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Abdome Agudo Obstrutivo

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Objetivos 
1. Caracterizar abdome agudo obstrutivo quanto aos seguintes aspectos: 
• CONCEITO 
REFERÊNCIA: Abdome Agudo Obstrutivo – Livro Clínica – Lopes Reis 
O abdome agudo obstrutivo, síndrome decorrente de uma obstrução intestinal, é uma afecção muito freqüente que 
engloba uma grande percentagem das internações causadas por dor abdominal. 
É causado pela presença de um obstáculo mecânico ou de uma alteração da motilidade intestinal que impede a progressão 
normal do bolo fecal. A obstrução intestinal compreende dois grandes grupos, segundo a causa da interrupção do trânsito: 
causa mecânica, que leva aos quadros de obstrução mecânica, e distúrbio da motilidade intestinal, que leva aos quadros 
de íleo adinâmico ou paralítico ou neurogênico (pseudo-obstrução). 
As causas mecânicas ocorrem pela presença de obstáculos intraluminares, como, por exemplo, cálculos biliares e bolo 
de áscaris, ou por fatores extraluminares, tais como as obstruções intrínsecas causadas por tumores, hematomas etc. ou 
pelas compressões extrínsecas, como, por exemplo, as aderências, hérnias, tumores etc. 
Classificações distintas são utilizadas para diferenciar as causas mecânicas: 
1. Alta, quando o obstáculo ao trânsito se situa no delgado proximal, ou baixa, quando o obstáculo se situa no delgado 
distal ou no colo; 
2. Parcial, quando a oclusão da luz intestinal é incompleta, ou completa, quando a oclusão é total; 
3. Aguda, quando de instalação abrupta, ou crônica (geralmente parcial), quando de instalação lenta, com períodos de 
melhora e piora que se estendem por vários dias ou meses (p. ex., nas doenças inflamatórias intestinais ou nas aderências); 
4. Simples, quando o suprimento de sangue ao intestino encontra-se íntegro, não havendo comprometimento da 
vitalidade da alça, ou estrangulada, quando há comprometimento do suprimento sanguíneo, podendo levar à isquemia e 
mesmo à necrose do intestino já obstruído mecanicamente; 
5. Em alça fechada (p. ex., hérnias, volvos), quando existe obstáculo em dois níveis, impedindo tanto a progressão 
quanto o refluxo do conteúdo da alça; nessas condições, pode ocorrer grande distensão e sofrimento da alça. 
REFERÊNCIA: Tratado de Cirurgia – Sabiston 
A expressão abdome agudo refere-se a sinais e sintomas de dor e sensibilidade abdominal, uma manifestação clínica que, 
em geral, requer terapia cirúrgica de emergência. Esse cenário clínico desafiador requer uma avaliação completa e rápida 
para determinar se há necessidade de intervenção cirúrgica e para dar início à terapia adequada. Muitas doenças, algumas 
das quais não são cirúrgicas ou mesmo intra-abdominais, podem produzir dor abdominal aguda. Portanto, todo esforço 
deve ser feito para ter o diagnóstico correto a fim de que a terapia escolhida, em geral por laparoscopia ou laparotomia, 
seja apropriada. 
O diagnóstico associado de abdome agudo varia conforme a idade e o sexo. A apendicite é mais comum em jovens, 
enquanto a doença biliar, a obstrução intestinal, a isquemia e o infarto intestinal e a diverticulite são mais comuns em 
pacientes idosos. A maioria das doenças cirúrgicas associadas com abdome agudo resultam de infecção, isquemia, 
obstrução ou perfuração. 
• EPIDEMIOLOGIA 
REFERÊNCIA: Perfil clínico-epidemiológico dos pacientes acometidos por abdome agudo em um hospital de 
referência em Salvador – Revistas USP – 2019 
O tipo de abdome agudo mais prevalente foi o inflamatório, em seguida, o obstrutivo. As etiologias específicas mais 
prevalentes foram apendicite aguda, representando 32% dos casos, e neoplasia do trato gastrointestinal, com 14% dos 
pacientes acometidos. Outras etiologias específicas menos frequentes foram bridas e aderências intestinais, diverticulite 
aguda, pancreatite aguda, hérnia estrangulada, intussuscepção, hérnia interna e corpo estranho. 
REFERÊNCIA: Abdome Agudo Obstrutivo – UnaSUS 
Síndrome caracterizada por presença de obstáculo mecânico ou funcional que leve a interrupção da progressão do 
conteúdo intestinal. 
Pode ser classificado segundo: 
 Altura do obstáculo: alto (delgado proximal) ou baixo (delgado distal ou cólon); 
 Fatores desencadeantes: intraluminais ou extraluminais; 
 Grau de oclusão: total ou parcial; 
 Tempo de instalação: agudo ou crônico; 
 Situação de irrigação e vitalidade de alças: simples ou estrangulada; 
 Forma de obstrução: alça aberta (obstrução apenas distal) ou fechada (obstáculo em dois níveis). 
De acordo com Francisco et. al., os quadros de obstrução intestinal são responsáveis por 20% das internações 
hospitalares e a mortalidade é menor que 10%. Aderências é a principal causa dos quadros obstrutivos, seguido por 
hérnia estrangulada e neoplasia intestinal, segundo Vidal. 
A seguir as patologias que podem resultar em obstrução intestinal: 
→ Intestino delgado: aderências, hérnias inguinais, íleo biliar, bezoar, bolo de áscaris, estrongiloidíase, tuberculose, 
massas abdominais tumorais (linfoma, adenocarcinoma, metástases peritoniais, tumores mesentéricos e massas 
abdominais não tumorais tais como apendicite, diverticulite, invaginação, doença de crohn, pólipos, hematomas 
intramurais. Pode haver também obstrução intestinal desencadeada por abscessos, pseudocistos, aneurismas. 
→ Cólon: 55% dos pacientes têm adenocarcinoma primário de cólon, torção de volvo 12% dos casos, diverticulite em 
10% dos pacientes. 
Artigos referem que se há comprometimento de grandes extensões abdominais é importante pensar em: carcinoma, 
divertculite e volvo. Em adultos as causas de maior frequência são as aderências, hérnias e doença de Crohn, enquanto 
nos idosos deve-se pensar em neoplasias, diverticulites e fecalomas. 
Obstruções em alça fechada, embora de menor frequência, apresentam mortalidade maior, chegando a 35 % dos 
casos, em consequência da compressão vascular. 
REFERÊNCIA: HARRISON 
A morbidade e a mortalidade por obstrução intestinal aguda têm diminuído nas últimas décadas. A obstrução intestinal 
aguda é responsável por cerca de 1 a 3% de todas as hospitalizações e por um quarto de todas as internações em cirurgia 
geral de urgência ou emergência. Cerca de 80% dos casos envolvem o intestino delgado e em torno de um terço desses 
pacientes mostram evidências de isquemia significativa. A taxa de mortalidade para pacientes com estrangulamento que 
são operados dentro de 24 a 30 horas do início dos sintomas é de aproximadamente 8%, mas triplica logo depois disso. 
O volvo, que ocorre quando o intestino é torcido sobre seu eixo mesentérico, pode causar obstrução parcial ou completa 
e insuficiência vascular. O cólon sigmoide é mais comumente afetado, sendo responsável por cerca de dois terços de 
todos os casos de volvo e 4% de todos os casos de obstrução do intestino grosso. O ceco e o íleo terminal também podem 
sofrer volvo ou o ceco sozinho pode ser envolvido como uma báscula cecal. Os fatores de risco incluem 
institucionalização, presença de problemas neuropsiquiátricos que necessitem de medicamentos psicotrópicos, 
constipação crônica e idade avançada; os pacientes costumam ser acometidos na oitava ou nona décadas de vida. 
A obstrução funcional, também chamada de íleo e pseudo-obstrução, está presente quando a dismotilidade impede que 
o conteúdo intestinal progrida distalmente mesmo sem bloqueio mecânico. O íleo que ocorre após cirurgia abdominal é 
a forma mais comumente 
identificada de obstrução 
intestinal funcional, embora 
existam muitas outras causas. 
 
 
 
REFERÊNCIA: Abdome Agudo Obstrutivo – Livro de Clínica – Lopes Reis 
As obstruções intestinais podem acontecer desde a idade prematura até a nona década de vida, tendo seu pico máximo 
aos 50 anos. A idade do paciente torna-se importante, pois certas causas têm sua maior freqüência em determinadas 
faixas etárias. Assim, no neonato, devem ser consideradas as atresias, o volvo, o íleo meconial, a imperfuração anal e a 
doença de Hirchsprung. 
Já nos lactentes, devemos lembrarda invaginação intestinal, das hérnias complicadas e das obstruções por complicações 
do divertículo de Meckel. No adulto jovem e na meia-idade, devemos considerar as aderências, as hérnias e a doença de 
Crohn. Quanto mais idoso o paciente, maior a possibilidade de tratar-se de neoplasias, seguida pelas aderências, hérnias, 
diverticulites e fecalomas. 
Cerca de 20% das internações em serviço de cirurgia por acometimento agudo abdominal são devidas a obstruções 
intestinais. As causas mais comuns de obstrução intestinal são as aderências, seguidas das hérnias inguinais complicadas 
e das neoplasias intestinais. Cerca de 80% de todas as obstruções ocorrem devido a essas três causas. Cerca de 80% das 
obstruções são no intestino delgado e 20% são no intestino grosso. 
• ETIOLOGIAS 
REFERÊNCIA: Tratado de Cirurgia – Sabinston 
Causas não cirúrgicas de abdome agudo podem ser divididas 
em três categorias, endócrinas e metabólicas, hematológicas e 
toxinas ou drogas. 
Causas endócrinas e metabólicas incluem uremia, crises 
diabéticas, crises addisonianas, porfiria intermitente aguda, 
hiperlipoproteinemia aguda e febre hereditária do 
Mediterrâneo. Os distúrbios hematológicos são crises de célula 
falciforme, leucemia aguda e outras discrasias sanguíneas. As 
toxinas e substâncias que provocam abdome agudo incluem 
envenenamento por chumbo e por outros metais pesados, abstinência de narcótico e envenenamento por picada da aranha 
viúva-negra. É importante considerar essas possibilidades ao avaliar um paciente com dor abdominal aguda. 
REFERÊNCIA: Abdome Agudo Obstrutivo – Livro de Clínica – Lopes Reis 
As causas da obstrução intestinal mecânica podem ser classificadas de acordo com o modo como a obstrução acontece. 
Assim, pode ocorrer a obstrução da luz intestinal, como no íleo biliar, a redução da luz por retração e o espessamento da 
parede da alça por doença intrínseca do intestino, como ocorre na enterite ou no câncer, e a obstrução por compressão 
extrínseca do intestino, como acontece na oclusão por aderências. Por outro lado, as causas decorrentes dos distúrbios da 
motilidade intestinal levam aos quadros de íleo paralítico ou neurogênico. 
Assim, podemos enumerar: 
1. Obstrução da luz intestinal: intussuscepção intestinal, íleo biliar, impactação (bário, bezoar, áscaris). 
2. Doenças parietais: congênitas: atresias e estenoses, duplicações, divertículo de Meckel; traumáticas; inflamatórias: 
doença de Crohn, diverticulites; neoplásicas; miscelânea: estenose por irradiação, endometriose. 
3. Doenças extrínsecas: aderências; hérnias; massas extrínsecas (pâncreas anular, vasos anômalos, abscessos, 
hematomas, neoplasias, volvo). 
4. Alterações da motilidade do intestino delgado: íleo paralítico, íleo espástico, oclusão vascular. 
REFERÊNCIA: HARRISON 
As cirurgias do abdome inferior, incluindo apendicectomia e procedimentos colorretais ou ginecológicos, têm particular 
propensão a criar aderências que podem causar obstrução intestinal. Em geral, a obstrução de intestino delgado é mais 
comum em mulheres. O risco de herniação interna aumenta em procedimentos abdominais como o bypass em Y de Roux 
laparoscópico ou aberto. Embora os 
procedimentos laparoscópicos possam gerar 
menos aderências pós-operatórias em 
comparação com a cirurgia aberta, o risco de 
formação de aderências obstrutivas não é 
eliminado. 
CAUSAS MAIS COMUNS DE ÍLEO (OBSTRUÇÃO FUNCIONAL OU PSEUDOOBSTRUÇÃO INTESTINAL) 
Procedimentos intra-abdominais, lesões espinais lombares ou procedimentos cirúrgicos em coluna lombar ou pelve 
Anormalidades metabólicas ou eletrolíticas, especialmente hipopotassemia e hipomagnesemia, mas também hiponatremia, 
uremia e hiperglicemia grave 
Fármacos, como opioides, anti-histamínicos e alguns psicotrópicos (p. ex., haloperidol, antidepressivos tricíclicos) e agentes 
anticolinérgicos 
Isquemia intestinal 
Inflamação ou hemorragia intra-abdominal ou retroperitoneal 
Pneumonias em lobos inferiores 
Irradiação intraoperatória (provavelmente por lesão muscular) 
Sepse sistêmica 
Hiperparatireoidismo 
Pseudo-obstrução (síndrome de Ogilvie) 
Íleo secundário a miopatias e neuropatias viscerais hereditárias ou adquiridas que alteram a coordenação neural miocelular 
Algumas doenças vasculares do colágeno, como lúpus eritematoso ou esclerodermia 
REFERÊNCIA: Tratado de Gastroenterologia 
Podem-se classificar as obstruções intestinais em dois tipos: obstrução mecânica e obstrução funcional. 
As obstruções mecânicas podem ser classificadas de acordo com a localização do processo oclusivo, em: intraluminal, 
da parede intestinal ou extraintestinal. As obstruções do intestino delgado são aproximadamente 80% dos casos de 
obstrução intestinal mecânica, sendo a incidência igual entre homens e mulheres. Estudo polonês de 2012 mostrou que 
a média de idade entre pacientes com obstrução intestinal aguda foi de 64 anos, sendo 60% de mulheres e o intestino 
delgado foi o afetado em 76%. Assim sendo, os principais fatores de risco para obstrução intestinal são: 
→ cirurgia abdominal ou pélvica prévia; 
→ hérnia inguinal ou abdominal; 
→ doença inflamatória intestinal; 
→ história ou risco aumentado para neoplasia; 
→ radioterapia prévia; 
→ história de ingestão de corpo estranho. 
Nas lesões intraluminais, as neoplasias são causas clássicas desse tipo de obstrução, sendo o adenocarcinoma de cólon 
a principal causa no intestino grosso, responsável por mais de 50% dos casos. Com relação às lesões da parede intestinal, 
a intussuscepção é mais comum em crianças, porém pode também ocorrer em adultos. Nesse caso, tumores, pólipos e 
doença inflamatória, assim como divertículo de Meckel, estão com frequência presentes. 
Nas lesões extraintestinais, as bridas são a principal causa de obstrução intestinal do adulto e ocorrem mais comumente 
em operações do andar inferior do abdome. As hérnias externas podem causar obstrução, e seu reparo tem o objetivo 
principal de prevenir esse mal. As obstruções completas são frequentemente causadas por hérnias, sendo comuns também 
em crianças. Vale lembrar que as hérnias tais como de Spiegel, hérnia obturadora etc., embora raras, representam grande 
desafio diagnóstico. Dentre todos os tipos de hérnia, aquelas que mais frequentemente estrangulam são as hérnias 
femorais em função da inextensibilidade do seu anel. 
A obstrução funcional tem no íleo paralítico uma condição muito comum na prática clínica. Caracteriza-se pela parada 
da eliminação de gases e de fezes na ausência de oclusão. Podem se associar ao quadro náuseas, vômitos, distensão 
abdominal, dor imprecisa e não tipo cólica como na obstrução mecânica, peristalse e ruídos abdominais diminuídos ou 
ausentes. Entre suas principais causas, tem-se pós-laparotomias, distúrbios eletrolíticos, drogas, processos inflamatórios 
intra-abdominais, hemorragias retroperitoneais, isquemia intestinal e sepse. 
• FISIOPATOLOGIA 
REFERÊNCIA: Tratado de Cirurgia – Sabinston 
→ Anatomia e Fisiologia 
A dor abdominal é dividida em componentes viscerais e 
parietais. Ela tende a ser vaga e imprecisamente localizada no 
epigástrio, região periumbilical ou hipogástrio, dependendo de 
sua origem do intestino embrionário anterior, médio e 
posterior. Em geral é consequência de distensão de uma víscera 
oca. A dor na parede abdominal depende do comportamento 
das raízes dos nervos segmentar que inervam o peritônio e 
tendem a ser mais agudas e mais bem-localizadas. A dor 
referida é a dor percebida em um local distante da fonte do 
estímulo. Por exemplo, a irritação do diafragma pode produzir 
dor no ombro. 
Estabelecer se a dor é visceral, parietal ou referida é importante e, em geral, isso pode ser feito com uma história clínica 
cuidadosa. 
REFERÊNCIA: HARRISON 
FISIOPATOLOGIA – Obstrução intestinal 
As manifestações da obstrução intestinal aguda dependem 
da natureza do processo patológico subjacente, sua 
localização e alteraçõesno fluxo sanguíneo. A 
contratilidade intestinal aumentada, que ocorre proximal 
e distalmente à obstrução, é uma resposta característica. 
Subsequentemente, a peristalse intestinal diminui à 
medida que há dilatação do intestino ou estômago 
proximais ao ponto da obstrução com enchimento por 
secreções e ar deglutido. Embora o ar deglutido seja o 
principal contribuinte para a distensão intestinal, o ar 
intraluminal também pode se acumular por fermentação, 
produção local de dióxido de carbono e alteração da 
difusão de gases. 
 
A dilatação intraluminal também aumenta a pressão intraluminal. Quando a pressão intraluminal excede a pressão 
venosa, há impedimento da drenagem venosa e linfática. Surge o edema, e a parede intestinal proximal ao local do 
bloqueio pode sofrer hipoxemia. A necrose epitelial pode ser identificada dentro de 12 horas da obstrução. Por fim, o 
suprimento sanguíneo arterial pode ficar tão comprometido que há isquemia de toda a espessura da parede intestinal, 
necrose e perfuração resultante. A estase aumenta o conteúdo de bactérias dentro do jejuno e do íleo. Os microrganismos 
intraluminais mais encontrados são Escherichia coli, Streptococcus faecalis e Klebsiella, os quais também podem ser 
encontrados em linfonodos mesentéricos e outros locais distantes. 
Outras manifestações dependem do grau de hipovolemia, da resposta metabólica do paciente e da presença ou ausência 
de isquemia intestinal associada. O edema inflamatório termina aumentando a produção de espécies reativas de oxigênio 
e ativando neutrófilos e macrófagos, que se acumulam dentro da parede intestinal. Seu acúmulo, junto com alterações na 
imunidade inata, alteram os processos secretórios e neuromotores. A desidratação é causada por perda da capacidade 
absortiva intestinal normal bem como acúmulo de líquidos na parede gástrica ou intestinal e no espaço intraperitoneal. 
Anorexia e vômitos tendem a exacerbar a depleção de volume intravascular. No pior dos cenários, o qual é mais 
comumente identificado após obstruções distais, os vômitos levam a perdas gástricas de potássio, hidrogênio e cloreto, 
enquanto a desidratação estimula a reabsorção de bicarbonato pelos túbulos renais proximais. O acúmulo intraperitoneal 
de líquido, sobretudo em pacientes com obstrução intestinal distal grave, pode aumentar suficientemente a pressão intra-
abdominal a ponto de elevar o diafragma e inibir a respiração, impedindo também o retorno venoso sistêmico e 
promovendo instabilidade vascular. O comprometimento hemodinâmico grave pode levar a uma resposta inflamatória 
sistêmica e extravasamento microvascular generalizado. 
A obstrução em alça fechada ocorre quando as aberturas proximal e distal de um determinado segmento intestinal estão 
ocluídas, por exemplo, por volvo ou hérnia. Ela é o precursor mais comum do estrangulamento, mas nem toda alça 
fechada causa estrangulamento. O risco de insuficiência vascular, inflamação sistêmica, comprometimento 
Alterações fisiopatológicas da 
obstrução de intestino delgado. 
hemodinâmico e isquemia intestinal irreversível é muito maior em pacientes com obstrução em alça fechada. As 
alterações patológicas podem ocorrer mais rapidamente, estando indicada a intervenção de emergência. A isquemia 
intestinal irreversível progride para necrose transmural mesmo com a reversão da obstrução. 
Também é importante lembrar que os pacientes com obstrução colônica distal de alto grau com valva ileocecal 
competente podem apresentar obstrução em alça fechada. Nesse último caso, o ceco pode sofrer dilatação progressiva de 
tal forma que resulta em necrose isquêmica e perfuração cecal. Esse risco costuma ser maior quando o diâmetro cecal é 
maior que 12 cm, conforme informa a lei de Laplace. Os pacientes com obstrução colônica distal cujas válvulas ileocecais 
são incompetentes tendem a se apresentar mais tarde no curso da doença e simulam pacientes com obstrução de intestino 
delgado distal. 
REFERÊNCIA: Tratado de Gastroenterologia 
Fisiologia obstrutiva 
Na obstrução intestinal mecânica ocorre a distensão proximal da alça, resultante do acúmulo de secreções 
gastrointestinais e de gás, ao passo que a região distal ao bloqueio descomprime assim que o conteúdo luminal passa. O 
ar engolido e o gás proveniente da fermentação bacteriana podem acumular, adicionando-se à distensão da alça. Com a 
continuidade do processo, o intestino torna-se edematoso, a função de absorção normal é perdida e o fluido é sequestrado 
para dentro do lúmen. Inicialmente, essa distensão estimula a peristalse reflexa abaixo do ponto de oclusão, a qual diminui 
progressivamente até a completa estagnação do movimento intestinal. 
Conforme a distensão se torna mais grave, a pressão hidrostática interna aumenta até o ponto de comprimir ductos 
linfáticos e vênulas da mucosa, diminuindo a perfusão para a parede intestinal. Se a perfusão a um segmento de intestino 
é insuficiente para satisfazer as necessidades metabólicas, ocorre isquemia, resultando, eventualmente, em necrose e 
perfuração, a menos que o processo seja interrompido. Há, pelo quadro edematoso, perda de líquido para o terceiro 
espaço, gerando quadro de desidratação e hipovolemia. Se a obstrução é proximal, a desidratação pode estar 
acompanhada de hipocloremia, hipocalemia e alcalose metabólica secundários a vômitos contendo suco gástrico. 
Com a evolução do processo, um quadro sistêmico instaura-se, podendo a desidratação prolongada evoluir com oligúria, 
azotemia, hemoconcentração e até choque hipovolêmico. O aumento da distensão abdominal eleva a pressão intra-
abdominal, gerando dificuldade respiratória pela elevação do diafragma e reduzindo o retorno venoso das extremidades 
inferiores pela compressão da veia cava, potencializando os efeitos da hipovolemia. 
Caso o processo não seja interrompido, a barreira intestinal contra translocação bacteriana intraluminal é quebrada, a 
isquemia progressiva gera necrose da alça, que evolui com perfuração e, por último, ocorre o devastador evento de 
peritonite e morte por sepse. A obstrução intestinal simples pode estar associada a aumento da translocação bacteriana 
para linfonodos mesentéricos mesmo em pacientes sem infecção intra-abdominal. 
Estudo demonstra que 59% dos pacientes submetidos à laparotomia por obstrução intestinal simples tinham cultura com 
bactérias nos linfonodos mesentéricos, ao passo que apenas 4% apresentavam culturas positivas quando operados por 
outras razões. E. coli foi a bactéria mais comumente encontrada. Todavia, não está comprovado se o uso de antibióticos 
tem papel definitivo no manejo pré-operatório da obstrução intestinal simples. 
REFERÊNCIA: Abdome Agudo Obstrutivo – Lopes Reis 
Embora a obstrução intestinal mecânica simples, a obstrução com estrangulamento, a obstrução em alça fechada e o íleo 
paralítico tenham muitos aspectos em comum, existem diferenças importantes na fisiopatologia e no tratamento dessas 
entidades. 
 
→ OBSTRUÇÃO INTESTINAL MECÂNICA SIMPLES 
As principais alterações fisiológicas do intestino com obstrução mecânica, porém com suprimento de sangue intacto, são 
o acúmulo de líquido e gás acima do ponto de obstrução e a alteração da motilidade intestinal, que, somados, levam a 
alterações sistêmicas importantes. 
Alguns autores demonstraram que o fator tóxico da obstrução intestinal mecânica é a perda de líquidos e eletrólitos por 
vômito e sequestro na alça intestinal obstruída. O acúmulo de líquido no interior da alça intestinal obstruída ocorre de 
modo progressivo. 
O movimento de líquidos entre a luz intestinal e o sangue ocorre de duas maneiras: absorção (movimento de líquido da 
luz intestinal para o sangue) e secreção (movimento de líquido do sangue para a luz intestinal). Após 48 horas de 
obstrução intestinal, o movimento de líquido é predominantemente do sangue para a luz intestinal, aumentando muito a 
quantidade de líquido no intestino obstruído. 
Omesmo fenômeno acontece com o sódio e o potássio. A composição do líquido acumulado na luz intestinal é 
semelhante à do plasma. O principal componente do acúmulo de líquido na alça intestinal obstruída é o aumento de 
secreção. Acredita-se que a distensão abdominal aumenta a secreção de prostaglandina, que, por sua vez, produz um 
aumento na secreção intestinal. O segmento proximal à obstrução fica repleto de líquido e eletrólitos, o que provoca mais 
distensão e compromete a circulação. 
Esse conteúdo caminha em sentido proximal, chegando a segmentos intestinais que ainda possuem a capacidade 
absortiva. Caso a obstrução não se resolva, esses segmentos proximais também ficam distendidos e com a circulação e a 
absorção comprometidas. Esse processo pode comprometer todo o intestino proximal à obstrução. Outro local de perda 
de líquidos e eletrólitos é a parede do intestino obstruído. 
A parede intestinal pode ficar bastante edemaciada a ponto de perder líquido através da serosa para a cavidade peritoneal. 
A quantidade de líquido e eletrólitos perdidos na parede intestinal e na cavidade peritoneal depende da extensão, da 
congestão venosa e edema e do tempo de obstrução. A perda mais óbvia de líquidos e eletrólitos é através do vômito ou 
do débito da sonda nasogástrica. A soma de todas essas perdas depleta o fluido do espaço extracelular, produzindo 
hemoconcentração, hipovolemia, insuficiência renal, choque e morte, a não ser que o tratamento seja instituído 
rapidamente. 
O acúmulo de gás no interior do intestino constitui um evento marcante na obstrução intestinal e é responsável pela 
distensão, que faz parte do quadro clínico da doença. O gás do intestino delgado é composto de ar atmosférico, que, após 
ter sido deglutido, foi acrescido de outros gases não encontrados no ar ambiente. A absorção do gás intestinal depende 
da sua pressão parcial no intestino, no plasma e no ar da respiração. O nitrogênio é pouco difundido, porque a sua pressão 
parcial é muito semelhante nesses três locais. Já o dióxido de carbono é muito difusível, porque a sua pressão parcial é 
alta no intestino, intermediária no plasma e baixa no ar. Por esse motivo, o dióxido de carbono produzido no intestino 
contribui muito pouco para a distensão intestinal. 
Assim que a obstrução ocorre, o peristaltismo intestinal aumenta como resposta do intestino a fim de resolver a obstrução. 
Após algum tempo, o peristaltismo contínuo é substituído por períodos intermitentes de peristaltismo aumentado, 
intercalados com períodos de acalmia. Os períodos de acalmia variam de acordo com o nível da obstrução. Em geral, 
esses períodos são de três a quatro minutos na obstrução alta e de dez a 15 minutos na obstrução intestinal distal ao nível 
do íleo terminal. O peristaltismo aumentado pode ser violento o bastante a ponto de traumatizar o intestino e provocar 
mais edema. A distensão intestinal proximal à obstrução provoca uma inibição do peristaltismo distal a ela. 
 
→ OBSTRUÇÃO COM ESTRANGULAMENTO 
Denomina-se obstrução com estrangulamento a obstrução intestinal associada ao comprometimento da irrigação 
sanguínea. A compressão dos vasos do mesentério é a causa da interrupção do suprimento de sangue ao intestino, 
acarretando isquemia e necrose. Essa situação é mais frequente na obstrução por aderências, hérnias ou volvo. À 
compressão das veias e à dificuldade do retorno venoso soma-se o problema do acúmulo de líquido e gás já descrito, 
levando a pequenos sangramentos na luz intestinal e na parede das alças. O segmento de intestino necrosado libera 
substâncias tóxicas na cavidade peritoneal e na luz do intestino. Os fatores que mais interferem na fisiopatologia da 
obstrução com estrangulamento são os seguintes: o conteúdo da alça obstruída é tóxico; as bactérias aí presentes são 
importantes para a produção dessas toxinas; os segmentos de intestino que não estão necrosados não participam na 
formação dessas toxinas; as toxinas não passam através de mucosa normal; a absorção das toxinas é mais importante do 
que a sua produção; e os sintomas podem estar correlacionados com a formação dessas toxinas. 
→ OBSTRUÇÃO EM ALÇA FECHADA 
Quando uma alça intestinal se encontra obstruída simultaneamente nas extremidades proximal e distal, caracteriza-se 
uma obstrução em alça fechada. A obstrução em alça fechada pode progredir rapidamente para o estrangulamento. A 
interrupção do suprimento sanguíneo pode ocorrer pela mesma causa que provocou a obstrução em alça fechada 
(aderências, hérnia ou volvo), ou simplesmente pela grande distensão da alça obstruída. A pressão no interior da alça 
obstruída pode atingir níveis iguais ao do sistema venoso, interrompendo o fluxo de sangue nas veias e aumentado o 
edema intestinal. 
→ ÍLEO PARALÍTICO 
O íleo paralítico pode apresentar-se sob três formas: o íleo adinâmico, o íleo espástico e o íleo da oclusão vascular. O 
íleo adinâmico é o mais comum e costuma ocorrer após cirurgias abdominais. A fisiopatologia do íleo adinâmico não 
está completamente esclarecida, porém parece envolver o comprometimento da resposta neuro-hormonal relacionada ao 
intestino. A recuperação da motilidade intestinal no período pós-operatório de cirurgia abdominal é diferente nos vários 
segmentos do trato gastrointestinal. O intestino delgado recupera sua motilidade em aproximadamente 24 horas, o 
estômago, em 48 horas e o intestino grosso, em três a cinco dias. Além da cirurgia abdominal, outras causas de inibição 
da motilidade intestinal são as inflamações peritoneais, como a apendicite e a pancreatite aguda, as patologias que 
envolvem o retroperitônio, como a cólica ureteral, o hematoma retroperitoneal ou a fratura de coluna, as lesões torácicas, 
como a pneumonia de base do pulmão, ou as fraturas de costelas e as causas sistêmicas, como a toxemia grave, a 
hiponatremia e a hipocalemia, ou a hipomagnesemia. Drogas como a morfina, a propantelina, os antiácidos, os 
anticoagulantes, as fenotiazinas e os agentes bloqueadores ganglionares também podem provocar íleo adinâmico. 
O íleo espástico não é comum, porém surge em consequência de uma hiper-reatividade do intestino. Pode ocorrer na 
intoxicação por metais pesados, na porfiria e, às vezes, quando existe uremia. O íleo com oclusão vascular caracteriza-
se por uma incapacidade de coordenação da motilidade intestinal, em consequência da morte celular resultante da 
isquemia. 
• Manifestações clínicas 
ANAMNESE 
Nesse tipo de abdome agudo, a dor é em cólica e difusa em todo o abdome. Além da cólica, o paciente apresenta distensão 
abdominal, que é mais intensa quanto mais distal for a obstrução no trato digestivo. Apresenta, ainda, parada de 
eliminação de gases e fezes, náuseas e vômitos consequentes à obstrução. Como vimos, pode-se classificar o abdome 
agudo obstrutivo em alto ou baixo, e a caracterização desses tipos é feita pelos aspectos clínicos do paciente e não 
exatamente pelo local da obstrução. Assim, na obstrução alta, as náuseas e os vômitos precedem a parada de eliminação 
de gases e fezes, pois o paciente continua a eliminar o conteúdo intestinal a jusante do obstáculo. Já na obstrução baixa, 
a parada de eliminação de gases e fezes precede os vômitos, pois esses só acontecem quando todo o intestino delgado a 
montante da obstrução estiver distendido. A distensão abdominal é maior quanto mais baixo for o bloqueio. 
Quanto à distensão, ela pode ser simétrica ou assimétrica. Na obstrução do colo esquerdo, se a válvula ileocecal for 
continente, teremos a distensão somente do colo, determinando um abaulamento assimétrico do abdome. Se, no entanto, 
a válvula ileocecal for incontinente, a distensão será universal e, portanto, o abaulamento abdominal será simétrico. O 
abdome agudo obstrutivo pode ser, ainda, complicado ou não-complicado, na dependência de a obstrução ter determinado 
(ou não) isquemia e/ou perfuração de víscera intraperitoneal. 
EXAME FÍSICO GERAL• Alteração do estado geral; 
• Desidratação, fundamentalmente, devida aos vômitos e ao sequestro de líquidos nas alças intestinais; os vômitos podem 
acarretar, além da perda líquida, perda hidroeletrolítica, determinando, às vezes, alcalose hipocalêmica; 
• Taquisfigmia, devida à desidratação; 
• Geralmente, o quadro não é acompanhado de febre; ela aparece quando temos uma complicação do quadro (peritonite 
bacteriana); 
• Hipotensão arterial pode estar presente em quadros prolongados. 
EXAME FÍSICO ABDOMINAL 
• Distensão abdominal (simétrica ou assimétrica); 
• Discreto desconforto à palpação, não caracterizando sinais de irritação peritoneal, a não ser quando há complicação do 
quadro; 
• Ruídos hidroaéreos aumentados em número e com alteração do timbre (timbre metálico); com o evoluir do processo e, 
portanto, com a isquemia da alça intestinal envolvida, os ruídos tendem a diminuir e, até, se tornar ausentes. 
REFERÊNCIA: Tratado de Gastroenterologia 
História e exame clínico meticulosos são essenciais para estabelecimento do diagnóstico do paciente com obstrução 
intestinal. Os sintomas cardiais incluem dor abdominal em cólica, esses sintomas podem variar com o local e a duração 
da obstrução (proximal ou distal) e com o grau da obstrução (parcial ou completa). A típica dor abdominal em cólica 
associada à obstrução intestinal de delgado é frequentemente descrita como periumbilical com cólicas, ocorrendo em 
paroxismos de dor em intervalos de 4 a 5 minutos. Progressão de dor para mais localizada e constante pode indicar 
irritação peritoneal secundária a complicações como a necrose. Dor abdominal severa pode sugerir perfuração intestinal 
aguda. Náuseas e vômitos são mais comuns em quadros de obstrução mais alta (duodeno, jejuno proximal) e, muitas 
vezes, podem ser os únicos sintomas. Obstruções mais distais estão associadas a menor quantidade de vômitos e o sintoma 
inicial mais proeminente é dor 
abdominal em cólica. 
O Quadro 23.2 mostra as 
manifestações clínicas mais comuns 
das obstruções mecânicas conforme 
o local. 
 
 
Do ponto de vista do exame físico, o paciente com obstrução intestinal pode se apresentar com taquicardia e hipotensão, 
demonstrando importante desidratação existente. Febre sugere possibilidade de estrangulamento. Exame demonstra 
abdome distendido, com grau de distensão dependente do nível de obstrução. Cicatrizes cirúrgicas prévias devem ser 
observadas. 
Pode estar presente no exame físico dor abdominal leve, com ou sem massa palpável; no entanto, dor localizada ou defesa 
sugere peritonite e probabilidade de estrangulamento. A obstrução intestinal aguda é caracterizada por ruídos hidroaéreos 
de alta frequência, conhecidos como sons “metálicos”. Com a evolução da distensão intestinal, as alças tornam-se 
hipoativas e os ruídos intestinais diminuem progressivamente até completa parada do peristaltismo. 
Exame cuidadoso deve ser realizado para descartar hérnias encarceradas, assim como toque retal para avaliação de 
massas intraluminais e exame das fezes quanto à presença de sangue oculto, que pode ser indicador de doença maligna. 
REFERÊNCIA: Tratado de cirurgia – Sabinston 
As perguntas precisam ser objetivas sempre que possível e estruturadas para revelar o início, o tipo, a localização, a 
duração, a irradiação e a cronologia da dor vivenciada. É tentador questionar sobre se a dor é aguda ou se comer a 
exacerba. O estilo de arguição, com resposta sim ou não, pode facilitar a anamnese não permitindo que o paciente se 
perca em narrativas improdutivas, mas pode perder detalhes vitais e potencialmente influenciar a resposta. Uma praxe 
mais adequada de questionamento é determinar como o paciente sente a dor e/ou se qualquer coisa a torna melhor ou 
pior. Com frequência, pode-se obter mais informação observando-se como o paciente descreve a dor vivenciada. Dor 
identificada com um dedo geralmente é mais localizada e típica de inervação parietal ou inflamação peritoneal em 
comparação com a indicação da área de desconforto com a palma da mão, que é mais típica de desconforto visceral do 
intestino ou doença de órgão sólido. 
A intensidade e a gravidade da dor relacionam-se com a lesão do tecido subjacente. O início súbito de dor lancinante 
sugere condições como perfuração intestinal ou embolização arterial com isquemia, embora outras condições como cólica 
biliar possam manifestar-se subitamente também. A dor que se desenvolve e se exacerba ao longo de várias horas é típica 
de condições de inflamação progressiva ou infecção, como colecistite, colite ou obstrução intestinal. O relato de piora 
progressiva versus episódios intermitentes de dor pode ajudar a diferenciar processos infecciosos que evoluem com o 
tempo, em comparação com a dor espasmódica em cólica associada à obstrução intestinal, cólica biliar e a obstrução do 
ducto cístico, ou obstrução genitourinária. 
 
Igualmente importante ao caráter da dor é a sua localização e irradiação. A lesão ou inflamação do tecido pode deflagrar 
tanto dor somática como visceral. A dor de órgão sólido visceral no abdome é generalizada no quadrante do órgão 
envolvido, como a dor hepática no quadrante superior direito do abdome. A dor do intestino delgado é referida como dor 
periumbilical pouco localizada, enquanto a dor do cólon em geral está localizada entre o umbigo e a sínfise pubiana. 
Conforme a inflamação se expande para envolver a superfície peritoneal, as fibras de nervos parietais provenientes da 
coluna provocam sensação focal e intensa. Essa combinação de inervação é responsável pela dor periumbilical difusa 
clássica da apendicite aguda em sua fase inicial, que depois se transforma em dor intensa localizada na porção direita do 
abdome inferior, no ponto de McBurney. Se o médico se ativer ao tipo da dor atual e não investigar o seu início e 
evolução, não perceberá esses fortes indícios da história. 
A dor também pode se irradiar além do local da doença. O fígado partilha parte de sua inervação com o diafragma e pode 
criar dor referida no ombro direito mediada pelas raízes nervosas de C3-C5. A dor genitourinária comumente tem um 
padrão de irradiação. Os sintomas são primariamente na região do flanco, originando-se dos nervos esplâncnicos de T11-
L1, mas a dor em geral irradia-se para a bolsa escrotal e/ou grandes lábios no sexo feminino via plexo hipogástrico de 
S2-S4. 
As atividades que exacerbam e/ou aliviam a dor também são importantes. A ingesta de alimentos em geral exacerba a 
dor da obstrução intestinal, da cólica biliar, da pancreatite, da diverticulite ou da perfuração intestinal. O alimento pode 
aliviar a dor da úlcera péptica não perfurada ou da gastrite. Os médicos muitas vezes reconhecerão que estão avaliando 
peritonite ao considerar a história. Os pacientes com irritação peritoneal evitam qualquer atividade que mobilize o 
abdome. Eles descrevem exacerbação da dor com qualquer movimento do corpo e informam que sentem melhora da dor 
quando flexionam os joelhos. O deslocamento de carro até o hospital pode ser angustiante, com o paciente queixando-se 
de qualquer solavanco no trajeto. 
Sintomas associados podem fornecer informações importantes para o diagnóstico. Náuseas, vômito, constipação, 
diarreia, prurido, melena, hematoquezia ou hematúria são sintomas úteis se presentes e reconhecidos. Vômitos podem 
ocorrer na vigência de dor abdominal grave de qualquer causa ou como resultado de obstrução intestinal mecânica ou 
íleo. É mais provável que o vômito preceda o início da dor abdominal significativa em muitas condições clínicas, 
enquanto a dor de um abdome agudo cirúrgico manifesta-se primeiro e estimula o vômito pelas fibras medulares eferentes 
que funcionam como o gatilho de excitação das fibras aferentes da dor visceral. A constipação ou obstipação pode resultar 
tanto de obstrução mecânica quanto de redução do peristaltismo. Pode representar o problema primário e exigir laxativose agentes procinéticos, ou simplesmente ser um sintoma de uma condição subjacente. Uma história cuidadosa inclui 
verificar se o paciente continua a eliminar gases ou fezes pelo reto. A obstrução total tem mais probabilidade de associar-
se a isquemia intestinal subsequente ou perfuração, devido a ocorrência de uma distensão volumosa. A diarreia está 
associada a várias causas clínicas de abdome agudo, inclusive enterite infecciosa, doença intestinal inflamatória e 
contaminação parasitária. A diarreia com sangue pode ser observada nessas condições, da mesma forma que na isquemia 
colônica. 
A história clínica pregressa pode potencialmente ser mais útil do que qualquer outra avaliação isolada. Os diagnósticos 
de doenças preexistentes podem aumentar ou reduzir bastante a probabilidade de determinadas condições que de outro 
modo não seriam altamente consideradas. Os pacientes podem, por exemplo, relatar que a dor atual é semelhante à de 
um cálculo renal que vivenciaram anteriormente há uma década. Por sua vez, uma história anterior de apendicectomia, 
doença inflamatória pélvica ou colecistectomia pode contribuir significativamente para o diagnóstico diferencial. Durante 
o exame abdominal, todas as cicatrizes no abdome precisam ser consideradas na história clínica obtida. 
A utilização prévia de medicamentos e a história ginecológica de pacientes do sexo feminino também são importantes. 
Os medicamentos podem tanto criar condições abdominais agudas como mascarar seus sintomas. Embora uma discussão 
ampla do impacto de todos os medicamentos esteja fora do escopo deste capítulo, várias classes de medicamentos comuns 
merecem menção. O uso de opiáceos em doses pode interferir na atividade intestinal e provocar obstipação e obstrução. 
Os opiáceos também podem contribuir para espasmo do esfíncter de Oddi e exacerbar a dor biliar ou pancreática. 
Também podem suprimir a sensação dolorosa e ainda alterar o estado mental do paciente e, consequentemente, prejudicar 
a capacidade de se fazer um diagnóstico acurado. Os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) associam-se a maior risco 
de inflamação do trato gastrointestinal superior, além da possibilidade de provocar perfuração, por outro lado os 
esteroides podem bloquear a atividade protetora do muco gástrico produzido pelas células principais e, assim, reduzir a 
reação à infecção inflamatória incluindo a progressão de peritonites. Certos agentes imunossupressores elevam o risco 
de um paciente adquirir várias doenças bacterianas ou virais além de reduzir também a resposta inflamatória e diminuir 
a dor que está presente na resposta fisiológica em geral. Os anticoagulantes são mais prevalentes em pacientes 
emergenciais conforme a população envelhece. Essas substâncias podem ser responsáveis por sangramentos 
gastrointestinais, hemorragias retroperitoneais ou na mucosa retal. Também pode ser objeto de complicação o preparo 
pré-operatório do paciente e ainda ser a causa de morbidade substancial se seu uso não for detectado. 
Por último, as substâncias ocasionais podem ter influência nos pacientes com abdome agudo. O alcoolismo crônico 
associa-se fortemente à coagulopatia e hipertensão porta proveniente de doença hepática. A cocaína e meta-anfetamina 
podem provocar uma intensa reação vasoespástica, que tem como consequência uma hipertensão com risco de vida e 
isquemia cardíaca e intestinal. 
A saúde ginecológica, especificamente a história menstrual, é crucial na avaliação da dor abdominal inferior em uma 
mulher jovem. A probabilidade de gravidez ectópica, doença inflamatória pélvica, dor entre as menstruações ou 
endometriose grave pode ser suspeitada pela história ginecológica. 
EXAME FÍSICO 
Um exame físico bem-conduzido é fundamental para o desenvolvimento de um diagnóstico diferencial acurado e do 
subsequente algoritmo de tratamento. Apesar das novas tecnologias, incluindo tomografia computadorizada de alta 
resolução (TC), ultrassonografia e ressonância magnética (RM), o exame físico ainda é a parte-chave da avaliação do 
paciente e sua importância não deve ser minimizada. Médicos experientes são capazes de realizar um diagnóstico 
diferencial preciso na maioria de seus pacientes após a coleta da história e do exame físico. Os estudos por imagem e 
laboratoriais podem então ser utilizados para a confirmação adicional das hipóteses suspeitas, reordenamento dos 
diagnósticos diferenciais propostos ou, menos comumente, para sugerir 
possibilidades incomuns ainda não consideradas. 
O exame físico deve sempre começar com a inspeção geral do paciente, 
seguida pela inspeção do próprio abdome. Os pacientes com irritação 
peritoneal apresentam agravamento da dor com qualquer atividade que 
movimente ou distenda o peritônio. Tipicamente, esses pacientes ficam 
imóveis no leito durante a avaliação e, em geral, mantêm os joelhos e os 
quadris flexionados para reduzir a tensão na parede anterior do abdome. 
Doenças que provocam a dor sem irritação peritoneal, como intestino 
isquêmico e cólica biliar e ureteral, fazem com que os pacientes mudem 
continuamente de posição no leito enquanto tentam achar uma posição que 
reduza seu desconforto. Outros indícios importantes, tais como palidez, cianose e sudorese também podem ser 
observados durante a inspeção geral. 
 
• DIAGNÓSTICO COM ÊNFASE NOS EXAMES DE IMAGEM 
REFERÊNCIA: Abdome agudo obstrutivo – Clínica – Lopes Reis 
DIAGNÓSTICO CLÍNICO 
O diagnóstico da obstrução intestinal é feito essencialmente com os dados da anamnese e do exame físico e, geralmente, 
auxiliado pelos métodos de imagem. O método de imagem mais frequentemente usado é a radiografia simples do abdome, 
realizada com o doente em posição de pé e deitado. Mais raramente, pode-se lançar mão de estudos especiais, tais como 
o estudo contrastado do trato gastrointestinal, a ultra-sonografia e a tomografia computadorizada. 
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 
Aconselha-se realizar a dosagem da concentração sérica de eletrólitos, a dosagem do hematócrito, da creatinina, o estudo 
da coagulação e a dosagem de plaquetas e leucócitos, que são úteis para se determinar a gravidade do quadro clínico e 
orientar a reanimação do doente. Na suspeita de íleo paralítico, a dosagem de eletrólitos séricos pode contribuir para o 
esclarecimento diagnóstico. 
DIAGNÓSTICO POR IMAGEM 
→ INTRODUÇÃO: Os sinais encontrados nas diversas modalidades de imagem correlacionam-se com a fisiopatologia 
da obstrução intestinal: acúmulo de fluido e eletrólitos acima do ponto de obstrução, diminuição da absorção pela mucosa 
e aumento da secreção para a luz. Se a distensão for exagerada, como no caso de obstrução em alça fechada, pode ocorrer 
isquemia e necrose da parede da alça. A maioria das obstruções (80%) é decorrente de obstrução mecânica no delgado, 
sendo em 80% das vezes secundárias a bridas ou aderências. Por outro lado, as causas mais freqüentes de obstrução 
colônica são o carcinoma, o volvo de sigmóide e a diverticulite, e aderências respondem por apenas 4% das causas de 
obstrução mecânica. As quatro perguntas que precisam ser respondidas em pacientes com suspeita de abdome agudo 
obstrutivo são: 
1. Existe obstrução?; 
2. Qual o seu nível da obstrução?; 
3. Qual é a causa da obstrução? e; 
4. Existem sinais de estrangulamento ou isquemia? 
Os diversos métodos de diagnóstico por imagem são utilizados nesse sentido, principalmente a radiografia simples do 
abdome e a tomografia computadorizada. 
RADIOGRAFIA SIMPLES DO ABDOME 
A radiografia simples do abdome continua sendo a principal ferramenta para o diagnóstico do abdome agudo obstrutivo 
(AAO). Frequentemente, é o primeiro, senão o único, método utilizado, apesar da introdução de métodos seccionais de 
diagnóstico por imagem, como a ultra-sonografia (US) e a tomografia computadorizada (TC). Nesse sentido, é 
indispensável realizar todas as radiografias preconizadas para o estudo do 
abdome agudo. 
Apesar de muitoutilizada, a radiografia simples do abdome para obstrução 
de intestino delgado apresenta uma eficácia global que não ultrapassa 50 
a 60%, tendendo a diagnosticar mais casos de obstrução do que o número 
real, quando comparados à laparotomia (padrão-ouro). No entanto, quando 
há sinais claros de obstrução, a radiografia simples do abdome pode indicar 
o ponto da obstrução em cerca de 80% dos casos. Os casos duvidosos 
(cerca de 20 a 30%) podem ser reavaliados com radiografias seriadas, 
aumentando assim a eficácia do método. As obstruções proximais até a 
metade do intestino delgado tendem a evidenciar níveis de líquido 
predominantemente no quadrante superior esquerdo. 
 
 
 
 
 
 
Um número maior de alças dilatadas com níveis de líquido, arranjadas ao longo da raiz do mesentério, pode indicar 
obstrução no delgado distal ou no ceco. É de extrema importância a demonstração de sinais de obstrução e sofrimento 
de alça, como pregas edemaciadas, pneumatose intestinal e, eventualmente, gás na veia porta, sugerindo obstrução em 
alça fechada e pior prognóstico. 
Os padrões anormais de distribuição de gás variam conforme o ponto, o grau, o tempo de obstrução, a frequência de 
vômitos e a presença de sonda nasogástrica. Na obstrução gástrica, podemos observar o deslocamento inferior do colo 
transverso por um contorno com densidade de partes moles, devido à distensão gástrica com líquido em seu interior. 
Além disso, uma pequena quantidade de gás quase sempre está presente, mesmo com o estômago muito dilatado. 
Portanto, se obtivermos uma radiografia em decúbito lateral direito, podemos confirmar, pelo deslocamento do gás, que 
Fig. 8.1 — Oclusão intestinal por bridas. Radiografia do abdome em anteroposterior, ortostática. Doente com oclusão 
intestinal por bridas pós-operatórias (gastrectomia subtotal há oito anos). O quadro clínico era de cólicas e parada da 
eliminação de gases e fezes há 24 horas. Observam-se alças do delgado muito distendidas (pontas de seta brancas), com 
calibre superior a 3cm. As alças são longas e contínuas com níveis de líquido de diferentes alturas na mesma alça (setas 
brancas). Não há gás no intestino grosso. 
a densidade de partes moles que desloca o colo transverso inferiormente trata-se de 
líquido no interior do estômago. O local mais comum de obstrução gástrica é a região 
antro-piloro-duodenal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nem sempre a distensão gástrica é resultado de uma obstrução mecânica: alterações metabólicas ou induzidas por drogas 
podem alterar a peristalse do estômago. Pacientes com diabetes crônico podem apresentar atonia gástrica (gastroparesia 
diabética), um sinal de neuropatia diabética quase sempre associado à neuropatia periférica. Outras causas de dilatação 
gástrica incluem uso de morfina, uremia, hipocalemia, intoxicação por chumbo e vagotomia prévia. 
A obstrução do intestino delgado é responsável por 80% das causas de AAO e é, com certa freqüência, de difícil 
diagnóstico pela radiografia simples do abdome. Pode ser de causa extrínseca, intrínseca ou intraluminal. Exemplos de 
causas extrínsecas são as adesões ou bridas, as hérnias externas e internas, massas abdominais extraluminais tumorais 
(linfoma, metástases peritoneais, tumores mesenteriais) e massas extraluminais não-tumorais (diverticulite, doença de 
Crohn, aneurisma, hematoma e endometriose). A maioria das obstruções do intestino delgado é causada por aderências 
pós-operatórias tardias ou recentes e que podem ocorrer a partir do 3º ao 5º dia pós-operatório. As bridas representam 
cerca de 60% das obstruções do intestino delgado, sendo que mais de 80% destas são decorrentes de cirurgias prévias, 
15% de processos inflamatórios e as demais são congênitas ou de causa indeterminada. 
 
 
 
 
 
 
Radiologicamente, a característica mais importante na obstrução por bridas é a mudança súbita do calibre da alça vista 
no exame contrastado (ou tomografia), estando muito dilatada proximalmente à obstrução e colabada distalmente a esta. 
Fig. 8.2 — Obstrução antro-piloro-duodenal. Radiografia do abdome em 
anteroposterior, ortostática. Observa-se distensão da câmara gástrica (Est) e 
nível de líquido (seta negra). O colo transverso está deslocado para baixo 
(ponta de seta negra). Trata-se de um doente com estenose da região antro-
piloro-duodenal por adenocarcinoma. 
Fig. 8.3 — Distensão do delgado por processo inflamatório na fossa ilíaca direita (apendicite). Tomografia helicoidal 
sem contraste. A. O corte efetuado na altura da bacia mostra imagem de apendicolito (seta branca), demonstrada como 
imagem ovóide de densidade cálcica. Há alças de delgado dilatadas com conteúdo líquido. B. Corte no nível da bacia, 
3cm acima do corte da figura anterior. Observa-se região com densidade elevada pela presença de processo inflamatório 
periapendicular (pontas de seta brancas). Há alças de delgado dilatadas (del). C. Corte efetuado no mesogástrio. 
Observam-se alças de delgado dilatadas, com mais de 3cm de diâmetro (del) preenchendo toda a cavidade abdominal. 
Nota-se um nível de líquido (ponta de seta branca). O colo ascendente está colabado (asterisco branco). 
Na ausência de história cirúrgica, deve-se suspeitar de uma hérnia obstrutiva, e 95% delas são externas (inguinal, femoral, 
umbilical ou incisional). A presença de alça com gás abaixo dos ramos púbicos sugere hérnia inguinal como causa da 
obstrução. 
São causas intrínsecas de obstrução intestinal os tumores e processos inflamatórios envolvendo a própria parede 
intestinal, como o adenocarcinoma, o tumor carcinóide, o linfoma, a doença de Crohn (Fig. 8.4), a tuberculose, a 
gastroenterite eosinofílica, a isquemia, a enterite actínica, o hematoma da parede e a invaginação (Fig. 8.5). Esta última 
enquadra-se nessa categoria porque usualmente apresenta uma causa intrínseca, como hipertrofia do tecido linfóide 
intestinal ou pólipos, denominados “cabeça da invaginação”. 
 
 
Entre as causas intraluminais destacam-se íleo biliar (Fig. 8.6), bezoar, corpo estranho, áscaris e mecônio. 
Radiograficamente, o íleo biliar caracteriza-se por gás na via biliar, obstrução intestinal e pela presença de um cálculo 
radiopaco entremeado com gás intestinal, na alça obstruída. O conjunto desses sinais é denominado tríade de Rigler e foi 
descrito na radiografia convencional. À medida que o cálculo progride no intestino, aderem-se sedimentos do conteúdo 
intestinal, fazendo com que o cálculo aumente em diâmetro. A maioria dos cálculos obstrutivos mede mais de 2,5cm de 
diâmetro. A tomografia é um excelente método para o diagnóstico, permitindo identificar com precisão os sinais 
Fig. 8.4 — Apresentação da fase estenosante da doença de Crohn, 
levando à distensão do delgado. Radiografia do abdome em 
anteroposterior obtida durante exame de trânsito intestinal em 
paciente com quadro clínico de semi-oclusão. A radiografia mostra o 
contraste preenchendo o intestino delgado (del) e também o ceco 
(ponta de seta negra) e o colo ascendente (seta negra). Uma alça do 
íleo distal aparece com longa estenose e alterações no relevo mucoso 
(setas brancas). Há sinais de compressão extrínseca tanto da alça 
estenosada quanto de alças próximas (pontas de seta brancas) pelo 
aumento da gordura adjacente ou pela presença de abscessos 
Fig. 8.5 — Suboclusão em doente com invaginação. Radiografia do 
abdome em anteroposterior de trânsito intestinal com o contraste 
preenchendo todo o colo, delgado e delgado terminal (del), em doente 
com quadro clínico de oclusões intestinais recidivantes. A etiologia dos 
surtos de oclusão era invaginação íleo-ceco-transverso, sem causa 
definida aparente. A alça de delgado invaginante (setas brancas) é longa 
e afilada. O segmento do transverso que envolve a porção invaginada é 
claramente demonstrado (pontas de seta negras). 
radiológicos antes citados. A ultra-sonografia pode sugerir o diagnóstico quando se detecta ar na vesícula biliare 
distensão de alças de intestino delgado. 
 
A diferenciação entre obstrução mecânica e íleo adinâmico é, muitas vezes, necessária, e pode não ser possível pela 
radiografia simples. No entanto, alguns sinais radiográficos podem auxiliar na sua distinção. Por exemplo, o grau de 
dilatação das alças tende a ser maior em pacientes com obstrução mecânica do que nos com íleo adinâmico. A distensão 
intestinal é geralmente progressiva na obstrução mecânica e os níveis de líquido tendem a ser mais evidentes, bem como 
um padrão de “empilhamento de moedas” que caracteriza o espessamento das válvulas coniventes. O espessamento da 
parede intestinal, caracterizado ao exame radiológico simples pelo afastamento de alças contíguas, é também um sinal 
que favorece o diagnóstico de obstrução mecânica. É importante lembrar que com freqüência nota-se uma distensão 
difusa das alças do delgado e do colo no íleo adinâmico. 
A principal causa de obstrução colônica são os adenocarcinomas primários do colo, responsáveis por cerca de 55% dos 
casos. O local mais provável de obstrução tumoral nos colos é o sigmóide, por ser a porção mais estreita e onde as fezes 
são mais sólidas. Na radiografia simples, nota-se uma dilatação gasosa das alças proximais à obstrução e uma pobreza 
ou ausência de gás no colo distal ou reto (Fig. 8.7). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O enema baritado com simples contraste pode ser realizado e, muitas vezes, é suficiente para confirmar a presença e a 
causa da obstrução (Fig. 8.8). A tomografia e a ressonância magnética, por sua vez, são os melhores métodos para 
estadiamento da doença, na presença de neoplasia colorretal. A presença de gás no intestino delgado é variável nessa 
situação, de acordo com a competência da válvula ileocecal. Se a válvula for incompetente, permitirá o refluxo de gás 
para o intestino delgado, podendo produzir sinais radiográficos semelhantes àqueles de obstrução do delgado. 
Fig. 8.6 — Íleo biliar. Corte de tomografia helicoidal 
realizado no nível do fígado (Fig) e do baço (Bc) após a 
administração do contraste oral. Essa imagem mostra a 
vesícula biliar (seta branca) com gás e contraste (ponta de 
seta negra) em seu interior. Alças de delgado com sinais 
discretos de dilatação (seta negra) estão contrastadas. 
Fig. 8.7 — Obstrução baixa 
por adenocarcinoma de 
sigmóide. Radiografia do 
abdome em anteroposterior, 
decúbito dorsal. Observa-se 
dilatação acentuada do 
ceco/ascendente (seta branca) 
e do transverso (ponta de seta 
branca). O reto contém 
pequena quantidade de gás 
(ponta de seta negra). 
Fig. 8.8 — Radiografia do 
abdome em anteroposterior 
obtida durante a realização de 
enema baritado com simples 
contraste, do mesmo doente 
da Fig. 8.9, mostrando a 
clássica imagem de “maçã 
mordida” do carcinoma 
anular estenosante do 
sigmóide 
A perfuração colônica é uma possível complicação da obstrução do intestino grosso, ocorrendo em cerca de 7% dos 
casos, e mantém relação com o grau de dilatação. Pode ocorrer no local da obstrução ou proximalmente no local mais 
dilatado (geralmente o ceco), devido a alterações isquêmicas na parede da alça. Alguns autores referem que o diâmetro 
de 9 a 12cm sugere risco iminente de perfuração do ceco. Deve-se, contudo, considerar o fenômeno de magnificação, 
particularmente em pacientes em posição supina e a correlação clínica. Radiografias seriadas com intervalos de 12 a 24 
horas podem ser de maior valor, caso evidenciem dilatações progressivas. 
Assim como no intestino delgado, a obstrução colônica precisa ser diferenciada da dilatação não obstrutiva (ou pseudo-
obstrução). Essa condição é conhecida por síndrome de Ogilvie, por quem foi descrita, e está associada a diversas 
condições clínicas, como inflamação intra-abdominal, queimaduras, gravidez, pós-parto vaginal ou cesariana. Acredita-
se que sua fisiopatologia esteja ligada a um desequilíbrio na inervação simpática e parassimpática. As radiografias 
também mostram acentuada distensão colônica, geralmente restrita à metade direita (ceco, ascendente e metade direita 
do colo transverso). 
O megacolo tóxico caracteriza-se por sintomas infecciosos em um paciente com o colo muito dilatado à radiografia. 
Tradicionalmente, está associado à colite ulcerativa, mas pode ocorrer em outras situações (colite granulomatosa, 
amebíase, colite pseudomembranosa). Radiograficamente, é importante enfocar não só o grau de dilatação colônica 
(principalmente do colo transverso e ascendente), como também a presença ou não de pneumoperitônio. 
A segunda causa mais comum de obstrução do intestino grosso é a torção ou volvo, responsável por cerca de 12% dos 
casos. Cerca de 60% a 75% dos vôlvulos colônicos envolvem o colo sigmóide, 4%, o colo transverso e 2% a 3%, o ceco. 
A radiografia simples é diagnóstica na maioria (75%) dos casos de volvos do sigmóide: a alça dilatada preenchida por 
gás pode assumir a configuração típica de um grão de café gigante ou “U” invertido, sem haustrações, que se estende até 
a porção superior do abdome (Fig. 8.9). A persistência dessa condição pode sugerir a possibilidade de obstrução em alça 
fechada com comprometimento vascular, caracterizada pela radiografia por espessamento da parede da alça, 
esvaecimento das plicas circulares e preenchimento do segmento obstruído por fluido, formando uma densidade 
arredondada de partes moles em contato com a gordura intra-abdominal. 
 
No volvo de colo transverso, a radiografia simples mostra a imagem de “grão de café” no hemi-abdome superior (Fig. 
8.10A e B). Um enema com bário pode confirmar o diagnóstico (Fig. 8.10C). 
Fig. 8.9 — Volvo do sigmóide. Radiografia do abdome em 
anteroposterior, decúbito dorsal, em doente com quadro clínico de 
oclusões intestinais recidivantes. Observa-se dilatação do colo sigmóide 
(seta branca) com aspecto de “grão de café”. A ponta de seta branca 
aponta as paredes da alça de flexão. Proximalmente ao volvo, o colo 
apresenta-se distendido (seta negra). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O termo volvo do ceco refere-se a uma rotação do ceco no seu eixo axial, com uma dobra do colo direito, fazendo com 
que o ceco se localize no mesogástrio ou quadrante superior esquerdo. A radiografia simples é diagnóstica em 75% dos 
casos de volvo cecal, evidenciando uma alça de ceco dilatada, preenchida por gás, em localização ectópica. A terceira 
causa de obstrução do intestino grosso é a diverticulite, responsável por cerca de 10% dos casos. O melhor exame nesses 
casos é a tomografia computadorizada, pois, além de confirmar o diagnóstico, fornece informações a respeito das 
possíveis complicações, como obstrução e coleções pericolônicas. 
RADIOGRAFIA CONTRASTADA DO ABDOME 
O trânsito intestinal com bário ou iodo e o enema opaco são exames contrastados que podem ser utilizados na 
investigação diagnóstica do AAO. Quando planejamos utilizar estudos contrastados com bário, devemos estar atentos 
para o provável nível de obstrução (através de radiografias simples do abdome) e iniciar a investigação por um enema 
opaco, caso a obstrução seja baixa, ou trânsito intestinal, no caso de obstruções altas. O estudo com bário é seguro nessas 
situações. No entanto, o cirurgião pode não querer alças dilatadas preenchidas com bário se tiver que realizar uma 
laparotomia logo em seguida ao exame radiológico. 
O trânsito intestinal está contra-indicado no AAO quando existe suspeita de perfuração intestinal, estrangulamento e 
sofrimento de alça, obstrução mecânica de longa evolução ou íleo adinâmico. Nessas situações, e de uma maneira geral, 
os exames contrastados podem e devem ser substituídos por estudos tomográficos (TC), quando disponíveis. Apesar de 
os custos dos exames contrastados serem inferiores aos da TC, esse método apresenta maior eficácia e rapidez no 
diagnóstico do AAO e na definição da sua causa, tendo sido utilizado como principal alternativa complementar a 
radiografiasimples do abdome nesse grupo de pacientes. 
No trânsito intestinal, é possível identificar alças intestinais dilatadas, com diluição e lentidão da progressão do meio de 
contraste, mudança abrupta de calibre e espessamento do relevo mucoso. Radiografias seriadas são realizadas no sentido 
de se alcançar o ponto de obstrução que pode ser alcançado somente após algumas horas de exame. A identificação desse 
ponto é crucial para definir não somente o nível da obstrução mas também a sua causa, a partir da análise dos contornos 
Fig. 8.10 — Volvo do colo transverso. A. Radiografia do abdome em anteroposterior, decúbito dorsal. Observa-se a clássica 
imagem do “grão de café” no epigástrio, que significa alça do intestino grosso torcida sobre si mesma. A alça torcida está 
distendida (setas brancas), se mostradas as paredes da alça de flexão (ponta de seta branca). B. Radiografia do abdome em 
perfil, ortostática. Observase acentuada elevação das cúpulas diafragmáticas (setas negras). A alça de transverso torcida está 
muito distendida (seta branca). C. Enema baritado no volvo do colo transverso. O contraste preenche o reto (R) e o colo 
transverso (CTr), com aspecto normal. O ponto de torção está assinalado pela seta branca. Uma pequena quantidade de 
contraste ultrapassa a torção (ponta de seta branca). 
da alça intestinal ocluída. Nos casos de brida ou aderência, como causa da obstrução os contornos da extremidade da alça 
são regulares, afilando-se progressivamente. Na obstrução de causa neoplásica, nota-se irregularidade e assimetria dos 
contornos, com efeito de massa. 
Na suspeita de obstrução colônica, o enema opaco permite não somente identificar rapidamente e com precisão o ponto 
de obstrução como também diferenciar as três principais causas de oclusão baixa. Em pacientes portadores de câncer 
colorretal, é possível identificar lesão estenosante, de início abrupto e eventualmente com o típico aspecto em “mordida 
de maçã”. A diverticulite aguda, por sua vez, caracteriza-se por segmento espástico, com espessamento regular de mucosa 
e presença de divertículos. Finalmente, o vôlvulo de sigmóide é facilmente diagnosticado pela rotação da alça sobre o 
seu eixo. 
O trânsito intestinal com duplo contraste (ou enteróclise) tem sido muito pouco utilizado em nosso meio. Mesmo em 
países onde esse método diagnóstico é mais difundido, tem sido substituído pela TC na avaliação de pacientes com 
suspeita de AAO. A enteróclise apresenta as mesmas contra-indicações do trânsito intestinal convencional, com o 
agravante de ser mais incômoda para o paciente, pela necessidade de intubação gastrointestinal e por requerer material 
específico e pessoal treinado, nem sempre disponíveis. 
ULTRA-SONOGRAFIA 
A ultra-sonografia tem sido utilizada na avaliação de pacientes com AAO, geralmente combinada ao exame radiológico 
simples, com o intuito de distinguir um íleo paralítico de um quadro obstrutivo. Nesses pacientes, a US permite identificar 
alças intestinais distendidas, com níveis de líquido e aumento do peristaltismo. A US é também útil para distinguir alças 
dilatadas de intestino delgado de intestino grosso, através da identificação das válvulas coniventes. Uma das principais 
vantagens da ultra-sonografia é a demonstração da presença ou não de peristalse em alças preenchidas por líquido e 
avaliação da espessura da sua parede. A combinação de peristalse, distensão com conteúdo líquido e espessamento da 
parede sugere o diagnóstico de infarto da parede intestinal. 
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA 
A TC tem sido cada vez mais utilizada na avaliação de pacientes com suspeita de abdome agudo e particularmente de 
AAO. As principais razões pelo crescente interesse desse método no AAO são: a) na TC, não há necessidade de 
administração de meio de contraste intraluminal, pois o fluido retido serve com agente de contraste, os pacientes 
obstruídos têm muita dificuldade em ingerir quantidade suficiente de contraste e frequentemente vomitam; b) a qualidade 
diagnóstica do exame independe da propulsão do conteúdo pela peristalse do intestino delgado, muitas vezes diminuída 
ou ausente, fato esse que reduz consideravelmente o tempo de exame, quando comparado ao trânsito intestinal; c) não é 
administrado bário, portanto o exame pode ser realizado com segurança mesmo na suspeita de perfuração e 
imediatamente antes de intervenções cirúrgicas; d) a TC permite uma avaliação panorâmica de toda a cavidade abdominal 
e diagnósticos alternativos e; e) a TC é o melhor método para o diagnóstico de estrangulamento de alça intestinal, 
fornecendo informações a respeito da perfusão da parede da alça e de sua vitalidade, através do uso endovenoso de 
contraste. 
Os principais sinais tomográficos de obstrução intestinal são a distensão de alças de delgado (acima de 2,5 a 3cm de 
diâmetro), presença de níveis líquido e desproporção do calibre da alça, se identificados segmentos de fino calibre. Dessa 
forma, é possível estabelecer o nível da obstrução e sua causa. A eficácia da TC no diagnóstico de AAO de grau variado 
oscila entre 75 e 95%, com melhores resultados nas oclusões completas. A TC é também útil na diferenciação de oclusão 
mecânica e íleo adinâmico. Nesse último caso, é possível identificar dilatação global de alças intestinais, sem 
desproporção de calibre ou pontos de obstrução. 
As hérnias internas (paraduodenal e mesentérica) são causas incomuns de obstrução intestinal e são raramente suspeitadas 
pela radiografia simples. Elas geralmente ocorrem em pacientes com má rotação do intestino delgado e colo em situação 
usual. Os sinais tomográficos são os de má rotação do intestino delgado (caracterizada pela ausência da porção horizontal 
do duodeno e posicionamento anormal da veia mesentérica superior, em situação ventral e à esquerda da artéria 
mesentérica superior), agrupamento de alças de delgado no mesogástrio, uma espiral de vasos jejunais ao redor e à direita 
da artéria e veia mesentérica superior, na direção do jejuno encapsulado na região paraduodenal direita. A tomografia 
também pode mostrar o encapsulamento do jejuno atrás do pâncreas ou entre o pâncreas e o estômago. 
As hérnias externas, como as inguinais ou incisionais, são diagnosticadas através da TC, pela identificação de alças 
intestinais encarceradas no canal inguinal ou parede abdominal, com distensão de alças intestinais a montante. 
Acompanhando o seu trajeto, é possível diferenciar alças de delgado e colo. 
De maneira semelhante, a obstrução intestinal de origem tumoral é caracterizada pela identificação de massa geralmente 
com densidade de partes moles, envolvendo um determinado segmento intestinal e levando à dilatação de alças 
proximais. 
Na ausência de sinais de processo expansivo infiltrando alças intestinais ou evidências de hérnias na TC, deve-se 
considerar por exclusão bridas ou aderências como causas da obstrução intestinal. 
Finalmente, a TC com contraste endovenoso permite diagnosticar isquemia e sofrimento de alça através de sinais 
tomográficos como a hipoperfusão ou realce persistente da parede intestinal, pneumatose intestinal, espessamento 
segmentar parietal e gás no sistema porta (sinal do aeroportograma, também identificado à radiografia simples). Nesse 
sentido, a TC é o método diagnóstico mais eficaz. 
REFERÊNCIA: CECIL 
 
 
Radiografia abdominal supina mostra lucência anormal em torno das alças 
intestinais e fígado. 
Ambos os lados da parede intestinal (setas) estão delineados por gás em 
áreas (sinal de Rigler), que tipicamente exige uma grande quantidade de ar 
peritoneal livre para estar visível nas radiografias. 
 
 
 
 
• DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS 
REFERÊNCIA: Abdome agudo obstrutivo – Clínica – Lopes Reis 
As dificuldades do diagnóstico diferencial entre outros processos abdominais agudos e a obstrução intestinal só ocorrem 
quando o paciente é visto tardiamente, já instalada uma complicação. Nessa fase, a dor é contínua, comona úlcera péptica 
perfurada, na apendicite aguda ou na pancreatite aguda, não se ouve peristaltismo e há defesa muscular e sinais de 
peritonite, como nessas entidades. Uma anamnese bem feita é a chave do diagnóstico diferencial. 
É oportuno lembrar a pseudo-obstrução do intestino, que se caracteriza por ser uma doença que apresenta manifestações 
de obstrução intestinal sem lesão orgânica. Todo o trato gastrointestinal pode ser comprometido, porém é muito freqüente 
que haja predomínio em segmentos de intestino delgado. Uma forma aguda de pseudo-obstrução muito conhecida 
compromete o colo, sendo denominada síndrome de Ogilvie. Na pseudo-obstrução do intestino delgado, os sintomas 
podem ser intermitentes, durando anos. Os sintomas mais comuns são vômitos, dor abdominal e distensão abdominal. A 
pseudo-obstrução pode ser causada por miopatia visceral hereditária. Outras condições, não raro associadas à obstrução 
intestinal, porém sem uma ação causal definida, são o diabete melito, o hipotireoidismo, o feocromocitoma, o 
hipoparatireoidismo, a dermatomiosite, o lúpus eritematoso, a distrofia miotônica, a doença de Parkinson, a esclerose 
múltipla e a amiloidose. 
• COMPLICAÇÕES 
REFERÊNCIA: Obstrução intestinal aguda - Eduardo Madalosso Zanin- BVSALUD 
Manejo cirúrgico: Na maioria dos casos é o tratamento de definitivo. É indicado, basicamente, em casos de complicação 
(isquemia, necrose, perfuração ou peritonite) ou quando o tratamento conservador não foi resolutivo em mais de 48 
horas. 
• TRATAMENTO (MEDICAMENTOSO, NÃO MEDICAMENTOSO, CIRÚRGICO) 
REFERÊNCIA: Abdome Agudo Obstrutivo – Clínica – Lopes Reis 
→ CLÍNICO: 
Na fase inicial do tratamento da obstrução intestinal, de maneira geral, a abordagem clínica se aplica a todos os 
doentes. Uma vez firmado o diagnóstico, deve ser tomada a decisão de operar imediatamente ou continuar sob tratamento 
clínico. 
Em alguns doentes, portadores de obstrução mecânica parcial, o tratamento clínico apresenta alto índice de sucesso e não 
possui morbidade significativa. Exemplos dessas situações são os doentes portadores de aderências, doentes em período 
pós-operatório imediato, doentes portadores de doença intestinal inflamatória, enterite por irradiação ou diverticulite, 
doentes com neoplasias avançadas com carcinomatose peritoneal e crianças com bolo da áscaris, entre outros. 
O tratamento clínico inicia-se com a descompressão gástrica, pela passagem de sonda nasogástrica, hidratação 
parenteral, correção de distúrbios eletrolíticos, eventualmente presentes, e analgesia. A nutrição parenteral pode ser 
iniciada, caso se acredite que o doente não possa receber dieta enteral ou oral pelo menos nos cinco dias seguintes. 
Admite-se que, quando indicado adequadamente, o tratamento clínico pode obter sucesso em cerca de 90% dos casos 
de obstrução parcial. Quando o doente tem antecedentes de cirurgias abdominais prévias e suspeita-se de obstrução por 
aderências, o conhecimento do tipo de cirurgia realizada pode auxiliar na conduta, pois se admite que a possibilidade de 
sucesso com o tratamento clínico é menor nas obstruções consequentes a alguns tipos de procedimentos, como as 
cirurgias da aorta abdominal, cirurgias de anexos pélvicos, de apendicite e para tratamento de obstrução por neoplasias. 
Nesses doentes, deve-se considerar a possibilidade de tratamento cirúrgico precoce. A ausência de melhora clínica nas 
primeiras 12 horas é sugestiva de insucesso do tratamento clínico e, depois de 48 horas de tratamento clínico sem 
resolução do quadro, as chances de resolução sem cirurgia diminuem e o índice de complicações aumenta 
consideravelmente. Assim, em princípio, não havendo melhora, ou havendo piora nas 12 horas iniciais de tratamento 
clínico, deve-se considerar a conveniência de indicar o tratamento cirúrgico. 
É geralmente difícil estabelecer o diagnóstico diferencial entre íleo paralítico e obstrução intestinal no pós-operatório 
precoce de cirurgias abdominais, pois os sintomas em ambos os casos são muito semelhantes. A radiografia simples do 
abdome pode contribuir para o diagnóstico, mas raramente os sinais radiológicos são conclusivos. O estudo do trânsito 
intestinal com contraste baritado é útil para a diferenciação entre a obstrução mecânica e o íleo, mas apresenta falhas em 
até 30% dos casos. A eficácia da ultra-sonografia do abdome nesses casos ainda não está determinada. A grande maioria 
(até 90%) das obstruções mecânicas no pós-operatório precoce é causada por aderências, e as principais indicações para 
a cirurgia nesses doentes são a piora do estado clínico e dos sintomas de obstrução e a não-resolução do quadro após 
duas semanas de tratamento clínico. 
REFERÊNCIA: Tratado de Cirurgia – Sabiston 
Hidratação com Líquidos e Antibióticos 
Pacientes com obstrução intestinal geralmente são desidratados e depletados de sódio, cloreto e potássio, que necessitam 
de reposição IV agressiva com uma solução salina isotônica, com Ringer lactato. O débito urinário deve ser monitorado 
pela colocação de um cateter de Foley. Após o paciente ter eliminado um volume urinário adequado, o cloreto de potássio 
deve ser acrescentado à infusão, se necessário. As medidas seriadas de eletrólitos, assim como o hematócrito e a contagem 
leucocitária, são realizadas para avaliar a adequação da reposição de líquidos. Devido à grande necessidade de líquidos, 
particularmente os idosos podem precisar de uma cateterização venosa central e, em alguns casos, a utilização do cateter 
de Swan-Ganz. 
Os antibióticos de amplo espectro são utilizados profilaticamente por alguns cirurgiões a partir dos achados relatados 
de translocação bacteriana, que podem ocorrer até mesmo em simples obstruções mecânicas. Além disso, os antibióticos 
são administrados como profilaxia para uma possível ressecção ou uma enterotomia inadvertida durante a operação. 
Descompressão com Sonda 
Além da reanimação com fluidos IV, outro adjuvante importante para o tratamento de suporte dos pacientes com 
obstrução intestinal é a aspiração nasogástrica. Esta é feita com sonda de Levin que esvazia o estômago, reduzindo o 
risco de aspiração pulmonar de vômito, e minimiza a distensão intestinal de ar deglutido no pré-operatório. O uso de 
sondas intestinais longas (p. ex., sondas de Cantor ou de Baker) foi advogado por alguns grupos. No entanto, estudos 
randomizados prospectivos não demonstraram nenhuma diferença significativa no que concerne à descompressão obtida, 
ao sucesso do tratamento não operatório ou à taxa de morbidade após a intervenção cirúrgica comparada com o emprego 
de sondas nasogástricas. Além do mais, o emprego de tubos longos foi associado a uma permanência hospitalar 
prolongada, duração de íleo pós-operatório significativamente mais longa e complicações pós-operatórias em algumas 
séries. Portanto, parece que as sondas intestinais longas não oferecem qualquer benefício no contexto pós-operatório com 
relação às sondas nasogástricas. 
Os pacientes com uma obstrução intestinal parcial podem ser tratados conservadoramente apenas com hidratação e 
descompressão, por meio de uma sonda nasogástrica. A resolução dos sintomas e a alta hospitalar sem a necessidade de 
uma operação foram relatadas em 60% a 85% dos pacientes com obstrução parcial. A enteróclise pode ajudar a 
determinar o grau da obstrução, em casos de obstruções parciais de maior grau demandando uma intervenção cirúrgica 
precoce. Apesar de se justificar uma tentativa inicial de tratamento não operatório na maioria dos pacientes com obstrução 
parcial do intestino delgado, deve-se enfatizar que a piora do estado clínico com distensão abdominal progressiva 
constatada nas radiografias do abdome na vigência da descompressão por meio de um tubo justifica uma intervenção 
operatória imediata. A decisão de continuar o tratamento não operatório em um paciente com uma obstrução intestinal 
presumível, baseia-se no julgamento clínico

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