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A2 - Producao e Avaliacao de Materiais Didaticos para o Ensino de Linguas

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AULA 2 
PRODUÇÃO E AVALIAÇÃO 
DE MATERIAIS DIDÁTICOS 
EM LÍNGUA MATERNA E 
ESTRANGEIRA 
Profª Jovania Maria Perin Santos 
 
 
02 
CONVERSA INICIAL 
Na aula anterior, refletimos sobre o que são materiais didáticos e 
especialmente sobre o livro didático – suas características, vantagens e 
limitações, entre outras questões ligadas a esse tema. Nesta aula, vamos 
abordar os critérios para a escolha de materiais didáticos e, em especial, de 
livros didáticos de língua materna. Além disso, consideraremos as análises 
fornecidas pelo PNLD (Programa Nacional do Livro Didático) no que se refere ao 
processo de escolha de tais materiais. 
 Embora entendamos que os materiais didáticos sejam instrumentos 
facilitadores do ensino e tenham grande importância nesse processo, não 
podemos deixar de mencionar o quanto a atuação do professor em sala de aula 
é imprescindível. Um mesmo material pode ser valorizado ou desprestigiado, 
dependendo de como for explorado. A relação entre professor e materiais de 
ensino configura-se uma relação simbiótica, em que um se apoia no outro para 
que ambos atinjam seus objetivos. 
CONTEXTUALIZANDO 
Definir qual livro didático deve ser adotado é uma preocupação constante 
de toda a equipe de ensino. São muitos os fatores a serem observados e ainda 
temos as editoras utilizando estratégias comerciais que geralmente não 
favorecem uma escolha consciente e adequada. A questão que nos acompanha 
nesta aula é como devemos nos preparar para fazer a opção por um ou outro 
livro didático: quais conhecimentos devemos ter, ou ainda, quais reflexões 
devemos fazer para entender melhor o caminho a seguir? Sabemos que os 
livros mais vendidos não necessariamente serão os mais efetivos para o 
contexto de ensino em que trabalhamos. Por outro lado, livros que apresentam 
linguagem inovadora podem trazer resistência e dificuldade de aceitação. 
Se considerarmos a grande diversidade social, histórica e cultural que 
vivemos no nosso país, vamos perceber que um único livro ou coleção não 
atenderá a todos. A diversidade de opções é um fator bastante favorável que 
nos permite avançar e buscar adequações impensadas há 30 ou 40 anos. Por 
isso, procuramos entender as diferentes esferas em que estamos inseridos, 
além dos critérios para a escolha desses livros e o desenvolvimento de 
programas de distribuição de materiais de ensino. 
 
 
03 
TEMA 1 – COMO SE PREPARAR PARA ESCOLHER UM LIVRO DIDÁTICO? 
Quando escolhemos algo, estamos sempre pautados por algum interesse 
ou intenção. Mesmo quando escolhemos rapidamente, nossos julgamentos 
podem estar baseados em vários fatores como: experiências anteriores, opinião 
de alguém que julgamos mais conhecedor do assunto, intenção de agradar 
alguém, ser favorecido de algum modo, ou ainda por seguir o que a maioria está 
adotando. 
Considerando que a escolha de um livro didático irá refletir diretamente no 
desenvolvimento das aulas durante todo o ano ou de um determinado curso, 
investir tempo para essa tarefa certamente trará benefícios. Podemos então 
pensar em como fazer essa escolha e, para isso, devemos responder: o que nos 
leva a definir entre o livro A ou B? 
As escolhas geralmente estão pautadas em fatores mais conscientes ou 
menos conscientes. Sabemos que muitos livros se utilizam de recursos gráficos 
atraentes, os quais chamam a atenção e podem influenciar na escolha. No 
entanto, são os fatores estruturais de um livro que devem prevalecer. Por fatores 
estruturais entendemos, principalmente, a adequação dos conteúdos aos 
direcionamentos teórico-metodológicos, a qualidade dos textos e dos vídeos 
sugeridos, assim como a qualidade das propostas de produção escrita ou oral. 
O PNLD disponibiliza um Guia do Livro Didático (GLD), no qual estão 
sintetizadas as obras ofertadas a fim de fornecer subsídios para o processo de 
escolha. Segundo Tagliani (2009, p. 309), o guia contém um quadro-síntese das 
coleções analisadas, em que descreve 
o perfil metodológico das obras, combinando o princípio organizador da 
matéria ao tipo de abordagem dada aos quatro conteúdos curriculares 
básicos: leitura, produção de textos escritos, oralidade e 
conhecimentos linguísticos. 
 Porém, conforme aponta a autora, o guia muitas vezes não é utilizado 
adequadamente. Embora contenha informações pertinentes e avaliação 
pormenorizada das obras, não é lido suficientemente por grande parte dos 
professores. 
Outras iniciativas que proporcionam a análise dos livros são vistas em 
alguns estabelecimentos educacionais como reuniões e discussões entre 
professores, coordenadores, diretores e até mesmo alunos. Também, 
frequentemente, editoras disponibilizam exemplares de livros para o manuseio e 
 
 
04 
análise. São essas algumas iniciativas práticas que contribuem para auxiliar a 
escolha. 
No entanto, outra preparação se faz necessária. Queremos nos referir à 
formação teórica dos docentes, a qual se dá a longo prazo e requer grandes 
esforços, seja de leitura, de reflexão, de atualização e até mesmo financeiros. 
Conhecer as principais teorias ou abordagens teóricas que norteiam as práticas 
de ensino e também a produção, especialmente, de livros didáticos é uma 
ferramenta valiosa. Com esse conhecimento o professor tem maiores condições 
de avaliar criticamente as opções apresentadas. 
Nossas escolhas, mesmo seguindo conhecimentos teóricos e práticos, estão 
inseridas em “espaços” interligados. Preparamos uma imagem para melhor 
ilustrar nossa colocação: 
Figura 1: Espaços em que transitam as escolhas dos materiais didáticos 
 
 
 
 
 ... A ... B ... C ... 
 
 
 
 
A imagem representa três esferas principais: 
A = os parâmetros sugeridos em âmbito nacional, por isso mais 
abrangente, mas que não deixam de influenciar, de algum modo, o ensino, 
mesmo nas instituições que optam por métodos alternativos. 
B = a realidade do contexto escolar. 
C = a realidade do contexto em sala de aula. 
As reticências simbolizam outras instâncias que estão envolvidas e que 
influenciam de maneiras variadas esses espaços. 
Percebemos que as esferas estão sobrepostas. Isso simboliza a 
abrangência de cada uma, mais ou menos restritas ao espaço em que atuamos 
e também à dependência entre elas. Com isso, mostramos que a escolha de um 
determinado livro didático precisa estar entre aqueles que aparecem em listas 
 
 
05 
fornecidas previamente, seja pelo MEC (Ministério da Educação) ou pela direção 
da escola em que atuamos ou ainda ofertados pelas livrarias ou editoras às 
quais temos acesso. Nossas escolhas estão, dessa forma, pautadas por alguns 
direcionamentos, orientações ou até mesmo limitações. Inseridos nessa 
realidade, nossas opções precisam seguir critérios que possam nortear as 
decisões. Assim, uma resposta para a pergunta-título desta aula é: a melhor 
forma de nos prepararmos para a escolha de materiais didáticos é estabelecer 
critérios claros que possam nos guiar. Esses critérios devem ser discutidos 
coletivamente e estar pautados em reflexões, estudos teóricos e na observação 
do contexto em que estivermos inseridos. Como podemos ver, diversos fatores 
influenciam tais decisões. 
Para contribuir com todo esse procedimento, selecionamos critérios que 
serão analisados com o intuito de fornecer direcionamentos que possam auxiliar 
os educadores. Os critérios serão descritos através de considerações que serão 
divididas em: 
 Considerações gerais. 
 Considerações no plano didático. 
 Considerações no plano pedagógico de aspectos específicos. 
Essa divisão se dá por questões de organização, no entanto os critérios 
estão pautados no guia do PNLD, segundo o qual serão eliminadas as obras que 
não cumprirem determinados quesitos. 
TEMA 2 – CONSIDERAÇÕES GERAIS: OLHAR ABRANGENTE RELACIONADO 
AO FORMATO DOS MATERIAIS 
O critério analisado neste tema não se restringea um determinado período 
escolar, mas deve ser observado em todas as fases da escolarização e em 
todos os materiais didáticos, e mesmo em cursos particulares. Esse critério está 
relacionado à apresentação dos materiais, em especial dos livros didáticos. 
Consideramos que os materiais didáticos devem adequar-se às necessidades 
contemporâneas de aprendizagem. Incluímos nisso o incentivo à diversidade 
textual, às diversas formas tecnológicas de comunicação e às muitas estratégias 
de ensino-aprendizagem. Para tanto, consideramos que os materiais didáticos 
devem conter: 
 
 
 
06 
2.1 Formato adequado 
Vamos explorar esse critério. Geralmente os livros didáticos são divididos 
por unidades e cada uma se desenvolve em torno de uma temática. É 
necessário verificar a quantidade de propostas e observar se são suficientes 
para a carga horária, assim como a relevância dos temas abordados. Além 
disso, esse material deve conter diagramação agradável que facilite a leitura e 
chame atenção para pontos específicos do conteúdo. Nesse sentido, a 
diagramação elaborada normalmente por profissionais do design precisa estar 
em consonância com propostas visuais voltadas ao ensino. Excesso de cores e 
poluição visual não contribuem positivamente. O livro é usado diariamente e 
precisa ser claro quanto à localização das diferentes atividades. A qualidade das 
imagens e também a organização e clareza das tabelas e gráficos devem ser 
observadas para que sejam de fácil percepção. 
Outro aspecto importante é a verificação da existência de desenhos ou 
ilustrações estereotipados e preconceituosos. Os materiais precisam contemplar 
a heterogeneidade social em que vivemos a fim de contribuir para uma visão não 
preconceituosa. 
É necessário também conter o guia ou manual do professor com 
informações referentes à concepção do material, sua organização, os objetivos 
das propostas, orientações para a avaliação e, além disso, sugerir materiais 
extras para a complementação. Quando utilizamos um material criado por outras 
pessoas, nós, professores, precisamos compreender o processo de criação e os 
objetivos previstos pelos elaboradores desses materiais. Com isso, é possível 
entender melhor o caminho a ser percorrido e os objetivos propostos. 
Geralmente, quando lemos esses textos, conseguimos usar o material de forma 
mais ampla e proveitosa. 
Os livros didáticos devem passar por uma rigorosa revisão ortográfica e de 
organização. É desejável que existam espaços adequados para respostas e 
anotações. Também o corpo das letras e a disposição dos conteúdos devem ser 
suficientemente agradáveis para leitura e compreensão. 
As ilustrações e textos precisam conter obrigatoriamente a sua fonte, 
origem ou autoria. Essas informações compõem os sentidos dos textos ou 
imagens, por isso são tão importantes. Veremos mais sobre essa questão nas 
próximas aulas. 
 
 
07 
Neste primeiro critério, formato adequado, percebemos, de modo geral, 
valores estéticos e organizacionais. Geralmente os livros didáticos publicados e 
disponíveis no mercado atendem satisfatoriamente a esses quesitos, mesmo 
porque envolvem menos tempo para serem identificados. Por outro lado, 
critérios relacionados a fatores didáticos, pedagógicos ou metodológicos 
precisam de muito mais tempo de análise para serem devidamente aplicados. 
Trata-se de um olhar mais detalhado e que envolve diversos conhecimentos. 
TEMA 3 – CRITÉRIOS DE ESCOLHA CONSIDERANDO AS PRÁTICAS 
DIDÁTICAS: “UM OLHO NO PEIXE, OUTRO NO GATO” 
Neste tema vamos refletir sobre a adequação das propostas presentes 
nos livros didáticos ou outros materiais considerando sua adequação às práticas 
de sala de aula. Nesse sentido, o olhar do professor transita entre o contexto em 
que atua e a observação do que oferece um determinado livro ou material. 
De um modo geral, os professores experientes estão bastante habituados 
a fazer análises dos conteúdos didáticos. Isso ocorre principalmente quando os 
professores conhecem o programa com a descrição dos conteúdos e dos 
objetivos de cada ano ou período escolar. Esses critérios envolvem práticas 
comuns à sala de aula e às necessidades dos alunos. Na sequência, vamos 
apresentar alguns critérios e reflexões sobre eles, de modo a contribuir para a 
sua identificação nos livros didáticos. Devem fazer parte de manuais de ensino: 
 Conteúdos que estejam de acordo com os currículos ou programas 
estabelecidos pelas instituições escolares e em consonância com as 
diretrizes nacionais de ensino. 
 Distribuição adequada dos conteúdos observando as necessidades de 
progressão das propostas. Essa distribuição envolve a conexão entre as 
atividades para que se perceba a continuidade e a ampliação do grau de 
dificuldade dos conteúdos. 
 Situações-problema elaboradas a partir de necessidades de comunicação 
em condições sociais efetivas de uso da língua em situações de 
formalidade e de informalidade. 
 Propostas de ensino que favoreçam a construção da visão crítica, 
permitindo ao aluno encontrar soluções, construir conceitos, fazer 
inferências e analisar conteúdos com autonomia. 
 
 
08 
 Questões e atividades suficientes relacionadas à compreensão e 
produção de textos escritos e orais, também propostas de construção de 
conhecimento linguístico e descrição de tópicos gramaticais considerando 
variedades linguísticas e diferentes registros da fala (formalidade e 
informalidade). 
 Diferentes gêneros textuais/discursivos, incluindo textos literários e 
estratégias adequadas de leitura e percepção dos propósitos de cada 
texto. 
 Exercícios complementares e de reforço. 
 Propostas que estimulem a pesquisa e a autonomia de modo a explorar 
espaços e realidades fora do âmbito da escola e do livro didático. 
Pontuamos aqui alguns critérios essenciais para as propostas de ensino. 
Queremos destacar, ainda, a importância do desenvolvimento da proficiência em 
leitura e também da escolha dos textos a serem explorados. Sabemos o quanto 
incentivar a ler traz benefícios à aprendizagem. As escolas têm um papel 
preponderante nesse sentido e os livros didáticos devem contribuir para que o 
gosto por conhecer novas histórias, opiniões, relatos, descrições etc. façam 
parte do dia a dia da educação. Para isso, há necessidade de que os livros 
didáticos contenham textos interessantes que atraiam a curiosidade e estimulem 
a vontade de ler. 
Escolher textos para compor os livros didáticos é um trabalho de 
“garimpeiro”. Muito tempo e conhecimento envolvem essa atividade. Diversos 
fatores estão envolvidos, desde a adequação do grau de dificuldade da leitura, o 
assunto ou o tema que aborda, o seu tamanho, o(s) seu(s) propósito(s) e outros. 
Depois do texto escolhido, inicia outra etapa, que envolve o que fazer com 
o texto ou como explorá-lo. A leitura pode e deve ser feita apenas pelo prazer da 
própria leitura. Com frequência os professores solicitam leitura de livros da 
biblioteca, por exemplo, aos quais não estão atreladas atividades, porém, 
quando colocados nos livros didáticos, os textos se constituem artefatos dos 
quais temos que elaborar questões de compreensão e interpretação. Aqui está 
uma das habilidades mais admiráveis de materiais didáticos: explorar os textos 
de modo instigante e não apenas com questões para reproduzir o que está 
explícito no texto. Para finalizar, destacamos a necessidade de propor a leitura 
de textos autênticos, embora no momento em que tiramos um texto de uma 
revista ou jornal e o colocamos em um livro para ensino, é questionável a sua 
 
 
09 
autenticidade. Isso acontece, pois o texto é autêntico quando está no veículo 
para o qual foi inicialmente destinado. Em sala de aula, uma notícia de jornal 
toma contornos diversos daqueles pretendidos no momento da publicação. 
De qualquer modo, fornecer aos alunos textos reais é uma preocupação 
existente em virtude da grande quantidadede textos inventados ou “fabricados” 
em manuais de língua portuguesa. Por isso, deve existir a preocupação em 
prover textos que coloquem os alunos em situações de interlocução socialmente 
contextualizadas. Isso significa que compreender esses textos envolve a 
percepção do conjunto de elementos que o constituem, como: identificar quem é 
o autor e suas intenções, para quem o texto foi escrito e com que objetivo, e 
também perceber em que espaço e tempo circula ou circulou determinado texto. 
TEMA 4 – CRITÉRIOS DE ESCOLHA CONSIDERANDO ASPECTOS 
PEDAGÓGICOS E TAMBÉM OS ESPECÍFICOS AO CONTEXTO DE ENSINO 
4.1 Critérios pedagógicos 
Seguimos nesta aula com uma reflexão sobre critérios de ordem 
pedagógica e critérios específicos que devemos observar nos livros didáticos. 
Esses critérios estão relacionados diretamente às teorias que envolvem o 
processo de ensino-aprendizagem e a sua aplicação nas práticas em sala de 
aula e também nos materiais didáticos. Interessa-nos especialmente nesta 
reflexão a observação desses critérios em livros didáticos. 
Sabemos que as nossas escolhas como professores e elaboradores de 
manuais para o ensino estão pautadas em algum(ns) procedimento(s) teórico 
metodológico(s). É inevitável que o modo de ensinar contenha traços de 
determinadas linhas teóricas e também das experiências que tivemos como 
estudantes, pois são elas que caracterizam a constituição das práticas de 
ensino. 
Os livros didáticos de língua portuguesa de 40 anos atrás, por exemplo, 
em sua maioria apresentavam unidades com um formato bastante previsível. As 
atividades eram muito semelhantes e os textos eram sempre excertos de obras 
literárias. Os tópicos gramaticais eram absolutamente pautados em explicações 
das gramáticas normativas, ou seja, das gramáticas que traziam (e ainda 
trazem) as normas tidas como corretas de bem falar a língua portuguesa. A 
tradição ocidental de usar textos literários no ensino remonta a séculos, e 
 
 
010 
apenas muito recentemente é que se passou a entender a necessidade de 
ensinar lendo diversos outros textos. Essa necessidade surgiu por influência de 
estudos na área da linguística textual, da análise do discurso e de abordagens 
teóricas de cunho comunicativo que passaram a ter grande influência no cenário 
educacional. Nesse sentido, podemos citar também a virada pragmática que 
ocorreu no âmbito teórico ainda nos anos 1970. 
O ensino de línguas passou, então, por enormes mudanças. Em vez de 
apenas ter textos literários, passaram a compor os livros didáticos outros tipos 
de textos: folhetos, cartazes, notícias etc. Também houve modificação nas 
atividades de exploração gramatical. Pode-se perceber em muitos materiais a 
preocupação em não apenas analisar sentenças isoladas, mas procurar 
entender a gramática da língua através das frases constituintes dos textos. 
Estudos sobre variação linguística também refletem novas preocupações 
relacionadas à exploração de diferentes registros da língua e as variedades 
linguísticas. A repetição, automação, fixação de conteúdos vão dando lugar para 
análises e práticas de ensino voltadas aos usos da linguagem. 
Essa transformação vem ganhando espaço desde os anos 1980, mas 
efetivamente passa a ser exigida em livros didáticos no final dos anos 1990 em 
diante. Podemos encontrar nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua 
Portuguesa de 1997 e 1998 orientações voltadas à utilização de textos de 
diferentes gêneros, os quais passam a ser um “conceito-chave para a 
operacionalização do ensino em língua portuguesa” (Gomes-Santos, 2004, p. 
152). 
Como faz pouco tempo que essa tendência teórica vem sendo discutida e 
aplicada, entendemos que ainda temos um caminho longo por trilhar nesse 
sentido. Indefinições sobre o que de fato é texto, gênero discursivo, gênero 
textual e o que isso representa na prática para o ensino permeiam discussões 
em torno do planejamento de materiais didáticos para ensino de línguas. 
Segundo defende Campos (2016, p. 135), 
os professores de língua materna estão habituados a propostas de 
atividades que acabam levando o aluno a ler o texto em si mesmo, 
procurando características de modo mecânico e abstrato, isto é, uma 
teoria de gêneros muito distinta da proposta pelos teóricos russos 
como Voloshinov, Medvedev e Bakhtin. 
Os autores russos, citados por Campos, desenvolveram estudos 
relacionados à linguagem nas ciências humanas e são frequentemente citados 
 
 
011 
como referência em diversos currículos e livros didáticos, além de estudos 
científicos no âmbito universitário. 
Com base nas colocações apresentadas, seguiremos com a 
apresentação de alguns critérios a serem observados referentes ao aspecto 
pedagógico. Desse modo, devemos observar se o livro didático: 
 Apresenta correlação entre suas referências teóricas e as atividades e 
conteúdos propostos. Nem sempre o que encontramos na introdução ou 
apresentação do livro como fundamentação teórica é o que se configura 
explicitado no decorrer do material; 
 Explora diferentes pontos de vista, assim como o plurilinguismo e a 
heterogeneidade sociocultural em que nos encontramos; 
 É constituído de diferentes gêneros discursivos (descritivo, narrativo, 
argumentativo, poético etc.). 
 Contempla conhecimentos culturais variados. 
Destacamos, ainda, a necessidade em desenvolver propostas que 
valorizem a autonomia, a curiosidade e a percepção crítica no espaço em que 
vivemos. 
4.2 Critérios específicos 
 Consideramos que os critérios específicos estão diretamente relacionados 
às práticas das disciplinas no que se refere às habilidades necessárias para 
atingir os objetivos dos cursos. Também observamos como critérios específicos 
a elaboração de materiais que se destinam a públicos específicos com 
necessidades e interesses particulares. Destacamos a carência desse tipo de 
material, embora algumas iniciativas estejam sendo percebidas. 
Como conhecimento para essa análise, devemos considerar o perfil do 
egresso, ou seja, o perfil dos alunos no final de cada ano letivo e mesmo de 
cada ciclo escolar. Temos como exemplo o domínio do processo de 
alfabetização e letramento para o primeiro ciclo e para o segundo, o “domínio da 
escrita, da leitura e da oralidade suficiente para as demandas básicas do mundo 
do trabalho e do pleno exercício da cidadania, inclusive no que diz respeito à 
fruição da literatura em língua portuguesa”. (Brasil, 2016a, p. 18). 
Os livros didáticos devem considerar especificidades relacionadas: 
012 
 aos objetivos de cada ciclo da escolaridade ou a cada curso a que se
destina o material;
 à realidade social em que os alunos estão inseridos;
 à preocupação com a atualização de temas de interesse dos alunos;
 às particularidades de diferentes grupos de alunos da educação especial
como, os que necessitam de material em Braille.
Concluímos com isso as reflexões direcionadas aos critérios de escolha
de livros didáticos. 
TEMA 5 – OBSERVAÇÕES RELACIONADAS AO PROGRAMA NACIONAL DO 
LIVRO DIDÁTICO (PNLD) 
Seguimos agora com informações relacionadas ao PNLD (Programa 
Nacional do Livro Didático) com o objetivo de entender o seu funcionamento e 
refletir sobre sua importância e suas limitações no âmbito do ensino do Brasil. 
Serão considerados os ciclos da escolarização: ensino fundamental e médio. 
Como já vimos em aulas anteriores, o PNLD é um programa do MEC 
(Ministério da Educação do Brasil), que tem por finalidade analisar, selecionar e 
distribuir livros didáticos para as escolas públicas de ensino fundamental, médio 
e também para o EJA (Ensino para Jovens e Adultos). 
De acordo com o portal do MEC (Brasil, 2016b), para receber os livros 
didáticos do PNLD, é necessário a participação da escola no Censo Escolar e 
fazer adesão formal ao programa ainda no ano anterior àquele em que se deseja 
receber os materiais. Ainda conforme explicitado pelo MEC, 
Os livros chegamàs escolas entre outubro do ano anterior ao 
atendimento e o início do ano letivo. Nas zonas rurais, as obras são 
entregues nas sedes das prefeituras ou das secretarias municipais de 
educação, que devem efetivar a entrega dos livros. (Brasil, 2016b) 
013 
No entanto, sabemos que, muitas vezes, na prática, a realidade é um 
pouco mais complexa. Vemos, por exemplo, escolas que não recebem seus 
livros a tempo para o início do ano letivo. Também compreendemos que a 
reutilização de livros didáticos não é uma prática favorável ao aprendizado, pois 
não cria uma ligação de afinidade. O livro novo exerce um fascínio típico do 
início do ano de estudos, que instiga a vontade de usá-los. A reutilização irá 
depender do quanto os colegas do ano anterior foram cuidadosos ou não. Ainda 
existem relatos frequentes de professores que precisam dar aula para grupos 
sem livros e o quanto isso torna mais lenta a progressão dos conteúdos. 
Embora tenhamos visto nas últimas décadas maior investimento nesse 
campo, ainda não podemos considerar adequada e suficiente a distribuição de 
livros didáticos no nosso país. 
Na sequência, vamos discorrer sobre o processo de seleção de materiais 
didáticos observando os vários ciclos de escolarização segundo o PNLD. 
5.1 Livros didáticos de língua portuguesa para o ensino fundamental 
Os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) foram consolidados em 
etapas: em 1997 foram contempladas as diretrizes para os anos iniciais; no ano 
seguinte, 1998, as diretrizes para os anos finais do ensino fundamental e, no ano 
2000, as do ensino médio. 
Vamos abordar neste tema os objetivos principais do ensino fundamental 
segundo o Guia de livros didáticos, de 2013 e 2017. 
O Letramento e a Alfabetização são considerados demandas nucleares 
para a organização do currículo de ensino. Será objetivo do trabalho a ser 
realizado nos primeiros anos da escola fundamental: 
• inserir a criança como sujeito pleno no universo escolar e, portanto,
levá-la a compreender o funcionamento particular da escola, num
processo que não poderá desconhecer nem a singularidade da
infância, nem a lógica que organiza o seu convívio social imediato;
• garantir o seu acesso qualificado ao mundo da escrita e à cultura
letrada em que vivemos, sem, no entanto, desconsiderar sua cultura
de origem;
• desenvolver no jovem aprendiz a autonomia progressiva nos
estudos. (Brasil, 2012, p. 14)
A familiarização da criança com a cultura letrada é um dos grandes 
objetivos desse ciclo, o que implica despertar o interesse pela leitura e pela 
 
 
014 
escrita. Essas habilidades fazem parte das funções sociais cotidianas e, por 
isso, se apresentam como essenciais. 
O Guia de livros didáticos (2012, p. 12) considera prioritárias nos livros 
didáticos as práticas de uso da linguagem, entendendo, por isso, “as atividades 
de leitura e compreensão de textos, de produção escrita e de produção e 
compreensão oral, em situações contextualizadas de uso”. Ainda, acrescentam 
que 
as práticas de reflexão sobre a língua e linguagem, assim como a 
construção correlata de conhecimentos linguísticos e a descrição 
gramatical, na medida em que se façam necessárias e significativas 
para a (re)construção dos sentidos dos textos, devem se exercer sobre 
os textos e discursos. (Brasil, 2012, p. 11-12) 
Conforme explica a citação, o processo de letramento e alfabetização 
deve acontecer também através da percepção da escrita em textos e discursos 
diversos. Percebemos, então, que o texto é objeto de ensino desde os primeiros 
anos da escolarização. Isso porque não se entende a comunicação de forma 
isolada das interações sociais. 
O trabalho realizado nos anos iniciais da escolarização é de extrema 
importância para que se possa efetivamente atingir os objetivos dos anos finais. 
Pois, o segundo ciclo tem como finalidade “aprofundar o processo de inserção 
qualificada do estudante na cultura escrita”. (Brasil, 2016a, p. 14). 
Nesse sentido, o aprofundamento poderá se configurar se o trabalho de 
formação inicial for suficientemente atingido. Vale a pena citarmos alguns 
parâmetros a serem atingidos ao final do ensino fundamental de 9 anos: 
• o pleno acesso ao mundo da escrita e, portanto: 
• a proficiência em leitura e escrita no que diz respeito a gêneros 
discursivos e tipos de texto representativos das principais funções 
da escrita em diferentes esferas de atividade social; 
• a fruição estética e a apreciação crítica da produção literária 
associada à língua portuguesa, em especial a da literatura 
brasileira; 
• o desenvolvimento da compreensão da variação linguística e no 
convívio democrático com a diversidade dialetal, de forma a evitar o 
preconceito e valorizar as diferentes possibilidades de expressão 
linguística; 
• o domínio das normas urbanas de prestígio, especialmente em sua 
modalidade escrita, mas também nas situações orais públicas em 
que seu uso é socialmente requerido; 
• as práticas de análise e reflexão sobre a língua, na medida em que 
se revelarem pertinentes, seja para a (re)construção dos sentidos 
de textos, seja para a compreensão do funcionamento da língua e 
da linguagem. (Brasil, 2016a, p. 18) 
 
 
 
015 
5.2 Livros didáticos de língua portuguesa para o ensino médio 
Somente a partir de 2004 é que os livros didáticos destinados ao ensino 
médio passaram a ser distribuídos pelo PNLD. Mesmo assim, não integralmente 
para todo o país. No entanto, vem crescendo o seu alcance e a ampliação do 
acesso aos conteúdos que possam viabilizar a sua produção oral e escrita. 
É pontuado como objetivo a ser alcançado pelo aluno egresso do ensino 
médio o desenvolvimento “das proficiências orais e escritas, assim como a 
capacidade de reflexão sobre a língua portuguesa e de sistematização desses 
conhecimentos” (Brasil, 2011, p. 7). Tais conhecimentos visam à inserção do 
aluno no mundo do trabalho, na vida social republicana, na cultura letrada e na 
escolarização de nível superior, conforme explica o Guia do livro didático. 
Observamos que nessa fase o aluno irá aprimorar seus conhecimentos 
relacionados à leitura e produção de textos, considerando a necessidade de 
ingressar no mundo do trabalho e também no ensino superior. Desse modo, é 
importante que os alunos se apropriem da chamada “norma de prestígio”, assim 
considerada socialmente. No entanto, isso não significa a estigmatização de 
formas coloquiais ou menos prestigiadas do português brasileiro. Ter domínio da 
escrita formal é uma necessidade, pois esse conhecimento proporcionará 
maiores condições de acesso a diversas interações do âmbito social. 
Para concluir, queremos destacar a distribuição pelo PNLD de materiais 
multimídia, também de dicionários, gramáticas e livros do professor. 
FINALIZANDO 
Nas aulas apresentadas sobre avaliação de materiais didáticos para o 
ensino de língua materna, trouxemos reflexões destinadas a auxiliar no 
momento da escolha desses materiais. Para isso, analisamos os principais 
critérios para que se possa fazer opção consciente, adequando-se às 
necessidades dos alunos e às teorias de ensino. Descrevemos sucintamente as 
características do PNLD e os objetivos definidos pelos Parâmetros Curriculares 
para os níveis iniciais e finais do ensino fundamental, assim como os do ensino 
médio. Durante o texto, procuramos fazer algumas reflexões sobre a 
funcionalidade de todo esse processo. Com essas reflexões, visamos contribuir 
para que os profissionais da educação possam realizar escolhas mais 
conscientes de acordo com o contexto de ensino em que atuam. 
 
 
016 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Ministério da Educação (MEC). Parâmetros curriculares nacionais: 
Língua Portuguesa. Brasília: MEC/Secretaria de Educação Fundamental, 1997. 
Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro02.pdf>. Acesso 
em: 15 nov. 2017. 
BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais de Língua Portuguesa: terceiro e 
quarto ciclos do ensinofundamental: língua portuguesa. Brasília: MEC/SEF, 
1998. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/portugues.pdf>. 
Acesso em: 15 nov. 2017. 
BRASIL. Guia de livros didáticos: PNLD 2012: Língua Portuguesa. – Brasília: 
Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2011. Disponível em 
<http://www.fnde.gov.br/programas/livro-didatico/guias-do-pnld/item/2988-guia-
pnld-2012-ensino-m%C3%A9dio>. Acesso em: 15 nov. 2017. 
BRASIL. Guia de livros didáticos: PNLD 2013: letramento e alfabetização e 
língua portuguesa. – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação 
Básica, 2012. 256 p. 
BRASIL. PNLD 2017: língua portuguesa – Ensino fundamental anos finais / 
Ministério da Educação – Secretária de Educação Básica SEB – Fundo Nacional 
de Desenvolvimento da Educação. Brasília, DF: Ministério da Educação, 
Secretária de Educação Básica, 2016a. 98 p. 
BRASIL. PNLD. Portal MEC, 2016b. Disponível em: 
<http://portal.mec.gov.br/component/content/article?id=12391:pnld>. Acesso em: 
15 nov. 2017. 
CAMPOS, I. M. Bakhtin e o ensino de língua materna no Brasil: algumas 
perspectivas. Revista Conexão Letras, v. 11, n. 16, p. 123 a 137, 2016. Porto 
Alegre. Disponível em: <http://seer.ufrgs.br/index.php/conexaoletras/ 
article/view/70359>. Acesso em: 15 nov. 2017. 
GOMES-SANTOS, S. A questão do gênero no Brasil: teorização acadêmico-
científica e normatização oficial. Tese de doutorado. Campinas, Instituto de 
Estudos da Linguagem. Universidade de Campinas, 2004. Disponível em: 
<file:///C:/Users/Usu%C3%A1rio/Downloads/Gomes-
Santos_SandovalNonato_D.pdf>. Acesso em: 15 nov. 2017. 
 
 
017 
TAGLIANI, D. C. O processo de escolha do livro didático de língua portuguesa. 
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SC. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ld/v9n2/05.pdf>. Acesso em: 15 
nov. 2017.

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