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Tórax PROPEDÊUTICA CIRÚRGICA História e anamnese – pontos principais: • Mecanismo de trauma • Antecedentes – tabagismo • Sinais – o que podemos observar • Sintomas – o que o paciente refere Principais sinais e sintomas de uma doença torácica: • Dor torácica (anoxia e hipercapnia – excesso de CO2 que pode levar a confusão mental e agitação) • Dispneia • Taquipneia (>25 irpm) • Uso de musculatura acessória • Sibilos e roncos • Tosse: pesquisar intensidade dos episódios, duração, horário de aparecimento, relação com fatores desencadeantes de melhora ou piora. • Hemoptise: eliminação de sangue através das vias aéreas. Geralmente é precedido por tosse. • Expectoração: eliminação de secreções patológicas das vias aéreas. • Cianose e palidez • Febre (mais raro). EXAME FISICO DO TÓRAX Estática e dinâmica – expansão simétrica ou assimétrica, hiper/hipodinâmica. Estática: • Descrever formato do tórax (simétrico, abaulado, cifoescolioses, retrações) • Assimetria (cicatrizes, atrofias musculares, edemas) • Abaulamentos localizados – por compensação (vicariância); aumento local, como em derrame pleural, aneurisma de aorta, cardiomegalias. • Retrações localizadas (atelectasias, sequelas de empiemas pleurais – paquipleuris, pus na cavidade pleural). Dinâmica: • Frequência, ritmo e profundidade da expansão • Padrão respiratório (normal até 16 irpm, verificar individualidade de cada paciente), interrupção de inspiração (por dor, tosse e dispneia) • Esforço respiratório • deformidades ou assimetrias na expansão do tórax (como no derrame pleural). • Respiração paradoxal (abaula na expiração, retrai na inspiração. Comum em traumatismos. Sinal de Lemos Torres – derrames pleurais pequenos ou moderados, abaulamento expiratório localizado, observado geralmente do 9° ao 11° espaço intercostal, na altura da linha axilar posterior, Abaulamento expiratório bilateral dos arcos costais: enfisema, obstrução laringotraqueal por corpo estranho. Causa dificuldade em expelir o ar na expiração. Regiões com hipersensibilidade Elasticidade: a caixa torácica é mais elástica na porção caudal do que na porção cranial. Elasticidade fica diminuída em derrames pleurais, condensações pulmonares e espessamentos pleurais. Avaliação da expansão torácica: palpação bimanual. Avaliar lesões da parede Frêmito toracovocal (vibrações palpáveis da fala; sensação vibratória que se percebe ao palpar a superfície do tórax; pedir para o paciente dizer 33 durante a avaliação; FTV é mais intenso no hemitórax direito). • Diminuição do frêmito toracovocal: parede espessa, derrame pleural, ar (pneumotórax, enfisema pulmonar, cavernas tuberculosas grandes), tumor. • Aumento do frêmito toracovocal: tecido pulmonar consolidado (pneumonia). INSPEÇÃO PALPAÇÃO • Frêmitos que podem estar presentes mesmo sem que o paciente fale: frêmito pleural – secundário ao atrito das pleuras visceral e parietal, pode ocorrer por pleurite; frêmito brônquico – consequência da vibração de secreções pleurais nas vias aéreas. Sinal de Ramond: contratura da musculatura paravertebral. Ocorre secundariamente por pleurites. Sinal de Valleix: pontos dolorosos, dor nos espaços intercostais. Ocorre por neurites intercostais. Pesquisar presença de gás no tecido subcutâneo do tórax, pescoço (enfisema subcutâneo). Ajuda a determinar se tecidos subjacentes (5 a 7cm) estão cheios de: ar, líquido, sólido (consolidações). Som claro pulmonar/ som claro atimpânico / ressonante • Timpânico/hipersonoridade (ar – pneumorórax, cavernas, cistos aéreos congênitos) • Maciço (sólido e líquido – derrame pleural, neoplasia). Sinal de Signorelli: substituição do som claro pulmonar por submacicez na transição do derrame pleural, quando percute a face posterior do hemitórax. Fenômeno de escodismo torácico: submacicez móvel no derrame pleural quando o paciente muda de posição. Sons respiratórios: murmúrio vesicular (ruído respiratório normal). Pode ser simétrico/assimétrico, aumentado, diminuído, abolido. Ruídos adventícios: estertores/crepitações, sibilos, roncos e atrito pleural. Podem ser inspiratórios ou expiratórios. Ausculta da voz falada ou sussurrada (pectorilóquia afônica): egofonia, broncofonia (aumentado). Consolidações. EXAME Físico DO paciente com doença torácica Inclui inspeção e palpação cervical para verificar vias aéreas, circulação, coração, pulmões, fígado. Pode apresentar desvio de traquéia (por pneumotórax, atelectasia), ingurgimento das jugulares, uso de musculatura acessória (músculos cervicais). exames complementares • RX de tórax: mais usado. Pode ser realizado em diversas posições. Exame de fácil acesso e baixo custo. • USG nas janelas intercostais: pode identificar derrames pleuras, massas pulmonares próximas a parede torácica, auxilia punções e coleta de fragmentos para exame. • Cardioecografia: para identificar derrame pericárdico. Pode ser substituído por ECG. • TC: grande utilidade para parênquima pulmonar e mediastino. Mais específicos: • PET: diferenciar nódulos pulmonares, metástase de benigno. • Cintilografia: diferenciar infarto pulmonar de condensações, estudo funcional dos volumes e das capacidades do pulmão. • Radioscopia: estudo do diafragma. • Broncoscopia: exame direto das estruturas. • Mediastinoscopia: útil para estudo de massas mediastinais ou infratraqueais. • Videotoracoscopia: (exame do interior da cavidade torácica sob anestesia geral para fins diagnósticos e terapêuticos). DEFORMIDADES DO TÓRAX Podem ser congênitas ou adquiridas. Tórax escavado: ou péctus excavatum; congênito, raras vezes podem ser adquiridas (por traumas, por ex.). depressão na parte inferior do esterno. A compressão do coração e grandes vasos podem causar sopros cardíacos. PERCUSSÃO AUSCULTA Tórax carenado: ou pectus carinatum ou peito de pombo, condição congênita. O esterno está deslocado para a frente, aumentando o diâmetro anteroposterior. As cartilagens costais adjacentes ao esterno protuso se mostram deprimidas. Tórax em barril: ou tórax em tonel; condição adquirida. O diâmetro anteroposterior está aumentado. Essa forma é normal durante o primeiro ano de vida e acompanha o envelhecimento e a DPOC. Tórax instável traumático: condição adquirida. As fraturas de múltiplas costelas ou arcos costais, provocam movimentos paradoxais do tórax. Com a descida do diafragma, diminui a pressão intratorácica durante a inspiração, e a região lesionada movimenta-se para dentro; na expiração move-se para fora. Cifoescoliose torácica: condição congênito ou adquirida. Curvaturas da coluna vertebral anormais e rotação vertebral deformam o tórax. A distorção dos pulmões subjacentes dificulta muito a interpretação dos achados pulmonares. Escoliose – desvio lateral da coluna, cifose – desvio anteroposterior, cifoescoliose mistura dos desvios de escoliose e cifose. MEDIASTINO Lesões do mediastino no adulto: timomas e cistos tímicos (26,5%), tumores neurogênicos (20%), outros cistos (16,1%), tumores de células germinativas (13,8%), linfomas (12,7%). Lesões do mediastino na criança: mediastino posterior – cistos heterogêneos, duplicações e cistos entéricos, cistos broncogênicos, cistos neurogênicos, processos inflamatórios; mediastino superior e anterior – linfomas, teratoma, tumores de células germinativas, lesões do timo, linfangiomas císticos; mediastino médio – cistos pericárdicos. Sinais e sintomas: normalmente são assintomáticas e a maioria é encontrada incidentalmente no RX ou TC do tórax. Quando os sinais e sintomas estão presentes, causam dor torácica, tosse, rouquidão, estridor, disfagia, dispneia, edema facial. Em crianças pequenas,pode causar respiração estridente e cianose na alimentação. Em crianças mais velhas, pode apresentar tosse, dor torácica, dispneia, ortopneia, hemoptise. Além disso, pode ocorrer compressão da veia cava superior, causando edema facial, edema cervical, edema torácico, dilatação das veias do pescoço e tórax. MEDIASTINITE AGUDA: infecção do mediastino comumente bacteriana e com progressão fácil que pode ser devastadora e, por conta disso, tem mortalidade alta. Causas: infecções odontogênicas – abscesso dentário, abscesso cervical; complicações de procedimentos cirúrgicos cardiotorácicos (esternotomia); complicações de procedimentos envolvendo o esôfago ou a arvore traqueobrônquica com ruptura do esôfago ou traqueia (trauma com necrose). Sinais e sintomas: dor torácica, febre alta, calafrios, dispneia, taquicardia, desconforto geral, queda do estado geral. MEDIASTINITE CRÔNICA OU FIBROSANTE: doença progressiva. Causas: idiopática, infecção granulomatosa, fungos, neoplasia, radioterapia, fármacos (metisergida). Sinais e sintomas: assintomáticos até que as estruturas vasculares ou neurológicas sejam afetadas. Envolvimento de estruturas respiratórias pode levar a estreitamento traqueobrônquico (mais comum). PNEUMOMEDIASTINO: ar nas estruturas mediastinais. Causas: ruptura de esôfago, traqueia ou tecido alveolar. Esôfago e traqueia ocorrem ruptura mais frequentemente por trauma, e alvéolos pode ser por trauma, espontâneo ou complicação de uma ventilação mecânica. Também pode ser causada por complicações de uma exacerbação de asma (mais raro) ou por tosse e vômitos violentos. Sinais e sintomas: enfisema subcutâneo, dor de garganta, torcicolo, falta de ar. Diagnóstico: RX de tórax e TC de tórax. PNEUMOTÓRAX: ar no espaço pleural, ar intracavitário que impede ou diminui a expansão pulmonar. Pode ser direto ou indireto: • Direto: trauma penetrante do tórax ou passagem de cateteres centrais. • Indireto: lesão da pleura visceral, ruptura de cavernas, blebs pleurais (vesícula enfisematosa subpleural), lesões iatrogênicas, trauma torácico. PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVO: pode apresentar dispneia importante, hipotensão, assimetria de tórax, desvio de traqueia, murmúrio vesicular diminuído abolido, diminuição da expansão, hipertimpanismo, distensão das veias do pescoço. Exame físico: inclui inspeção e palpação. Desvio de traqueia, ingurgitamento das jugulares, uso de musculatura acessória – músculos cervicais. Para tratamento de emergência, é realizado uma descompressão com agulha. PNEUMOTÓRAX ABERTO: grande ferimento da parede torácica que compreende 2/3 do diâmetro da traqueia ou até maior. O ar passa pelo local de menor resistência. Utiliza-se curativo de três pontos. PNEUMOTÓRAX ESPONTÂNEO: ruptura de blebs subpleurais ou outra doença pulmonar, dor e dispneia, comum em jovens altos e magros e tabagistas. DERRAMES PLEURAIS Líquido no espaço pleural com aumento da secreção pleural e diminuição de reabsorção pleural. Pode ser classificado pela origem e cor (da punção do líquido): • Hidrotórax: amarelo citrino. Mecanismo de formação: transudato – pleura saudável, derrame por alterações distantes, ICC, síndrome nefrótica. Exsudato: pleura acometida com doença que produz líquido; tuberculose, pneumonia, câncer. • Hemotórax: vermelho. Trauma torácico, neoplasia pleuropulmonar, embolia pulmonar. Hemotórax maciço: 1500ml de sangue ou 1/3 da volemia do doente. • Quilotórax: branco. Linfa. Linfoma. Doenças que aumentam pressão do ducto torácico. Lesão traumática ou iatrogênica do ducto torácico. • Empiema: pus. Processos infeccioso pleuropulmonares. Contaminação hematogênica ou direta do hemo/hidrotórax. PROPEDÊUTICA DO DERRAME PLEURAL: Inspeção: abaulamento na região do derrame com alargamento intercostal; expansão respiratória diminuída; sinal de Lemos Torres em pequenos derrames. Percussão: submacicez; Sinal Sinorelli. Palpação: diminui expansibilidade, diminui ou abole FTV. Ausculta: diminui ou abole MV. tórax instável Duas ou mais fraturas em duas ou mais costelas. Ocorre respiração paradoxal. Pode ser observado no retalho costal móvel. Classes de traumas torácicos: • Contusos: não penetra na cavidade; comum ocorrer por acidentes automobilísticos e atropelamento. O parênquima pulmonar fica lesado levando a uma hemorragia alveolar. Também ocorre fratura de costela associada. Além disso, pode causar hemotórax e pneumotórax. • Penetrantes: são lesões secundárias. Comum ocorrer por projéteis de arma de fogo ou arma branca. A drenagem torácica é um tratamento eficaz.
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