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Desenvolvimento humano I Aula 4: Teoria do desenvolvimento psicossocial Apresentação A psicanálise ficou conhecida através de Sigmund Freud e da ideia dos conflitos intrapsíquicos. Outros psicanalistas, no entanto, buscaram novos desafios. Como Erik Erikson que olhou para a construção do sujeito não através dos conflitos internos, e sim, pelas crises vivenciadas na sua interação com o meio. Para ele, o sujeito se constitui na relação com o ambiente no qual está inserido e sua trajetória é dividida em oito etapas definida como crises. A partir das resoluções dessas crises se daria o desenvolvimento psicossocial, e esse processo ocorreria durante todo o ciclo vital do sujeito e não somente em um determinado período. Objetivos Identificar a teoria proposta por Erik Erikson no qual o meio social é valorizado na formação da personalidade do indivíduo. Registrar as etapas propostas por Erik Erikson no desenvolvimento psicossocial do indivíduo. Conhecendo Erik Homburger Erikson Mais conhecido como Erik Erikson, o psicanalista nasceu na Alemanha, em Frankfurt, no ano de 1902. Seus pais se separaram antes do seu nascimento e ele foi criado por sua mãe e seu padastro, um pediatra alemão. No início de sua vida acadêmica, tinha especial interesse pela arte, idiomas e história. Já na adolescência sua sensibilidade e inquietude o levaram a viajar pela Europa, pegando carona, estudando arte, passando um tempo em Florença. Podemos pensar que essa busca serviu de inspiração no que mais fez parte de sua teoria. Erik Homburger Erikson. (Fonte: Psychpoint). Quando tinha quase 25 anos, mudou-se para Viena, e aceitou o convite de um amigo para trabalhar em uma escola para crianças. Lá, estudou por seis anos o método Montessori, que enfatiza a iniciativa da criança no processo de desenvolvimento natural de suas habilidades física, cognitiva e psicossocial. Neste momento, também conhece Anna Freud, que mudaria o curso de sua vida. Foi analisado por ela e começou seus estudos em psicanálise, frequentando seminários na Sociedade Psicanalítica de Viena, e tornando-se psicanalista. Em 1933, se viu obrigado a buscar um novo lar. Inicialmente, foi com a família para Copennhagen, onde ficou pouco tempo. Depois, para Boston, onde foi um dos primeiros psicanalistas infantis. Em 1939, chegou em Berkely, mais especificamente na Universidade da Califórnia, onde iniciou seus estudos sobre desenvolvimento humano. Na década de 1960, foi um professor muito popular em Harvard, ministrava aulas sobre o ciclo vital, onde discorria através de sua teoria sobre a importância das interações sociais no desenvolvimento humano. Em 1970, aposentou-se e, em 1994, morreu aos 92 anos, em Massachusetts. Leiamos sobre a teoria de Erikson: Teoria proposta por Erik Erikson Clique no botão acima. Teoria proposta por Erik Erikson Vimos que Erikson teve sua formação profissional baseada na sua análise pessoal com Anna Freud e nos seus estudos sobre a psicanálise freudiana. Esse aprendizado fez parte da construção da sua teoria, mas seu interesse estava em enfatizar as relações interpessoais na construção da identidade do sujeito em vez das questões intrapsíquicas propostas pela psicanálise. Seus estudos buscavam entender como as interações sociais e as relações impactavam, ou que papéis exerciam no desenvolvimento dos seres humanos. Um dos elementos principais de sua teoria era a construção de identidade do ego, que consiste no sentido consciente de si estruturado a partir das interações sociais. Para ele, o desenvolvimento do ego se dava em uma sequência planejada de etapas, na qual, cada estágio teria uma crise a ser enfrentada. Ele não considerava a crise um problema, mas sim, um momento de maior vulnerabilidade ou maior potencialidade, quanto maior o sucesso na resolução das tendências conflitantes, mais saudável o desenvolvimento do ego. Cada estágio requer equilíbrio entre uma tendência positiva e uma negativa, o sucesso significa o desenvolvimento de uma força ou virtude. Foram estruturadas oito etapas do desenvolvimento psicossocial: 1ª etapa: confiança básica versus desconfiança – nascimento aos 12-18 meses 2ª etapa: autonomia versus vergonha ou dúvida – 12-18 meses aos 3 anos 3ª etapa: iniciativa versus culpa – 3 a 6 anos 4ª etapa: produtividade versus inferioridade – 6 anos à puberdade 5ª etapa: identidade versus confusão de papéis – puberdade ao início da vida adulta 6ª etapa: intimidade versus isolamento: início vida adulta 7ª etapa: generatividade versus estagnação: vida adulta intermediária 8ª etapa: integridade versus desespero: vida adulta tardia A questão cronológica para Erikson não se apresentava de forma tão rígida, apenas como um norte na observação, pois acreditava que cada criança tinha seu ritmo. Já a adolescência era um momento considerado crucial, pois marcava a transição da fase infantil para a adulta, momento que a tendência conflitante se apresentava de forma intensa. Essa fase recebeu maior atenção de sua parte. Importante mencionar que a maneira como esses conflitos são solucionados na teoria psicossocial, podem promover um sentimento de competência que motivam ações e comportamentos. Esse processo se dá ao longo de toda a vida, o contrário também pode acontecer. São os resultados das tendências conflitantes que irão fortalecer ou não a identidade do ego. Vamos imaginar? Uma criança de 8 meses que, segundo essa teoria, estaria vivenciando a primeira etapa psicossocial, ou seja, confiança básica versus desconfiança básica. Significa também que está iniciando seu processo de construção da identidade. Digamos que seu meio social e suas relações interpessoais não lhe ofereçam bem-estar físico, que tenha uma quantidade excessiva de medo e apreensão. Como seria o resultado dessa crise? O que ela poderia achar do mundo? Que tipo de relação ela poderia estabelecer com o mundo? Talvez entendesse que é um lugar ruim, que não é agradável para se viver. Então, essa vivência faria parte da construção da sua identidade. A tendência conflitante se apresentaria como um momento de maior vulnerabilidade e não de potencialidade. Essa resolução poderia não encontrar um equilíbrio entre uma tendência positiva e uma negativa, e sim polarizar na desconfiança. Esse resultado não produziria uma força, uma virtude, e a tendência negativa seria incorporada na sua identidade, afetando sua próxima etapa. As 8 etapas do desenvolvimento psicossocial As primeiras cinco etapas se assemelham as etapas psicossexuais propostas por Freud. Vale ressaltar que os estágios estão conectados um ao outro, mas isso não significa rigidez, o fato de no início do desenvolvimento não ter adquirido confiança, não determina que a criança seja desconfiada até o fim do seu ciclo vital. Os estágios não se fecham, apenas serão vivenciados sobre outra perspectiva, um exemplo, através do próprio processo psicoterápico. Isso depende das novas experiências e escolhas, que podem ocorrer a qualquer instante! Clique nos botões para ver as informações. Do nascimento aos 12-18 meses. No primeiro ano de vida, a criança demanda muita atenção, de ser alimentada, acolhida, amada, de se sentir segura. Quando o ambiente, a mãe, o pai, as figuras de cuidado respondem a essas necessidades, ajudam a criança a desenvolver o sentimento de confiança, que servirá de base para as suas futuras relações. Ao contrário disso, o sentimento será de insegurança, a tendência conflitante não será resolvida adequadamente, e a criança poderá estabelecer uma relação de desconfiança com as pessoas em geral e com o mundo. A virtude da resolução dessa tendência conflitante é a esperança. 1ª etapa: confiança básica versus desconfiança Dos 12 -18 meses aos 3 anos. Nessa tendência conflitante proposta por Erikson, a criança inicia o controle do seu próprio corpo. Nas fases psicossexuais de Freud, seria a fase anal, o controle dos esfíncteres. Portanto, o comportamento esperado dos pais seria o de orientar,ensinar a criança a descobrir como controlar seu corpo, mas de forma alguma de maneira severa ou rígida expondo a criança. Isso seria péssimo! Simplesmente por que geraria vergonha, dúvida sobre sua própria capacidade de conseguir realizar a tarefa de ser bem-sucedido. Essa experiência não se limita a saber ir ao banheiro, controlar seu corpo, mas fala sobre sua independência e autonomia, sua capacidade de fazer as coisas. Concordam que esse resultado irá nos afetar durante todo o nosso desenvolvimento? A virtude da resolução conflitante é a vontade. 2ª etapa: autonomia versus vergonha ou dúvida Dos 3 a 6 anos. Chegamos a mais uma etapa, agora o espaço da criança expande, seus grupos se ampliam. É o momento da entrada na escola, novos desafios se apresentam, momentos longe das figuras conhecidas acontecem, apresentando uma nova tendência conflitante que impulsiona a criança ao desenvolvimento. Aqui, começam as negociações com os amiguinhos, construções de trabalhos em grupo, aprender o tempo de espera. Pense nessas novidades para uma criança em que dentro do seu mundo tudo é para ela, mais linda, mais inteligente, primeiro ela... Nossa, serão muitos os desafios! Pense também naquele que chega sem muita confiança e autonomia, como dar conta desse momento? Voltamos às interações e relações sociais... se essas crianças encontram um espaço onde podem vivenciar essas experiências de uma forma adequada, resoluções anteriores malsucedidas podem ser minimizadas e a tendência conflitante dessa etapa pode ter uma resolução positiva. A criança consegue ter iniciativa nas usas atividades e não se sente culpada por não tentar. Levando para as outras etapas a virtude do propósito. 3ª etapa: iniciativa versus culpa Dos 6 anos à puberdade. O que esta etapa nos diz? Que a virtude desenvolvida deverá ser a habilidade, adquirida através do aprendizado. É um momento quando a criança inicia um mergulho no ensino fundamental, aumentando seu acesso à informação e também o nível de cobrança e resposta. As avaliações já são feitas em sua maioria de forma quantitativa, o que muitas vezes aumenta a chance de exposição e a sensação de incompetência e inferioridade. Quando consegue corresponder às expectativas sente uma espécie de prazer, orgulho de ter conseguido resolver os problemas, ter dado conta das demandas. Foi produtivo, assim vem a conquista das suas habilidades, que servirão bastante quando a crise de identidade chegar. 4ª etapa: produtividade versus inferioridade Da puberdade ao início da vida adulta. Chegamos a etapa considerada de grande importância para Erikson, talvez por que o remetesse aos seus próprios conflitos nessa época. Jamais conheceu seu pai biológico, sendo adotado aos 9 anos pelo segundo marido de sua mãe. Durante a guerra, tornou-se imigrante, precisando definir seu lugar no mundo, construir sua identidade, viveu muitos conflitos desde a infância até o início da fase adulta. Mas também podemos concordar que a adolescência é momento de grandes oportunidades, mas na mesma proporção de muitos os riscos e conflitos. Até hoje é o marco da passagem da infância para o início da vida adulta com todas as responsabilidades e pressões sociais que tão bem conhecemos, certo? Segundo Erikson, a identidade se forma por meio da resolução de três questões nesse momento do desenvolvimento: a escolha da profissão, a internalização de valores que norteiam sua vida e o desenvolvimento de uma identidade sexual. O adolescente que consegue integralizar as diversas funções que começam a ser atribuídas a ele à sua identidade, terá vivenciado essa fase com êxito, determinando seu senso de eu. Caso contrário, o resultado dessas experiências irão desencadear uma crise de identidade, que levará a uma busca prolongada para descobrir suas habilidades, e de fato quem é. A virtude dessa tendência conflitante é a fidelidade. Podemos trazer como exemplo, crianças que começam uma vida pública desde muito cedo, chegam na adolescência e precisam descobrir o que de fato são elas ou o que foi atribuído a elas nessa construção pública através da mídia, dos empresários, fãs. Tenho certeza que você pode pensar em diversos casos exitosos ou não. 5ª etapa: identidade versus confusão de papéis Início da vida adulta. Uma vez tendo integrado o seu ser, conseguido entender e reconhecer quem é, a pessoa se sente mais capaz e segura para interagir e aprofundar as relações com o outro. Torna-se capaz de estabelecer relações com pessoas com as quais se identifica, os laços são mais afetivos, é possível a troca de intimidade. Caso a resolução anterior não tenha sido satisfatória, a crise de identidade se perpetuou, essa abertura será difícil, e a saída é o isolamento, a pessoa terá pouca habilidade para estabelecer relações com intimidade, se mantém na superficialidade. Pode até estar com muitas pessoas, mas intimamente é solitária, ninguém a conhece, provavelmente nem ela mesma, por conta da continuidade da tendência conflitante da etapa anterior. A virtude desta etapa é o amor. 6ª etapa: intimidade versus isolamento Vida adulta intermediária. Este é o momento do sentido, as pessoas chegam aqui olhando para suas construções, aquilo que foi gerado ao longo do percurso, lembram no quanto contribuíram com outras gerações. Pensam no que ainda podem e devem fazer, criam novos objetivos que estabeleçam trocas de experiências e conhecimento, é o momento de doar-se. Quando esse percurso não construiu bases sólidas, o sentimento é de estagnação. As perdas não podem ser mudadas, se uma pessoa não conseguiu construir relações afetivas com profundidade na etapa anterior, essas vivências não têm como recuperar-se, então o sentimento que surge é de impotência. Mas, isso não significa que a partir da tendência conflitante resolvida não se possa vivenciar relações com mais intimidade. A virtude é o cuidado. 7ª etapa: generatividade versus estagnação Vida adulta tardia. Chegada a velhice, o momento é de coerência com seus valores, objetivos e trajetória com fracassos e vitórias. A maneira como se olha para tudo isso aliada a capacidade de estabelecer relações interpessoais de qualidade levam às pessoas a vivenciar o sentimento de integridade, um encontro harmônico com o “seu eu”. Podemos dizer um encontro feliz. Aqui, peço que não deixem de assistir a palestra do Dr. Robert Waldinger: são 12 minutos preciosos. A palestra conta rapidamente o resultado de uma pesquisa que já dura 79 anos. É um estudo longitudinal que começou em 1940; não preciso dizer que já foram muitas equipes de pesquisadores empenhados em acompanhar pessoas para descobrir o que garante uma boa vida? Foram adolescentes que, hoje, são senhores de 90 anos. O link está no explore mais, diz muito do que acabo de dizer. Bom, ao contrário dessa coerência, integridade é o desespero, a desesperança, porque a vida passou e agora não tem como voltar. Mas a virtude é a sabedoria, portanto, tudo dependerá das escolhas a serem feitas neste momento, voltar e fazer diferente não será possível, mas com sabedoria novos caminhos podem ser traçados. 8ª etapa: integridade versus desespero Atividade 1. A Teoria do Desenvolvimento psicossocial de Erik Erikson considerava que, ao longo de todo o ciclo vital, o sujeito vivenciava tendências conflitantes. De acordo com o exposto, qual seria a importância dessas tendência no desenvolvimento da identidade do ego? 2. Para Erik Erikson, cada etapa resultava em uma força ou virtude, identifique a virtude definida por ele na 6ª etapa e qual seria sua influência na etapa seguinte. 3. Descreva uma situação relacionada ao 5º estágio psicossocial de Erikson, em que o resultado foi uma tendência positiva. Momento em que o adolescente consegue determinar a sua noção de eu, definindo quem ele é. Notas Título modal 1 Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográfica e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográfica e deimpressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográfica e de impressos. Título modal 1 Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográfica e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográfica e de impressos. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográfica e de impressos. Referências FRIEDMAN, H. S.; SCHUSTACK, M. W. Teorias da personalidade. 2. ed. São Paulo: Pearson, 2011. PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento humano. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. SHEEHY, Noel. 50 Grandes psicólogos: suas ideias, suas influências. São Paulo: Contexto, 2006. Próxima aula Teoria Tradicional da Aprendizagem Teoria da Aprendizagem Social Explore mais Assita ao vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=xcsjGDM1QFg <https://www.youtube.com/watch?v=xcsjGDM1QFg> https://www.youtube.com/watch?v=xcsjGDM1QFg
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