CLÍNICO b) Moderado: marcado eritema, ardor e prurido, também iniciando-se algumas horas depois do contato. Segue-se um estádio vesicular, as lesões se alargam gradualmente até atingirem o máximo de desenvolvimento em cerca de 48 horas. Surge, depois, um estádio escamoso: as vesículas tornam-se umbilicadas, vão secando durante uns oito dias e esfoliam, deixando manchas pigmentadas que persistem por um mês ou mais. c) Grave: em geral mais extensos devido ao contato com vários espécimes, contam com sintomas adicionais, como febre, dor local, artralgia e vômitos. O eritema pode persistir por meses. As lesões são tipicamente alongadas, por causa da esfregadela do inseto sobre a pele. Daí a expressão "dermatite linear". As vesículas podem ser claras ou pustulizadas por infecção secundária QUADRO CLÍNICO Os dedos que friccionaram o inseto podem levar a toxina a outras áreas, inclusive à mucosa conjuntival, provocando dano ocular (conjuntivite, blefarite, ceratite esfoliativa, irite). O diagnóstico diferencial deve ser feito com a larva migrans cutânea, herpes simples, dermatite herpetiforme, zoster, pênfigo, acidente de contato com lagartas, fitofotodermatite e outras afecções. TRATAMENTO Se o paciente esfregar inadvertidamente contra a pele um espécime de potó, deve lavar imediatamente as áreas atingidas, com abundante água corrente; Fazer compressas mornas; Nas lesões instaladas, utilizar banhos anti-sépticos com permanganato (KMnO4) 1:40.000 e antimicrobianos; A tintura de iodo destrói a pederina e tem sido empregada no tratamento das lesões cutâneas, mas sua aplicação pode não ser suficientemente precoce para evitar o desenvolvimento da reação; Antibióticos sistêmicos podem ser usados para controle da infecção secundária; Em caso de contato com os olhos, deve-se lavar o local com água limpa e abundante, instilar antibióticos para prevenir a purulência, e corticóides. A atropina deve ser aplicada nos casos de irite. ACIDENTES POR QUILÓPODES LACRAIAS Os quilópodes, conhecidos popularmente como lacraias ou centopéias, possuem corpo dividido em cabeça e tronco articulado, de formato achatado, filiforme ou redondo, permitindo fácil locomoção. O veneno das lacraias é muito pouco tóxico para o homem. SINAIS E SINTOMAS Dor forte; Inchaço no local da picada; Febre; Calafrios; Tremores e suores; Dois pontos de inoculação no local da ferida. Devido à dificuldade em coletar quantidades adequadas de veneno, pouco se conhece sobre o mecanismo de ação, e o quadro clínico é caracterizado por: CONDUTAS Higienize o local da picada com água e sabão; No entanto, se a picada for mais profunda e o veneno já adentrou na pele, vai ocorrer uma reação cutânea de inchaço, logo, aplique corticosteroide tópico; Nunca passe a mão na região da picada e depois esfregue em outro local sem lavar as mãos; Não ingerir bebida alcoólica TRATAMENTO O tratamento na maioria das vezes é sintomático, pois este tipo de acidente é eminentemente benigno, no entanto, o médico poderá solicitar tratamento com antibióticos, anti-histamínicos e compressas quentes. MEDIDAS PREVENTIVAS Limpar os ralos semanalmente mantendo-os fechados quando não estiverem em uso; Limpar e manter fechadas as caixas de gordura e os esgotos; Limpar os jardins, aparar a grama e afastar as plantas ornamentais e trepadeiras das casas. Além disso, podá-las para que os galhos não toquem o chão. Os acidentes podem ser evitados com as seguintes precauções: MEDIDAS PREVENTIVAS Não usar porões, garagens e quintais como depósito para objetos fora de uso que possam servir de esconderijo para as lacraias; Cuidar dos muros e calçamentos para que não apresentem f restas onde a umidade se acumule e os animais possam se esconder. PEIXES: CNIDÁRIOS( águas -vivas e caravelas) O filo Cnidária é composto por um grupo altamente diverso que engloba, anêmonas-domar, caravelas e águas-vivas. (BRUSCA 2007). Animais desse filo tem como característica um aparato de defesa chamado de cnidas (AQUINO 2019). Essas são estruturas urticantes que ejetam peçonha por meio de uma pequena espícula distal a uma estrutura espiralada, a qual é mantida sob pressão dentro de células nos tentáculos e no corpo do animal (HADDAD JR., 2010). I1) Classe Anthozoa: anêmonas e corais. As anêmonas lembram flores aquática. I2) Classe Hydrozoa: São conhecidas popularmente como caravelas Classe Scyphozoa: Medusas formas livres, popularmente conhecidas como águas vivas. O envenenamento ou intoxicação por veneno animal é um importante problema de saúde e principalmente registrado nos trópicos do planeta. Os animais se aproximam do litoral, e o aumento da interação com o homem pode provocar um correspondente aumento no número de acidentes (KITATANI et al., 2015). A cada ano, milhares de lesões causadas por caravelas e águas-vivas são relatadas. Os cnidários estão entre os organismos mais venenosos e peçonhentos que se conhecem, e seu arsenal químico vem despertando interesse farmacológico (BADRÉ, ENVENENAMENTO POR CNIDÁRIOS Ressalta-se que os acidentes com cnidários não são queimaduras,embora o aspecto exterior lembre queimaduras solares ou por água quente, as lesões são provocadas por toxinas do veneno desses animais, que agridem a epiderme e formam desde linhas avermelhadas e dolorosas até bolhas ou mesmo feridas na pele. As ocorrência de águas vivas e caravelas são mais comuns na regiões Norte e Nordeste. Partes anatômicas que compõe a caravela Physalia physalis: SINAIS E SINTOMAS DE ENVENEMANETO POR CNIDÁRIOS Os sinais e sintomas de envenenamento por cnidários estão relacionados à ação tóxica imediata do veneno e a reação alérgica individual. Eles variam de placas lineares avermelhadas e dolorosas até bolhas ou mesmo úlceras, mas estas formas mais graves são rara no litoral brasileiro (HADDAD. J.R. 2016). Diagnóstico é clínico. O padrão linear edematoso é muito sugestivo, se acompanhado de dor aguda e intensa. DIAGNÓSTICO TRATAMENTO a) 1ª Etapa - repouso do segmento afetado. b) 2ª Etapa - retirada de tentáculos aderidos: a descarga de nematocistos é contínua e a manipulação errônea aumenta o grau de envenenamento. c) 3ª Etapa- inativação do veneno: o uso de ácido acético a 5% (vinagre comum), aplicado no local, por no mínimo 30 minutos inativa o veneno local. d) 4ª Etapa - retirada de nematocistos remanescentes: deve-se aplicar uma pasta de bicarbonato de sódio, talco e água do mar no local, esperar secar e retirar com o bordo de uma faca. e) 5ª Etapa - bolsa de gelo ou compressas de água do mar fria por 5 a 10 minutos e corticóides tópicos duas vezes ao dia aliviam os sintomas locais. A dor deve ser tratada com analgésicos. Os efeitos locais (eritema, edema e dor), apresentam menos de 20 cm de marcas de pele, são de aparência geralmente oval ou redonda e caracterizam impressões de pequenos tentáculos. A dor podem durar de 30 minutos a 24 horas. Além das manifestações citadas acima Neves et al (2007) relataram através de um questionário realizado em hospitais de Pernambuco, com vítimas de acidente com animais marinhos que a ardência foi o sintoma mais referido (24%), seguido pela dor (14%), alergia (9%) e queimaduras (7%). Manifestações locais Lavar o local atingindo com água do mar na tentativa de fazer a remoção dos tentáculos ainda aderidos à pele; A utilização de ácido acético a 5% (vinagre comum) tem se mostrado benéfica no alívio da dor. Tentáculos aderidos a pele podem ser removidos manualmente com luvas e auxílio de uma pinça. Para desativar os nematocistos dos tentáculos aderidos ao corpo da vítima é indicado o uso de amoníaco ou bicarbonato diluídos. Aplicar um creme que contenha analgésico, anti-histamínico e corticosteróide. O QUE FAZER APÓS ACIDENTES POR CNÍDÁRIOS (ÁGUA-VIVA / CARAVELA) Não utilizar nenhum tipo de produto em cima da lesão (bebida alcoólicas, refrigerante, areia, urina); Não esfregar o local da agressão; Jamais utilizar água doce no local da lesão; Não tocar nos animais mesmo aqueles que estejam aparentemente mortos na areia da praia por que o mesmo pode eliminar veneno. O QUE NÃO FAZER APÓS ACIDENTES POR CNÍDÁRIOS (ÁGUA-VIVA / CARAVELA) A melhor forma de prevenir acidentes é evitar entrar no mar caso haja aglomeração destes animais na água; As caravelas, por sua coloração peculiar, são avistadas facilmente, lembrar que seus tentáculos podem atingir vários metros de comprimento, evitando aproximar-se; Evitar tocar em águas - vivas ou caravelas aparentemente mortas, encalhadas na areia; os tentáculos ainda podem grudar na pele e descarregar os nematocistos, visto que os mesmos podem ser ativados apenas por estímulos mecânicos; Ao tentar retirar tentáculos ainda aderidos à pele, utilizar sempre luvas e pinças, isso evita que o socorrista ou profissional de saúde também se transforme em uma vítima. RECOMENDAÇÕES Referências: BRASIL. MINISTÉRIO NACIONAL DA SAÚDE. Fundação nacional de Saúde. Manual de diagnóstico e tratamento de acidentes por animais peçonhentos. Brasília, 2001. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação - Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. Acidentes por Animais Peçonhentos/Capítulo 11. In: Guia de Vigilância e m Saúde: [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Coordenação - Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia e Serviços. – 1. ed.atual. – Brasília: Ministério da Saúde pp.684 - 704, 2016. CUPO P; AZEVEDO-MARQUES MM & HERING SE. Acidentes por animais peçonhentos: Escorpiões e aranhas. Medicina, Ribeirão Preto, 36: 490-497, abr./dez. 2003. Manual de controle de escorpiões / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica- 2009. Nota Informativa nº 25, de 19 de julho de 2016, GDT/DEVIT/SVS/MS ANJOS, MARIANA FERREIRA DOS, 1989 - Caracterização da resposta induzida pelo veneno MLU_080047 isolado da caravela Physalia physalis. [manuscrito] / Mariana Ferreira dos Anjos. –Itajaí, 2017. AQUINO, G,G,D, E SANTO, HADDAD, JR. V; PIRES. A, V.; Avaliação dos acidentes ocorridos por cnidários no município de Salinópolis/Pará (Brasil) 2019. DOI: http://dx.doi.org/10.18561/2179-5746/biotaamazonia.v9n4p37-40. Referências: BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Vigilância em saúde no Brasil 2003|2019: da criação da Secretaria de Vigilância em Saúde aos dias atuais. Bol Epidemiol [Internet]. 2019 set; 50(n.esp.):1-154. Disponível em: http://www.saude.gov.br/ boletins-epidemiologicos BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica . Sistema de Informação de Agravos de Notificação - SINAN. https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/pesquisa/simples/BRASIL.%20Minist%C3%A9rio%20da%20Sa%C3%BAde.%20Secretaria%20de%20Vigil%C3%A2ncia%20em%20Sa%C3%BAde.%20Departamento%20de%20Vigil%C3%A2ncia%20Epidemiol%C3%B3gica/1010 https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/pesquisa/simples/Sistema%20de%20Informa%C3%A7%C3%A3o%20de%20Agravos%20de%20Notifica%C3%A7%C3%A3o%20-%20Sinan/1030
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