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Objetivos 1. Identificar a etiologia e os fatores de risco do Abdome Agudo (AA) 2. Compreender a fisiopatologia do AA 3. Relatar os critérios diagnósticos e as condutas terapeutas do AA Definição Abdome agudo é definido como toda condição dolorosa de início súbito ou de evolução progressiva, localizada no abdome, que requer decisão terapêutica rápida (cirúrgica ou não), preferencialmente após definição diagnóstica. Classificação Em função de suas características fisiopatológicas, diagnósticas e terapêuticas semelhantes, a maior parte dos casos pode ser classificada em cinco grandes síndromes. Em certos casos, podem ocorrer mecanismos associados, dificultando ainda mais sua abordagem e tratamento. Abdome agudo inflamatório É o tipo mais comum de abdome agudo. Habitualmente, o processo se inicia com a obstrução mecânica de vísceras ocas normais, ou anatomicamente alteradas (divertículos, por exemplo), originando diversos fenômenos inflamatórios na parede da víscera, com tendência à progressão para infecção franca e comprometimento da vascularização do órgão. Etiopatogenia Existem diversas causas de abdome agudo inflamatório, sendo as mais frequentes a apendicite aguda, a colecistite aguda, a pancreatite aguda e a diverticulite por doença diverticular dos colos. Fisiopatologia Os dados fisiopatológicos no abdome agudo inflamatório estão relacionados com a reação do peritônio e as modificações do funcionamento no trânsito intestinal. A cavidade peritoneal é revestida pelo peritônio, uma membrana serosa derivada do mesênquima que possui uma extensa rede capilar sanguínea e linfática, com função protetora por meio da exsudação, absorção e formação de aderências. Topograficamente, a membrana peritoneal divide-se em visceral e parietal. O peritônio visceral é inervado pelo sistema nervoso autônomo e o peritônio parietal, pelo sistema nervoso cerebroespinal, o mesmo da musculatura da parede abdominal. Todo agente inflamatório ou infeccioso, ao atingir o peritônio, acarreta irritação do mesmo, cuja intensidade é diretamente proporcional ao estádio do processo etiológico. Segue-se a instalação progressiva de íleo paralítico localizado ou generalizado. Esse fenômeno é justificado pela lei de Stokes que diz: “Toda vez que a serosa que envolve uma musculatura lisa sofre irritação, esta entra em paresia ou paralisia.” Por outro lado, a resposta do peritônio parietal exterioriza-se clinicamente por dor mais bem localizada e contratura da musculatura abdominal localizada ou generalizada, dependendo da evolução do processo. Abdome agudo É importante salientar que a contratura muscular pode ser voluntária ou, mesmo, determinada por doença extra- abdominal. De fato, podemos concluir que a dor abdominal secundária à irritação do peritônio visceral (autônoma) é mal localizada e origina- se pela distensão e contração das vísceras, enquanto a dor que segue a irritação do peritônio parietal (cerebroespinal) é contínua, progressiva, piorando com a movimentação e sendo também mais localizada. Quadro clínico Da mesma forma que nos outros tipos de abdome agudo, a dor abdominal é, sem dúvida, o sintoma predominante no paciente com abdome agudo de etiologia inflamatória. Algumas características dessa dor podem sugerir a natureza do processo. Contudo, frequentemente esse sintoma é de difícil caracterização pelo paciente e má interpretação por parte do médico. Por isso, é importante a condução da anamnese. Além da dor abdominal, é possível observar sintomas associados nos quadros de abdome agudo de etiologia inflamatória. Náuseas e vômitos podem acompanhar uma série de doenças abdominais. A febre é um sintoma frequente, surgindo precocemente, sendo menos intensa no início e assumindo características próprias e maior intensidade nas fases de supuração. Alterações no hábito intestinal no abdome agudo inflamatório, especialmente a constipação, acontecem nas fases avançadas da doença devido à peritonite. Algumas vezes são observados episódios de diarreia secundários a abscesso de localização pélvica, particularmente nos casos de apendicite ou diverticulite complicada. Sintomas urológicos, como disúria e polaciúria, podem acompanhar quadros de apendicite de localização retrocecal e, mais frequentemente, quadros de diverticulite do sigmoide. Diagnóstico clínico O diagnóstico da síndrome de abdome agudo inflamatório é fundamentalmente clínico. APENDICITE AGUDA A apendicite aguda é a causa mais frequente de abdome agudo inflamatório, sendo, provavelmente, a doença cirúrgica mais comum no abdome. Incide mais frequentemente entre a segunda e terceira décadas, e reconhece na obstrução do lume apendicular, por corpo estranho (fecalito) ou processo inflamatório, seu principal agente fisiopatológico. A anamnese é de fundamental importância. A dor, anteriormente referida como o principal sintoma no abdome agudo inflamatório, localiza-se inicialmente, e mais frequentemente, no epigástrio e na região periumbilical, para, posteriormente, localizar-se na fossa ilíaca direita. De caráter contínuo, piora com a movimentação, podendo acompanhar se de náuseas e vômitos, além de febre e calafrios. Sinais sugestivos de apendicite aguda, tais como os indicados a seguir, são bem conhecidos: • Sinal de Blumberg: dor à descompressão brusca na sequência da palpação profunda da fossa ilíaca direita; • Sinal de Rovsing: dor observada na fossa ilíaca direita por ocasião da palpação profunda na fossa ilíaca e flanco esquerdo; • Sinal de Lapinsky: dor na fossa ilíaca direita desencadeada pela palpação profunda no ponto de McBurney com o membro inferior direito hiperestendido e elevado. A dor pode ser difusa e a resistência generalizada em casos de apendicite aguda complicada com peritonite difusa. A percussão da parede abdominal deve ser iniciada num ponto distante ao de McBurney, encaminhando-se para a fossa ilíaca direita, onde a dor a essa manobra será expressão da irritação peritoneal localizada. Por fim, a auscultação do abdome costuma evidenciar diminuição dos ruídos hidroaéreos, mais evidente quanto mais avançada a fase em que se encontra a apendicite aguda. Diagnosticada precocemente, a apendicite mostra sinais de peritonismo localizado, tornando-se difusa à medida que o processo inflamatório atinge toda a serosa peritoneal. COLECISTITE AGUDA A colecistite aguda pode ser definida como a inflamação química e/ou bacteriana da vesícula biliar, na maioria das vezes desencadeada a partir da obstrução do ducto cístico. Como a litíase vesicular ou colelitíase são a principal causa dessa doença, a obstrução decorre da impactação de um cálculo na região infundíbulo- colocística, com consequente hipertensão, estase, fenômenos vasculares, inflamatórios e proliferação bacteriana. A dor é a principal manifestação da colecistite aguda, frequentemente desencadeada pela ingestão de alimentos colecistocinéticos. Inicialmente, assume o caráter de cólica, expressão clínica do fenômeno obstrutivo, e a seguir torna-se contínua, como decorrência dos fenômenos vasculares e inflamatórios. A percussão abdominal revela dor ao nível do hipocôndrio direito, consequente à irritação do peritônio visceral, o mesmo ocorrendo com os ruídos hidroaéreos que se encontram diminuídos ou, até normais. É importante ressaltar que tal exuberância propedêutica pode estar mascarada em pacientes idosos ou imuno comprometidos. PANCREATITE AGUDA A pancreatite aguda é uma doença que tem como substrato um processo inflamatório da glândula pancreática, decorrente da ação de enzimas inadequadamente ativadas, que se traduz por edema, hemorragia e até necrose pancreática e peripancreática. Este quadro é acompanhado de repercussão sistêmica que vai da hipovolemia ao comprometimentode múltiplos órgãos e sistemas e, finalmente, ao óbito. Nem sempre o quadro clínico da pancreatite aguda é característico, o que, por vezes, torna difícil o seu diagnóstico. São importantes, pela frequência, a dor abdominal intensa, inicialmente epigástrica e irradiada para o dorso, em faixa ou para todo o abdome, além de náuseas e vômitos, acompanhada de parada de eliminação de gases e fezes. DIVERTICULITE DOS COLOS A diverticulite dos colos caracteriza-se pelo processo inflamatório de um ou mais divertículos, podendo estender-se às estruturas vizinhas e causar uma série de complicações. A doença diverticular dos colos compreende a diverticulose universal dos colos, a doença diverticular do sigmóide e o divertículo do ceco, cada uma dessas formas com características peculiares. Neste capítulo, serão abordados aspectos clínicos da diverticulite do sigmóide. Essa doença é mais comum em pessoas acima de 50 anos de idade, fato que contribui para o aumento da sua morbimortalidade. Do ponto de vista fisiopatológico, caracteriza-se por um processo inflamatório do divertículo e das estruturas peridiverticulares, geralmente desencadeado pela abrasão da mucosa do divertículo por um fecalito. Esse processo inflamatório rapidamente envolve o peritônio adjacente, a gordura pericólica e o mesocolo. As manifestações clínicas da doença vão desde discreta irritação peritoneal até quadros de peritonite generalizada. O sintoma principal é a presença de dor abdominal geralmente localizada na fossa ilíaca esquerda ou na região suprapúbica, à semelhança de uma apendicite do lado esquerdo. A dor, algumas vezes do tipo contínua e outras do tipo cólica, localiza-se desde o início em fossa ilíaca esquerda podendo, em determinadas circunstâncias, irradiar-se para a região dorsal do mesmo lado. É possível encontrar anorexia e náuseas. As alterações do trânsito intestinal estão caracterizadas por obstipação e algumas vezes diarréia. Quando o processo inflamatório atinge a bexiga ou o ureter, o doente manifesta sintomas urinários do tipo disúria e polaciúria. Diagnóstico laboratorial Os exames laboratoriais podem ser de grande importância no diagnóstico do abdome agudo inflamatório, devendo ser interpretados à luz do quadro clínico. De todos os exames laboratoriais o hemograma é, sem dúvida, o mais importante. A leucocitose — aumento no número total de glóbulos brancos — mostra-se discreta, em torno de 16.000/mm3, nas fases iniciais do processo. Leucocitose acima de 20.000/mm3 deve merecer avaliação mais criteriosa. A contagem dos glóbulos vermelhos — eritrócitos — assim como a dosagem do hematócrito e da hemoglobina são particularmente úteis na avaliação do estado de hidratação do doente. A medida da velocidade de hemossedimentação, quando revela níveis baixos, pode sugerir o caráter agudo do processo; níveis elevados indicam processo inflamatório ou infeccioso crônico, eventualmente agudizado. A pancreatite aguda é uma das doenças que determinam quadro de abdome agudo, no qual os exames laboratoriais têm grande valia. A amilasemia eleva-se nas primeiras 24 a 48 horas do processo, declinando a seguir. A lipasemia, ao contrário, eleva-se mais tardiamente, tendo valor principalmente prognóstico. Igual importância é dado à amilasúria e à lipasúria. Ainda na pancreatite aguda, tem importância a dosagem de glicemia, transaminases, cálcio, sódio, potássio e gasometria arterial, úteis não apenas no diagnóstico como, particularmente, na caracterização da gravidade do processo. O exame de urina é útil no diagnóstico diferencial com processos inflamatórios ou infecciosos do trato urinário, mas, principalmente, em casos de apendicite ou diverticulite, em que o comprometimento urinário se faz como consequência da proximidade das estruturas. Abdome agudo perfuratório O abdome agudo perfurativo é uma das síndromes mais frequentes entre as urgências abdominais não-traumáticas. A perfuração de vísceras ocas pode ocorrer devido a processos inflamatórios (úlceras pépticas, doenças inflamatórias intestinais), neoplásicos e infecciosos do aparelho digestivo (infecções por Salmonella tiphy, citomegalovírus, tuberculose intestinal etc.) ou a uso de medicamentos (anti-inflamatórios). Pode ainda ser decorrente da ingestão de corpos estranhos, traumatismos e iatrogenias (procedimentos diagnósticos e terapêuticos). Ainda hoje, a mortalidade da perfuração visceral se encontra entre 8 e 10%. O tratamento é sempre cirúrgico, sendo o prognóstico pior quanto maior o tempo de perfuração. Devem-se sempre associar antibióticos de largo espectro ao tratamento cirúrgico. Quadro clinico De modo geral, o quadro clínico é caracterizado pelos seguintes parâmetros: • Intervalo curto entre o início da dor e a chegada ao serviço de emergência; • Dor súbita, de forte intensidade, com difusão rápida para todo o abdome; • Sinais de sepse, hipotensão ou choque estão frequentemente presentes; • No exame do abdome, há sinais evidentes de peritonite, ausência de macicez hepática (sinal de Jobert) e de ruídos hidroaéreos. Uma série de parâmetros devem ser levados em consideração no diagnóstico e na avaliação do doente portador de abdome agudo perfurativo: • Peritonite química ou bacteriana; • Nível da perfuração; • Tempo de evolução da perfuração; • Manifestações sistêmicas ou abdominais exclusivas; • Perfuração bloqueada ou em peritônio livre; • Etiologia da perfuração. Diagnostico • Rx simples A detecção de ar livre intraperitoneal é um valioso sinal de abdome agudo perfurativo. As radiografias padrão para o diagnóstico de penumoperitônio são de tórax em ortostática, com incidência anteroposterior, e com o raio central apontando no nível das hemicúpulas, e em decúbito lateral esquerdo com raios horizontais. O gás na radiografia em decúbito lateral esquerdo coleta-se entre o fígado e a parede abdominal lateral. A radiografia feita em decúbito dorsal, como dito anteriormente, tem sensibilidade inferior na detecção de pneumoperitônio. Frequentemente, ela pode ser a única incidência radiográfica possível, logo é essencial a familiarização com os sinais de ar livre que podem aparecer nas radiografias obtidas nessa incidência. São eles: 1. Sinal de Rigler: É a visualização da parede gástrica ou intestinal pela presença de gás na luz e na cavidade peritoneal. Pode ser simulado quando duas alças intestinais distendidas por gás aparecem unidas na radiografia e por gordura intraperitoneal adjacente à parede da alça. 2. Sinal do ligamento falciforme: O gás livre tende a delinear estruturas que normalmente não são observadas na radiografia convencional, como as reflexões peritoneais e os 3. ligamentos (por exemplo, o ligamento falciforme do fígado, os ligamentos umbilicais e o úraco). Quando a cavidade está distendida com ar, o ligamento se torna radiograficamente aparente, às vezes na radiografia simples e com frequência na tomografia computadorizada • Ultrassonografia A perfuração de uma víscera oca associada à presença de pneumoperitônio pode ser ocasionalmente diagnosticada com a ultrassonografia. Nesses casos, o gás livre surge como linhas hiperecogênicas com acentuada reverberação posterior, entre a parede abdominal anterior e a superfície anterior hepática. • Tomografia Computadorizada A tomografia computadorizada, como a radiologia convencional, é excelente para a detecção de gás livre na cavidade abdominal. A localização precisa e a distribuição de gás e líquido livre fornecem chaves da natureza do processo patológico de base, podendo também ser possível estabelecer a localização da perfuração em até 80% dos casos Abdome agudo vascular Isquemia aguda Redução súbita do fluxo sanguíneo em determinada parte ou em todo o intestino de tal intensidadeque não seja possível manter sequer o metabolismo basal, havendo consequentemente morte celular e necrose. Etiologia Ocorre divisão entre as causas oclusivas e não-oclusivas. Das oclusivas podemos citar como mais frequentes a embolia (origem cardíaca, aórtica, tumoral ou por cristais de colesterol) e a trombose aguda (secundária geralmente à aterosclerose prévia) dos principais ramos arteriais viscerais. A causa predominante entre as não-oclusivas é secundaria à diminuição importante do débito cardíaco (importando menos a causa da descompensação que a magnitude da insuficiência cardíaca), que pode ou não ser acompanhada do espasmo dos vasos. Outras causas citadas compreendem o choque de origem medular ou traumático, gastroenterites, hemoconcentração, pneumonia, placenta prévia e espasmo das artérias distais associado ao abuso de cocaína, intoxicação por Ergot ou o emprego de vasopressores durante o tratamento do choque. Paradoxalmente, estados de relativa hipertensão aguda, como pós- operatório de correção de coarctação aórtica, apresentam chance de necrose intestinal. Podemos incluir como causa de sofrimento visceral a trombose das veias do sistema mesentéricoportal. As causas incluem trombose primária (sem etiologia definida) e as secundárias: deficiência de proteína C ou proteína S, antitrombina III e fator V de Leidig, além de estados de hipercoagulabilidade associados a doenças neoplásicas ou inflamatórias, trauma, hipertensão portal, cirrose e, após, escleroterapia de varizes de esôfago. Fisiopatologia . A mucosa intestinal, principalmente do delgado, é a primeira e mais gravemente afetada. Isquemia acima de uma hora pode produzir edema da submucosa seguido de desprendimento da mucosa, ulcerações e sangramento das vilosidades intestinais. Há perda da barreira entre o conteúdo intestinal e o sangue, produção de fatores inflamatórios locais que agravam as lesões através da mobilização das células de defesa e fagocitárias e risco de translocação bacteriana. Havendo a manutenção da isquemia, há piora do edema, que, associado ao processo inflamatório iniciado localmente, piora o ambiente celular local, permitindo a extensão da lesão para as demais camadas da alça. A camada muscular afetada não cumpre sua função de peristalse normal, determinando assim estase do conteúdo e aumento de pressão local, o que dificulta ainda mais a já deficiente perfusão tecidual. O último estágio desse processo mórbido compreende a gangrena de toda a parede intestinal, perda de sua estrutura física culminando em perfuração com extravasamento do conteúdo intestinal e, consequente, peritonite fecal. Quadro clinico A dor abdominal é o sintoma mais frequente e marcante. Apresenta-se praticamente em todos os casos, em maior ou menor grau. Vômitos, alteração nas características das fezes e distensão abdominal são sintomas frequentes. A ausculta abdominal pode ser aumentada, nos casos de isquemia segmentar em que a porção acometida funciona como uma obstrução, ou diminuída, quando a extensão comprometida for muito extensa, não sendo assim de muito valor prático. O toque retal eventualmente traz como dado adicional sugestivo de necrose a presença de fezes com aspecto de “geleia de amoras”, consequência da necrose de regiões da mucosa intestinal. Exames complementares O leucograma pode estar alterado com tendência a leucocitose, mas depende muito da porção, gravidade e extensão isquêmica. A amilasemia sérica também aumenta de forma moderada e a radiografia simples do abdome pode demonstrar a presença de alças paréticas e distendidas, apresentando níveis hidroaéreos, porém de forma inconstante. Perante uma isquemia extensa, geralmente o doente evolui com acidose metabólica identificada através da gasometria, preferencialmente arterial. Figura 1. Área comprometida pelo abdome agudo vascular. Fonte: Livro Medicina Interna Harrison 20ª edição. Exames de imagem O primeiro passo na abordagem diagnóstica é a radiografia simples do abdome nas incidências preconizadas. Nos casos suspeitos de abdome agudo de origem vascular, a radiografia simples geralmente fornece achados inespecíficos. Sua importância está na pesquisa de sinais indicativos de outras causas de dor abdominal. Em síntese, os critérios radiográficos mais sugestivos de infarto mesentérico são o edema da parede intestinal com impressões digitiformes, a presença de pneumatose e o aeroportograma. No entanto, é importante ressaltar que esses achados são infrequentes e já tardios no processo isquêmico, de modo que a ausência de alterações à radiografia simples não deve afastar a hipótese de isquemia intestinal. • A ultrassonografia, principalmente associada ao recurso Doppler, pode identificar a obstrução vascular e estudar o fluxo dos vasos mesentéricos, especialmente dos segmentos proximais. • A angiotomografia e a angiorressonância podem ser muito úteis, ao mostrar as alterações isquêmicas nas paredes intestinais e demonstrar o local da obstrução mesentérica, mas um exame normal não exclui o diagnóstico de isquemia mesentérica. O diagnóstico de certeza é dado pela arteriografia, que é considerada o padrão-ouro no estudo da isquemia mesentérica, por suas possibilidades diagnósticas e terapêuticas. Tratamento Recomenda-se antibiótico de largo espectro, prevenindo as complicações sépticas. Vasodilatador (papaverina) deve ser usado em todos os casos de isquemia mesentérica aguda, podendo ser o único tratamento necessário nos casos de isquemia mesentérica não oclusiva, sendo usado como adjuvante no per e pós-operatório nos demais casos, prevenindo e tratando a vasoconstrição reflexa. A abordagem cirúrgica é feita por laparotomia, e visa a restabelecer o fluxo sanguíneo, avaliar a viabilidade do intestino (antes e depois da revascularização) e ressecar segmentos intestinais inviáveis, procurando sempre evitar a síndrome do intestino curto. A decisão por relaparotomia deve ser tomada na primeira intervenção. Abdome agudo obstrutivo É causado pela presença de um obstáculo mecânico ou de uma alteração da motilidade intestinal que impede a progressão normal do bolo fecal. A obstrução intestinal compreende dois grandes grupos, segundo a causa da interrupção do trânsito: causa mecânica, que leva aos quadros de obstrução mecânica, e distúrbio da motilidade intestinal, que leva aos quadros de íleo adinâmico ou paralítico ou neurogênico (pseudo-obstrução). As causas mecânicas ocorrem pela presença de obstáculos intraluminares, como, por exemplo, cálculos biliares e bolo de áscaris, ou por fatores extraluminares, tais como as obstruções intrínsecas causadas por tumores, hematomas etc. ou pelas compressões extrínsecas, como, por exemplo, as aderências, hérnias, tumores etc. Classificações distintas são utilizadas para diferenciar as causas mecânicas: 1. Alta, quando o obstáculo ao trânsito situa-se no delgado proximal, ou baixa, quando o obstáculo situa-se no delgado distal ou no colo; Figura 2— Radiografia anteroposterior do abdome em decúbito dorsal em caso de trombose da artéria mesentérica superior secundária a invasão tumoral pancreática, demonstrando distensão gasosa difusa de alças delgadas (seta preta), com predomínio no íleo distal e ceco (ponta de seta preta). 2. Parcial, quando a oclusão da luz intestinal é incompleta, ou completa, quando a oclusão é total; 3. Aguda, quando de instalação abrupta, ou crônica (geralmente parcial), quando de instalação lenta, com períodos de melhora e piora que se estendem por vários dias ou meses (p. ex., nas doenças inflamatórias intestinais ou nas aderências); 4. Simples, quando o suprimento de sangue ao intestino encontra-se íntegro, não havendo comprometimento da vitalidade da alça, ou estrangulada, quando há comprometimentodo suprimento sanguíneo, podendo levar à isquemia e mesmo à necrose do intestino já obstruído mecanicamente; 5. Em alça fechada (p. ex., hérnias, volvos), quando existe obstáculo em dois níveis, impedindo tanto a progressão quanto o refluxo do conteúdo da alça; nessas condições, pode ocorrer grande distensão e sofrimento da alça. Etiopatogenia 1. Obstrução da luz intestinal: intussuscepção intestinal, íleo biliar, impactação (bário, bezoar, áscaris). 2. Doenças parietais: congênitas: atresias e estenoses, duplicações, divertículo de Meckel; traumáticas; inflamatórias: doença de Crohn, diverticulites; neoplásicas; miscelânea: estenose por irradiação, endometriose 3. Doenças extrínsecas: aderências; hérnias; massas extrínsecas (pâncreas anular, vasos anômalos, abscessos, hematomas, neoplasias, volvo). 4. Alterações da motilidade do intestino delgado: íleo paralítico, íleo espástico, oclusão vascular Fisiopatologia Embora a obstrução intestinal mecânica simples, a obstrução com estrangulamento, a obstrução em alça fechada e o íleo paralítico tenham muitos aspectos em comum, existem diferenças importantes na fisiopatologia e no tratamento dessas entidades. Obstrução intestinal mecânica SIMPLES As principais alterações fisiológicas do intestino com obstrução mecânica, porém com suprimento de sangue intacto, são o acúmulo de líquido e gás acima do ponto de obstrução e a alteração da motilidade intestinal, que, somados, levam a alterações sistêmicas importantes. Alguns autores demonstraram que o fator tóxico da obstrução intestinal mecânica é a perda de líquidos e eletrólitos por vômito e sequestro na alça intestinal obstruída. O acúmulo de líquido no interior da alça intestinal obstruída ocorre de modo progressivo. O movimento de líquidos entre a luz intestinal e o sangue ocorre de duas maneiras: absorção (movimento de líquido da luz intestinal para o sangue) e secreção (movimento de líquido do sangue para a luz intestinal). Após 48 horas de obstrução intestinal, o movimento de líquido é predominantemente do sangue para a luz intestinal, aumentando muito a quantidade de líquido no intestino obstruído. O mesmo fenômeno acontece com o sódio e o potássio. A composição do líquido acumulado na luz intestinal é semelhante à do plasma. O principal componente do acúmulo de líquido na alça intestinal obstruída é o aumento de secreção. Acredita-se que a distensão abdominal aumenta a secreção de prostaglandina, que, por sua vez, produz um aumento na secreção intestinal. O segmento proximal à obstrução fica repleto de líquido e eletrólitos, o que provoca mais distensão e compromete a circulação. Esse conteúdo caminha em sentido proximal, chegando a segmentos intestinais que ainda possuem a capacidade absortiva. Caso a obstrução não se resolva, esses segmentos proximais também ficam distendidos e com a circulação e a absorção comprometidas. Esse processo pode comprometer todo o intestino proximal à obstrução. Outro local de perda de líquidos e eletrólitos é a parede do intestino obstruído. A parede intestinal pode ficar bastante edemaciada a ponto de perder líquido através da serosa para a cavidade peritoneal. A quantidade de líquido e eletrólitos perdidos na parede intestinal e na cavidade peritoneal depende da extensão, da congestão venosa e edema e do tempo de obstrução. A perda mais óbvia de líquidos e eletrólitos é através do vômito ou do débito da sonda nasogástrica. A soma de todas essas perdas depleta o fluido do espaço extracelular, produzindo hemoconcentração, hipovolemia, insuficiência renal, choque e morte, a não ser que o tratamento seja instituído rapidamente. O acúmulo de gás no interior do intestino constitui um evento marcante na obstrução intestinal e é responsável pela distensão, que faz parte do quadro clínico da doença. O gás do intestino delgado é composto de ar atmosférico, que, após ter sido deglutido, foi acrescido de outros gases não encontrados no ar ambiente. A absorção do gás intestinal depende da sua pressão parcial no intestino, no plasma e no ar da respiração. O nitrogênio é pouco difundido, porque a sua pressão parcial é muito semelhante nesses três locais. Já o dióxido de carbono é muito difusível, porque a sua pressão parcial é alta no intestino, intermediária no plasma e baixa no ar. Por esse motivo, o dióxido de carbono produzido no intestino contribui muito pouco para a distensão intestinal. Assim que a obstrução ocorre, o peristaltismo intestinal aumenta como resposta do intestino a fim de resolver a obstrução. Após algum tempo, o peristaltismo contínuo é substituído por períodos intermitentes de peristaltismo aumentado, intercalados com períodos de acalmia. Os períodos de acalmia variam de acordo com o nível da obstrução. Em geral, esses períodos são de três a quatro minutos na obstrução alta e de dez a 15 minutos na obstrução intestinal distal ao nível do íleo terminal. O peristaltismo aumentado pode ser violento o bastante a ponto de traumatizar o intestino e provocar mais edema. A distensão intestinal proximal à obstrução provoca uma inibição do peristaltismo distal a ela. COM ESTRANGULAMENTO Denomina-se obstrução com estrangulamento a obstrução intestinal associada ao comprometimento da irrigação sanguínea. A compressão dos vasos do mesentério é a causa da interrupção do suprimento de sangue ao intestino, acarretando isquemia e necrose. Essa situação é frequente na obstrução por aderências, hérnias ou volvo. À compressão das veias e à dificuldade do retorno venoso soma-se o problema do acúmulo de líquido e gás já descrito, levando a pequenos sangramentos na luz intestinal e na parede das alças. O segmento de intestino necrosado libera substâncias tóxicas na cavidade peritoneal e na luz do intestino. OBSTRUÇÃO EM ALÇA FECHADA Quando uma alça intestinal esta obstruída simultaneamente nas extremidades proximal e distal, caracteriza-se uma obstrução em alça fechada. A obstrução em alça fechada pode progredir rapidamente para o estrangulamento. A interrupção do suprimento sanguíneo pode ocorrer pela mesma causa que provocou a obstrução em alça fechada (aderências, hérnia ou volvo), ou simplesmente pela grande distensão da alça obstruída. A pressão no interior da alça obstruída pode atingir níveis iguais ao do sistema venoso, interrompendo o fluxo de sangue nas veias e aumentado o edema intestinal. ÍLEO PARALÍTICO O íleo paralítico pode apresentar-se sob três formas: o íleo adinâmico, o íleo espástico e o íleo da oclusão vascular. O íleo adinâmico é o mais comum e costuma ocorrer após cirurgias abdominais. A fisiopatologia do íleo adinâmico não está completamente esclarecida, porém parece envolver o comprometimento da resposta neuro- hormonal relacionada ao intestino. O íleo espástico não é comum, porém surge em consequência de uma hiper- reatividade do intestino. Pode ocorrer na intoxicação por metais pesados, na porfiria e, às vezes, quando existe uremia. O íleo com oclusão vascular caracteriza- se por uma incapacidade de coordenação da motilidade intestinal, em consequência da morte celular resultante da isquemia. Quadro clinico Anamnese: nesse tipo de abdome agudo, a dor é em cólica e difusa em todo o abdome. Além da cólica, o paciente apresenta distensão abdominal, que é mais intensa quanto mais distal for a obstrução no trato digestivo. Apresenta, ainda, parada de eliminação de gases e fezes, náuseas e vômitos consequentes à obstrução. Como vimos, pode-se classificar o abdome agudo obstrutivo em alto ou baixo, e a caracterização desses tipos é feita pelos aspectos clínicos do paciente e não exatamente pelo local da obstrução. Assim, na obstrução alta, as náuseas e os vômitos precedem a parada de eliminação de gases e fezes, pois o paciente continua a eliminar o conteúdo intestinal a jusante do obstáculo.Já na obstrução baixa, a parada de eliminação de gases e fezes precede os vômitos, pois esses só acontecem quando todo o intestino delgado a montante da obstrução estiver distendido. A distensão abdominal é maior quanto mais baixo for o bloqueio. Quanto à distensão, ela pode ser simétrica ou assimétrica. Na obstrução do colo esquerdo, se a válvula ileocecal for continente, teremos a distensão somente do colo, determinando um abaulamento assimétrico do abdome. Se, no entanto, a válvula ileocecal for incontinente, a distensão será universal e, portanto, o abaulamento abdominal será simétrico. O abdome agudo obstrutivo pode ser, ainda, complicado ou não-complicado, na dependência de a obstrução ter determinado (ou não) isquemia e/ou perfuração de víscera intraperitoneal. EXAME FÍSICO GERAL • Alteração do estado geral; • Desidratação, fundamentalmente, devida aos vômitos e ao sequestro de líquidos nas alças intestinais; os vômitos podem acarretar, além da perda líquida, perda hidroeletrolítica, determinando, às vezes, alcalose hipocalêmica; • Taquisfigmia, devida à desidratação; • Geralmente, o quadro não é acompanhado de febre; ela aparece quando temos uma complicação do quadro (peritonite bacteriana); • Hipotensão arterial pode estar presente em quadros prolongados EXAME FÍSICO ABDOMINAL • Distensão abdominal (simétrica ou assimétrica); • Discreto desconforto à palpação, não caracterizando sinais de irritação peritoneal, a não ser quando há complicação do quadro; • Ruídos hidroaéreos aumentados em número e com alteração do timbre (timbre metálico); com o evoluir do processo e, portanto, com a isquemia da alça intestinal envolvida, os ruídos tendem a diminuir e, até se tornar ausentes. Diagnóstico clínico O diagnóstico da obstrução intestinal é feito essencialmente com os dados da anamnese e do exame físico e, geralmente, auxiliado pelos métodos de imagem. O método de imagem mais frequentemente usado é a radiografia simples do abdome, realizada com o doente em posição de pé e deitado. Mais raramente, pode-se lançar mão de estudos especiais, tais como o estudo contrastado do trato gastrointestinal, a ultrassonografia e a tomografia computadorizada. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Aconselha-se realizar a dosagem da concentração sérica de eletrólitos, a dosagem do hematócrito, da creatinina, o estudo da coagulação e a dosagem de plaquetas e leucócitos, que são úteis para se determinar a gravidade do quadro clínico e orientar a reanimação do doente. Na suspeita de íleo paralítico, a dosagem de eletrólitos séricos pode contribuir para o esclarecimento diagnóstico. Exames de imagem • Raio-x simples: em três incidências, que revelam níveis hidroaéreos, edema e distensão das alças, além de localizar o nível e o grau de obstrução, possibilitando também a identificação de corpos estranhos. Os raios X de abdome, entretanto, não detectam sinais precoces de complicação isquêmica, e, em casos de forte suspeita clínica de quadro obstrutivo, raios X normais têm baixo valor preditivo negativo. Nesses casos, outros métodos de imagem devem ser realizados. • Raio-x contrastado: a tem valor limitado, podendo, entretanto, ser utilizada em casos de obstrução intestinal parcial • Ultrassonografia: não é de uso rotineiro • Tomografia: é útil em distinguir as obstruções simples das em alça fechada (hérnia, vólvulo), que tendem a estrangular mais facilmente e devem ser operadas precocemente. A tomografia pode identificar espessamento de paredes das alças ou do mesentério, bem como a presença de gás na parede intestinal ou líquido livre na cavidade, o que pode definir a indicação cirúrgica imediata pela suspeita de complicação vascular. Tratamento O tratamento inicialmente é clínico, com descompressão gástrica e do intestino proximal através de sonda nasogástrica, hidratação venosa vigorosa e antibiótico de largo espectro. Nos casos de obstrução parcial, ocorre melhora de 75% dos casos em 24 h apenas com o tratamento clínico, indicando-se cirurgia se não ocorrer melhora após 48 h. Nos casos de obstrução completa, o tratamento clínico prepara o paciente para a cirurgia, que deve ser imediata, principalmente se há sinais de estrangulamento de alças. Abdome agudo hemorrágico Etiologia As principais causas de abdome agudo hemorrágico são gravidez ectópica rota e rotura de aneurisma da aorta abdominal. Quadro clinico Sintomas mais frequentes são: dor abdominal súbita de localização difusa e sinais de choque hipovolêmico (palidez, diminuição do tempo de enchimento capilar, hipotensão, taquicardia, sudorese fria, agitação) No começo irão prevalecer sinais de choque hipovolêmico. A dor abdominal devido à irritação peritoneal pelo sangue pode estar ausente ou em pouca intensidade no começo. Por isso que o exame físico sistêmico é rico, vai mostrar sinais de choque hipovolêmico, e o exame clínico abdominal muitas vezes é pobre, não nos dando sinais claros. Também a alguns sinais que te alertam para uma hemorragia retroperitoneal: • Sinal de Cullen: equimose periumbilical • Sinal de Gray Turner: equimose em região dos flancos • Sinal de Kehr: Dor aguda no ombro devido à presença de sangue ou outros irritantes na cavidade peritoneal, quando uma pessoa está deitada e com as pernas elevadas. Clássico sinal de ruptura de baço. Diagnostico O diagnóstico é feito através do quadro clínico e de exames de imagens. Com o paciente estável hemodinamicamente, pode-se realizar um ultrassom abdominal que irá ajudar a diagnosticar as 2 principais causas. Também pode-se utilizar uma tomografia computadorizada que irá dar mais dados de um aneurisma da aorta abdominal, como a altura do aneurisma e comprometimento das camadas da parede arterial. Além disso, algumas fontes citam a realização do lavado peritoneal diagnóstico e a culdocentese (punção do fundo de saco de Douglas) como alguns exames que podem ser feitos, ajudando no diagnóstico de hemorragia intraperitoneal e gravidez ectópica rota, respectivamente. Tratamento O tratamento inicial será pela identificação do grau de choque seguida da reposição volêmica de acordo com o grau encontrado. Após a estabilização do paciente com a reposição volêmica, ele poderá realizar ultrassom e/ou tomografia para elucidar a causa e então, realizar o tratamento adequado. Na gravidez ectópica o tratamento é cirúrgico e pode variar de uma salpingooforectomia (retirada de ovário e tuba uterina) a histerectomia total, dependendo da origem do sangramento. O sangramento de miomas subseroso pode ser tratado da mesma maneira. O tratamento de aneurisma rotos pode ser feito por via intravascular, desde que rapidamente disponível. Entre as opções cirúrgicas, é possível a colocação de próteses ou derivações vasculares, dependendo da altura do aneurisma. O tratamento da lesão de órgãos parenquimatosos abdominais (fígado, baço e rim) irá depender da estabilidade hemodinâmica do paciente, que quando é boa pode-se optar pelo tratamento não operatório. Já quando o paciente não se encontra estável, a laparotomia está indicada. Referencias 1. LOPES, Antonio Carlos (Ed.). Diagnóstico e tratamento. Editora Manole Ltda, 2006. 2. DANI, Renato; PASSOS, Maria do Carmo Friche; Gastroenterologia essencial I.ed.- Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. 3. ARAUJO JÚNIOR, Olavo Napoleão de Orientador; VASCONCELOS FILHO, Francisco Eugênio de. Abordagem inicial do abdome agudo cirúrgico. 2018. 4. SCHAFASCHECK, Gustavo Silva et al. Avaliação da dor abdominal aguda no departamento de emergência. Brazilian Journal of Health Review, v. 4, n. 5, p. 19350-19356.2021. 5. CAHALANE, M. Overview of gastrointestinal tract perforation. UpToDate (Zugriff am 09.05. 2017), 2017. 6. ZANIN, Eduardo Madalosso; BECKER, Rafaela; TONETO, MarceloGarcia. Obstrução intestinal aguda. Acta méd. (Porto Alegre), p. [6]-[6], 2016.
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