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METODOLOGIA DA PESQUISA JERONIMO BECKER FLORES 2METODOLOGIA DA PESQUISA SUMÁRIO CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFTEC Rua Gustavo Ramos Sehbe n.º 107. Caxias do Sul/ RS REITOR Claudino José Meneguzzi Júnior PRÓ-REITORA ACADÊMICA Débora Frizzo PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO Altair Ruzzarin DIRETORA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EAD) Lígia Futterleib Desenvolvido pelo Núcleo de Educação a Distância (EAD) Designer Instrucional Sabrina Maciel Diagramação, Ilustração e Alteração de Imagem Jaimerson Cabral, Sabrina Maciel Revisora Caiani Lopes Martins PESQUISA, CIÊNCIA E CONHECIMENTO 3 Conhecimento e pesquisa 4 Pesquisa 6 Processo de construção do conhecimento 7 Aprender na sociedade do conhecimento 7 O projeto de pesquisa 11 Definições em relação à pesquisa 15 Atividades 21 A PESQUISA ACADÊMICA 23 O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) 27 Atividades 37 Gabaritos 41 REFERÊNCIAS 42 3METODOLOGIA DA PESQUISA PESQUISA, CIÊNCIA E CONHECIMENTO Nos tornamos pesquisadores a partir do momento em que fazemos pesquisa. A principal ferramenta do pesquisador será a sua curiosidade para buscar respostas e novas perguntas. A pesquisa está presente em distintas áreas do conhecimento. Seja nas ciências exatas e da Terra, sociais, humanas ou até mesmo em situações do cotidiano como encontrar o melhor preço, os serem humanos estão constantemente pesquisando. Neste capítulo estudaremos alguns conceitos fundamen- tais para a pesquisa científica. Eles poderão se constituir em bases relevantes para o momento em que você precisar escrever um trabalho acadêmico como, por exemplo, um trabalho de conclusão de curso ou um artigo científico. O que vem na sua cabeça quando você pensa em um cientista? Muitas pessoas imaginam um homem, de idade avançada, solitário, trancado em um laboratório ou bibliote- ca. Essa imagem equivocada e incompleta foi estereotipada a partir de figuras como Albert Einstein e Nicola Tesla e por 4METODOLOGIA DA PESQUISA caricaturas feitas pela mídia e pelo cinema. Qualquer pessoa pode ser um cientista, sendo caracterizado principalmente pela habilidade de questionar e duvidar, em um movimento cíclico de respostas e novas perguntas. Também não pense no cientista apenas como alguém que manipula tubos de ensaio ou que realiza muitos cálculos. Uma parte significativa da ciência visa fenômenos humanos e subjetivos, que não podem ser medidos ou testados. Você se vê como um cientista? Pois isto acontecerá muito em breve, quando você precisar re- alizar um trabalho de conclusão de curso, uma vez que você estará utilizando méto- dos científicos para realizar uma pesquisa. Conhecimento e pesquisa Conhecimento é um conceito com- plexo, subjetivo e de difícil definição. Primeiramente precisamos compreender que informação e conhecimento não são sinônimos. Podemos ter informações a respeito de um dado assunto, mas não possuir conhecimento sobre ele. Coll (1999) entende que a informação con- siste em um conjunto de dados dotados de sentido. Por exemplo, podemos ter informações a respeito do sistema polí- tico americano, mesmo sem saber como ele funciona profundamente. Ou então, um agricultor deposita três sementes de milho em uma cova, pois tem a infor- mação que deve ser feito dessa maneira, mas não conhece o processo de polini- zação da planta. Já o conhecimento, se relaciona a algo que o sujeito reconstruiu internamente, lhe é próprio (COLL, 1999). Assim, podemos dizer que uma pessoa pode adquirir informações a partir de jornais, revistas e da internet, mas o conhecimento se relaciona a sua reconstrução mental e interna de tais informações. A definição clássica de conheci- mento, Platão nos diz que é uma crença verdadeira e justificada (GERHARDT; SILVEIRA, 2009). 5METODOLOGIA DA PESQUISA Conhecimento Teológico O conhecimento teológico, também chamado de religioso, está vinculado às crenças, a fé e a própria religião de cada pessoa. É uma forma de conhecimento em que as suas origens ou consequências não estão em discussão envolvendo a formação moral e espiritual de cada um (GERHARDT; SILVEIRA, 2009). Assim, é possível que uma pessoa acredite que foi curada por ter bebido a água de determinada fonte, enquanto outro acredite na reencarnação do espírito ou que entidades da natureza possam operar milagres. Fonseca (2002) define que de acor- do com a forma que o conhecimento chega até nós ele pode ser considerado como po- pular ou senso comum, teológico, mítico, filosófico e científico. Conhecimento Senso comum Werneck (2006) define o senso co- mum como um conhecimento oriundo da prática, da experiência muito vinculado aos saberes populares. A autora atenta para o fato de que muitas vezes esse tipo de conhecimento é inf luenciado pelo imagi- nário, pelo preconceito e por aspectos ide- ológicos, que nem sempre vão ao encontro do pensamento científico. Um exemplo era a crença de que a Terra era plana. Não podemos desprezar o senso comum, pois, muitas vezes é o ponto de partida para a realização da pesquisa. Entretanto, ele não pode se constituir em um obstáculo, turvando a visão do pesquisador e levando ele a conclusões precipitadas que contra- riem os resultados obtidos. 6METODOLOGIA DA PESQUISA Conhecimento filosófico O conhecimento filosófico parte do pensamento e da ref lexão, buscando dar sentido aos fenômenos da natureza, do universo e do próprio homem. Trujillo (1974) considera que não é possível fazer verificações, confirmar ou refutar hipóte- ses, centrando-se no pensar sobre. Conhecimento científico Fonseca (2002) define o conheci- mento científico como aquele que emerge da ciência, pressupondo uma investigação rigorosa e metódica. Esse tipo de conheci- mento está sob constante avaliação, sendo provisório e passível de reformulação e enriquecimento. Pesquisa O que é uma pesquisa? Você já fez alguma pesquisa? Em muitos momentos nós acreditamos estar realizando uma pes- quisa quando na verdade estamos apenas fazendo um levantamento de dados. Mas qual é a diferença? Um levantamento de dados consiste em buscar informações em alguma fonte, no jornal ou na internet, por exemplo. Já a pesquisa, segundo Gil (2002) pressupõe um problema de pesquisa e procedimentos sistemáticos. Para o autor: A pesquisa é desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos disponí- veis e a utilização cuidadosa de méto- dos, técnicas e outros procedimentos científicos. Na realidade, a pesquisa desenvolve-se ao longo de um processo que envolve inúmeras fases, desde a adequada formulação do problema até a satisfatória apresentação dos resul- tados (GIL, 2002, p. 17). Neste sentido, o pesquisador tem o interesse em responder uma pergunta, mas 7METODOLOGIA DA PESQUISA esse interesse está vinculado à base teórica que ele possui e ao próprio paradigma que o norteia. Processo de construção do conhecimento Agora que já sabemos os diferentes tipos de conhecimento, fica a pergunta: como que o conhecimento chega até nós? Como ocorre o processo em que podemos afirmar que conhecemos algo? Distin- tos autores tem discutido esta questão há muito tempo, e as respostas nem sempre são consensuais. No entanto, não podemos confun- dir informação com conhecimento. Por exemplo, você sabe que a temperatura de ebulição da água é 100 o C. Isso signi- fica que você tem conhecimento sobre a água? Não necessariamente. Você pode ter informações sobre a água, ou seja, dados sistematizados e contextualizados sobre al- guma coisa. A informação pode ser trans- mitida por jornais, revistas, meios digitais, etc. Ela também pode ser armazenada em computadores ou mesmo no papel. Já o conhecimento não pode ser transmitido e não pode ser guardado, uma vez que é uma construção própria e individual de cada sujeito. Ele pressupõe a articulação das informações que recebemos, com aquilo que já sabemos, formando novas compre- ensões em relação a alguma coisa. Aprender na sociedade doconhecimento A popularização e democratização das tecnologias de informação e comunica- ção vem trazendo significativas alterações nas formas com que nos comunicamos, relacionamos, organizamos e sistemati- zamos dados e também como buscamos informações. Esse novo contexto cultural trouxe formas distintas de aprender e de ensinar. Vamos fazer um exercício: pense ou pergunte para seus familiares como eles tinham acesso às informações quando frequentavam a escola. Escreva os meios que eles utilizavam para isto: 8METODOLOGIA DA PESQUISA de crítica e de questionamento. Isto nos leva a adotar algumas precauções quando levantamos informações oriundas da in- ternet, conforme veremos a seguir. Encontrando informações na internet Atualmente parte significativa das informações são provenientes da internet. No entanto, existe uma vasta quantia de dados, mas nem sempre temos clareza de avaliá-los, o que é indispensável para o sucesso em qualquer pesquisa. Vamos fazer um exercício: escreva Napoleão na barra de pesquisas do Google. Observe que te- Meus avós:.................................................. Meus pais:................................................... Eu:............................................................... Deve ter ficado claro para você que a mudança foi muito significativa. Atu- almente, as informações não estão con- centradas nas bibliotecas ou nos meios de comunicação. Elas estão ao alcance de um clique, podendo ser acessadas facilmente de praticamente qualquer lugar. Mas fi- que atento! Esse contexto também abriu um leque de possibilidades para notícias falsas, exigindo que tenhamos habilidades 9METODOLOGIA DA PESQUISA mos mais do que 4 milhões de resultados. Como escolher qual fonte utilizar? Muitas pessoas escolhem o primeiro site da lista, no caso da nossa pesquisa a Wikipédia. Vale a pena lembrar que a Wikipédia é editada por voluntários, e muitas vezes leigos no assunto, o que pode ocasionar uma série de erros conceituais. Mesmo que ela seja constantemente conferida por um exército de pessoas dispostas a corrigir os equívocos, podemos estar trazendo fon- tes erradas para o nosso trabalho quando formos usá-las. Devemos evitar este tipo de referências em trabalhos científicos. Dicas de pesquisa na internet É possível otimizarmos a nossa pes- quisa na internet, minimizando os erros e buscando fontes confiáveis, algo indis- pensável para um trabalho realizado com cientificidade. Dica 1: Use aspas para procurar a expressão toda Exemplo: você quer informações sobre a sociedade do conhecimento. O Google irá pesquisar por Sociedade do conhecimento, sociedade, do e conheci- mento, ou seja, ele também pesquisa as palavras individualmente. Esse problema é contornado digitando “Sociedade do conhecimento”. Dica 2: E xclua as pa lav ras indesejadas Exemplo: você está viajando para o litoral e deseja cozinhar uma lula. Você não sabe como fazer isto e vai para o Google é digita: receita de lula. Repare que boa parte dos mais de 409.000 resultados falam sobre o presi- dente Lula, algo que você não estava in- teressado neste momento. Este tipo de si- tuação além de atrapalhar pode lhe causar grandes transtornos. Para contornar esse problema digitamos um sinal de menos na frente daquilo que não queremos. Assim, devemos digitar: Receita de lula –presidente É importante que o sinal esteja “co- lado” na expressão que queremos excluir. 10METODOLOGIA DA PESQUISA Dica3: procure por definições Muitas vezes não queremos fazer uma pesquisa, queremos apenas saber o significado de algo, como se fossemos olhar no dicionário. Por exemplo: você ouviu falar na televisão sobre briófitas. O seu objetivo não é fazer uma pesquisa completa sobre o assunto, mas somente saber o significado do termo. Para uma definição curta você digitaria: Define: briófitas Dica 4: Use o Google acadêmico Esse recurso oferece livros, par- tes de livros, dissertações, teses e artigos científicos sobre distintos assuntos. Ele concentra apenas esse tipo de material, levando a uma busca mais focada em textos acadêmicos. Além disso ele tem o “Minha biblioteca” que facilita a localização de materiais que você já acessou. Basta acessar o scholar.google.com Dica 5: Use o Google books Em função do acordo entre as edi- toras e o autor, é disponibilizado o livro na íntegra ou de forma parcial. Basta acessar o: books.google.com.br Existem muitas outras possiblidades para a busca de informações na internet. Mas o mais importante é: senso crítico e comparação entre distintas fontes. http://scholar.google.com http://books.google.com.br 11METODOLOGIA DA PESQUISA O projeto de pesquisa Para o cientista não basta ter acesso às informações que já estão disponíveis. Ele precisa de compreensões inovadoras sobre os fenômenos, levando seus resul- tados para a comunidade científica. Por isto que ele faz pesquisa. O projeto de pesquisa é uma etapa que antecede a pesquisa, sendo muito re- levante para a organização e o sucesso da pesquisa. Buogo, Chiapinotto e Carbonara (2006) argumentam que ele dá segurança ao pesquisador de que modo que ele possa buscar as compreensões necessárias para o problema de pesquisa. O projeto exige um conhecimento mínimo do pesquisa- dor sobre o assunto, sendo indispensável muita leitura e observação do fenômeno a ser investigado. Podemos entender o projeto de pesquisa como um roteiro ou plano de trabalho a ser executado. No entanto, ele não é apenas um mapa a ser segui- do, devendo conter também uma teoria consistente que irá fundamentar todo o processo (BUOGO; CHIAPINOTTO; CARBONARA, 2006). Nos próximos parágrafos iremos ver os elementos que devem compor o projeto de pesquisa. O tema É o assunto que queremos inves- tigar. O tema é algo amplo, que precisa ser claramente delimitado geográfica e temporalmente. Por exemplo: Violência urbana, é um tema passível de investiga- ção, mas identificar em que contexto ela será investigada. A delimitação do tema Consiste em fazer um recorte no tema para que a pesquisa possa ser exe- cutada. Essa delimitação deve ser feita com cuidado para que não deixe o tema nem muito amplo, nem muito restrito. Exemplo: A violência urbana na periferia de Caxias do Sul no ano de 2017. 12METODOLOGIA DA PESQUISA O Problema de pesquisa O problema de pesquisa é o ponto de partida de qualquer investigação (GIL, 2002, p. 23). A sua elaboração depende da clareza em relação à teoria e o contexto no qual o fenômeno está inserido. Não deve- mos entende-lo como uma adversidade ou com algum aborrecimento, mas como o norteador da proposta, uma questão que ainda não está totalmente resolvida e que deve ser posta em discussão. A elaboração de um problema de pesquisa não é uma tarefa simples, exi- gindo do pesquisador conhecimento do assunto, base teórica consistente além de uma certa prática. Não existe um manual para a sua elaboração, pois ele varia muito em função da área e do contexto da própria investigação. Gil (2002) salienta alguns pontos que devem ser observados: • Deve ser escrito como uma pergunta. Muitos pesquisadores iniciantes confundem o problema com o tema, escrevendo-o no formato afirmati- vo, o que é um erro. A escrita no interrogativo auxilia a percepção dos leitores em relação ao norte da pesquisa. • Deve ser claro e preciso. Lembre-se que o problema de pes- quisa será o norteador da sua inves- tigação, então ele precisa ser perfei- tamente estruturado. Gil (2002, p. 27) exemplifica que “o cavalo possui inteligência?” não é um bom pro- blema, pois não contem claramente o que se objetiva, ficando com ele- mentos subentendidos, como, por exemplo, o conceito de inteligência considerado. • Deve ser passível de investigação. Lembre-se que em qualquer inves- tigação sempre estamos atrelados a dois elementos: o tempo para a reali- zação e o investimento. Por exemplo, “como funcionamas estruturas neu- rológicas de um adolescente quan- do ele interage em games?” Pense 13METODOLOGIA DA PESQUISA se você terá condições de avaliar as estruturas neurológicas dos envolvi- dos, se você terá recursos suficientes para a realização de tomografias e exames necessários para cumprir seu objetivo. Também considere se você terá bagagem teórica suficiente para analisar os resultados e se eles che- garão a tempo de serem analisados. • Deve ter uma provável solução. Você precisa considerar se existe tecnologia e recursos necessários para a busca de compreensões para o seu problema de pesquisa. Por exemplo: “pessoas que tiveram o cérebro transplantados sentem as mesmas emoções do doador?” Con- sidere que a atual ciência não oferece transplante de cérebro, então não é possível fazer a análise em questão. • Deve ser delimitado dentro do seu contexto. Problemas muito amplos inviabili- zam a investigação. Ele deve estar bem delimitado, dentro do contex- to no qual ele estará inserido. Gil (2002, p. 29) exemplifica que o “que pensam os jovens?” é um problema excessivamente amplo, impossibili- tando a pesquisa. É preciso especifi- car a faixa etária, o local geográfico deste além de indicar claramente o que é entendido por “pensam” que pode ter diversas conotações. Objetivos A partir do problema de pesqui- sa é possível ter-se clareza daquilo que queremos atingir com a pesquisa (BUO- GO; CHIAPINOTTO; CARBONA- RA, 2006). Devem iniciar sempre por um verbo no infinitivo, e relacionar-se não às questões operacionais, mas à construção do conhecimento. É muito importante que os objetivos estejam em consonância com o problema de pesquisa. 14METODOLOGIA DA PESQUISA Objetivo geral É algo amplo e abrangente, indican- do a ação e o intuito dela no desenrolar da pesquisa. Objetivos específicos Apresentam ações detalhadas que levam ao cumprimento do objetivo geral. Exemplos de verbos Abranger. Analisar. Apreciar. Avaliar. Compreender. Conhecer. Criar. Interpretar. Ouvir. Pensar. Reconhecer. Justificativa Um problema de pesquisa surge da base teórica que o pesquisador possui, sendo também vinculado à observação do mundo e dos estudos que já foram re- alizados. A justificativa é o momento em que o pesquisador deve apontar a rele- vância da pesquisa, explicando por que é importante a sua realização (BUOGO; CHIAPINOTTO; CARBONARA, 2006). Normalmente a pesquisa pode ser justificada a partir de duas perspectivas: a relevância científica e a relevância social. A relevância científica se refere à importância do trabalho para a comuni- dade científica (profissionais, pesquisa- dores, professores, etc.). Assim, é preciso identificar que a proposta é inovadora e que não existem trabalhos idênticos a ele. A relevância social se relaciona às possibi- lidades de melhora nas condições de vida de pessoas ou de comunidades. Pense nas seguintes questões: • O trabalho é inédito? • O trabalho é relevante? • O trabalho oferece contribuições para a área? Hipóteses Uma hipótese é uma suposição que o pesquisador tem antes de realizar uma pesquisa. Para Gil (2002) a hipótese con- siste em uma proposição verbal, que pode ser declarada verdadeira ou falsa, ou seja, uma conjectura testável para o problema de pesquisa. Nas pesquisas quantitativas as hi- póteses são empregadas amplamente. Já na pesquisa qualitativa, em muitas vezes, elas ficam mais implícitas ao próprio pes- quisador, não aparecendo claramente no decorrer do texto. Vamos a um exercício: Considere o fenômeno do aqueci- mento global. Trace três hipóteses que o potencializam: Hipótese 1:.................................................. Hipótese 2:.................................................. Hipótese 3:.................................................. 15METODOLOGIA DA PESQUISA Definições em relação à pesquisa Abordagens da pesquisa Quanto a sua abordagem uma pes- quisa científica pode ser classificada como quantitativa ou qualitativa. Vale a pena destacarmos que nenhuma das perspec- tivas é superior à outra, havendo apenas uma melhor adequação de uma ou outra de acordo com o contexto de cada pes- quisa. Ainda é possível trabalhar com as duas abordagens, uma vez que não são excludentes entre si. Pesquisa qualitativa A pesquisa qualitativa traz consigo a ideia de busca pela qualidade, pelos aspec- tos mais sensíveis e subjetivos do fenômeno investigado. Gerhardt e Silveira (2009) argumentam que nessa abordagem não existe uma preocupação com a representa- tividade numérica, mas sim com o alcance de compreensões amplas e profundas. Bogdan e Biklen (1994) elencam cinco principais pontos que caracterizam a pesquisa qualitativa: 1. A fonte de dados é o próprio am- biente e o investigador é o principal elemento: o pesquisador adentra no ambiente da pesquisa, conhecendo o cenário e a realidade na qual o fenômeno está inserido. Pressupõe o contato direto com os sujeitos inves- tigados, o que pode trazer elementos sutis que seriam imperceptíveis de outra forma. Mesmo quando a coleta de dados ocorrer de forma mecânica ou digital, o olhar do pesquisador sobre os resultados é que será o pon- to diferencial. 2. A investigação é descritiva: os da- dos são recolhidos a partir de falas, textos e imagens e não de números. O pesquisador pretende analisar e descrever com a maior riqueza pos- sível o cenário na qual o fenômeno está inserido. Para isto, vale-se de entrevistas, notas de campo, foto- grafias, vídeos, etc. 16METODOLOGIA DA PESQUISA 3. O interesse se concentra no processo e não no produto: o foco está em todo investigação. Neste contexto, as respostas finais são tão válidas quanto os movimentos iniciais reali- zados pelo pesquisador, uma vez que o intuito é a análise do fenômeno como um todo. 4. A análise é fenomenológica: deve-se deixar o fenômeno se manifestar livremente, sem indução ou ma- nipulação de variáveis. Não existe a necessidade de confirmar-se ou refutar-se hipóteses, uma vez que a tônica é a compreensão ampla. 5. A maior relevância está no signi- ficado: isto implica em buscar-se a compreensão da visão de mundo e dos pontos de vista mais sensíveis dos entrevistados ou envolvidos na pesquisa. Seguir essa tendência de pesquisa implica em abandonar a ideia de neutra- lidade do pesquisador frente à pesquisa, pressupondo envolvimento e impregnação do investigador. Pesquisa quantitativa A pesquisa quantitativa apresenta resultados que podem ser mensurados, recor- rendo à linguagem matemática para expressar fenômenos e relações entre as várias (FONSECA, 2002). Tendo sua origem no positivismo, pressupõe uma maior obje- tividade nos métodos e procedimentos empregados. Nessa abordagem, as variáveis envolvidas podem ser identificadas, comparadas e relacionadas. Vale a pena destacar que é necessário o uso de recursos de inferência estatística, ultrapassando-se a simples utilização de índices e diagramas como forma de justificar essa abordagem. Algumas distinções entre as abordagens Quantitativa Qualitativa Hipóteses Confirmar ou refutar Revisar os pressupostos Resultados Generalização a partir da amostra Considerações para futuras interlocuções Pesquisador Objetivo Envolvido Dados Amostra probabilística Amostra não probabilística Público-alvo Conteúdo Sujeitos Classificações das pesquisas quanto ao objetivo Partindo do objetivo geral como principal referência, as pesquisas podem ser classificadas em pesquisa exploratória, pesquisa descritiva e pesquisa explicativa. 17METODOLOGIA DA PESQUISA Pesquisa exploratória Segundo Gil (2002), uma pesquisa exploratória tem como principal objetivo trazer a familiaridade com determinado assunto, aprimorando ideias já existentes ou traçando um panorama do fenômeno. Para Gil (2002) normalmente os estudos de caso e pesquisas bibliográficas se en- quadram nesse parâmetro. Pesquisa descritiva Segundo Gil (2002), uma pesquisa descritivatem como principal objetivo descrever as características de um fenô- meno, ou o estabelecimento de relações entre variáveis (especialmente em pesqui- sas quantitativas). Pesquisa explicativa Para Gil (2002), uma pesquisa ex- plicativa vai além da busca pela relação entre variáveis, procurando compreender os fatores que contribuem para a ocorrência de determinado fenômeno. É uma pesqui- sa profunda, que visa a compreensão do motivo pela qual as coisas acontecem, bem como o contexto em que o acontecimento está inserido. Tipos de pesquisa O tipo da pesquisa se relaciona ao seu desenvolvimento, características, pro- cedimentos de análise e de coleta de dados e o próprio contexto em que a pesquisa irá se desenvolver. Você terá que ter cla- reza de todos esses elementos na hora de definir qual será o tipo de pesquisa que irá realizar, sempre lembrando que deve haver coerência com a teoria que você está considerando. Abaixo iremos trazer alguns dos tipos de pesquisa mais utilizados atu- almente e algumas de suas características. Pesquisa bibliográfica Uma pesquisa desse tipo é aquela que usa somente material bibliográfico, tais como livro, artigos científicos, dis- sertações e teses como fonte de dados. Nesse sentido ela parte daquilo que já foi elaborado por outros autores (GIL, 2002). pesquisa, ciência e conhecimento Conhecimento e pesquisa Pesquisa Processo de construção do conhecimento Aprender na sociedade do conhecimento O projeto de pesquisa Definições em relação à pesquisa