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Aula 10

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Prévia do material em texto

1 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
CEDERJ – CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA DO ESTADO 
DO RIO DE JANEIRO 
MATERIAL DIDÁTICO IMPRESSO 
 
CURSO: LICENCIATURA EM PEDAGOGIA 
DISCIPLINA: PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO 
CONTEUDISTA: Eloiza da Silva Gomes de Oliveira 
 
 
AULA 10: 
PRINCIPAIS ABORDAGENS TEÓRICAS DO DESENVOLVIMENTO 
HUMANO: O CICLO EPIGENÉTICO DE ERIK ERIKSON 
 
 
META 
Buscando dar conhecimento aos alunos das principais abordagens teóricas do 
desenvolvimento humano, apresentando a eles representantes das várias 
abordagens do desenvolvimento e da aprendizagem humanos (inatista, 
ambientalista e sócio-histórica), esta aula pretende caracterizar a teoria de Erik 
Erikson e destacar as suas contribuições para a formação de educadores. 
 
OBJETIVOS 
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: 
1. identificar os princípios fundamentais da teoria de Erik Erikson; 
2. conceituar identidade e situar a sua evolução no ciclo epigenético da vida do 
homem; 
3. aplicar os princípios teóricos desta abordagem à prática educacional. 
 
INTRODUÇÃO... QUEM FOI ERIK ERIKSON. 
 
 2 
Diagramação: Inserir foto do teórico. 
Fonte: http://www.ericberne.com/images/erikson2.jpg 
Acreditamos que, ao estudar as ideias fundamentais, elaboradas por um teórico, 
o conhecimento de alguns dados da história de vida do mesmo possam ser 
muito úteis. 
Erik Erikson (1902-1994) foi um psicanalista que desenvolveu trabalhos famosos 
sobre o desenvolvimento humano e a consolidação da identidade. Nascido na 
Alemanha, depois de se formar na escola, tornou-se artista. Frequentou escolas 
de artes e viajou pela Europa, visitando os museus mais famosos. 
Começou a trabalhar, ministrando aulas de artes, e conheceu Anna Freud, que 
se tornou sua psicanalista e o incentivou a estudar Psicanálise. Graduou-se no 
Instituto Psicanalítico de Viena, especializando-se em psicanálise infantil. 
Começou a discordar das ideias de Freud sobre os aspectos psico-sexuais do 
desenvolvimento. Seus estudos focalizaram os estágios críticos e criativos do 
desenvolvimento e a resolução de várias crises de identidade, definidas por ele 
como "um conflito inevitável que acompanha o crescimento do senso de 
identidade, durante a adolescência". 
Erikson abordou a influência da cultura e da sociedade no desenvolvimento 
infantil, desenvolvendo pesquisas em reservas indígenas americanas. Seu 
primeiro livro, Infância e Sociedade (1950), tornou-se um clássico no assunto. 
Então, agora que já conhecemos um pouco da história de vida de Erikson, 
vamos aos seus conceitos mais importantes, característicos de uma conhecida 
abordagem do desenvolvimento da personalidade do ser humano. 
 
ALGUNS CONCEITOS IMPORTANTES DA TEORIA DE ERIK ERIKSON 
 
1. Identidade 
Este pode ser considerado o conceito fundamental para Erikson. Em 1968, ao 
lançar “Identidade, Juventude e Crise”, seu clássico trabalho sobre a identidade, 
 3 
afirma que é "chegado o momento de proceder a uma melhor e final delimitação 
do que é e do que não é identidade" (ERIKSON, 1976, p.13). 
Segundo ele, a identidade pode ser vista como uma imagem mental 
relativamente estável da relação estabelecida entre o eu e o mundo social, nos 
vários contextos e momentos do processo de desenvolvimento humano. 
Erikson e Erikson (1998, p. 85) assim conceituam a identidade: 
...uma configuração que, gradualmente, integra dados 
constitucionais, necessidades libidinais idiossincráticas, 
capacidades preferidas, identificações significativas, defesas 
efetivas, sublimações bem sucedidas e papéis consistentes. 
Tudo isso, entretanto, só pode emergir de uma mútua 
adaptação de potenciais individuais, visões de mundo 
tecnológicas e ideologias religiosas ou políticas. 
BOXE EXPLICATIVO 
Segundo a psicanálise, o ser humano tem necessidades psicológicas que são diretamente 
associadas às funções vitais, indispensáveis para a manutenção da vida do organismo. Elas são 
associadas à libido, energia psíquica que direciona o indivíduo na busca de objetos que 
satisfaçam estas necessidades. 
Sublimação, segundo a psicanálise, é o mecanismo de defesa que, sob a influência do Ego, 
canaliza os impulsos social e pessoalmente constrangedores, ameaçadores à estabilidade do 
aparelho psíquico, para uma postura socialmente útil e aceitável. Fim do boxe explicativo 
 
Quanto ao processo de formação da identidade, o mesmo Erikson (1976, p. 21) 
diz: 
(...) formação da identidade emprega um processo de reflexão e 
observação simultâneas, um processo que ocorre em todos os 
níveis do funcionamento mental, pelo qual o indivíduo se julga a 
si próprio à luz daquilo que percebe ser a maneira como outros 
o julgam, em comparação com eles próprios e com a tipologia 
que é significativa para eles; enquanto que ele julga a maneira 
pela qual eles o julgam, à luz do modo como se percebe a si 
próprio em comparação com os demais e com os tipos que se 
tornaram importantes para ele. Este processo é (...) em sua 
maior parte inconsciente. 
O autor fala em três dimensões que constituem a identidade humana: 
 4 
A primeira, universal, é geneticamente determinada, constituída de um conjunto 
de impulsos e pulsões, faz com que os seres humanos pareçam-se em 
sentimentos e motivações básicas, por exemplo. 
A segunda é individual, caracterizando traços particulares do temperamento de 
cada ser humano. 
Há uma terceira dimensão, no entanto, que o autor chama de “social”, e que 
marca o nosso pertencimento a um grupo, engloba as características que nos 
assemelham aos nossos pares sociais e culturais. 
Diagramação: inserir imagens de grupos de crianças, adolescentes e 
adultos. 
Fontes: 
http://www.saomigueldaguarda.pt/fotos/noticias/022.JPG 
http://thumbs.dreamstime.com/thumb_146/11786590067G94GZ.jpg 
http://ujab.ieab.org.br/img/P1010056.JPG 
Sem pretender dar primazia a uma das três, Erikson (1976) propõe que há uma 
articulação dinâmica entre elas e que, em determinadas fases da vida, uma 
pode ter maior importância do que outra. 
A identidade engloba, então, um sentido consciente de singularidade individual, 
um esforço inconsciente para manter a continuidade da experiência e uma 
solidariedade com os ideais do grupo. 
Os padrões básicos de identidade emergem, portanto, da afirmação ou do 
abandono das identificações infantis e da maneira pela qual o processo social e 
histórico da época identifica a geração jovem. 
 
2. Crise normativa ou conflito nuclear 
Segundo Erikson (1976), cada etapa da vida oferece-nos um desafio 
característico, nomeado “crise normativa ou conflito nuclear”. Esses conflitos, 
importantes para o desenvolvimento humano, são marcados por um evento 
 5 
significativo, parcialmente resolvidos e relacionados a instituições sociais e a 
traços característicos da personalidade na idade adulta. O uso do termo 
“normativa” esclarece o caráter de normalidade e não de patologia, que estas 
crises envolvem. 
Segundo Osório (1989, p. 85): 
a expressão crise (do grego krisis - ato ou faculdade de 
distinguir, escolher, dividir ou resolver), já não padece, em 
nossos dias, do significado de catástrofe iminente, que em certo 
momento pareceu constituir um obstáculo à compreensão do 
termo. Atualmente, aceita-se que a crise designa um ponto 
conjuntural necessário ao desenvolvimento, tanto do indivíduo 
como das instituições. 
 
A adolescência, por exemplo, é uma crise vital, momento evolutivo assinalado 
por um processo normativo de organização das estruturas do indivíduo. 
A identidade e a crise têm dimensão psíquica, mas também social, fazendo 
parte natural do próprio desenvolvimento da pessoa. Se as crises normativas 
não forem resolvidas nos estágios de desenvolvimento em que foram 
vivenciadas, no entanto, as fases seguintes podem ser comprometidas. 
 
Se o conflito é resolvido de uma maneira satisfatória, a 
qualidade positiva é constituída dentrodo ego e pode-se 
verificar um desenvolvimento subsequente, sadio. Mas se o 
conflito persiste ou é resolvido insatisfatoriamente, o ego em 
desenvolvimento é prejudicado porque a qualidade negativa se 
incorpora a ele. (MUUS, 1976, p.36). 
As crises que modelam o desenvolvimento da identidade são sociais, porque 
essa identidade cresce dentro da comunidade à qual o indivíduo pertence e 
depende durante toda vida do suporte de modelos sociais. 
Dependendo do grupo social, determinadas crises podem ser acentuadas, ou 
podem não ser sequer perceptíveis. 
 
3. Ciclo epigenético ou diagrama epigenético 
 
 6 
Erikson (1976a) descreve o ciclo vital humano através de um diagrama ou 
gráfico que representa o desenvolvimento psicossocial que ocorre através de 
pontos críticos de mudança (as crises normativas ou conflitos nucleares). 
Segundo Erikson (1976a), a personalidade humana desenvolve-se, seguindo 
passos que são determinados à medida que o indivíduo torna-se capaz de 
perceber e interagir com um raio social crescente e que a sociedade, pelo 
menos em princípio, aceita essa sucessão de potencialidades, encorajando a 
sequência e razão ideal de seu desenvolvimento. 
O autor define o princípio Epigenético, afirmando que tudo o que cresce tem um 
plano básico e é a partir desse plano básico que se erguem as partes ou peças 
componentes, tendo cada uma delas o seu tempo de ascensão especial até que 
todas tenham sido levantadas para formar um todo em funcionamento. 
(ERIKSON, 1976a). 
VERBETE 
O termo epigenético existe há mais de cem anos, mas só recentemente ganhou 
definição mais precisa. É o campo da Biologia que estuda as interações causais 
entre os genes e seus resultados, que são responsáveis pela produção do 
fenótipo. Um traço é epigenético resulta de uma predisposição genética que se 
revela sob influência ambiental. Trata-se do estudo das características genéticas 
que não estão ligadas a alterações causadas na sequência do DNA. 
Fim do verbete 
 
Estabelece cada etapa do ciclo Epigenético como uma crise, cada uma delas 
constituída por um plano positivo e negativo. Cada uma é mais evidente numa 
fase especifica do ciclo vital, aparecendo de certa forma, em todo o 
desenvolvimento. No que diz respeito à integração das sucessivas crises, a sua 
teoria encontra-se entre a teoria de Piaget e a teoria de Freud, em que cada 
crise é formada a partir da anterior, influenciando as seguintes. 
 
 
 7 
A ABORDAGEM DO DESENVOLVIMENTO HUMANO SEGUNDO ERIK 
ERIKSON 
 
Criador da chamada “Psicologia do Ego”, Erikson faz uma abordagem 
psicossocial do desenvolvimento humano, fazendo uma revisão dos 
fundamentos básicos de teorias de Freud, mas afastado das ideias freudianas, 
pelo foco na orientação social e cultural. 
Comparando a abordagem da personalidade de Erikson com a de Freud, 
podemos dizer que oferece uma visão mais global do desenvolvimento, pois 
focaliza todo o ciclo vital, que valoriza a instância psíquica do Ego, com seus 
próprios objetivos, processos, forças ou virtudes; que não enfatiza os aspectos 
patológicos inerentes à neurose, como fez o pai da Psicanálise. 
Acredita na importância da infância para o desenvolvimento da personalidade 
mas, ao contrário de Freud, afirma que a personalidade continua a se 
desenvolver depois dos cinco anos de idade, dando especial importância à 
adolescência. 
Erikson propõe oito estágios do desenvolvimento psicossocial através dos quais 
o ser humano passa da infância para a idade adulta. Em cada estágio, cada 
sujeito depara-se e de preferência supera novos desafios ou conflitos. Cada 
estádio / fase do desenvolvimento da criança é importante e deve ser bem 
resolvida, para que a próxima fase possa ser superada sem problemas. 
Esses estágios não são estanques nem precisamente definidos, a pessoa 
humana encontra-se em todos os estágios, durante o tempo todo. Porém, em 
cada um deles há crises e conflitos próprios, bem como virtudes e valores 
propícios ao desenvolvimento. 
 
AS OITO IDADES DO HOMEM 
 
Nesta teoria psicossocial, o desenvolvimento humano evolui em oito estágios. 
Os primeiros quatro estágios decorrem no período da infância, o quinto durante 
a adolescência e os últimos três, na idade adulta e na velhice. 
 8 
Erikson apresentou os estágios em termos de uma qualidade básica do ego que 
surge em cada estágio, discutiu as forças do ego que surgem nos estágios 
sucessivos e descreveu as características peculiares de cada um. 
Afirmou que: 
(...) uma personalidade saudável domina ativamente seu meio, 
demonstra possuir uma certa unidade de personalidade (...). De 
fato, podemos dizer que a infância se define pela ausência 
inicial desses critérios e de seu desenvolvimento gradual em 
passos complexos de crescente diferenciação. Como é, pois, 
que uma personalidade vital cresce ou, por assim dizer, advém 
das fases sucessivas da crescente capacidade de adaptação às 
necessidades da vida – com algumas sobras de entusiasmo 
vital? (ERIKSON, 1976a, p. 91) 
Temos então os oito estágios de desenvolvimento, adaptados da obra Infância 
e Sociedade: 
1ª Idade: Confiança Básica X Desconfiança Básica 
Diagramação: Inserir a imagem de um bebê com a mãe amamentando. 
Fonte: 
http://media.photobucket.com/image/amamenta%25C3%25A7%25C3%25A3
o/silence4/400228.jpg 
Nesta idade, a criança vai aprender o sentimento de ter ou não confiança, a 
partir da relação entre o bebê e a mãe. A confiança básica é demonstrada pelo 
bebê na capacidade de dormir de forma pacífica, alimentar-se confortavelmente 
e de excretar a urina e as fezes de forma relaxada. Devido à confiança e à 
familiaridade com a mãe, adquirida através de situações de conforto por ela 
proporcionadas, a criança atinge uma realização social que consiste na 
aceitação de que a mãe pode ausentar-se, mas na certeza de que voltará. 
O bebê ganha experiência no contato com os adultos, aprendendo a confiar e a 
depender deles, além de confiar em si mesmo. 
A desconfiança básica é a parte negativa deste estágio, que é equilibrada com a 
segurança proporcionada pela confiança. Seus efeitos são medo, ansiedade e 
 9 
suspeita. A falta de atenção, tanto física como psicológica, da pessoa que cuida 
da criança, leva à desconfiança no ambiente. 
A confiança básica vem, segundo Erikson (1976a, p.102), do fato de que a criança “não só 
aprendeu a confiar na uniformidade e na continuidade dos provedores externos, mas 
também em si própria e na capacidade dos próprios órgãos para fazer frente aos seus 
impulsos e anseios” . 
2ª Idade: Autonomia X Vergonha e Dúvida 
Diagramação: Inserir uma foto que mostre a troca de fralda de criança. 
Fonte: 
http://oglobo.globo.com/blogs/arquivos_upload/2009/02/239_256-
diapers.jpg 
Durante este estágio, a criança vai aprender quais os seus privilégios, 
obrigações e limitações. Surge a necessidade de autocontrole e de aceitação do 
controle por parte das outras pessoas, desenvolvendo-se o senso de autonomia. 
O polo negativo deste estágio é a vergonha e a dúvida, em que a criança perde 
o senso de autocontrole e os pais contribuem neste processo ao usarem a 
vergonha na repressão da teimosia. 
A virtude principal é a vontade, o poder crescente de tomar as suas próprias 
decisões, cujo desenvolvimento é responsável pela aceitação progressiva do 
que é permitido e necessário. Os elementos desta são progressivamente 
aumentados pelas experiências ao nível da consciência, manipulação, 
verbalização e locomoção. 
Como resultado futuro, a criança julga-se a si e aos outros, diferenciando o certo 
do errado e as pessoas ditas diferentes, formando-se a base ontogenética do 
preconceito humano. 
De um sentimento de autocontrole sem perda de autoestima, 
resulta um sentimento constante de boa vontade e orgulho; de 
um sentimento de perda do autocontrole e de supercontrole 
exterior resulta uma propensão duradoura para a dúvida e a 
vergonha. (ERIKSON, 1976,p.234). 
 10 
VERBETE 
O termo ontogênese refere-se ao desenvolvimento completo de um organismo, 
desde o embrião até a forma adulta e a morte. Fim do verbete 
 
 
3ª Idade: Iniciativa X Culpa. 
Diagramação: Inserir uma figura com crianças de 4, 5 anos em brincadeira 
ativa. 
Fonte: 
http://cache02.stormap.sapo.pt/fotostore02/fotos//d4/d9/4b/493738_G2eCZ.j
peg 
Corresponde ao estágio psicossexual genital-locomotor, caracterizado pela 
crescente destreza e responsabilidade. 
Nesta fase, a criança encontra-se mais avançada e mais organizada, tanto em 
nível físico como mental. A capacidade de planejar as tarefas e metas a atingir a 
define como autônoma ou não. 
A criança continua a reafirmar a sua personalidade e a tomar a iniciativa, mas é 
susceptível de ser manejada ou pressionada com sentimentos de culpa. Erikson 
aconselha os pais a ajudarem os filhos e a encontrarem um equilíbrio saudável 
entre deixá-los fazer as coisas por si mesmos e guiá-los, estabelecendo limites 
firmes. O jogo é uma modalidade importante de conduta durante esta etapa, 
permite à criança experimentar com as suas fantasias e imaginar o que gostaria 
de fazer ou ser. Também gostam dos seus heróis e imitam-nos. Além dos jogos 
físicos com os brinquedos, ela constrói também os chamados jogos mentais, 
tentando imitar os adultos e entrando no mundo do faz de conta. 
No entanto, este estágio define-se também como perigoso, pois a criança busca 
exaustivamente e de uma forma entusiasta atingir as suas metas que implicam 
 11 
fantasias genitais e o uso de meios agressivos a manipulativos para alcançar a 
essas metas. 
Valorizando esta etapa, Erikson (1976a, p. 122) diz: 
A indispensável contribuição da fase da iniciativa para o 
desenvolvimento ulterior da identidade consiste, pois, 
obviamente, na libertação da iniciativa e sentido de propósito da 
criança para as tarefas adultas que prometem (mas não podem 
garantir) a realização plena da gama de capacidades do 
indivíduo. Isso é preparado na convicção firmemente 
estabelecida e invariavelmente crescente, não intimidada pela 
culpa, de que “Eu sou o que posso imaginar que serei”. 
Contudo, é igualmente óbvio que um desapontamento geral 
dessa convicção por uma discrepância entre os ideais infantis e 
a realidade adolescente só pode conduzir a um 
desencadeamento do ciclo de culpa e violência, tão 
característico do homem e, no estudo, tão perigoso para a sua 
própria existência. 
4ª Idade: Produtividade ou diligência X Inferioridade 
Diagramação: Inserir uma foto de crianças em grupo, no computador. 
Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Vestibular/foto/0,,13215395-EX,00.jpg 
 Nesta fase, a criança necessita controlar a imaginação e dedicar a atenção à 
educação formal. Ela não só desenvolve um senso de aplicação, como aprende 
as recompensas da perseverança e da diligência. 
O prazer de brincar e o interesse pelos brinquedos são desviados para 
interesses mais produtivos. 
Também neste estágio, existe um perigo: o sentimento de inferioridade 
relativamente à incapacidade de dominância das tarefas que lhe são propostas 
pelos pais ou professores. 
A virtude inerente a este estádio é a competência, a criança sente-se pronta 
para conhecer, utilizar os instrumentos e máquinas, e métodos para 
desempenhar o trabalho adulto, trabalho esse que implica responsabilidades 
como ir à escola, fazer as tarefas de casa, desenvolver habilidades, de modo a 
evitar sentimentos de inferioridade. 
 12 
... um senso básico de atividade competente, adaptada tanto às 
leis do mundo instrumental quanto às regras de cooperação em 
procedimentos planejados e esquematizados. (...) uma criança 
neste estágio aprende a amar o aprender e o brincar, e a 
aprender avidamente aquelas técnicas que estão de acordo 
com o etos da produção. (ERIKSON, 1976, p. 65-66).. 
 
 
 
VERBETE 
Etos ou êthos é o termo usado na Sociologia, para definir o conjunto de 
costumes e práticas, padrões e valores, o caráter cultural singular e 
característico de um determinado grupo social ou sociedade. De êthos derivou o 
termo Ética. Fim do verbete 
 
5ª Idade: Identidade X Confusão / Difusão de papéis 
Diagramação: Inserir uma foto com adolescentes em grupo. 
Fonte: http://ieqsacogrande.files.wordpress.com/2008/08/gmj.jpg 
Chegamos finalmente à adolescência, o quinto estádio que ganha contornos 
diferentes, devido à crise psicossocial que nele ocorre. 
A vertente positiva desta crise nuclear leva o adolescente a adquirir uma 
identidade psicosocial, isto é, compreende a sua singularidade, o seu papel no 
mundo. 
Os adolescentes possuem novas e amplas potencialidades cognitivas, exploram 
e ensaiam estatutos e papéis sociais, tentando resolver uma tarefa principal: 
resolver o conflito de identidade versus confusão de identidade. A questão 
básica é: “Quem sou eu?” Uma definição ótima da identidade, além de promover 
o bem-estar, revela-se pelo “sentimento de que o corpo é como a própria casa, a 
‘sensação de saber onde se dirige’ e a convicção de ser reconhecido de 
antemão pelas pessoas que interessam” (ERIKSON, 1976, p. 165). 
 13 
A virtude fundamental que surge da crise de identidade é a fidelidade, isto é, a fé 
e a lealdade aos amigos, companheiros, grupo de valores, uma ideologia ou 
uma religião. 
A fidelidade representa o nível mais alto e desenvolvido da virtude da confiança, 
consiste na capacidade de confiar nos outros e em si mesmo. 
É necessário que o indivíduo conheça e aceite a própria identidade antes de 
estabelecer uma relação íntima e prolongada com outra pessoa. 
No estudo deste estádio, surge um importante conceito de Erikson: a moratória 
psicossocial. Erikson (1976 apud GALLATIN, 1978, p.02) refere-se à 
adolescência: “... não como um período de tempestade e tormenta, mas como 
um período de crise normativa. No lugar do ideal de tormenta da adolescência, 
ele coloca o conceito de moratória”. (). 
Para ele, muitos adolescentes têm uma evolução incompleta por terem entrado 
excessivamente rápido na vida adulta, sem um amadurecimento anterior, que só 
poderia ter sido possibilitado por uma boa vivência neste estádio. 
A possibilidade negativa da solução desta “crise” implica que o adolescente se 
sinta isolado, vazio, ansioso e indeciso, vivenciando sentimentos de 
confusão/difusão de quem ainda não se descobriu a si próprio e não sabe o que 
pretende, tendo dificuldade em fazer escolhas e tomar decisões. 
 6ª Idade: Intimidade X Isolamento 
Diagramação: Inserir a figura de um casal de adultos jovens. 
Fonte: http://blog.cancaonova.com/ananeri/files/2008/06/casal-de-
namorados.jpg 
Esta fase corresponde ao adulto jovem, que deseja estabelecer relações de 
intimidade com os outros e adquirir a capacidade necessária para o amor íntimo. 
Se não for capaz ou tiver medo de fazê-lo, pode tornar-se solitário e abstraído. 
A capacidade para conseguir uma relação íntima, desfrutar de uma genitalidade 
sexual verdadeira e plena, ou construir relações de amizade verdadeiras – fundir 
 14 
a sua identidade com a de outros – depende do sentido de identidade adquirido 
na adolescência. Conciliação da identidade sexual com os objetivos do trabalho 
e da carreira. 
A vertente negativa deste estádio traduz-se no isolamento de quem não 
consegue partilhar afetos com intimidade nas relações. 
 
7ª Idade: Generatividade X Estagnação 
Diagramação: Inserir uma foto de adultos, cuidando de filhos; professores 
com alunos. 
Fontes: 
http://imgs.sapo.pt/gfx/456403.gif 
http://www.istudy.com.br/images/aula-presencial.jpg 
 
O conflito nuclear desta idade é o conflito entre educar, cuidar do futuro, criar e 
preocupar-se exclusivamente com os seus interesses e necessidades. 
A generatividade é a capacidade de cuidar e conduzir a geração seguinte, de ser 
criativo e produtivo em diversas áreas da vida e a virtude deste período é o 
cuidado, uma obrigação crescente de cuidar das pessoase dos produtos e 
ideias que tenha aprendido. 
Existe a preocupação com os outros, pensando no futuro, no tipo de mundo que 
será deixado à próxima geração. A generatividade pode também tomar a forma 
de produtividade, criatividade ou autogeração. 
A generatividade denota mais do que educar e criar os filhos, representa uma 
preocupação com as gerações seguintes. O oposto disto, a estagnação, é 
denotada pelo egocentrismo, pela preocupação quase exclusiva com o próprio 
bem-estar e a posse de bens materiais. 
 
 15 
8ª Idade: Integridade X Desespero 
Diagramação: Inserir uma foto de pessoas idosas. 
Fonte: 
http://www.portaldoenvelhecimento.net/acervo/relatos/relatos23_arquivos/i
mage008.jpg 
 A última idade do desenvolvimento psicossocial é caracterizada por um olhar 
retrospectivo, que faz com que, ao nos aproximarmos do final vida, tenhamos a 
necessidade de avaliar o que fizemos dela, revendo escolhas, realizações, 
opções e fracassos. 
Erikson vê o ser humano, no final do ciclo vital, enfrentando a necessidade de 
aceitar o modo de vida que levou, com o objetivo de admitir a proximidade da 
morte. É a luta por alcançar a integridade e a coerência do vivido. 
Quem não consegue essa aceitação responsável é invadido pelo desespero, 
sentindo que é demasiado tarde para experimentar outras alternativas de vida. 
Os que têm êxito adquirem um sentido de realização e significado nas suas 
vidas. 
A virtude deste estádio é a sabedoria, a percepção de que não vivemos em vão. 
Ela inclui aceitar a vida que levou, a própria morte como o fim inevitável, as 
imperfeições de si mesmo, dos outros e da própria existência. 
 
A existência de uma nona idade do ciclo epigenético – a 
gerotranscendência 
Diagramação: Inserir uma foto de pessoas muito idosas. 
Fonte: 
http://blogvisao.files.wordpress.com/2007/09/20070710-idosos-thumb.jpg 
 16 
Em 1998, após a morte de Erikson, sua esposa (Joan M. Erikson) publicou uma 
versão ampliada da teoria do desenvolvimento da personalidade humana, 
incluindo um nono estádio do ciclo epigenético. 
Erikson considerava que a tarefa de alcançar a integridade do 
ego começava na meia-idade, mas que era mais importante na 
época da terceira idade. Para atingir isso, o adulto de terceira 
idade deve chegar à conclusão de quem ele é e tem sido, como 
viveu sua vida, quais as escolhas feitas, as oportunidades 
usufruídas e aquelas que foram perdidas. Envolve também a 
capacidade de aceitar a morte e a sua iminência. (BEE, 2003, p. 
571). 
A obra traz relatos do casal sobre as vivências do final da vida, destacando a 
compreensão mais ampla dos sentidos de sabedoria e integridade, e 
aglutinando-as no que chamaram de gerotranscendência, estágio final num 
processo natural rumo à maturação e à sabedoria. 
Esta fase seria caracterizada por “uma profunda mudança de perspectiva, de 
uma visão materialista e racional, para uma visão mais cósmica e 
transcendente, normalmente seguida por um aumento na satisfação de vida”. 
(ERIKSON; ERIKSON, 1998, p. 103). 
Para Erik e Joan Erikson (1998), na obra citada, a base que nos apoia até os 
últimos dias de vida é a "Confiança Básica". Essa confiança, que tivemos 
durante a nossa vida, permite-nos lidar com os elementos distônicos, que nos 
causam sofrimento. Podemos aprender com eles a viver com as inerentes 
limitações e potencialidades, características da velhice, pois temos confiança 
também em nós mesmos. 
 
VERBETE 
O termo distonia refere-se a um grupo de doenças neurológicas, crônicas e 
incapacitantes, caracterizadas por espasmos musculares involuntários que 
produzem movimentos e posturas anormais, atingindo desde pequenas partes 
corporais até o corpo todo. No texto, a expressão “elementos distônicos” é 
 17 
usada para designar os aspectos negativos, que provocam mal-estar e 
sofrimento. Fim do verbete 
Se tivermos vivendo e lidando com todos estes obstáculos e 
perdas aos noventa anos ou mais, temos um firme apoio do 
qual depender. Desde o início, nós somos abençoados com a 
confiança básica. Sem ela a vida é impossível, e com ela nós 
persistimos. Como uma força permanente, ela nos acompanhou 
e sustentou com esperança. Sejam quais forem as fontes 
específicas da nossa confiança básica, e independente de quão 
seriamente a esperança foi desafiada, ela nunca nos 
abandonou completamente. A vida sem ela é simplesmente 
impensável. Se ainda sentimos plenamente a intensidade de 
existir e esperar por novas graças e esclarecimentos, então 
temos razão para viver. Eu estou convencida de que, se os 
anciãos chegarem a um acordo com os elementos distônicos 
em suas experiências de vida no nono estágio, eles 
conseguirão avançar com sucesso no caminho que leva à 
gerotranscendência. (ERIKSON; ERIKSON, 1998, p. 95). 
 
POSSÍVEIS APLICAÇÕES EDUCACIONAIS DOS PRINCÍPIOS DE ERIKSON 
Erikson é um autor que fala muito da importância da Educação em seus escritos 
sobre o desenvolvimento humano. 
Destacaremos três aspectos da teoria de Erikson para a educação e o cotidiano 
dos processos de ensino e aprendizagem. 
a) A importância do grupo e do professor 
Diagramação: Inserir foto de alunos em grupo e com o professor. 
Fontes: 
http://oglobo.globo.com/fotos/2008/03/24/24_MHG_PEN_2403.jpg 
http://mnagano.files.wordpress.com/2007/08/classmate_professor.jpg 
Com a ênfase atribuída às relações interpessoais para o desenvolvimento 
harmonioso do ciclo epigenético da vida, Erikson (1979) atribui papel de 
destaque ao grupo, “palco” de experiências relativas da construção da 
identidade e ao professor. 
Afirma o autor: 
 18 
Bons professores, professores sadios, professores relaxados, 
professores que se sentem apoiados e respeitados pela 
comunidade, compreendem tudo isto e podem orientá-la (a 
criança). Sabem como alternar o jogo e o trabalho, brinquedo e 
estudo. Sabem como reconhecer esforços especiais, como 
encorajar prendas especiais. Sabem como dar tempo à criança 
e como lidar com aquelas crianças para as quais, por ora, a 
escola não é importante e apenas algo a ser suportado e não 
desfrutado; ou a criança para a qual, por enquanto, outras 
crianças são mais importantes que o professor. (ERIKSON, 
1979, p. 101). 
 
b) O conceito de moratória psicossocial 
Diagramação: inserir uma ilustração com grupo de adolescentes. 
Fonte: http://ego.globo.com/Gente/foto/0,,14809874-EXH,00.jpg 
Erikson (1976) é um dos autores que dá maior importância à adolescência. 
Segundo ele, é neste estádio que se consolida a identidade humana, a partir de 
conflitos, vivenciados anteriormente e prenunciando outros, que serão 
enfrentados nas “idades” da fase adulta. 
A pessoa jovem, a fim de sentir a globalidade, deve 
experimentar uma continuidade progressiva entre aquilo que foi 
durante os longos anos de infância e aquilo em que promete 
converter-se, no futuro previsto; entre aquilo que ela se concebe 
ser e aquilo que ela percebe os outros verem nela e esperarem 
dela. Individualmente falando, a identidade inclui (mas é mais 
do que) a soma de todas as identificações sucessivas desses 
primeiros anos, quando a criança queria ser como as pessoas 
de quem dependia – e frequentemente era forçada a sê-lo. A 
identidade é um produto singular que enfrenta agora uma crise 
a ser exclusivamente resolvida em novas identificações com os 
companheiros da mesma idade e com figuras de líderes fora da 
família. (ERIKSON, 1976, p. 86). 
 
É necessário, para que isto ocorra, que a família, a escola e a sociedade em 
geral tenham certa “paciência” com os jovens e os seus conflitos, procurando 
entendê-los e dando-lhes oportunidade de corrigir desvios das resoluções de 
conflitos das etapas de desenvolvimento anteriores. 
 19 
É a isto que Erikson (1976, p.157) chama de “moratória”: 
(...) um período de espera concedido a alguém que não está 
pronto para enfrentar uma obrigação ou é algo imposto a 
alguém a quem não deveriadar-se um prazo de tempo. Assim, 
entendemos por moratória psicológica um compasso de espera 
dos compromissos adultos e, no entanto, não se trata apenas 
de uma espera. É um período que se caracteriza por uma 
tolerância seletiva por parte da sociedade e uma atividade 
lúdica por parte do jovem. Contudo, também conduz, 
frequentemente, a um empenho profundo, ainda que muitas 
vezes transitório por parte do jovem, e acaba numa confirmação 
mais ou menos cerimonial desse compromisso pela sociedade. 
 
c) O desenvolvimento da identidade e do autoconceito 
Já foi suficientemente destacada a importância que esta teoria dá ao 
desenvolvimento da identidade ao longo dos nove estádios que compõem o ciclo 
vital. 
Lindahl (1988), estudando a teoria de Erikson (1976), considerou como o 
impacto continuado de situação de fracasso e desaprovações, possivelmente, 
favorece a estas crianças sentirem-se inferiorizadas. 
É como se o insucesso e as críticas constantes recebidas (como ocorre 
frequentemente na escola) levassem a uma formação distorcida da identidade. 
Destacamos três fases em especial, neste processo de integração e 
desenvolvimento harmonioso da identidade do ser humano. 
1) Comecemos pelo terceiro estágio, caracterizado por Erikson (1976) pelo 
conflito entre iniciativa e culpa. Corresponde geralmente à idade pré-escolar e é 
caracterizada, entre outros aspectos: 
 Pelo processo de diminuição da dependência e crescimento da 
independência emocional e instrumental (no desempenho de atividades). 
 Pelo interesse pelos órgãos genitais, sua manipulação e a curiosidade 
pelas diferenças sexuais. 
 Pelo que Erikson chama de “intrusão”: no desconhecido, pelos inúmeros 
 20 
porquês; nos espaços livres, pela atividade motora acentuada; no outro, 
através do tom de voz elevado, das brincadeiras agressivas. 
Todas essas ações levam à iniciativa: equilibrada e sadia ou exagerada e 
antissocial. A postura educativa dos pais e da escola é fundamental para o 
desenvolvimento da iniciativa saudável, pois cada pessoa precisa descobrir até 
onde sadiamente pode ir com suas iniciativas. 
O estilo de autoridade suave e dialógico favorece este processo, enquanto o 
estilo rígido, a autoridade dura e impositiva dificulta a integração sadia desse 
padrão. 
2) O segundo estágio do ciclo vital que escolhemos é o quarto (produtividade ou 
diligência X inferioridade), que normalmente corresponde à idade inicial da 
Educação Fundamental. 
Diagramação: Inserir uma foto de crianças do Ensino Fundamental na 
escola, realizando atividades. 
Fonte: 
http://www.detran.rs.gov.br/fotos/2003/Site/leonardodavinci/P0006819.JPG 
A criança precisa aprender a assumir tarefas e realizá-las responsavelmente, 
mesmo quando surgem dificuldades. 
Esta idade tem impacto sobre o futuro profissional do indivíduo, sobre a própria 
escolha vocacional, pois o sentimento de produtividade ou diligência tem efeito 
na prórpia construção da autoestima. 
Estimulada para o polo positivo da resolução desta crise, a criança passa a 
acreditar em si mesma, ter consciência das próprias capacidades e 
competências, aceitar, assumir e cumprir responsabilidades e desafios. Fortifica 
assim o sentimento de segurança pessoal e prepara-se para a superação dos 
desafios das fases do desenvolvimento futuras. 
 21 
3) Nosso terceiro destaque, vai para a quinta idade do homem, a adolescência, 
caracterizada, como já vimos, pelo conflito entre identidade e a difusão ou 
confusão de papéis. 
É na adolescência que o indivíduo desenvolverá as condições de crescimento 
fisiológico, maturação intelectual e responsabilidade social que irão prepará-lo 
para experimentar e ultrapassar a crise da identidade. Para Erikson (apud 
GALLATIN, 1978, p. 1), essa crise incorpora elementos de todas as outras, ou 
seja, a formação da identidade “entalha um conjunto bastante complexo de 
relação entre os diversos estágios do desenvolvimento humano e a 
adolescência está assentada no meio do caminho”. 
Em busca destas definições e em processo de independência crescente, a 
escola e os educadores têm grande importância e responsabilidades. Segundo 
Erikson (1965, p. 24): 
Na juventude, as regras da dependência infantil começam a 
cair. Não é mais o velho que ensina ao jovem o significado 
individual ou coletivo da vida. É o jovem que, por meio de suas 
respostas e ações, diz ao adulto se a vida, da maneira como é 
representada pelo idoso e representada pelo jovem, tem 
significado. E é o jovem que carrega em si o poder de confirmar 
aqueles que o confirmam, de renovar e dar nova vida, ou de 
reformar e de se rebelar. 
São naturais nesta idade, portanto, os conflitos, as atitudes críticas e 
reivindicatórias, a alternância rápida de emoções e sentimentos. 
Retornamos, ao final desta aula, à reivindicação que Erikson faz para a 
adolescência: uma “moratória” para que se possa definir a identidade e crescer, 
e concordamos com Santomé (2003, p. 211): 
Muitos adultos se queixam dos jovens, sobretudo de seu 
individualismo ou egoísmo, de seu isolamento na hora de 
resolver até mesmo seus problemas individuais. A meu ver, isto 
também é provocado pelo sistema educacional na medida em 
que esses meninos e meninas não conseguem compreender 
que os problemas individuais e particulares muitas vezes têm 
uma explicação mais coletiva, que grande parte de seus medos, 
angústias e problemas derivam das condições de vida que 
afetam os grupos humanos aos quais pertencem e que, 
portanto, uma das formas mais eficazes de enfrentá-los e 
 22 
resolvê-los passa por atuações mais coletivas, precisa da 
colaboração do restante da comunidade. 
 
ATIVIDADE FINAL (Objetivos 1 e 2) 
Com esta atividade, buscamos atingir os objetivos 1 e 2 da nossa aula: 
identificar os princípios fundamentais da teoria de Erik Erikson; e conceituar 
identidade, situando a sua evolução no ciclo epigenético da vida do homem, 
dando relevo ao período evolutivo da adolescência. 
1. A maioria dos teóricos vê a socialização como um processo inerente à 
transformação que ocorre nos estágios de desenvolvimento humano. 
Correlacione os autores abaixo com suas visões teóricas: 
1) Erik Erickson 
2) Jean Piaget 
3) Sigmund Freud 
( ) A formação da identidade infantil é marcada pela qualidade da interação entre 
a criança e o meio, e consiste em desafios cotidianos e crises que o indivíduo 
enfrenta no decorrer da vida. 
( ) O conflito faz parte do processo de socialização e formação da personalidade, 
sobretudo, pelo fato de envolver processo conscientes e inconscientes, além de 
tensões entre as instâncias psíquicas. 
( ) Os conteúdos relacionados à socialização são baseados no reconhecimento 
e nas operações com o objeto através de processos cognitivos concretos e 
abstratos. 
( ) Considerando as limitações da mente para pensar e ensaiar alternativas, a 
aquisição do papel social é derivada dos estágios de atuação, do jogo e do outro 
generalizado. 
A sequência correta é: 
A) _, 2, 1 e 3. 
 23 
B) 1, 2, 3 e _. 
C) 3, _, 2 e 1. 
D) 1, 3, 2 e _. 
E) 3, 2, _ e 1. 
2. Erik Erikson abriu caminho a uma nova fase na compreensão do 
desenvolvimento humano e possibilitou novas perspectivas à investigação na 
psicologia do desenvolvimento (Ciclo Epigenético do Desenvolvimento) e da 
personalidade (Psicologia do Ego). 
a) Comente o modelo psicossocial de Erikson, a partir dos conceitos de estádio, 
moratória e crise. 
b) Caracterize o estádio da identidade versus difusão de papéis, situando-o num 
período do desenvolvimento humano. 
Diagramação: Deixar doze linhas para a resposta. 
1) Resposta Certa – D 
2) Resposta Comentada 
a) O modelo teórico de Erikson é chamado de psicossocial porque, em 
contraposição às ideias de Freud e dos psicanalistas clássicos, dá 
destaque aos elementos sociais e ao seu impacto sobre o 
desenvolvimento humano. 
Assim, os estádios que compõem o ciclo vital são determinados pelos trêsgrandes fatores que compõem a identidade humana: biológicos, sociais e 
individuais. 
Cada estádio ou etapa do ciclo vital é caracterizado por uma crise 
normativa ou conflito nuclear, vivenciado de forma positiva, não se 
constituindo em ameaça potencial ao desenvolvimento humano 
harmonioso. São, na realidade, desafios a serem enfrentados, pontos 
nodais e decisivos do ciclo vital, em que a fragilização é conjugada com 
 24 
um considerável aumento de potencial para a superação e o atingimento 
da fase posterior. 
A sociedade precisa dar ao indivíduo, principalmente na adolescência, um 
compasso de espera nos compromissos adultos, um tempo de que ele 
necessita para vivenciar a “crise”, envolver-se em atividades de 
exploração e experimentação que lhe permitam conhecer-se melhor e 
atingir de forma satisfatória consolidação da identidade. 
b) O estádio da identidade versus difusão de papéis é vivenciado na 
adolescência e a sua tarefa fundamental é a consolidação da identidade. 
Resíduos das crises anteriores são vivenciados e a relação com o grupo 
de pares assume importância fundamental. Surge forte preocupação 
consigo mesmo e com a forma como os outros o percebem, assim como 
a vivência de “ritos de passagem” para a idade adulta. Nas tentativas e 
experiências podem surgir “identidades transitórias”, negativas, confusas 
e circunstanciais. 
 
RESUMO 
Esta aula focalizou a abordagem psicossocial do desenvolvimento humano, 
elaborada por Erik Erikson, psicanalista dissidente da Psicanálise clássica, 
freudiana. Além apresentar alguns dados biográficos de Erikson, foram 
destacados três conceitos importantes da sua teoria: o de identidade, o de 
crise normativa ou conflito nuclear e o de ciclo ou diagrama epigenético. 
Erikson descreveu oito idades que compõem este ciclo, enriquecidas por 
uma nona, elaborada pelo teórico ao final da vida. Merecem destaque as 
aplicações educacionais de alguns aspectos desta teoria: a importância do 
professor e da instituição escolar, a moratória psicossocial e a relação entre 
a identidade e a construção da autoestima do indivíduo. 
 
REFERÊNCIAS 
BEE, Helen. A criança em desenvolvimento. Porto Alegre: ARTMED, 2003. 
 25 
ERIKSON, E. H. The Challenge of Youth. New York: Garden City, 1965. 
______. Identidade, juventude e crise. Rio de Janeiro: Zahar, 1976. 
______. Infância e sociedade. Rio de Janeiro: Zahar, 1976a. 
______. Crescimento e crises. In MILLON, T. (Org.). Teorias da Psicopatologia e 
personalidade: ensaios e críticas. Rio de Janeiro: Ed. Interamericana, 1979. 
______; ERIKSON, J. M. O ciclo de vida completo. Porto Alegre: Artes Médicas, 
1998. 
GALLATIN, J. E. A adolescência e individualidade: uma abordagem conceitual 
da psicologia da adolescência. São Paulo: Harper & Row do Brasil, 1978. 
LINDAHL, N. Z. Personalidade humana e cultura: aplicações educacionais da 
teoria de Erik Erikson. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, v. 69, n. 163, 
p. 492 – 509, 1988. 
MUUS, Rolf. Teorias da Adolescência. Belo Horizonte: Interlivros, 1976. 
OSÓRIO, L. C. Adolescente hoje. Porto Alegre: Ed. Artes Médicas,1989. 
SANTOMÉ, Jurjo T. Educação em tempos de Neoliberalismo. Porto Alegre: 
ARTMED, 2003. 
 
Leitura recomendada 
NOACK, Juliane. Reflexões sobre o acesso empírico da teoria de identidade de 
Erik Erikson. Interação em Psicologia, Curitiba, v. 11, n. 1, p. 135-146, jan./jun. 
2007. Disponível em: 
<ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/psicologia/article/viewPDFInterstitial/6543/6781>. 
Acesso em: 10 ago. 2009.

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