Buscar

fundamentos-epistemologicos-da-psicopedagogia

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 108 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 108 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 108 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

FundamentosFundamentos
Epistemológicos daEpistemológicos da
PsicopedagogiaPsicopedagogia
AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
Bem vindo(a)!
Olá, caro (a) estudante!
Seja bem-vindo(a) aos estudos sobre Fundamentos Epistemológicos da
Psicopedagogia, no qual você estudará aspectos históricos e tendências
contemporâneas da Psicopedagogia; os objetivos e âmbito de atuação da
Psicopedagogia; a formação e o trabalho do psicopedagogo; o contato com as
diferentes áreas do conhecimento; objeto de estudo da psicopedagogia e o trabalho
do psicopedagogo.
Este livro é composto por uma introdução seguida de quatro unidades
criteriosamente analisadas, selecionadas para dar sustentação a presente discussão
e conclusão.
Na Unidade I, você irá trabalhar com o tema FUNDAMENTOS DA
PSICOPEDAGOGIA, no qual será abordado os aspectos históricos da
Psicopedagogia; a evolução da Psicopedagogia, bem como o papel da
Psicopedagogia no contexto atual.
Na Unidade II, com o tema ASPECTOS DA FORMAÇÃO E ATUAÇÃO DO
PSICOPEDAGOGO cujos conteúdos de destaque serão os aspectos da formação e
atuação do psicopedagogo; a formação do psicopedagogo; a ética do trabalho
psicopedagógico e por �m o psicopedagogo e os novos desa�os.
Na Unidade III, o tema OBJETO DE ESTUDO DA PSICOPEDAGOGIA, versará sobre a
di�culdade de aprendizagem e suas nomenclaturas trabalhadas ao longo dos anos
anos, bem como conhecer algumas di�culdades, sendo elas: dislexia, disgra�a,
disortogra�a e discalculia, o transtorno de dé�cit de atenção/hiperatividade (TDAH)
e transtorno do espectro do autismo (TEA).
Na Unidade IV, nosso último tópico, você estudante estudará sobre TRABALHO
PSICOPEDAGÓGICO, com enfoque qual é o trabalho do psicopedagogo, bem como
a Psicopedagogia como estratégia de prevenção; ainda os aspectos do trabalho
psicopedagógico na avaliação, diagnóstico e intervenção e por �m a
interdisciplinaridade e a Psicopedagogia.
Lembre-se caro (a) estudante, que o texto apresentado não irá esgotar todas as
possibilidades de pensar e re�etir acerca das temáticas abordadas ao longo da
disciplina, mas irá iniciar momentos importantes e oportunos para a compreensão
das análise realizadas acerca das temáticas propostas.
Assim, vamos dar início ao nosso trabalho. Tenha uma ótima leitura! Bom estudo e
espero que o material que preparei para você estudante contribua de forma
signi�cativa para sua formação.
Professora Me. Fabiane Fantacholi Guimarães
Unidade 1
Fundamentos da
Psicopedagogia
AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
Introdução
Caro (a) estudante.
Seja bem-vindo (a) à Unidade I da disciplina Fundamentos Epistemológicos da
Psicopedagogia.
Nesta Unidade “Fundamentos da Psicopedagogia”, você estudante poderá fazer
uma análise dos aspectos históricos da Psicopedagogia, seu surgimento entre a
fronteira das áreas da Educação e Saúde, bem como a preocupação com o processo
de aprendizagem do sujeito, além de conhecer alguns dos teóricos que
in�uenciaram na evolução da Psicopedagogia no Brasil como Jean Piaget, Lev
Vygotsky, Sigmund Freud e Enrique Pichon-Rivière. E ainda esta aula vamos poder
identi�car o papel da Psicopedagogia no contexto atual, em relação a sua formação
e o objeto de estudo.
A compreensão desta Unidade I contribuirá para a sua formação neste curso
superior.
Boa leitura e bons estudos!
Aspectos Históricos da
Psicopedagogia
AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
A Psicopedagogia tem o seu início, na Europa, ainda no século XIX, quando surgiram
as preocupações com os “problemas de aprendizagem”. Não obstante, a Argentina
tem um valor e relevância na difusão do pensamento psicopedagógico,
principalmente na epistemologia convergente, nos quais seus principais
representantes são: Jorge Visca, Alicia Fernandez e Sara Paín.
Também na Argentina, a Psicopedagogia tem o seu eixo teórico em três áreas da
Psicologia, sendo elas: a Psicologia Genética (Jean Piaget), a Psicanálise (Freud) e a
Psicologia Social (Pichon-Rivière).
Mediante a isto, diversas outras teorias contribuíram e enriqueceram a teoria
psicopedagógica, partindo disso, as autoras Ana Teberosky e Emília Ferreiro
conceitual de maneira clara e objetiva a psicogênese da língua, teoria de Vygotsky.
Bossa (2011) nos acrescenta que a origem do pensamento argentino acerca da
Psicopedagogia está centrada na literatura francesa e se baseia em autores como
Jacques-Marie Émile Lacan, Maud Ferreira Mannoni, Françoise Dolto, Julian de
Ajuriaguerra, Enrique Pichon-Rivière, entre outros.
Já no Brasil, os representantes importantes que contribuíram para o
desenvolvimento da Psicopedagogia, são Maria Lúcia Weiss, Aglael Borges, Nadia
Aparecida Bossa, Beatriz Judith Lima Scoz, Heloísa Maria Fortuna Padilha, entre
outros.
A psicopedagogia surgiu na fronteira entre as áreas da Educação e Saúde, sendo
assim, Bossa (2011, p. 19) a�rma que, como produção do conhecimento, a
psicopedagogia “[...] nasceu da necessidade de uma melhor compreensão do
processo de aprendizagem [...], onde a preocupação encontra-se na maneira como o
aluno lida com as facilidades e as di�culdades no aprendizado e como desenvolve o
seu conhecimento” .
Barbosa (2007, p.91, grifo do autor) explica que a psicopedagogia
[...] nasceu como uma área que possuía a missão de superar a
"compartimentalização" do aprendiz, da sua forma de lidar com as
facilidades e di�culdades para aprender e do conhecimento a ser
aprendido. No seu trajeto, no entanto, não conseguiu evitar a
contaminação pelo que já estava posto, pelas ciências que já possuíam
seu estatuto estabelecido como tal, como a medicina, por exemplo.
Como um irmão menor, chegando em uma família, a Psicopedagogia
passou a fazer suas inserções usando instrumentos construídos por
outras áreas do conhecimento, mas regidos pelo paradigma da
disjunção, aquele que deveria ser superado na história humana, no
momento de seu surgimento.
Desde seu surgimento, a psicopedagogia buscou um campo de atuação próprio,
bem como tentou construir seus instrumentos com foco no objeto de estudo.
Claro (2018) expõe que a Europa é o berço da psicopedagogia, pois lá surgiram os
primeiros centros de orientação educacional infantil, cujas equipes de atendimento
eram compostas de médicos, psicólogos, educadores e assistentes sociais.
Pöttker e Leonardo (2014, p. 87, grifo do autor) acrescentam que:
[...] os primeiros passos da Psicopedagogia foram dados nos séculos XIX
e XX na França, denominando-se “Pedagogia Curativa”, por in�uência
de Janine Mery e George Mauco. Surgiu com o intuito de curar os
problemas da educação advindos das transformações decorrentes da
Revolução Industrial e da Revolução Francesa.
Nos Estados Unidos, a preocupação com crianças que apresentam di�culdades de
aprendizagem se manifestou por volta da década de 1930, com o surgimento dos
primeiros centros de reeducação para atendimento a delinquentes juvenis. (CLARO,
2018).
Ainda os autores Pöttker e Leonardo (2014, p. 87) relatam que:
No ano de 1956, foi fundada, em Buenos Aires, a primeira faculdade de
Psicopedagogia. Por volta de 1970, foram criados, em Buenos Aires, os
Centros de Saúde Mental, onde equipes de psicopedagogos atuavam,
fazendo diagnóstico e tratamento. Isso acarretou uma mudança na
abordagem da psicopedagogia argentina, que de reeducação passou
para ter um carácter clínico.
Bossa (2011) menciona que, na Argentina, a atuação psicopedagógica é efetivada nas
áreas da Educação e da Saúde.
Na área da Educação, o psicopedagogo coopera para a diminuição do fracasso
escolar, em relação tanto ao sujeito quanto à instituição. Assim, presta assessoria aos
pais, aos professores e aos gestores educacionais e auxilia na elaboração dos planos
de recreação, propondo atividades que desenvolvam a criatividade, o juízo crítico e a
cooperação entre os alunos. Nas instituições educativas, o psicopedagogo atua
ainda com orientação vocacional.
Na área da Saúde, segundo Claro (2018, p. 62) “[...] o psicopedagogo atende em
consultórios particulares e instituições de saúde, hospitais públicos e particulares”.
Sua funçãoé reconhecer e atuar sobre as alterações da aprendizagem
sistemática e/ou assistemática. Procura-se reconhecer as alterações da
aprendizagem sistemática, utilizando-se diagnóstico na identi�cação
dos múltiplos geradores desse problema e, fundamentalmente, busca-
se descobrir como o sujeito aprende. (BOSSA, 2011, p. 42).
No Brasil, assim como na Europa e na Argentina, segundo Silva (2012) o problema de
aprendizagem foi entendido, por muito tempo, como sendo originado por fatores
orgânicos.
Silva (2012, p.22) descreve que “[...] ainda nos dias atuais, a primeira atitude dos
educadores e dos familiares de crianças com problemas de aprendizagem é recorrer
ao médico. Logo, essa �gura continua tendo uma grande importância nas decisões
das famílias”.
No Brasil, a psicopedagogia foi fortemente tomada tanto pelas experiências
argentinas como pelas francesas. Pöttker e Leonardo (2014, p. 87) retratam que “[...]
no contexto educacional que originou o surgimento da Psicopedagogia foi
semelhante ao desses países, ou seja, as situações de fracasso escolar”.
Claro (2018, p. 64) apresenta que:
[...] o aspecto que motivou o surgimento da psicopedagogia no país, tal
qual em outros lugares, foi o fracasso escolar. Nas décadas de 1970 e
1980, o índice de crianças que apresentavam di�culdades de
aprendizagem era muito alto e não havia pro�ssionais capacitados nas
escolas para atender a essa demanda, porque o pedagogo não dava
conta de resolver essa carência.
Bossa (2011) acrescenta descrevendo que neste período começa a se con�gurar uma
nova teoria sobre o entendimento do fracasso escolar. O enfoque passou, então, a
ser a visão sociopolítica, na qual o problema de aprendizagem passa a ser entendido
enquanto problema de ensino.
Sendo assim, do ponto de vista de Scoz (1991), a psicopedagogia preocupa-se com o
processo de aprendizagem com as suas di�culdades, e em uma ação pro�ssional
deve sintetizar, de forma integrada, conhecimentos de diferentes áreas do
conhecimento. Para tanto, a autora enfatiza a importância de o pro�ssional da
educação ter acesso às informações de diferentes ciências (pedagogia, psicologia,
sociologia, psicolinguística), de forma a aprofundar os conhecimentos, vinculando-
os à realidade educacional, de forma a ter uma visão global do aluno. E o maior
desa�o das escolas, na concepção da psicopedagogia, é buscar caminhos que
possibilitem ao educador rever a própria prática e descobrir alternativas possíveis
para melhorar sua ação.
Evolução da
Psicopedagogia
AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
Entre os teóricos que in�uenciam na evolução da Psicopedagogia no Brasil, além de
Jorge Visca, podemos citar Jean Piaget, Lev Vygotsky, Sigmund Freud e Pichon-
Rivière.
Neste momento caro(a) estudante será apresentado, no quadro 1, o quadro
comparativo das correntes teóricas da Psicopedagogia.
Quadro 1: Quadro Comparativo das Correntes Teóricas da Psicopedagogia.
DADOS
PESSOAIS TEORIA DESCRIÇÃO
Jorge Pedro
Luis Visca 
Buenos Aires
– Argentina 
(14 de maio
de 1935 – 23
de julho de
2000)
Epistemologia
Convergente
O processo de aprendizagem consiste
na produção e estabilização de
condutas, tanto no âmbito familiar,
escolar e social, sem perder de vista a
rede de vínculos que o sujeito pode
estabelecer nos três grandes domínios:
familiar, escolar e consigo mesmo
(VISCA, 1997).
Jean William
Fritz Piaget 
Neuchâtel –
Suíça 
(9 de agosto
de 1896 – 17
de setembro
de 1980)
Epistemologia
Genética
O sujeito constrói o conhecimento por
meio da interação de uma carga
genética com o meio em que está
inserida. O sujeito aprende com base em
sua estrutura cognitiva. As relações
entre a lógica e a aprendizagem
permitem a compreensão e o uso de
estratégias diante de objetos e novas
formas de conhecimento, mas isso tudo
depende do nível da atividade lógica de
quem aprende (PIAGET, 1977).
Sigmund
Schlomo
Freud 
Freiberg –
Áustria 
(6 de maio
de 1856 – 23
de setembro
de 1939)
Teoria
psicanalítica
freudiana
Dos conceitos na relação de aprender e
educar merecem destaque na teoria
psicanalítica freudiana: a transferência e
a sublimação. Sendo que a transferência
emerge como uma exigência intensa de
amor, de atenção e de reconhecimento.
Já a sublimação “[...] é o processo através
do qual a energia dirigida originalmente
para propósitos sexuais ou agressivos é
direcionada para outras �nalidades, em
geral para o trabalho, os esportes, lazer,
en�m situações consideradas
socialmente úteis” (FADIMAN; FRAFER,
citado por QUADROS, 2017, P. 80).
Enrique
Pichon-
Rivière 
Teoria do
Vínculo
Na teoria pichoniana, segundo Claro
(2018, p. 41), “[...] o grupo é caracterizado
como um conjunto limitado de pessoas
articuladas que, durante um período de
Antes de iniciarmos a conversa sobre os teóricos mencionados acima, vamos
conhecer um pouco o Jorge Luis Visca, nascido na cidade de Buenos Aires, na
Argentina, em 14 de maio de 1935 e faleceu em 23 de julho de 2000.
Visca foi o divulgador da Psicopedagogia no Brasil, Argentina e Portugal e, ainda foi
o criador da Epistemologia Convergente uma teoria elaborada exclusivamente para
o desenvolvimento do trabalho psicopedagógico clínico e reúne importantes
correntes teóricas e práticas de três frentes de estudo da psicologia, sendo elas:
Genebra –
Suíça 
(25 de junho
de 1907 – 16
de julho de
1977)
tempo e espaço, se propõem à
elaboração de uma tarefa”. Nesse
processo, o sujeito é concebido como
resultado de interações que se
estabelecem entre indivíduos, grupos e
classes. Essa interação dialética é
denominada por Pichon-Rivière de
vínculo.
Lev
Semyonovich
Vygotsky 
Orsha –
Bielorrússia
(17 de
novembro de
1896 – 11 de
junho de
1934)
Teoria
Sociocultural
Na teoria vygotskyana, a linguagem é
um instrumento social entre o eu e o
outro. É o ponto de partida para o
aprendizado e o desenvolvimento. A
respeito da educação, Vygotsky (2007, p.
70) elucida que “[...] não existe nada de
passivo, de inativo. Até as coisas mortas,
quando se incorporam ao círculo da
educação, quando se lhes atribui papel
educativo, adquirem caráter ativo e se
tornam participantes ativos desse
processo”. Deste modo, a aprendizagem
dos alunos é construída mediante a
relação do indivíduo com seu ambiente
sociocultural e com o suporte de outros
indivíduos mais experientes.
Fonte: Elaborado pela autora 2019.
A linha de pensamento da teoria piagetiana expõe que o desenvolvimento cognitivo
pode ocorrer em quatro estágios evolutivos e sequenciais do crescimento humano,
que iniciam no nascimento e vão até a idade adulta. Esses estágios se desenvolvem
gradualmente e variam de um sujeito para outro.
Vamos conhecer um pouco sobre os estágios da teoria piagetiana? Piaget dividiu o
desenvolvimento cognitivo nos quatro estágios principais resumidos no quadro 2.
Psicogenética (Piaget);
Psicanalítica (Freud);
Psicologia Social (Pichon-Rivière).
Quadro 2: Estágios de desenvolvimento cognitivo de Piaget
ESTÁGIOS
Sensório-
motor Pré-operatório
Operatório
concreto Operatório formal
(do
nascimento a
um ano e meio
ou dois anos)
(um ano e
meio aos sete
anos)
(dos sete aos 11
anos)
(aos 11 ou 12 anos,
aproximadamente)
A criança reage
ao mundo de
acordo com o
estágio
sensório-
motor. Suas
ações e
movimentos
são realizadas
em razão de
suas
sensações.
Pelas
sensações, a
criança
constrói a
compreensão
do mundo à
sua volta.
A criança já
apresenta
algum domínio
das formas de
representação
e começa a
desenvolver a
função
simbólica, ou
seja, passa a
substituir um
objeto ou um
evento pela
representação
dele.
A criança
desenvolve a
capacidade de
concentração,
passa a realizar
trabalhos
individuais e a
colaborar em
trabalhos em
grupo, uma
vez que são
capazes de
aceitar ideias
de outras
pessoas.
A criança
abandona o
raciocínio mais
concreto dos
estágios anteriores
e passa a re�etir e
a criar teorias
próprias sobre
tudo.
Fonte: Adaptado de Silva; Mocelin (2019, p. 38 -122).
Já a linha de pensamento freudiana estuda a respeito à sexualidade infantil. Para
Freud, as primeiras investigações realizadas pelacriança são sexuais e servem para
situá-la no mundo, colocá-la em seu lugar - o lugar sexual. Para ele, um momento
importante na vida do sujeito é o da descoberta anatômica da diferença sexual.    
Para Freud, segundo Claro (2018, p. 38, grifo do autor)
[...] a mente tem uma estrutura tripartite, que ele denomina id, ego e
superego. O id - regido pelo princípio do prazer - tem o papel de
descarregar as funções biológicas. Nesta perspectiva, busca a
satisfação imediata, não tolera a frustração e evita a dor. O ego - regido
pelo princípio da realidade - é o responsável pela estimulação que pode
vir tanto da própria mente quanto do mundo exterior. Ele exerce o
papel de controlador do comportamento do sujeito, bem como
protege-o dos perigos. Já o superego - conduzido por normas sociais e
regras - exerce um papel de vigilante das ações ou pensamentos
contrários aos princípios morais.
As fases da sexualidade humana são ligadas ao desenvolvimento do id; diferenciam-
se pelos órgãos que sentem prazer e pelos objetos ou seres que dão prazer e
manifestam-se dos primeiros meses de vida aos 5 ou 6 anos. São elas: oral, anal,
fálica, de latência e genital.
E a linha de pensamento da teoria pichoniana (teoria do vínculo) em um caráter
social na medida em que compreende que sempre há �guras internalizadas
presentes na relação, quando duas pessoas se relacionam, ou seja, uma estrutura
triangular. O vínculo é bi-corporal e tripessoal, isto é, em todo vínculo há uma
presença sensorial corpórea dos dois, mas há um personagem que está interferindo
sempre em toda relação humana, que é o terceiro. Neste sentido, vínculo é uma
estrutura psíquica complexa. (PICHON-RIVIÈRE, 1988).
REFLITA
"A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de
fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já
�zeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A
segunda meta da educação é formar mentes que estejam em
condições de criticar, veri�car e não aceitar tudo que a elas se propõe."
(Jean Piaget)
Por �m, a linha de pensamento da teoria vygotskyana, a linguagem é um
instrumento social entre o eu e o outro. É o ponto de partida para o aprendizado e o
desenvolvimento. A respeito da educação, Vygotsky (2007, p.70) elucida que “[...] não
existe nada de passivo, de inativo. Até as coisas mortas, quando se incorporam ao
círculo da educação, quando se lhes atribui papel educativo, adquirem caráter ativo
e se tornam participantes ativos desse processo”. Assim, a aprendizagem dos alunos
segue sendo construída mediante a relação do indivíduo com seu ambiente
sociocultural e com o suporte de outros indivíduos mais experientes.
O Papel da Psicopedagogia
no Contexto Atual
AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
Caro(a) graduando(a), para iniciar a nossa discussão deste tópico, precisamos re�etir
sobre a de�nição da palavra “psicopedagogia”. O Dicionário Michaelis (2019)
registra que, etimologicamente, este é um vocábulo composto do grego
psykhē+o+pedagogia “aplicação de conhecimentos da psicologia às práticas
educativas”.
O conceito remete a duas grandes áreas do conhecimento, sendo elas: psicologia e
pedagogia as quais têm como foco de estudo o sujeito. Conforme o Projeto de Lei da
Câmara nº 31, de 2010, no qual dispões sobre a regulamentação do exercício da
atividade de Psicopedagogia, deixa claro que poderão exercer a atividade os
portadores de diploma em curso de graduação em Psicopedagogia e/ou Psicologia,
Pedagogia ou Licenciatura, bem como o curso de especialização em
Psicopedagogia, com duração mínimo de 600 (seiscentas) horas. Ainda no referido
projeto em seu Art. 4º explicita quais são as atividades e atribuições do
psicopedagogo.
A Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) foi criada em 12 de novembro de
1980 e, com ela, a psicopedagogia começou a se estruturar como uma pro�ssão à
parte, agregando, além da psicologia e da pedagogia, outras áreas do
conhecimento. Para isso, era necessário que os interessados realizassem uma pós-
graduação lato sensu. Aos poucos, as ofertas dos cursos de especialização se
proliferaram em todo o território nacional, e atualmente o curso como graduação
vem ganhando forças.
De acordo com Lemos (2007, p.73),
CONECTE-SE
Caro(a) estudante, leia atentamente o Projeto de Lei nº 31, de 2010 na
íntegra.
ACESSAR
https://legis.senado.leg.br/sdleg-getter/documento?dm=4378260&ts=1559268396250&disposition=inline
[...] a psicopedagogia se ocupa do estudo do processo de
aprendizagem humana, de forma preventiva e terapêutica. Entretanto,
ainda que o enfoque da psicopedagogia seja os problemas de
aprendizagem, é necessário que se ocupe do processo de
aprendizagem como um todo, a �m de descobrir as barreiras que
impedem ou atrapalham o aprendiz de se autorizar a saber.
Segundo a ABPp (2011, s/p.), a psicopedagogia atua no campo da “[...] Educação e
Saúde que se ocupa do processo de aprendizagem considerando o sujeito, a família,
a escola, a sociedade e o contexto sócio-histórico, utilizando, procedimentos
próprios, fundamentados em diferentes referenciais teóricos”.
É importante enfatizar que se trata de uma área do conhecimento que possibilita ao
pro�ssional atuar tanto na clínica quando na instituição. Dessa forma, propõe
integrar, de forma coerente, conhecimentos e princípios de diferentes áreas das
ciências humanas.
Complementamos nossa re�exão sobre o conceito de psicopedagogia com a
explanação de Barbosa (2007, p.91), que assim a de�ne:
[...] a área do conhecimento que se propõe estudar o ser cognoscente e
seu processo de aprender, compreendendo-o como um ser constituído
de três grandes dimensões: a Racional, a Relacional e a Desiderativa e
do funcionamento decorrente das relações dessas três dimensões, que
acontecem num corpo físico e biológico, bem como num contexto
cultural próprio.
Assim, no processo de construção do conhecimento é preciso compreender que o
sujeito é dotado de razão, que expressa seus desejos, suas ânsias e suas vontades,
mas é na troca com o outro e com o meio cultural que se “faz” humano.
Segundo a autora Claro (2018, p.20) “A psicopedagogia estuda as formas como o
sujeito aprende e de que maneiras essa aprendizagem ocorre, bem como os fatores
que provocam alterações no ato de aprender, a �m de preveni-las e tratá-las”.
Nesse sentido, a psicopedagogia para Weiss (2012, p.6) “[...] busca a melhoria das
relações com a aprendizagem, assim como a melhor qualidade na construção da
própria aprendizagem de alunos e educadores”.
Logo, o foco de estudo da psicopedagogia segundo Claro (2018, p.21) é “a
aprendizagem”, no qual “[...] é um processo contínuo de construção de
conhecimentos e está presente na vida do sujeito desde a mais tenra idade”.
Para tanto, devemos falar sobre a aprendizagem, na concepção de Diaz (2011, p.83), a
aprendizagem é:
[...] um processo mediante o qual o indivíduo adquire informações,
conhecimentos, habilidades, atitudes, valores, para construir de modo
progressivo e interminável suas representações do interno (o que
pertence a ele) e do externo (o que está “fora” dele) numa constante
inter-relação biopsicossocial com seu meio e fundamentalmente,
através da ajuda proporcionada pelos outros.
Para o referido autor supracitado, no processo de aprendizagem, sempre há uma
autoconstrução de informações, de habilidades, de atitudes, a qual modi�cou o que
foi anteriormente aprendido. Dessa forma, “[...] o ato de aprender é constituído pela
integração de dados oferecidos pelo meio e de dados construídos pelo sujeito
aprendiz. Aprender signi�ca transformar. Toda aprendizagem provoca mudança no
comportamento do sujeito”. (CLARO, 2018, p. 21).
SAIBA MAIS
Caro(a) estudante como exemplo sobre a interação do interno e do
externo, segundo o autor Díaz (2011), podemos citar a criança que
aprende a ler por ter alcançado determinado nível de desenvolvimento
nervoso ou maturidade (funcionamento interno de tipo biológico),
condição que a faz sensível ao ensino da leitura. Mediado pelo adulto
(condição externa), elase apropria da leitura (aprendizagem) e, a seguir,
por meio da continuidade, esta aprendizagem in�ui nas suas causas (no
interno e no externo); deste modo, o aprendizado se converte em base
para a realizar outros aprendizados (conhecimento através da leitura), o
que lhe permite ampliar sua esfera psicológica (funcionamento
psicológico interno), assim como desenvolver funcionalmente seu
cérebro (funcionamento interno biológico); isto porque nossas
capacidades nervosas se desenvolvem na própria atividade em que
participam, o que permite transformar o meio e suas in�uências
(estimulações externas) em proveito individual (dele) e social (dos
outros).
Fonte: DÍAZ, Félix. O processo de aprendizagem e seus transtornos.
Salvador: EDUFBA,2011.
ACESSAR
https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/5190/1/O%20processo%20de%20aprendizagem-repositorio2.pdf
Com relação à ação psicopedagógica, teoricamente, ela deve ser pautada pela
prevenção do fracasso escolar e das di�culdades que envolvem tanto educandos
como educadores.
No entanto, as autoras Barone; Martins e Castanho (2011), alertam que a
psicopedagogia historicamente vem se consolidando como área interdisciplinar
voltada prioritariamente para a compreensão e a intervenção nos processos de
aprendizagem de indivíduos e grupos, nos vários contextos sociais, culturais e
institucionais em que a aprendizagem ocorre.
Assim, é importante que o fazer psicopedagógico leve em consideração
a autora do pensamento por parte do sujeito, observe a maneira como
ele constrói seu conhecimento, de que maneira ele analisa, organiza e
identi�ca as fontes de informação e, ainda, de que forma ele constitui
sua identidade como sujeito de aprendizagem. (CLARO, 2018, p.22).
Nesse sentido, caro(a) estudante o objetivo de estudo da psicopedagogia deve ser
compreendido sob dois enfoques: o preventivo e o terapêutico. O enfoque
preventivo consiste em saber como se dá o desenvolvimento cognitivo, afetivo e
social do sujeito. Já o terapêutico se concentra em identi�car, analisar e construir
procedimentos metodológicos que possibilitem diagnosticar e tratar as di�culdades
de aprendizagem.
Para tanto, status interdisciplinar da psicopedagogia exige do pro�ssional um
aprofundamento em áreas de estudo que antes pareciam distantes das explicações
que se buscavam para as di�culdades encontradas no processo de aprendizagem,
bem como demanda uma transformação que vai além da con�guração do papel
pro�ssional do psicopedagogo, atingindo níveis de sua estrutura afetiva cognitiva e
social. (OLIVEIRA, 2014).
O Psicopedagogia para poder melhor exercer o seu ofício, passou a estudar as
características da aprendizagem humana, tentando, segundo Bossa (2011) entender
as seguintes questões: como se aprende; como está aprendizagem varia
evolutivamente; como a aprendizagem está condicionada; que fatores condicionam
a aprendizagem; como se produzem as alterações na aprendizagem e por �m como
reconhecer as alterações veri�cadas na aprendizagem.
A autora Oliveira (2014, p. 12) descreve que:
O alicerce da prática psicopedagógica não é formado apenas pelo
conhecimento teórico sobre psicologia da aprendizagem, psicologia
genética, teorias da personalidade, pedagogia, fundamentos da
biologia, linguística, psicologia social, �loso�a, ciências
neurocognitivas, mas principalmente pela capacidade de articular
esses conhecimentos e manter o compromisso ético e social na prática
e na investigação cientí�ca do processo de aprendizagem.
Portanto, o psicopedagogo no contexto atual exerce função essencial neste
processo, pois cabe ao mesmo diferenciar as situações sejam elas facilitadoras ou as
que di�cultam para que as pessoas possam estar resgatando seu processo de
aprendizagem, incluindo sua história de vida, parte esta de grande importância para
o psicopedagogo, por ser algo fundamental quando este lida diretamente com a
pessoa.
Finalizamos nossa Unidade I, no primeiro momento analisamos alguns aspectos
históricos da Psicopedagogia, e que partir de 1980, a Psicopedagogia começou a se
estruturar como pro�ssão no Brasil, como área de estudo que se preocupa em
investigar a maneira como o sujeito constrói seu conhecimento. Conhecemos a
história de alguns teóricos que in�uenciaram na Psicopedagogia no Brasil como
Jorge Visca (epistemologia convergente), Jean Piaget (epistemologia genética), Lev
Vygotsky (socioconstrutivismo), Sigmund Freud (psicanálise) e Enrique Pichon-Rivière
(pedagogia social). E por �m identi�camos o  papel da Psicopedagogia no contexto
atual, em relação a sua formação e o objeto de estudo, uma vez que cabe ao
psicopedagogo diferenciar as situações que di�cultam o processo de aprendizagem
do sujeito.
Convido você estudante interessado a consultar as Referências, de modo a
aprofundar seu conhecimento sobre a temática abordada em nossa Unidade I.
Para aprofundar seus conhecimentos sobre a história da psicopedagogia,
sugiro a leitura do seguinte texto:
COSTA, A. A.; PINTO, T.M.G.; ANDRADE, M.S. de. Análise histórica do
surgimento da psicopedagogia no Brasil. Id on Line Revista
Multidisciplinar e de Psicologia, n. 20, ano 7, p.10-21, jul. 2013.
ACESSAR
Conclusão - Unidade 1
https://idonline.emnuvens.com.br/id/article/view/234/0
Livro
Filme
Web
ACESSAR
https://www.abpp.com.br/psicopedagogo.html
Unidade 2
Aspectos da Formação e
Atuação do Psicopedagogo
AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
Introdução
Caro (a) estudante.
Seja bem-vindo (a) à Unidade II da disciplina Fundamentos Epistemológicos da
Psicopedagogia.
Nesta Unidade intitulada “Aspectos da formação e atuação do psicopedagogo”,
vamos conversar sobre a formação do Psicopedagogo, bem como analisar a ética do
trabalho psicopedagógico. E ainda nesta aula, você estudante irá conhecer alguns
pontos do Psicopedagogo e os novos desa�os.
Espero que estes textos colaborem para a sua melhor compreensão sobre o tema de
nossa segunda unidade.
Boa leitura!
A Formação do
Psicopedagogo
AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
“Formação” é um vocábulo abrangente. Nesse contexto caro(a) estudante, a palavra
vai além de crescimento físico. Para tanto, vamos recorrer ao Dicionário Houaiss
(2018, s/p): vocábulo de origem latina formatione que corresponde ao “ato, efeito ou
modo de formar, constituir (algo); criação, construção, constituição”, ao “conjunto de
conhecimentos e habilidades especí�cos a um determinado campo de atividade
prática ou intelectual” e, ainda, ao “conjunto de cursos concluídos e graus obtidos
por uma pessoa”.
No Brasil, por muitos anos, a formação do psicopedagogo foi propiciada somente
por meio de cursos de pós-graduação em nível de especialização (lato sensu), os
quais foram regulamentados pela Resolução nº. 12, de 6 de outubro de 1983, do
então Conselho Federal de Educação.
Conforme dados extraídos do Cadastro Nacional de Cursos e Instituições de
Educação Superior - Cadastro e-MEC, em 2019 até o presente momento da
elaboração do material, estavam cadastrados mais de 2.800 cursos de
especialização em Psicopedagogia, ofertados nas modalidades presencial e/ou a
distância por diversas instituições públicas e privadas de norte a sul do Brasil.
(BRASIL, 2019a).
No que diz respeito ao curso de graduação, temos um total de 21 cursos, sendo 4 em
licenciatura e os demais em bacharelado, temos um total de 8 instituições ofertado
a graduação em Psicopedagogia a distância. (BRASIL, 2019a).
Sobre a formação do Psicopedagogo no Brasil segue, as determinações da atual Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) nº. 9394, de 20 de dezembro de
1996 (BRASIL, 1996), sobre a formação de pro�ssionais da educação.
Ainda no Brasil, a regulamentação da pro�ssão psicopedagogo foi aprovada pelo
Senado Federal em 05 de fevereiro de 2014, após muitas lutas, por meio do Projeto
de Lei da Câmara (PLC) nº. 31/2010. No texto, destaca-se que poderão exercer a
atividade de psicopedagogia:
graduados em psicopedagogia;
portadores de diploma em psicologia, pedagogia ou licenciatura que cursaram
especialização em psicopedagogia,com duração mínima de 600 horas e 80%
da carga horária dedicada a essa área; e
portadores de diplomas de curso superior que exercem ou já exerceram
atividades pro�ssionais de psicopedagogia, em instituição pública ou privada.
Noffs (2016, p.116) expõe que após a Lei nº. 9394/96, com a prerrogativa de que
poderia se formar pro�ssionais da Educação a nível de pós-graduação, “somada à
informação de que 80% dos alunos que cursava, a Psicopedagogia eram da
Educação”, então “a ABPp frente às demandas da sociedade foi impulsionada a
desencadear formalmente o projeto de lei n.3124/97 sobre a regulamentação do
exercício da atividade psicopedagógica”, pelo então Deputado Federal Barbosa Neto
apoiado na premissa que esta atividade viria reduzir “o fracasso escolar mediante a
revisão do Projeto Educacional Brasileiro com a inserção de um pro�ssional
denominado de psicopedagogo”.
Caro (a) estudante um questionamento recorrente quando se discute a formação do
psicopedagogo diz respeito à categorização da Psicopedagogia como pro�ssão ou
como ocupação.
Conforme a Classi�cação Brasileira de Ocupações - CBO do Ministério do Trabalho
são os códigos cadastrados de todas as pro�ssões e ocupações brasileiras. A
atividade de Psicopedagogo é uma das atividades classi�cada sob o número 2394-
25: “Programadores, Avaliadores e Orientadores de Ensino, da qual fazem parte além
do psicopedagogo os coordenadores pedagógicos, orientadores educacionais,
supervisores de ensino, pedagogos e professores de recursos audiovisuais”. (BRASIL,
2019b).
De acordo com a ABPp  a formação do pro�ssional da Psicopedagogia deve orientar-se
pelos seguintes princípios norteadores:
a. conscientização da diversidade, respeitando as diferenças de natureza cultural e
ambiental, de gêneros, de faixas geracionais, de classes sociais, de religiões, de
necessidades especiais, de orientação sexual, entre outras;
b. priorização de ações que envolvam os direitos humanos visando uma sociedade
inclusiva e equânime, com ênfase nas potencialidades do sujeito da aprendizagem;
c. valorização do pensamento re�exivo, crítico e transformador;
d. conscientização do trabalho coletivo pautado pela ética e sigilo pro�ssional;
e. respeito aos saberes especí�cos das áreas a�ns e dos pro�ssionais.
SAIBA MAIS
Caro (a) graduando (a) você sabia que o número 2394-25 é o que deve
conter no seu carimbo de psicopedagogo, pois ele é o do Ministério do
Trabalho?. Enquanto a lei 3512/10 é sancionada e os psicopedagogos
tiverem seu conselho de representação federal, a psicopedagogia não é
pro�ssão, mas sim ocupação, ou seja, a CBO apenas tem por �nalidade
a identi�cação das ocupações no mercado de trabalho, para �ns
classi�catórios juntos aos registros administrativos e domiciliares,
somente depois da criação dos conselhos federais é que teremos um
CRPp com número de registro da pro�ssão.
Ainda segundo ABPp “o Psicopedagogo é o pro�ssional habilitado para atuar com
os processos de aprendizagem junto aos indivíduos, aos grupos, às instituições e às
comunidades”.
Sendo assim, como já estamos estudando ao longo da disciplina, constatamos que a
formação do pro�ssional é multidisciplinar e, assim, se assenta sobre diversas
ciências:
Sob o ponto de vista �losó�co, seu embasamento deve lhe permitir encontrar
as ideias de homem, de sociedade e educação implícitas em cada teoria
psicopedagógica;
Sua formação sociológica deve facilitar a compreensão do tempo e do espaço
sociocultural e econômico que in�uenciam o fenômeno educacional dos
indivíduos pertencentes às classes socioeconômicas mais baixas;
O conhecimento de técnicas e métodos, relativos ao desenvolvimento das
operações lógicas do pensamento e à aquisição das habilidades básicas
psicomotoras e linguísticas é indispensável a este pro�ssional da área
psicopedagógica. Daí a importância de conhecimentos psicolinguísticos,
neurológicos e outros. Deve-se, contudo, frisar que a integração destes
conhecimentos não lhe é dada a priori, mas gração destes conhecimentos não
lhe é dada a priori, mas sim construída através de sua sensibilidade e
experiência. (PORTAL EDUCACIONAL, 2019).
Assim, independentemente de a formação do psicopedagogo ocorrer na pós-
graduação ou na graduação, o pro�ssional precisa articular a teoria com a prática,
bem como sua formação propicie ao futuro pro�ssional subsídios que lhe
possibilitem entender como se desenvolve o processo de aprendizagem em sua
totalidade.
SAIBA MAIS
No dia 14 de Fevereiro de 2014 a psicopedagogia sofreu um “grande
golpe”, segundo o Sindicato dos Psicopedagogos no Brasil. O projeto de
lei 3512/10 que propõe a regulamentação da psicopedagogia como
pro�ssão foi aprovada no Senado Federal mas antes de ser enviado
para a presidência da república sofreu vários golpes de mudanças com
emendas que sugerem a retirada de quatro artigos importantes para os
psicopedagogos brasileiro, sendo eles “o direito de realizar diagnóstico
psicopedagógico e a retirada da criação do conselho federal de
psicopedagogia (órgão �scalizador da pro�ssão)”. ATENÇÃO! sindicato
dos psicopedagogos do Brasil é independente, livre onde a única regra
para participação é SER PSICOPEDAGOGO(A).
ACESSAR
http://www.sindpsicoppbr.com.br/p/quem-somos.html
Ética do Trabalho
Psicopedagógico
AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
A palavra ética, etimologicamente, é derivada do grego ethike e pode ser entendida
como o “conjunto de princípios, valores e normas morais e de conduta de um
indivíduo ou de um grupo social ou de uma sociedade” (MICHAELIS, 2019).
A Ética é a parte da �loso�a que busca re�etir sobre o comportamento humano,
tendo como objeto de estudo “o bem e o mal”; “o certo e o errado”.
Segundo Cortella (2010, p. 106), “A ética é o conjunto de princípios e valores da nossa
conduta na vida junta. Portanto, ética é o que faz a fronteira entre o que a natureza
manda e o que nós decidimos. A ética é aquilo que orienta a sua capacidade de
decidir, julgar, avaliar”. Considera-se, então, que ética é um conjunto de princípios
que conduzem e orientam o homem à ação moralmente correta.
Como disciplina teórica, Claro (2018) descreve que
[...] a ética tem por intuito investigar o comportamento do sujeito e
suas relações consigo e com o outro com base nos seguintes princípios:
justiça, moral, dever, liberdade, responsabilidade, virtude e valor, ou
seja, entende-se que, por meio da ética, o ser humano procura
maneiras mais apropriadas de agir, de viver e de conviver.
As pro�ssões também são regidas por normas e regras especí�cas. Há, por exemplo,
a ética médica, a ética jurídica, a ética do psicopedagogo. Assim, a ética pro�ssional
“abrange todos os setores pro�ssionais da sociedade” e tem como objetivo
“interrogar mais amplamente o papel social da pro�ssão, sua responsabilidade, sua
função, e sua atitude frente a riscos e ao meio” (MICHAELIS, 2019).
Sá (2013) destaca que ter ética pro�ssional e cumprir com todas as atividades e
obrigações estabelecidas à pro�ssão são princípios indispensáveis para manter uma
sociedade organizada, ou seja, é necessário que cada sujeito cumpra com seu papel
na sociedade.
Agora que já sabemos um pouco mais sobre o que é código de ética pro�ssional,
vamos conhecer um pouco mais sobre o código de ética do pro�ssional de
psicopedagogia.
No que diz respeito ao psicopedagogo, sua ética é baseada em um conjunto de
regras de conduta moral e deontológica que norteiam os pro�ssionais da área
psicopedagógica e estão descritas no Código de Ética do Psicopedagogo, aprovado
pela Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) em 1996, sendo reformulado e
aprovado em assembleia geral em 5 de novembro de 2011.
Segundo ABPp o código de ética tem o propósito de estabelecer e orientar
parâmetros que norteiam a pro�ssão. Dessa forma, busca manter a boa conduta do
pro�ssional, estabelecendo diretrizes para o exercício da função. Atualmente, com a
evolução que vem ocorrendo em meio à sociedade, o código de ética também
passou por mudanças.
Agora que já sabemos um pouco mais sobre o que écódigo de ética pro�ssional,
vamos conhecer um pouco mais sobre o código de ética do pro�ssional de
psicopedagogia.
No que diz respeito ao psicopedagogo, sua ética é baseada em um conjunto de
regras de conduta moral e deontológica que norteiam os pro�ssionais da área
psicopedagógica e estão descritas no Código de Ética do Psicopedagogo, aprovado
pela Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) em 1996, sendo reformulado e
aprovado em assembleia geral em 5 de novembro de 2011.
Segundo ABPp o código de ética tem o propósito de estabelecer e orientar
parâmetros que norteiam a pro�ssão. Dessa forma, busca manter a boa conduta do
pro�ssional, estabelecendo diretrizes para o exercício da função. Atualmente, com a
evolução que vem ocorrendo em meio à sociedade, o código de ética também
passou por mudanças.
SAIBA MAIS
Leia o artigo “Ética pro�ssional e empresarial” (REIS et al, 2017) para
compreender e conhecer as diferenças existentes entre ética
empresarial e ética pro�ssional. O artigo destaca as virtudes necessárias
ao pro�ssional para o exercício ético e consciente da pro�ssão.
ACESSAR
https://bit.ly/2mIC4Xw
Código de Ética do Psicopedagogo regulamenta as seguintes situações:
Princípios da psicopedagogia;
Formação do psicopedagogo;
Exercício das atividades psicopedagógicas;
Responsabilidades;
Instrumentos;
Publicações cientí�cas;
Publicidade pro�ssional;
Honrários; e
Disposições gerais.
No artigo 16º, indica que cabe ao psicopedagogo cumprir o código, pois conforme
consta no mesmo artigo, em seu parágrafo único:
Parágrafo único - Constitui infração ética: 
a) utilizar títulos acadêmicos e/ou de especialista que não possua; 
b) permitir que pessoas não habilitadas realizem práticas
psicopedagógicas; 
c) fazer falsas declarações sobre quaisquer situações da prática
psicopedagógica; 
d) encaminhar ou desviar, por qualquer meio, cliente para si; 
e) receber ou exigir remuneração, comissão ou vantagem por serviços
psicopedagógicos que não tenha efetivamente realizado; 
f) assinar qualquer procedimento psicopedagógico realizado por
terceiros, ou solicitar que outros pro�ssionais assinem seus
procedimentos.
Logo, no exercício da pro�ssão, o psicopedagogo, investido de adequada formação,
não pode cobrar honorários de serviços não realizados nem assinar procedimentos
psicopedagógicos que não tenha pessoalmente executado.
O psicopedagogo não pode perder de vista que o objetivo de seu trabalho é a
aprendizagem em todas as suas nuances.
O Código de Ética do Psicopedagogo, no Capítulo I, composto de quatro artigos, dispõe
sobre os princípios que regem a pro�ssão. Averiguemos, cada um deles:
Artigo 1º 
A Psicopedagogia é um campo de atuação em Educação e Saúde que se
ocupa do processo de aprendizagem considerando o sujeito, a família, a
escola, a sociedade e o contexto sócio-histórico, utilizando procedimentos
próprios, fundamentados em diferentes referenciais teóricos. 
Parágrafo 1º 
A intervenção psicopedagógica é sempre da ordem do conhecimento,
relacionada com a aprendizagem, considerando o caráter indissociável
entre os processos de aprendizagem e as suas di�culdades. 
Parágrafo 2º 
A intervenção psicopedagógica na Educação e na Saúde se dá em
diferentes âmbitos da aprendizagem, considerando o caráter indissociável
entre o institucional e o clínico. 
Artigo 2º 
A Psicopedagogia é de natureza inter e transdisciplinar, utiliza métodos,
instrumentos e recursos próprios para compreensão do processo de
aprendizagem, cabíveis na intervenção.
Desta forma, o psicopedagogo pode atuar tanto na área da saúde quanto na área da
educação, desde que em ambas o objeto de estudo seja a aprendizagem e os fatores
que interferem nesse processo.
O artigo 3ª do Código de Ética do Psicopedagogo estabelece os objetivos do trabalho do
psicopedagogo:
a. promover a aprendizagem, contribuindo para os processos de inclusão escolar e
social;
b. compreender e propor ações frente às di�culdades de aprendizagem;
c. realizar pesquisas cientí�cas no campo da Psicopedagogia;
d. mediar con�itos relacionados aos processos de aprendizagem.
Como é possível perceber caro(a) estudante, a aprendizagem é o objeto de estudo da
psicopedagogia, no qual é um fator a ser considerado nas atividades psicopedagógicas,
no que se refere à proposição de ações e à mediação de con�itos correlacionados. Um
objetivo que também merece atenção concerne ao fato de o psicopedagogo também
atuar como pesquisador.
O artigo 4º do Código de Ética do Psicopedagogo ressalta o envolvimento do
psicopedagogo, juntamente com outros pro�ssionais, em projetos nas áreas da
educação e saúde: “O psicopedagogo deve, com autoridades competentes, re�etir e
elaborar a organização, a implantação e a execução de projetos de Educação e
Saúde no que concerne às questões psicopedagógicas”.
O Capítulo II do Código de Ética do Psicopedagogo diz respeito à formação
pro�ssional, que deve ocorrer “em curso de graduação e/ou em curso de pós-
graduação – especialização “lato sensu” em Psicopedagogia, ministrados em
estabelecimentos de ensino devidamente reconhecidos e autorizados por órgãos
competentes, de acordo com a legislação em vigor”.
Assim, somente podem exercer a pro�ssão de psicopedagogo os pro�ssionais com
graduação na área ou portadores de certi�cados de pós-graduação expedidos por
instituições reconhecidas pelo Ministério da Educação.
O Capítulo IV do Código de Ética do Psicopedagogo, em seu artigo 11º, estabelece as
responsabilidades a serem assumidas pelo pro�ssional da psicopedagogia:
Artigo 11º 
São deveres do psicopedagogo: 
a) manter-se atualizado quanto aos conhecimentos cientí�cos e
técnicos que tratem da aprendizagem humana; 
b) desenvolver e manter relações pro�ssionais pautadas pelo respeito,
pela atitude crítica e pela cooperação com outros pro�ssionais; 
c) assumir as responsabilidades para as quais esteja preparado e nos
parâmetros da competência psicopedagógica; 
d) colaborar com o progresso da Psicopedagogia; 
e) responsabilizar-se pelas intervenções feitas, fornecer de�nição clara
do seu parecer ao cliente e/ou aos seus responsáveis por meio de
documento pertinente; 
f) preservar a identidade do cliente nos relatos e discussões feitos a
título de exemplos e estudos de casos; 
g) manter o respeito e a dignidade na relação pro�ssional para a
harmonia da classe e a manutenção do conceito público.
São várias as responsabilidades atribuídas ao psicopedagogo, no qual envolvem
formação continuada, relações interpessoais, ética com o paciente, necessidade de
só prestar atendimento quando se sentir apto, de zelar pelo nome da pro�ssão,
entre outros.
O Capítulo III do Código de Ética do Psicopedagogo, em seu artigo 6º ao 10º, cuida
do exercício das atividade do psicopedagogo:
Artigo 6º 
Estarão em condições de exercício da Psicopedagogia os pro�ssionais
graduados e/ou pós-graduados em Psicopedagogia – especialização
“lato sensu” - e os pro�ssionais com direitos adquiridos anteriormente à
exigência de titulação acadêmica e reconhecidos pela ABPp. É
indispensável ao psicopedagogo submeter-se à supervisão
psicopedagógica e recomendável processo terapêutico pessoal. 
Parágrafo 1º 
O psicopedagogo, ao promover publicamente a divulgação de seus
serviços, deverá fazê-lo de acordo com as normas do Estatuto da ABPp
e os princípios deste Código de Ética. 
Parágrafo 2º 
Os honorários deverão ser tratados previamente entre o cliente ou seus
responsáveis legais e o pro�ssional, a �m de que: 
a) representem justa contribuição pelos serviços prestados,
considerando condições socioeconômicas da região, natureza da
assistência prestada e tempo despendido; 
b) assegurem a qualidade dos serviços prestados.
Esse artigo, mais uma vez, rea�rma que, para exercer a pro�ssão de psicopedagogo,
é necessário ser graduado na área ou ter curso de pós-graduação (lato sensu) em
cursos reconhecidos pelo Ministério da Educação. E recomenda-se ainda que o
psicopedagogo faça terapia. Determina também que a divulgação dos trabalhos
deve ser elaborada conformeas normas difundidas pela ABPp, assim como os
honorários devem ser combinados previamente a �m de que ninguém se sinta
lesado.
Um dos pontos de�nidos no Código de Ética diz respeito ao sigilo pro�ssional, ou
seja, o pro�ssional não deve revelar fatos que comprometam a intimidade dos
sujeitos. Entretanto, ressalta em seu artigo 7º que o psicopedagogo está imposto a
respeitar o sigilo pro�ssional,   “protegendo a con�dencialidade dos dados obtidos
em decorrência do exercício de sua atividade e não revelando fatos que possam
comprometer a intimidade das pessoas, grupos e instituições sob seu atendimento”.
Dessa forma, destaca-se a importância de conhecer o código de ética, e suas
regulamentações, pois elas apresentam com propósito os parâmetros que os
pro�ssionais devem seguir. Vale lembrar que existem vários códigos de ética em
meio a tantas pro�ssões e todos possuem o mesmo propósito, o de conduzirem
uma boa conduta do pro�ssional e do cidadão.
REFLITA
Ser ético é se manter dentro das normas e regras que fundamentam
sua pro�ssão dentro e fora do ambiente de trabalho, por isso �que
atento nas mudanças que ocorrem nas normativas do código de ética
de sua pro�ssão, para que não ocorra infrações.
Psicopedagogo e os Novos
Desa�os
AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
Neste último tópico caro (a) estudante vamos estudar alguns pontos sobre o
“psicopedagogo e os novos desa�os” que precisamos conhecer para �nalizar esta
Unidade com sucesso.
Primeiramente vamos conhecer sobre o per�l pro�ssional do psicopedagogo.
Dando início com a seguinte pergunta: Você já pensou como é caracterizado esse
pro�ssional?
Historicamente demarcado pelos estudos médicos e pedagógicos (BASTOS, 2015), os
problemas de aprendizagem, atualmente, são observados pela ótica da
psicopedagogia e constitui-se de estruturas interdisciplinares contribuídas de outros
campos do conhecimento.
Quando se trata do per�l pro�ssional que corresponde ao conjunto de habilidades e
características que o pro�ssional deve possuir para desempenhar sua pro�ssão, o
psicopedagogo é o pro�ssional que se preocupa com os processos de
aprendizagem nos múltiplos espaços educativos.
O psicopedagogo faz parte do grupo de pro�ssionais que estão habilitados para o
trabalho no processo de ensino e aprendizagem, no espaço escolar ou não, cujo foco
corresponde a investigar os problemas de aprendizagem e assegurar a qualidade de
educação e da aprendizagem humana.
Sendo assim, a seguinte pergunta é: Você sabe a função do psicopedagogo? O
pro�ssional psicopedagogo é indicado para assessorar e esclarecer a escola a
respeito de diversos aspectos do processo de ensino e aprendizagem e tem atuação
preventiva e terapêutica/clínica. Vários autores consideram não existir distinção
espacial para a ocorrência de ambas, pois há momentos em que se utilizam, no
mesmo espaço, tanto uma ação preventiva quanto uma ação terapêutica. (BOSSA,
2011; BASTOS, 2015).
Para tanto, o trabalho do psicopedagogo se caracteriza como prática clínica e
prática institucional. Enquanto prática clínica, pode ser entendida como uma
atuação pautada na investigação de problemas de aprendizagem e entraves no
processo de ensino- aprendizagem de modo terapêutico. Já como prática
institucional, cria mecanismos para facilitar a construção da aprendizagem evitando
entraves no ato de aprender junto a instituições diversas, como escolas, empresas,
ONGs, serviços públicos, entre outros. (BOSSA, 2011).
No processo de trabalho do psicopedagogo, ele deverá desenvolver atividades
relacionadas ao estudo da aprendizagem humana, re�etindo como os indivíduos
aprendem, quais fatores podem condicionar a sua aprendizagem, reconhecendo
esse processo e buscando meios para prevenção e tratamento. Ou seja, seu foco
está nas di�culdades de aprendizagem, e para o alcance dos objetivos, é necessário
se envolver com a concepção de aprendizagem de modo amplo.
Sendo assim, sua função e contribuição está estritamente ligada a auxiliar o sujeito
no desenvolvimento de uma aprendizagem �uída e signi�cativa, despertando o
desejo de aprender e realçando as potencialidades do sujeito, utilizando as mais
diversas técnicas, estratégias e metodologias educativas em uma relação integrativa
entre a comunidade, família e instituição escolar ou acadêmica.
ATENÇÃO! O psicopedagogo é o pro�ssional que se ocupa de compreender as
pessoas em situação de aprendizagem e intervém para favorecê-la, a �m de que ela
ocorra da melhor maneira possível. Ele prevê problemas e aperfeiçoa as capacidades
de cada pessoa em particular, propiciando o seu acesso ao conhecimento.
Na escola, o psicopedagogo poderá contribuir no esclarecimento de di�culdades de
aprendizagem, não se remete apenas a de�ciência do aluno, mas sim em relação a
problemas escolares, tais como: método de ensino; relação professor e aluno; dentre
outros.
Frente ao cenário do século XXI, a autora Masini (2006, p. 257) informa que é
indispensável a Psicopedagogia caracterizar-se como a área que:
• Estuda as relações envolvidas em situações do aprender, para nelas
resgatar o que emerge da vida de crianças, jovens e adultos - de suas
impressões, sentimentos, dúvidas valores, elaborações; 
• Cuida para não perder o que sucede, ao buscar os signi�cados de
situações do aprender para os que dela participam e assim contribuir
para que cada um amplie e aprofunde seus próprios signi�cados; 
• Esforça se para não enfeitar nem mascarar os encontros e
desencontros do sujeito consigo mesmo, com o outro e com o próprio
contexto social, dissimulando fealdades e tornando inexpressivas as
situações.
Um dos desa�os do psicopedagogo segundo as autoras Tostes; Bellan; Gurnhak;
Silva (2016) estão na análise e no entendimento das necessidades individuais de
cada aprendiz e suas possíveis di�culdades de desenvolvimento intelectual.
Outro desa�o que as autoras Tostes; Bellan; Gurnhak; Silva (2016) é da pro�ssão que
ainda não é obrigatória nas escolas, já é um desa�o. E quando o psicopedagogo
consegue trabalhar em uma escola, deste momento começam os desa�os e
processos escolares.
O trabalho psicopedagógico segundo Scoz (2011, p. 150),
[...] pode contribuir muito, auxiliando os educadores a aprofundarem
seus conhecimentos sobre as teorias de ensino/aprendizagem e as
recentes contribuições de diversas áreas do conhecimento,
rede�nindo-as e sintetizando-as numa ação educativa. Este trabalho
levaria o educador a olhar-se como “aprendente” e como “ensinante”,
conectando-o com as próprias inseguranças, com as angústias de
conhecer e desconhecer, fazendo-o redimensionar seus modelos de
aprendizagem e o seu vínculo com os alunos. (grifo do autor)
Assim, para que ocorra aprendizagem no contexto educacional é necessário que se
tenha ensino de qualidade, onde os recursos, abordagens e técnicas são primordiais
e indispensáveis para a garantia de um ensino de excelência, a autora Scoz (2011, p.
152) acrescenta informando que, a “[...] psicopedagogia pode transformar-se numa
área capaz de oferecer contribuições afetivas para entender os problemas
educacionais”, auxiliando as instituições de ensino nos trabalhos realizados.
Agora caro (a) estudante que já conhecemos sobre o per�l pro�ssional do
psicopedagogo e as suas principais funções, seguiremos estudando sobre as
habilidades e competências. Sabemos que o mercado de trabalho necessita de um
conjunto de conhecimentos e aptidões de cada área pro�ssional para
desenvolvimento produtivo. Nesse sentido, a terceira pergunta é: Quais são as
habilidades e competências requeridas do psicopedagogo? Avaliemos o quadro a
seguir.
SAIBA MAIS
Caro (a) estudante, embora o psicopedagogo possua atividades e
funções especí�cas, esse pro�ssional não atua de modo isolado. A
complexidade do ser exige uma visão multipro�ssional para
investigação, pesquisa e tratamento das di�culdades de aprendizagem
(psicopedagogo, neurologista, psicólogo, pedagogo, psicomotricista
etc.). (BOSSA, 2011; BASTOS, 2015).
Nesse contexto, Santos (2012, p. 2) apresenta sobre o psicopedagogo nãobasta ter o
conhecimento e o domínio teórico, “[...] já que seu exercício é metateórico e supõe,
por parte do pro�ssional, uma percepção re�nadamente seletiva e crítica. Mais
ainda, a capacidade de juntar e processar saberes, na medida de cada caso, para dar
conta de cada um. [...]”. A partir das considerações do autor, entendemos que o
trabalho do psicopedagogo necessita, além das habilidades e competências, um
sentimento transformador e o desejo de uma intervenção social.  
Estudiosos consideram que o trabalho psicopedagógico está pautado na
identi�cação da natureza da causa que interfere na forma de atuação do
psicopedagogo. Segundo a re�exão de Bossa (2011), a partir das autoras Fernandéz e
Paín, quando o problema provém de causas externas, o trabalho é preventivo,
enquanto na intervenção em problemas cujas causas estão ligadas à estrutura
individual e familiar do sujeito, o trabalho é terapêutico.                              
Sendo assim, a Psicopedagogia caracteriza-se pela intencionalidade do trabalho do
psicopedagogo em espaços estruturais de um mesmo mecanismo de ordem,
função ou objetivo social, pautado nas concepções de valores, regras, �loso�a,
ideologia e cultura, tais como: empresas, hospitais, ONGs, escolas e indústrias.
Quadro - Habilidades e Competências do Psicopedagogo
a) planejar, intervir e avaliar o processo de aprendizagem, nos variados
contextos, mediante a utilização de instrumentos e técnicas próprios da
Psicopedagogia;
b) utilizar métodos, técnicas e instrumentos que tenham por �nalidade a
pesquisa e a produção de conhecimento na área;
c) participar na formulação e na implantação de políticas públicas e privadas
em educação e saúde relacionadas à aprendizagem e à inclusão social;
d) articular a ação psicopedagógica com pro�ssionais de áreas a�ns, para
atuar em diferentes ambientes de aprendizagem;
e) realizar consultoria e assessoria psicopedagógicas;
f) exercer orientação, coordenação, docência e supervisão em cursos de
Psicopedagogia;
g) atuar na coordenação e gestão de serviços de Psicopedagogia em
estabelecimentos públicos e privados.
Fonte: Adaptado ABPp, 2019.
Nesse sentido, seu trabalho com a aprendizagem e seus problemas também estão
relacionados à concepção de grupo, à formação da personalidade e/ou da família, às
estruturas de ensino, às expectativas de vida, às experiências vividas e demais
aspectos que completam, constituem e formam a estrutura social e psíquica do Ser.
Na concepção de Fogali (1988, citada por  BOSSA, 2011, p. 87) a psicopedagogia pode
contribuir trabalhando vários aspectos, na natureza da instituição, sendo eles:            
 
• Psicopedagogia familiar, ampliando a percepção sobre os processos
de aprendizagem de seus �lhos, resgatando a família no papel
educacional, complementar à escola, diferenciando as múltiplas formas
de aprender, respeitando as diferenças dos �lhos. 
• Psicopedagogia empresarial, ampliando formas de treinamento,
resgatando a visão do todo, as múltiplas inteligências, trabalhando a
criatividade e os diferentes caminhos para buscar saídas,
desenvolvendo o imaginário, a função humanística e dos sentimentos
na empresa, ao construir projetos e dialogar sobre eles. 
• Psicopedagogia hospitalar, possibilitando a aprendizagem, o lúdico e
as o�cinas psicopedagógicas com os internos. 
• Psicopedagogia escolar, priorizando diferentes projetos. 
• Diagnóstico da escola. 
• Busca da identidade da escola. 
• De�nições de papéis na dinâmica relacional em busca de funções e
identidades, diante do aprender. 
• Instrumentalização de professores, coordenadores, orientadores e
diretores sobre práticas e re�exões diante de novas formas de
aprender. 
• Reprogramação curricular, implantação de programas e sistemas
avaliativos. 
• O�cinas para vivência de novas formas de aprender. 
• Análise de conteúdo e reconstrução conceitual. 
• Releitura, ressigni�cando sistemas de recuperação e reintegração do
aluno no processo. 
• O papel da escola no diálogo com a família.
Caro (a) estudante aprendemos que o psicopedagogo é o pro�ssional habilitado
para proporcionar ações relacionadas ao desenvolvimento da aprendizagem
humana, e que sua atuação pode ser de modo institucional ou clínico.
Sendo assim, a Psicopedagogia no espaço clínico trata de compreender o motivo da
não aprendizagem do sujeito sobre determinado aspecto, assim como investigar
ações para que ele possa reconhecer-se como sujeito ativo da aprendizagem e ser
capaz de desenvolvê-la. (BASTOS, 2015).
Na concepção de Bastos (2015, p. 31) na clínica psicopedagógica “cada paciente é
singular, possui um estilo próprio de aprender ou de não aprender”, estabelecendo
“transferência com o psicopedagogo que necessita se tornar uma referência
imprescindível para despertar seu desejo de aprender”. Assim, quando o
atendimento clínico é demandado, faz-se necessário que o psicopedagogo tenha
um olhar e uma escuta sensível para esse contexto de diagnóstico, auxílio,
acompanhamento e ações, que envolverá os pais, os responsáveis, o próprio sujeito e
a instituição de ensino.
Exemplo
Mariana é pedagoga, professora, acaba de concluir a sua graduação em
Psicopedagogia e foi convidada para um trabalho voluntário como
psicopedagoga em uma instituição que acolhe idosos. Implicada e
dedicada, logo após a semana de ambientação e conhecimento do
espaço e seus sujeitos, traçou, inicialmente, um plano de trabalho, a
saber: criar projetos para conhecer o processo de aprendizagem dos
idosos e sua perspectiva existencial, realizar dinâmicas de convivência,
propiciar atividades que desenvolvam o raciocínio, a associação e
comunicação, atuar com ludicidade e jogos aplicados à adultos,
promover a criatividade e a apreciação da expressão artística e
potencializar o diálogo e a troca de saberes experienciais. Vale destacar
que Mariana atuará em uma equipe multipro�ssional, construindo e
contribuindo com saberes psicopedagógicos junto à gerontologia.
Finalizamos nossa Unidade II conversando sobre a formação do Psicopedagogo,
independentemente de ser em pós-graduação ou em graduação sua formação
propiciará ao futuro pro�ssional subsídios que lhe possibilitem entender como se
desenvolve o processo de aprendizagem e suas di�culdades. Ainda, foi possível
analisar sobre a importância do código de ética, não somente na pro�ssão do
psicopedagogo, mas em todas as áreas de atuação. E por �m, caro (a) estudante
conhecemos alguns pontos do Psicopedagogo em relação ao novos desa�os.
Espera-se que este tópico tenha contribuído para sua formação pessoal e pro�ssional.
Conclusão - Unidade 2
FICA A DICA
Livro
Docência: uma construção ético-pro�ssional
Sugiro a leitura do livro intitulado “Docência: uma
construção ético-pro�ssional” dos autores Ilma
Passos Alencastro Veiga; José Carlos Souza Araújo e
Célia Kapuziniak, ano de 2015. O livro irá abordar o que
é ética docente? A construção de um projeto ético-
pro�ssional tende a ser instrumento de melhoria da
prática pro�ssional ou pode ser um veículo de
controle burocrático? O que signi�ca constituir um
código de ética docente que oriente a prática
pro�ssional vinculada à educação? O movimento de
construção ético-pro�ssional da docência é um
processo complexo de mudança social no qual estão
envolvidos diversos atores, entidades e organizações
que defendem visões muitas vezes antagônicas. Tal
discussão, carregada de equívocos que precisam ser
esclarecidos, surge em um momento de desprestígio
social da pro�ssão. O desa�o atual dos professores
reside na construção de um projeto ético-pro�ssional
da docência – com ou sem conselho ou ordem
pro�ssional. Para isso, fazem-se necessários, por um
lado, o compromisso com princípios que lhe são
inerentes e, por outro, o exercício da autonomia tanto
no plano dos direitos como no dos deveres. - Papirus
Editora.
Livro
Web
https://www.youtube.com/watch?v=U-IimAg86UU
Unidade 3
Objeto de Estudo da
Psicopedagogia
AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
Introdução
Caro (a) estudante.
Seja bem-vindo (a) à Unidade IIIda disciplina Fundamentos Epistemológicos da
Psicopedagogia.
Nesta Unidade “Objeto de estudo da Psicopedagogia”, você estudante terá a
possibilidade de estudar sobre a de�nição do conceito de di�culdade de
aprendizagem, bem como também algumas nomenclaturas que estudiosos
nomeiam, como: distúrbio, transtorno, problema de aprendizagem, ou ainda
fracasso escolar. Ainda nesta aula irá conhecer o que é, dislexia, disgra�a,
disortogra�a e discalculia, bem como o transtorno de dé�cit de
atenção/hiperatividade (TDAH) e transtorno do espectro do autismo (TEA).
A compreensão desta Unidade I contribuirá para a sua formação neste curso
superior.
Boa leitura e bons estudos!
Di�culdade de
Aprendizagem X Distúrbio
de Aprendizagem X
Transtorno de
Aprendizagem X Problema
de Aprendizagem
AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
Caro (a) estudante o que são di�culdades de aprendizagem? Neste ponto, é
necessário de�nir o conceito de di�culdade de aprendizagem, também
denominado por alguns estudiosos como: distúrbio, transtorno, problema de
aprendizagem, ou ainda fracasso escolar.
Mas será que todos esses termos são adequados? O que signi�ca cada um deles?
Há diferenças entre essas expressões ou são sinônimas?
Segundo o documento Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da
Educação Inclusiva, Portaria nº. 948/2007, entregue ao Ministro da Educação em
janeiro/2008, a terminologia adotada deve ser Transtornos Funcionais Especí�cos.
(BRASIL, 2008). Dentre os transtornos funcionais especí�cos estão: dislexia,
disortogra�a, disgra�a, discalculia, transtorno de atenção e hiperatividade, entre
outros.
O transtorno especí�co da aprendizagem, segundo o Manual diagnóstico e
estatístico de transtornos mentais  - DSM-V (2014) é diagnosticado diante de dé�cits
especí�cos na capacidade individual para perceber ou processar informações com
e�ciência e precisão. Esse transtorno do neurodesenvolvimento manifesta-se,
inicialmente, durante os anos de escolaridade formal, caracterizando-se por
di�culdades persistentes e prejudiciais nas habilidades básicas acadêmicas de
leitura, escrita e/ou matemática.
Para Smith e Strick (2012, p. 15) o termo di�culdades de aprendizagem “[...] refere-se
não a um único distúrbio, mas a uma ampla gama de problemas que podem afetar
qualquer área do desempenho acadêmico”. Ainda as autoras expõem que as
crianças com di�culdades de aprendizagem não conseguem se adaptar à rigidez na
sala de aula. “Para progredirem, tais estudantes devem ser encorajados a trabalhar à
sua própria maneira. Se forem colocados com um professor in�exível em relação a
tarefas e testes, ou que use materiais e métodos inapropriados às suas necessidades,
eles serão reprovados”. (SMITH; STRICK, 2012, p.36)
Olivier (2011) relata que as di�culdades, os problemas e os distúrbios, podem ocorrer
basicamente de três formas, con�ra o quadro abaixo:
CAUDAS
PSICOLÓGICAS
CAUSAS
ORGÂNICAS CAUSAS DO SISTEMA
Traumas,
problemas
familiares,
problemas
�nanceiros, entre
outros.
Desnutrição, anemia
ou distúrbios como
dislexia, disgra�a,
entre outros.
Inadequação dos métodos
aplicados em aprendizagem,
despreparo dos professores,
entre outros.
Fonte: Adaptado de Oliver (2011, p. 37-38).
O termo “distúrbio” pode ser substituído pelo vocábulo “transtorno”, por ser de
ordem biológica. Na Classi�cação de Transtornos Mentais e de Comportamento (CID
- 10), Distúrbio de Aprendizagem é tido como comprometimento ou atraso no
desenvolvimento de funções ligadas à maturação biológica da parte central do
sistema nervoso, e que se inicia ainda na infância. (OMS, 1993).
Distúrbio de Aprendizado (DA),  segundo os autores Neves e Batigália (2011) tem sido
considerado problema especí�co da leitura, escrita e de raciocínio matemático,
identi�cado em geral nos primeiros anos escolares. “Persiste durante toda a vida,
uma vez que é incurável, embora possa ser atenuado, a depender do tipo de
transtorno”. (NEVES; BATIGÁLIA, 2011, p. 78). Associa-se a atraso no desenvolvimento
da fala e da linguagem, a confusões têmporo-espaciais, de esquema corporal e de
lateralidade ou a alterações do funcionamento cerebral normal.
Di�culdade de Aprendizagem (DE), segundo os autores Neves e Batigália (2011, p.78)
“consiste em conjunto de fatores de ordem pedagógica, sócio-cultural, psicológica e
econômica que proporcionam impedimento em aprender. Possui, assim, origem
extrínseca, ou seja, depende do meio ambiente para se desenvolver
nosologicamente”.
Problema de Aprendizagem, segundo a autora Paín (1989, p. 28), considera-se como
um sintoma, no sentido de que não-aprender não con�gura um quadro
permanente, “mais ingressa numa constelação peculiar de comportamentos, nos
quais se destaca como sinal descompensação”.
As autoras José e Coelho (2009) corroboram com Paín (1989) sobre o problema de
aprendizagem acrescentando que �ca difícil para o professor de sala diferenciar um
problema de aprendizagem de um distúrbio, �cando para um especialista na área
de diferenciar uma da outra.
Segundo Cohen (2004, p. 264), o fracasso escolar, como sintoma da
contemporaneidade pode caracterizar-se como
[...] algo que não funciona, que impede a aprendizagem, que se
mantém e se repete como sintoma, pode ser fruto de um mau
encontro, um encontro traumático com as demandas irrespondíveis da
educação, encarnadas por seus representantes, chamados de os
“Outros”: família, escola e Estado.
Caro (a) estudante, como vimos existem algumas nomenclaturas para nomear as
di�culdades de aprendizagem, mas o mais importante não são os nomes dados ao
problema, e sim a necessidade de se investigar clinicamente as causas: é necessário
realizar um diagnóstico multidisciplinar com pro�ssionais como psicopedagogos,
psicólogos, neurologistas, fonoaudiólogos, entre outros.
Devemos lidar com a situação de forma responsável e assertiva, pois as di�culdades
de aprendizagem podem, muitas vezes, não estar relacionadas com fatores
patológicos, neurológicos, psicológicos, neurolinguísticos ou psicopedagógicos, mas
sim com outras questões: familiares, culturais e econômicas.
Dislexia
AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
Caro(a) estudante vamos iniciar este tópico analisando a origem da palavra
DISLEXIA. A origem do grego dis - di�culdade e lexia - linguagem, entende-se que a
dislexia seja uma di�culdade na aquisição de linguagem.
Levando-se em conta que léxico signi�ca, entre outras de�nições, conjunto total das
palavras usadas em uma língua/idioma (MICHAELIS, 2019), o termo disléxico deve
de�nir o indivíduo desprovido de capacidade na aquisição desse conjunto de
palavras. Esta seria a essência da de�nição de dislexia, mas, evidentemente, o
distúrbio é bem mais complexo e necessita de muitas outras de�nições para que
seja considerado realmente de�nido, segundo Olivier (2011).
No entanto, segundo o pesquisador Olivier (2013) descreve em um de seus livros que
alguns pro�ssionais como Susan Brady, Hugh Catts, Emerson Dickman, Guinevere
Eden, Jack Fletcher, Jeffrey Gilger, Robin Moris, Harley Tomey e Thomas Viall, em
2003, entraram em um consenso, colocando a de�nição da Dislexia, sendo:
Segundo a Associação Brasileira de Dislexia - ABD (2016) publicou em sua paǵina
o�cial possíveis sinais da Dislexia do desenvolvimento, no qual é considerada como
um transtorno especí�co de aprendizagem de origem neurobiológica, caracterizada
por di�culdade no reconhecimento preciso e/ou �uente da palavra, na habilidade de
decodi�cação e em soletração. Vide quadro abaixo:
Dislexia é uma di�culdade de aprendizagem de origem neurológica. É
caracterizada pela di�culdade com a �uência correta na leitura e por
di�culdade na habilidade de decodi�cação e soletração. Essas
di�culdades resultam tipicamente do dé�cit no componente
fonológico da linguagem que é inesperado em relação a outras
habilidades cognitivas consideradas na faixa etária.
No entanto, segundo Olivier (2013) nas crianças pequenas antes do início da fase
escolar, é um tanto difícil diagnosticar a dislexia, pois há outros distúrbios que
apresentam sintomasparecidos.
Portanto, caro (a) estudante, a idade que mais facilita o diagnóstico da dislexia é a
idade escolar, bem como outros distúrbios de aprendizagem. É durante a
alfabetização que se pode detectar com mais certeza a dislexia cuja principal
característica está na ausência ou grande di�culdade em aprender a ler e/ou
escrever. Porém, Olivier (2013) nos chama a atenção para um fato importante, é
preciso estar atento, pois não se trata apenas de di�culdade em aprender as letras,
mas a di�culdade em identi�cá-las. “Dependendo da gravidade do caso, o cérebro
de um disléxico não consegue identi�car nenhuma letra, parecem apenas sinais
sem nexo algum”. (OLIVIER, 2013, p. 49).
Ana Lou Olivier vem pesquisando a mais de 30 anos e apresenta dentro da
Psicopedagogia três tipos de dislexia, baseados nas pesquisas teóricas e práticas,
bem como em Multiterapia.
ALGUNS SINAIS NA
PRÉ-ESCOLA ALGUNS SINAIS NA IDADE ESCOLAR
Dispersão;
Fraco
desenvolvimento
da atenção;
Atraso do
desenvolvimento
da fala e da
linguagem
Di�culdade de
aprender rimas e
canções;
Fraco
desenvolvimento
da coordenação
motora;
Di�culdade com
quebra-cabeças;
Falta de interesse
por livros
impressos.
Di�culdade na aquisição e automação da
leitura e da escrita;
Pobre conhecimento de rima (sons iguais no
�nal das palavras) e aliteração (sons iguais no
início das palavras);
Desatenção e dispersão;
Di�culdade em copiar de livros e da lousa;
Di�culdade na coordenação motora �na
(letras, desenhos, pinturas etc.) e/ou grossa
(ginástica, dança etc.);
Desorganização geral, constantes atrasos na
entrega de trabalho escolares e perda de seus
pertences;
Confusão para nomear entre esquerda e
direita;
Di�culdade em manusear mapas, dicionários,
listas telefônicas etc.;
Vocabulário pobre, com sentenças curtas e
imaturas ou longas e vagas;
Fonte: Adaptado de ABD (2016).
1. Dislexia Congênita ou Inata: É a dislexia que nasce com o indivíduo, pode ter as
mais variadas causas e tem características próprias, como, por exemplo, “uma
comprovada alteração hemisférica cerebral, onde os hemisférios encontram-se
invertidos ou em igualdade ou até por uma alteração de alguns cromossomos”.
(OLIVIER, 2011). Em consequência disso é o indivíduo disléxico tem pouca ou
nenhuma habilidade para a aquisição de leitura e de escrita e, geralmente, não
consegue ler e escrever por muito tempo e, quando termina de ler e escrever, já não
se lembra de mais nada.
2. Dislexia Adquirida: É a dislexia que vem por meio de um acidente qualquer,
como, por exemplos, anoxia perinatal, anoxia por afogamento, acidente vascular
cerebral entre outros acidentes.
3. Dislexia Ocasional: É a dislexia causada por fatores externos e que aparece
ocasionalmente, por um “esgotamento do Sistema Nervoso/estresse, excesso de
atividades e, em alguns casos, considerados raros, por TPM e/ou hipertensão”.
Dentro destes tipos de dislexia que Olivier (2013, p. 52) apresenta, “existem variações
que parecem tornar cada caso em um caso e cada disléxico em único. Portanto, não
dá mais para admitir generalizações”.
Segundo a autora Olivier (2011, p. 61-62) podemos resumir os sintomas de acordo
com sua intensidade para melhor de�nir e detectar cada tipo de dislexia, sendo eles:
Singular/Primária: apresenta desde a primeira infância um certo atraso no
desenvolvimento da fala e da linguagem e/ou no desenvolvimento visual.
Di�culdades em aprender canções, versinhos, pequenas histórias ou imediato
esquecimento após ouvi-las, e ainda problemas com coordenação motora.
Durante a alfabetização, pode apresentar problemas e di�culdades em leitura
e soletração, não reconhecendo letras e números. Pode caracterizar qualquer
tipo de dislexia ou outros distúrbios já relatados ou a serem relatados
posteriormente.
Comum/Correlata: apresenta problemas nos processos de linguagem
(articulação, memória verbal a curto e longo prazo). Problemas com
lateralidade (confusão entre lado direito e esquerdo) e também pode
caracterizar qualquer tipo de dislexia ou outros distúrbios.
Especí�ca/Secundária: caracteriza-se pelo baixo desempenho em
compreensão na leitura, di�culdade ou ausência de alfabetização, não
identi�cação de letras, diferenças no movimento dos olhos durante a leitura ou
tentativa de leitura. Geralmente caracteriza a Dislexia Congênita ou Inata.
Relativa/Arti�cial: problemas com a atenção e problemas visório-espaciais, e é
mais comum na dislexia ocasional ou em outros vários distúrbios.
Antes de qualquer atitude, deve-se analisar como o indivíduo reage do processo de
alfabetização. Se apresenta di�culdades de pronúncia, de articulação, di�culdades
para aprender nome das letras ou cores, falta de memória para lembrar-se de coisas
simples, como seu endereço, data de aniversário, não se concentra em aulas
teóricas, preferindo aulas de criatividade, como colagem, desenho, entre outras. E,
ainda, se o aluno aparece não identi�car letras em geral, confunde-se em ditados,
faz inversões.
ATENÇÃO! Neste ponto, não se trata de trocar o “p” por “b” e outros absurdos
amplamente divulgados como características de dislexia. Deve-se veri�car se o
indivíduo não consegue identi�car qualquer que seja a letra, se confunde letras em
geral, se para ele todas as letras parecem a mesma coisa, ou seja, um sinal sem
sentido algum.
Disgra�a e Disortogra�a
AUTORIA
Fabiane Fantacholi Guimarães
Neste tópico caro(a) estudante vamos sequência em identi�car alguns dos “dis”,
neste momento sendo eles: disgra�a e disortogra�a.
Já vimos o signi�cado de “Dis”, agora vamos para Gra�a, que vem do grego
graphos/graphein é de�nida pelo dicionário Michaelis (2019) como “técnica do uso
da linguagem como comunicação escrita”, porém, analisando a fundo, pode-se
veri�car que é mais ampla, para Olivier (2011, p.57) “podendo ser de�nida como
habilidade na utilização de sinais (símbolos, marcas, desenhos) para exprimir as
ideias humanas”.
Disgra�a é a di�culdade ou a ausência na aquisição da escrita. O indivíduo fala de
forma normal, em muitos casos consegue ler, mas não consegue transmitir
informações visuais ao sistema motor. (OLIVIER, 2011).
Para Pérez (2005), a disgra�a é um transtorno da escrita que afeta a forma ou
signi�cado e é do tipo funcional.
Nunes; Silveira (2015, p. 101) relatam que disgra�a, é di�culdade signi�cativa no
desenvolvimento de habilidades relacionadas à escrita, “[...] que não se explicam por
uma de�ciência mental ou por uma má qualidade da escola”.
Leal; Nogueira (2012, p.76) expõe que as principais causas do transtorno funcional
especí�co da aprendizagem a disgra�a, são: “[...] a sequencialização, que implica na
falha perceptual, acarretando di�culdades no processamento sequencial da
informação recebida e na sua forma de organização, e o processamento”.
Ainda, Leal; Nogueira (2012) acrescentam a seguinte informação:
[...] nos casos de disgra�a, podem-se perceber, também distúrbios de
motricidade ampla e especialmente �na, bem como distúrbios de
coordenação visiomota, a de�ciência da organização temporoespacial,
os problemas de lateralidade e direcionalidade.
As características da disgra�a, segundo a autora Olivier (2011) são:
• O indivíduo não possui di�culdades visuais nem motoras, mas não
consegue transmitir as informações visuais ao sistema motor. 
• Fala e lê, mas não encontra padrões motores para a escrita de letras,
números e palavras. 
• Não possui senso de direção, falta-lhe equilíbrio. 
• Pode apresentar traços pouco precisos e incontrolados. 
• Gra�smos não diferenciados nem na forma nem no tamanho. 
• Escrita desorganizada em partes ou no todo. 
• Realização incorreta de movimentos de base especialmente em
ligação com problemas de orientação espacial etc. 
• Pode soletrar oralmente, mas não consegue expressar ideias por meio
de símbolos visuais, pois não consegue escrever ou, se escreve, não
reproduz letras e palavras coerentes. 
• Resumindo: o indivíduo lê, mas, em muitos casos, não escreve ou
escreve de forma desordenada, irregular ou ilegível.
As soluções da disgra�a acima de tudo é avaliação

Continue navegando