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As transforma~oes tecnico-cientificas, economicas e politicas 1. Revolu~ao tecnol6gica: impactos e perspectivas Inicialmente, buscaremoscompreenderem que con- sistemastransforma<;:6estecnico-cientificas.Os estudio- sos do assunto mencionam essastransforma<;:6escom diferentes denomina<;:6es,tais como Terceira RevolUl;:ao Industrial, revolurao cientifica e tecnica, revolurao infor- macional, revolurao informatica, era digital, sociedade tecnico-informacional, sociedadedo conhecimento ou, sim- plesmente, revolurao tecnologica. Boa parte dos autores levam a crer que asmudan<;:as economicas, sociais,politicas, culturais e educacionais decorrem, sobretudo, da acelera<;:aodastransforma<;:6es tecnico-cientificas.Em outras palavras,os acontecimen- tosdo campo daeconomiaedapolitica - como agloba- liza<;:aodos mercados,a produ<;:aoflexivel,0 desemprego estrutural, tambem chamadodedesempregotecno16gico, a necessidadede eleva<;:aoda qualifica<;:aodos trabalha- dores,a centralidadedo conhecimentoe da educa<;:ao- teriam como elementodesencadeadorastransforma<;:6es tecnico-cientificas. A ciencia e a tecnica estariam,por- tanto, assumindo 0 papel de for<;:aprodutiva em lugar dos trabalhadores, ja que seu usa, cada vez mais inten- so, faria crescera produ<;:aoe diminuiria significativa- mente 0 trabalho humano. Verifica-se,nessacompreensao,urn determinismo tec- nologico que nao correspondeinteiramente a realidade. E precisoconsiderarque astransforma<;:6estecnico-cien- tificas resultam da a<;:aohuman a concreta, ou seja,de interesseseconomicos conflitantes que semanifestam no Estadoeno mercado,polos complementaresdo jogo capitalista. Essastransforma<;:6esrefletem a diversidade e os contrastes da sociedade e, em decorrencia, 0 em- preendimento do capitalem controlar eexplorar ascapa- cidades materiais e humanas de produ<;:aoda riqueza, para suaautovaloriza<;:ao. Todavia,embora existamalgumasdiferen<;:asna com- preensaodo fenomeno da aceleradatransforma<;:aotec- nico-cientifica, percebe-sequetodos os termos utilizados paradefinir a realidadeatualapontampara0 fato deestar em curso uma radical revolu<;:aoda tecnica e da ciencia e de essarevolu<;:aoser responsavelpar amplasmodifi- ca<;:6esda produ<;:ao,dos servi<;:ose das rela<;:6essociais. Vma triade revolucionaria: a energiatermonuclear, a microbiologia e a microeletronica Paracompreendermosmais concretamenteastrans- forma<;:6estecnico-cientificas, e preciso considerarmos os aspectosou pilares fundamentais da revolu<;:aotecno- logica.Talrevolu<;:aoestaassentadaemuma triade revolu- cionaria: a microeletronica, a microbiologia e a energia termonuclear (Shaff,1990).Essatriade aponta,em grande parte,oscaminhosdo conhecimentoe asperspectivasdo desenvolvimento da humanidade. A revolw;:iio tecnologica ou Terceira Revolu~iio Industrial emarcada,entre outras,pelaenergiatermonuclear,assim como a Primeira RevoluyaoIndustrial resultou da des- coberta e utilizayao da energia a vapor e a Segunda RevoluyaoIndustrial, da energiaeletrica,como mostra 0 quadro "Revoluyoescientificase tecnologicasda moder- nidade", a seguir.A energia termonuc1eare responsavel pelos avan<;:osda conquista espacial,alem de constituir potencialmente impartante fonte alternativa de energia. Seuusono seculoXX, no entanto,esteveem grandeparte a servi<;:oda moderna tecnica deguerra, trazendo graves conseqiienciasegrandesriscospara avida humana edo planeta. REVOLU~6ES CIENTiFICAS E TECNOLOGICAS DA MODERNIDADE (do seculo XVIII ao inicio do seculo XXI) PRIMEIRAREVOLU<;:AOC1ENTiFICAE TECNOLOGICA (segunda metade do seculo XVIII) • Nasce na Inglaterra, vinculada ao processo de industrializac;:ao, substituindo a produc;:aoartesanal pela fabril. • Caracteriza-se pela evoluc;:aoda tecnologia aplicada a produc;:ao de mercadorias, pela utilizac;:ao do ferro como materia-prima, pela invenc;:aodo tear e pela substituic;:aoda forc;:ahumana pela energia e m6quina a vapor, criando as condic;:oesobjetivas de passagem de uma sociedade agr6ria para uma sociedade industrial. • Impoe 0 controle de tempo, a disciplina, a fiscalizac;:ao e a con- centrac;:aodos trabalhadores no processo de produc;:ao. • Amplia a divisao do trabalho e faz surgir 0 trabalho assalariado e o proletariado. • Aumenta a concentrac;:aodo capital e seu dominio sobre 0 trabalho; o trabalho subordina-se formal e concretamente ao capital. • Demanda qualificac;:ao simples (trabalho simplesL 0 que leva 0 tra- balhador a perder 0 saber mais global sobre 0 trabalho. SEGUNDA REVOLU<;:AOC1ENTiFICAE TECNOLOGICA (segunda metade do seculo XIX) • Caracteriza-se pelo surgimento do ac;:o,da energia eletrica, do petr61eo e da industria quimica e pelo desenvolvimento dos meios de transporte e de comunicac;:ao. • Forneceas condic;:oesobjetivas para um sistemade produc;:ooem massae para a ampliac;:oodo trabalho assalariado. • Aumenta a organizac;:ooe a gerencia do trabalho no processode produc;:oo,por meio da administrac;:oocientifica do trabalho (propos- ta por Taylor e Ford): racionalizac;:oodo trabalho para aumento da produc;:oo,eliminac;:oodos desperdicios,controledos tempose movi- mentosdos trabalhadoresna Iinha de montagem. • Ocasiona a fragmentac;:oo,a hierarquizac;:oo,a individualizac;:ooe a especializac;:oode tarefas (Iinha de montagem). • Intensificaainda mais a divisoo tecnica do trabalho, ao mesmo tempoem que promovesua padronizac;:ooe desqualificac;:oo. • Fazsurgir as escolasindustriaise profissionalizantes(escolastecni- cas), bem como 0 operario-padroo. TERCEIRAREVOLU<;:AOC1ENTIFICAETECNOLOGICA (segundametadedo seculoXX) • Tempor base, sobretudo,a microeletronica,a cibernetica, a tec· notronica, a microbiologia, a biotecnologia, a engenharia genetica, as novas formas de energia, a rob6tica, a informatica, a quimica fina, a produc;:oode sinteticos,as fibras 6ticas, os chips. • Acelera e aperfeic;:oaos meios de transporte e as comunicac;:oes (revoluc;:ooinformacional). • Aumenta a velocidadee a descontinuidadedo processotecnol6gi- co, da escalade produc;:oo,da organizac;:oodo processoprodutivo, da centralizac;:oodo capital, da organizac;:oodo processode traba- Iho e da qualificac;:oodos trabalhadores. • Transformaa cienciae a tecnologiaemmarerias-primasper excelencia. • Organiza a produc;:oode forma automatica,autocontrolavele auto- ajustavel,mediante processosinformatizados, robotizados por meio de sistemaeletronico. • Tornaa gestoo e a organizac;:oodo trabalho mais f1exiveise inte- gradas globalmente. A revolufao da microbiologia e responsavel,tambem, por grandesavanc;:ose perigos para a vida humana e do planeta.De urn lado, 0 conhecimento geneticodosseres vivos permite a produc;:aode plantas e de animais me- lhorados para 0 combate a fome e a desnutric;:ao,0 de- senvolvimento de meios contraceptivos no auxilio ao planejamento familiar e ao combate da explosaodemo- grafica e a luta pela eliminac;:aode doenc;:ascongenitas (mongolismo, esclerosemUltipla, diabetes,doenc;:asmen- tais, etc.). De outro lado, ha 0 risco de produc;:aoartifi- cial de sereshumanos encomendadose/ou obedientes, a clonagem,bem como a criac;:aode virus artificiais e a possibilidade de guerrasbacteriologicas. A revolufaO da microeletr6nica, por suavez, e a que mais facilmente pode ser sentida e percebida. Estamos rodeadosde suasmanifestac;:oesno cotidiano, mediante: a) objetosde uso pessoal,como agendaseletr6nicas,cal- culadoras,relogiosde quartzo, etc.;b) utensiliosdomes- ticos, como geladeiras,televisores,videos, aparelhosde som, maquinas de lavar roupa e louc;:a,forno microon- das,fax, telefonecelular,automoveis,entre outros; c) ser- vic;:osgerais- terminaisbancariosde auto-atendimento, jogos eletr6nicos, virtuais ou tridimensionais, balanc;:as digitais,caixaseletr6nicose outros.Jaepossivelperceber, tambem, que essasmanifestac;:oes,bem como a perma- nente introduc;:aode artefatos tecnologicos no cotidia- no devida daspessoas,vem promovendo alterac;:oesnas necessidades,nos habitos,nos costumes,na formac;:aode habilidades cognitivas e atena compreensaoda realida-de (realidadevirtual). A vedetedessarevoluc;:aoe,certamente,0 computador. Paramuitos, eleconstitui amaior invenc;:aodo seculo,ja que seu fasdnio, seuaperfeic;:oamentoe sua utilizac;:ao (diferentementedo automovel, da televisao,do telefone, do aviao) nao parecem ter limites. Saopotencialmente infindaveis asaplicac;:oesdo computador em diferentes campos da atividade human a: lazer, educac;:ao,saude, agricultura,industria, comercio,pesquisa,transporte,tele- comunica<;:ao,informa<;:ao,etc. Em todos essescampos come<;:aa fluir uma cultura digital pela qual todos se sentem fascinados ou pressionados a dela participar e adquirir seusprodutos, sob pena de tornarem-se obso- letos ou de seremexduidos dasatividadesque realizam. o computador tern, ainda, em seufavor 0 fato de ter se tornado sinonimo de moderniza<;:ao,de eficiencia e de aumento da produtividade em urn mundo cadavezmais competitivo e globalizado, fazendo com que existauma compreensaode que e imperio so informatizar. Todavia,oscamposqueforam atingidoscom maior in- tensidadepelarevolu<;:aodamicroeletronica(especialmen- tepelainformatiza<;:ao),com grandesreflexoseconomicos, sociais e culturais, sac tres: a agricultura, a industria e o comercio,com destaquepara0 setordeservi<;:os. No mundo inteiro, vem decrescendo0 trabalho hu- mano na agricultura, em razaodo processode "tecnolo- giza<;:ao"e da moderniza<;:aoda produ<;:ao.A agricultura contacadavezmaiscom diferentesformas de energia,de maquinario (tratores, colheitadeiras, etc.), com avioes, telefoniarural, computadores,informa<;:oesmeteoro16gi- cas,estudosdo soloedemercado,sementesselecionadas, acompanhamento tecnico-cientifico da produ<;:ao,entre outros. Por isso,os trabalhadores do campo tornam-se, em grandeparte,desnecessariosaoprocessodeprodu<;:ao capitalista,sendosubstituidospela cienciae pela tecnica. Assim,enquantoarevolu<;:aotecno16gicacria ascondi<;:oes para 0 aumento da produ<;:aode alimentose para grande diminui<;:aodo trabalho manual-assalariado,agrava-se o problema do desempregono campo,como demonstra o Movimento dos Sem-Terra (MST) no Brasil. A libera<;:aodo trabalho humano na agricultura, por- tanto, nao tern servido, em geral, para a melhoria da qualidade de vida dos individuos, ou seja,para a elimi- na<;:aoda fome e para 0 aproveitamento do tempo livre em atividadeshumanizadoras, e sim para a exclusaoe a expulsaodos trabalhadoresdo campo.Em muitos casos, ampliam-se os focos de tensao,em razaodasocupa<;:oes de terra (demandaspor reforma agraria) e da intensifi- ca<;:aodo processode marginaliza<;:ao,pelo aviltamento dossalariosepelasprecariascondi<;:oesde trabalho e de vida urbana (que tern produzido anomalias no campo, como furtos, suicidio, abandono da familia, prostitui- <;:ao,banaliza<;:aoda violencia, etc.) No campo da industria, asmodifica<;:oesdo processo deprodu<;:aosacainda mais intensas.A microeletronica eresponsavelpelainformatiza<;:aoeautoma<;:aodasfabri- cas,especialmenteda industria automobilistica. Com as novasformas etecnicasde gestao,deprodu<;:ao,devenda e deorganiza<;:aodo trabalho (como 0 toyotismo, osme- todosjust in time ekan ban), a microeletronica permite: a) 0 aumento da produ<;:aoem urn tempo menor; b) a elimina<;:aode postosde trabalho; c) maior flexibilidade e,aomesmo tempo, maior controle do processodepro- du<;:aoe do trabalho; d) 0 barateamentoe a melhoria da qualidade dos produtos e servi<;:os.Provavelmente, os maiores efeitosdessarevolu<;:aosejama crescenteelimi- na<;:aodo trabalho humano na produ<;:aoe nos servi<;:os pelo uso da rob6tica e da informatiza<;:ao,0 qual levaao aumento do desempregoestrutural, a dualiza<;:aocres- centedo mercado de trabalho (induidos/exduidos) e a intensifica<;:aoda desintegra<;:aosociale da demandapor talento e por capacidades,para 0 desenvolvimento de atividades que exigem maior qualifica<;:ao. Por suavez,0 impacto da revolu<;:aoda microeletro- nica no setor de servi<;:os(comercio, corretoras de valo- res,hospitais, profissoes liberais e outros) e urn tanto singular. Por meio da informatiza<;:aoe da ado<;:aode novas tecnologias e formas de gerenciamento, 0 setor estamodernizando-se. Na realidade,estaem curso uma tendenciamundial (nos paisesdesenvolvidosou em fase dedesenvolvimento)decrescimentodo setordeservi<;:os ou de aumento da gera<;:aode riqueza, em detrimento da agricultura eda industria, quepassampor urn proces- so de enxugamento e retra<;:ao. o crescimento do setor de servi<;:osassocia-se:a) a transferencia da riqueza geradacom ganhos de produ- tividade na agricultura e na industria; b) ao aumento do consumo,especialmenteem periodos de estabiliza<;:aoda infla<;:aoedeamplia<;:aodo poder decompra;c) a genera- liza<;:aoda competi<;:ao;d) a terceiriza<;:aopatrocinada pelasempresas,ou melhor, a contrata<;:aode servi<;:osde terceiros para areascomo faxina, vigilancia, advocacia, contabilidade,etc.;e) a diminui<;:aodo empregona agri- cultura e na industria, 0 que levamuitas pessoasa tentar urn negocio proprio na economia formal ou informal; f) ao aumento da demandapor servi<;:osem areascomo lazer e educa<;:ao. A tendencia mundial de crescimento do setor, no entanto,nao significa uma absor<;:aototal dos desempre- gadosdaagricultura edaindustria. Ospostosdetrabalho reorganizados ou criados nessesetor nao conseguem atender ao contigente de desempregadosgerado pelos outros setores.E preciso considerar,ainda, que no setor de servi<;:ostambem vem sealterando 0 perfil de quali- fica<;:aodos trabalhadores,em razao das reformula<;:6es dasatividades e da incorpora<;:aodasnovastecnologias, formas e tecnicasde organiza<;:aodo trabalho. a reduzir 0 tempo, 0 que se deve a multiplica<;:aodos meios, dos modos e da velocidade com que saopropa- gadasou acessadasatualmente. A internet (a super-redemundial de computadores) e uma dasestrelasprincipais dessafaseda revolu<;:aoin- formacional, pois interliga milhares de computadores, ou melhor, de usuarios a urn imenso e crescentebanco deinforma<;:6es,permitindo-lhes navegarpelo mundo por meio do microcomputador. As informa<;:6esdisponiveis dizem respeito a praticamente todos os ternas de inte- resse,0 que fascina cadavez mais aspessoas.0 uso da internetno Brasil,apesardapermanenteexpansao,aindae bastanterestrito,0 quetern geradoamplaexclusaodigital. Com maior ou menor acesso,no entanto, asnovas tecnologiasda informa<;:aoe os diferentesmeios de co- munica<;:ao- por exemplo, 0 radio, 0 jornal, a revista, a televisao,0 computador, 0 telefone, 0 fax e outros - estaopresentesnos espa<;:ossociaisou incorporados ao cotidiano de vida daspessoas,de maneira que modifi- cam habitos, costumese necessidades.Os meios de co- munica<;:ao,melhor dizendo,asmidias exercemcadavez mais urn papel de media<;:aoe de tradu<;:aoda realidade social.A seumodo - urn modo editadoe,por vezes,ma- nejado-, elascontam 0 que aconteceno mundo, fazen- do com que grandeparte da realidadesejapercebidade forma virtual. As midias tambem vem sentindo 0 impacto da revo- lu<;:aoda microeletr6nica e do processo de informa- tiza<;:ao.As alternativas eletr6nicas de comunica<;:aoe as vers6eseletr6nicas dos antigos meios promoveram, no final do seculoXX, uma revolu<;:aono interior da revo- lu<;:aodos meios de comunica<;:ao;dito de outro modo, houve verdadeira revolu<;:aoinformacional nas midias. A televisaoe,nessesentido, urn dosveiculos mais ageis. Alem de tratar asnoticias e asinformac;:6esno momen- to em que sedao, ela conseguiu alargar suasopc;:6esna Alem da triade revolucionaria apontada, e preciso destacar as mudan<;:ase as implica<;:6esda revolu<;:ao informacional emergente.Essarevolu<;:aotern por base urn espantosoecontinuo avan<;:odastelecomunica<;:6es, dos meios de comunica<;:ao(midias) e das novas tec- nologias da informa<;:ao.Taisavan<;:ostorn am 0 mundo pequeno e interconectado por varios meios, sugerindo- nos a ideia de que vivemos em uma aldeia global. As in- formac;:6escirculam de maneira a encurtar distancias e A EDucAt;:Ao ESCOLAR NO CONTEXTO DAS TRANSFORMAt;:OES DA SOCIEDADE CONTEMPORA.NEA As TRANSFORMAt;:OESTECNICO-CIENTiFICAS, ECONOMICAS E POLiTICAS areade transmissao a cabo ou por assinatura. Ensaia, ainda,experimentosde interatividade, em que e possivel obter urn feedback dos telespectadoresmediante enque- tes,respostas,debates,conversas,registro,recebimentode informa<;:oesvia computador domestico,telefone,etc. De maneira geral,os veiculosjornalisticos informati- zam-see distribuem asinforma<;:oespor diferentesmeios (telefone, fibras 6ticas, satelites,etc.), criando redesde informa<;:aoon-line (comunica<;:aoinstantanea)que con- seguemjuntar texto, som e imagem. Dando sequenciaaquilo que foi iniciado pela tele- visao a cabo,a informatiza<;:aodasmidias tende a diver- sificar e diferenciar os leitores/usuarios como urn uni- verso segmentadoe complexo, em razao dasdemandas espedficas e da tendencia a individualiza<;:ao,indicati- vasde urn periodo de afirma<;:aodassingularidadese de florescimento dasdiferen<;:asou, ainda, de intensifica<;:ao do processode individualiza<;:ao. Caracterizam ainda a revolu<;:aoinformacional: a) 0 surgimento de uma nova linguagem comunica- cional, uma vez que circulam e setornam comuns ter- mos como realidade virtual, ciberespa<;:o,hipermidia, correio eletronico e outros, expressandoasnovas reali- dadese possibilidadesinformacionais. Jae comum tam- bem a utiliza<;:aode uma linguagem digital, sobretudo entre os jovens, para expressarsentimentos e situa<;:oes de vida; b) os diferentesmecanismosde informa<;:aodigital (co- munica<;:aoinstantanea), de acessoa informa<;:aoe de pesquisase liga<;:oesentre materias sempreatualizadase qualificadas; c) asnovaspossibilidadesde entretenimento e de educa- <;:ao(TV educativa,educa<;:aoadistancia,videos,softwares, etc.); d) 0 acumulo de informa<;:oeseasinfindaveis condi<;:oes de armazenamento. Uma caracteristica importante da revolu<;:aoinfor- macional diz respeitoao papel central da informa<;:aona sociedadep6s-mercantil ou p6s-industrial ea seutrata- mento (Lojkine, 1995).Essanova sociedadetern como aspectosmarcantesa organiza<;:aoeficazda produ<;:aoe 0 tratamento da informa<;:ao.Saocaracteristicasja clara- menteobservadas,por exemplo,nospaisesdesenvolvidos, nos quais e crescentea interpenetra<;:aoentre a informa- <;:aoe 0 mundo da produ<;:aoe do mercado.Novos la<;:os estaosendotecidos entre produ<;:aomaterial e servi<;:os, saberese habilidades. A informa<;:ao,do ponto de vista capitalista, constitui urn bem economico (uma merca- doria). Suaprodu<;:ao,seutratamento, suacircula<;:aoou mesmo suaaquisi<;:aotornaram-se fundamentais para a amplia<;:aodo poder e da competitividade no mundo globalizado. Investir em informa<;:aoou adquirir in for- ma<;:aoqualificada passoua ser,entao, condi<;:aodeter- minante para 0 aumento da eficacia e da eficiencia no mundo dos neg6cios. A revolu<;:aoinformacional esta,portanto, na basede uma nova forma de divisao social e de exclusao:de urn lado, os que tern 0 monop6lio do pensamento,ou me- lhor, da informa<;:ao;de outro, os excluidosdesseexerd- cio. Por isso,0 acessoao mundo informacional consiste cadavezmais em uma troca entreproprietarios privados queacessama informa<;:aoatual,verdadeirae criadora de modo flexivel (Lojkine, 1995),a fim de secapacitarem para a tomada de decisoes.A informa<;:aode livre circu- la<;:ao,isto e,a que circula no espa<;:opublico, e,em geral, tratada e midiatizada pelos mass media, que exercem, em grande parte, urn papel de entretenimento e de doutrina<;:aodas massas.Essainforma<;:aode massae, portanto, dominada pelo mercadocapitalista,queatorna As TRANSFORMAC;:OES TECNICO-CIENTiFICAS, ECONOMICAS E POLiTICAS insignificante e pobre de conteudo, mas determinante na crias:aodascondis:6esobjetivasatuaisde formas:aode uma cultura demassamundial e deglobalizas:aodo capi- tal, como veremosadiante.A globalizas:aos6 setornou possivelgras:asexatamentea urn sistemaglobal,altamen- te integrado pelastelecomunicas:6esinstantaneas. Dessemodo, a evidenteutilizas:aoelitistae tecnomitica da informas:aoe dasnovastecnologiasa elarelacionadas imp6e 0 desafiode perceberaspotencialidadescontradi- t6rias e libertadoras da revolus:aoinformacional, bem como as condis:6ese as estrategiasde luta pela demo- cratizas:aoda informas:aono contexto de uma sociedade cadavezmais globalizada,0 que sup6etambem demo- cratizar a politica de comunicas:ao,como a concessao de canaisde radio e de TV. CAPITALISMO: aspectosgerais CONCEITUA<;:AO Denomina~aodo modo de produ~aoem que 0 capital, sob suasdife- rentesformas, e 0 principal meio de produ~ao.Temcomo principio organizador a rela~ao trabalho assalariado-capital e como contra- di~aobasicaa rela~aoprodu~aosocial-apropria~aoprivada. ORIGEM(do seculoxv ao XVIII) • Difusaodas transa~oesmonetariasno interior do feudalismo. • Crescimentodo capital mercantil e do comercio exterior - mer- cantilismo. CARACTERISTICAS • apropria~ao,per partedo capitalista,do valor produzidopelotraba- Ihadorpara alemdo trabalho necessarioa subsistencia(mais-valia); • produ~ao para venda; • existenciade um mercadoem que a for~ade trabalho e comprada e vendida livremente;explora~aodo trabalho vivo na produ~aoe no mercado (controledo trabalho); • media~aouniversaldas trocaspelo usodo dinheiro; • controle, por parte do capitalista, do processode produ~aoe das decisoesfinanceiras; • concorrenciaentrecapitais(Iutaper mercados),for~ando0 capitalis- ta a adotarnovastecnicase praticascientlfico-tecnol6gicasembuscado crescimentoe do lucro. Por isso,0 capitalismotorna-setecnol6gicae organizacionalmentedinamico; • tendenciaa concentra~aode capital nasgrandesempresas(mono- p6lios, carteise conglomerados/corpora~oes). PERIODIZA<;:AODO CAPITALISMO o amadurecimentodas contradi~oesinternasdo capitalismo (como as que se observamentre for~asprodutivase rela~oesde produ~ao) produz etapas, fasesou estagiosde adapta~ao. As diferen~asentre as etapas do capitalismoverificam-se,sobretudo,no grau em que a produ~ao, em sentidoamplo, esta socializada. Grossomodo, apre- sentam-sequatro etapas: A palavra globalizas:aoesta na moda. No entanto, diferentemente da moda passageira,elapareceter vindo para ficar. Embora seusignificado ainda nao conste da maioria dos dicionarios, tern sido usadapara expressar uma gama de fatores econ6micos, sociais, politicos e culturais que expressam0 espirito e a etapa de desen- volvimento do capitalismo em que 0 mundo seencon- tra atualmente. Trata-se,portanto, de palavra de dificil conceituas:ao,em razao da amplitude e da complexi- dadeda realidade que tenta definir. Por isso,nao e pos- sivel discorrer aqui, extensa e profundamente, sobre toda a problematica envolvida; exporemos entao os aspectosmais geraise significativos do tema. 0 quadro a seguir traz alguns elementosbasicosque nos auxilia- rao nessacompreensao. oj Capitalismo concorrencial - seculo XVIII e infcio do seculo XIX • etapa chamada tambemde Primeira Revolu~aoIndustrial, fase in- dustrial, capitalismocompetitivo,fasedo capital mercantil; • surgecom as m6quinasmovidasa energia (a vapor e, depois, ele- trica) e promover6pido crescimento,que sefaz acompanharde pro- gressotecnico; • nascea economiapolitica (comA. Smithe D. Ricardo)e a ideologia do laissez-faire (concorrenciageneralizadacoma elimina~aodo Estado na regula~aoe no controledo mercado,do trabalhoe do comercio); • divisao do trabalho coordenada ou orientada pelos mercadosem que as mercadoriassac vendidas (importa~ao/exporta~ao). bj Capitalismo monopolista - seculo XIX e infcio do seculo XX • etapa chamada tambem de imperialismo, capitalismo dos mono- polios, SegundaRevolu~aoIndustrial; • abandona 0 laissez-faire, coma conseqUenteinterven~aonasativi- dadeseconomicase sua regula~ao; • consolida~aodos Estadosnacionais; • cria~aode mecanismosde absor~aodo excedentepara manuten~ao do crescimento; • inicio da negocia~aocoletiva; • produ~ao/consumode massas(fordismo)e elevadasdespesasestatais; • dominioda maquinariano processode trabalho/desqualifica~aodo trabalho; • produ~ao mais socializada e concentra~aodo capital; • trabalhadorcoletivo/trabalho parcelar e integrado; • substitui~aoda concorrenciaentre capitais industriaispelos mono- polios (aumentodo lucro das empresasmonopolistas); • sistemade credito orientando a divisao social do trabalho. 0 juro e a forma predominantede apropria~ao da mais-valia,sendoa com- pensa~aopara quemdetem0 capital; • fascismoe nazismoresultamem parte da tendenciado capitalismo monopolista/estatismoconservador.Essesregimesorganizam a vida socialde maneira totalit6ria, com 0 apoio da burguesiaou da ciasse media. Sao regimesmilitares, nacionalistase antidemocr6ticos. c) Capitalismo monopolista de Estado - seculo XX (pos-Segunda Guerra Mundial) • etapa chamada tambem de Estadobenfeitor, Estadobenefici6rio, Estadode bem-estar social, capitalismo de Estado, neoliberalismo social-democrata; • papel do Estadoarticulado ao sistemade credito e aos mercados, na coordena~aoda divisao social do trabalho; • planejamentomacroeconomico(economiaplanificada) e politicas de distribui~aode renda e pleno emprego; • maior socializa~aodas for~asprodutivas; • Estadoempres6rio, regulador e interventor; • produ~aode bense servi~ospelo setorpublico; • Estado intervem em favor dos monopolios (fusao: Estado-capital monopolista). d) Capitalismo concorrencial global - seculo XX (infcio do deca- do de 80) • Etapachamada tambemde pos-capitalismo,economiade merca- do, capitalismo f1exivel,neoliberalismode mercado,TerceiraRevolu- ~ao Industrial; • Estadominimo e economiade mercado;desregulamenta~aoe pri- vatiza~ao; • acumula~aof1exiveldo capital, da produ~ao,do trabalho e do mer- cado; • sistemafinanceiro autonomodos Estadosnacionais; • mudan~astecnico-cientificasaceleradas; • ordem economicadeterminada pelascorpora~5esmundiais,pelas transnacionais,pelasinstitui~5esfinanceirasinternacionaise pelospai- sescentrais; • globaliza~ao/integra~ao da produ~ao,do capital, dos mercadose do trabalho. Acelera~ao,integra~aoereestrutura~aocapitalista o capitalismo lan<;:ou-se,no final do seculo XX, em urn acelerado processode reestrutura<;:aoe integra<;:ao economica, que compreende 0 progressotecnico-cien- tifico em areascomo telecomunica<;:6ese informatica, a privatiza<;:aode amplos setoresde bens e servi<;:ospro- duzidos pelo Estado,abuscade eficiencia ede competi- tividade e a desregulamenta<;:aodo comercioentrepaises, com adestrui<;:aodasfronteirasnacionaiseaprocura pela completa liberdade de transito para aspessoas,merca- dorias e capitais,em uma especiede mercado universal. Esseprocessodeacelera<;:ao,integra<;:aoereestrutura<;:aoca- pitalista vem sendochamadodeglobaliza<;:ao,ou melhor, de mundializa<;:ao.Dito de outro modo, a globaliza<;:ao pode ser entendida como uma estrategia de enfrenta- mento da crisedo capitalismo e de constitui<;:aode uma nova ordem economica mundial. Nao e possivelprecisara data em que surgiu a globa- liza<;:ao.Na verdade,0modo deprodu<;:aocapitalistasem- pre experimentouciclosdeinternacionaliza<;:aoedemun- dializa<;:aodo capital. Entretanto, os tra<;:os,os aspectos eascaracteristicasprincipais dessaetapado capitalismo saDbastante diferenciados e tornaram-se mais visiveis, a partir de 1980,com 0 discurso e 0 projeto neoliberal, que criaram as condi<;:6espara 0 impulso e a efetiva- <;:aoda globaliza<;:ao. A globaliza<;:aoevisivel, por exemplo,no processode entrela<;:amentoda economiamundial, por meio demer- cadoscomuns ou blocos economicos,como a Uniao Eu- ropeia (UE), 0 Acordo de Livre-Comercio da America do Norte (Nafta), 0 Mercado Comum do Sul (Mercosul), entre outros, e na deflagra<;:aoda abertura economica e competi<;:aointernacionalemrela<;:aoadiferenteselemen- tos atuais da cadeiade produ<;:aoe de consumo: capital de investimento, materia-prima, mao-de-obra qualifi- cada,tecnologia, informa<;:aoe mercado sofisticado.Tais elementosestaocadavezmais globalizados. As TRANSFORMA~OES TECNICO-CIENTiFICAS. ECONOMICAS E POLiTICAS A globaliza<;:aopressup6e,por isso,a submissaoa uma racionalidade economica baseadano mercado global competitivo e auto-regulavel.Essaracionalidadeecono- mica exclui a regula<;:aodo mercado pelo Estado,ja que entendeque aqueletendea seequilibrar eseauto-regular em razao da lei natural da oferta e da procura. Com 0 objetivo de adotar essaracionalidade, ospaisesterceiro- mundistas devem, portanto, promover uma completa desregulamenta<;:aoou desmontedosmecanismosdepro- te<;:aoe de seguran<;:ada economia nacional, em confor- midade com 0 receituario neoliberal. Essabatalhacompetitiva imposta, em parte, pela glo- baliza<;:aonao significa, no entanto, que estejaem curso urn processodedesestrutura<;:ao,desorganiza<;:aoe incoe- saDdo capitalismo; ao contrario, o capitalismo estasetornando cadavezmais organiza- do atravesda dispersiio,da mobilidadegeograficae das respostasJlexiveisnosmercadosde trabalho, nosproces- 50Sde trabalho enosmercadosde consumo,tudo acom- panhado por pesadasdosesde inova~iio tecnol6gica,de produto e institucional (Harvey,1992,p. 150-151). No ambito politico-institucional, comoveremosadian- te,assiste-seaglobaliza<;:aodo poderpor meio daforma<;:ao de urn Estadoglobal que tern por finalidadeconsolidare sustentara nova ordem economica e politica mundial. Todavia, a globaliza<;:aoe mais fortemente sentida e percebida em manifesta<;:6escomo: a) produtos, capitais e tecnologias sem identidade na- cional; b) automa<;:ao,informatiza<;:aoeterceiriza<;:aodaprodu<;:ao; c) implementa<;:aodeprogramas de qualidade total e de produtividade (processosde reengenharia em vista de maior racionalidade econ6mica); Globaliza~aodos mercados: inclusao ou exclusao? Embora 0 termo globaliza<;:aopossasugerir a ideia de inclusaode todos ospaises,regioesepessoasque seade- quarem aosnovospadroesde desenvolvimentocapitalis- ta, 0 que sepercebe,demodo geral,e a logica deexclusao da maioria (pessoas,paisese regioes),que ocorre porque essaetapado capitalismo e orientada pela ideologia do mercado livre. Rompendo fronteiras e enfraquecendo governos, faz com que os mercados seunifiquem e se dispersem,ao mesmo tempo em que impoe a logica da exclusao,observadano mundo da produyao, do comer- cio, do consumo, da cultura, do trabalho e dasfinanyas. A marcamais distintiva dessatransformayaodo capi- talismo, no final do seculoXX e inicio do seculoXXI, e a chamadaacumularao flexivel do capital, que ocorre em urn sistemaintegrado.Elasecaracterizapelaflexibilizayao dos processosde trabalho e dos mercados de produtos e de consumo,inaugurando novo modo de acumulayao. Evidencia-se,nesseprocesso,a dispersaoda produyao e do trabalho, aomesmotempo em quetern lugar a desre- gulamentayao e a monopolizayao da produ<;:ao- ou seja,estaseda em uma pluralidade de lugares,mas com controle unico (Harvey, 1992). Esseprocessoocorre, em grandeparte, grayasa atua- yao dascorporayoesmundiais ou transnacionais, como Mitsubishi, Mitsui, General Motors, Ford, Volkswagen, Renault,Shelle outras,que atuam,praticamente,em to- dos os paises.Os funcionarios, os predios, asmaquinas e os laboratorios dessasempresasestao,na maior parte das vezes,em unidades fora do pais de origem, assim como 0 faturamento que auferem. Essadispersaogeo- grafica da produyao, no entanto, nao tern impedido a migrayao de trabalhadores qualificados para os paises centraisou desenvolvidos,nos quais,em geral,seencon- tram assedesdascorporayoesmundiais. As corporayoesprocuram no mundo (dispersaogeo- grafica) as condiyoespara investimento na produ<;:aoe na comercializayaode mercadorias(buscade mercados), em razao do aumento da competitividade e do estreita- mento da margem de lucro. 0 resultado dessastransfe- renciasdeoperayoeseaperdadeidentidadenacionaldas mercadorias,do capital e dastecnologias,com a conse- quente cria<;:aode urn sistema de produyao global que universalizanecessidades,gostos,habitos,desejosepraze- res.Assim,0 mundo transforma-secadavezmaisemuma fabricae em urn shopping centerglobal (Rattner,1995). Como caracteristicasda produyao global flexivel,per- cebe-se,entre outras: a acelerayaodo ritmo da inova<;:aodo produto; a explora<;:aodos mercadossofisticadose de pequena escala- produ<;:aode pequenasquantidades; a introdu<;:aode novas tecnologias e de novas formas organizacionais; 0 aumento do poder corporativo; as fusoes corporativas; a acelera<;:aodo tempo de giro da produ<;:aoe a redu<;:aodo tempo de giro no consumo - diminui<;:aodo tempo de uso do produto por causade sua menor durabilidade; a cria<;:aode novas necessida- desde consumo por meio da propaganda; 0 consumo individualizado e adequadoasexigenciasdo cliente(Har- vey,1992). A flexibilidade global da produ<;:ao,ocasionadapela revolu<;:aotecnologica e pela globaliza<;:aoecon6mica, tambem alcan<;:a0 mercadode trabalho. 0 trabalho des- formaliza -se, dispersa-se, espalha-se, dessindicaliza-se, d) demissoes,desemprego,subemprego; e) recessao,desempregoestrutural, exclusaoecrisesocial; f) diminui<;:aodossalarios,diminui<;:aodo poder sindical; elimina<;:aode direitos trabalhistas e flexibiliza<;:aodos contratos de trabalho; g) desqualifica<;:aodo Estado(como promotor do desen- volvimento econ6micoe social) e minimiza<;:aodaspoli- ticas publicas. diversifica-se e torna-se cada vez mais escasso,apesar de seu caniter ainda altamente nacional, criando uma ten- sao basica no novo processo produtivo: de urn lado, as demandas por eleva<;:aoda qualifica<;:ao do trabalhador, em razao da organiza<;:aomais horizontal do trabalho, das multiplas tarefas, da necessidade de treinamento e de aprendizagem permanente, da enfase na co-responsabi- lidade do trabalhador; de outro, a cria<;:aode regimes e de contratos mais flexiveis (redu<;:aodo emprego regular, trabalho em tempo parcial, temporario ou subcontrata- do, partilha do trabalho), 0 estabelecimento de politica salarial flexivel, 0 crescimento da economia informal (no- vas estrategias de sobrevivencia), 0 aumento de emprego no setor de servi<;:ose de atividades aut6nomas, 0 retro- cesso do poder sindical, 0 desemprego estrutural e/ou tecno16gico, entre outros (Altvater, 1995). Portanto, essa etapa do capitalismo, especialmente no tocante a flexi- biliza<;:aoe a desregulamenta<;:ao do trabalho, consegue acirrar duas contradi<;:oes basicas: educarao-explorarao no novo processoprodutivo e inclusao-exclusao social no processode globalizarao. Essascontradi<;:oesdo contexto atual nao deixam antever sua sintese,ou melhor, sua reso- lu<;:aono interior do capitalismo. Essasitua<;:aodo mercado de trabalho, portanto, e ex- tremamente complexa, especialmente porque ja e forte sua dependencia do movimento do mercado mundial. Segundo Altvater (1995, p. 70), as tendencias em curso apontam urn retrocesso da l6gica do trabalho em favor da l6gica do mercado; nesta l6gica, "sao experimentadas adequaroesdasformas de emprego,dosperiodos e horarios de trabalho, da organizarao do trabalho edo sistemae nivel de salarios as restriroes exteriores da concorrencia interna- cional". A globaliza<;:aoda produ<;:aopassa a redefinir a geografia do mercado de trabalho mundial. As corpora- s:oesmundiais buscam lugares, condis:oes de produs:ao e de consumo que sejam favoniveis as elevadas taxas de lucro, especialmente mao-de-obra qualificada e barata, mercado consumidor emergente, pouca ou nenhuma re- gulamenta<;:aodo Estado para as rela<;:oesde trabalho e fraca presen<;:ado movimento sindical. Essasmanifesta<;:oesdo processo de globaliza<;:ao,bem como as transforma<;:oes econ6micas associadas a revo- lu<;:aotecno16gica,levam a crer que 0 homem parece estar condenado a acabar, em grande parte, com 0 trabalho manual e assalariado. Por isso,ja seapresenta 0 desafio de pensar uma sociedade em que nao prevalecera essafor- ma e rela<;:aode trabalho, ou melhor, em que seracadavez mais crescente a amplia<;:aoda produtividade, 0 desapa- recimento do trabalho assalariado (sobretudo na indus- tria e na agricultura) e a demanda por qualifica<;:aonova e mais elevada. As questoes que se impoem, entao, sac: que fazer com aspessoasestruturalmente desempregadas (massashuman as exduidas e descartaveis para 0 sistema atual de produ<;:ao)? Como redistribuir renda nacional em urn tempo-espa<;:o em que se apregoa e se impoe a minimiza<;:ao do Estado (como instrumento de equali- za<;:ao),a perda de substancia real das democracias, a amplia<;:aodo mercado (como instrumento unificador e auto-regulador da sociedade global competitiva) e a ob- sessaocom 0 crescimento econ6mico acordado com os interesses de acumula<;:aodo capital? Eis algo que inte- ressaa todos e deve ser debatido pelo conjunto da socie- dade e, especialmente, pe10sgovern os. A globaliza<;:aodo sistema financeiro e outra das mar- cas tipicas do processo de globaliza<;:aoda economia. Ela seexpressa na crescente expansao dos fluxos financeiros internacionais, isto e,na livre circula<;:aodo capital, sobre- tudo nos paises chamados emergentes, perifericos ou em desenvolvimento. Grandes somas de recursos atualmente existentes no mundo encontram-se em posse dos ban- cos, das corporas:oes, das organizas:oes e dos investido- res internacionais, os quais, por sua vez, se tornam ca- da vez mais livres para realizar transas:6es no mercado financeiro intemacional, a fim de buscar formas de apli- cac;:oeslucrativasem paisesqueseabremao capitalexter- no. Isso aconteceporque 0 capital financeiro percorre virtualmente 0 mundo por meio doscomputadores,pro- curando as melhores condic;:oesgeopoliticas para sua reproduc;:ao,ou melhor, para a gerac;:aode altastaxasde lucro, como tambem paraseresguardardedesequilibrios economicos e fugir dos impostos. A globalizac;:aofinanceira tern ocorrido, em grande parte, grac;:asao empreendimento dos donos do capital para tomar 0 sistemafinanceiro autonomo dos Estados nacionais, evidentemente com a ajuda do programa do neoliberalismo demercado.Tal empreendimento mate- rializa-seatualmentena aberturaeconomica,com a desre- gulamentac;:ao,a nao-intermediac;:aoe 0 desbloqueio(fim dasrestric;:oeslegais),osquaispermitem ao capital finan- ceiro cruzar asfronteiras e circular livre e desimpedido. A autonomizac;:aoda esferafinanceira facilita a circu- lac;:aodo capital ap<itrida(dinheiro semEstado).Trata-se de dinheiro gerando dinheiro sem passarpelos proces- sosdeproduc;:aodemercadoriasedecomercializac;:aodas mercadoriasproduzidas,deuma lucratividade financeira advinda puramente da compra e da venda de papeis. Nessesentido, Assmann (1993) afirma que e absurdo 0 predominio do capital financeiro especulativo sobre 0 produtivo (que e de apenas7% a 9% do capital total); ha dias em que apenas5% dos bilhoes de d6laresque mu- dam de titularidade nasquatro maioresbolsasdo mun- do tern que ver diretamente com a circulac;:aode bens e de servic;:os. A mobilidade do capitaldeixaosgovemosfragilizados e gera grande instabilidade nas economias dos paises emergentes.As economiasnacionaistomam-se cadavez mais dependentesdos movimentos financeiros intema- cionais, 0 que pode serpercebido naspoHticasmoneta- rias e cambiais adotadas e impostas a populac;:aoem nome do ajuste economico e da reforma d9 Estado.A instabilidade economica esta,portanto, associada,entre outros aspectos,a luta por alocac;:aode recursosintema- cionais,luta essaque tern atraido mais0 dinheiro volatil (capital especulativo)do que 0 capital para investimento (capitalprodutivo). Em geral,0 capital financeiroespecu- lativo, sempatria, traz permanente tensaoaseconomias nacionais dos paisesemergentes,que setomam refens dessetipo de capital. Globaliza<;aodo poder: 0 Estado global e a nova ordem economica mundial A globalizac;:aotambem ocorre no ambito do poder. Atualmente, ja epossivelpercebercom maior clarezaos arranjos e a configurac;:aoda nova ordem economica e politica mundial. Tal configurac;:aodeve-se,sobretudo,ao avanc;:odo neoliberalismo demercado,a quedado socia- lismo real,no final da decadade 80,ao desmonteda or- dem economica constituida pelos Estadosnacionais, a partir da SegundaGuerra Mundial, e a globalizac;:aodo sistemademercado,mediante a globalizac;:aodo capital. A aberturaeconomica e a crescente limitac;:aodos poderes dos Estados nacionais tern como extensao a ampliac;:aoda autonomia do mercado mundial, a inter- dependencia economica e 0 aumento do poder trans- nacional.0 poder decis6rio do capital transnacionalnao e desconcentrado e desarticulado, como pode parecer em urn primeiro momento; ao contrario, e cadavezmais articulado e concentrado. De urn lado, 0 poder dassociedadesneoliberais con- centra-se,crescentemente,nasforc;:asdemercado,ou seja, nos grandesgrupos financeiros e industriais (corpora- c;:oes),os quais, em combinac;:aocom 0 Estado,definem asestrategiasde desenvolvimento, incluindo asreestru- turac;:6esecon6micase os ajustespoHtico-financeiros. De outro lado, 0 poder de decisaoocorre nas instan- ciasmundiais de concentrayaodo poder economico,po- litico e militar, como a OrganizayaodasNayoesUnidas (ONU),o grupo dossetepaisesmais ricos ou poderosos (G-7), a Organizayao do Tratado do Atlantico Norte (Otan),o Fundo Monetirio Internacional (FM!), 0 Banco Mundial (Bird), 0 Acordo Geral de Tarifas e Comercio (Gatt), a OrganizayaodeCooperayaoeDesenvolvimento Economico (OCDE) e a Organizayao Mundial do Co- mercio (OMC). Alem dessasinstancias,e preciso consi- derar,ainda,0 papel socioideol6gicodesempenhadopor outras organizayoesmundiais, como a Organizayaoda ONU para a Educayao, Ciencia e Cultura (Unesco), a OrganizayaoMundial de Saude(OMS), a Organizayao Internacional do Trabalho(OIT), bem como asorganiza- yoesnao-governamentais(ONGs). Ha, em geral,perfeita simbiose entre os interessesdas corporayoes transna- cionais e a tomada de decisaonas instanciassuperiores de concentrayaodo poder mundial, sobretudo naquelas que tratam dos assuntoseconomicos e militares. As corporayoes transnacionais e as instancias supe- riores de concentrayaode poder sancadavezmais cons- tituintes, ordenadoras e controladoras da nova ordem mundial. Com poder de deliberayao, em ambito mun- dial, no campo economico, politico e militar, impoem e monitoram aspoliticasdeajustesdo projeto sociopolitico- economico do neoliberalismo de mercado, ou melhor, dos interessesda burguesia mundial. Os paises ricos ou primeiro-mundistas desempe- nham papel ativo na criayao e na sustentayaodessaso- ciedade politica global, com especial destaque para a posiyaodeterminantedo grupo dossetepaisesmaisricos ou poderososdo mundo (G-7: EstadosUnidos, Canada, Japao,Alemanha, Inglaterra, Franyae Italia) nasinstan- ciassuperioresdo poder mundial, como mostra 0 esque- ma proposto por Steffan (1995,p. 518). o Estado Global I Governo global I Grupo G-7 I Estrutura executiva I Politico I Sociallideol6gico ONU Assembleia Geral Secretaria Geral Corte Internacional de Justis;a Unesco OMS Oil I Militar Bird FMI OCDE OMC Gatt ONU Conselho de Segurans;a Embora ocorram conflitos por causa de interesses divergentes,asdecisoesdo G-7, no tocantea nova ordem economica mundial, correspondem a cota de poder de cadapaisno interior do Estadoglobal.Dessemodo, essas potencias mundiais tern conseguido: a) atender aos interessesdo capital transnacional; b) controlar os riscos da sociedadeglobal; c) instalar urn sistemade rapida advertenciaaosmerca- dos emergentesde paisesdo terceiro-mundo; d) impor uma hierarquia de poder transnacional; e) implementar as politicas neoliberais nos paisester- ceiro-mundistase disseminara visaode mundo neolibe- ral, isto e, de uma sociedaderegida pelo livre mercado. 3. Neoliberalismo: 0 mercado como principio fundador, unificador e auto-regulador da sociedade da igualdade. Alternando-se conforme 0 estagio de desenvolvimento e de adapta~ao,ambos tern impul- sionado e sustentado ideologicamente determinados processosde moderniza~ao.De modo geral,percebe-se que 0 paradigma da liberdadeeconomica,da eficienciae da qualidadetern prevalecido nos momentos em que 0 capitalismolliberalismo e mais concorrencial, ao passo que 0 paradigma da igualdadetern sido mais hegemoni- co nos momentos em que 0 capitalismolliberalismo e mais estatizante-democratico. Dessaforma, com 0 auxilio dosdois paradigmas,0 li- beralismo tern demonstrado capacidadede adaptar-se, de incorporar criticas e demudar de significado em cada momenta (tempo e espa~o)pr6prio do desenvolvimento do capitalismo,expressandosempreuma visaodemundo queordeneemantenhaasociedadecapitalistacomo uma realidadedefinitiva queseaperfei~oapara0 bem comum. Embora pare~amantagonicos em alguns momentos hist6ricos,osdois paradigmastern basicamenteamesma origem e,na essencia,semelhantesgermesconstitutivos. Os germesconstitutivos do paradigma da liberdadeeco- nomica, da eficienciae da qualidadesaopercebidoscom maior visibilidade no Iluminismo, no liberalismo classico (com J. Locke e A. Smith), no liberalismo conservadore no positivismo, enquanto os constitutivos do paradig- ma da igualdadeestaomaispresentesno Iluminismo, no liberalismo classico(com J. J. Rousseau)e na Revolu~ao Francesa. Ha, no entanto, uma percep~aomais clara dos dois paradigmasquando sevoltam osollios para ascondi~6es objetivas do mundo ap6s a Segunda Guerra Mundial. Nessecontexto, 0 capitalismo monopolista de Estado, com seusocial-liberalismoou Estadodebem-estarsocial, tern como dimensao discursiva 0 paradigma da igual- dade,e0 capitalismoconcorrencialglobal,com seuneoli- beralismo de mercado, tern como discurso0 paradigma da liberdade economica, da eficiencia e da qualidade. E possivel dizer que 0 capitalismolliberalismo vem assumindo duasposi~6esclassicasque serevezam:uma concorrencial e outra estatizante, muito embora seja comum encontrar classifica~6esque apresentamquatro etapasde desenvolvimento, como vimos na sintesede estudo sobre0 capitalismo. As duasposi~6esou macrotendencias (a concorren- cial e a estatizante) vem orientando historicamente os projetos de sociedadecapitalista-liberal, de educa~aoe de sele~aodos individuos. A prirrieira delas,a concor- rencial, cuja preocupa~aocentral e a liberdade econo- mica (economia de mercado auto-regulavel), define-se nas seguintes caracteristicas: a livre concorrencia e 0 fortalecimento da iniciativa privada com a competitivi- dade,a eficiencia e a qualidade de servi~ose produtos; a sociedadeabertae a educa~aopara 0 desenvolvimento economicoem atendimento asdemandase asexigencias do mercado;a forma~ao daselitesintelectuais; a sele~ao dosmelhores,baseadaem criterios naturais de aptid6es e capacidades.A segundatendencia, a estatizante,apre- sentacaracteristicascuja preocupa~aocentral e de con- teudo igualitarista-social,com 0 objetivo de:efetivaruma economia de mercado planejada e administrada pelo Estado;promover politicas publicas debem-estar social (capitalismo social); permitir 0 desenvolvimento mais igualitario dasaptid6ese dascapacidades,sobretudopor meio da educa~aoe da sele~aodos individuos baseada em criterios mais naturais. o desenvolvimentohist6rico dasduasmacrotenden- ciasleva-nos,ainda,a percebera existenciade dois para- digmasdecondu~aodeprojetosdiferenciadosdemoder- niza~ao capitalista-liberal: 0 paradigma da liberdade economica,da eficiencia eda qualidade e 0 paradigma No periodo entre asguerrasmundiais, em que surge a expressaoneoliberalismo,duastendenciasliberais esta- yam presentes:uma que aparececomo reas:aoao libe- ralismo conservador e ao positivismo (e assimila teses socialistas) e outra fiel ao liberalismo de J. Locke eA. Smith, com pinceladasdo conservadorismo,do autorita- rismo e do elitismo (liberalismo conservador/positivis- mo). E possivel notar que essasduas perspectivas se op6em na ados:aode as:6espoliticas, economicas,sociais e culturais, para obter hegemonia na condus:aode urn projeto de modernizas:aocapitalista. A primeira tendencia, 0 novo liberalismolsocial- liberalismo, que tern J. Dewey (1859-1952) eM. Keynes (1883-1946) como maiores expoentes,assumea hege- monia ideol6gica na sociedadecapitalista da Segunda Guerra Mundial atea primeira metadeda decadade 70, quando,entao,comes:aaseesgotar.A segunda,0 neolibe- ralismo de mercado (conservador e elitista), cujo maior expoentee F.A. Hayek,sai de seuestadode hibernas:ao para dar novo folego e solus:6esa crisemundial da deca- dade70,akans:andoseuponto maisalto nosgovernosde Ronald Reagan(EUA) e Margaret Thatcher (Inglaterra). Vale ressaltar,todavia, dois aspectosfundamentais: primeiro, 0 neoliberalismo teorizado por Hayeknao sig- nifica 0 fim do novo liberalismolsocial-liberalismo de KeyneseDeweyou mesmouma negas:aodetodososfun- damentosdo liberalismo c1<issico,e sim uma nova,gran- de e complexa rearticulas:ao do liberalismo, imposta pelanova ordem economicaepolitica mundial; segundo, e comum, atualmente, 0 uso da expressaoneoliberalis- mo em referenciaao liberalismo de Keynese Dewey ou ao neoliberalismo de Hayek e de organismos interna- cionaiscomo aNU, FMI eBancoMundial. Pode-sefalar, entao, do estabelecimentode uma dicotomia neolibe- ral, sobretudo no campo dasideias,a partir da Segunda Guerra Mundial. a esquemaabaixo seguir sintetiza os aspectoscen- trais considerados. Macrotendencias do capitalismo/liberalismo I I Paradigma(s) I I Liberdade economica, efici€lncia e qualidade I Tendencias p6s-Segunda Guerra Mundial I Reac;:6esafirmadoras do liberalismo conservador Reac;:6es contrarias ao liberalismo conservador a quadro seguinte procura, com base em algumas categoriasfundamentais (economia, Estado, democra- cia,por exemplo),caracterizarosdoisparadigmasbasicos identificados em projetos demodernizas:aodo capitalis- mo/liberalismo. E precise ressaltar,no entanto, que hci uma tensaohist6rica permanente entre osdois paradig- mas,ou melhor, entre os dois projetos demoderniza<;:ao liberal-capitalista, 0 que pode nao ficar evidenciado visualmente. Neoliberalismo de mercado Social-liberalismo/ Neoliberalismo Novo liberalismo de mercado d) Educa<;oo d) Educa<;oo • enfase na escola unica, publica, • enfase no ensino privado, na gratuita, laica, universale obrigat6- escola diferenciada/ dual e na for- ria; democra~co-popular; forma<;oo ma<;oodas elitesintelectuais;forma- para a cidadania; planifica<;oodos <;00 para 0 atendimento das de- sistemas de ensino; mandas/exigencias do mercado; e) Sele<;oodos individuos e) Sele<;oodos individuos • sele<;oodas capacidades, basea- • sele<;oodos melhores, baseada da em criterios naturais de apti- em criterios naturais de aptidoo e doo e de inteligencia; desenvolvi- de inteligencia; elitismo psicocultu- mento igualitario; ral (seletividade meritocratica); f) Direito f) Direito • enfase no direito publico, na jus- • enfase no direito privado, na ti<;asocial, na propriedade coleti- propriedade privada; na lei como va; a lei como instrumentoda igual- instrumento da igualdade formal; dade formal/real; g) Governo g) Governo • governo democratico, coletivis- • governo limitado; ta, igualitarista; h) Prindpios h) Prindpios • enfase na igualdade de oportu- • enfase na liberdade, na pro- nidades, na democracia popular, priedade, na individualidade (direi- na justi<;a social, na etica comu- tos naturais)' na economia de mer- nitaria e na equidade social. cado auto-regulavel e na socieda- de aberta. L1BERALISMO/ CAPITALISMO Projetos de moderniza<;ao Social-liberalismo/ Novo liberalismo Paradigma da igualdade de opor- tunidades. Tendencia capitalista-Iiberal esta- tizante e democratica que imprime um projeto de moderniza<;oo ca- racterizado por: a) Economia • economia de mercado planejada e administrada palo Estado; eco- nomia mais coletivista/ socializada; b) Estado • Estadode bem-estarsocial: inter- venter,regulador,organizador e pla- nejador da economia; provedor do pleno emprego e do crescimento, da educa<;oo,da saude, da assis- rencia aos desempregados,etc.; c) Democracia • ideal de democracia direta (Rous- seau): governo do povo, pelo povo e por intermediodo povo; democra- cia politico-social(participa<;oopoliti- ca e democratiza<;aoda sociedade); democracia substancial(refere-seao conteudo da forma de governo); Paradigma da liberdade economi- ca, da eficiencia e da qualidade. Tendenciacapitalista-liberal concor- rencial e elitista-conservadora que imprime um projeto de moderniza- <;00caracterizado per: a) Economia • economia de mercado auto-re- gul6vel: livre concorrencia; fortaleci- mento da iniciativa privada com enfase na competitividade, na efi- ciencia e na qualidade de servi<;os e produtos; b) Estado • Estado minimalista, com tres fun<;oes: policiamento, justi<;a e defesa nacional; projeto de deses- tatiza<;oo, desregulamenta<;ao e privatiza<;ao; desqualifica<;oo dos servi<;ose das politicas publicas; c) Democracia • ideal de democracia indireta (Tocqueville: governo representati- yo); enfase na democracia politica: democracia formal (refere-se a forma de governo); oparadigma da igualdade o paradigma da igualdade (na 6tica liberal), ou me- lhor, da igualdade de oportunidade, nao surge de uma hora paraoutra. Nascecom 0 ideal de isonomia dos gre- gos,reaparececom vigor revolucionario no Iluminismo, e assumido como questao central no pensamento de Rousseau,como principio basico na corrente democra- tica da Revolw;:aoFrancesae como meta a seralcan<;:ada pelaa<;:aogovernamentaldo novo liberalismo/social-libe- ralismo, ap6sa SegundaGuerra Mundial. A tradi<;:aoliberal democratica, igualitarista, desde cedo,adotou 0 estatismocomo forma deasseguraraexis- tencia da sociedadelivre, mediante certa igualdade nas condi<;:5esmateriaisdeexistencia.Ha atentativadeconce- der a todos os individuos asmesmasoportunidades e, se possivel,identicas condi<;:5esde desenvolvimento.Acre- dita-se que a democraciapolitica s6 sejaexeqiiivel com algum nivel de democraciasocial,economicae cultural. o ideal democratico-igualitarista s6 seefetivou mais concretamentecom afasedo capitalismomonopolista de Estado (novo liberalismo/social-liberalismo), sobretudo no periodo que vai de 1945 a 1973 (fordismo e keyne- sianismo).Trata-sede periodo embaladopor certa fe no paradigma da igualdade. No ambito da economia, assiste-seao crescimento e ao fortalecimento do Estado,com 0 objetivo de inter- ven<;:ao,de planejamento, de coordena<;:aoe de parti- cipa<;:aona esfera economica. Nessesentido, 0 Estado desempenhafun<;:5esmultiplas: regula os monop6lios e intervem, quando preciso; executa0 planejamento ma- croeconomico em buscada economiaplanificada; coor- dena a divisao social do trabalho e aspoliticas de renda e de pleno emprego,para ampliar a socializa<;:aodasfor- <;:asprodutivas;e,tambem,participa daesferaeconomica, com a prodw;:aode bens e servi<;:os. A sustenta<;:aopolitica dessemodelo economicoda-se por meio do novo liberalismo/social-liberalismoou Esta- do de bem-estar social.0 ideal e a constitui<;:aode uma sociedadedemocratica, moderna e cientifica que, efeti- vamente, garanta a liberdade, a igualdade de oportuni- dade,0 desenvolvimento individual e a seguran<;:ados cidadaose de seusbens.A f6rmula politica e a da demo- craciada representa<;:ao,em que 0 povo escolhepelo su- fragio universal os que exercerao0 poder. Essaf6rmula s6 sesustenta,no entanto, com uma moral solidaria e agregadoraentre oscidadaosda democraciaesehouver certasocializa<;:aoda economiaque forne<;:aascondi<;:5es materiais de existencia. A moderniza<;:aoeconomica capitalista p6s-Segunda Guerra Mundial, que requer maior socializa<;:aodo con- sumo para 0 desenvolvimento economico, depositou maior confian<;:ana educa<;:aoem vista dasmudan<;:asna economia eno mercado de trabalho. A forma<;:aode sis- temas nacionais de educa<;:aoe a expansaodo ensino, nesseperiodo, surgiram por decorrencia.A igualdadede acessotern sido perseguidaem todos os graus e moda- lidadesde ensino. as defensoresdo liberalismo socialacreditavamque, por meio da universaliza<;:aodo ensino, seria possivel estabelecerascondi<;:5esde institui<;:aoda sociedadede- mocratica, moderna, cientifica, industrial e plenamente desenvolvida.A amplia<;:aoquantitativa do acessoa edu- ca<;:aogarantiria a igualdade de oportunidades, 0 maxi- mo do desenvolvimento individual e a adapta<;:aosocial de cada urn conforme sua inteligencia e capacidade. Dessemodo, havendouma base social que tornasse a sociedademais homogeneae democratizasseigualmente ~odasasoportunidades, a sele<;:aodos individuos e seu Julgamentosocial ocorreriam naturalmente. Embora 0 capitalismo ocorra tardiamente no Brasil - sobretudoa partir da Revolu<;:aode 30,com 0 proces- so de industrializa<;:aoe de urbaniza<;:ao-, e possivel perceber,no contextodaEraVargas(1930-1945) edepois Coma ideologia do desenvolvimentismo e do naciona- lismo populista (1945-1964), asmarcasdo movimento mundial do capitalismo monopolista de Estado e do social-liberalismo/novo liberalismo. Nessemomenta da vida nacional, sucedea tentativa de transformar a socie- dadetradicional e arcaico-rural em uma sociedademo- derna e urbano-industrial. o Estadobrasileiro,no periodo de 1930-1964,expan- diu-se, a fim de nacionalizar e desenvolvera economia brasileira, particularmente a industrializa~ao, por meio da substitui~aodasimporta~6es.Passou,tambem, a ado- tar programasde educa~aoe de saudepublica, de assis- tencia a agricultura, de regula~aodospre~os,de seguros sociaise outros. Criou ainda uma legisla~aotrabalhista que fez concess6esao proletariado, assegurandodirei- tos sociais como sahirio minima, ferias remuneradas e avisoprevio. De maneirageral,no periodo populista am- pliaram-seos direitos sociais,economicose politicos dos cidadaos,em que pesemos sinuososcaminhos de cons- titui<;:aoda democracia no Pais,nesseperiodo. Atualmente, asprofundas mudan<;:asno capitalismo rnundial- sobretudo nasduasultimas decadas-, que recriam 0 mercado global sobrenovasbases,imp6em 0 paradigma da liberdade economica, da eficiencia e da qualidade como mecanismo balizador da competitivi- dade que deve prevalecer em uma sociedade aberta. Eficiencia e qualidade saGcondi~6espara a sobreviven- cia e a lucratividade no mercado competitivo. Por isso, o paradigma em questaovem afirmando-se no mundo da produ<;:ao,do mercado e do consumo, sendo perse- guido por todos os que querem setornar competitivos em qualquer area. oparadigma da liberdade economica,da eficiencia e da qualidade vem servindo, tambem, para reordenar a a~aodo Estado,limitando, quasesempre,seuraio dea~ao em termos de politicas publicas. E 0 caso,por exemplo, da educa~ao.Se, ap6s a Segunda Guerra Mundial, 0 objetivo era certa igualdade, com a universaliza~aodo ensinoem todos osgraus,agorasefala em universaliza- ~aodo ensino fundamental. Se,na decadade 1950,foi utilizado 0 discursoda igualdadepara expansaodo ensi- no, em atendimento a determinada moderniza<;:aoeco- nomica, agora sefaz uso do discurso da eficiencia e da qualidadepara conter a expansaoeducacionalpublica e gratuita, sobretudo no ensino superior, tendo como fim outro projeto de moderniza<;:aoeconomica. Como se julga 0 Estado falido e incompetente para gerir a edu- ca<;:ao,resolve-setransferi-la para a iniciativa privada, que, naturalmente,buscaa eficiencia e a qualidade. Igualdadede acessoou universaliza~aodo ensino em todos osniveis equalidade deensino ou universaliza<;:ao da qualidade aparecemcomo antiteses.Nao e possivel ampliar os indices de escolariza~aoe dar condi<;:6esde permanencia na escolae na universidadecom 0 mesmo nivel deqUalidadeedeeficiencia,em razaodadiversidade edascondi<;:6esexistentesno contextoatual' Seriapreciso, entao,hierarquizar e nivelar por cima, ou seja,pela ex- ce1encia,tornando 0 sistemade ensinocompetitivo. o paradigma da liberdade economica, da eficiencia e da qualidade o paradigma da liberdade economica,da eficiencia e da qualidadetevesuaorigem, a rigor, na genesedo modo deprodu<;:aocapitalistae,consequentemente,no modo de vida liberal-burgues. 0 processoprodutivo capitalista, desdeseuinicio, acentuou a relevanciada iniciativa pri- vada no sistemaprodutor de mercadorias, em contra- posi~ao ao modo de produ<;:aofeudal e as excessivas interferencia,regulamenta<;:aoe centraliza<;:aoexercitadas pelo Estadoabsolutistano setor economico.0modo de produ<;:aocapitalista requereu,inicialmente, urn merca- do livre (auto-regulavel), em uma sociedadeaberta,em que prevaleceriaa livre competi<;:ao.Janessemomento, eficiencia e qualidade de produtos e servi<;:oseram indi- cadascomo germesou criterios para regera concorren- cia do mercado e definir 0 grau de competitividade de cadaempresa. Todavia, a necessidade de criar uma cultura tecnol6- gica para a expansao do capital, alem da requalifica<;:ao dos trabalhadores e da amplia<;:aodo mercado de con- sumo, tern real<;:adoa importancia da universaliza<;:aodo ensino fundamental com base em tres principios: efi- ciencia, equidade e qualidade. Tais principios aparecem claramente, por exemplo, no documento Satisfa~iiodas necessidadesbasicasde aprendizagem:uma visiio para 0 deceniode1990e na Declara~iioMundial sobreEduca~iio para Todos,realizada em Jontien, Tailandia (de 5 a 9 de mar<;:ode 1990), nos documentos da Unesco Transforma- ~iioprodutiva comeqiiidade (1990) e Educa~iioe conhe- cimento: eixo da transforma~iioprodutiva comeqiiidade (1992) e ainda no PlanoDecenaldeEduca~iiopara Todos, documento do Ministerio da Educa<;:ao, datado de junho de 1990. Parece haver uma jun<;:aoentre os dois paradigmas capitalista-liberais no tocante ao ensino fundamental, com 0 fim de atender as demandas e as necessidades dessa nova fase do projeto de moderniza- <;:aocapitalista. Organismos multilaterais (por exemplo, Banco Mun- dial, Unesco, Comissao Economica para aAmerica Latina - Cepal) e nacionais (Federa<;:aodas Industrias do Esta- do de Sao Paulo - Fiesp, Confedera<;:ao Nacional da Industria - CNI, Ministerio da Educa<;:ao- MEC, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - Inep, Ministerio do Trabalho - MTB, entre outros) difundiram em seusdocumentos de orienta<;:aodas poli- ticas de educa<;:ao,especialmente no decorrer da decada de 90, a nova agenda e a nova linguagem da articula<;:ao da educa<;:aoe da produ<;:aodo conhecimento com 0 novo processo produtivo. A expansao da educa<;:aoe do conhe- cimento, necessaria ao capital e a sociedade tecnol6gica globalizada, ap6ia-se em conceitos como moderniza<;:ao, diversidade, flexibilidade, competitividade, excelencia,de- sempenho, eficiencia, descentraliza<;:ao,integra<;:ao,auto- nomia, equidade, etc. Essesconceitos evalores encontram fundamenta<;:ao, sobretudo, na 6tica da esfera privada, tendo que ver com a 16gica empresarial e com a nova ordem economica mundial. As mudan<;:asno ambito da produ<;:ao,em razao do avan<;:oda ciencia e da tecnologia, tern gerado uma situa- <;:aode competitividade no mercado mundial. Instalou- se, como vimos anteriormente, urn novo paradigma produtivo em nivel mundial, 0 qual implica profundas mudan<;:asna produ<;:ao,na aprendizagem, na difusao do conhecimento e na qualidade dos recursos humanos. A competitividade instalada e requerida pelo capital trans- nacional passa, cada vez mais, pelo desenvolvimento do conhecimento e pela forma<;:ao de recursos humanos, atribuindo pape1 central a educa<;:ao.Nesse sentido, a orienta<;:ao do Banco Mundial (1995) tern sido a de educar para produzir mais e melhor. Para 0 banco, 0 investimento em educa<;:ao,em uma sociedade de livre mercado, permite 0 aumento da produtividade e do cres- cimento economico, como se evidencia em certos pai- ses do Sudeste Asiatico, como Indonesia, Singapura, Malasia e Tailandia. Os defensores do neoliberalismo de mercado, no cam- po da educa<;:ao,julgam que a expansao educacional ocorrida a partir da Segunda Guerra Mundial, embalada pe10paradigma da igualdade, conseguiu promover certa mobilidade social por algum tempo, mas pouco contribuiu para 0 desenvolvimento economico. Houve, tambem, crescente perda da qualidade de ensino, demonstrada, por exemplo, em altas taxas de reprova<;:aoe de evasao. Outrossim, a capacita<;:aoinstituida no p6s-guerra nao acompanhou os avan<;:osdo sistema produtor de mer- cadorias, ficando, desse modo, obsoleta e burocratica. Os arautos dessetipo de neoliberalismo afirmam, entao, que 0 sistema de educa<;:aose encontra isolado, 0 que dificulta 0avan<;:oda capacita<;:aoe da aquisi<;:aodos novos conhecimentos cientifico- tecno16gicos. Neoliberalismo e educa<;:ao:reformas e 'politicas educacionaisde ajuste A reorganizayao do capitalismo mundial, para a globalizayao da economia, assim como 0 discurso do neoliberalismo de mercado e das mudanyas tecnico- cientificas trouxeram novas exigencias,novas agendas, novas ayoese novo discurso ao setor educacional, so- bretudo a partir da decadade 80. Essenovo momento evidencia a crise de urn modelo societario capitalista- liberal estatizantee democratico-igualitarista que dire- cionou, de certa forma, 0 projeto de modernizayao a partir da SegundaGuerra Mundial. Nestet6pico, procuraremosevidenciare analisaressa nova configurayao estrutural eeducacionalpor meio da percepyaohist6rico-critica de dois paradigmas de mo- dernizayaocapitalista-liberal: 0 paradigma da liberdade economica, da eficiencia e da qualidade e 0 paradigma da igualdade. Atualmente, as exigenciasimpostas pelo novo sistemaprodutivo ao setor educacional realyam a tensao entre essesdois paradigmas, sobretudo no que diz respeito a efetivayaode uma educayaode qualidade para todos. Como ja ressaltamos,0 paradigma da liberdade eco- nomica, da eficiencia e da qualidade explicita-se mais concretamenteno neoliberalismo de mercado.Este,por suavez, tern como maiores defensoresos liberistas, ou seja,os liberais que acreditam que sem a liberdade de mercado (economia auto-regulavel) as demais liber- dadesnao podem ser asseguradas.Para os liberistas, 0 fim do socialismo real, no final da decadade 80, repre- senta a vit6ria do capitalismo e, conseqiientemente, a supremaciada sociedadeabertaregidapelasleis de mer- cado.A economia demercado auto-regulavel deve,por- tanto, seexpandir e segeneralizar.0 mercadodeveser 0 principio fundador, unificador e auto-regulador da nova ordem economica e politica mundial. Os elementos de constituiyao dessa nova ordem mundial edessenovo tempo podem serencontradosno ambito da economia, da politica e da educayao.Como ja tratamos das t:ransformayoeseconomicas anterior- mente, limitar-nos-emos, a seguir,a considerarmais al- guns elementosno ambito da politica e da educayaoque informam sobre 0 neoliberalismo de mercado e sobre seu programa educacional. 0 quadro abaixo antecipa, resumidamente, referenciasbasicassobre 0 neolibera- lismo de mercado. NEOLIBERALISMO DE MERCADO CONCEITUA<;:AO Denominac;:oode uma correntedoutrinaria do Iiberalismoque seopee ao social-liberalismoe/ou novo liberalismo (modeloeconomicokey- nesiano)e retomaalgumasdas posic;:6esdo liberalismoc1assicoe do Iiberalismo conservador,preconizando a minimizac;:oodo Estado,a economiacom plena liberac;:oodas forc;:asde mercadoe a liberdade de iniciativa economica. ORIGEM o termoneo/ibera/ismo surgiunasdecadasde 30-40, no contextoda recessoo(iniciada com a quebra da Boisade Nova York,em 1929) e da SegundaGuerra Mundial (1939-1945). Reapareceucomo pro- grama de governo em meados da decada de 70, na Inglaterra (governoThatcher),e no inkio da decada de 80, nosEstadosUnidos (governo Reagan). Seu ressurgimentodeveu-sea crise do modelo economico keynesianode Estadode bem-estarsocial ou Estadode servic;:os.Tal modelo tornara-se hegemonico,a partir do termino da Segunda Guerra Mundial, defendendo a intervenc;:oodo Estadona economia com a finalidade de gerar democracia, soberania, pleno emprego, justic;:asocial, igualdade de oportunidadese a construc;:oo de uma etica comunitaria solidaria. Desdeos governosde Thatchere Reagan,as ideiase propostasdo neoliberalismode mercadopassaram a inRuenciara politicaeconomicamundial,emrazoo, sobretudo,de sua adoc;:ooe imposic;:oopelos organismosfinanceirosinternacionais,como o FundoMonet6rio Internacionale 0 BancoMundial ou Bird. A EDUCA<;AO ESCOLAR NO CONTEXTO DAS TRANSFORMA<;OES DA SOCIEDADE CONTEMPORANEA PENSADORES LudwigYon Mises; FriedrichYon Hayek;Milton Frieedman. CARACTERISTICAS Critica 0 paternalismoestatale a crescenteestatizac;aoe regulaC;ao socialque atuam sobreas liberdades fundamentaisdo individuo.por meiode interferenciasarbitrarias (governoi1imitadol,pondo em nsco a liberdade politica, economicae social (Hayek).A liberdade econo- mica e tida como condic;aopara a existenciadas demais liberdades, como a politica, a individual, a religiosa, etc. Dessemodo, 0 merca- do e tido como principio fundador, auto-unificador e auto-regulador da sociedade. Defendea economiade mercadodinamizada pela empresaprivada, ou melhor,a Iiberdadetotaldo mercado,e ainda 0 governoIimitado,0 Estadominimo e a sociedade aberta, concorrencial/competitiva. Op6e·se radicalmenteas politicas estataisde universalidade,~gual- dade e gratuidade dos servic;ossociais, como saude, segundade sociale educac;ao. Trac;osmais evidentesdo projeto politico-economico-socialdo neoli- beralismode mercado: • desregulamentac;aoestatale privatizac;aode bense servic;os; • abertura externa; • liberac;aode prec;os; • prevalenciada iniciativa privada; • reduc;aodas despesase do deficit publicos; • flexibilizac;aodas relac;6estrabalhistase desformalizac;aoe infor- malizac;aonosmercadosde trabalho; • cortesdosgastossociais,eliminandoprogramase reduzindobeneficios; • supressaodos direitos sociais; • programasde descentralizac;aocom incentivoaos processosde pri- vatizac;ao; • cobranc;ados servic;ospublicose remercantilizac;aodos beneficios sociais; • arrocho salarial/queda do salario real. No terreno politico, os governos de Reagan(Partido Republicano), nos EstadosUnidos, e Thatcher (Partido Conservador), na Inglaterra, demarcaram a virada para o neoliberalismo de mercado. Houve, nessemomento, uma rejei<;aodo liberalismo social-democratadetenden- ciaigualitaristaeestatizante,promotor do Estadodebem- estar social. 0 papel do Estado foi posta em segundo plano,aomesmotempo em quesepriorizou 0 livre curso dasleis de mercado por meio da valoriza<;aoda inicia- tiva privada. Na Inglaterra, por exemplo, a revolu<;ao neoliberal privatizou todos os bens e servi<;ose procu- rou banir a heran<;aintervencionista. Para Thatcher, 0 ideal da revolu<;aoneoliberal era0 de produzir urn capi- talismo popular, ou seja,de fazer de cada cidadao urn proprietario e,portanto, urn capitalista. A privatiza<;ao deestataisna Inglaterra,segundoa"DamadeFerro",teria sido urn born exemplo de capitalismo popular, pois permitiu que mais da metade dos trabalhadorespudes- sem adquirir a<;6esdas empresasem que trabalhavam, por ocasiaode suaprivatiza<;ao. Essaorienta<;aoexerceu e continua a exercer forte influencia sobreos paisesdo TerceiroMundo, especial- mente na America Latina, apesarde seufracassoter sido demonstrado, ja ha algum tempo, nos paises em que nasceu.E 0 que severificou com a queda de Thatcher e com a altera<;aoque GeorgeBush imprimiu ao progra- ma republicano de Reagan. o conflito, no entanto, continuou. 0 fracassodessa politica neoliberalacentuou-senosEstadosUnidos com a elei<;aode Bill Clinton (mediante urn programa social- democrata) e,na Inglaterra, com a elei<;aode Tony Blair, do Partido Trabalhista.Na America Latina, por suavez, assimilou-se a ideia de que os paisesque conseguiram juntar liberalismo e democracia representativa sac os desenvolvidos, pois sofreram transforma<;:6esecono- micas aliadas a transforma<;:6espoliticas. A sugestao oferecida, portanto, e a de os paisessubdesenvolvidos A EDUCAc;:Ao ESCOLAR NO CONTEXTO DAS TRANSFORMAC;:OES DA SOCIEDADE CONTEMPOAANEA voltarem as tradiyoes liberais para encontrar 0 proprio desenvolvimentoeconomico.Exemplosda adoyaodessa orientayao multiplicam-se na America Latina: Chile, Mexico, Argentina, Brasil e outros. a neoliberalismo de mercado, ao menos concei- tualmente,luta contra 0 estatismo,ou seja,contra 0 Esta- do maximo, contra 0 planejamento economico, contra a regulamentayao da economia e contra 0 chamado protecionismo, ao mesmo tempo em que seenraizano mercado mundial, direcionando a construyao da nova ordem internacionaL Assim, essanova ordem postula a liberayao total do mercado e a transferencia de todas asarease serviyosdo Estadopara a iniciativa privada. Aos governos dos paises desenvolvidos (com suas multinacionais, corporayoes,conglomerados e organi- zayoes)interessaurn mundo semfronteiras (ao menos, semasdospaisessubdesenvolvidos),mediantea moder- nizayaoda economia,a aberturadosmereadosao capital transnacional,a integrayaoeconomica,a nao-intervenyao dos Estadosna economia (com sua conseqiiente dimi- nuiyao), a saidados Estadosdo setor de produyao (por sua privatizayao), a diminuiyao do deficit publico e a diminuiyao degastosdo fundo publico em politicas pu- blicas e sociais. a capital parece ter vida propria e globaliza-se de forma natural e espontanea,indicando oscaminhospara o progressoe para 0 desenvolvimentode todos ospaises. Varios organismosmultilaterais (aNU, BancoMundial, FMI, Unesco,Cepal e outros) e, por conseqiiencia,na- cionais orientam e impoem as politicas governamen- tais para os fins desejadospelo capital transnacionaL Dissemina-se0 discurso de integrayao dos paisessub- desenvolvidos a economia mundial, como forma de tornarem-se desenvolvidose seremsalvosde urn futuro catastr6fico nao demarcado pelos estagiosdo capita- lismo avan<;:ado. a capital, portanto, quer expandir-se, mas necessita deseguranyaedascondiyoesideaisdeexplorayao,expan- saoe acumulayao.a neoliberalismo requer uma demo- craciapolitica (democraciaburguesada representayao), orientada para os objetivos do capital transnacional,que mantenha ascondiyoesdo livre jogo dasforyasdo mer- cado,ao mesmo tempo que difunde a ideia de que esse tipo de economia tende naturalmente a beneficiar a to- dossemdistinyao, embora estejaocorrendo exatamente o contrario. A crenyanamao invisivel do mercado,no entanto,nao conseguerecriar anaturezarevolucionaria quehavia no liberalismo nascente(liberalismo classico).Constata-se - em lugar daquelaconfianya na racionalidade natural dasleis demercado,que conduziria todos rumo aopro- gresso- urn abandono dasforyasde mercado,semsig- nificado e rumo definidos. A democracia e tida, apenas, como metodo, ou melhor, como meio de garantir a liberdade economica.Trata-se,portanto, dedemocrkcia restrita e sem finalidades coletivase sociaisde constru- yao de uma sociedademais justa, humana e solidaria. No tocante a educafao, a orientayao politica do neo- liberalismo demercado evidencia,ideologicamente,urn discurso de crise e de fracassoda escolapublica, como decorrenciada incapacidadeadministrativa e financeira de 0 Estadogerir 0 bem comurn. A necessidadede rees- truturayao da escolapublica advogaaprimazia da inicia- tiva privada, regida pelasleis de mercado. Dessemodo, o papeldo Estadoe re1egadoa segundoplano,aomesmo tempo que sevalorizam osmetodose0 pape1da iniciati- vaprivada no desenvolvimentoeno progressoindividual e sociaL a Estado,na perspectivaneoliberal de mercado,vem desobrigando-sepaulatinamente da educayaopublica. Nessametamorfose, deixa de demonstrar ate mesmo 0 interesse na implementa<;:aoda escola unica - dife- renciada, liberal-burguesa -, que destaca,mesmo que ideologicamente, os principios de universalidade, gra- tuidade, laicidade e obrigatoriedade do ensino. Contraditoriamente, no entanto, vem-se discutindo o problema da requalifica<;:aodostrabalhadores,a qual se alia a uma forma<;:aoescolarbasica,unica, geral,abran- gentee abstrata.Essetema surgeporque a nova ordem capitalista constitui urn modelo diferente de explora- <;:ao,baseadoem novasformas de organizar a produ<;:ao e em novas tecnologias.As rela<;:6esentre capital e tra- balho e entre trabalho e educa<;:aoalteram-seprofunda- mente, acirrando a contradi<;:aoeducar-explorar, como vimos anteriormente na questaoda globaliza<;:aoda pro- du<;:ao,do consumo e do trabalho. omodelo de explora<;:aoanterior, que exigia urn tra- balhador fragmentado, rotativo - para executartarefas repetitivas- e treinado rapidamentepelaempresa,cede lugar a urn modelo de explora<;:aoque requer urn novo trabalhador,com habilidadesde comunica<;:ao,de abstra- <;:ao,devisaode conjunto,de integra<;:aoe de tlexibilidade, para acompanhar 0 proprio avan<;:ocientifico-tecnolo- gico da empresa,0 qual seda por for<;:ados padr6es de competitividade seletivosexigidos no mercado global. Essasnovascompetenciasnao podem serdesenvolvidas a curto praze e nem pela empresa.Por isso,a educa<;:ao basica,ou melhor, a educa<;:aofundamental ganha cen- tralidade naspoliticas educacionais,sobretudo nos pai- sessubdesenvolvidos.Ela tern como fun<;:aoprimordial desenvolverasnovas habilidades cognitivas (inteligen- cia instrumentalizadora) e ascompetencias sociaisne- cessariasa adapta<;:aodo individuo ao novo paradigma produtivo, alem de formar 0 consumidor competente, exigente,sofisticado. As orienta<;:6esdo BancoMundial para 0 ensinobasi- co esuperior sacextremamenterepresentativasdesteno- vo momento. Elasretletem a tendencia da nova ordem econ6mica mundial, 0 avan<;:odastecnologias e da glo- baliza<;:ao,asquais requeremindividuos com habilidades intelectuais mais diversificadas e flexiveis, sobretudo quanta a adaptabilidade as fun<;:6esque surgem cons- tantemente.A solu<;:aoconsisteem desenvolverurn ensi- no mais eficiente, de qualidade e capazde ofereceruma forma<;:aogeralmaissofisticada,em lugar detreinamento para 0 trabalho. No entanto, 0 banco tambem estimula o aumento dacompetitividade,adescentraliza<;:aoeapri- vatiza<;:aodo ensino,eliminando a gratuidade (sobretudo nasuniversidadespublicas),e a sele<;:aopautadacadavez maispelo desempenho(sele<;:aonatural dascapacidades). o BancoMundial requerque a educa<;:aoescolaresteja articulada ao novo paradigma produtivo, para assegurar o acessoaosnovoscodigosda modernidadecapitalista.E necessarioque a educa<;:ao,a capacita<;:aoe a investiga<;:ao avancemem dire<;:aoa urn enfoque sistemico, como se constata,por exemplo, nos ultimos relatorios da insti- tui<;:aoe nas recomenda<;:6esdo Promedila (V Reuniao do Comite Regional Intergovernamental do Projeto da Educa<;:ao:America Latina e Caribe- 1990),alem de ou- tros documentos internacionais e nacionais ja citados. o enfoquesistemico,assimcomo a administrariio efi- cientee a tecnologiaeducacional,estana basedo movi- mento pelaqualidadetotal.A buscada eficiencia(econo- mia de recursos), da eficcicia(adequa<;:aodo produto), enfim, da excelenciae da qualidade total, para levar 0 sistema de ensino a corresponder as necessidadesdo mundo atual, apresentacomo solu<;:ao0 enfoque siste- mico (que procura otimizar 0 todo). Trata-sede usar 0 procedimento correto-racional, cientifico. A abordagem sistemicapermite fazer0 diagnosticopara evidenciar os problemas, implementar 0 planejamento (consideran- do ascondi<;:6esdo ambiente), selecionaros meios, ela- borar os objetivos operacionais, controlar 0 processo, avaliar 0 produto por meio de tecnicasadequadase re- troalimentar 0 sistema. A administra<;:aoeficiente e a tecnologia educacional sac complementaresao enfoque sistemico.A adminis- tra<;:aoeficientebuscaa racionaliza<;:aodo trabalho, bem como 0 controle do processoprodutivo e0 aumento da produtividade, ao passoque a tecnologia educacional- sepreocupacom 0 metodo cientifico, para obter eficien- cia,efiGiciae qualidadeno processopedag6gico- todos os componenteseducacionais(objetivos,administra<;ao, estrutura, meios deensino,custos,tecnologiaseoutros) devemserconsiderados.Manifesta-se,dessemodo, a ten- tativa de vincular a educa<;aoao novo paradigma pro- dutivo, na 6tica do que sedenomina neotecnicismo. Ha uma volta ao discurso do racionalismo economico, do gerenciamento/administra<;ao privado como modelo para 0 setor publico e do discurso do capital humano (forma<;aode recursoshumanos). Essanova abordagem da educa<;aoap6ia-seem urn conceito positivista de ciencia neutra e objetiva. Co- nhecer,nessaperspectiva,significa observar,descrever, medir, explicar e preyer os fatos livre dejulgamentos de valor ou ideologias. S6e verdadeiro 0 que e verificavel. o numero designaa essenciados objetos, a coisa 'em si; portanto, a ciencia devesernumerica, precisae rigoro- sa.Dessemodo, enquanto
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