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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ARQUITETURA ENGENHARIA E TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL NÚCLEO DE ESTUDOS DE LOGÍSTICA E TRANSPORTE- NELT FERROVIAS VIA PERMANENTE Prof. Luiz Miguel de Miranda CUIABÁ / MT MARÇO / 2020 2 ÍNDICE 1 Via permanente 05 2 Bitola 14 2.1 Conceitos 14 2.2 Tolerância 18 2.3 Jogo de via 19 3 Sublastro 17 4 Lastro 21 4.1 Elasticidade 22 4.2 Materiais 23 4.3 Faixas granulométricas 24 4.4 Dimensionamento 27 5 Dormentes 33 5.1 Dormentes de madeira 34 5.2 Dormentes de concreto 43 5.3 Dormentes metálicos 48 6 Fixações 49 6.1 Fixações rígidas 49 6.2 Fixações elásticas 51 6.3 Fixações duplamente elásticas 56 6.4 Retensores 57 7 Trilhos 58 7.1 Perfis Stephenson e Vignole 59 7.2 Trilho de aço-carbono 59 7.3 Composição química 60 7.4 Características geométricas 60 7.5 Comprimento e furação 60 7.6 Classificação 61 7.7 Identificação 61 7.8 Trilho de aço-liga 62 7.9 Desgaste do trilho 62 7.10 Juntas de dilatação 65 7.11 Avarias de trilhos 68 7.12 Relações entre as dimensões dos trilhos 72 7.13 Trilhos especiais 74 7.14 Durabilidade 75 8 Classificação das linhas 82 9 Terminologia básica 82 Bibliografia 84 FIGURAS Figura 1 Seção transversal da via permanente ferroviária 05 Figura 2 Seção transversal-tipo das Normas Brasileiras 05 Figura 3 Seção transversal em linha dupla 06 Figura 4 Seção transversal em curva com superelevação 06 Figura 5 Gabarito de pontes em tangente, linha singela, bitola métrica 07 Figura 6 Gabarito de pontes em tangente, linha singela, bitola larga 08 Figura 7 Gabarito de túneis em tangente, linha singela, bitola larga 09 Figura 8 Gabarito de tuneis em tangente, linha singela, bitola métrica 10 Figura 9 Seção transversal em túneis, linha singela, bitola larga totalmente revestida em concreto 11 Figura 10 Seção indicativa da definição de bitola 11 Figura 11 Seção em bitola mista com 3 trilhos 14 Figura 12 Seção em bitola mista com 4 trilhos 14 Figura 13 Controle de bitola e nivelamento dos trilhos 16 3 Figura 14 Detalhe do jogo de via 16 Figura 15 Jogo de via 17 Figura 16 Faixa granulométrica da RFFSA 22 Figura 17 Detalhe do lastro na linha corrida 23 Figura 18 Detalhe do lastro em pátios 24 Figura 19 Bulbo de pressões no lastro 25 Figura 20 Gráfico das curvas de Talbot 26 Figura 21 Faixa de socaria 26 Figura 22 Esquema da redução dinâmica no truque ferroviário 28 Figura 23 Base rígida da locomotiva 29 Figura 24 Dormente de madeira com placa de apoio 31 Figura 25 Placa de apoio 31 Figura 26 Seção da madeira 32 Figura 27 Seções usuais de dormentes de madeira 33 Figura 28 Vista do encaixe lastro-dormentes 34 Figura 29 Grade de dormentes de madeira sobre vigas metálicas 34 Figura 30 Pregação cruzada em dormentes de madeira 35 Figura 31 Empilhamento de dormentes de madeira 36 Figura 32 Organograma de atividades para dormentes de madeira 36 Figura 33 Autoclave de beneficiamento de dormentes de madeira 39 Figura 34 Dormentes de concreto monobloco 41 Figura 35 Dormente francês (RS) 42 Figura 36 Armadura dos blocos 42 Figura 37 Dormente polibloco 43 Figura 38 Dormente de concreto protendido 43 Figura 39 Dormente metálico 45 Figura 40 Tirefões e pregos de linha 47 Figura 41 Prego elástico simples 49 Figura 42 Prego elástico duplo 49 Figura 43 Grampos tipo MI 50 Figura 44 Fixações tipo RN 50 Figura 45 Vista explodida da fixação RN 50 Figura 46 Grampos de mola 51 Figura 47 Fixação tipo Pandrol 51 Figura 48 Fixação tipo AP 52 Figura 49 Fixação tipo DENICK 52 Figura 50 Fixação tipo GEO 53 Figura 51 Detalhe da placa K da fixação GEO 53 Figura 52 Fixação elástica GEO em dormentes polibloco e metálico 53 Figura 53 Diagrama de deformações das fixações duplamente elásticas 54 Figura 54 Retensores FAIR V e FAIR T 55 Figura 55 A imobilidade do retensor 55 Figura 56 Perfis Stephenson e Vignole 56 Figura 57 Perfis Stephenson utilizados em linhas de bondes e VLT 56 Figura 58 Identificação do trilho 59 Figura 59 Ângulo do friso da roda 60 Figura 60 Seção tronco-cônica da roda ferroviária 61 Figura 61 Eixo ferroviário 61 Figura 62 Composição e peso 61 Figura 63 Desgaste máximo 62 Figura 64 Medição de desgaste do trilho 62 Figura 65 Carro de inspeção de linha 63 Figura 66 Tala de junção 63 Figura 67 Furação do trilho para assentamento da tala de junção 65 Figura 68 Tipos de juntas 66 Figura 69 Deformação das pontas 66 Figura 70 Couro de crocodilo na superfície do boleto 67 Figura 71 Escoamento superficial do boleto com rebarbas 67 4 Figura 72 Desgaste por ação química da alma e patim 67 Figura 73 Desgaste por atrito dos frisos das rodas 68 Figura 74 Desgaste ondulatório da superfície do boleto 68 Figura 75 Canoa solda 69 Figura 76 Defeitos de fabricação 69 Figura 77 Dimensões do perfil Vignole 69 Figura 78 Perfil Vignole desgastada pelo uso 73 Figura 79 Lubrificador de trilhos 79 TABELAS Tabela 1 Valores limites das seções transversais 06 Tabela 2 Bitolas mais usadas no mundo 15 Tabela 3 Bitolas no Brasil 15 Tabela 4 Faixa granulométrica para o lastro 24 Tabela 5 Faixas granulométricas da RFFSA 25 Tabela 6 Principais tipos de dormentes de madeira 38 Tabela 7 Características dos trilhos de aço-carbono 59 Tabela 8 Composição química do aço-carbono (%) 60 Tabela 9 Características dos trilhos empregados nas ferrovias brasileiras 60 Tabela 10 Dimensões dos principais trilhos empregados no Brasil 73 Tabela 11 Coeficientes de ajuste em função do tipo de trilho 79 Tabela 12 Coeficientes de ajuste em função da velocidade dos trens 79 Tabela 13 Coeficientes de ajuste em função das rampas 79 Tabela 14 Coeficientes de ajuste em função dos raios de curvatura 80 Tabela 15 Coeficientes de ajuste em função da carga por eixo 80 Tabela 16 Coeficientes de ajuste em função do trem de projeto 80 Tabela 17 Coeficientes de ajuste da bitola 80 Tabela 18 Coeficientes de ajuste em função das características da plataforma 81 Tabela 19 Tipos de dormentes para os tipos de linha 82 5 1- Via permanente É a superestrutura ferroviária ou metroviária elástica, constituída por lastro, dormente, trilho e acessórios de fixação que está sujeita ao desgaste normal devido às intempéries ou ao uso continuado. Alguns autores incluem na via permanente o sublastro, que para outros integra a infraestrutura. Os elementos ou camadas acima referidos podem ser substituídos quando é atingido o limite de tolerância no que tange à segurança do tráfego, ou de economia, ou ainda o de eficiência, à exceção do sublastro. Na Figura 1 está mostrada a seção transversal. Figura 1 – Seção transversal da via permanente ferroviária As normas brasileiras para estradas de ferro estabelecem para as seções transversais- tipo da via permanente os valores destacados na Figura 2. Figura 2 – Seção transversal-tipo das Normas Brasileiras FONTE: DNEF (1966) Nos segmentos em linhas duplas ou múltiplas, muito comuns em pátios e terminais, as dimensões recomendadas pelas normas estão mostradas na Figura 3. 3,0% 3,0% L 0,15 2,80 / 2,00 W 0,15 3,0 2,0 3,0 2,0 0,55 X Y B A 6 Figura 3- Seção transversal em linha dupla FONTE: DNEF (1966) Obs: a largura das entrevias nos desvios e pátios poderá ser maior ou menor com o mínimo de 3,80 m na bitola de 1,60 m e de 3,50 na bitola de 1,00 m As dimensões usuais para a seção transversal da via permanente, para os mais diversos casos estão indicadas na Tabela 1. Tabela 1- Valores limites das seções transversais Tipos Bitola larga (1,60 m) Bitolamétrica (1,00 m) A X Y W A X Y W Troncos 0,40 0,30 1,72 1,57 0,53 0,53 3,05 2,90 0,30 0,20 1,42 1,26 0,53 0,54 2,45 2,30 Subsidiárias 0,25 0,20 1,49 1,41 0,51 0,49 2,80 2,70 0,30 0,15 1,26 1,10 0,54 0,52 2,30 2,20 FONTE: DNEF (1966) os segmentos em curvas, as seções recebem a superelevação, que é introduzida mediante elevação da parte externa dos dormentes, que não deve ser acompanhada pela plataforma de terraplenagem, para evitar que as águas precipitadas na plataforma corram para baixo do lastro, como mostra a Figura 4. Figura 4- Seção transversal em curva com superelevação FONTE: DNEF (1966) 2,80/2,00 2,80/2,00 W W 4,25/4,00/3,50 X Y 0,55 B 0,15 0,15 0,15 0,15 3,0% 3,0% 3,0 2,0 3,0 2,0 A A L A 0,15 0,15 W X Y B 2,80 / 2,00 3,0% 3,0% L 7 As normas recomendam ainda a observância das dimensões destacadas nos gabaritos para seções transversais em obras de arte especiais (pontes, viadutos e túneis), indicadas nas Figuras 5 a 8. Figura 5- Gabarito de pontes em tangente, linha singela, bitola métrica Obs: O gabarito em curva deverá ser acrescido para inscrição do carro com as seguintes dimensões: Comprimento ➢ 18,30 m Largura ➢ 2,85 m Altura ➢ 3,80 m Distância entre pinos ➢ 12,00 m FONTE: DNEF, (1966) 1,00 2,00 1,00 Fio de contato 4,00 1,00 0,50 0,50 0 ,9 0 3 ,8 0 1 ,4 0 6 ,1 0 5 ,5 0 8 Figura 6- Gabarito de pontes em tangente, linha singela, bitola larga Obs: O gabarito em curva deverá ser acrescido para inscrição do carro com as seguintes dimensões: Comprimento ➢ 26,00 m Largura ➢ 3,06 m Altura ➢ 4,45 m Distância entre pinos ➢ 18,14 m FONTE: DNEF (1966) 1,20 2,50 1,20 Fio de contato 1,60 1 ,2 0 3 ,7 5 1 ,8 0 6 ,7 5 5 ,7 0 0,75 3,40 0,75 3,06 4 ,4 3 4,90 Gabarito da ponte Perfil do vagão 9 Figura 7- Gabarito de túneis em tangente, linha singela, bitola larga Obs: - o gabarito em curva de raio inferior a 500 m deve ser acrescido para inscrição de carro com as seguintes dimensões: Comprimento ➢ 26,00 m Largura ➢ 3,06 m Altura ➢ 4,45 m Distância entre pinos ➢ 18,14 m - quando houver necessidade de revestimento e somente na abóbada, para apoio deste, deve ser deixado um ressalto de 0,15 m aumentando-se os raios de igual dimensão, sem aumento da altura do túnel FONTE: DNEF (1966) 4,90 5,50 1,60 3,70 2 ,3 5 2 ,3 5 2 ,9 5 R = 2,70 R = 2,70 R = 4,50 R = 4,50 144º 26º Fio de contato 0 ,6 5 5 ,7 0 6 ,3 5 10 Figura 8- Gabarito de túneis em tangente, linha singela, bitola métrica Obs: - o gabarito em curva de raio inferior a 500 m deve ser acrescido para inscrição de carro com as seguintes dimensões: - a altura do fio de contato nas curvas é contada do topo do trilho mais alto FONTE: DNEF (1966) Comprimento ➢ 18,30 m Largura ➢ 2,85 m Altura ➢ 3,80 m Distância entre pinos ➢ 12,00 m 4,00 4,70 1,00 2 ,5 0 2 ,5 0 R = 2,38 R = 2,38 R = 4,50 R = 4,50 125º 35º Fio de contato 0 ,7 0 5 ,5 0 6 ,2 0 4,05 4,05 3 ,3 0 11 As pontes e viadutos ferroviários foram concebidas em estrutura metálica e devem ter refúgios para atender operações correntes de conservação e manutenção da via permanente, como mostra a Figura 9. Figura 9- Seção transversal em ponte de estrutura metálica 2- BITOLA 2.1- Conceitos É a distância compreendida entre as faces internas do boleto de duas linhas de trilhos, medida a 12 mm abaixo da superfície de contato das rodas dos veículos com o trilho, como mostra a Figura 10. Figura 10 – Seção indicativa da definição de bitola FONTE: RFFSA (1972) A bitola constitui uma característica singular das ferrovias em quase todos os países. Como os custos de implantação são medianamente elevados, usou-se em grandes escala o expediente de reduzir esses custos com a redução da bitola. Essa medida permite obter expressivas reduções nos custos da superestrutura, na infraestrutura e no material rodante. Desse modo, há uma diversidade de bitola de país para país, como também dentro do próprio país. Mais recentemente, com a necessidade de intercâmbio entre países vizinhos, partiu-se para uma tentativa de padronização da bitola, que pelo menos, na Europa e nos Estados Unidos, vem sendo alcançada. Outro aspecto notável é que bitolas de maiores dimensões resultam em 2,80 1,60 1,80 1,00 1,80 12 maiores capacidade de carga, que é uma característica para grandes distâncias de transporte. Assim, a bitola européia deverá ser naturalmente inferior à americana, pois enquanto que para uma mesma distância, num caso tem-se mais de uma dezena de países, no outro tem-se um único país, cuja máxima distância na direção leste-oeste, equivale à distância entre 5 ou 6 países, cada uma com sua estrutura política, rede de transporte, e problemas com a bitola, naturalmente. Nesse sentido é que se tem a denominada bitola internacional, que é a bitola padrão das ferrovias européias, com 1,435m. As demais bitolas ainda em uso estão destacadas na Tabela 2. Tabela 2- Bitolas mais usuais no mundo Países Bitolas Países Bitolas Itália 1,445 m França 1,440 m Espanha 1,674 m Portugal 1,665 m Argentina 1,676 m Rússia 1,523 m Estados Unidos 1,675 m Reino Unido 1,445 m A adoção de bitola internacional não exclui o problema de diversidade de bitolas. Até mesmo nos Estados Unidos e Rússia, ou ainda no Reino Unido existem outras bitolas em uso. No Brasil o problema não é diferente. Só que talvez, a solução possa ser mais simples devido à unidade nacional. As bitolas em uso no país com respectivas extensões estão indicadas na Tabela 3. Tabela 3- Bitolas no Brasil Bitolas Dimensão (m) Extensão (km) Larga 1,600 7.492 Métrica 1,000 23.027 Internacional 1,435 200 Mista 1,600/1,000 510 Total 31.229 Obs.: Não se considerou nesse quadro a bitola de 0,76 m por estar em fase de erradicação, passando então a denominação de bitola estreita para a bitola métrica. Como se pode perceber a adoção de uma ou outra bitola é cercada de vantagens e desvantagens, dentre as quais, as mais citadas são: 13 Na infraestrutura - a bitola métrica permite soluções mais econômicas, pois é compatível para menores raios de curvatura, o que constitui vantagem em terrenos acidentados; - a bitola métrica exige uma plataforma de terraplanagem com largura inferior à da bitola larga, que se refletirá em economia nas seções transversais das pontes, viadutos e túneis, e de maneira geral, no custo da terraplanagem e obras de arte correntes. Na superestrutura - a bitola métrica resulta em economia para a via permanente pois exige menor volume de lastro e dormentes de menores dimensões; - o fato da bitola estreita ser indicada para menores volumes de cargas, os elementos da via permanente podem ser de característicasde resistência inferiores às da bitola larga, pois referem-se a veículos de menores capacidades de carga e tração, e por conseguintes, menores dimensões. No material rodante - o material rodante (locomotivas, carros de passageiros e vagões de cargas) utilizado nas linhas de bitola estreita tem custos inferiores aos custos da bitola larga, sem prejuízo do desempenho da via, mas sim pela capacidade de carga definida para cada tipo de equipamento. Na resistência do trem - a bitola estreita oferece maior resistência ao desempenho do trem pelo fato da resistência ser inversamente proporcional à bitola. Alguns países entre os quais o Brasil usam o expediente da bitola mista, que resume ao emprego simultâneo de duas bitolas com o terceiro ou quarto trilho, que constitui solução para a descontinuidade de bitolas entre dois países limítrofes, ou mesmo para dois ramais de uma mesma operadora. Este fato se dá no Brasil, onde tem sido usada a bitola mista com o terceiro trilho. Na bitola mista com emprego do 3º trilho, o trilho comum externo é usado pelos veículos das duas bitolas, causando então desgaste diferenciado nos trilhos, e gerando solicitação excêntrica nos dormentes e na via. A Figura 11 ilustra essa situação. 14 Figura 11- Seção em bitola mista com 3 trilhos A segunda situação só é possível quando a diferença entre as duas bitolas deixa espaço para a fixação dos trilhos. Tem como vantagem a distribuição equitativa dos esforços, e tem como desvantagem a necessidade de usar mais um trilho. Nessa situação o desgaste dos trilhos é igual para cada uma das bitolas e a carga é centrada em relação aos dormentes e à via, não gerando esforços diferenciais no dormente e no lastro Deve-se contudo ressaltar que a bitola mista constitui medida excepcional para resolver problemas localizados de quebra de bitola (descontinuidade de bitola). Por isso, usá-la com solução generalizada para unificação da bitola esbarra em custos proibitivos de implantação e manutenção. A Figura 12 mostra esse tipo de conjugação de bitolas. Figura 12- Seção em bitola mista com 4 trilhos De qualquer forma, deve ser destacada a recomendação do antigo DNEF – Departamento Nacional de Estradas de Ferro, de que os novos projetos (após 1966) devem ser detalhados com a infraestrutura compatível para bitola larga, enquanto a superestrutura deve ser aquela indicada pelos estudos econômicos de demanda e de tração. Essa recomendação tem o mérito de que uma futura modificação de bitola estreita para bitola larga é possível, mas tem um elevado custo pelo fato da necessidade de interrupção do tráfego ferroviário no trecho que se quer alterar. 1,00 m 1,60 m Bitola 1 Bitola 2 15 2.2 - Tolerância da bitola Se o friso da roda ficasse totalmente encostado na face interna do boleto do trilho, não haveria movimento do veículo. Diante disso é fácil perceber que existe uma folga entre essa bitola e o rodeiro do veículo ferroviário. Essa folga deve ser bem ajustada, uma vez que alterações nessas medidas podem acarretar o descarrilamento das composições ferroviárias e a alteração da bitola da via pode se dar pelos seguintes fatores: - deslocamento lateral do trilho; - alteração da inclinação do trilho; - desgaste lateral do boleto. O deslocamento lateral do trilho é devido quase sempre ao afrouxamento das fixações, principalmente no caso de dormentes de madeira, as fixações rígidas. Quando isso ocorre deve ser feita nova furação no dormente de madeira para reaperto dos tirefões ou pregos de linha, e os furos velhos devem ser vedados com tarugos de madeira impregnados com substâncias preservativas. No caso de dormente de concreto, a causa provável é o cisalhamento dos parafusos da fixação e a solução é difícil, pois os parafusos são fundidos no concreto, integrando as armaduras e não há como trocá-los. Semelhante é a causa do afrouxamento do trilho no dormente metálico, onde os parafusos que prendem as fixações são fundidos na chapa do dormente. A alteração da inclinação do trilho pode ser decorrente de defeito na inclinação da placa de apoio, no entalhe do dormente de madeira, ou então do abatimento do lastro sob o dormente, que o desnivela. No caso de defeito no entalhe do dormente de madeira, deve-se retirá-lo e corrigir o entalhe. No caso de abatimento do lastro, o defeito assume maiores proporções e as correções passam pela execução de nova operação de soca. Quando a bitola for alterada pelo desgaste excessivo do boleto, deve ser feito um levantamento detalhado sobre a vida útil do trilho, correções no alinhamento, principalmente se for em curva, e a solução passará pelo reposicionamento do trilho e pelo estudo de esmerilhamento do trilho, e em último caso a substituição. Na Figura 13 é mostrada a ferramenta com a qual esses deslocamentos são controlados. 16 Figura 13- Controle de bitola e nivelamento dos trilhos FONTE: GEOVIA (2001) Para permitir o movimento dos veículos as normas estabelecem tolerâncias máxima que variam para cada tipo de linha. No Brasil essa tolerância varia de 3 a 6 mm nos trechos em tangentes, chegando até 10 mm nas curvas, acrescida da superlargura. 2.3- Jogo de via Jogo de via é definido como a diferença entre a bitola do rodeiro, medido de eixo a eixo dos boletos dos trilhos nos trechos em tangente, e a bitola do material rodante, medida entre as faces internas dos frisos das rodas, tomada a 10 mm abaixo da superfície de contato das rodas com o trilho, conforme está mostrado na Figura 14. Figura 14- Detalhe do jogo de via Em que se tem: J = B - b B b 17 J- folga da via B- bitola do rodeiro b- bitola da linha Como se vê, o jogo de via corresponde à folga da bitola, que permite a movimentação dos veículos, mostrada na Figura 15. Figura 15- Jogo de via FONTE: Brina, 1992 Em que se tem: J - Jogo de via b - bitola de via B - bitola do material rodante E - espessura do friso. O jogo de via, normalmente adotado de 10 mm assegura a liberdade do friso em relação ao boleto, e se mantém em função da conicidade da roda associada à inclinação do trilho. Assim, pode-se dizer que a conicidade, além de combater a tendência de reviramento do trilho, ainda assegura o jogo de via, que por sua vez reduz a possibilidade de desgaste oblíquo da superfície de rodagem. 3- SUBLASTRO É a camada de material granular do tipo A–1 (classificação HRB) executada sobre a camada final da terraplanagem, que tem as seguintes funções: - aumentar a capacidade de suporte da terraplenagem; - evitar a penetração das partículas do lastro na camada final de terraplenagem, contaminado este com as argilas daquela; 18 - proteger a camada final da terraplenagem contra infiltrações das águas pluviais; - receber a imprimação, desde que esta seja recomendada, para aumentar a impermeabilização da plataforma de terraplenagem, em locais de elevados índices pluviométricos. Como já se destacou, é mais comum integrar o sublastro à infraestrutura até mesmo porque as técnicas de execução são típicas de camadas granulares. Especificações Os materiais empregados na execução do sublastro devem atender às seguintes exigências: • IG = 0 • LL < 35% (menor ou igual) • IP < 6% (menor ou igual) • E max. ≤ 1% • CBR > 20 % • GC > 100% Como camada granular, a execução do sublastro assemelha-se à das camadas de base ou sub-bases dos pavimentos rodoviários. Nesse particular deve-se empregar espessura constante de 20 cm, a menos de outra recomendação expressa no projeto. Quanto ao grau de compactação, este deve ser no mínimo de 100% referido à energiado ensaio do Proctor modificado. A imprimação, se houver recomendação para tal, deverá ser feita com asfalto diluído de cura média do tipo CM – 30, com taxa de aplicação da ordem de 1,1 l/m2. 4- LASTRO É a camada de material granular de granulometria aberta e uniforme, executada sobre o sublastro, que sustenta os dormentes, e que tem as seguintes funções: - transmitir ao sublastro a tensão residual dos esforços gerados pelo tráfego ferroviário; - assegurar elasticidade à camada para atenuar a trepidação causada pela ação das cargas transmitidas pelas rodas dos veículos; - facilitar a drenagem da superestrutura ferroviária; - impedir movimentos longitudinal e transversal dos dormentes; 19 - assegurar uma superfície flexível e uniforme para assentamento dos trilhos; - assegurar a vigência da elasticidade do sistema. 4.1- Elasticidade A elasticidade da via é a característica que assegura o retorno da camada à situação anterior quando cessa a ação que gerou a deformação. No caso da via permanente há dois tipos de esforços, e por extensão, duas deformações transientes que se superpõem, a saber: - as deformações geradas pelas tensões de compressão e tração dos trilhos, que são função das variações de temperatura ambiente; - as deformações geradas pela ação do tráfego, que se resumem a tensões verticais sobre o trilho, dormentes, lastro e sublastro. As deformações causadas pelas tensões de dilatação e retração do trilho tem duração igual ao tempo que se dá a variação da temperatura, enquanto o outro grupo de deformações é de ação instantânea, e dura o tempo de passagem dos veículos, sob o peso das rodas. É importante assinalar que tanto um quanto outro conjunto de deformações devem ser rigidamente controladas para não desestabilizarem a linha. Os fatores decisivos para essa proteção são: - o correto funcionamento das juntas de dilatação nas emendas dos trilhos; - o peso do lastro para impedir a livre movimentação dos dormentes, que tendem a se movimentar empurrados ou tracionados pela dilatação ou retração dos trilhos; - o emprego de um sistema de fixação dos trilhos aos dormentes que garanta permanente pressão entre esses elementos, sem contudo prejudicar a elasticidade; - a elevada resistência mecânica do agregado empregado no lastro para resistir aos esforços de compressão que tendem a esmagar os grãos dos agregados; - a uniformidade dos agregados empregados no lastro (reduzido número de diâmetros das partículas) que garantirá a elasticidade e a rápida drenagem da via permanente; - a elevada resistência ao desgaste por abrasão, para impedir a produção de finos que possa vir a colmatar a camada ou alterar a granulometria dos grãos dos agregados. Quando esse conjunto de fatores tem sua eficiência comprometida, diz-se que a linha perdeu a elasticidade, e os defeitos que mais se destacam são: 20 - as deformações verticais das camadas passam a ser permanentes, o que indica que a elasticidade da camada de lastro está se exaurindo; - se o agregado tiver baixa resistência, o atrito entre as partículas produzirá uma porcentagem de finos, que impermeabilizará ou dificultará o escoamento das águas precipitadas sobre a via permanente; - ocorrendo modificação na granulometria desses agregados, a elasticidade fica comprometida, tornando a via mais rígida e por extensão, gerando mais desgaste dos trilhos e do material rodante; - se o peso do lastro for insuficiente para opor resistência às tensões desenvolvidas pela dilatação dos trilhos, as juntas sofrerão as conseqüências, e não podendo assimilar essas deformações, instala-se o fenômeno da flambagem da linha ou o risco de ruptura por cisalhamento da seção do trilho; - se as fixações não forem adequadas para resistirem à trepidação causada pela passagem dos veículos, os trilhos ficarão soltos abrindo caminho para o descarrilamento. 4.2- Materiais O lastro pode ser executado com diversos tipos de materiais, considerando a utilização prevista para o trecho ou ramal ferroviário que se está implantando. De uma maneira geral pode- se destacar os seguintes tipos de materiais para emprego na execução do lastro; - Areia: bom material por ser pouco compressível, com elevada resistência, tem porém como inconveniente a possibilidade de carreamento pelas águas pluviais, a produção de pó danosa para as engrenagens do material rodante, devido à elevada abrasão, admitindo- se seu emprego apenas em pátios de oficinas e outras instalações em rampa nula, e onde os veículos desenvolvam baixas velocidades; - Cascalho: constitui-se de material de bom desempenho para execução do lastro, exigindo porém beneficiamento de classificação, lavagem e britagem. Os cascalhos lateríticos e seixos rolados são excelentes materiais para a execução do lastro; - Escória de alto forno: material de boa dureza, desempenho e permeabilidade, exigindo igualmente, operação de britagem, sendo recomendável para linhas próximas de usinas siderúrgicas, mas apresentam o inconveniente de pouco peso, que como se viu anteriormente, é uma das qualidades mais representativas para indicação do lastro; 21 - Pedra britada: material de boa dureza, elevada permeabilidade, satisfatória resistência ao intemperismo e não produz finos, constituindo-se na solução mais adequada para execução do lastro da via permanente, seja na linha corrida, pátios de cruzamentos, ou quaisquer outras instalações. 4.3- Faixas granulométricas De uma forma geral, quase todas as operadoras no Brasil empregam a pedra britada para compor o lastro de suas vias permanentes. Para garantir as qualidades destacadas no texto deve- se ter uma granulometria uniforme. Assim pode-se definir agregado de granulometria uniforme aquele em que ocorrem poucos diâmetros, e de dimensões bem próximas umas das outras, cuja característica principal é o elevado índice de vazios. Se esses diâmetros forem de grandes dimensões (compreendidos entre 1 e 3 polegadas) tem-se além da uniformidade, uma elevada elasticidade. Os agregados empregados na execução do lastro devem atender às seguintes exigências: min = 2,7 t/m 3 = 700 kg/cm2 a = 8 g/dm3 (absorção para amostra de 230 g) Um exemplo de faixa granulométrica para o lastro está indicada na Tabela 4. Tabela 4- Faixa granulométrica para o lastro Peneiras mm % PASS % Retida acumulada 2 ½” 63,5 100 0 2” 50,8 90-100 0-10 1 ½” 38,0 35-70 30-65 1” 25,4 0-15 85-100 ¾” 19,0 0-10 90-100 ½” 12,7 0-5 95-100 FONTE: AREA, 1991 O controle da granulometria do agregado empregado na execução do lastro pode ser feito com o ensaio de análise granulométrica indicado na Tabela 5. 22 Tabela 5- faixas granulométricas da RFFSA Linha corrida Pátios e AMV Peneiras % Passando Peneiras % Passando Polegadas mm Polegadas mm 2 ½” 63,5 100 2 ½” 63,5 100 2” 50,8 90-100 2” 50,8 90-100 1 ½” 38,0 35-70 1 ½” 38,0 65-85 ¾ 19,0 0-10 ¾ 19,0 15-45 ½ 12,7 0-5 ½ 12,7 0-15 FONTE: RFFSA, 1991 O fato de se empregar granulometria mais fina nos pátios do que na linha corrida se explica porque nos pátios há trânsito de pessoal do movimento (operação de montagem e liberação dos trens), e é desconfortável transitar sobre o lastro com a granulometria mais grossa. Além disso, as composições ferroviárias trafegam com baixas velocidades nos pátios, não sendo exigido alto desempenho da elasticidade do lastro. Na Figura 16 está indicada a faixa granulométrica dessa distribuição. Figura 16- faixa granulométrica da RFFSA FONTE: RFFSA, 1991 M A T E R I A L R E T I D O (%) 100 80 60 40 20 3” 2 ½” 2” 1 ½” 1” ¾” ½”23 Outra maneira de controlar a faixa granulométrica é a aplicação da equação de Fuller, cujos fundamentos são: Em que se tem: p- porcentagem passando na peneira considerada; D- diâmetro máximo da série considerada M- coeficiente de Fuller Para granulometria uniforme M 4,0 Nas Figuras 17 e 18 estão destacadas as duas situações de lastro em linha corrida e em pátios. Figura 17- Detalhe de lastro na linha corrida Na linha corrida o lastro fica mais protegido do que nos pátios e pode-se observar nessa figura a função do lastro de guarnecer os dormentes bem como impedir deslocamentos dos dormentes. A granulometria uniforme-aberta também é visível no lastro da linha corrida. p d D M = 100 24 Figura 18- Detalhe de lastro em pátios O trânsito de pessoas sobre o lastro, associado com a contaminação com restos dos produtos transportados pela ferrovia eliminam a elasticidade do lastro, e o prejuízo só não é maior pelo fato de que as composições trafegam nos pátios à baixas velocidades 4.4- Dimensionamento A espessura da camada do lastro compreendida entre a face inferior do dormente e a face superior da camada do sublastro, deve ter uma espessura tal que absorva parte dos esforços transmitidos pelos dormentes, de modo que a parcela que atingir o sublastro seja compatível com as características de resistência dos materiais empregados. Assim, quanto mais delgada for a espessura do lastro, maior será o esforço transmitido ao sublastro, e a recíproca é verdadeira. Deve-se então definir uma espessura onde os esforços gerados sejam parcialmente absorvidos. Segundo Talbot, engenheiro americano que desenvolveu estudos sobre a distribuição de pressões nas camadas da via permanente na década de 1920, as pressões no lastro se distribuem na forma de bulbos, como se mostra na Figura 19. 25 Figura 19- Bulbo de pressões no lastro FONTE: Brina (1986) De acordo com Talbot, as pressões sob a projeção dos dormentes variam entre a face inferior do dormente e a superfície do sublastro de acordo com a seguinte expressão: Em que se tem: p- pressão sobre a superfície do sublastro po- pressão na superfície do dormente A variação entre esses valores pode ser observada na Figura 18. 100= OP P K 26 Figura 20- Gráfico das curvas de Talbot A desuniformidade dessa distribuição se dá em ambas as direções, pois até mesmo ao longo do dormente tem-se uma concentração dessas pressões nas porções sob os trilhos, na denominada faixa de socaria, ocorrendo mais numa ausência de pressões na parte central do dormente. Na Figura 21 apresenta-se a representação gráfica do comprimento da faixa de socaria e a vista lateral do dormente. Figura 21- Faixa de socaria Como se pode perceber, a faixa de socaria é a porção do dormente e do lastro que realmente suporta as pressões geradas pela passagem das cargas das rodas. Deduz-se que é uma grandeza variável, função da dimensão da bitola. O diagrama de Talbot fornece a relação entre as pressões sobre a superfície do sublastro e na face inferior do dormente. Importa assinalar que este fator refere-se à parcela de pressão assimilada pela dormente. A parcela residual é aquela que passará para o lastro, objetivo do dimensionamento. A variação da pressão no interior da espessura do lastro varia de acordo com a expressão abaixo: 140 120 100 80 60 40 0 0 100 200 300 400 500 mm Espessura do lastro P P k 0 = V a lo re s d e K 025,1 80,16 P h Ph = c c P P 27 Em que se tem: Ph- pressão à profundidade h, (kg / cm²); P0 - pressão na face inferior do dormente, (kg / cm²); h - altura do lastro sob o dormente, em (polegadas). h em centímetros. Se h é a espessura do lastro, Ph é a pressão no sublastro. Dessa equação pode-se determinar o valor de h; Em que se tem: h- espessura do lastro, em m; p- pressão no sublastro em kg / cm²; po- pressão na face inferior do dormente. O método para determinar a espessura do lastro se inicia com a determinação da pressão exercida no lastro pela face inferior do dormente. Essa pressão po é calculada por: Em que se tem: p0 - pressão na face inferior do dormente, kg/cm 2; P - carga sobre o dormente, kg; b - largura do dormente, cm; c - dimensão do dormente sob o efeito do carregamento (faixa de socaria), cm A dimensão “c” do dormente submetido à ação do carregamento é reduzida em função da densidade aparente do lastro maior, alcançada em função da socaria por ocasião da implantação da via ou das tarefas de conservação. Assim, quanto maior a extensão dessa faixa, menor será a pressão sobre o lastro, e os valores a serem adotados são: c = 0,70 - 0,80 m ( b = 1,0 m) c = 0,80 - 0,90 m ( b = 1,6 m) 025,1 87,53 P h Ph = 80,0 027,24 = P P h p0 = P_ b x c 28 O valor da carga da roda sobre o trilho, e deste sobre o dormente apresenta uma redução, tendo em vista que a rigidez do trilho se encarrega de distribuir parte da carga P aplicada pela roda nos dormente contíguos àquele onde se supõe a carga aplicada. Essa redução é considerada pela relação entre a base rígida da locomotiva, considerando o veículo mais pesado, e a distância entre os dormentes, como mostra a Figura 22. Figura 22- Esquema de redução dinâmica no truque ferroviário O valor da carga transmitida ao dormente deve ser corrigida, pelo fato de que um dormente não recebe o total do carregamento, sendo este afetado pelos espalhamento entre os eixos do veículo considerado e entre os dormentes. A expressão para essa redução é o coeficiente n dado por: Em que se tem: n- coeficiente de redução dinâmica, admensional; d- maior distância entre os eixos de um truque do veículo mais pesado, m; a- distância entre os dormentes, m; Esse coeficiente de redução dinâmica atenua a transmissão dos esforços das cargas atuantes (nas rodas), quando dispersas em função da base rígida do truque e o afastamento entre os dormentes. Em que se tem: Pc – peso descarregado pela roda padrão do veículo, kg; P - peso da roda mais pesada, kg; dc C n P P = n d a distância = = distância entre eixos do veículo entre dormente d P P Trilho Lastro Sublastro a a a Dormente 29 n- fator de redução dinâmica, admensional; Cd- coeficiente dinâmico, admensional. O coeficiente dinâmico é um coeficiente de segurança introduzido para estabelecer a diferença (agravante) entre os efeitos a carga estática e a carga quando o veículo está em movimento. A AREA recomenda que seja calculado com a seguinte expressão: Em que se tem: V- velocidade considerada, km/h O valor de Cd é usualmente adotado como 1,21. Deve-se considerar que a condição mais desfavorável para o dimensionamento do lastro é a que ocorre com a locomotiva, pois ela é o veículo mais pesado que usa a via. Assim, no desenvolvimento da metodologia para dimensionamento do lastro, este veículo será sempre a locomotiva, cujas características físicas são aquelas fornecidas pelos fabricantes. Nesse sentido, define-se base rígida da locomotiva como a distância entre os eixos extremos e um mesmo truque considerado paralelos. Deve-se destacar que esse conceito se aplica tanto para truques de 2 ou 3 eixos. A Figura 23 mostra a base rígida das locomotivas. Figura 23- Base rígida da locomotiva Já se sabe até aqui que ph é a pressãosobre o sublastro quando este tem espessura h. Restaria verificar então se esta pressão é admissível para a camada de sublastro, partindo-se de: e mai Em que se tem: p = pressão máxima admissível Cd= 1+ 000.30 2V ph p p = FS pr Base rígida Base rígida 30 pr = pressão de ruptura FS= fator de segurança Como os materiais da camada sublastro são granulares, toma-se o fator de segurança igual a 5,5 proposto por Terzaghi para a fórmula de Newton. Para a pressão de ruptura admite-se como valor empírico o equivalente a 70% do valor do CBR do sublastro, admitido o mínimo de 20%. Mesmo que os materiais empregados no sublastro tenham CBR superiores a 20 % toma-se este valor como teor adicional contra a ruptura. Assim tem-se : Uma alternativa empregada para dimensionar o lastro é a adoção do gráfico de pressões de Talbot, detalhado a partir do gráfico do bulbo de pressões, 5- DORMENTES É o elemento da superestrutura ferroviária que tem como finalidade a distribuição da carga recebida do trilho no lastro, a fixação dos trilhos, a manutenção da bitola, e agregar resistência à linha através do conjunto trilho-dormente-lastro. Para atender a essas finalidades os dormentes devem apresentar as seguintes características: - ter dimensões tais que forneçam uma superfície de apoio satisfatória para suportar as tensões transmitidas pelos trilhos; - ter espessura razoável para resistir às tensões concentradas na região sob os trilhos (faixa de socaria), mas que disponha de alguma elasticidade; - apresentar satisfatória resistência aos esforços gerados pela passagem dos veículos; - ter boa durabilidade, tendo em vista as dificuldades operacionais para substituição; - apresentar superfícies regulares de modo que facilite o nivelamento da linha; - ter inércia suficiente para resistir aos deslocamentos longitudinais e transversais gerados na via; - permitir uma fixação eficiente do trilho, sem ser contudo, totalmente rígida. Os dormentes empregados em ferrovias e metrovias de todo o mundo são, preponderantemente, de três tipos: madeira, concreto e metálico. pr = 0,7 CBR 31 5.1- Dormentes de madeira São peças prismáticas ou semi-prismáticas, ou até mesmo roliças de madeira que são entalhadas e furadas para receber os acessórios de fixação dos trilhos. Na Figura 24 é mostrada uma vista genérica de um dormente de madeira. Figura 24- Dormente de madeira com placa de apoio Peça fundamental na transmissão das cargas do tráfego para o lastro e toda a superestrutura ferroviária é a placa de apoio, através da qual a pressão é melhor distribuída, dada a sua forma, como mostra a Figura 25. Figura 25- Placa de apoio Nos dormentes de madeira a placa não requer entalhe, uma vez que ela já traz a inclinação da conicidade, que tem a função de proteger a bitola, como se verá adiante. I- Fatores que condicionam a escolha dos dormentes de madeira A decisão da escolha pelo emprego de dormentes de madeira deve se pautar pelos seguintes aspectos: - desempenho diante da ação dinâmica da passagem dos trens; - resistência à destruição mecânica; ➔ esforços horizontais ➔ Placa de apoio Socaria Socaria 32 - coesão da madeira; - resistência à ação dos fungos; - resistência ao apodrecimento; - facilidade ou dificuldade de obtenção; - razões de ordem econômica. II- Teor de umidade A umidade é fator determinante na durabilidade dos dormentes de madeira. Um dormente de madeira com unidade acima da especificada nas normas tem como conseqüência a redução da sua vida útil, pois é aí que proliferam as culturas de fungos. Para evitar esse desconforte a madeira de vê ser preparada e seca, de tal forma que sua umidade natural se situe entre valores recomendados pelas normas. Os teores usuais de umidade em madeiras preparadas para dormentes são: - madeira preparada seca » 10 a 15%; - madeira verde » 35 a 40% O teor de umidade que favorece o desenvolvimento de fungos se encontra no alburno, onde originalmente se encontram as redes vasculares da madeira, por onde migra a seiva. A madeira de uma maneira geral tem o seu caule, é a parte onde o preservativo pode se fixar. Diante disso, a seção de melhor desempenho para fixação das substâncias preservativas é a que está indicada adiante. Para um melhor desempenho exige-se a densidade mínima de 0,70 kg/dm³. III- Apodrecimento O apodrecimento da madeira (antigamente denominada essência) é o responsável pela redução da vida útil da madeira e sua perda precoce. Na Figura 26 está mostrada a seção genérica da madeira. Figura 26- Seção da madeira cerne: pouco permeável à impregnação de agentes preservativos; alburno: permite a fixação dos agentes preservativos 33 O tratamento dos dormentes de madeira tem como fundamento a absorção da substância protetora através do sistema arterial por onde circula a seiva bruta (ascensão através do alburno) e irrigação com seiva elaborada (após a fotossíntese). Nessas condições, a melhor proteção é conseguida quando o alburno protege o cerne, cujas fibras ficam preenchidas pela substância protetora. Existem várias situações de seções de dormentes de madeira, mostradas na Figura 27. Figura 27- Seções usuais de dormentes de madeira Para cada uma das seções acima tem-se: 1º - quatro arestas ou quinas vivas, onde o cerne fica totalmente envolvido pelo alburno; 2º - uma aresta morta e três vivas, ou três mortas e uma viva; 3º - quatro arestas mortas ou três arestas vivas e uma face roliça. As seções dos 2º e 3º tipos são conseqüências de processos de reciclagem dos dormentes de madeira. Quanto aos dormentes de seção roliça, seu emprego ainda é pouco difundido, diante da tendência dominante dos dormentes de concreto. Uma característica significativa dos dormentes de madeira é o encaixe de lastro nos espaços entre os dormentes, que favorece o combate o desalinhamento dos dormentes, e por conseguinte, a flambagem como mostra a Figura 28. Figura 35- Seções típicas de dormentes de madeira, destacando-se o cerne e o alburno, este sensível à impregnação e aquela resistente. A seção ideal é aquela em que o cerne está totalmente envolvido pelo alburno 34 Figura 28- Vista do encaixe lastro-dormentes Em algumas situações usam-se dormentes especiais. São peças sobre as quais recaem maiores responsabilidades, dadas as especificidades de sua localização em pontes, viadutos, cruzamentos e aparelhos de mudança de via (AMV). Na Figura 29 uma vista de dormente de madeira em ponte de estrutura metálica. Figura 29- Grade de dormente de madeira sobre vigas metálicas FONTE: Revista Ferroviária (2003) Outra característica dos dormentes de madeira é a pregação cruzada que se trata do reaproveitamento de dormente usado, que por ser de madeira permite nova furação para fixação, como mostra a Figura 30. 35 Figura 30- Pregação cruzada em dormente de madeira FONTE: RFFSA, 1991 IV- Dimensões Os dormentes de madeira prismáticos se classificam segundo suas dimensões em: • Reforçados – são dormentes indicados para linhas de grandes cargas por eixos e alta densidade de tráfego. • Normais – são dormentes indicados para linhas de médias tonelagem e densidade de tráfego. • De pátios e desvios – são dormentes de dimensões reduzidas, porém adequados para baixas velocidade e linhas de menores solicitações. Na Tabela 6 estão resumidas as dimensões dos principais tipos de dormentes de madeira. Tabela 6- Principais tipos de dormentes de madeira Bitola (m) Reforçados Normais De Pátio 1,60 De 0,20 x 0,28 x 2,95 a 0,18 x 0,127 x 8,85 De 0,18x 0,24 x 2,85 a 0,16 x 0,22 x 2,75 De 0,16 x 0,22 x 2,75 a 0,15 x 0,20 x 2,75 1,00 De 0,18 x0,26 x 2,15 a 0,16 x 0,22 x 0,05 De 0,17 x 0,24 x 2,05 a 0,15 x 0,20 x 1,95 De 0,15 x 0,19 x 1,95 a 0,14 x 0,18 x 1,80 FONTE: RFFSA, 1991 V- Estocagem Os dormentes de madeira ao serem cortados guardam certo teor de umidade. Antes de serem tratados com preservativos devem ser estocados adequadamente para a secagem, que se faz ao ar livre. Para isso, devem ser estocados em pilhas cujo desenho assegure rápida ventilação e escoamento das águas das precipitações, conforme mostrado na figura abaixo. Concluída a secagem os dormentes são encaminhados para a furação e em seguida para o tratamento com preservativos (Figura 31). 36 Figura 31 – Empilhamento de dormentes de madeira O método mais adequado é aquele em que os dormentes tratados ou não, sejam empilhados no sistema “2 por 9” ou “1 por nove”. Após o tratamento, enquanto se aguarda o seu destino, são novamente estocados no pátio ao ar livre, com os mesmos cuidados dispensados na secagem da umidade natural. Na Figura 32 é apresentado o organograma das atividades que devem ser dispensadas aos dormentes de madeira. Figura 32 – Organograma de atividades para dormentes de madeira Desembarque dos dormentes Defeitos sanáveis Correções diversas Incisamento e pré-tratamento Empilhamento e secagem Correção final Impregnação Estocagem e destino Inspeção e classificação Sem defeitos Defeitos insanáveis Novo aproveitamento 37 FONTE: RFFSA, (1986) VI- Preservação e durabilidade Para resistir ao ataque dos agentes biológicos que reduzem a vida útil dos dormentes de madeira, utiliza-se o tratamento preservativo, que assegura um acréscimo de vida útil, podendo esta chegar a 20 ou 30 anos. Deve-se entretanto, destacar que o tratamento químico aumenta a resistência da madeira ao apodrecimento, mas não altera as características mecânicas. Existem dormentes de madeira instalados em linhas brasileiras com mais de 30 anos. Todavia, deve-se esperar dos dormentes de madeira uma vida útil não superior a 20 anos. Os fatores principais que podem levar a um desempenho excepcional dos dormentes de madeira são; - clima ameno com variações típicas de regiões temperadas; - drenagem da via permanente eficiente, onde o escoamento das águas das precipitações se faz de forma rápida; - trens de pequeno peso, exigindo pouco dos dormentes; - madeira cortada na estiagem, quando o teor de umidade natural é mais baixo; - eficiente grau de secagem, com umidade naturais inferiores a 15%; - assentamento do trilho com emprego de placas de apoio, que protegem mais os dormentes contra o atrito com os trilhos; - emprego de fixações em que as placas são presas rigidamente aos dormentes, evitando a exposição das superfícies entalhadas e furadas ao intemperismo. VII- Tratamento químico dos dormentes de madeira O tratamento de dormentes de madeira pode ser feito com dois tipos de preservativos: oleosos e hidrossolúveis. - preservativos oleosos - creosoto - substância obtida da destilação da hulha, subproduto das usinas siderúrgicas que operam com carvão mineral nos altos fornos. É um óleo de cor escura, pesado, odor característico, com a seguinte composição aproximada: - hidrocarbonetos - 90% 38 - ácidos de alcatrão -5% As especificações da AWPA – American Wood Preservation Association, para o creosoto a ser empregado em tratamento de dormentes são: - o óleo deve ser destilado do alcatrão produzido pela destilação seca do carvão mineral; - a porcentagem máxima de água deve ser de 3 %; - deve apresentar uma concentração máxima de insolúveis no benzol; - deve ter densidade superior a 1,03 g/m3 a 38ºC, com água a 15,5ºC; - deve ter densidade superior a 1,085 g/cm3 entre 235 e 315°C, para as mesmas condições da água; - deve ter resíduo máximo de coque de 2%; - retenção mínima na madeira de 128 kg/m3 de madeira. - preservativos solúveis em óleo - pentaclorofenol – substância extraída por destilação dos fenóis, insolúvel em água, solúvel em óleos e hidrocarbonetos. Pode ser dissolvido em óleos leves (diesel) ou pesados (BPF ou petróleo bruto), e tem a seguinte composição: - pentaclorofenol - 83% (C6C15OH) - clorofenol - 12% - inertes - 5% As especificações da AWPA são as seguintes: - teor mínimo de fenóis clorados de 95%; - teor máximo de insolúveis em água ou hidróxido de sódio de 1%; - temperatura de ponto de fusão de 174ºC; - retenção mínima na madeira de 6,4 kg/m3 de madeira, que na solução diluída é de 128 kg de solução/m3 de madeira, com o teor de 5% de pentaclorofenol. O tratamento dos dormentes de madeira é feito em autoclave, pelos métodos de célula cheia ou célula vazia. A autoclave constitui-se de uma câmara de vácuo ou de pressão onde os dormentes de madeira são introduzidos para receberem as substâncias preservativas. O tratamento só pode ser feito quando a madeira estiver com umidade inferior a 30%. 39 Denomina-se método de célula vazia, quando é aplicada previamente aos dormentes uma pressão de vácuo para retirar o ar das fibras da madeira. A célula cheia é quando se aplica a pressão de confinamento independentemente de se aplicar a pressão de vácuo anteriormente descrita. - preservativos hidrossolúveis Os preservativos hidrossolúveis mais empregados no tratamento de madeiras são os cromatos de potássio, sulfatos de cobre e zinco, arseniatos de sódio e outros que, quando diluídos em água se precipitam e reagem com as substâncias das madeiras. De uma maneira geral esses sais devem ser adicionados à solução aquosa na taxa de 16 kg/m3 de madeira. Na Figura 33 é mostrada uma autoclave empregada no tratamento de dormentes de madeira. Figura 33- Autoclave de beneficiamento de dormentes de madeira FONTE: Brina, (1992) VIII- Vantagens dos dormentes de madeira O emprego dos dormentes de madeira é consagrado em todo o mundo. Destacam-se adiante as principais vantagens do emprego dos dormentes de concreto, que no momento apresentam- se como alternativa mais viável para substituição. - apresentam bom desempenho diante de grandes cargas por eixo, dada a homogeneidade de seção, que permite uma satisfatória distribuição das tensões; - são dotados de boa flexibilidade, condição necessária para absorver as vibrações causadas pela passagem dos veículos, protegendo o material rodante e o trilho; 40 - garante suavidade no deslocamento dos veículos, creditada à sua flexibilidade; - devido ao peso e às formas geométricas, os dormentes de madeira apresentam a grande vantagem de fácil manuseio, transporte, estocagem e assentamento (peso aproximado 150 kg), não sendo necessário equipamentos especiais ou técnicas sofisticadas para execução dessas operações; - são bons isolantes para corrente elétrica, o que facilita a instalação de circuitos elétricos de sinalização de passagens de nível; - permite reaproveitamento em outras linhas ou ramais, através do expediente da pregação cruzada ou até mesmo de inversão das faces em contato com o lastro; - a inspeção visual é facilitada, não havendo, a grosso modo problemas de rupturas internas e outros indicativos de fadiga que não sejam facilmente identificados; - absorvem os impactos causados pelos descarrilamentos sem grandes danos, podendo- se reaproveitá-los no mesmo local sem prejuízo da segurança do tráfego; - admitem a instalação do terceiro ou quarto trilho da bitola mista sem maiores problemas; - podem ser empregados em qualquer tipo de linha ferroviária ou metroviária; - menor custo inicial de produção. IX- Desvantagens dos dormentes de madeira Nãoobstante todas as vantagens enunciadas, há também desvantagens no uso desse tipo de dormente, quando comparados com outros tipos, como se destaca a seguir: - exigem tratamento com substâncias preservativas, sem o que sua vida útil fica comprometida, não alcançando sequer 10 anos de vida, enquanto tratados e empregados em linhas com bons modelos de conservação podem alcançar mais de 20 anos de vida útil; - exigem grandes áreas para as operações de secagem antes e após o tratamento; - o suprimento de dormentes de madeira para linhas novas ou existentes requer um planejamento de reflorestamento com essências adequadas para seu emprego, o que envolve um significativo período de tempo; - as linhas com dormentes de madeira e fixações rígidas requerem sistemáticas correções da bitola, pois com o envelhecimento dos dormentes as fixações se afrouxam mais facilmente; 41 - como as usinas de tratamento nem sempre estão localizadas nos hortos florestais, cria- se a necessidade de transporte de dormentes com grandes distâncias do horto até à usina. 5.2- Dormentes de concreto Os dormentes de concreto desenvolveram-se desde a forma mais elementar, ou seja, de bloco prismático de seção idêntica à dos dormentes de madeira, até às soluções de poliblocos ou blocos articulados. Ainda hoje não se tem uma avaliação precisa da sua vida útil, que não pode ainda ser estabelecida com a mesma precisão dos dormentes de madeira. Há um consenso de que a vida útil dos dormentes de concreto é da ordem de 30 anos. Os dormentes de concreto são classificados da seguinte forma: I- Dormentes Monoblocos São peças constituídas de um só bloco, em concreto armado ou protendido, possuindo na face superior dispositivos para fixação dos trilhos. A protensão é indicada para resistir às vibrações causadas pela ação do tráfego, e são dormentes de grande inércia. Paralelamente a isso são empregadas técnicas de protensão que resultam em seções mais esbeltas. O grande inconveniente do dormente monobloco é o elevado peso, o que exige equipamentos pesados para manuseio, transporte e estocagem, peso este que é também sua maior virtude. Na Figura 34 é mostrada uma vista desse tipo de dormente. Figura 34- Dormente de concreto monobloco Fonte: Brina, 1992 A seção transversal foi detalhada de forma a reforçar as extremidades onde se localizam os esforços das cargas, e esses dormentes resistem a grandes impactos e com flexibilidade satisfatória. II- Dormente bi-bloco (Francês ) - RS Constituem-se de dois blocos ligados por uma barra metálica que é parte integrante das armaduras dos blocos. Na parte superior existem ferragens que afloram do concreto e servem de acessórios de fixação dos trilhos, constituídos por parafusos francês que recebem porcas e arruelas. Esses dormentes têm grande aceitação à sua esbelteza, e por ter uma base de 42 sustentação equivalente à da faixa de sacaria. Seu peso oscila de 170 a 190 kg o que facilita seu estoque, transporte e emprego. Foi desenvolvido por Robert Soneville, o que lhe fez conhecido pela sigla RS. A versatilidade desse tipo de dormente se reflete no seu grande emprego em ferrovias e metrovias em todo o País. Na Figura 35 estão destacados os principais aspectos desse tipo de dormente. Figura 35- Dormente francês (RS) Esta seção típica de dormente de concreto bi-bloco mostra que ele é constituído de dois blocos de concreto armado ligados por uma haste metálica integrante das armaduras dos blocos, conhecido por dormente RS (Robert Soneville- SNCF). Na Figura 32 é destacada a armadura dos blocos desse tipo de dormente. Figura 36 – Armadura dos blocos Como se pode verificar nesta figura, a haste de ligação dos blocos, bem como os parafusos francês da fixação são partes integrantes da armadura dos blocos que assegura a distribuição de esforços. III- Dormente de Polibloco ( Belga ) FB Constituído por dois ou três blocos de concreto armado independentes, articulados por barras metálicas ou feixes de aço protendidos, que tem a função de viga. A fixação do trilho é feita por meio de parafuso fixado no concreto e uma castanha que se aperta contra o patim através de uma porca. O objeto da articulação é a simulação da flexibilidade do dormente de madeira, sobre o lastro elástico. Esses detalhes estão mostrados na Figura 37. 43 Figura 37 – Dormente polibloco Essa figura fica bem destacada a inclinação de 20% necessária para proteger a bitola através da conicidade. IV- Dormente de concreto protendido O dormente de concreto protendido é a resposta natural à busca por maior resistência em um elemento da via permanente suficientemente robusto e resistente. O modelo mais difundido é o alemão, cujo peso oscila entre 380 e 420 kg. O concreto é fundido em formas invertidas e nas formas são colocadas as placas de apoio com os parafusos de espera para colocação das fixações. A Figura 38 mostra as seções longitudinal e transversal com a localização das ferragens. Figura 38- Dormente de concreto protendido V- Escolha do dormente de concreto Em 1950 terminaram as experiências com dormentes de concreto, coroando o processo iniciado na Alemanha antes da guerra. Desde então o emprego do dormente de concreto se expandiu de forma notável. Modernamente o problema é a decisão da escolha do tipo de dormente, mesmo dentre os modelos de concreto. O aspecto determinante para essa escolha é a densidade de tráfego, e algumas operadoras de transporte de minérios usam dormentes de concreto reforçado, demonstrando o que as soluções disponíveis no mercado estão em pleno desenvolvimento. 44 VI- Vantagens dos dormentes de concreto Cada vez mais operadoras estão substituindo os dormentes de madeira pelos de concreto, e isto se dá porque há elenco de vantagens onde se destacam: - vida útil estimada em cerca de 30 anos; - por serem mais resistentes permitem utilizar maiores espaçamentos, e, por conseguinte, reduzir o número de dormentes da linha; - o elevado peso dos dormente de concreto (entre 250 e 420Kg) proporciona maior estabilidade à linha inibindo as deformações longitudinais e transversais; - são invulneráveis à ação de fungos e bactérias; - podem ser fabricados no canteiro de serviço, eliminando custos adicionais de transporte; - a produção de dormentes de concreto não causa impactos ambientais como o manuseio de substâncias tóxicas como creosoto e pentaclorofenol; - o emprego de fixações elásticas com elementos fundidos nas ferragens do dormente elimina os problemas de perda da bitola. VII- Desvantagens dos dormentes de concreto As principais desvantagens dos dormentes de concreto são: - os custos iniciais dos dormentes de concreto envolvem a aquisição do ferro, cimento, agregados, central de concreto e formas; - não se tem no país informações sobre o desempenho de dormentes de concreto em AMV, passagens de nível, cruzamentos e pontes sem lastro; - não podem ser usados sob juntas de dilatação pois o atrito entre o trilho e o dormente pode trazer riscos ao dormente; - são incompatíveis para linhas com defeitos de compactação, nivelamentos ou soca, pois sua elevada inércia tenderá a agravar esses defeitos, inviabilizando o tráfego; - exigem cuidados especiais no seu manuseio e operações de assentamento, para não quebrar as arestas, o que pode deixar as armaduras descobertas; - se as armaduras ficarem expostas, a resistência dos dormentes estará seriamente comprometida; 45 - exigem emprego de equipamento especial para as operações de manuseio, estocagem transporte e assentamento, devido ao elevado peso; - exigem o uso de isoladores no caso de circuito elétricos de sinalização de passagens de nível, pois as armaduras são boas condutoras; - no caso de descarrilamentos, a preda é grande, sem possibilidades de aproveitamento,causando atrasos na liberação do trecho ao tráfego. 5.3- Dormentes metálicos São peças constituídas de chapa de aço em fora de “U” invertido, curvada para baixo nas suas extremidades, formando garras de ancoragem no lastro, impedindo o deslocamento transversal da linha. É um dormente relativamente fácil de instalar, dado seu peso reduzido. Tem porém os inconvenientes do elevado custo inicial, ser pouco difundido no país, e exigem isolamento nas fixações nos casos de circuito elétricos de sinalização. Outro aspecto que restringe seu uso pleno é a dificuldade de se obter faixa de socaria eficiente. Nada obstante, a Vale Mineradora, antiga CVRD – Companhia Vale do Rio Doce está desenvolvendo estudos para implantação de dormentes metálicos, que tem como maior virtude a vida útil, estimada em 50 anos (Figura 39). Figura 39- Dormente metálico - Vantagens - pequeno peso, da ordem de 70 kg ; - Desvantagens - contra indicado para linhas de tráfego pesado; - é muito barulhento (desaconselhável para metrô); - preço elevado; - limitação para um determinado tipo de trilho; 46 - dificuldades para reparos na linha no caso de descarrilamentos. A dificuldade de compatibilizar os diversos tipos de trilhos decorre do fato de que os dormentes são fundidos e os parafusos são irremovíveis, e portanto, só servem para o tipo de trilho para o qual foi fundido. 6- FIXAÇÕES São acessórios que tem por finalidade fixar os trilhos mantendo inalterável a bitola e impedindo ou reduzindo o deslocamento longitudinal e transversal dos trilhos. Exige-se do sistema de fixação o que segue: - garantir a manutenção da bitola; - garantir a transmissão dos esforços aos dormentes sem danificar ou afrouxar as fixações; - opor resistência aos deslocamentos longitudinais dos trilhos; - garantir resistência à torção dos trilhos no plano horizontal; - garantir permanente pressão em ambas as faces do patim do trilho; - garantir fácil instalação e manutenção; - possuir elevada vida útil; - garantir a inclinação transversal dos trilhos para o interior da bitola. As fixações e classificam em rígidas e elásticas. 6.1- Fixações rígidas As fixações rígidas são aquelas que fixam os trilhos rigidamente aos dormentes, não permitindo que a elasticidade do lastro se transfira ao sistema trilho-dormente. Os tipos mais comuns são o prego de linha e os tirefões. Trata-se de solução antiga que tem como conseqüência imediata o desgaste prematuro da superestrutura, que agravado com a vibração e trepidação geradas pela passagem dos veículos, acaba se afrouxando, abrindo o caminho para descarrilamentos. A Figura 40 mostra essas fixações. 47 Figura 40- Tirefões e prego de linha O tirefão constitui-se de parafuso de rosca soberba com cabeça sextavada onde se encaixa uma chave especial para o aparafusamento, no furo previamente preparado no dormente de madeira. A cabeça termina na forma de “aba de chapéu”, que se apóia no patim, comprimindo o trilho rigidamente contra o dormente ou placa de apoio. Enquanto o tirefão é rosqueado no furo feito no dormente, o prego de linha é cravado com marreta. O tirefão é cravado no dormente de madeira a golpes de marreta, em furo previamente aberto cujo diâmetro é ligeiramente inferior ao do prego, para garantir pressão adequada. A fixação funciona através do contato da cabeça do prego com o patim do trilho. O desempenho do tirefão é superior ao do prego de linha pelos seguintes aspectos: - a rosca assegura e imobiliza vertical do tirefão, o que não acontece com o prego de linha, que pode se elevar ou afrouxar do dormente devido às trepidações; - o tirefão se encaixa integramente no furo do dormente, evitando a entrada de água, o que não acontece com o prego de linha, que caso tenha sofrido afrouxamento abre o caminho para a entrada da água no furo do dormente; - a pregação do tirefão não sacrifica as fibras da madeira, o que não acontece com o prego de linha, que mesmo com o furo feito previamente exige os golpes de marreta para encaixá-lo no furo, sacrificando as fibras da madeira. Não obstante as qualidades do desempenho da rosca soberba, o tirefão e o prego de linha só são usados em dormentes de madeira. Quanto ao assentamento do trilho através da fixação tem-se os seguintes casos: - assentamento direto - quando o trilho é assentado diretamente no dormente sem emprego de placa de apoio; 48 - assentamento indireto- quando o trilho é assentado com emprego de placa de apoio; - fixação direta- quando o elemento da fixação liga diretamente o patim do trilho ao dormente; - fixação indireta- quando o elemento de fixação do trilho não se liga diretamente ao dormente, empregando um elemento intermediário, como por exemplo, a placa de apoio. Cumpre todavia ressaltar que, qualquer que seja o caso de assentamento ou fixação com emprego de sistemas elásticos, a placa de apoio é fixada rigidamente ao dormente. - Desvantagens das fixações rígidas As fixações rígidas, por se tratarem dos primeiros tipos de acessórios de fixação de trilhos, apresentam inúmeras desvantagens em relação às elásticas. Assim é que não se usam mais fixações rígidas em projeto novos, e as operadoras, de uma maneira geral, vem substituindo as fixações rígidas constituídas por pregos e tirefões pelo grampos elásticos. As principais desvantagens das fixações rígidas são as seguintes: - os pregos de linha ou tirefões das fixações rígidas sofrem rápido afrouxamento sob a ação das cargas dinâmicas, pois quando as rodas passam sobre os dormentes há uma tendência de comprimir os dormentes no lastro, e a recuperação das deformações do lastro ocorrem instantaneamente, causando o arrancamento dos pregos e tirefões; - cada vez que o trilho ou placa de apoio é comprimida sobre o dormente, já estando a fixação frouxa, esta tenderá a perder totalmente o que resta de rigidez e segurança; - durante o período de temperaturas elevadas, a dilatação dos trilhos tenderá levar a linha à flambagem longitudinal, que será mais atuante nas curvas, ponto frágil da linha, onde esse fenômeno se manifesta com maior intensidade. 6.2- Fixações elásticas Fixações elásticas são sistemas de fixação do trilho ao dormente que permitem a manifestação da elasticidade do sistema trilho-dormente no momento da passagem da carga na seção considerada. De uma maneira geral são sistemas de molas com flexibilidade suficiente para permitir o deslocamento vertical do trilho, podendo ser complementadas por palmilha de material compressível do tipo neoprene. Com isso, o efeito da passagem das cargas é atenuado e o sistema trilho-dormente funciona com um amortecimento, que se reflete no aumento da vida útil do trilho. Os principais tipos de fixações utilizados na rede ferroviária brasileira são descritos a seguir. 49 I- Prego Elástico Simples É a mais simples das fixações elásticas, e constitui-se de um prego com haste semelhante à do prego de linha, e a cabeça é uma haste que funciona feito mola. A cravação é feita a golpes de marreta, e a cabeça é cuidadosamente comprimida contra o patim com os últimos golpes de marreta. Seu desempenho é bastante limitado diante dos outros tipos de fixações elásticas, e só serve para dormentes de madeira. A Figura 41 mostra detalhes dessa fixação. Figura 41- Prego elástico simples II- Prego Elástico Duplo Constitui-se de uma peça com duas hastes verticais fixadas no dormente de madeira com tirefões e a placa que faz a ligação entre as hastes é comprimida contra o patim do trilho. No caso de dormente de concreto a mola é presa ao parafuso francês solidário à armadura. Na Figuras 42 são mostrados detalhes desse tipo de fixação. Figura 42 – Prego elástico duplo III- Grampo Tipo “ML” Constitui-se de uma mola em forma de chapa metálica que quandocomprimida contra o patim funciona como um feixe de molas convencional. Quando aplicada em dormentes de concreto deve ser usada uma palmilha de neoprene para evitar o desgaste provocado pela trepidação. Seus detalhes estão destacados na Figura 43. 50 Figura 43- Grampo tipo ML IV- Grampo Tipo “RN” Constitui-se de chapa semelhante à anterior, com placa de apoio fixada por tirefões no caso de dormente de madeira, e parafuso francês ancorado na armadura do dormente de concreto. Quando empregada em dormentes de concreto deve ser completada com palmilha de neoprene, para aliviar os efeitos da vibração e trepidação. A porca que comprime a mola tem como terminal uma arruela de pressão. Esses detalhes estão mostrados na Figura 44. Figura 44- Fixação tipo RN Nessa figura são mostrados detalhes do nicho da placa de apoio para acomodar a mola, a fixação da porca no parafuso francês solidário com a armadura do dormente de concreto e uma vista transversal da fixação. A Figura 45 mostra os detalhes de uma vista explodida da fixação RN num dormente de concreto tipo francês (RS). Figura 45- Vista explodida da fixação RN 51 V- Grampo tipo mola Trata-se de fixação constituída por mola que se encaixa nos orifícios da placa de apoio mediante golpes de marreta, até que seja alcançada a compressão desejada sobre o patim, como mostra a Figura 46. Figura 46- Grampo de mola VI- Fixação tipo Pandrol Constitui-se de uma placa de apoio, dois grampos elásticos, quatro tirefões e quatro arruelas de dupla pressão, para o caso de assentamento em dormentes de madeira. No caso de dormentes de concreto o sistema é constituído por palmilhas, dois chumbadores e dois isoladores colocados entre os grampos e o patim do trilho. A fixação PANDROL admite uma série de modificações em função do tipo de dormentes empregado e das solicitações esperadas. Na Figura 47 detalhes dessa fixação. Figura 47- Fixação tipo Pandrol VII- Fixação tipo AP Fixação indicada para dormentes de concreto ou metálicos, semelhante à RN, constituída por parafuso francês fundido na armadura do dormente, mola metálica, calços de 52 nylon para eliminar efeitos da trepidação, arruela de pressão e palmilha de neoprene. Esses detalhes estão mostrados na Figura 48. Figura 48- Fixação tipo AP VIII- Fixação tipo DEENICK Trata-se de fixação constituída por mola engastada na placa K que comprime o patim, montada com emprego de ferramentas manuais. A placa é fixada rigidamente com tirefões no dormente de madeira e com parafuso francês, porcas e arruelas de pressão nos dormentes de concreto ou metálico. Indicada para dormentes de madeira ou de concreto, neste caso empregando-se uma palmilha de borracha prensada entre a placa e o dormente para atenuar os choques provenientes da ação das cargas passantes. Na Figura 49 são mostrados detalhes desse tipo de fixação. Figura 49- Fixação tipo DENICK IX- Fixação tipo GEO Trata-se de fixação elástica de melhor desempenho testada nas ferrovias brasileiras. É constituída por placa de apoio, garra, parafuso, arruela de pressão e tirefões. Os tirefões fixam a placa rigidamente aos dormentes, e os outros elementos fixam o trilho elasticamente à placa. Essa placa, denominada “K” pelo seu formato, deu origem a diversos outros tipos de fixações, que inclusive, utilizam o mesmo tipo de placa, com grampos mais simples. Pode ser empregada 53 nos 3 tipos de dormentes: madeira, concreto e metálico. Na Figura 50 são mostrados os detalhes desse tipo de fixação. Figura 50- Fixação tipo GEO Essa figura mostra os detalhes da placa de apoio fixada rigidamente no dormente de madeira com tirefões, e o sistema de mola por compressão é constituído com parafusos, porcas e arruelas de pressão. A Figura 51 mostra a placa K com destaque para a inclinação da placa para o interior da bitola. Figura 51- Detalhe da placa K na fixação GEO Nessa figura pode-se observar que a placa de apoio é fixada rigidamente com tirefão ao dormente de madeira, e a inclinação da placa de 1:20 para o interior da bitola. Na Figura 52 detalhes desse tipo de fixação em dormente de concreto polibloco e em dormente metálico. Figura 52 – Fixação elástica GEO em dormentes polibloco e metálico 54 6.3- Fixações duplamente elásticas Fixações duplamente elásticas são aquelas constituídas por elementos que se deformam sob a ação dos esforços gerados pela passagem dos veículos, e que também se deformam, ou trabalham à tração, quando se dá o alívio da carga que gerou a deformação. De uma maneira geral isto ocorre nas fixações com palmilhas ou placas elásticas colocadas sob os trilhos ou sob placas de apoio. Assim, na ausência da carga, a mola está distendida, enquanto o grampo está comprimido contra o patim do trilho. No momento da passagem da carga, a pressão atua sobre a palmilha, distendendo o grampo. O gráfico de compressão x deformação de uma fixação duplamente elástica está mostrado na Figura 53. Figura 53 – Diagrama de deformação das fixações duplamente elásticas Em que se tem: F- carga do sistema; d - deformação; a - diagrama de carga – deformação da mola ou grampo; b - diagrama de carga – deformação da palmilha; P - força de aperto desejável da fixação; P’- força vertical do veículo para uma fixação; e - força de aperto que atua no patim durante a passagem do trem; g - força de aperto que atua na palmilha no momento da passagem do trem. 55 6.4- Retensores São grampos metálicos empregados na imobilização dos dormentes, que tem por finalidade transmitir aos dormentes os esforços longitudinais que tendem a deslocar os trilhos longitudinalmente. O retensor é preso por pressão ao patim do trilho constituindo-se em um tipo de cantoneira que passa por baixo do trilho e se apoia na face lateral do dormente. Como o dormente está engastado no lastro, o deslocamento do dormente provocado pela dilatação ou retração do trilho fica impedido. Quando se empregam fixações rígidas é indispensável o emprego de retensores como estratégia para controlar a dilatação dos trilhos e a ruptura por cisalhamento diante da retração com a queda da temperatura. De uma maneira geral, usam-se retensores para qualquer tipo de fixação dado o seu desempenho satisfatório para impedir a flambagem da linha. Os tipos de retensores mais usados são o “FAIR V” “FAIR T” cujas seções são apresentadas na Figura 54. Figura 54 – Retensores “FAIR V” e “FAIR T” A Figura 55 mostra o assentamento e a imobilidade conferida pelos retensores aos dormentes. Figura 55- Imobilidade do retensor 56 7– TRILHOS É o elemento da superestrutura que constitui a superfície de rolamento para as rodas dos veículos ferroviários. É um produto laminado a quente, obtido em laminador de trilhos e perfis. Pode ser produzido em aço-carbono, aço-liga de cromo-magnésio e silício ou aço niobrás 200, conforme a utilização a que se destina. 7.1- Perfis Stephenson e Vignole O primeiro trilho empregado foi um perfil duplo “T” de duas cabeças criado por Robert Stephenson, em 1838 para a circulação de bondes. Logo depois este perfil foi substituído pelo perfil proposto pelo engenheiro Vignole, que lhe deu seu nome, empregado em rodovias e metrovias de todo o mundo. O trilho Vignole é composto por três partes, a saber: boleto, alma e patim, como se vê na Figura 56. Figura 56- Perfis Stephenson e Vignole Os trilhos dos bondes foram adaptados do trilho Vignole com um dispositivo para receber o friso das rodas, sem destruir o pavimento das vias. Esse trilho está sendo usado nas vias de veículos leves sobre trilhos- VLT e também nas passagens de nível (Figura 57). Figura 57- Perfil Stephenson utilizado em linhas de bondes e VLT
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